"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ESCÂNDALO NO PANAMERICANO RONDA O MINISTRO MANTEGA

Emails em poder da PF revelam pressão do ministro da Fazenda para indicar um preposto no banco; nota numa coluna política revela que o homem mais poderoso de Brasília pode deixar o governo; há sinais de fumaça na área econômica
Foto: CELSO JUNIOR/AGÊNCIA ESTADO_Divulgação

Até agora, a faxina ministerial da presidente Dilma Rousseff já fez sete vítimas – Antônio Palocci, Alfredo Nascimento, Nelson Jobim, Pedro Novais, Wagner Rossi, Orlando Silva e Carlos Lupi.

Todos esses foram substituídos sem maiores tremores.

Só que, nos últimos dias, começaram a surgir sinais de fumaça na área mais estratégica do governo: o Ministério da Fazenda. Sim, o ministro Guido Mantega, também pode estar ameaçado. Basta juntar alguns fatos recentes para identificar que há algo estranho no ar.

A eles:

(1) A Folha de S. Paulo que chega às bancas neste domingo, mais uma vez, revela a interferência de Mantega na operação que fez com que a Caixa Econômica Federal investisse R$ 739,3 milhões na compra do Panamericano.

A operação foi conduzida pelo braço de Mantega na Caixa, o vice-presidente Marcio Percival.

E segundo um email publicado pela Folha, Mantega pressionou o Panamericano para que seu pupilo Demian Fiocca fosse indicado para o banco.

Fiocca foi um nome levado por Mantega para a presidência do BNDES, no governo Lula, e também para uma diretoria da Vale.

De acordo com a reportagem da Folha, a Caixa soube dos problemas do Panamericano antes de comprá-lo.

E um email em poder da PF, dirigido por Rafael Palladino, ex-presidente do Panamericano, a Luiz Sandoval, que era braço direito de Silvio Santos, revela a pressão por Fiocca.

(2) Na sexta-feira, o jornalista Claudio Humberto, um dos mais influentes de Brasília, com uma coluna reproduzida em mais de uma dezena de jornais, informou que o ministro Guido Mantega vive um dilema.

Pensa em sair do governo em janeiro, porque sua esposa estaria enfrentando graves problemas de saúde.

Quem leu, entendeu de outra maneira. Foi uma mensagem cifrada para que Guido saia do governo pela porta da frente – e não pela porta dos fundos.

(3) Aqui mesmo, no 247, nosso colunista Arthur Virgílio publicou um artigo sobre o temor do mercado financeiro em relação a algum possível escândalo que atinja uma figura proeminente da área econômica. Essa figura se chama Guido Mantega.

Guido Mantega está na alça de mira dos adversários por uma série de razões.

Num governo centralizador e sem um núcleo duro, ele foi ocupando espaços, embora seja visto, erroneamente, como um ministro sem ambições.

Guido hoje tem grande influência no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, no BNDES e no Banco do Nordeste.

É o “fraco” mais forte que o Brasil já conheceu.

Além disso, a queda do ministro Antonio Palocci deixou sequelas. A ala paloccista do PT atribui ao chefe da Fazenda as denúncias que derrubaram o ex-ministro da Casa Civil – o que envolveu até uma quebra de sigilo fiscal.

O ponto mais sensível para o ministro Mantega talvez seja o caso Panamericano.


A Caixa Econômica Federal alega que foi vítima de uma fraude.

Mas o fato concreto é que o governo socorreu duplamente o banco de Sílvio Santos –primeiro por meio da Caixa, depois com o Fundo Garantidor de Crédito.

Dois executivos indicados por Mantega, Marcio Percival e Marcos Vasconcelos, egressos da Unicamp, já foram convocados pela Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados para explicar o caso Panamericano.

Agora, terão também de dizer porque a Caixa investiu R$ 739 milhões no banco já tendo ciência de problemas internos.

05 de Dezembro de 2011

PULO DO GATO NA CABEÇA DO CACHORRO

Uma combinação inteligente de energia solar e pequenas hidrelétricas ajudaria a estratégica região amazônica no desafio da defesa nacional

Fernando Gabeira, SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA, AM


Presença armada. Exército e FAB patrulham a área, mas conexão de internet não existe e jovens vão às lan houses só para jogos virtuais

A Cabeça do Cachorro, uma região do extremo noroeste do Brasil, tem esse nome por causa de sua forma no mapa. Com 200 quilômetros quadrados, duas fronteiras (Colômbia e Venezuela), 23 etnias e quatro idiomas, é uma complexa área da selva amazônica diante da qual uma frase nos conforta: o Exército e a FAB cuidam.

Quem se arrisca a verificar in loco, pagando o equivalente a uma viagem à Europa, descobre algo que o Complexo do Alemão, no Rio, e as favelas de Porto Príncipe revelam: a realidade é complexa demais para se resolver apenas com soldados armados.

Ao chegar a São Gabriel da Cachoeira (AM), a cidade mais importante da região, quem tentar usar os banheiros do aeroporto, recua diante do cheiro insuportável. Quem administra esse aeroporto?, é a pergunta que vem à cabeça. Ninguém, responde o agente da PF que faz plantão em dias de voo. Aeronáutica, Infraero e prefeitura disputam a primazia. Como ninguém venceu, ninguém se instalou.

O cenário é deslumbrante. Banhada pelo Rio Negro, principal personagem da Cabeça do Cachorro, São Gabriel, com praias de branquíssimas areias, poderia ser um polo turístico. Mas os vários pontos de deságue do esgoto no Rio Negro mostram que ainda se está muito longe desse sonho.

Com 40 mil habitantes, sede da Brigada de Infantaria de Selva, São Gabriel não se comunica. A conexão de internet não existe, embora as lan houses estejam sempre cheias de adolescentes. Elas servem apenas para os jogos virtuais e são envoltas numa penumbra de inferninho.

A única conexão telefônica é pela Tim, assim mesmo, de vez em quando, em certos lugares. É precisamente nessa peleja para se comunicar que o visitante descobre uma realidade maior: o apagão.

Energia e conexão não se resolvem com a presença armada. O Brasil gastou R$ 1,4 bilhão para instalar o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), baseado num supercomputador, radares e aviões de patrulha. Mas de que adianta esse aparato no ar se, no solo, não há conexão?

Sede da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, transferida de Niterói para a Amazônia, São Gabriel não é uma ilha isolada. Os militares se comunicam e os telefones fixos funcionam. Mas é muito pouco para a mais importante cidade de uma região de floresta que faz fronteira com dois países, um deles a Colômbia, que vive, ao mesmo tempo, uma luta contra a guerrilha das Farc e o tráfico de drogas - e os dois juntos em algumas regiões.

D. Marta, cozinheira do pequeno restaurante Íris, na beira do Negro, encerra seu expediente às 15 horas, religiosamente. Ela não pode faltar às aulas de informática que começam quando fecha o restaurante. Assim como ela, centenas de pessoas em São Gabriel aprendem a informática para usá-la na chegada da plena conexão.

A posição estratégica e a vontade das pessoas justificam a transformação de São Gabriel numa cidade inteligente, o primeiro pulo do gato que o século 21 oferece a uma região que precisa não só crescer, mas responder com eficácia às necessidades de defesa nacional.

Um projeto de informatização da Cabeça do Cachorro não custa mais que a reforma do Maracanã. E mesmo se ultrapassar R$ 1 bilhão, seus ganhos a longo prazo são muito maiores. O único, e, por enquanto, intransponível, obstáculo é político. Que candidato teria condições, diante das massas metropolitanas, de afirmar a primazia do controle da Amazônia sobre a Copa do Mundo?

Ainda assim, existe um outro obstáculo, quando se pensa na alternativa de cooperação estrangeira: o argumento da soberania nacional. Mas o próprio Sivam, comprado com muito custo, dependeu da tecnologia estrangeira.
O Brasil tem sete postos de fronteira na região da Cabeça do Cachorro. De um modo geral, são comandados por um tenente e mantêm boas relações com as comunidades indígenas. Acontece que a presença do Exército o tornou uma espécie de símbolo do governo. Há momentos em que os postos não podem compartilhar a energia com os índios.

São os mais difíceis. A comunidade indígena trata o Exército como se tivesse falhado na tarefa de levar melhorias para aquela área do Brasil. Nem sempre é possível produzir energia excedente nos postos. Além disso, a FAB não transporta botijões de gás.
Eles sobem em barcos o Rio Negro e, em certos percursos, precisam superar nove cachoeiras para alcançar seu destino. O motor é destacado do barco e ambos são carregados nas costas por trilhas na selva. É outro ponto frágil não só da economia como da própria segurança.

O século 21 oferece o segundo pulo do gato para a Cabeça do Cachorro: uma combinação de energia solar com pequenas hidrelétricas. Há algumas experiências com energia solar na região. Não foram bem porque não se pensou em treinar gente para manutenção. Há chuva diária e a Cabeça do Cachorro é uma região de muitos raios. Mas não é algo intransponível em termos técnicos.

De novo, a questão dos recursos. Quem veio de Pequim após a reunião dos emergentes em novembro constatou que a China deu passos gigantescos na energia solar. O adjetivo não se refere à quantidade, porque na China tudo se faz com grandes números. É que os chineses conseguem produzir uma energia solar muito mais barata do que nos primórdios do uso dessa fonte.
Soja por energia solar seria uma boa barganha.
Mas ainda assim, os problemas da Cabeça do Cachorro, não estariam de todo resolvidos. A saúde vive um caos, apesar da presença de um hospital administrado pelo Exército, em São Gabriel. Já o visitei em viagem oficial. Desta vez, cheguei sem comunicar com antecedência.
É limpo, relativamente bem equipado e eficaz. No entanto, faltam especialistas e uma remoção de emergência custa R$ 30 mil. Quem pagaria isso? Na hora da emergência, há um jogo de empurra. A prefeitura de São Gabriel vive numa inadimplência radical.

Segundo os moradores, o prefeito Pedro Garcia (PT-AM) não tem crédito nem para viajar de barco para Manaus. O hospital não opera cabeça ou coração. A existência de uma boa conexão de internet e um treinamento de seus cirurgiões poderiam abrir novas perspectivas, de intervenções monitoradas a distância.

Noventa por cento dos moradores de São Gabriel são indígenas. Têm grandes dificuldades de sobrevivência. O Rio Negro é bonito, mas suas águas são ácidas. A agricultura, basicamente centrada na mandioca, é pobre. Há poucos peixes e eles se refugiam nos igapós, florestas alagadas que lhes dão alimentos. Abundantes, para comer, só as formigas, bastante valorizadas nos pratos típicos.

As várias etnias da região conseguiram fundar uma Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). Com o Instituto Socioambiental (ISA) e com uma pequena ajuda da Noruega e da Áustria, montaram uma rede de desenvolvimento sustentável ao longo do rio.

