"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 13 de janeiro de 2013

HUGO, O OTIMISTA

 

Acontece que como diziam meus mentores, “o diabo sabe, não por ser esperto senão por ser velho”.

sinfronio

Ledo engano de Huguito pensar que o Fidel iria à frente para abrir o caminho, negociar condições especiais no inferno, providenciar ar-condicionado para ditadores.
Consta que vai na frente, vai ser batedor para Fidel, que irá depois, pois é velho o suficiente para entender como funcionam as coisas.

13 de janeiro de 2013
Ralph J. Hofmann

O PRINCIPAL ARGUMENTO EM FAVOR DA DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS NÃO PASSA DE UMA FALÁCIA ORDINÁRIA


 
O poeta e escritor Ferreira Gullar é dos poucos articulistas da Folha de S. Paulo que merece atenção. Normalmente seus textos são muito bons. Gullar costuma meter o dedo na ferida e não cai na arapuca politicamente correta.

No seu artigo deste domingo intitulado "Um confuso bate-boca", Gullar aborda a questão da denominada "descriminalização" das drogas. Reconhece que se a produção das drogas é alta é porque há elevado número de consumidores.
Mas, à tese da descriminalização dos entorpecentes, opõe um argumento irrefutável:

"Outro argumento falacioso dos que defendem a descriminalização das drogas é o de que a repressão ao tráfico e ao consumo não deu qualquer resultado positivo. Pelo contrário -argumentam eles-, o tráfico e o consumo só aumentaram.
É verdade, mas, se por isso devemos acabar com o combate ao comércio de drogas, deve-se também parar de combater o crime em geral, já que, embora o sistema judicial e o prisional existam há séculos, a criminalidade só tem aumentado em todo o planeta. Seria, evidentemente, um disparate. Não obstante, esse é o argumento utilizado para justificar a descriminalização das drogas."
Transcrevo na íntegra o artigo de Ferreira Gullar e recomendo a leitura:
Um novo projeto de lei, que deve ser votado pelo Congresso em fevereiro, trouxe de novo à discussão o problema das drogas: reprimir ou descriminalizar?
Esse projeto pretende tornar mais severa a repressão ao tráfico e ao uso de drogas, alegando ser esse o desejo da sociedade. Quem a ele se opõe argumenta com o fato de que a repressão, tanto ao tráfico quanto ao uso de drogas, não impediu que ambos aumentassem.
 
Quem se opõe à repressão considera, com razão, não ter cabimento meter na prisão pessoas que, na verdade, são doentes, dependentes, consumidores patológicos. Devem ser tratados, e não encarcerados.
 
No entanto, quem defende o tratamento em vez da prisão se opõe à internação compulsória do usuário porque, a seu ver, isso atenta contra a liberdade do indivíduo.
 
Esse é um debate que não chega a nada nem pode chegar. Se você for esperar que uma pessoa surtada aceite ser internada para tratamento, perderá seu tempo.
 
Pergunto: um pai, que interna compulsoriamente um filho em estado delirante, atenta contra sua liberdade individual? Deve, então, deixar que se jogue pela janela ou agrida alguém? Está evidente que, ao interná-lo, faz aquilo que ele, surtado, não tem capacidade de fazer.
 
Mas a discussão não acaba aí. Todas as pessoas que consomem bebidas alcoólicas são alcoólatras? Claro que não. A vasta maioria, que consome os milhões de litros dessas bebidas, bebe socialmente. Pois bem, com as drogas é a mesma coisa: a maioria que as consome não é doente, consome-as socialmente, e muitos desses consumidores são gente fina, executivos de empresas, universitários etc..
 
Só que a polícia quase nunca chega a eles, pois estes não vão às bocas de fumo comprar drogas. Sem correrem quaisquer riscos, as recebem e as usam. Ninguém vai me convencer de que os milhões de reais que circulam no comércio das drogas são apenas dinheiro de pé-rapado que a polícia prende nas favelas ou debaixo dos viadutos.
 
