"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

R$ 1.000.000.000.000,00


Ontem foi dia de os brasileiros se darem conta do valor astronômico que pagam de tributo. Neste 13 de setembro, o montante acumulado no ano atingiu R$ 1 trilhão. A cada ano, recolhe-se cada vez mais impostos, taxas e contribuições para saciar a gula do governo.

O impostômetro, iniciativa da Associação Comercial de São Paulo, atingiu a cifra trilionária nesta terça-feira, 35 dias antes da data registrada em 2010. Em 2009, o valor foi alcançado em 6 de dezembro e, em 2008, só no dia 13 de dezembro. Ou seja, o que, há apenas três anos, se arrecadava ao longo de quase todo um ano hoje demanda apenas 256 dias.

O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário estima que os brasileiros pagarão cerca de R$ 1,42 trilhão em tributos neste ano. São 12% a mais do que em 2010. Com tanto dinheiro assim, espanta que o governo viva a dizer que não tem recurso para nada.

No ritmo atual, os brasileiros pagam R$ 3,9 bilhões por dia em tributos. Isso dá média de R$ 163 milhões por hora, R$ 2,7 milhões por minuto e R$ 45,2 mil por segundo. É uma carga pesada, pesadíssima.

Em proporção do PIB, os brasileiros recolhem cerca de 35% aos fiscos. Paga-se aqui tributo de país nórdico, em troca de prestação de serviços públicos digna de nação africana. Nos anos de governo petista, a carga nunca parou de subir.

Uma outra forma de calcular quanto se paga em impostos é compará-los com o número de dias trabalhados. Neste ano, o brasileiro consumiu 149 jornadas de trabalho apenas para honrar seus compromissos tributários. Proporcionalmente, num país onde a expectativa de vida é de 72 anos, 26 seriam gastos com esta finalidade.

A maior parte do que a população recolhe vai para os cofres federais: 69,47%, para ser mais preciso. Com esta bolada toda, será que o governo Dilma Rousseff não tem mesmo como arcar com mais investimentos para melhorar a saúde sem espetar mais uma conta no bolso do contribuinte?

Nesta semana, convenientemente, o Planalto moveu-se para tirar o bode da nova CPMF da sala. Divulgou que "não aceita" a recriação do tributo a fim de bancar novos gastos decorrentes da regulamentação da emenda constitucional nº 29, cuja votação deve ocorrer na semana que vem. Até que ponto este recuo é sincero?

As últimas semanas foram de idas e vindas do governo. Ora dizia-se que a nova CPMF era indesejada, ora jogava-se com a possibilidade de que ela fosse recriada, mas à custa do desgaste político do Congresso e do empenho dos governadores. É melhor desconfiar.

"Ao longo dos últimos dois meses em que a ameaça do novo imposto se tornou aguda, o governo foi pesadamente ambíguo e pusilânime. Em diferentes momentos de clara contradição, foi ao escárnio com a população pagante", analisa Rosângela Bittar no (Valor Econômico)). "Essa discussão é uma farsa e tudo o que se diz é artifício para iludir. Acredite na última forma quem quiser", alerta ela.

Apenas nos sete primeiros meses do ano, a arrecadação federal subiu R$ 98 bilhões. A carga cresce hoje no país a um ritmo três vezes mais rápido do que a evolução do PIB. Para o próximo ano, a proposta orçamentária também embute mais aumentos.

Ou seja, não é possível sustentar que não há de onde tirar mais recursos para saúde usando apenas fontes já existentes. O que é preciso é investir melhor estes recursos, coisa que o ralo da corrução e da malversação do governo não deixa - apenas nos últimos nove anos, pelo menos R$ 2,3 bilhões escorreram, como mostra.O Globo.

Esta coleção interminável de números e cifras impressionantes serve para refutar toda e qualquer argumentação governista em prol da criação de novos tributos, qualquer que seja a sua finalidade. A sociedade brasileira chegou ao limite da sua capacidade de submeter-se à derrama.

Fonte ITV

EDUCAÇÃO REPROVADA


Há quem diga que sou otimista demais. Há quem diga que sou pessimista. Talvez eu tente apenas ser uma pessoa observadora habitante deste planeta, deste país.
Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os que me encantam particularmente. Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação. Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba.

Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos. Há coisa de trinta anos, eu ainda professora universitária, recebíamos as primeiras levas de alunos saídos de escolas enfraquecidas pelas providências negativas: tiraram um ano de estudo da meninada, tiraram latim, tiraram francês, foram tirando a seriedade, o trabalho: era a moda do “aprender brincando”. Nada de esforço, punição nem pensar, portanto recompensas perderam o sentido.

Contaram-me recentemente que em muitas escolas não se deve mais falar em “reprovação, reprovado”, pois isso pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente. Então, por que estudar, por que lutar, por que tentar? De todos os modos facilitamos a vida dos estudantes, deixando-os cada vez mais despreparados para a vida e o mercado de trabalho.

Empresas reclamam da dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, médicos e advogados quase não sabem escrever, alunos de universidades têm problemas para articular o pensamento, para argumentar, para escrever o que pensam. São, de certa forma, analfabetos. Aliás, o analfabetismo devasta este país. Não é alfabetizado quem sabe assinar o nome, mas quem o sabe assinar embaixo de um texto que leu e entendeu.
Portanto, a porcentagem de alfabetizados é incrivelmente baixa. Agora sai na imprensa um relatório alarmante.

Metade das crianças brasileiras na terceira série do elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para o que serve a pontuação num texto. Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que centímetro é uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm dificuldades graves com números. Grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito.

Parafraseando um especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos. Naturalmente, a boa ou razoável escolarização é muito maior em escolas particulares: professores menos mal pagos, instalações melhores, algum livro na biblioteca, crianças mais bem alimentadas e saudáveis – pois o estado não cumpre o seu papel de garantir a todo cidadão (especialmente a criança) a necessária condição de saúde, moradia e alimentação.

Faxinar a miséria, louvável desejo da nossa presidenta, é essencial para nossa dignidade. Faxinar a ignorância – que é uma outra forma de miséria – exigiria que nos orçamentos da União e dos estados a educação, como a saúde, tivesse uma posição privilegiada.
Não há dinheiro, dizem. Mas políticos aumentam seus salários de maneira vergonhosa, a coisa pública gasta nem se sabe direito onde, enquanto preparamos gerações de ignorantes, criados sem limites, nada lhes é exigido, devem aprender brincando.

Não lhes impuseram a mais elementar disciplina, como se não soubéssemos que escola, família, a vida sobretudo, se constroem em parte de erro e acerto, e esforço. Mas, se não podemos reprovar os alunos, se não temos mesas e cadeiras confortáveis e teto sólido sobre nossa cabeça nas salas de aula, como exigir aplicação, esforço, disciplina e limites, para o natural crescimento de cada um? Cansei de falas grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada.

Falar já gastou, já cansou, já desiludiu, já perdeu a graça. Precisamos de atos e fatos, orçamentos em que educação e saúde (para poder ir a escola, prestar atenção, estudar, render e crescer) tenham um peso considerável: fora isso, não haverá solução. A educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente reprovada.

Por Lya Luft

QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ

Nada menos que 10 anos se passaram do ataque que reduziu a pó as duas torres do World Trade Center, que, como a Estátua da Liberdade, passaram a compor a imagem de Nova York. O sucesso chocou o mundo. Mais do que isso, dada as suas peculiaridades, ficaram a integrar a crônica mundial das violências como algo sem antecedente, misturando-se com o medo inerente das incertezas.

Não se limitaram às vozes das vítimas que lá permanecem num túmulo vazio, a elas se juntam não apenas as de uma nação, mas das nações, pois o mal-estar que não se sabe onde começa ou onde termina migrou a outros recantos. Enfim, a insegurança não existe tão só no círculo imaginário em torno de Nova York; o medo não é apenas nela em razão do que lá ocorreu, mas pelo que pode acontecer lá e em qualquer outro lugar. Para o terrorismo, não há fronteiras nem a veneração às coisas que o tempo se encarregou de fazê-las sagradas.

Quem poderá dizer que a Catedral de Chartres com seus vitrais centenários de um azul, parece retirado do céu, goza de imunidade diante da selvageria? E Notre-Dame, cravada ao lado do Sena, um dos mais belos monumentos de Paris? O mesmo se diria em relação à Capela Sistina ou dos museus do Vaticano com suas belezas e acervos maravilhosos, para não dizer a Cúpula da Basílica de São Pedro? Quer dizer, nada mais é patrimônio da humanidade, convertendo-se em objeto ao alcance do desvario humano. Este me parece ser o desenho aproximado do medo, 10 anos depois do maldito 11 de setembro.

O recente congresso petista mostrou alguns dados ilustrativos. Limito-me a apreciar dois deles. Um de nítida censura à senhora presidente! Defendendo a extinção da “faxina”, o partido propunha uma excêntrica anistia às pessoas denunciadas e até punidas, ainda as não apuradas, mas já articuladas pelo Ministério Público. A “faxina” macularia o governo passado.