Não são boas as lembranças históricas. Os índios eram capturados pelos colonizadores e forçados a descer o rio desde o século 18. No período da exploração da borracha, de novo, foram capturados como mão de obra. Hoje, cerca de 4 mil famílias, mais de 10% da população, recebem o Bolsa Família. Mas o dinheiro adianta pouco, pois se gasta tudo numa viagem de barco à cidade para receber o benefício.

Os aposentados costumam se unir para reduzir os custos de viagem. Ainda assim há comerciantes que têm uma caixa de sapato cheia de cartões do Bolsa Família. É a forma que as pessoas têm para comprar algo, suprimindo o preço da viagem de barco.

Uma saída econômica para a região não é fácil. Mas o século 21 também oferece um pulo do gato: a biotecnologia. O nível de pesquisa brasileira na região é muito pequeno. Uma linguista que estuda os principais idiomas falados no Rio Negro fez um longo artigo sobre o tema e entregou à revista da Funai. Passaram-se quatro anos e ela não viu seu artigo impresso. Hoje escreve direto em inglês e publica no exterior.

Soldados índios

O Exército brasileiro é forte na região porque soube combinar a ciência militar clássica com o conhecimento local dos nativos. Os soldados, na maioria, são índios.

De um ponto de vista de guerra de guerrilha, o País está pronto. Mas hoje, com os recursos disponíveis, a própria guerra de guerrilha se tornou muito mais sofisticada. Um soldado do Rio de Janeiro que serviu dois anos em Cucuí, onde o Rio Negro divide Brasil, Colômbia e Venezuela, revelou como é difícil a luta contra o tráfico de drogas:

“Temos uns óculos especiais para monitorar o rio de noite.
Quem passa com mais de 200 litros de gasolina, o limite permitido por pessoa, de um modo geral trabalha para as refinarias de coca. Mas quem passa com a droga sabe onde estamos, desembarca, abre uma trilha na selva e embarca de novo, um ou dois quilômetros abaixo”.

Os soldados venezuelanos têm uma boa relação com o posto. De vez em quando aparecem para usar a geladeira dos brasileiros, que, dentro de casa, têm um conforto razoável para a região.

Mas o que impressionou o soldado carioca foi a superioridade em equipamentos do Exército colombiano. Isso se deve a dois fatores: a presença das Farc e a ajuda americana.

“Quando os soldados colombianos descem o rio nas suas voadeiras” - relata o soldado carioca -“eu pergunto: o que é isso, meu irmão? São barcos incríveis, com metralhadoras Magnum apontadas para as margens do rio. Sempre tocam uma sirene avisando que sua missão é de paz.”

Não era preciso vir à Cabeça do Cachorro para compreender que soldados armados não bastam. A Amazônia, no momento, é o ponto escolhido dos haitianos para se refugiar depois do terremoto de janeiro de 2010. Entram em Brasileia, no Acre, Tabatinga, no Amazonas, sempre pelas fronteiras do Peru e da Bolívia.
Hoje há tantos haitianos na Amazônia quanto soldados brasileiros em Porto Príncipe. Ironicamente, os problemas que as armas não resolvem lá acabam se transferindo para a Amazônia, onde o mesmo enigma nos desafia: problemas muito amplos para resolver apenas com armas.

O ESTADO DE SÃO PAULO/montedo.com
(Colaborou: Kerencya)

POLÍTICA DO ARROZ COM FEIJÃO

E lá vamos nós novamente com mais medidas do governo para estimular a economia. O velho uso de IOF e IPI para estimular o consumo não apenas cheira a falta de imaginação, mas beira o inócuo num momento em que a economia mundial passa por grave risco por conta do euro.

O problema aqui é que tudo o que o governo tem feito desde o começo do ano é focado no crescimento de curto prazo a qualquer custo.

O governo do primeiro semestre praticamente se envergonhava das medidas de austeridade, como se estas não fossem algo natural a se fazer. O governo do segundo semestre está ao natural, aproveitando uma crise internacional que se alastra.

Isso abriu espaço para o início de políticas fiscal e monetária agressivas. Já estamos nesse ritmo sem ruptura na Europa e com a inflação no teto da meta.

Como será se de fato tivermos uma crise mais grave? O que o governo poderá tirar da cartola para estimular ainda mais a economia? Não muito mais, talvez queda do compulsório, cortes adicionais, mas poucos da Selic, e um empuxo fiscal mais significativo.

O ponto disso tudo não são as medidas em si, mas a quase vergonha que o governo sente de entregar o primeiro ano do governo Dilma com crescimento de 3% e correndo o risco de o segundo ano novamente entregar crescimento nessa faixa.

Mas quando se disse que temos condições de crescer muito mais do que isso sem gerar inflação? Não fizemos mais reformas estruturais relevantes nos últimos anos e o mundo não mais colaborará.

Assim, como imaginar crescer de forma sustentada e elevada com meras políticas de curto prazo? Pois o ponto é que justamente estamos reeditando a política do arroz com feijão do governo Sarney.

Àquela altura, não se sabia o que fazer com a hiperinflação montada e só restava administrar o dia a dia. Agora, não sabemos o que fazer para crescer no longo prazo, então voltemos para administrar o curto prazo. Meros ajustes para estimular o crescimento de 2012 não são apenas irrelevantes, mas tiram o foco do que deveria ser incentivado.

O Brasil sempre apresentou capacidade de renovação em momentos de crise. Não aproveitamos a última para fazer reformas estruturais. Parece que não vamos fazer isso novamente. Como se não houvesse mais o que fazer para dar sustentação à expansão de longo prazo.

O teste maior do governo será em 2013 e 2014, quando estivermos com chances de retomada mais forte da economia. Nesse momento, a inflação voltará mais virulenta do que voltou nos últimos dois anos.

Esse arroz com feijão tem sido o resumo da política econômica brasileira nos últimos dois anos, período que tenho escrito para este jornal. Se escrevesse mais dois anos, acredito que não apenas veríamos mais do mesmo, mas com uma leve tendência de piora.

Mas, como tudo na vida tem seu ciclo, encerro aqui minha aventura de colunista no “Brasil Econômico”, um pouco descontente com os descaminhos pelos quais o país tem optado, mas feliz pelo espaço a mim concedido. E que a mediocridade reinante em Brasília tenha a vida curta que todos esperamos que tenha.

Sergio Vale
5 de dezembro de 2011
Fonte: Brasil Econômico

CORRUPÇÃO DE FISCAIS NA RECEITA FEDERAL



Na maior apreensão de dinheiro vivo feita pela Polícia Federal (13 milhões de reais não declarados), operação Paraíso Fiscal deflagra quadrilha composta por fiscais da Receita. Segundo as investigações, os fiscais exigiam dinheiro de empresários e acumularam uma fortuna incompatível com os salários que ganham. Reportagem exibida no Fantástico do dia 4 de dezembro de 2011.

O PT E OS SEUS BONS ADVOGADOS

Tem sido uma preocupação do PT o tal do controle “social” da mídia. Principalmente da ala do partido ligada a José Dirceu. Isso lembra um pouco o início da revolução comunista na Rússia. Todo o pessoal que fez a Revolução de Outubro de 1917 estava convicto de que a convivência do comunismo com a liberdade de opinião seria impossível.
Embora tanto o ideólogo – Karl Marx – como os ativistas – Lenin e Trotsky – se tenham valido dos jornais para divulgar as suas ideias, não confiavam neles.

“A imprensa serve aos interesses burgueses”, argumentaria Antonio Gramsci alguns anos depois. Ela serve aos interesses de seus proprietários e cuidará sempre de passar ao povo, como notícias, aquilo que nada mais é do que a versão que importa aos patrões. As massas serão sempre retratadas como volúveis e perigosas turbas. As vozes burguesas serão sempre sensatas e ponderadas, enquanto as revolucionárias serão apresentadas como radicais e irresponsáveis.
Daí a concluir que, a bem da revolução, a imprensa deve ser controlada é apenas um passo.

O PT, que nasceu de uma insólita aliança entre padres progressistas, sindicalistas exacerbados e intelectuais de esquerda, apesar de se preocupar, hoje em dia, apenas com a manutenção do imenso poder que amealhou, de quando em quando ainda se dá ao trabalho de dar uma satisfação ao pessoal antigo – aquele que ainda leva ideologia a sério. A luta a ser empreendida, agora, é contra os excessos que vêm sendo cometidos pela grande mídia.

Tática antiga, eles evitam bater de frente com o sagrado direito à informação, algo que até o mais ferrenho dos petistas respeita. O que é pedido à militância e à opinião pública em geral é que se proceda a uma análise desapaixonada da questão.

Será que, aqui, no Brasil, com essa imprensa que temos, o povo está sendo bem informado? Segundo eles, tudo é controlado por não mais que meia dúzia de organizações de comunicação: a Rede Globo de Televisão, a revista “Veja”, jornais conservadores como “O Estado de S. Paulo” e a “Folha de S.Paulo” e alguns mais são chamados pelos blogs petistas de “PIG”, o Partido da Imprensa Golpista.

Golpista por quê? Por acaso algum desses órgãos de imprensa ousou tramar um golpe de Estado contra o legítimo e democrático governo do PT?

Segundo os petistas, a resposta é sim. Todos eles, em comum acordo, passaram ao povo, em 2005, a falsa impressão de que teria existido um esquema de pagamento mensal, em dinheiro, aos parlamentares que se dispusessem a votar favoravelmente aos interesses do governo.
Esse fato, caso comprovado, subverteria de vez todo e qualquer vestígio de respeito às regras do jogo democrático.
Lula, o metalúrgico, seria capaz de tamanha sordidez? O ex-presidente jura que não. Mas seu então todo-poderoso chefe da Casa Civil, José Dirceu, leva todo o jeito de que sim: ele, sim, se disporia a fazer esse tipo de trabalho.

Dirceu, em função da malvada campanha que a “grande mídia” empreendeu contra ele, foi obrigado a renunciar ao cargo no Executivo.
No momento seguinte, foi a própria Câmara dos Deputados que lhe cassou o mandato parlamentar e o condenou a oito longos anos sem direitos políticos. Como é que ele faz, agora, para viver? Simples: tornou-se um bem-sucedido consultor de empresas, às quais vende as suas evidentes qualificações, adquiridas nas suas experiências no centro do poder.
Administra também um blog, no qual apresenta as características de um guerrilheiro, que nunca foi, e de um “injustiçado”, que parece nunca ter sido.

Se houve ou não o tal do “mensalão”, a decisão, agora, está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF), no qual estão enredados o próprio Dirceu e mais 39 supostos membros do esquema.
Os acontecimentos, por enquanto, têm sido desfavoráveis ao romântico “bandoleiro”.
O STF acolheu a denúncia contra o esquema e o procurador-geral da República já apresentou o seu parecer, no qual pede a condenação dos réus e põe Dirceu na condição de “chefe da quadrilha”.
O julgamento está para ocorrer no ano que vem.

