Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
domingo, 16 de outubro de 2011
ADMIRÁVEL MUNDO VELHO
Pode nem ter nascido na Espanha, como se apregoa em Madri. Talvez venha dos tempos de Ramsés II, quem sabe antes. A verdade é que de quando em quando o planeta se agita. No passado distante e recente, os protestos levavam períodos mais longos para interligar-se, às vezes separados por décadas e até séculos. Com o advento da imprensa, depois do rádio, a televisão e agora a internet e toda a parafernália eletrônica dela decorrente, o processo mede-se agora em questão de minutos.
Mas o fenômeno é o mesmo: a Humanidade jamais deixou de protestar. No caso, as maiorias diante da prevalência e das imposições das elites. As ideologias, as doutrinas e as religiões sempre tomaram carona no inconformismo das massas, demonstrando-se subsidiárias da indignação dos oprimidos. Só que hoje é mais rápido o efeito da causa primeira, a injustiça, que sempre gerou movimentos de protesto, uns violentos, outros nem tanto, mas todos emergindo de tempos em tempos em nome da utópica igualdade a ser um dia alcançada, sabe-se lá quando.
Este preâmbulo se faz por conta das manifestações verificadas nos cinco continentes. Ontem, em 952 cidades de 86 países, o povo saiu às ruas exigindo mudanças. Insurgiu-se contra a receita elitista de que crises econômicas se combatem com aumento de impostos, reduções salariais, demissões em massa e supressão de direitos sociais, onde eles existem.
Na Grécia, Portugal, Espanha e outras nações européias, protesta-se contra a fórmula imposta pelo sistema econômico-financeiro, ele próprio responsável pelas crises. Nos Estados Unidos, multiplicam-se as manifestações que começaram contra Wall Street, em Nova York, e agora avançam em suas principais cidades. Na comunidade muçulmana assiste-se a uma espécie de erupção libertária.
No Brasil, o mote inicial está sendo o combate à corrupção e à impunidade. Cada movimento vale-se de motivações específicas para despertar a opinião pública, mas fica claro possuírem todos a mesma raiz: a indignação das maiorias frente à dominação das minorias.
Em 1968 fenômeno semelhante explodiu em Paris, incendiou a França e boa parte do mundo. Nos anos oitenta teve-se a impressão de as manifestações eclodirem em sentido contrário, com o colapso do mundo comunista, mas foi a mesma coisa: massas oprimidas insurgindo-se contra seus dominadores. É o que agora se vê, nessa nova onda que se avoluma.
Resultados? Os mesmos de sempre: os movimentos nascem, assustam e sempre promovem certas mudanças, mas logo refluem, até formar-se o próximo. A conclusão é de nada de novo acontece sob o sol, nesse admirável mundo velho.
Carlos Chagas

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