O país inteiro sabe que, não por obra dos serviços oficiais, mas graças à imprensa, alguns fatos de particular gravidade foram divulgados. A eles estavam vinculados membros do passado governo e mantidos pelo atual. Diante da evidência dos fatos, era indisfarçável o maltrato do dinheiro público. A senhora presidente tomou providências que eram de seu estrito dever adotar. Não o fizesse, estaria sendo conivente com ilícitos e sujeita até a perda do cargo por ofensa à “probidade de administração”, Constituição, art. 85,V. E, diga-se de passagem, a opinião pública ratificou a ação presidencial, enquanto no Congresso se pleiteava a extinção da “faxina”. Não se engane a presidente, é pública a indignação popular em relação à ostensiva improbidade publicada. Nas ruas de Brasília, no dia da pátria, a presidente viu vivamente visto o fenômeno singular.

O outro diz respeito à tentativa de amordaçar a imprensa, ideia que não é nova em setores petistas. Agora, a censura passou a chamar-se de “democratização da mídia”. No final do governo passado, o então ministro da Informação trabalhou em projeto para esse fim. Não houve tempo para avançar no caminho escabroso. Pois, no Congresso petista, o tema voltou a ter defensores. E foi preciso que a própria senhora presidente batesse na mesa para modificar a medida autoritária que, entre nós, existiu em anos passados e extinguiu-se sem deixar saudades. Aliás, é de lembrar-se que na comemoração dos 90 anos da Folha de S. Paulo, a senhora presidente proferiu eloquente oração defendendo a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, de modo que a divergência ficou manifestada.

Em termos de defesa da corrupção e supressão de liberdades (no Brasil e no Exterior), o PT faz hoje o que nem o partido oficial nos tempos do arbítrio ousou fazer. Estes os fatos, são sumamente relevantes e do maior interesse nacional. Como se vê, as saudades autoritárias, para não dizer totalitárias, permanecem vivas em setores de um partido que desfruta do governo do país.

Paulo Brossard
Fonte: Zero Hora, 12/09/2011

FARINHA DO MESMO SACO?


Políticos e militantes articularam na noite de hoje da formação de um grupo denominado "Movimento pela Nova Política" em Brasília. Esse é o primeiro encontro nacional do grupo que se declara "suprapartidário" e pretende elaborar uma "nova forma de se fazer política". O movimento é encabeçado pela ex-candidata à Presidência Marina Silva.

A reunião teve a participação dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Pedro Taques (PDT-MT), e dos deputados José Antônio Reguffe (PDT-DF), Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Alfredo Syrkis (PV-RJ).
Heloísa Helena (PSOL-AL), ex-senadora e atual deputada estadual, foi representada por Martiniano Cavalcante, pré-canditado à Presidência pelo PSOL, em 2010.

"Há um movimento acontecendo na borda e não no centro, que está em crise. E há um lugar para nós, os políticos, nesse movimento da sociedade", afirmou Marina Silva.

Apesar das origens heterogêneas, os participantes do movimento firmaram consenso em torno de três questões: a moralização política, a mobilização da sociedade e a proteção ao meio ambiente.

Foi enfatizada, também, a necessidade de fazer uso de novas tecnologias para disseminar os ideais do grupo. O exemplo citado foi a "Marcha contra a Corrupção" no 7 de setembro, em Brasília, organizado via redes sociais.
Segundo Marina Silva, o movimento ainda não tem propostas específicas, mas trabalha para estabelecer o "compromisso radical" para "desobstruir os canais da democracia".

COMENTO: Não me parece plausível reunirem-se tantas pessoas sem um objetivo comum ou, pelo menos, esboçando um movimento vago e sem um norte.
Mas, como dizem que são farinha do mesmo saco e comungam com os mesmos pensamentos socialistas retrógrados e atrelados às teorias e práticas do atraso...

O "TOMA LÁ, DÁ CÁ"

Aquele joguinho de palavras de Dilma Rousseff na entrevista concedida a Patrícia Poeta, do Fantástico, tem um novo capítulo. Indagada sobre como lidava com o “toma lá, dá cá” da base aliada, a presidente desafiou a jornalista a exibir um exemplo do “dá cá” que ela explicaria o “toma lá”.
Infelizmente, a Soberana ficou sem resposta e se encarregou ela própria de fazer a entrevista voltar para o trilho do bate-papo. Pois bem.

Pedro Novais, ministro do Turismo, já era! O PMDB agora está em guerra para nomear seu substituto. Como ele se tornou ministro é um desses mistérios sem segredos. Foi o “toma lá, dá cá”. Dilma nem o conhecia.

É que a presidente disse ao PMDB: “Dá cá o apoio e toma lá os ministérios”. O Turismo entrou na cota. Entregue a pasta de porteira fechada, aí o partido é que tinha de se haver com os seus vários senhores feudais.

O Turismo entrou como um agrado extra na cota de Sarney. Quem indicar para o cargo? Ah, vai o Pedro Novais mesmo? “Pedro quem?”, poderia ter indagado Dilma. “Presidente, isso é assunto nosso!”

E assim ele se tornou o titular da pasta, estreando no noticiário com a festa feita no motel, paga com dinheiro público. O resto, a gente viu. Dilma se encontrou com ele uma única vez.

É esse modelo, que conduz a tal rigor nas nomeações e nas composições políticas, que os petistas estão empenhados hoje em manter na reforma política.

O PT até já escalou alguns pensadores livres como um táxi para defender este exemplo de democracia. Dizem até que, se Obama tivesse um PMDB e um PR, Arnaldo Jabor dormiria mais tranqüilo e pararia de fazer campanha contra os republicanos junto ao eleitorado brasileiro… Aí só lhe restaria ser “combativo” na… China!

Por Reinaldo Azevedo

Artigos - Desarmamento

Defender ou não a minha vida, o meu patrimônio e principalmente a minha família é uma decisão consciente minha e, repito, não aceito que o governo exija a minha rendição perante os criminosos.


Imediatamente após a chacina de Realengo, o governo federal anunciou que antecipará a nova campanha em favor do desarmamento com o argumento de que uma população armada é uma população violenta.

Contra essa tese trabalha o advogado paulista Bene Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil, associação empenhada em proteger o direito ao uso de armas para defesa da vida e da propriedade e que agora como em 2005 redobra os esforços para desmistificar a propaganda oficial.

Nesta entrevista, Bene salienta que "o Nordeste tem o menor número de armas legais, de acordo com a Polícia Federal, e hoje desponta como a região mais violenta do país" e que países como Inglaterra, Canadá e Portugal viram a criminalidade crescer após restringir o uso legal de armas.

O advogado destaca também o exemplo da armada e pacata Suíça, que disse não ao desarmamento no referendo realizado em fevereiro passado, assim como fizeram os brasileiros no referendo de 2005, contra a vontade do governo.

Bruno Pontes - Como você avalia a retomada da campanha de desarmamento pelo governo?

Bene Barbosa - Totalmente oportunista e inescrupulosa. Utilizar a morte de crianças pelas mãos de um psicótico é jogar baixo demais. Todos eles sabem, e sabem muito bem, que não haveria lei capaz de deter um maníaco que passou meses se preparando. Há uma enorme desonestidade em tentar ligar a posse legal de armas com o que ocorreu.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirma que "uma população armada é uma população violenta". Essa alegação tem fundamento?

Não há nada que prove isso. Muito pelo contrário. O Nordeste, infelizmente, é um grande exemplo disso. Nesta região há o menor número de armas legais, de acordo com a Polícia Federal. Além disso, Sergipe, Alagoas e Paraíba foram os estados que mais entregaram armas nas campanhas de desarmamento. E hoje o Nordeste desponta como a região mais violenta do país, sendo que Alagoas é a campeã nacional de homicídios.

Exemplos internacionais são ainda mais abundantes. Os EUA possuem 270 milhões de armas nas mãos da população e são apenas 5 homicídios por 100 mil habitantes. O Brasil tem 4 milhões de armas legais e uma taxa de 27 homicídios por 100 mil habitantes.

Outros exemplos dessa total falta de relação entre armas e violência são Suíça, Finlândia, França e até nossos vizinhos Argentina e Uruguai, mesmo tendo legislações que não impedem que um cidadão possua e até mesmo porte armas, inclusive de calibres considerados restritos no Brasil. Restritos para o cidadão, pois vemos diariamente os criminosos armados com o que há de mais moderno.

O Estatuto do Desarmamento trouxe algum benefício para o país?

Que me perdoem a ironia em assunto tão sério, mas só se for mais segurança para os criminosos que hoje invadem casas, empresas, sítios com muito mais segurança de que não encontrarão ali alguém não só disposto a enfrentá-los como devidamente armado para isso.
O governo não tem moral para se colocar como monopolista da coragem. Defender ou não a minha vida, o meu patrimônio e principalmente a minha família é uma decisão consciente minha e, repito, não aceito que o governo exija a minha rendição perante os criminosos.

O governo afirma que o número de homicídios em alguns estados, como São Paulo, caiu por causa do Estatuto do Desarmamento. Essa relação de causa e efeito faz sentido?


Isso é uma enorme mentira. O chamado Estatuto do Desarmamento foi aplicado igualmente em todos os estados, uma vez que é uma lei federal. Aliás, em alguns estados, por decisão das superintendências da Polícia Federal, o direito de comprar uma arma legalmente está sendo cerceado.