O “mensalão” nunca existiu? Essa é a linha de defesa apresentada pelo PT à opinião pública. Não poderia ser de outra forma. Admitir a existência do esquema e, ao mesmo tempo, isentar figurões do partido é tarefa impossível. Por essa razão o melhor a fazer é dizer que tudo não passou de uma grande armação da grande imprensa. A qual deve ser submetida a algum tipo de “controle social”, para que não venha, no futuro, a cometer semelhantes barbaridades.

Mas se o esquema nunca existiu, por que havia tantos políticos na folha de pagamento do “carequinha” Marcos Valério? Ora, alegam os petistas, tudo não passou de um ajuste de contas entre os parlamentares, para o qual foram utilizados “recursos não contabilizados” de campanha. Isso parece mais uma bela história criada por advogados do que uma tradução fiel da realidade.

Já tivemos oportunidade de tratar desse tema em artigo anterior – Manual da picaretagem intelectual (9/9). Para quem não o leu, trata-se de um ensaio baseado em obra postumamente publicada do filósofo Arthur Schopenhauer, a qual recebeu o sugestivo título “Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão”.
Uma de nossas advertências era a seguinte: não acredite em histórias perfeitas, daquelas que têm explicação para tudo. A realidade não produz enredos perfeitos. Os que existem não passam de elaborações humanas.

Os advogados são pagos para isso. Para produzir bons enredos que expliquem o inexplicável. Os causídicos eficientes são aqueles que não se impressionam com o fato de Cristo ter ressuscitado os mortos. Afinal, quando querem, eles também conseguem fazer isso. O que eles não entendem, mesmo, é por que o Altíssimo nunca mandou a conta.

João Mellão Neto
3 de dezembro de 2011
Fonte: O Estado de S. Paulo, 02/11/2011

SOBRAM CORRUPTOS PORQUE FALTA CADEIA

Depois de ter esvaziado parcialmente os cofres do Ministério do Trabalho, Carlos Lupi esvaziou de vez as gavetas do gabinete em que permaneceu homiziado por quase cinco anos.
Só não consegue esvaziar o pote até aqui de mágoa.
“Com vocês da imprensa agora eu só falo por meio de nota oficial”, rosnou o ex-jornaleiro para os jornalistas que tentaram ouvi-lo nesta segunda-feira. “Vocês já destilaram todo o seu ódio. Agora só por nota”. Dado o aviso, caminhou em direção à garagem do ministério ─ e à lata de lixo da história.

Não faz tanto tempo assim, meliantes surpreendidos na cena do crime saíam em desabalada carreira. Agora, capricham na pose de injustiçados e tratam com arrogância os que garantiram a supremacia da lei e da verdade.
Se o Ministério Público e o Judiciário cumprirem seu dever, Lupi logo descobrirá que não é possível responder a interrogatórios com notas oficiais.
O país que presta não está interessado em saber o que pensa o mentiroso compulsivo. Quer saber o que tem a dizer na delegacia e no tribunal. Delinquentes não concedem entrevistas. Prestam depoimentos. Não acusam. Defendem-se.

Cumpre à Justiça deixar claro que pedidos de demissão não anulam crimes nem anistiam culpados. A perda do emprego não pode impedir nem retardar ações penais. Ex-ministros precisam aprender que não existem condenados à perpétua impunidade.
No Brasil Maravilha, sobram corruptos porque falta cadeia.

Por Augusto Nunes - Veja Online

A BOLA SETE...

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O que se pode dizer de um governante que é obrigado a trocar 25% da sua equipe em menos de um ano de trabalho?


No mínimo, que ele não sabe fazer boas escolhas ou que, ao fazê-las, não tem a autonomia que deveria ter para comandar.
É o caso da presidente Dilma Rousseff.

Carlos Lupi tornou-se ontem seu sétimo ministro a sair do cargo e o sexto a cair por envolvimento em corrupção em menos de 12 meses de governo. Além deles, outros dois ministros (Ideli Salvatti e Luiz Sérgio) mudaram de pasta, ainda no primeiro semestre, por insuficiência de desempenho.

Tudo considerado, nove ministérios tiveram seus titulares trocados neste 2011 que ainda não chegou ao fim. É praticamente um quarto da imensa lista de 38 pastas que se espalham pela Esplanada e só servem mesmo para manter de pé o amplíssimo e amorfo condomínio político-partidário que sustenta o governo.

Lupi resistiu a um mês de denúncias, mas ontem entregou sua carta de demissão. Ele sabia, desde sábado, que estava pela bola sete. Mas, mais uma vez, a presidente da República ficou a reboque dos fatos. Coube ao ministro o ato final e não a Dilma, a quem restou apenas receber o pedido de desligamento entregue pelo pedetista.

O ex-ministro do Trabalho sai sem esclarecer a enxurrada de denúncias de que foi alvo: cobrança de propina de até 15% para liberar verba pública; montagem de uma rede de organizações não governamentais de fachada para carrear verbas para seu partido; uso irregular de jatinhos; acumulação indébita e fantasmagórica de cargos públicos.

Mesmo com toda esta ficha corrida, Lupi só saiu depois que um parecer da Comissão de Ética Pública da Presidência da República tornou sua presença no governo incômoda, ao sugerir, na quarta-feira passada, a exoneração dele.

Foi uma sugestão inédita, que a presidente Dilma ignorou e ainda tentou desqualificar.

O tiro que acabou por derrubar Lupi - que havia afirmado que só sairia do ministério "abatido a bala" - veio da Folha de S.Paulo, que revelou, primeiro, que o agora ex-ministro fora funcionário-fantasma da Câmara dos Deputados por quase seis anos e, segundo, que ele acumulara este cargo com outro na Câmara de Vereadores do Rio.

Mais uma vez, um ministro do governo do PT cai no rastro de revelações em série feitas pela imprensa. Nada da suposta "faxina ética" feita no primeiro escalão federal foi feito de moto próprio pela presidente da República.

Em todos - rigorosamente todos - os casos, ela apenas reagiu ao noticiário, não sem antes resistir e tentar desqualificar as denúncias.

E o que a imprensa tem revelado não são insignificâncias: o explosivo enriquecimento de Antonio Palocci; as diabruras de Alfredo Nascimento nos Transportes, Wagner Rossi na Agricultura, Pedro Novais no Turismo e Orlando Silva no Esporte, que transformaram os orçamentos públicos em fontes privadas de descalabro e mamatas particulares.

Investigações posteriores, quando existem, acabam comprovando as irregularidades que a imprensa denunciou. É o que está acontecendo, por exemplo, com Rossi, cuja gestão na Agricultura foi alvo de auditoria concluída pela Controladoria-Geral da União na semana passada.

O órgão, criado na gestão Fernando Henrique, viu fraudes no valor de R$ 228 milhões em licitações e desvios de verbas no Ministério da Agricultura e na Conab.

O padrão encontrado lá é o mesmo que pipoca pela Esplanada petista:
contratos irregulares, licitações fraudulentas e a apropriação de bens públicos por interesses partidários espúrios.

Ainda assim, os dirigentes da Conab continuam por lá...

O day after à demissão de Lupi destaca que o PT age firmemente nos bastidores para assegurar que o Ministério do Trabalho volte a ser mais um de seus feudos - no primeiro governo Lula, por lá passaram Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e Luiz Marinho. O petismo mostra-se ávido não por sanear a área, mas por tomar o controle, entre outros, do bilionário imposto sindical, que pode arrecadar quase R$ 2 bilhões este ano.

Noticia-se também que a pasta pode ser fundida ao Ministério da Previdência, dentro de uma bem-vinda, mas improvável, racionalização da balofa máquina pública montada pelas gestões petistas desde 2003.

Nada indica, porém, que Dilma Rousseff conseguirá, finalmente, comprovar a fama de administradora eficaz, algo que, até agora, a dura realidade tem reduzido a mera miragem.

AH! COMO ESSES TRAFICANTES SÃO GANANCIOSOS!

Que coisa feia, gente! É preciso criar urgentemente a Bolsa Maconha!

Ai, ai…

Sim, vão dizer que só escrevo certas coisas porque sou reacionário, de direita, pouco afeito ao mundo moderno, católico, sei lá… Mas o que vocês querem que eu faça? Convido-os a ler um texto publicado no Estadão Online. Volto em seguida.

Maconha pode chegar até 283 vezes mais cara ao usuário no Rio, diz pesquisa
Por Marcela Bourroul Gonsalves

Uma pesquisa encomendada pela organização Viva Rio constatou que o preço da maconha pode aumentar 283 vezes entre sua colheita no Paraguai e a venda para o usuário carioca. O levantamento analisou os preços da droga ilícita mais consumida do mundo de uma ponta à outra em sua cadeia de consumo. A pesquisa também apontou variações extremas de preços em uma mesma região. Segundo os dados apurados, em média, o valor do grama da maconha comprada em favelas custa 61% a menos do que os preços encontrados em bairros de classe média. “A ideia da pesquisa é que seja a primeira de uma série. A gente percebe que se conhece pouco o mercado das drogas ilícitas no Brasil”, de acordo com Rubem César Fernandes, diretor executivo da Viva Rio.

A título de comparação, a pesquisa cita os resultados obtidos em relação ao tabaco, cujo aumento do preço varia entre 27 e 39 vezes, incluindo o alto imposto sobre o produto, de quase 80% de seu valor bruto. Ainda que a comercialização da maconha envolva riscos por conta da sua ilegalidade, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o comerciante da droga tenha uma perda de aproximadamente 17% do produto, que pode variar dependendo da região. De acordo com o divulgado, a conclusão do levantamento é que “a proibição torna o comércio da maconha altamente rentável para quem se arrisca na economia clandestina”.

Os pesquisadores levaram cerca de cinco meses para levantar os dados, obtidos através de documentos oficiais dos dois países, divulgados pela imprensa e de entrevistas. O Paraguai foi escolhido por ser a principal fonte do mercado brasileiro e a segunda no mundo, atrás apenas do Marrocos.

Voltei

Que coisa, hein!?

Sob o pretexto de que se conhece pouco um determinado assunto, pesquisadores podem sair por aí colhendo dados, resta saber pra quê, sobre o mercado da pedofilia, tráfico de órgãos, comércio de escravas sexuais etc. Não há limites. Afinal, conhecemos pouco de quase tudo. A questão é saber o que é prioritário.

Eu não sei se entendi direito, mas há uma certa tentação de cobrar que o governo faça alguma coisa, hehe… Quem sabe o tabelamento do preço da maconha! Resta evidente, parece-me, o viés do trabalho e a motivação original da curiosidade: a proibição do comércio da droga eleva exponencialmente o lucro do traficante. Corolário: se ela fosse legal, a majoração de preços seria menor.

