
As transações
entre o Banco do Brasil, seu ex-diretor Henrique Pizzolato, a Visanet e o
publicitário Marcos Valério - incluindo os embaraçosos
R$ 326 mil em espécie
- colocaram o BB no olho do furacão
No
julgamento do mensalão, além de se comprovar o uso de dinheiro público pelo
esquema, escancararam-se os métodos inescrupulosos do PT na ocupação dos
negócios de Estado.
E o PT não poupou seara alguma, nem mesmo a
instituição bicentenária.
Nos últimos nove anos, o Banco do Brasil
sofreu duros golpes.
Com diretorias ocupadas por sindicalistas desde que
Lula chegou ao Planalto, patrocinou até festas petistas.
E foi tatame de
lutas fraticidas, envolvendo também a Previ.
Em comum, BB e Previ
administram dinheiro a rodo.
Fora do foco do mensalão,
ministérios e estatais puras ou mistas foram portas de entrada de companheiros e
aliados e de saída de recursos não contabilizados.
Foi assim nos
Transportes, na Agricultura, no Turismo, no Esporte, nos Correios, na
Valec...
E há o déficit de
competência.
Na Petrobrás, por exemplo, a interferência obsessiva
do governo acabou por criar um monstro.
Em nota do colunista Ancelmo
Góes, o consultor Adriano Pires revela que entre 2002 e 2010 a empresa ampliou o
número de servidores concursados em 75% e o de terceirizados em 175%.
Léguas de distância dos 45% de crescimento da produção de
petróleo.
Esquizofrênico, mesmo quando convoca a iniciativa privada
reconhecendo que não tem gás para cuidar dos gargalos da infraestrutura do país,
o governo cria novas estatais.
Só neste mês foram duas: a Amazônia Azul
Tecnologias de Defesa (Amazul), para construir o submarino nuclear nacional, e a
Empresa de Planejamento e Logística (EPL).
A EPL é um caso
curiosíssimo.
Criada por medida provisória, ela pode tudo e muito mais.
Além de estradas e ferrovias, o texto amplo permite que ela se meta em outros
modais, como portos.
Tem poderes para virar sócia e para prestar
consultorias às potenciais compradoras. Verdadeira sopa no mel.
Para
presidir a 127ª estatal brasileira, a presidente Dilma Rousseff não teve
constrangimento em nomear o economista Bernardo Figueiredo. O mesmo que o Senado
rejeitou para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em março
deste ano.
A revanche da presidente parece traquinagem, mas não
é.
Em um país em que até o
Banco Central se sujeita às vontades do Executivo e o BNDES, maior banco de
fomento da América Latina, financia preferencialmente amigos do poder, sabe-se
que tudo está dominado.
Ao julgar o mensalão, independentemente do
desfecho, a Suprema Corte começa a
jogar luzes sobre essas trevas.
Mary Zaidan é
jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília.
26 de agosto de 2012
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