Em um levantamento feito pelo Movimento Viva Brasil, após recebermos várias denúncias de cidadãos que não estão tendo o seu direito respeitado, constatamos que Pernambuco, Acre, Rondônia, entre outros, nem sequer autorizam a compra de armas legais. O que fez a diferença em São Paulo é uma política de segurança pública continuada com o investimento de bilhões nos últimos anos, o que resultou na aplicação da lei penal. Hoje São Paulo tem 40% de todos os presos do Brasil. São Paulo mostrou o caminho contra o crime, que é diminuir a impunidade.

Com a queda expressiva em São Paulo tivemos um reflexo direto na média nacional, o que em um primeiro momento leva a crer que houve uma queda, porém com a divulgação dos homicídios de 2008, o Brasil volta a ter mais de 50 mil homicídios, assim voltando a ter os mesmos índices de antes do desarmamento.

Apesar da pressão do governo e de ONGs, os brasileiros rejeitaram o desarmamento no referendo de 2005, mas os esforços para retirar as armas da população continuam. Quem financia essa campanha e com quais interesses? Há financiamento do exterior?

Basicamente são financiadas pelo próprio governo, com o dinheiro de nossos impostos e de ONGs internacionais, como por exemplo a Fundação Ford. Os interesses realmente não são claros, há uma cortina de fumaça sob a égide da segurança pública.

O novo ministro do STF, Luiz Fux, fez uma declaração surpreendente: para ele, o governo deveria simplesmente entrar na casa das pessoas e tomar as armas.

Uma declaração desta já preocuparia se fosse dita por qualquer pessoa; quando vem de alguém que foi escolhido para defender o Estado de Direito, é assustador e pode apontar para o caminho de um Estado Policial, onde nenhuma liberdade individual será respeitada em um futuro próximo.

O ministro precisa relembrar o passado de seu povo. Os judeus foram desarmados na Alemanha nazista e todos sabemos o que aconteceu.
Há inclusive em nosso site a tradução de um artigo sobre o assunto:

(http://www.mvb.org.br/campanhas/desarmamentonazista.php)

Há casos de países que tenham se desarmado e visto a criminalidade aumentar?

Vários! Inglaterra, Austrália, Portugal, Canadá e França, entre outros, adotaram sérias restrições às armas legais e tiveram crescimento da criminalidade.

Vários deles já começam a rever essa legislação, tornando-a menos restritiva. Portugal e França são dois exemplos disso. O Brasil, por outro lado, continua aplicando a mesma fórmula esperando ter um resultado diferente. Isso não acontecerá e eles sabem disso.

Em fevereiro passado a Suíça rejeitou a proposta de desarmamento. O Brasil tem o que aprender com o caso suíço?


A lição mais importante do referendo na Suíça, que também disse não ao desarmamento, foi simplesmente ignorada pela maioria da imprensa nacional e é que desarmamento não tem nenhuma relação com a criminalidade! Ou será que alguém ousa dizer que a Suíça é um país violento que precisa ser desarmado? Os mesmos patrocinadores do desarmamento de lá atuaram aqui. Aqui era para diminuir os homicídios; e na Suíça? Qual a desculpa? Exatamente o inverso. Diziam os desarmamentistas lá que já que não havia criminalidade, não havia motivo para se ter armas. Eles adequam suas falácias de acordo com o seu público. Isso mostra a desonestidade dos argumentos.

Como nasceu sua militância contra o desarmamento e o Movimento Viva Brasil?

Eu pessoalmente comecei a me interessar pelo assunto lá pelo ano de 1995, quando o então presidente Fernando Henrique introduziu a ideia de desarmamento no Brasil nos moldes propostos pela ONU.

Em 2003, com a aprovação do ineficaz Estatuto do Desarmamento e a proximidade do referendo de 2005, percebemos que precisávamos de algo mais profissional e então fundamos o Movimento Viva Brasil. Lembrando que embora sejamos uma ONG não contamos com dinheiro público e nem com isenção fiscal como contam as ONGs desarmamentistas. Isso foi uma escolha exatamente para mantermos a nossa independência de atuação. Afinal, quem paga, manda.

Hoje nossa principal atuação é ser a voz contra o discurso "politicamente correto" do desarmamento e em defesa da liberdade individual.
Não aceitamos um Estado que nos trata como crianças. Que a todo momento tenta impor aquilo que acredita ser melhor. Lembrando que impor o bem é uma das piores formas de se promover o mal. E podem acreditar, o desarmamento não tem absolutamente nada de bom.

Publicada no Jornal O Estado.
Bruno Pontes é jornalista

LADRÕES... CORRUPTOS...

Ladrões de dinheiro; ladrões de instituições. Ou: Governabilidade não é sinônimo de lambança


O “rouba, mas faz” não é coisa nova na política brasileira. É evidente que a síntese perversa já dava conta da nossa desdita. A conjunção adversativa “mas” indicava que, embora o “roubar” estivesse sendo incorporado aos hábitos e costumes da vida pública — o que é um desastre, é evidente —, estava em oposição ao “fazer”, que era a coisa desejável e a razão por que se elegiam os políticos. Permanecia, ao menos, nas consciências o conceito de que “fazer” era o certo, e “roubar”, o errado. Postos em relação transitiva, no entanto, a fórmula era uma condenação: a condição do “fazer” era o “roubar”, sem o segundo, entendia-se, não se podia realizar o primeiro. Que país poderia ser construído tendo tal emblema como norte? Este que vemos, em que um ministro da Educação se jacta de a nota média do Enem ter melhorado ridículos 10 pontos, embora a esmagadora maioria das escolas públicas tenha ficado abaixo de uma média que já é retrato de um vexame.

Havia quem se opusesse radicalmente àquele estado de coisas? Sim, as esquerdas, ambicionavam substituir o modelo cleptocrata de exclusão social por sua teoria homicida da história. Nunca foi grande ou forte o bastante para se impor, e por isso devemos ser gratos, é certo. A redemocratização do país e a emergência do novo sindicalismo, no curso do tempo, acabaram por guindar o PT e seu chefe máximo, Luiz Inácio Lula da Silva — que, originalmente, de esquerdista não tinha nem a sabedoria nem a ignorância específicas —, ao comando das chamadas “forças populares”. Os petistas passaram a operar em duas frentes (e há teoria política a respeito; não foi puro empirismo): nos chamados movimentos de base e no terreno institucional, onde criou um bordão: “Ética na política”.

Aéticas ou antiéticas eram todas as forças que disputavam o poder, menos uma, que se apresentava como dotada de uma razão crítica que carregava consigo a voz e a história dos oprimidos de todos os tempos. O mundo já havia conhecido, segundo a categorização marxista, o “socialismo utópico” e o “socialismo científico”. O PT fundava o “socialismo da reparação”. Em Marx, o socialismo era uma desdobramento natural da história (é uma loucura, é evidente, mas é outra); no discurso petista, tornava-se uma questão de justiça. Se o velho barbudo furunculoso fosse vivo, daria uma botinada no traseiro desses mistificadores. Mas quê… O PT se tornou não o ópio, que isso é coisa para humor refinado francês, mas a cachaça dos intelectuais. Marilena Chaui não conseguiu ensinar uma vírgula de filosofia aos sindicalistas, mas os sindicalistas ensinaram a Marilena Chaui como tratar a USP como um mero aparelho partidário.

O PT chegou ao poder. É esquerdista? Depende do que se quer perguntar. O partido certamente não pretende estatizar os meios de produção. Mas traz, sim, consigo aquela velha moral bolchevique, somada à amoralidade pragmática que marca o sindicalismo, que se caracteriza por justificar qualquer crime em nome da causa. “O rouba, mas faz” envelheceu; os remanescentes daquele modelo já estão se despedindo da política. Na nova ordem, desaparece a conjunção adversativa “mas” e a idéia de que, ao menos, há uma oposição entre uma coisa e outra; que mal e bem estão imbricados ou enlaçados numa relação de causa e efeito. Era, reitero, uma noção perversa e que nos condenava ao atraso, mas, se querem saber, menos maléfica do que isso que se vê hoje em dia: o roubo passou a ser considerado uma espécie de pilar da democracia, de elemento constitutivo do processo. Em seu nome, constroem-se teorias políticas.

Uma palavra passou a sintetizar essa nova altitude que ganhou a safadeza: “governabilidade”. Em nome dela, tudo passa a ser justificável. O imoral, o indecente e o indecoroso já não são mais o tributo maldito a pagar para ver a obra nascer; eles são tratados como esteios da institucionalidade. Dá-se de barato que é preciso ceder a larápios, a chantagistas, a vigaristas para que o sistema não entre em colapso. Um jornalista brasileiro, durante o confronto democrático que opôs republicanos e democratas nos EUA por causa da ampliação do limite da dívida, ofereceu aos americanos o nosso modelo: faltaria, ele escreveu, um PMDB a Obama!!!

Na entrevista que concedeu ao Fantástico — aquela em que pediu a Patrícia Poeta lhe mostrasse onde estava o “dá cá” que ela explicaria o “toma lá” —, Dilma Rousseff expressou essa noção com a maior tranqüilidade, como quem dissesse: “Hoje é quinta-feira”. Afirmou a presidente: “Eu não dei nada pra ninguém que eu não quisesse; nós montamos um governo de composição. Caso ele não seja um governo de composição, nós não conseguimos governar”.