Pode-se dizer o mesmo de qualquer atividade ilícita: quanto maior o risco, maior o lucro do criminoso. A depender de como isso seja lido, resta concluir que a melhor forma de a gente punir esses “gananciosos” é legalizar os crimes. Todos eles. Quando tudo for da lei, pra que lei? Restará apenas a do mais forte! Viva ao estado da natureza!

Rubem César Fernandes, da tal Viva Rio, por ora, está vivendo a fase da “curiosidade”. Vamos ver por onde ele vai quando chegar o momento das conclusões…

Por enquanto, entendo que esses traficantes são muito gananciosos! Especialmente os do asfalto. Vejam ali que há uma espécie de luta de classes entre os traficantes do morro e os do asfalto. Que coisa feia, gente! É preciso criar urgentemente a Bolsa Maconha para pôr um fim à ganância capitalista desses comerciantes, que ficam sonegando um gênero de primeira necessidade!

Maconha com esse ágio é um atentado aos direitos do consumidor, né?
Por Reinaldo Azevedo

SOBRE O SÉRGIO CABRAL, A EMPRESA DELTA E O EIKE BATISTA


Meu pronunciamento hoje diz respeito a toda essa polêmica envolvendo aempresa Delta, o Sr. Eike Batista e o Governo do Estado – não poderia ser diferente.

Por formação, sou professor de História – estou Deputado, Deputado não é profissão. Como professor de História, sempre tive muitas dificuldades em Matemática. Para fazer contas era um problema. Eu ficava desesperado quando
aparecia assim: “descubra o valor de x”. Eu tinha pânico! E não é que isso me persegue, Deputado? Qual é o valor de x? Isso volta à tona no debate do Rio de Janeiro: quanto vale x? Talvez valha bem menos do que o próprio imagina.

O cinismo, a desfaçatez, o deboche do Sr. Eike Batista – o “homem x”, cujo valor não se sabe bem qual é – não combinam com os dados que conseguimos. O Sr. Eike Batista gosta de financiar campanhas, mas a minha ele nunca financiou e nunca financiará – nem a minha nem a de muitos Deputados daqui, então, não há problemas. Conseguimos ter a independência necessária de que este Parlamento precisa para fazer osquestionamentos.

Sabemos que o Governador, na sexta-feira, dirigindo-se à Bahia, passou por um episódio terrível, um acidente. Todos nós respeitamos a dor decorrente desse acontecimento brutal. É uma questão privada, que merece todo o respeito e consideração, mas existe uma questão pública que precisa ser apurada. Então sabendo, com maturidade, separar essas coisas, as questões públicas precisam ser cobradas.

Foi dito aqui que se considera normal o Governador ir para a Bahia no avião do Sr. Eike Batista e que seria normal também ele estar indo para a Bahia para participar de uma festa de um empresário dono de uma empreiteira com grandes investimentos aqui no Rio de Janeiro.
Pois bem. Primeiro, eu não acho isso natural. Aliás, nada deve parecer natural; nada dever parecer impossível de se mudar, como já dizia o bom Brecht. Agora, é importante também dizer que o Sr. Eike Batista lançou uma nota dizendo que ele empresta o avião dele para quem ele quiser; que ele faz com o dinheiro dele o que ele quiser e que ele não tem nenhum investimento com o Governo do Estado. Eu quero dizer que o Sr. Eike Batista mentiu. Não é verdade.

É verdade que ele é uma pessoa muito rica - o oitavo mais rico do mundo -, talvez venha daí a sua soberba. O problema é que o seu dinheiro não compra a verdade ou não cria uma nova verdade, por mais que ele possa viver no mundo das fantasias e dos grandes investimentos, sonhando com o Rio de Janeiro sem pobres ou pelo menos com os pobres muito distantes dos grandes eventos.

Eu quero dizer que eu fiz um levantamento. O Sr. Eike Batista, o homem “X”, de valor indecifrável, diz que não tem investimentos no Governo do Estado. Primeiro que a empresa OGX, de petróleo, pertencente ao Sr. Eike Batista, recebeu no Governo Cabral, de 2007 a 2010, isenção fiscal no valor de sessenta e nove milhões de reais. Como não tem vínculos econômicos com o Governo? Tem sim, e não é pequeno.

Depois, a sua empresa LLX Minas-Rio, recebeu também, em função do Porto do Açu, mais seis milhões de isenção fiscal. Tem relações econômicas com o dinheiro público, sim. Mentiu. Tem. Setenta e cinco milhões de isenção, nos últimos quatro anos, do Governo do Rio de Janeiro. Como é que não tem?
Empresta avião para quem quiser. Que história é essa? Tem interesse público e privado misturado. Isso tem que ser investigado; isso é grave. Isso é muito grave.

É curioso que o Sr. Eike Batista também é doador para a campanha do Governador Sérgio Cabral. Ele diz que ele doa dinheiro para quem ele quiser.
Ele doa dinheiro pra quem ele quiser nada; ele doa dinheiro para quem aceita. Ele doou setecentos e cinquenta mil reais para a campanha do Governo: um por cento do que ele ganhou de isenção.

Que nobre coincidência.
A doação do Sr. Eike Batista para a campanha do Governador correspondeu a um por cento da doação, da isenção – perdoem o ato falho – que o Governador deu ao Sr. Eike Batista para duas de suas grandes empresas. Como não tem interesse? Chega de cinismo.

Mais do que isso. Uma parte grande dos investimentos do Sr. Eike Batista é feita com dinheiro do BNDES, é feita com dinheiro público. Tem milhões de problemas trabalhistas, ambientais e sociais; está questionado pelo Ministério Público. Tem uma diversidade de flexibilizações colocadas pelos órgãos fiscalizadores, que poderiam fiscalizar muito melhor as suas empresas.

Está aqui o Ministério Público Federal: “O Ministério Público Federal verificou” – percebam os senhores – “que o projeto”, eu estou falando do Porto do Açu, “foi licenciado sem que se conhecesse sequer o traçado do mineroduto e que ele atingiria vários sítios históricos e arqueológicos ao
longo do seu caminho, com impacto sobre comunidades tradicionais, às quais não foram sequer consideradas relevantes no Eia-Rima”.

Conseguiu autorização; flexibilizaram tudo. O Ministério Público Federal recorreu; o Ministério Público Federal disse que é um escândalo. E mais, estou falando de pareceres do Ministério Público Federal. Está aqui!

O Ministério Público Federal diz o seguinte:
“os motivos seriam fato de o empreendimento não haver sido licitado”. Não há licitação. A cessão da área para o porto ter sido indevida e a licença ambiental dada ao empreendimento ocorreram sem a aprovação do estudo do impacto ambiental. Não houve estudo de impacto ambiental. É uma vergonha! E ele vem para cá dizer que não tem nada a ver com a iniciativa pública, que a dele é só iniciativa privada, que ele não tem investimento!?

Senhores, o Hotel Glória que ele comprou, em 2008, recebeu 146 milhões do BNDES. Só esse investimento. Quer dizer que ele não tem nada a ver com dinheiro público? Ele não tem nenhum problema com dinheiro público? E aí ele empresta o avião dele para quem ele quiser? Não é bem assim a história.

Vimos aqui desmascarar a fala cínica do Sr. Eike Batista ontem. Ele tem responsabilidade e tem interesse nas questões públicas do Rio de Janeiro.
Os seus grandes negócios passam sim por investimentos, licenças e pareceres do nosso poder público. Então, não é boa, não faz bem para o espírito republicano essa relação de empréstimos de aviões, de jatos ou disso e daquilo para quem deveria ter um pouco mais de cuidado nessas relações. Não é bom. Para o mínimo espírito republicano.

O que eu estou dizendo é que isso precisa ser investigado. Não estou antecipando nenhum julgamento. Mas estou dizendo que isso tem que ser investigado. Da mesma maneira, tem que ser investigada a empresa Delta.
Lamentavelmente, o líder do Governo veio ontem aqui dizer que a empresa Delta tinha feito todos os seus negócios com o Governo do Estado através de licitação. Lamento dizer que não é verdade. Não é verdade!

Só em 2010, Srs. Deputados e Deputadas, sem licitação, a empresa Delta recebeu R$ 127 milhões. Só em 2010, o que corresponde a 23% do total de 2010 empenhados para a empresa Delta. Só em 2010.
Era nesse evento, do aniversário do dono dessa empresa Delta que o Governador estava se dirigindo no jato do Sr. Eike Batista. Perdoem-me, mas essa não é uma questão privada.
A questão privada eu respeito e não temos nada a ver com isso. Mas não é isso. É que essa agenda mistura uma questão privada com uma questão pública seriíssima. Seriíssima!

Não é normal, não pode ser vista como normal. Não adianta dizer que só no mundo privado de um fim de semana. Na segunda, essas pessoas continuam se conhecendo e se encontrando.

Por que a grande concentração de investimentos em 2010, ano de campanha? Por quê?
O total do contrato com a Delta, senhores, é de R$ 918 milhões só neste Governo. Os números são assustadores.
Essas relações privadas não ficam no campo privado. Trazem uma necessidade muito grande de explicações públicas. Públicas!

Essas relações, senhores, não são naturais. Colocam sob suspeita as decisões públicas que envolvem dinheiro público e convênios públicos. Espero que esta Casa exerça o seu papel fiscalizador e já estamos fazendo isso.

Hoje, um grupo de Deputados preparou um requerimento de informação, cobrando as informações pertinentes, tanto referentes aos negócios do Sr. Eike Batista como da Delta. E o Governador tem obrigação de responder. Essas respostas são importantes para que possamos esclarecer que o mundo privado realmente não se mistura com o mundo público. É o que desejamos.

*Marcelo Freixo em pronunciamento no plenário da Alerj em 22/6/11.

IMPRESSIONANTE! O HOMEM QUE FALA DE "FUZIL BOM PARA EXECUÇÃO", COMO QUEM DIZ QUE HOJE É SEGUNDA-FEIRA

IMPRESSIONANTE! O homem que fala de “fuzil bom para execução” como quem diz que hoje é segunda-feira

Neste fim de semana, dois fatos mexeram com o imaginário das esquerdas. A divulgação da foto da jovem Dilma Rousseff durante depoimento num inquérito militar e a decisão da Comissão de Anistia de homenagear o terrorista Carlos Marighella.

“Terrorista? Qual é o critério?” Matava inocentes em sua luta e fez a defesa do terror num “minimanual” que escreveu. Adiante. Já publiquei aqui o vídeo que vai abaixo no dia 20 de maio. Mas acho que quem já viu deve revê-lo à luz dos fatos novos.
E há também milhares de novos leitores no blog que talvez não o conheçam. Vamos ao video, em que fala Carlos Eugênio da Paz, um ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella. Se vocês não entenderem alguma coisa, o texto que segue deixará tudo muito claro.



Voltei

Boa parte do que vai abaixo foi publicado naquele 20 de maio. Eu quero que vocês prestem atenção é ao padrão moral das esquerdas e à sem-cerimônia com que se fala da morte de inimigos, sem qualquer prurido. Isso explica a altíssima letalidade dos grupelhos comunistas.