Outro argumento falacioso dos que defendem a descriminalização das drogas é o de que a repressão ao tráfico e ao consumo não deu qualquer resultado positivo. Pelo contrário -argumentam eles-, o tráfico e o consumo só aumentaram.
 
É verdade, mas, se por isso devemos acabar com o combate ao comércio de drogas, deve-se também parar de combater o crime em geral, já que, embora o sistema judicial e o prisional existam há séculos, a criminalidade só tem aumentado em todo o planeta. Seria, evidentemente, um disparate. Não obstante, esse é o argumento utilizado para justificar a descriminalização das drogas.
 
A maneira certa de encarar tal questão é compreender que nem todos os problemas têm solução definitiva e, por isso mesmo, exigem combate permanente e incessante.
 
A verdade é que, no caso do tráfico, como no da criminalidade em geral, se é certo que a repressão não os extingue, limita-lhes a expansão. Pior seria se agissem à solta.
 
Quantas toneladas de cocaína, crack e maconha são apreendidas mensalmente só no Brasil? Apesar disso, a verdade é que cresce o número de usuários de drogas e, consequentemente, a produção delas. Os traficantes têm plena consciência disso, tanto que, para garantir a manutenção e o crescimento de seu mercado, implantam gente sua nas escolas a fim de aliciar meninos de oito, dez anos de idade.
 
Por tudo isso, deve-se reconhecer que o combate ao tráfico é particularmente difícil, já que, nesse caso, a vítima -isto é, o consumidor- alia-se ao criminoso contra a polícia. Ou seja, ela inventa meios e modos para conseguir que a droga chegue às suas mãos, anulando, assim, a ação policial.
 
O certo é que este bate-boca não leva a nada. O fato mesmo é o seguinte: não há produção e venda de mercadoria alguma se não houver consumidor.
 
Só se fabricam automóvel e geladeira porque há quem os compre. O mesmo ocorre com as drogas: só há produção e tráfico de drogas porque há quem as consuma. Logo, a maneira eficaz de combater o tráfico de drogas é reduzindo-lhe o consumo.
 
E a maneira de conseguir isso é por meio de uma campanha de âmbito nacional e internacional, maciça, mostrando às novas gerações -principalmente aos adolescentes- que a droga destrói sua vida.
 
Do jornal Folha de S. Paulo deste domingo
 
13 de janeiro de 2013
in aluizio amorim

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    Vista da cidade de Jerusalém, na pior nevasca registrada em 20 anos na região afetou o funcionamento do transporte público, das rodovias e de escolas - Ammar Awad/Reuters
     
    13 de janeiro de 2013

    O CUSTO SEXUAL DO LULA PARA O TESOURO NACIONAL

     

    A vida sexual de Lula

    Para o PT e o governo, vale tudo na tentativa de defender o comportamento amoroso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O primeiro caso que está sendo recordado é o romance do então presidente Fernando Henrique Cardoso com a repórter Miriam Dutra, que lhe rendeu o reconhecimento de um filho que recentemente o DNA mostrou que não era dele.
     
    O affaire com FHC, aliás, foi ótimo para a jornalista, que não apenas tornou o filho detentor de uma herança milionária, mas ela própria passou a desfrutar de uma sinecura perpétua na Espanha, onde há décadas vive sem trabalhar, mas recebendo salário da TV Globo, que no caso agiu como alcoviteira, digamos assim.
     
    Para justificar Lula, seus fanáticos seguidores citam também o ex-presidente John Kennedy, que não podia ver mulher e teve caso até com uma brasileira, a lindíssima Regina Léclery. Eles não esquecem – é lógico – de Bill Clinton e sua estagiária gordinha, a Monica Lewinsky, que gostava de fumar charuto agachada no Salão Oval da Casa Branca. Vejam só como os políticos são criativos.
     