Aí está! A pergunta de Patrícia Poeta se referia ao “toma-lá-dá-cá”, que Dilma se dispôs a explicar — é falso que ela tenha negado a sua existência. “Não conseguir governar” significa o quê? Que as práticas condenáveis seriam hoje pilares das próprias instituições. Minhas caras e meus caros, é evidente que isso é pior do que o “rouba, mas faz” porque significa a metabolização da lambança como nutriente mesmo da democracia. E eu sou obrigado a dizer com todas as letras: “Isso é falso!”.

Estamos diante de uma apropriação perversa — que não é feita só por Dilma, não!; está no sistema — do conceito de “presidencialismo de coalizão”. Uma coisa é constatar que, no modelo brasileiro, um partido dificilmente terá força para governar sozinho — o que não quer dizer que não possa hegemonizar o processo, como faz o PT —; outra, distinta, é atribuir a essa necessidade de composição as concessões indecorosas que são feitas. Indago: qual é a hipótese? Os partidos que hoje compõem a base aliada, incluindo o PT, se despediriam dos cargos e das benesses oferecidas pela máquina caso se decidisse moralizar a política pra valer? ISSO É SIMPLESMENTE MENTIROSO. O problema é outro: aqueles que vêm a lambança como parte do jogo não são meros teóricos do ilícito; são também beneficiários e usuários das práticas condenáveis.

Sim, eis uma contribuição genuinamente petista para o processo político brasileiro: a imoralidade como parte da estabilidade das instituições — instituições também elas aviltadas. Sei que pouca gente dará bola à questão porque os políticos, os pensadores e boa parte da imprensa estão entorpecidos, mas a ministra Gleisi Hoffmann disse ontem uma coisa muito grave naquele seminário com título pseudo do TCU. Chamou o RDC, o regime especial para contratar obras para a Copa do Mundo, de “lei alternativa” à Lei de Licitações. Regime democrático com “lei alternativa”? Definitivamente, nunca antes na história destepaiz.

Esse país não sai do lugar, não! Esse país é o do Enem que encheu de satisfação o ministro Fernando Haddad. O bom Brasil é outro. É o da juíza Louise Vilela Figueiras Borer, que mandou parar as obras sem licitação do Aeroporto de Cumbica. Não aceitou as justificativas para que se desse um peteleco na lei: urgência e Copa do Mundo. Ora, Dilma foi a gerentona de um outro “governo de composição”, o de Luiz Inácio Lula da Silva. Ambos, então, como ela reconheceu no 4º Congresso do PT, prepararam, a quatro mãos, a trágica herança na infra-estrutura: portos, aeroportos, estradas… E o PT vem coroar, agora, a sua obra jogando no lixo a Lei de Licitações e propondo, como diria Gleisi, “leis alternativas”?

Esse roubo consegue ser pior do que o outro: é um roubo de institucionalidade.



Por Reinaldo Azevedo

MANIFESTO DO VOTO DISTRITAL

A essência de um regime de liberdades públicas está na representação popular. Numa democracia, os Três Poderes da República nascem da manifesta vontade do povo, mas é o Legislativo que simboliza a efetiva participação dos cidadãos nos destinos da nação. É o Congresso que, quando independente e ciente de suas responsabilidades, colabora para o fortalecimento das instituições democráticas.

Só as democracias podem exercer a devida autocrítica, aprimorando seus mecanismos de representação, buscando mais eficiência nos sistemas de tomada de decisão, deixando florescer os espaços para o contraditório, para o debate, para as ideias, para a pluralidade e para a diversidade. O Congresso brasileiro tem prestado relevantes serviços à sociedade, mas precisa buscar o aprimoramento da representação, de modo que espelhe com maior fidelidade a vontade do povo.

Sair às ruas e conversar com as pessoas é sentir a indignação pulsando contra uma política que já não representa como deveria, da qual pouquíssimos ousam se orgulhar. Política que sistematicamente vem legando ao segundo plano o compromisso com a legitimidade do sistema democrático. Política que, simplesmente, deixou de prestar contas de suas ações e distanciou-se da sociedade, definitivamente. O Poder Legislativo tem hoje como referência muito mais o governo do que os eleitores.

O atual modelo de representação, baseado na proporcionalidade, teve seus méritos e contribuiu para o progresso do país, mas se tornou, infelizmente, fonte de graves problemas para o próprio Poder Legislativo, contribuindo para o descrédito da instituição. Não podemos manter um sistema de representação que acaba conduzindo à Câmara dos Deputados parlamentares ignorados ou repudiados pelos próprios eleitores, que obtêm assento no Poder Legislativo com a ajuda de “puxadores de votos”, pinçados, muitas vezes, no mundo das celebridades. O voto distrital, ademais, baratearia enormemente o custo das campanhas eleitorais, processo que, por si mesmo, contribuiria para diminuir o financiamento ilegal de candidaturas.

Defendemos o voto distrital. Acreditamos que o eleitor tem de manter vivo na memória o seu voto, o que certamente acontecerá quando um parlamentar representar o seu “distrito”. Esse voto, condicionado também pela geografia, traz o benefício adicional de evitar que a Câmara dos Deputados se limite a uma Casa de representação de lobbies. O Congresso não pode ser uma reunião de meras corporações a serviço de interesses setoriais. Justamente porque queremos um eleitor mais próximo do eleito de seu distrito, repudiamos ainda o chamado “voto em lista fechada”, proposta que fortaleceria unicamente as burocracias partidárias, permitindo a eleição de parlamentares sem rosto.

O voto distrital, ao dar poder ao eleitor para fiscalizar e cobrar o desempenho de seus representantes, contribuirá para melhorar o Poder Legislativo, o que elevará a qualidade da nossa democracia. Abracemos essa ideia e façamos chegar a nossa vontade ao Poder Legislativo, que, em boa hora, mostra-se disposto a fazer a reforma política.

Que os deputados, tornados quase anônimos logo depois das eleições, assumam um rosto: o rosto do povo brasileiro!



ISSO É O PT GOVERNANDO


De 2002 a 2011, desvios de dinheiro público na Saúde somaram R$ 2,3 bilhões

Nos últimos nove anos, o governo federal – que tem defendido novas fontes de financiamento para a Saúde – contabilizou um orçamento paralelo de R$ 2,3 bilhões que deveriam curar e prevenir doenças, mas escorreram pelo ralo da corrupção.

Esse é o montante de dinheiro desviado da Saúde, segundo constatação de Tomadas de Contas Especiais (TCEs) encaminhadas ao Tribunal de Contas da União (TCU), entre janeiro de 2002 e 30 de junho de 2011. A Saúde responde sozinha por um terço (32,38%) dos recursos federais que se perderam no caminho, considerando 24 ministérios e a Presidência. Ao todo, a União perdeu R$ 6,89 bilhões em desvios.

São números expressivos, mas refletem tão somente as 3.205 fraudes ou outras irregularidades identificadas pelo Ministério da Saúde ou pela Controladoria Geral da União (CGU).

Para o Ministério Público Federal (MPF), recuperar esse dinheiro é tarefa difícil. Mais dramática é a persecução criminal de quem embolsa o dinheiro. Na maioria dos casos, são prefeitos, secretários de Saúde ou donos de clínicas e hospitais que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A procuradora Eliana Torelly, da Procuradoria Regional da República da 1ª Região, avalia que é difícil punir porque os processos, tanto administrativos quanto judiciais, demoram a encerrar.

Em 2004, o Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) levantou um mar de desvios em Paço do Lumiar (MA), município de cem mil habitantes na Região Metropolitana de São Luís (MA).

O processo aponta saques milionários da conta da Saúde, entre 2001 e 2003, que jamais se reverteram em ações à população. Só em 2010, o processo administrativo chegou ao TCU. Em valores corrigidos em 2010, a fraude soma R$ 27.927.295,70. “A probabilidade de recuperar o dinheiro é muito baixa – diz Eliana.”

No Piauí, má aplicação de R$ 258 milhões

Apenas entre janeiro e junho de 2011, a União encaminhou ao TCU o resultado de 193 processos, que totalizam um passivo de R$ 562,3 milhões. A expressiva maioria é de casos antigos.

Na lista, há cobranças até de 1991, como uma tomada de contas que aponta o governo do Piauí como responsável pela má aplicação de R$ 258,5 milhões, em valores corrigidos.

Especialista em financiamento da Saúde, o pediatra Gilson Carvalho diz que o dinheiro escorre pela falta de protocolos e rotinas, falta de informatização do controle financeiro, de pessoal e de transporte de pacientes. E lembra que os empresários da Saúde são parte do processo de corrupção: ”Não existe corrupção que não tenha participação do privado.”

A presidente da União Nacional dos Auditores do SUS, Solimar da Silva Mendes, diz que a estrutura de controle do dinheiro do SUS é mínima em comparação com o volume de recursos auditado.

Ela contabiliza cerca de 500 auditores na ativa, sendo que a metade está em idade de aposentadoria. Calcula que são necessários outros mil servidores: ”Paramos de atender pedidos do MP. Agora, só fazemos levantamentos a pedido da presidente Dilma Rousseff, como levantamento de mamógrafos”.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que, desde 2002, o orçamento federal da Saúde soma R$ 491,1 bilhões. “Deste modo, o valor apontado corresponde a 0,045% deste montante. Todas estas medidas administrativas foram solicitadas pelo próprio ministério aos órgãos de controle, tanto interno quanto externo”.
Ele cita ainda realização de 692 auditorias, economia de R$ 600 milhões na compra de medicamentos e aperto no controle dos repasses a estados e municípios.