Leiam a transcrição do relato de um assassino contando como se comportou a sua vítima.

“Eu, atrás [do banco do carro] com um fuzil Mauser 762, que é um fuzil muito bom para execução, de muita precisão. E quando ele [a vítima] chega na esquina da alameda Casa Branca, ele tinha de parar porque tinha uns dois carro (sic) na frente (…). Ele teve que parar. Quando ele parou, eu tava no banco de trás do carro e falei ‘Vou dar um tiro nele’.
Peguei o fuzil, o companheiro que tava na frente, no Fusca, baixou a cabeça e já dei um primeiro tiro de fuzil.
Não acertei de cheio porque eu sou destro; eu atiro nessa posição [ele mostra a maneira; notem o verbo no presente], como eu tava atrás, no Fusca, eu tive que inverter e atirei assim, então pegou aqui, de cabeça, no occipital dele, mas já começou a sangrar.
Ele abre a porta do carro e sai do carro. Nós saímos. Só o motorista que não sai porque o motorista tem que ficar ali, assegurando a fuga. Saímos eu e outro companheiro.
Ele sai com a metralhadora, eu saio com o fuzil. Ele [a vítima] saiu correndo em direção à feira, o companheiro metralhando ele, e eu acertando com dois, três, quatro [tiros], acertei três tiros nas costas dele, e o companheiro, com a metralhadora, acertou vários.
Aí, de repente, ele caiu; quando ele caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente (sic) sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim.

O que é isso? Algumas considerações prévias. Depois volto ao testemunho do herói que fala acima.
(…)
O SBT exibe um lixo chamado “Amor e Revolução”, uma novela feita pela emissora de Silvio Bolinha de Papel Santos, aquele que quebrou um banco e saiu incólume, sem dever um tostão. Está pagando sua dívida política com o governo dia após dia, contando a história da luta armada segundo a ótica da esquerda. Assisti a dois capítulos.

O didatismo bucéfalo do texto e o desempenho melancólico dos atores, tudo amarrado numa direção primária, transformam o que pretende ser um drama com muito sangue — “revolucionário” — numa comédia involuntária. Silvio Santos trocou “A Semana do Presidente”, programa com que puxou o saco de sucessivos governos, por “O Passado da Presidenta”. O resultado não poderia ser pior.

Ao fim de cada capítulo, ex-revolucionários prestam um depoimento, contando a sua história. José Dirceu já esteve lá. Aguarda-se, um dia, o testemunho da própria Dilma. Com uns 20 no Ibope, talvez ela parecesse; como a novela se arrasta entre 4 e 6 pontos, não sei, não…
O autor, Tiago Santiago, já apelou até a um beijo lésbico para ver se o ibope se mexia. Nada! Ele promete outro beijo lésbico. Ainda acaba exibindo cenas de sexo explícito dos bonobos… Ai só restará sortear cartelas da Tele-Sena…

Uma das pessoas que deram seu testemunho sobre o período é o tal Carlos Eugênio da Paz. Ele foi chefão da ALN, um dos grupos terroristas mais ativos e violentos do período, comandada por Carlos Marighella.

(…) Carlos Eugênio conta, com riqueza de detalhes, como assassinou o empresário Henning Albert Boilesen (1916-1971), então presidente do grupo Ultra, que era acusado de organizar a arrecadação de dinheiro entre empresários para financiar a Operação Banderiantes (Oban), que combatia, de modo ilegal e com ações violentas, inclusive tortura, os terroristas de esquerda.
Notem bem: não estou fazendo juízo de valor neste momento. Deixo qualquer questão ideológica de lado. Peço que vocês avaliem com que desenvoltura, precisão e até entusiasmo Carlos Eugênio fala da morte.

O que mais impressiona na fala deste senhor é que ele, com todas as letras, justifica a violência que era cometida, naquele período, pelo estado, que prendeu e matou pessoas ao arrepio das leis do próprio regime militar. Carlos Eugênio deixa claro que ele próprio fazia o mesmo.
Leiam este outro trecho: “Um Tribunal Revolucionário da Ação Libertadora Nacional do qual eu fiz parte, um grupo de dez ou 12 pessoas decidiu que, se a pessoa faz parte da guerra e está do outro lado, ele merece ser executado”.
E aí se segue aquela narrativa macabra. Não há a menor sombra de arrependimento, constrangimento, pudor. Boilesen, para Carlos Eugênio, era alguém que merecia morrer — e, como se nota, com requintes de crueldade. Os torturadores do período pensavam o mesmo sobre as esquerdas. A diferença é que eles foram parar na lata de lixo da história — o que é muito bom.

Já o senhor que fala acima é tido, ainda hoje, como um homem muito corajoso e um gênio militar. Atenção: sem jamais ter sido preso ou torturado, assassino confesso, Carlos Eugênio é um dos anistiados da tal Comissão de Anistia. Isso quer dizer que ainda teve direito a uma indenização, reconhecida numa das caravanas lideradas por Tarso Genro, em 13 de agosto de 2009.

Observem que quando fala sobre o modo como atira, o homem põe o verbo no presente. Parece que ainda é um apaixonado pelo fuzil Mauser, que, segundo ele, é um “fuzil muito bom para execução”. Evidenciando que nada entende da ética da guerra, mas sabe tudo sobre a morte, afirma:

“Quando ele [Boilesen] caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente (sic) sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim.”

Percebam:
“A gente sempre dá [verbo no presente] o último tiro…” Atenção! Tiro de misericórdia, como o nome diz, é aquele disparado para encerrar o sofrimento da vítima, mesmo inimiga, não para “saber se a missão foi realmente cumprida”. É asqueroso!

O “anistiado” e indenizado Carlos Eugênio deixa claro que ele era apenas a outra face perversa da tortura. Leiam: “Em tempo de exceção, você tem tribunal de exceção. Eles não tinham o deles lá, que condenava a gente à morte, informalmente? A gente nunca condenou ninguém à morte informalmente. Nós deixamos um panfleto no local dizendo por que ele tinha sido condenado à morte, o que é que ele fazia…”

Viram? Para ele, um tribunal da ALN nada tinha de “informal”! Reconhece, ao menos, que era de exceção. Aí está o retrato da democracia que teriam construído se tivessem vencido a guerra. Com esse humanismo, com essa coragem, com essa ética.

Mais um assassinato Foi seu único crime? Não! Ele já confessou num texto que tem sangue pingando das mãos — sem arrependimento. Aquele era o seu trabalho. O “Tribunal Revolucionário” de Carlos Eugênio também matava companheiros. No dia 19 de novembro de 2008.

Augusto Nunes narrou, no Jornal do Brasil, um outro assassinato cometido pelo valentão. A vítima era Márcio Leite de Toledo, membro da cúpula da ALN. Reproduzo um trecho:

“Márcio Leite de Toledo tinha 19 anos quando foi enviado a Cuba pela Aliança Libertadora Nacional para fazer um curso de guerrilha. Ao voltar em 1970, tornou-se um dos cinco integrantes da Coordenação Nacional da ALN. Com 19 anos, lá estava Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz. Em outubro, durante uma reunião clandestina, os generais garotões souberam da morte de Joaquim Câmara Ferreira, que em novembro do ano anterior substituíra o chefe supremo Carlos Marighela, assassinado numa rua de São Paulo. Márcio propôs uma pausa na guerra antes que fossem todos exterminados.
Já desconfiado de Márcio - não era a primeira vez que divergia dos companheiros - Carlos Eugênio convenceu o restante da cúpula de que o dissidente estava prestes a traí-los e entregar à polícia o muito que sabia.
Montou o tribunal que aprovou a condenação à morte e ajudou a executar a sentença no fim da tarde de dia 23 de março de 1971, no centro de São Paulo. Antes de sair para o encontro com a morte, o jovem que iria morrer escreveu que “nada o impediria de continuar combatendo”. Não imaginava que seria impedido por oito tiros.

O assassino quase sessentão admite que o crime foi um erro, mas não se arrepende do que fez. Na guerra, essas coisas acontecem, explica o justiceiro impiedoso. Depois do crime, ele se tornou muito respeitado pelos companheiros, que o conheciam pelo codinome: Clemente.”
Carlos Eugênio, acreditem, responde a Augusto, nestes termos:

“A lembrança dessa época, para mim, é lembrança de uma luta que não me arrependo de ter travado. Era uma luta armada, era dura, precisamos todos, humanistas que éramos, aviltar nossas entranhas, nosso sentimentos, nossas convicções. (…)
Tenho sangue em minhas mãos? É claro que tenho. Não era pra lutar? Não era pra fazer uma guerra de guerrilhas? Dá para medir quem estava mais certo? Todos estávamos errados, pois fomos todos derrotados. (…)
Mas não se esqueçam também que o sangue que escorre de minhas mãos escorre das mãos de todos aqueles que um dia escolheram o caminho das armas para libertar um povo. E que defenderam a luta armada, mesmo sem ter dado nenhum tiro (…)

Numa coisa, ao menos, ele está certo, não é? Se a pessoa integrou um bando armado, que matava, traz sangue nas mãos, ainda que não tenha dado um tiro…
RetomoVocês conhecem alguém mais “clemente” do que Carlos Eugênio?

Não é a primeira vez que a gente assiste a um vídeo em que os terroristas de esquerda justificam os métodos que eram empregados pelos torturadores e paramilitares, deixando claro que faziam e fariam o mesmo, evidenciando que compartilhavam a mesma lógica perversa. Já exibi aqui o filme em que Franklin Martins — aquele — e seus amigos deixam claro que teriam, sim, matado o embaixador americano Charles Elbrick se o governo militar não tivesse cedido às exigências dos seqüestradores. E o fez dando gargalhadas e justificando a decisão.

Carlos Eugênio escreveu um livro chamado “Viagem à Luta Armada”, publicado em 1997. Sabem quem fez um prefácio elogioso e quase emocionado? Franklin Martins!
Marighella, o ídolo de Carlos Eugênio, escreveu até um Minimanual da Guerrilha Urbana. Lá está escrito: “Hoje, ser “violento” ou um “terrorista” é uma qualidade que enobrece qualquer pessoa honrada, porque é um ato digno de um revolucionário engajado na luta armada contra a vergonhosa ditadura militar e suas atrocidades.”

E mais adiante:

“Esta é a razão pela qual o guerrilheiro urbano utiliza a luta e pela qual continua concentrando sua atividade no extermínio físico dos agentes da repressão, e a dedicar 24 horas do dia à expropriação dos exploradores da população.

(…)
A razão para a existência do guerrilheiro urbano, a condição básica para a qual atua e sobrevive é a de atirar. O guerrilheiro urbano tem que saber disparar bem porque é requerido por este tipo de combate.

