quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A FACE ESCURA DO GOVERNO E A ALMA SUBALTERNA DA OPOSIÇÃO

O documento concebido para revelar a face escura do governo acabou escancarando a alma subalterna da oposição oficial

Divulgado no fim de dezembro pela direção do PSDB, o “balanço crítico do primeiro ano do governo Dilma Rousseff” é dividido em 13 tópicos.

Nenhum deles trata dos seis ministros que perderam o emprego por envolvimento em grossas bandalheiras.

Tem 3.226 palavras. Corrupção não figura entre elas.

Desapareceu durante a revisão do texto original redigido por Alberto Goldman. “A presidente é tolerante com a corrupção”, constatou o ex-vice-governador de São Paulo. “O ex-ministro Palocci, nas palavras da presidente, saiu porque quis”, exemplificou.

Tanto a constatação quanto o exemplo foram censurados por tucanos empoleirados em galhos mais altos.


Tampouco sobreviveram ao crivo dos poltrões vocacionais três adjetivos que ajudavam a retratar o desempenho do Planalto nos últimos 12 meses: “medíocre”, “amorfo” e “insípido”.

Mais respeito com a presidenta, certamente protestou algum devoto de Geraldo Alckmin.”A constrangedora sucessão de fracassos” fustigada por Goldman reapareceu no balanço aprovado pelos chefes do partido fantasiada de “sérios problemas em diversas áreas”.

Os censores acharam igualmente grosseiro qualificar o período de “nono ano do governo Lula”, ou registrar que Dilma age como “fantoche”. Não se faz isso com uma dama, deve ter ponderado um discípulo de Aécio Neves. E as duas verdades foram para o ralo.

Concebido para revelar ao Brasil a face escura dos donos do poder, o documento só serviu para escancarar a alma subalterna dos oposicionistas mais governista da história republicana.
Uns e outros vão desaparecer nos escombros da Era da Mediocridade.

Augusto Nunes

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