Mostrando a demora nas ações de controle do dinheiro aplicado na Saúde, só este ano o TCU decidiu sobre casos envolvendo irregularidades descobertas pela Operação Sanguessuga, iniciada em 2006 pela Polícia Federal.

Pelo menos dez decisões do TCU este ano são sobre Tomadas de Contas Especiais que tratam de desvios em convênios com prefeituras de todo o país, como São João do Meriti (RJ), Cromínia (GO), Campinápolis (MT) e Ponta Porã (MS). Entre as irregularidades, superfaturamento na aquisição de ambulâncias, ausência de pesquisa de preços em licitações e erros em notas fiscais.

Muitos dos casos envolveram ainda contratos em que “a empresa fornecedora do veículo adquirido consta da lista de firmas participantes do esquema de fraudes em licitações identificado na ‘Operação Sanguessuga’. É o caso, por exemplo, de contratos das prefeituras de Sousa (PB) e Alegre (ES) com a empresa Santa Maria, e da prefeitura de Pesqueira (PE) com a Planam. O Globo

DEZ ANOS DEPOIS, O ISLÃ FUNDAMENTALISTA VISA UMA REVOLUÇÃO MAIS PROFUNDA QUE O COMINISMO


Totalitarismo islâmico e revolução anti-cristã

Dez anos depois dos atentados do 11 de setembro alguém poderia achar exagerado um paralelo com o assalto ao Palácio de Inverno em São Petersburgo e o abalo do colossal e milenar império dos Czares.

Dois golpes de um impacto histórico quase inigualados. Dois atentados paroxísticos contra dois poderes que pareciam inabaláveis.

O resultado do 17 de Outubro de 1917 é bem conhecido. O resultado do 11 de setembro ainda é enigmático. Os dois visaram virar o mundo de ponta cabeça.

Os bolchevistas tentaram e conseguiram mas décadas mais tarde acabaram afundando eles próprios no insucesso.

O fundamentalismo islâmico conseguirá?

Há singulares analogias e dessemelhanças entre uma revolução e outra.

As dessemelhanças saltam aos olhos. Mas, e as analogias?

Quem acreditar cegamente na grande mídia, achará que se analogias existem, valem de muito pouco.

Entretanto, elas são muitas, secretas e profundas. Veja-se esta coleção de algumas delas publicadas pouco depois do desabamento do World Trade Center em 2001.

Desde os atentados de 11 de setembro, o grande assunto da mídia é o Islã. Suas múltiplas correntes — enormemente subdivididas — são citadas e comparadas.

De forma superficial, especula-se sobre as moderadas e as radicais, e se investigam suas complexas rachaduras étnicas e culturais. Sumidades islâmicas, na verdade totalmente desconhecidas, são apresentadas ao Ocidente e os termos árabes são utilizados como se todo mundo os entendesse. Depois desse bombardeio psicológico, o leitor fecha o jornal — ou desliga a TV — com a sensação de não ter recebido uma informação objetiva e clara da realidade.

Um aspecto capital da temática parece ser meticulosamente ocultado: o que é, na realidade, esse fundamentalismo islâmico? Identifica-se com Maomé e com o Corão? Caso não se identifique, o que é, então?

De outro lado, por que a esquerda mais ardida no Ocidente, particularmente a chamada esquerda católica, disfarça mal sua simpatia pelos talebans fundamentalistas? Afinal, por detrás das aparências, existe um fundo comum que une a esquerda progressista ao fundamentalismo islâmico?

Islã: mundo até há pouco desconhecido e pouco significativo para o Ocidente

O afluxo de petrodólares, que deveria significar um avanço do progresso moderno nos domínios do Islã, parece não ter eliminado essa paralisia.

Apenas um punhado de emires, sheiks e sultões esbanja milhões em luxos exibicionistas, em geral de mau gosto e freqüentemente imorais, enquanto a massa das populações — seguindo os ensinamentos do “profeta” — vegeta à sombra do festim dos hiper-ricaços.

Tornou-se abismal a desproporção entre a organização e a pujança do Ocidente nascido da Civilização Cristã — embora hoje profundamente apodrecido pelo neopaganismo — e a desordem e imobilismo da pesada herança de Maomé. No século XIX, quase todas as terras muçulmanas estavam sob o controle de nações européias, ricas e dinâmicas.

Se a paralisia não gera movimento, de onde veio esse dinamismo?

No início do século XX, nesse magma secularmente esclerosado, eclodiu uma tendência nova chamada fundamentalismo. Ela é ativa, agressiva, modernizada nas suas técnicas, muitas vezes terrorista. E, subitamente, passou a ameaçar a ordem mundial ocidental neopaganizada, ex-cristã, “senhora do universo”.

Diz o adágio popular que “ninguém dá o que não tem”. Como a paralisia não gera o movimento, dinamismo só poderia vir de quem o tivesse.

Um rápido giro pelas biografias dos líderes islâmicos fundamentalistas mostra que eles, em sua maioria, formaram-se em universidades do Ocidente ou em equivalentes escolas ocidentalizadas no Oriente.

Seus escritos reproduzem as mesmas idéias que corroem as bases cristãs das nossas sociedades ocidentais. É como se o vírus revolucionário ocidental tivesse sido aplicado num caldo de cultura estagnado, produzindo uma infecção explosiva, com características próprias, mas com a mesma origem ocidental.

O chefe terrorista Bin Laden é um exemplo característico desse processo de laboratório da Revolução. Filho de milionários, foi educado no seletíssimo colégio Le Rosey, na Suíça. Sua juventude foi a de um play-boy do jet-set, em meio a luxos e escândalos nas capitais ocidentais e na Arábia Saudita1. Sim, do jet-set, tão a gosto das esquerdas, até das tupiniquins.

Hassan el-Turabi, o ideólogo do regime perseguidor dos cristãos do Sudão, diplomou-se em Oxford e na Sorbonne. Ali Benadi e Abasi Madani, líderes fundamentalistas da Argélia, aprenderam suas doutrinas e técnicas subversivas na Europa. Os sequazes imediatos de Bin Laden também provêm de ambientes cultos e abastados. A lista é interminável…

O Islã, enquanto crença religiosa, está espalhado por uma imensidade de povos que vão desde o Atlântico até a Polinésia. O fatalismo e a sensualidade exacerbada da religião de Maomé lançaram essa parte da humanidade, em larga medida, no miserabilismo mais radical. Até há pouco, o seu multissecular torpor era perturbado apenas por disputas locais.

O estudioso francês Roger du Pasquier constata: “Os teóricos de maior autoridade no seio dos movimentos integristas e ativistas engajados do mundo muçulmano, apesar de sua recusa formal e superficial do Ocidente, manifestam na realidade uma contaminação de pensamento das concepções ocidentais modernas”.

Que concepções? Ele esclarece:

“As das forças subversivas que há dois séculos têm provocado tantas revoluções e violências no Ocidente e no Oriente, até na China” 2. Isto é, o socialismo e o comunismo, não em suas fórmulas já fracassadas, mas em versões mais atualizadas, como veremos.

Retenha essa idéia, leitor, e verá que ela pode ser a chave para se compreender muitos dos acontecimentos atuais.

Promotores destacados da Revolução anticristã no Ocidente vêm se tornando islamitas

Há anos, figuras engajadas na Revolução político-social e cultural que abala os alicerces cristãos do Ocidente vêm passando para o Islã, sem renunciar às suas idéias.
Por exemplo, Roger Garaudy, antigo responsável do Partido Comunista Francês para a relação com as religiões, agora prega o islamismo como via superior para atingir as metas utópicas de Marx e Lenine.

Cat Stevens, pop-star do rock, também perverteu-se e financia uma ONG islâmica 3. O mesmo fizeram, entre outros, o ecologista Jacques Cousteau, o coreógrafo Maurice Béjart, os cantores Richard e Linda Thompson, o campeão mundial de boxe Cassius Clay, que ingressou nos Black Muslims, movimento filo-marxista liderado por Malcolm X, outro converso muçulmano.


Abou Hamza al-Masri
Primeiras tentativas de inoculação revolucionária no Islã

Nos séculos da estagnação, houve tentativas de reacender o furor anticristão islâmico. Mas não passaram de casos restritos. Por exemplo, Muhammad Ibn Abdel Wahhab (1703-1787) formou uma confraria radical — o waabismo — que teria ficado desconhecida se, por ocasião da Primeira Guerra Mundial, os seus escassos seguidores não se tivessem aliado à Inglaterra contra a Turquia. Após o conflito, receberam como recompensa o reino da Arábia Saudita.

Foi no fim do século XIX e no século XX, que cresceu a penetração das idéias revolucionárias ocidentais no mundo muçulmano. Djamal ed-Din Afghani (1839-1897), a partir de Londres, atiçou a insurreição iraniana.
Muhammad Abduh (1849-1905), seu continuador, pregou idéias progressistas européias, de tipo anticolonialista. Na Índia, Sayed Ahmad Kahn (1817-1898), que ostentava o título de Sir inglês, criou o centro de pensamento nacionalista muçulmano, do qual saíram os pais do Paquistão (o país dos puros).
Um outro Sir inglês, formado em Oxford, Heidelberg e Munique, admirador de Hegel, Nietzche e Bergson, Muhammad Iqbal (1873-1938), foi quem formulou a idéia e o nome do atual Paquistão. Ele elogiava o marxismo e tentou realizar a síntese do socialismo com a doutrina de Maomé.
Seu discípulo, Abdul Ala Maududi (1903-1979), fortemente modernista, pregou uma terceira via entre capitalismo e comunismo, sendo considerado o pai do fundamentalismo paquistanês hodierno 4.