Tiro e pontaria são água e ar de um guerrilheiro urbano. Sua perfeição na arte de atirar o fazem um tipo especial de guerrilheiro urbano - ou seja, um franco-atirador, uma categoria de combatente solitário indispensável em ações isoladas. O franco-atirador sabe como atirar, a pouca distância ou a longa distância e suas armas são apropriadas para qualquer tipo de disparo.
O sobrenome de Carlos Eugênio é “da Paz”. E seu codinome no terrorismo era “Clemente”. Essa é a paz dos clementes. Nada mais a acrescentar neste post.

AUGUSTO NUNES
05/12/2011

O LARANJA DO CARTOLA

Ao aceitar assumir um cargo decorativo na organização da Copa, Ronaldo arrisca sua reputação e ajuda Ricardo Teixeira a continuar mandando nas sombras

Desde que ficou famoso, aos 17 anos de idade, Ronaldo Luís Nazário de Lima exerceu diversos papéis. Começou como o garoto-prodígio que fez parte da seleção brasileira tetracampeã mundial. Tornou-se o craque consagrado, eleito três vezes o melhor do mundo e o maior artilheiro da história das Copas. Encarnou o vilão da derrota do Brasil para a França na final do Mundial de 1998 e, quatro anos depois, virou o herói do pentacampeonato. Foi também a vítima de zagueiros violentos, que quase teve a carreira abreviada por contusões em série nos joelhos, e, por fim, "o gordo", que, próximo da aposentadoria, voltou para o Brasil: conquistou a torcida do Corinthians e se transformou em um empresário bem-sucedido.

De todos os papéis que desempenhou, saiu, se não aplaudido, ao menos de cabeça erguida. Entre os picos e os abismos de sua carreira construiu uma trajetória vitoriosa e uma reputação de honestidade e coragem. Agora, o ex-jogador arrisca-se a pôr tudo isso a perder. Na semana passada, aceitou assumir um novo papel - o de laranja de Ricardo Teixeira, um dos cartolas mais enrolados do futebol mundial.

Ronaldo foi nomeado por Teixeira para o conselho de administração do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014. No papel, é um cargo pomposo. Na prática, apenas um biombo para o presidente da CBF continuar no controle da Copa sem ter tanta visibilidade.

Na cerimônia de transmissão do cargo, ele disse ao novo aliado uma frase que revela com clareza suas intenções: "A imprensa é toda sua, Ronaldo". A nomeação do ex-jogador ocorre num momento em que Teixeira está na berlinda, rompido com a Fifa e com o governo federal. Ambos querem afastá-lo da organização da Copa. Joseph Blatter, o presidente da entidade que controla o futebol, ameaça divulgar novas acusações de corrupção contra Teixeira.

A presidente Dilma Rousseff, que desde o início do mandato tem deixado evidente seu desprezo pelo chefe da CBF, recusou uma oferta de reaproximação intermediada pelo novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Ameaçado de perder poder na organização da Copa, o cartola achou mais prudente se esconder nas sombras e trabalhar nos bastidores para sobreviver. Ou seja, escolheu perder os anéis para não perder os dedos - e, com os dedos intactos, manter o poder nas mãos.

A função de Ronaldo será de relações públicas, para não dizer decorativa. Tratará com a imprensa e será a estrela de eventos promocionais. Enquanto isso, os negócios da Copa continuarão tratados por aliados e subordinados de Teixeira, que nem mesmo se afastou formalmente do COL.
A diretora executiva do comitê é Joana Havelange, sua filha. O diretor jurídico é Francisco Müssnich, advogado da CBF.

O coordenador de operações Ricardo Trade, ex- funcionário de suas empresas. E o diretor de comunicação é Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF. Enquanto o laranja Ronaldo sorri e posa para foros, essa turma comandará os contratos e as negociações bilionárias para a Copa, que deve movimentar mais de 100 bilhões de reais.

A função do ex-jogador será parecida com a que Franz Beckenbauer teve na Copa da Alemanha em 2006, de embaixador do evento. E distante da exercida em 1998 pelo francês Michel Platini, que comandou de fato a Copa e, depois, se tornou um respeitado dirigente, cotado até para chefiar a Fifa.
A nomeação de Ronaldo não foi o único golpe de Teixeira para tentar sair das cordas. Ele tem se aconselhado com o ex-presidente Lula, em busca de apoios nos meios políticos e no mundo esportivo.

Por sugestão do corintiano Lula, escolheu o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, para ser o novo diretor de seleções da CBF – e, depois da Copa, seu candidato à presidência da entidade. Andrés tem a missão de quebrar as resistências dos principais times brasileiros ao cartola e impedir que seja criada uma liga de clubes para organizar o Campeonato Brasileiro, o que colocaria ainda mais pressão sobre Teixeira. A estratégia do cartola, porém, parece não ter sido eficiente.

Dilma, em conversas com assessores, adiantou que não pretende negociar as pendências da Copa com Ronaldo. Blatter segue empenhado em derrubar o rival do trono da CBF e impedir que ele dispute sua sucessão em 2015 - promete novas denúncias ainda nesta semana e quer fazer mudanças no estatuto da Fifa que impeçam a candidatura de "fichas-sujas".
Com as mudanças no COL, Teixeira continua como sempre esteve: com poder, sem credibilidade e envolvido em suspeitas.

Já Ronaldo tem muito a perder. Além de meter as chuteiras no pantanoso terreno em que Teixeira chafurda há décadas, ele corre o risco de se dar mal nos negócios. Algumas das empresas que patrocinam jogadores agenciados por ele, como a Claro e a AmBev, são concorrentes das que patrocinam a CBF e a Fifa.

Mesmo diante do conflito de interesses, Ronaldo se recusou a abandonar o comando da empresa para assumir o novo cargo. Já se disse de Pelé que, de boca fechada, era um poeta. Ronaldo está a caminho de provar que, fora dos campos, é o rei da bola fora.

VEJA- 03/12/2011

6 DE DEZEMBRO: A RESPOSTA AOS MASSACRADORES

Internacional - América Latina

A obsessão das FARC é empurrar o país para o nada, para a miséria e a opressão de uma minoria ilegítima e terrorista.


Os colombianos sairão às ruas no dia 6 de dezembro de 2011 para demonstrar seu repúdio maciço às FARC, mais uma vez. Nesse dia não haverá ação mais nobre do que a de sair às praças e avenidas da Colômbia para dizer, exteriorizar, gritar nosso desprezo imenso e definitivo contra essa organização criminosa que acaba de assassinar quatro policiais e militares, reféns indefesos e debilitados que estavam em seu poder, após mais de doze anos de cativeiro inumano na selva.

O objetivo das manifestações do 6 de dezembro não pode ser mais claro: dizer que as FARC não devem seguir existindo na Colômbia. A manifestação não será contra a violência em geral, senão contra a pior violência que os colombianos sofrem desde há mais de 50 anos: a violência das FARC. Mas não será só para lutar contra a violência das FARC. Será para lutar contra tudo o que as FARC representam: suas idéias, seus métodos, suas mentiras, seu cinismo, sua covardia. Essa criminalidade específica, que consegue se dotar de porta-vozes “legais” e que se pretende “política”, deve ser extirpada de nossa terra, pois eles são a negação de tudo o que os colombianos construímos: a liberdade, a fraternidade, a prosperidade, a elevação moral, espiritual e intelectual.

A violência das FARC é a pior de todas as formas de violência, pois é a única que aspira a destruir as bases mesmas da sociedade e os valores sobre os quais esta repousa. A obsessão delas é empurrar o país para o nada, para a miséria e a opressão de uma minoria ilegítima e terrorista. A violência das FARC não é só perversa por isso, senão anti-histórica. Com suas matanças, com seus seqüestros, com seu narcotráfico e com suas atrocidades em série, as FARC esperam recuperar o terreno que perderam nos oito anos do heróico governo do presidente Álvaro Uribe. Contra esse hipotético regresso, o povo se levanta e a manifestação do 6 de dezembro é para dizer isso: Não mais FARC!

Quando marcharmos pensaremos nos outros 14 reféns “políticos” e nas dezenas de outros seqüestrados “comuns” que ainda estão nas garras desse bando. Mas também pensaremos nos militares que estão no cárcere por defender nossas vidas e nossas instituições, como o general Arias Cabrales, o general Uscátegui, o coronel Plazas Vega, o major Ordóñez. Eles não cometeram um só delito e estão, todavia, na prisão, e foram condenados a penas injustas ao final de processos aberrantes e escandalosos. Em julgamentos extravagantes onde não foram ouvidos, pois o que primava era a ordem de condená-los para aterrorizar os cidadãos e a cada membro da Força Pública. Todos eles, como os reféns seqüestrados, devem ser postos em liberdade.

As FARC seqüestraram os reféns “políticos” para obrigar o Estado e o Governo a ceder e desmilitarizar setores-chave do território colombiano, em favor do narcoterrorismo. Os militares foram jogados no cárcere para obter o mesmo: para que os oficiais e as tropas tivessem medo de combater e vencer os depredadores históricos do povo colombiano, pois a ameaça era cair depois nas redes intrincadas de juízes diabólicos e corruptos. Com tais métodos as FARC querem deixar sem defesa todo o território nacional.

As manifestações de 4 de fevereiro de 2008 uniram, pela primeira vez, os colombianos do país e do exterior, contra tal perspectiva, em um ato de repúdio unânime. Essas manifestações nunca dividiram o país, como pretendem os agitadores das FARC.

As passeatas de 6 de dezembro de 2011 terão o mesmo caráter: não levantam palavras-de-ordem ambíguas e tendenciosas, como a de que devemos lutar contra “os violentos deste país”, como pretendem os inimigos da passeata. Nem contra “qualquer forma de violência”, como querem os que tratam de confundir todo mundo a fazer das FARC não um agressor, senão um agredido. A passeata é sim de “todos os cidadãos” e da “Pátria unida”, mas dentro dessa “unidade” não estarão jamais as FARC, as quais se auto-excluíram da comunidade nacional, ao tratar de subjugar pela violência mais desapiedada essa mesma comunidade nacional.

Eduardo Mackenzie, 05 Dezembro 2011
Tradução: Graça Salgueiro

O PODER DA LOUCURA

Artigos - Movimento Revolucionário

O discurso comunista mudou muito ao longo dos tempos. Começou declarando que a classe incumbida de destruir o capitalismo era o proletariado industrial. Desde Herbert Marcuse, acredita que os proletários são uns vendidos e que a tarefa de transformar o mundo cabe aos estudantes, prostitutas, bandidos e drogados (e, no Brasil, aos funcionários públicos, que Marx considerava aliados naturais da burguesia).

Começou proclamando que ideias e doutrinas eram apenas um véu de aparências tecido em cima do interesse de classe. Hoje, admite, com Ernesto Laclau, que as classes são inventadas pela propaganda revolucionária conforme os interesses do Partido no momento.

É difícil debater com gente que muda de conversa cada vez que a discussão aperta.

