O embaixador brasileiro em Teerã, Antonio Salgado, advertiu contra a "demonização" do Irã e disse que a frase "infeliz" do presidente Mahmoud Ahmadinejad sobre "varrer Israel do mapa" -citada como evidência de intenções agressivas- foi "aparentemente mal compreendida" no Ocidente.
"Na realidade ele não queria dizer que Israel deveria desaparecer do mapa, mas sim desaparecer da história. Seria mais uma analogia com o que aconteceu com a União Soviética ou a África do Sul do apartheid", afirmou Salgado em debate no Rio com o chanceler britânico, William Hague.
O diplomata disse que, em vez de aprovar novas sanções contra o Irã -defendidas por Hague como "pressões pacíficas"-, o Ocidente deveria insistir em negociações sobre o programa nuclear. Citou a proposta "passo a passo" feita pela Rússia, que prevê um processo paulatino de concessões mútuas.
"Não estou defendendo o Irã, mas existe nos últimos anos uma demonização que tem mais a ver com a fase inicial da revolução [islâmica]. Depois houve oportunidades de normalizar relações com o Ocidente que foram perdidas", acrescentou.
Ao relativizar a declaração de Ahmadinejad - por sua vez uma citação do aiatolá Khomeini, líder da Revolução Islâmica - o diplomata retomou polêmica que vem desde que ela foi reportada pelo "New York Times" em 2006.
Especialistas como o americano Juan Cole dizem que a frase foi mal traduzida e a versão correta é metafórica, e não uma ameaça de guerra: "Esse regime de ocupação sobre Jerusalém deve desaparecer da página do tempo".
Outros, porém, argumentam que o próprio governo do Irã já usou a expressão "varrer do mapa" em páginas em inglês na internet.
Da Folha de S. Paulo, 20 de janeiro de 2012
do blog aloizio amorim
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