Da noite para o dia: de Marx a Khomeini

Na famosa revolução de Khomeini, no Irã, iniciada em 1979, numerosos militantes de esquerda tornaram-se fundamentalistas. O intelectual cristão-marxista Gahli Chuckri narra:
“Entre os aspectos que ainda estão presentes ante nossos olhos, figura o fato de se ver pensadores conhecidos pelo seu passado marxista transformarem-se, num abrir e fechar de olhos, em islamitas convictos. Sim, pensadores que pertencem — pela sua ata de batismo — ao Cristianismo, transformaram-se, da noite para o dia, em muçulmanos extremistas; pensadores que pertencem, pela cultura, ao Ocidente e ao modernismo, viraram orientalistas fanáticos sem nenhuma formalidade nem restrição!” 5.

O Partido Comunista Iraniano (Tudeh) aprovou a revolução dos aiatolás: “O conteúdo do processo da evolução histórica toma hoje um aspecto religioso. Para os marxistas, é perfeitamente natural. Esta revolução anti-imperialista, antiditatorial e popular foi feita segundo as palavras de ordem do Islã e sob a direção de um chefe religioso célebre no Irã, o ímã Khomeini” 6.

Voltando de Paris, Khomeini criou a organização terrorista Hezbollah. O discurso de fundação do organismo foi uma paráfrase do satânico brado de Marx e Engels — “Proletários do mundo, uni-vos”:

“Até hoje — afirmou — os oprimidos estiveram desunidos, e nada se consegue na desunião. Agora que foi dado um exemplo da eficácia da união dos oprimidos em terra muçulmana, esse modelo deve ser difundido por toda parte. … e tomar o nome de ‘partido dos oprimidos’, sinônimo de ‘Partido de Deus’, ‘Hezbollah’. Os oprimidos devem reinar sobre a terra, essa é a vontade do Altíssimo, de Alá” 7. Como se vê, é o velho marxismo vestido de muçulmano.


Fraternidade Muçulmana, ou Irmãos Muçulmanos
Bruno Étienne, professor de islamismo na Universidade de Aix-en-Provence, na França, explica a afinidade entre Marx e o fundamentalismo: “A luta de classes, como Engels a tinha previsto, não desemboca na revolução senão quando ela pode se apresentar em termos religiosos; a finalidade do islamismo radical é bem terrena: criar um reino igualitário que derrube a arrogância dos proprietários” 8.

Desvendando as profundezas do fundamentalismo

Nada pesou tanto na gênese do fundamentalismo quanto a associação egípcia Fraternidade Muçulmana, ou Irmãos Muçulmanos. Ela foi fundada em 1928 por um modesto professor, Hassan al-Banna (1906-1949). “A ressurreição islâmica que se manifesta hoje no mundo árabe provém direta ou indiretamente da organização dos Irmãos Muçulmanos”, explica um site islâmico americano que publica a sua biografia 9.

Numa obra-chave, al-Banna ensina que o dever dos Irmãos é “expandir o Islã a todos os recantos do Globo até que não haja mais tumulto nem opressão e que a religião de Alá prevaleça”. E que o slogan deles deve ser: “A morte nas vias de Alá deve ser a nossa mais prezada aspiração” 10.

Na Fraternidade, sunitas e shiítas se acotovelam e mantêm uma unidade de ação. Em 1989, o regime de Teerã divulgou um opúsculo que acumulava exemplos de concordância e colaboração de sunitas e shiítas radicais, no seio dos Irmãos. Ele reproduz elogios rasgados da Fraternidade a Khomeini e, vice-versa, exalta al-Banna como grande artesão dessa unidade 11.

Em seus primórdios, a organização inclinou-se pelas idéias nazi-fascistas, nacionalistas, anticapitalistas e antijudaicas, em moda na Europa de então. Tal componente nunca deixou de existir no movimento fundamentalista, em geral sendo acrescido de outros elementos 12.


Sayyid Qutb
Sayyid Qutb — o ‘Gramsci’ do fundamentalismo — faz a releitura revolucionária do Corão

Ninguém marcou tanto a Fraternidade Muçulmana quanto Sayyid Qutb (1906-1966). Ele representou para o fundamentalismo o que o italiano Gramsci foi para o comunismo. Fez com Maomé o que o pensador peninsular fez com Marx: uma releitura revolucionária.

Nos Estados Unidos, Qutb conheceu o renascimento pentecostalista protestante, baseado num retorno aos chamados fundamentos. Daí o fato de o termo fundamentalismo ser aplicado ao novo islamismo, embora este jamais o empregue.

Qutb revestiu de palavreado corânico as utopias revolucionárias ocidentais. É preciso, segundo ele, que o Islã volte à sua essência primeira, aos seus fundamentos. E reformulou tais fundamentos, parafraseando a doutrina anárquica da desalienação (ninguém deve estar submisso a ninguém).

Em seu livro-base, ensina: “O Islã é uma declaração geral pela libertação do homem no mundo da dominação por parte de seus semelhantes; a recusa completa do poder de toda criatura, sob todas as formas; a recusa de toda situação de dominação por organizações e situações sobre seres humanos, sob qualquer forma que seja. Quando o poder está em mãos de seres humanos, eles personificam o Criador e, em conseqüência, seus semelhantes os aceitam. Agora isto é desconhecer e expropriar o poder de Alá, devendo ser expulsos esses usurpadores. Isto significa a negação do reinado dos seres humanos, para substituí-lo por um reinado divino sobre a Terra” 13.

Qutb sabia que um reinado direto de Alá sobre os homens não é praticável. Propunha então um regime intermediário, em que uma organização pouco visível conduzisse os povos até a hora em que todo governo cessaria e os homens viveriam em contato direto com Alá. Portanto, uma concepção análoga à da “vanguarda do proletariado” de Lenine.

As semelhanças entre o progressismo católico e o fundamentalismo islâmico

Segundo o Corão, Deus revelou-se primeiro a Abraão. Tendo os judeus prevaricado, comunicou-se a Jesus. Os cristãos também falsificaram a revelação divina. Então, Deus manifestou-se a Maomé. O Corão seria a mensagem definitiva insofismável, e Maomé o último dos profetas.

Qutb explica a “apostasia” dos cristãos seguindo o pensamento do progressismo ocidental. As primeiras comunidades cristãs, segundo ele, teriam tido um contato direto com Deus, sem intermediários, autoridades nem doutrinas racionais. Mas o reconhecimento de autoridades hierárquicas e de um Magistério teológico e pastoral racional trouxe acatástrofe. E acrescenta: “A maior calamidade foi o triunfo histórico do Cristianismo. Isto aconteceu quando o Imperador Romano Constantino abraçou a ‘nova religião’”. Além do mais, segundo Qutb, sucessivos concílios definiram verdades de fé e reforçaram a autoridade pontifícia 14.

Qutb via defensores da “verdadeira religião” nos heréticos arianos, monofisitas e jacobitas, que foram excomungados pela Igreja. A “apostasia”, de acordo com sua tese, culminou na Idade Média. Qutb se enfurece contra o monaquismo medieval, a obediência e a castidade praticadas pelos monges e frades.

“Foram introduzidos no Credo — acrescenta — dogmas abstratos incompreensíveis, inconcebíveis e incríveis, o mais surpreendente dos quais foi o dogma relativo à Eucaristia, contra o qual se revoltaram Martinho Lutero, João Calvino e Zwinglio, lançando as bases do protestantismo”. Ele também execra a Inquisição, que puniu Giordano Bruno com a morte, e Galileo Galilei com censura eclesiástica 15.

Nas heresias e nas contestações à Igreja Católica, ele vê sinais precursores de um retorno à mensagem primitiva do Cristianismo, que estaria na íntegra no Islã.

“A Europa rebelou-se contra o Cristianismo; a Europa rebelou-se contra os arbítrios dos homens de Igreja”, regozija-se ele. Mas a Europa revoltada ficou tão marcada pela Igreja, que dela não se pode esperar a “salvação”. O europeu, segundo ele, em todos os assuntos raciocina logicamente, faz distinções, por influência da pervertida Igreja 16.

Missão do fundamentalismo: completar a Revolução anticristã

Essa é uma das chaves para se entender todo o fenômeno do fundamentalismo islâmico. Estamos diante da etapa culminante do processo revolucionário, denunciado e analisado por Plinio Corrêa de Oliveira em Revolução e Contra-Revolução.

Qutb reverencia os “princípios da Revolução Francesa e os direitos da liberdade individual, no início da experiência democrática norte-americana”. Porém, lamenta que “esses valores jamais se desenvolveram plenamente e jamais foram realizados por inteiro. Eles são insuficientes para enfrentar as exigências de uma humanidade em evolução”.

A salvação, conclui o ideólogo dos Irmãos Muçulmanos, não virá do Ocidente, mas do Islã. Ele completará o que a rebelião contra o Cristianismo não conseguiu fazer 17.