Mas uma coisa é inegável: a mentalidade comunista, que no início era um bloco dogmático de ideias prontas, foi se tornando uma trama obscura e proteiforme, um labirinto móvel de subterfúgios e desconversas, quase impossível de descrever.

Em vez da aceitação pura e simples de um esquema explicativo prêt-à-porter, a adesão à causa comunista foi se transmutando num processo psicológico complexo de contaminação neurótica numa massa turva de sentimentos confusos.

Esse processo reflete a adaptação progressiva do movimento comunista a situações culturais criadas pelo descrédito intelectual do marxismo e pela necessidade de protegê-lo sob novas versões cada vez mais escorregadias, imunes à crítica racional.

Ao longo do processo, a tática de aliciamento comunista foi se transformando cada vez mais num envolvimento emocional sem conteúdo doutrinal identificável, baseado no sentimento de participação comunitária e no ódio a inimigos cada vez mais vagos e indefiníveis.

Em vez de perder credibilidade, porém, o discurso comunista ganhou força com isso, precisamente na medida em que já não é mais um "discurso" em sentido estrito e sim um aglomerado de símbolos, muitos deles não-verbais, que apelam por igual às frustrações e ressentimentos mais disparatados, unificando, por incrível que pareça, o ódio de feministas e gayzistas à moralidade religiosa tradicional e a hostilidade fundamentalista islâmica à imoralidade endêmica das sociedades ocidentais, exemplificada, aos olhos do Islã, pelo próprio gayzismo-feminismo.

Por isso mesmo, a mente dos comunistas individuais, especialmente os "intelectuais", foi se tornando cada vez mais complexa e inapreensível, suas opiniões cada vez mais elusivas e escorregadias, ao ponto de que já não podem ser "discutidas", apenas analisadas como sintomas de um estado de espírito que elas não expressam diretamente, apenas insinuam por entre sombras, como na linguagem dos sonhos.

A coesão de um discurso pode ser interna ou externa. No primeiro caso, as partes estão unidas umas às outras por um vínculo lógico.

No segundo, pela referência a um conjunto de fatos ou coisas reconhecíveis. As duas formas de coesão podem vir articuladas.

Mas o discurso que nem é coerente, nem reflete uma realidade, nem articula essas duas exigências, pode continuar exercendo, ao menos sobre certo público, um efeito persuasivo bem notável.

Isso acontece quando, sob a aparência de defender ideias ou expor fatos, ele reflete apenas o sentimento de identidade do grupo social a que se destina.

Como aí as ideias e fatos já não interessam por si mesmos, mas apenas como símbolos evocadores de certas reações emocionais, tudo o que o discurso precisa para ser aceito é usar os símbolos corretos, capazes de despertar as respostas instintivas desejadas. Para isso, evidentemente, esses símbolos têm de ser de uso geral e corrente no público-alvo: têm de ser lugares-comuns, chavões, frases feitas, clichês.

Uma linguagem de clichês pode ser usada deliberadamente, com arte e técnica, por um demagogo ou propagandista hábil. Mas também pode acontecer que, usada em excesso, ela se dissemine ao ponto de usurpar o lugar das outras formas de discurso, tornando-se o linguajar geral e espontâneo, o modo de pensar de todo um grupo falante, de toda uma coletividade de "intelectuais".
Neste caso, a intenção de manipular torna-se praticamente inconsciente, a mentira deliberada transmuta-se em fingimento histérico, em que a falsidade absoluta dos pretextos alegados contrasta pateticamente com a intensidade real dos sentimentos que despertam.

Quanto mais vasto o grupo envolvido nesse jogo de teatro, mais vigoroso o reforço que cada um dos atores recebe de seus pares e mais se amplia a permissão geral para a prática da incoerência e da falsidade, até que todo resíduo de compromisso com a razão e os fatos seja por fim abolido e o sentimento de identidade grupal passe a valer como o único critério de veracidade concebível.

Esse sentimento, na medida em que se intensifica, fortalece a coesão e a capacidade de ação unificada do grupo envolvido, resultando, por vezes, em acréscimo do seu poder político.
Assim se explica o paradoxo aparente de que, ao longo do século 20, os grupos mais intoxicados de ideias inverídicas e absurdas – os comunistas e os nazistas – saíssem frequentemente vencedores na disputa com adversários mais sensatos e realistas.
Invertendo o otimismo inaugural da modernidade, que pela boca de Sir Francis Bacon proclamava "conhecimento é poder", a evolução dos acontecimentos mostrou que, em política, a ignorância, a inconsciência e a loucura, não só do público manipulado, mas do próprio manipulador, são armas nada desprezíveis.

Olavo de Carvalho, 05 Dezembro 2011
Publicado no Diário do Comércio.

CORRUPÇÃO: LUPI E HAVELANGE RENUNCIAM NO MESMO DIA, PARA NÃO SEREM INVESTIGADOS

Aqui no Brasil, o ministro corrupto demitido não é mais investigado. Tudo é engavetado pela ética flexível do governo da Dilma e do PT, que praticam os ensinamentos do grande mentor da lama e da podridão na política, Luiz Inácio Lula da Silva. O PT age como o Comitê Olímpico Internacional que, ontem, encerrou acusação de corrupção contra o brasileiro João Havelange, pelo simples fato de que ele renunciou. Parece que o PT teve aulas com o COI. Ou vice-versa.

Suspeitas de corrupção obrigam um dos cartolas mais poderosos do mundo, João Havelange, a deixar o Comitê Olímpico Internacional e terminam com quase meio século de influência do brasileiro na cúpula do esporte. Nesta semana, a entidade tomaria uma decisão sobre o brasileiro, diante da investigação conduzida por seu comitê de ética. Para evitar ser condenado e expulso da organização, João Havelange optou por enviar uma carta anunciando que estava se retirando de suas funções por 'problemas de saúde'. O caso terá uma repercussão direta sobre o futuro de Ricardo Teixeira na Fifa, já que a suspeita investigada se refere não apenas a Havelange, mas também ao presidente da CBF.

Ao pedir sua demissão por motivos de saúde, Havelange consegue assim evitar o pior: ficar manchado com a constatação pública de corrupção nos anos em que ele comandou a Fifa com braço de ferro. Pelas regras do COI, a renúncia encerra o caso e a investigação é obrigada a ser abandonada. Não haverá como o comitê de ética anunciar seus resultados e se de fato concluiu que Havelange era culpado por corrupção.

Há seis meses, o estadão.com.br revelou com exclusividade que o COI havia aberto investigações em torno de ex-homem forte do futebol mundial por conta de alegações de corrupção. O que pesa sobre Havelange é justamente o caso envolvendo a ISL, empresa que vendia direitos de TV da Fifa. Um tribunal suíço concluiu, segundo a rede 'BBC', que Havelange seria um dos que se beneficiavam do pacote. A propina chegaria a 6 milhões de libras esterlinas, segundo os britânicos. A revelação das informações obrigou o COI a abrir um processo, que inclui também o africano Issa Hayatou, vice-presidente da Fifa e também membro do COI.

Havelange era o mais antigo membro do COI. Depois de ser nadador olímpico em 1936, o brasileiro passou a fazer parte da entidade em 1963. Nos anos 70, foi eleito presidente da Fifa e ainda ocupa cargo de presidente de honra. Em 2009, tomou a palavra no Congresso do COI para pedir que os membros da entidade o dessem um presente para seu centésimo aniversário, em 2016: os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro no estádio com seu próprio nome. O apelo funcionou. Mas, diante da suspeita de corrupção, o comitê de ética não teve o mesmo comportamento.
coroneLeaks

"QUEM DESMATOU TERÁ DE RECUPERAR", DIZ MINISTRA DO MEIO AMBIENTE

Izabella vê avanço na versão do Código Florestal que será votada no Senado e promete apertar fiscalização

Notícia

Antes mesmo de o Congresso terminar de votar a reforma do Código Florestal, o Ministério do Meio Ambiente prepara licitação de R$ 30 milhões para a compra de imagens de satélites das propriedades rurais do País, que mostrarão quem desmatou ilegalmente e também permitirão fiscalizar o cumprimento das regras para recompor a vegetação.

O negócio faz parte da operação para tirar do papel as novas regras de proteção do meio ambiente e que, segundo a ministra Izabella Teixeira, poderá representar "um dos maiores programas de recomposição de floresta tropical do planeta".

A ministra adiou em três dias a viagem à África do Sul, onde participará da Conferência das Nações Unidas sobre Clima, para acompanhar a votação no plenário do Senado, amanhã. Nesta entrevista ao Estado, ela enumera o que o governo espera desta votação.

André Dusek/AE 'Vou lutar pela proteção dos manguezais até o fim. 'Em Durban, o Brasil pode assumir compromisso de redução de emissões de gases-estufa para assegurar a manutenção das metas para países desenvolvidos?

O Brasil já tem compromissos voluntários, estabelecidos em lei federal. Há um foco nacional na redução do desmatamento. A estimativa é que a gente esteja em torno de 68% a 70% do cumprimento da meta estabelecida para 2020. Outra questão é como fazemos Durban avançar. Vamos com o espírito de negociar.

Será possível dizer lá fora que não vai haver mais desmatamento no Brasil?


Todo o esforço de negociação com o Congresso foi para assegurar um Código que, em primeiro lugar, não estimulasse o desmatamento. E você sabe que fomos vencidos na Câmara. Houve muita pressão para acabar com o instituto da Reserva Legal, mas estamos mantendo com as mesmas proporções estabelecidas em 2001. O governo não cedeu nisso. A segunda coisa, para mim a grande luta, foi manter as Áreas de Preservação Permanente. E eu chamo a atenção que a Câmara havia excluído a proteção aos manguezais. Isso ainda é objeto de uma luta dificílima.

Se o Congresso liberar a exploração de camarão nos manguezais, a presidente vai vetar?

Sou contra. Acho que temos de preservar os manguezais. O relatório do senador Luiz Henrique admite as atividades estabelecidas até 2008. Os impactos sobre os manguezais de uma carcinicultura são inadmissíveis. Os estudos mostram que não dá. Eu vou lutar pelos manguezais até o final, não só para proteger a biodiversidade, mas para proteger os pescadores, garantir a oferta de peixes.

O ministério está preparado para a fase pós-aprovação do Código?

O ministério queria área plantada e nós fomos para o embate. Isso foi assegurado, pelos cenários mais conservadores, a sinalização é que vai se fazer três vezes em redução de emissão crescendo árvores do que eu faço com o combate ao desmatamento na Amazônia nas metas voluntárias que o País assumiu.

Mas como tirar isso do papel?

Estamos fazendo licitação para comprar imagens de satélites do País inteiro. O programa do Cadastro Ambiental Rural entra em fase de teste em poucos dias. É um desafio monumental. O País talvez tenha um dos maiores programas de recomposição de floresta tropical do planeta. Vai ter de ser feito isso. Muitos apostam que daqui a pouco muda a lei. Não vai mudar a lei. Temos de trabalhar para botar isso em pé. Não foi se regularizar, está fora, acabou.