    Nessa ânsia de arranjar desculpas para Lula, daqui a pouco os jornalistas amestrados que vivem à custa do governo certamente vão lembrar de Juscelino Kubitschek e sua paixão pela belíssima socialite Lucia Pedroso. E acabarão citando também dom Pedro I e a romântica Domitila de Castro, a Marquesa dos Santos, para mostrar que a História é rica em infidelidades governamentais. Mas, na verdade, não é disso que se trata no caso Lula/Rose.
     
    ÀS CUSTAS DO GOVERNO
     
    O problema atual não pode ser encarado como um simples episódio romântico, digno de privacidade e até compreensão. As críticas que são feitas a Lula nada têm a ver com amor ou sexo, que é um problema a resolver sozinho com a esposa, dona Marisa Letícia, com Lula explicando à ex-primeira-dama por que deixou de levá-la em 24 viagens
     
    internacionais, nas quais foram visitados 32 países, preferindo no próprio avião presidencial a companhia da segunda-dama, com passaporte diplomático, ganhando diárias e tudo o mais.
     
    Analisada em profundidade, a questão de Lula é muito mais penetrante. Afinal, se um governante jamais deve tomar decisões que o beneficiem pessoalmente, como justificar que nomeie a própria amante para ficar junto a ele? Foi justamente o que ocorreu.
     
    Esse é o fato. Usando recursos públicos, o então presidente da República criou por decreto um órgão público exclusivamente para alojar a concubina e tê-la mais próxima, como sua assessora imediata e direta, colocando-a à frente de um pretenso Gabinete da Presidência da República em São Paulo, tão dispensável que acaba de ser extinto pela sucessora Dilma Rousseff.
     
    E o pior é que Lula não somente criou a desnecessária função exclusivamente para abrigar Rosemary Nóvoa Noronha, com carro oficial e três assessores, mas também conferiu a ela poderes republicanos de influir na formação e nos negócios do governo e a indicar autoridades para altos postos nas Agências reguladoras e no Banco do Brasil (cavando financiamentos milionários para a empresa do ex-marido). Essa é a realidade, como se comprova nos e-mails publicados diariamente pela imprensa.
     
    Nem FHC, nem Kennedy, nem Clinton, nem JK, nem dom Pedro I ousaram tanto. Como diz o próprio Lula, jamais, na História deste país, um governante se comportou tão idiotamente como ele.
     
    E ficou explicado por que a Polícia Federal desistiu de grampear as ligações telefônicas entre Rose e Lula. Os assuntos tratados realmente só interessam aos dois. É coisa de vida privada, não deve mesmo ter divulgação, e o país não merece passar por tanto constrangimento e tanta humilhação.
     
    NL. Enquanto se discute se Lula era o "Bebê de Rosemary", o "Bobo de Rosemary", o "Bebum de Rosemary" ou o "Babaca de Rosemary", uma coisa é certa: do jeito que ela mandava e desmandava no Banco do Brasil, aquele banco, com certeza era o "BB de Rosemary" (Fernando A. G.)
     
    13 de janeiro de 2013
    Carlos Newton

    ROUBAR PELO POVO


    Intelectuais ligados ao PT estão flertando com uma nova tese para lidar com o mensalão e outros episódios do tipo: seria inevitável, e até mesmo necessário, roubar para fazer um bom governo popular.
    Trata-se de uma clara resposta ao peso dos fatos. Tirante os condenados, seus amigos dedicados e os xiitas, ninguém com um mínimo de tirocínio sente-se confortável com aquela história da “farsa da mídia e do Judiciário”.
     
    Se, ao contrário, está provado que o dinheiro público foi roubado e que apoios políticos foram comprados, com dinheiro público, restam duas opções: ou desembarcar de um projeto heroico que virou bandidagem ou, bem, aderir à tese de que todo governo rouba, mas os de esquerda roubam menos e o fazem para incluir os pobres.
     
    Vimos duas manifestações recentes dessa suposta nova teoria. Na “Folha”, Fernanda Torres, em defesa de José Dirceu, buscou inspiração em Shakespeare para especular: talvez seja impossível governar sem violar a lei.
     