“Isto exige uma operação de ressurreição [islâmica que] será seguida mais cedo ou mais tarde pela tomada da direção do destino humano no mundo” 18. “O Islã está destinado para todo o gênero humano: seu campo de ação é a Terra, toda a Terra” 19, numa República Islâmica Universal, sob os eflúvios de autoridades religiosas encobertas pelo segredo.

Erradicar da Terra qualquer vestígio da Cristandade

Eis a finalidade do “retorno aos fundamentos”: enxotar da Terra o último perfume da Cristandade que ainda paira nos países outrora católicos. Isto é, os últimos reflexos sobrenaturais na ordem temporal, que se contam entre os frutos mais preciosos atraídos à Terra pelos méritos da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.


Hasan Nasralá, líder Hezbollah
Qutb expõe uma visão bastante clara do processo revolucionário que, desde a decadência da Idade Média, vem corroendo a Civilização Cristã. Porém, acrescenta-lhe um desenlace trágico que muito poucos entreviram: no final da Revolução anticristã não vigorará um mundo de prazeres e liberdades, no qual a ciência e a técnica eliminariam as doenças e a guerra, mas um espezinhamento sinistro, material e mental, sob o látego do fanatismo fundamentalista islâmico.

A revolução que ultrapassa o esclerosado comunismo

Quanto à propriedade privada, o professor Olivier Carré assim resume as máximas de Qutb: “No Islã, o proprietário jamais tem o direito de usar ou de abusar do seu bem. No Islã, a propriedade privada é um meio social a serviço das utilidades comuns” 20.

Mas, então, como explicar o fato de fundamentalistas islâmicos se declararem anticomunistas?

O aiatolá Baqir as-Sadr — apelidado o Khomeini iraquiano, executado em 1980 — resolve a dificuldade. Ele sintetiza a doutrina comunista:

“O objetivo inconsciente que o marxismo atribui ao movimento da História consiste na eliminação dos entraves no caminho do desenvolvimento das forças produtivas. Este objetivo alcançar-se-á pela abolição da propriedade privada e pela construção da sociedade comunista”. E, a seguir, introduz a crítica fundamentalista: “Então, a História deter-se-á após essa liberação, e todas as potencialidades e o impulso novo do homem deperecerão”.

Para evitar que a evolução pare, explica o aiatolá, é preciso um horizonte novo que empolgue os homens para irem além do comunismo.

Uma Teologia da Libertação para o mundo islâmico

Esse horizonte novo tem que ser religioso. Diz as-Sadr: “Pôr Alá como objetivo da marcha evolutiva constitui a única estrutura ideológica que pode oferecer ao movimento humano uma energia inesgotável” 21.

Nesta perspectiva, os comunistas clássicos representam um esclerosamento e devem ser eliminados. A tarefa agora será feita por religiosos.

De quebra, o novo horizonte tem outra utilidade. No mundo muçulmano, a autoridade natural e religiosa dos chefes de clãs, tribos e etnias é levada em grande consideração.

Para os revolucionários era impossível destruir esse resto de ordem natural apelando para doutrinas laicas modernas, “porque mais cedo ou mais tarde o movimento novo mostrará a sua verdadeira face de inimigo declarado da Religião. Isso trará um grande desperdício de energias e exporá a obra em curso aos perigos que provêm da maioria dos conservadores do mundo islâmico” 22.

Essa tarefa só seria viável sob vestes religiosas. Aliás, mutatis mutandis, o mesmo sucede com o progressismo católico, que, para objetivos análogos aos dos fundamentalistas muçulmanos, lançou mão da Teologia da Libertação.

Das “Mil e uma noites” às trevas infernais

O fundamentalismo não visa reacender o mundo das Mil e uma noites, dos tapetes fascinantes, dos míticos emires e sheiks do deserto, dos minaretes esguios e elegantes, das mesquitas douradas, do Taj-Mahal.

Esse universo de maravilhas reflete lados positivos desses povos que hoje languescem sob o jugo da falsa religião de Maomé. Pelo contrário, o fundamentalismo visa também extinguir essas potencialidades de alma que poderiam desabrochar em civilizações de fábula, caso se convertessem à única Igreja verdadeira, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Ele visa uma terra proletarizada, miserabilista, em contato com os abismos infernais. E para isso, por conveniência, recobre-se de aparências antigas e religiosas.

Revolução igualitária ocidental inoculada no maometanismo: gerado o monstro fundamentalista

Roger Garaudy, o ex-dirigente do PC francês que se tornou islâmico, narrou suas conversações com o ditador líbio Muhammad Khadafi, considerado no Ocidente sustentáculo do terrorismo internacional.

Khadafi ensinou-lhe a “tradução política” do versículo II-136 do Corão: “É uma democracia direta sem delegação de poder e sem alienação. Nada há de se substituir ao povo, nem por meio de partidos nem de parlamentos. Democracia direta através de comitês e congressos populares, que são emanação direta das empresas, das cooperativas agrícolas, das universidades, das aldeias, dos bairros” 23. Em poucas palavras, uma atualização do modelo que os sovietes não realizaram, e que as esquerdas recicladas tentam alcançar sob diversas formas de autogestão.

Em 1995, Garaudy publicou a obra Rumo a uma guerra de religião? — O debate do século 24, com prefácio do ex-frei e teólogo da libertação, Leonardo Boff. O ex-religioso franciscano elogiava Garaudy como profeta que, com D. Hélder Câmara, teria colocado as bases de uma convergência cristão-marxista anticapitalista. E acrescentava que o fundamentalismo islâmico vive do mesmo fogo libertário da Teologia da Libertação.

Garaudy anunciou uma “guerra de religião”, não entre a Igreja Católica e o Islã, mas dos revoltados das religiões contra toda forma de autoridade, porque esta seria intrinsecamente cúmplice do capitalismo consumista e hedonista.

Efetivamente, o fundamentalismo islâmico integra um vasto movimento que ultrapassa os limites do maometanismo histórico.

O documentadíssimo Atlas Mundial do Islã Ativista constata que “o renascimento islâmico não é um fenômeno isolado, mas se inscreve num movimento global de recusa do materialismo mercador e midiático, que invade o Planeta há três décadas. Esse movimento tem uma dimensão natural: o da ecologia; e uma religiosa: o retorno ao fundamental” 25.

O fundamentalismo é objetivamente aliado das forças do caos, que se manifestaram no Fórum Social Mundial realizado em Porto Alegre 26, nas arruaças de Seattle e Gênova 27 e na subversão eclesiástica progressista.

O fundamentalismo — um fruto do que há de pior no Ocidente — tenta realizar uma síntese com o Alá de Maomé, ao qual se aplicam as palavras da Escritura: “Omnes dii gentium daemonia” (Sl 95-5), (Todos os deuses dos gentios são demônios).

Essa sinistra convergência lembra a tese de um histórico artigo publicado em Catolicismo, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “Se Oriente e Ocidente se unirem fora da Igreja, só produzirão monstros” 28. O fundamentalismo islâmico e o pavoroso atentado de 11 de setembro constituem uma espantosa confirmação dessa tese.

Alguém se perguntará, escreve José Carlos Sepúlveda em Radar da Mídia, que utilidade podem ter essas reflexões, dez anos após os ataques às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York.

Antes de tudo vejo nelas uma utilidade profilática. A superficialidade de espírito de tantos de nossos contemporâneos, agravada pela sucessão trepidante e desordenada dos acontecimentos, tende rapidamente a esquecer aquilo que não deveria ser esquecido. Por este motivo me abalancei a intitular este post de “11 de setembro: never forget”.

O “nunca esquecer” — com que muitos norte-americanos procuram manter viva a memória da investida que sofreram —, me leva à segunda utilidade. Há dez anos foram as Torres Gêmeas o alvo do terrorismo islâmico.

Hoje, as mesmas correntes revolucionárias que inspiraram os ataques do 11 de setembro de 2001, tentam seqüestrar a chamada “primavera árabe”. Nas águas turvas do acontecer político, tomam a dianteira e buscam fazer vingar suas ideologias e implantar seus regimes político-religiosos “jihadistas”, desfazendo os sonhos de “democracia” que pareciam embalar as revoluções do Egito, da Tunísia, da Líbia, da Síria, etc.

Aliás, o hábito de esquecer o que não devia ser esquecido, talvez já tenha afastado da memória de muitos a ameaça dirigida por Osama Bin Laden aos regimes árabes que aceitavam a legitimidade das instituições internacionais, por renunciarem “à única e autêntica legitimidade, a legitimidade que vem do Alcorão”: seriam infiéis que não respeitam a mensagem do profeta e estariam fora do Islã. A ameaça, proferida pouco após o atentado às Torres Gêmeas, uma década depois vai se concretizando.

Por estes motivos, dez anos depois de escrever as linhas acima reproduzidas, o 11 de setembro simboliza, a nosso ver, o encontro dee duas revoluções que se revezam.

Uma, a bolchevique decrépita e sem futuro passou o estandarte negro do ódio nihilista ao islamismo radical, como numa corrida em que o corredor passa a tocha ao companheiro de equipe.

Só que não é uma corrida esportiva, mas um despencar enlouquecido que visa a destruição da civilização ocidental e cristã.