Um dispositivo do projeto do Senado diz que quem não tiver cadastro no prazo de cinco anos não poderá contar com crédito oficial. É esse o prazo?

Crédito de instituições financeiras estatais e privadas. É isso. Temos também um dever de casa que é fazer um programa de conversão de multas.

O programa de conversão de multas previsto no projeto é apenas para o pequeno produtor?

A lei já permite que eu faça para todos. O Ibama tem 115 mil processos de multas. Pedi um estudo sobre toda a cadeia de cobrança. Tenho de dar alternativas para viabilizar a cobrança. Temos de ser mais eficientes. Tenho processo com multas de até R$ 2.000. Por exemplo, o cara que é pego com um passarinho. O meu custo operacional para cobrar isso é de R$ 5 mil. Isso significa menos de 15% do valor total. As grandes multas, essas sim eu preciso cobrar.

Como descrever o tamanho da anistia a desmatadores no Código?

Entendo que não haverá anistia.

Nem para os proprietários de até quatro módulos, isentos da recuperação da Reserva Legal?

Qual era o debate que veio da Câmara? Admite-se como área consolidada aquela desmatada até 2008 e a partir daqui zera o taxímetro. Não está assim no Senado. Todo mundo vai ter de restaurar, procurar se regularizar. Depois de cumpridas as exigências é que terá a multa suspensa, na verdade, convertida. Anistiar para mim é virar para você é dizer você deve isso, mas a partir de agora não deve mais nada.

O corte do crédito seria o principal mecanismo para assegurar o cumprimento do Código?

Acho que sim. Há outras coisas também. A fiscalização vai ter mais foco não só sobre quem desmata, como sobre quem não está cumprindo a recuperação. Du cinco anos, quem não cumpriu perde o crédito. Também há previsão de estímulos econômicos para a recuperação.

Na campanha eleitoral, a presidente assumiu compromissos de não anistiar desmatador e não aumentar o desmatamento. A base política vai permitir isso?

Vamos ver o que o Congresso vai votar. Estamos trabalhando para isso. Na Câmara, havia buracos que levariam a novos desmatamentos. Nosso esforço é barrar todo novo desmatamento ilegal.

O Brasil é uma potência agrícola, energética e também uma potência ambiental. A presidente verbalizou isso.

04 de dezembro de 2011
Marta Salomon, de O Estado de S. Paulo

AMANHÃ O SENADO VOTA O CÓDIGO FLORESTAL. DEMOCRACIA VENCE A DITADURA DA MINORIA.

Leia, abaixo, artigo de Denis Rosenfield, publicado em O Globo e no Estadão

"Nesta semana, irá finalmente a voto, pelo Plenário do Senado, o novo Código Florestal. O adiamento de última hora foi nada mais do que o fruto de uma manobra regimental do PSOL para postergar a votação, apostando em um atraso generalizado, envolvendo, também, a Câmara dos Deputados.

O status quo tende a favorecer os grupos mais radicais, inconformados com o consenso, a negociação e o entendimento alcançados pelas duas Casas Legislativas, com o apoio e a participação do próprio governo. A situação não deixa de ser inusitada, pois o entendimento é fruto de um consenso suprapartidário, onde desapareceram as clivagens partidárias, em nome da necessária modernização da legislação.
As particularidades foram deixadas de lado em nome de um bem maior. Não se trata de opor agricultura/pecuária de um lado, e meio ambiente de outro.
As próprias palavras são mal utilizadas, procurando obscurecer em vez de esclarecer um debate que se mostrou profícuo e extremamente importante para o futuro do país.

No entanto, há um ambientalismo radical que se recusa a qualquer composição e, mesmo, termina mostrando uma face autoritária. Poderíamos definir esse ambientalismo radical como um rescaldo de uma concepção rousseauísta, eivada de tinturas marxistas.

Segundo tal concepção, a natureza seria uma espécie de reino idílico, que deveria servir de exemplo e, mesmo, de alternativa à moderna sociedade capitalista. Os "alimentos" seriam apenas "colhidos".
Haveria uma espécie de comunismo primitivo, onde não existiria propriedade privada, e os homens viveriam em harmonia entre si e a natureza.
Ainda segundo essa concepção, surge a ideia de indígenas e ribeirinhos que seriam os depositários da floresta que deveria ser mantida intacta, como se o Brasil já não tivesse, na Amazônia, mais de 80% de florestas nativas preservadas e, em todo o território nacional, 61%. Algum outro país ostenta esses índices?

O matiz marxista traduz-se também pela oposição mais feroz ao direito de propriedade e à segurança jurídica, como se estes devessem ser severamente restringidos ou, inclusive, em uma solução utópica, suprimidos.
Expressões ainda dessa postura se fazem presentes na contestação do agronegócio e, também, da política energética do atual governo, em especial a construção de hidrelétricas, tendo como símbolo mais eloquente toda a campanha contra a usina de Belo Monte.
Afinal, a produção de energia hidrelétrica, ainda segundo essa concepção, nada mais seria do que perpetuação da moderna sociedade industrial e capitalista.

Evidentemente, nem é colocada a questão básica de como alimentar uma nação de milhões de habitantes e um planeta de bilhões, o que passa necessariamente pela produção de alimentos e pelo cultivo da terra em larga escala. Se as pessoas possuem energia em casa, isto não cai do céu.

Nem os indígenas querem mais viver sem os confortos de uma vida moderna, que almejam como objetivo a ser atingido. Somente os ideólogos do ambientalismo radical defendem tal posição.

Neste sentido, convém distinguir entre desmatamento e cultivo da terra. O desmatamento com fins meramente predatórios, arbitrários, deve ser cuidadosamente diferenciado do cultivo da terra, da agricultura e da pecuária, mantendo, igualmente, uma postura de preservação ambiental.

Hoje, por exemplo, na produção de florestas de eucaliptos, áreas expressivas são deixadas à reprodução de florestas nativas. Produção e conservação andam - e devem andar - de mãos juntas. Os problemas de desmatamento da Amazônia, por sua vez, não são fruto da "avidez pelo lucro", mas da falta pura e simples de Estado, que se traduz pela ausência de cartórios, de títulos confiáveis e legítimos de propriedade.

Em uma terra de ninguém, proliferam a grilagem, a exploração predatória e a irresponsabilidade. Eis por que o processo de regularização fundiária em curso pode ser um poderoso instrumento de controle ambiental.
Um produtor rural é responsável por sua propriedade e deve obrigatoriamente seguir a lei. Um grileiro, por sua vez, é meramente um predador, não sendo responsável por nada. Nem o Estado consegue responsabilizá-lo.

Ademais, não deixa de ser curioso que o MST, aliando-se aos ambientalistas radicais, por sua postura anticapitalista, seja, também, um dos maiores responsáveis pelo desmatamento da Amazônia, como já tem sido sobejamente noticiado.
Vale aqui somente a postura ideológica, o discurso contra a economia de mercado.Da mesma maneira, ONGS internacionais estão, agora, alardeando em Durban, na África do Sul, que o novo Código Florestal já está, aliás, antes de sua sanção presidencial, criando novos desmatamentos. Nada mais longe da verdade.
O novo Código dificulta novos desmatamentos, estabelecendo como linha de corte as áreas consolidadas em junho de 2008.
Qualquer novo desmatamento que não seguir as regras em vigor deverá ser severamente punido. Fingir nada saber é uma forma de embuste ideológico. Por último, o ambientalismo radical nutre uma aversão pela democracia.

Estão simplesmente advogando que a presidente da República vete artigos importantes do novo Código Florestal. Com isto, transmitem a mensagem de que não aceitam um longo trabalho da Câmara dos Deputados, do Senado e do Palácio do Planalto, visando a um entendimento conjunto.
A opinião pública participou ativamente desse debate. Todas as partes se expressaram publicamente.

Enquanto esses ambientalistas reinavam no Ministério do Meio Ambiente e, também, na opinião pública, acostumaram-se, por demais, a atos administrativos para "regular" o meio ambiente e tudo fizeram, igualmente, para impedir o progresso científico graças a suas ações na CTNBio.

Recusam-se ao diálogo, pois estão firmemente imbuídos de uma missão quase religiosa, como se exigissem simplesmente ser acatados e obedecidos.
A democracia passa por debates, convencimentos e processos legislativos. É isto que está sendo negado."

NESTE NATAL, AGÜENTE: PT, REDE GLOBO E ONU, JUNTOS EM CAMPANHA GAYZISTA

Artigos - Governo do PT

Neste mês de feriado de Natal, a relatora do PLC 122 Marta Suplicy contará com uma poderosa artilharia de apoio.

A Rede Globo, em parceria com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e com a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura), elaborou uma campanha de combate à “homofobia” que foi assistida e aprovada pela presidente petista Dilma Rousseff e pela Secretaria de Comunicação da Presidência. A campanha em massa será dirigida ao público durante 15 dias, dando tempo suficiente para Suplicy poder obter da população apoio para a sua ambicionada meta de aprovar a lei federal anti-“homofobia”, mais conhecida como PLC 122.

A propaganda, que durará 30 segundos, terá como slogan “discriminar homossexuais é crime. Cidadania, a gente vê por aqui”. A Secretaria Especial de Direitos Humanos (SDH) declarou que o governo federal não precisou gastar um centavo com a campanha, que foi bancada completamente pela Rede Globo.

Entretanto, a SDH deixou claro que o governo de Dilma Rousseff vai produzir sua própria campanha anti-“homofobia” em massa dirigida à população brasileira em 2012.

A SDH é dirigida pela militante petista radical Maria do Rosário, que tem um projeto de lei para proibir os pais de aplicar correção física nos filhos. De forma oposta, ela apoia o aborto legal e a doutrinação homossexual das crianças nas escolas. De acordo com ela, aplicar disciplina física nos filhos não pode. Mas pode-se, conforme a ideologia dela, matar os filhos antes de nascer e doutriná-los no homossexualismo se não forem abortados.

Se a população vacilar, o PLC 122 será aprovado, trazendo piores consequências do que as consequências que já estão ocorrendo no Estado de São Paulo, onde em 2001 o PSDB aprovou uma lei estadual anti-“homofobia”. Graças a essa lei, obscenidades homossexuais em público estão protegidas pelo governo estadual, que está perseguindo igrejas que divulgam publicamente o que a Bíblia diz sobre o homossexualismo.

O apoio explícito da Rede Globo à relatora do PLC 122 não é de estranhar. Anos atrás, Marta Suplicy era funcionária da Globo, apresentando na TV o sexo anormal como se fosse normal. Seu esculachado programa de besteirol sexual acabou virando profissão política. Hoje, mamãe global e filha suplício trabalham com a mesma meta.

Com informações do site homossexual A Capa.

Julio Severo, 04 Dezembro 2011