    No “Valor”, Renato Janine Ribeiro escreveu duas colunas para concluir: comunistas revolucionários não roubam; esquerdistas reformistas roubam quando chegam ao governo, mas “talvez” tenham de fazer isso para garantir as políticas de inclusão social.
     
    Tirante a falsa sofisticação teórica, trata-se da atualização de coisa muito velha. Sim, o leitor adivinhou: o pessoal está recuperando o “rouba mas faz”, criado pelos ademaristas nos anos 50. Agora é o “rouba mas distribui”.
     
    Nem é tão surpreendente assim. Ainda no período eleitoral recente, Marilena Chauí havia colocado Maluf no rol dos prefeitos paulistanos realizadores de obras, no grupo de Faria Lima, e fora da turma dos ladrões.
     
    Fica assim, pois: José Dirceu não é corrupto, nem quadrilheiro — mas participou da corrupção e da quadrilha porque, se não o fizesse, não haveria como aplicar o programa popular do PT.
     
    Como se chega a esse incrível quebra-galho teórico? Fernanda Torres oferece uma pista quando comenta que o PT se toma como o partido do povo brasileiro. Ora, segue-se, se as elites são um bando de ladrões agindo contra o povo, qual o problema de roubar “a favor do povo”?
     
    Renato Janine Ribeiro trabalha na mesma tese, acrescentando casos de governos de esquerda bem-sucedidos, e corruptos. Não fica claro se são bem-sucedidos “apesar” de corruptos ou, ao contrário, por serem corruptos. Mas é para esta ultima tese que o autor se inclina.
     
    Não faz sentido, claro. Começa que não é verdade que todo governo conservador é contra o povo e corrupto. Thatcher e Reagan, exemplos máximos da direita, não roubavam e trouxeram grande prosperidade e bem-estar a seus povos.
     
    Aqui entre nós, e para ir fundo, Castello Branco e Médici também não roubavam e suas administrações trouxeram crescimento e renda.
     
    Por outro lado, o PT não é o povo. Representa parte do povo, a majoritária nas últimas três eleições presidenciais. Mas, atenção, jamais ganhou no primeiro turno e os adversários sempre fizeram ao menos 40%. E no primeiro turno de 2010, Serra e Marina fizeram 53% dos votos.
     
    Por isso, nas democracias o governo não pode tudo, tem que respeitar a minoria e isso se faz pelo respeito às leis, que incluem a proibição de roubar. E pelo respeito à opinião pública, expressa, entre outros meios, pela imprensa livre.
     
    Por não tolerar essas limitações, os partidos autoritários, à direita e à esquerda, impõem ou tentam impor ditaduras, explícitas ou disfarçadas. Acham que, por serem a expressão legítima do povo, podem tudo. Assim, caímos de novo em velha tese: os fins justificam os meios, roubar e assassinar.
     
    Renato Janine Ribeiro diz que os regimes comunistas cometeram o pecado da extrema violência física, eliminando milhões de pessoas. Mas eram eticamente puros, sustenta: gostavam de limusines e dachas, mas não colocavam dinheiro público no bolso. (A propósito, anotem aí: isto é uma prévia para uma eventual defesa de Lula, quando começam a aparecer sinais de que o ex-presidente e sua família abusaram de mordomias mais do que se sabe).
     
    Quanto aos comunistas, dizemos nós, não eram “puros” por virtude, mas por impossibilidade. Não havia propriedade privada, de maneira que os corruptos não tinham como construir patrimônios pessoais. Roubavam dinheiro de bolso e se reservavam parte do aparelho do estado, enquanto o povo que representavam passava fome. Puros?
     
    Reparem: na China, misto de comunismo e capitalismo, os líderes e suas famílias amealharam, sim, grandes fortunas pessoais.
    Voltando ao nosso caso brasileiro, vamos falar francamente: ninguém precisa ser ladrão de dinheiro público para distribuir Bolsa Família e aumentar o salário mínimo.
    Querem tudo?
     