Notas:
1. Cfr. “O Globo”, 25-9-2001; “O Estado de S. Paulo”, 30-9-2001.
2. Roger du Pasquier, Le Réveil de l’Islam, Cerf, Paris, col. Bref, p. 34.
3. http://www.catstevens.com/articles/00009/index.html
4. Cfr. du Pasquier, op. cit., pp. 56-64.
5. Ghali Chuckri, “Al Bayadir”, nº 11, 1-2-82, in Al Hoda — Teheran branch, El sunnismo y el shiismo: una querella artificial y una provocación pérfida, Teerã, 1989, p. 34.
6. Ehsan Tabari, Le rôle de la religion dans notre révolution, “La Nouvelle Revue Internationale”, nº 12 (292), dezembro 1982, pp. 88-89.
7. In Atlas mondial de l’islam activiste, La Table Ronde, Paris, 1991, p. 234.
8. Bruno Étienne, L’islamisme radical, Hachette, Paris, 1987, p. 327.
9. http://www.jannah.org/articles/hassan.html.
10. Six tracts of Hasan Al-Banna, International Islamic Federation of Student Organizations, Kuwait, s/d, pp. 16-18.
11. Al Hoda, op. cit.
12. Veja-se por exemplo: Shaykh Abdul Qader Al-Murabit, Para el hombre que viene, Ediciones Ribat, Granada-México-Chicago, 1988. O autor se auto-intitula sheik, mas é um escocês chamado Ian Dallas. Ele fundou em Norwich o Movimento Morabitun, nome de uma histórica confraria místico-guerreira do Norte da África — os almorávidas. Seus membros são, em significativo número, ex-hippies e cultuadores frustrados da droga. No livro, Abdul Qader justifica o III Reich, e julga que não este não obteve a “libertação” total do homem, devido à oposição judaica-capitalista-usurária. Não critica o comunismo pelo seu lado igualitário e nivelador, mas porque teria sido excogitado por judeus. A “libertação” do homem exige, segundo ele, a extinção do consumismo capitalista. E a via para isso, agora, seria o Islã.
13. Sayyid Qutb, Jalons sur la route de l’Islam, International Islamic Federation of Student Organizations, Kuwait, s/d, 293 pp., pp. 96-97.
14. Sayyid Qutb, Il futuro sarà dell’Islam, International Islamic Federation of Student Organizations (Kuwait) / The Holy Coran Publishing House (Beirut), 1980, 42-44.
15. Id. ibid., pp. 51-57.
16. Id. ibid., pp 63-64.
17. Id. ibid., pp. 63-67.
18. Id. ibid., p. 15.
19. Id. ibid., p. 100
20. Olivier Carré, Mystique et politique — Lecture révolutionnaire du Coran par Sayyid Qutb Frère Musulman radical, Les Éditions du Cerf / Presses de la Fondation Nationale des Sciences Politiques, Paris, 1984. p. 149.
21. Baqir as-Sadr, sem título, Al-Hoda Teheran branch, Teerã, 1989, pp. 9-10.
22. Baqir as-Sadr, id. ibid., p. 27.
23. Roger Garaudy, Appel aux vivants, Seuil, Paris, 1979, pp. 294-295.
24. Desclée de Brouwer, Paris, 1995.
25. Atlas Mondial de l’Islam Activiste, Institut de Criminologie de Paris — Centre de Recherche sur la Violence Politique, La Table Ronde, Paris, 1991, p. 14.
26. Cfr. Catolicismo, nº 603, março 2001.
27. Cfr. Catolicismo, nº 609, setembro 2001.
28. Cfr. Catolicismo, nº 106, outubro 1959.

Luis Dufaur
14/09/2011

FANSTÁSTICO: A ENTREVISTA DA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF (PARTE 1)

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MOVIMENTO "SUL É O MEU PAÍS"

MOVIMENTO SUL É MEU PAÍS APRESENTARÁ PEDIDO AO STF PARA REALIZAR CONSULTA LEGAL VERIFICANDO OPINIÃO SOBRE SEPARATISMO


Movimento foi destaque no noticiário político de jornal do Paraná

A partir do próximo dia 17 deste mes de setembro será realizada uma pesquisa de opinião com os moradores de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, sobre a idéia de separar os três estados da região do restante do Brasil e formar um novo país.

O questionamento sobre ser favorável ou não à separação será feito para 0,3% da população das três capitais. A consulta informal será promovida pelo Movimento Sul é o Meu País, instituição criada em 1992 que defende a "autodeterminação do povo sulista", conforme definição própria.


No ano que vem, além das três capitais, haverá pesquisa de opinião nas cidades com mais de de 100 mil habitantes nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Em 2013, será repetido este mesmo processo, mas acrescentando os municípios onde há representação do movimento. No ano seguinte será feito uma consulta informal com a população nos mesmos locais de votação para as eleições que elegerão os novos governadores e o próximo presidente do Brasil.

"Tudo será registrado em cartório, com os resultados, metodologia, para dar mais validade a todo o processo. Em 2015, entraremos com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando uma consulta legal para verificar a opinião da população sobre o assunto. Queremos demonstrar aos políticos brasileiros que vontade é essa", comenta o presidente nacional do Movimento O Sul é o Meu País, Celso Deucher. Ele indica que pesquisas anteriores realizadas pelo movimento apontam que mais de 80% dos habitantes da Região Sul consultados seriam a favor da separação.

Em seu site o movimento informa que foi criado com o objetivo de estudar e incrementar os debates livres sobre as possibilidades, pacíficas e democráticas, da autodeterminação do povo sulino.

O Sul é o Meu País tem recebido um novo fôlego, após ter ficado meio esquecido da sociedade brasileira. Na decada dos anos 90 do século passado, houve uma grande divulgação sobre as idéias separatistas e também existiu uma forte repressão em cima dos integrantes da mobilização, conforme relembra Deucher. "A pressão em 1994 foi muito grande. Integram o movimento pessoas comuns, pessoas simples. Ameaçaram até prender. São pessoas que têm medo de levar um processo, por exemplo. Por causa desta repressão do governo federal o movimento teve uma amenizada."

Atualmente, a instituição tem 32 mil filiados, sendo que mais de 15 mil são moradores do Paraná. O movimento está realizando uma série de encontros nos três Estados do Sul para a formação de novos líderes municipais, que vão incentivar os debates sobre o assunto localmente. Na semana passada, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, uma reunião como essa formou 20 líderes de Colombo, Campina Grande do Sul, Campo Largo e São José dos Pinhais. No final deste mês haverá encontros em Foz do Iguaú e Cascavel.

Em sua Carta de Princípios, o movimento cita fatores políticos, tributários, econômicos, geográficos, culturais, sociais, morais e históricos para defender a ideia pela criação de um novo país. Depois de quase 20 anos, os princípios são os mesmos, segundo Deucher. Nem mesmo uma melhor situação econômica do Brasil muda o posicionamento sobre a separação. "Não houve mudanças na distribuição tributária.

A situação é a mesma de 1992. Estamos sendo explorados com os tributos e na hora que o cidadão precisa dos serviços públicos, não tem", adverte o presidente do Movimento. Do site do jornal O Estado de Paraná

SOB ENCOMENDA (ENTREVISTA DE DILMA AO FANTÁSTICO)

Na segunda-feira (12), a pergunta que dominou a capital da República era uma só. Quanto custou a entrevista que a presidente Dilma Rousseff concedeu ao dominical Fantástico? Até porque, Dilma tem evitado contato com a imprensa desde que chegou ao Palácio do Planalto.

Produzida sob encomenda, a entrevista deixou muito a desejar, o que obrigou outros veículos do grupo comandado pela família Marinho a repercutir a fala de Dilma ao longo do dia.

À revista eletrônica da Rede Globo a presidente externou bom humor, algo raro, mas pouco esclareceu aos telespectadores. Para quem tem boa memória, a entrevista de Dilma foi conceitualmente semelhante à concedida por Antonio Palocci Filho também à Globo, dias antes de sua demissão.

Perguntada sobre o “toma lá, dá cá”, esquema de loteamento do governo federal que garante apoio no Congresso Nacional, Dilma disse que isso não existe e que ela montou o seu governo como quis.

Na verdade, Dilma, que negou ser refém da chamada base aliada, teve de aceitar uma série de indicações resultantes da aliança política que garantiram a sua eleição em 2010. Fora isso, a presidente foi obrigada a engolir as indicações do antecessor Luiz Inácio da Silva.

Parte de um pacote midiático, a participação de Dilma no Fantástico do último domingo (11) foi precedida por uma entrevista da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ao jornal “O Globo”.

Ao matutino carioca a ministra falou sobre a reforma ministerial programada para 2012, ocasião em que serão feitas mudanças na equipe de governo, o que não significa que a presidente trocará nomes ao bel prazer.

A única manifestação de independência de Dilma Rousseff em relação aos partidos da base aliada, por enquanto, foi a ejeção de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes, pasta que foi alvo de uma enxurrada de denúncias de corrupção.

Dias depois que o Partido da República, legenda presidida por Nascimento, anunciou a saída da base de apoio ao Palácio do Planalto, Ideli Salvatti se reuniu com Valdemar Costa Neto, uma espécie de “dono” da agremiação, para negociar a manutenção do apoio, que por questões óbvias continua na informalidade.

Ucho.Info