Desaceleração brasileira em 2011 é, em parte, explicada pela forte expansão de 7,5% do PIB em 2010, que levou à alta da inflação e forçou o governo a tomar medidas para esfriar a economia, informa a Folha de S. Paulo.
Brasil é o que menos cresce na América do Sul
As taxas de expansão da economia brasileira perdem para as de outras nações emergentes, como China e Índia, de forma recorrente. Mas, desde 2006, o desempenho do país não ficava aquém do resultado de todos os vizinhos sul-americanos, segundo estimativas recentes.
O fraco desempenho do Brasil, que cresceu apenas 2,7% no ano passado, deve fazer ainda com que o país fique abaixo da média de expansão da América Latina como um todo (próxima a 4%). Isso também não ocorria há cinco anos.
“Estimamos que, de todos os países latino-americanos, só Guatemala e El Salvador cresceram menos que o Brasil”, diz Richard Hamilton, da consultoria Business Monitor International (BMI).
A desaceleração brasileira em 2011 é, em parte, explicada pela forte expansão de 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010, que levou à alta da inflação. Isso forçou o governo a tomar medidas para esfriar a economia.
Mas outros países da região (como Peru e Uruguai) também passaram pelo mesmo processo e registraram desacelerações menos acentuadas no ano passado.
Isso leva alguns analistas a acreditarem que o governo brasileiro exagerou na dose:
“O que derrubou o Brasil em 2011 é que exageraram nas medidas tomadas para conter a inflação”, diz o economista André Biancarelli, professor da Unicamp.
O tombo sofrido pela indústria brasileira também ajuda a explicar o mau desempenho do país, segundo economistas.
Estudo mostra que 7 países têm emprego recorde
Um dos fatores que levaram à desaceleração da economia brasileira em 2011 é resultado de um “bom problema”, que se repete em outros seis vizinhos latino-americanos: taxas de desemprego em níveis historicamente baixos e aumentos mais fortes dos salários.
Embora seja boa notícia para os governantes, esse cenário é combustível para a disparada da inflação.
Estudo feito pelo banco HSBC, obtido com exclusividade pela Folha, mostra que além do Brasil, Argentina, Peru, Chile, Colômbia, Panamá e Uruguai têm hoje taxas de desemprego em pisos recordes.
No ano passado, o governo brasileiro teve de adotar medidas para esfriar a economia a fim de controlar a inflação. Um dos vilões foi o aumento dos preços dos serviços, justamente os que respondem imediatamente a salários mais elevados.
18 de março de 2012
Edson Sardinha
Folha de S. Paulo
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