    Dilma consegue aprovar a MP que garante uma queda na conta de luz.
    O Operador Nacional do Sistema Elétrico diz que haverá mais apagões porque não há como evitá-los sem investimentos que exigiriam tarifas mais caras.
    Ou seja, a conta será mais barata, em compensação vai faltar luz.
     
    13 de janeiro de 2013
    Carlos Alberto Sardenberg é jornalista
    Fonte: O Globo

    SEGURANÇA AOS NOSSOS BANDIDOS

        
              Artigos - Governo do PT 
    Proporcionar segurança à sociedade é uma das finalidades do Estado. No entanto, cresce a sensação de insegurança e é imperioso refletir sobre o tema. As tarefas que convergem para esse elemento tão importante do bem comum não avançam em qualquer dos três poderes. Não se constroem presídios, não se ampliam os contingentes policiais e não se proporcionam boas condições materiais ao exercício dessas atividades. A legislação penal é leniente. A justiça é lenta. É preciso muito azar para alguém ser preso e ficar preso. Mas se ficar, cumprida parcela ínfima da pena, sai às ruas porque o Estado acredita que ele irá cantar no coro da igreja, entrar para o Rotary ou trabalhar como voluntário em obras assistenciais.

    As ações para a segurança pública, além de não avançarem, muitas vezes dão-nos a impressão de que estão em curso, sim, mas trafegando com excesso de velocidade, farol alto e na contramão do interesse social. Assim, por exemplo, a ministra Maria do Rosário, na condição de "presidenta" do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, vem de editar a Resolução Nº 08 de 21 de dezembro de 2012. Ao redigi-la, a ministra e o Conselho deram saltos olímpicos sobre os limites legais e constitucionais interpostos à sua atuação: determinaram procedimentos ao Ministério Público e às polícias estaduais, limites de ação aos serviços de inteligência das polícias militares, mudaram lei e atropelaram a Constituição.

    O objetivo da Resolução é determinar o que deve acontecer quando um policial em atividade funcional causar ferimento ou matar alguém. Já de início causa espanto que o foco esteja fechado sobre como devem agir as autoridades quando a autoria da ação lesiva é atribuída a um policial. É esse e só esse o tipo de evento que interessa à Resolução. Não há qualquer menção a igual rigor quando o morto é um policial. Nem quando o morto é um cidadão qualquer. Parece que só quem não deve morrer é o bandido. Tem mais: em suas considerações iniciais, a Resolução afirma que a violência das mortes causadas em ações policiais "cria um ambiente de insegurança e medo para toda a comunidade". Deduz-se, portanto, que, para os redatores da Resolução, é a morte do bandido que causa insegurança à comunidade. Será?

    Lê-se, também, no referido documento, que "até que se esclareçam as circunstâncias do fato" os policiais envolvidos "serão afastados imediatamente dos serviços de policiamento ostensivo e de missões externas ordinárias e especiais", e que os mesmos "não participarão de processo de promoção por merecimento ou por bravura" (aqui a própria Constituição Federal vai para o beleléu). Ou seja, se os preceitos da tal Resolução vigessem, os policiais que, nas proximidades de Cotiporã, participavam do bloqueio da estrada e reagiram ao tiroteio que lhes endereçaram os assaltantes, matando três deles, não poderiam ter sua bravura reconhecida e enfrentariam muito incômodo pela frente!

    Não se pode, em absoluto, deixar de cobrar do Estado seu dever de inibir a violência policial, a formação de esquadrões da morte e coisas desse tipo. Mas saltar daí a um zelo desmedido pela segurança dos criminosos, conforme "resolve" essa Resolução, é o equivalente prático de coibir a ação policial. E esta é, sim, objetivamente, reduto de esperança da sociedade apavorada.


    13 de janeiro de 2013
    Percival Puggina
    Publicado no jornal Zero Hora.

    QUANDO VIAJAR É PERIGOSO


    Em uma discussão no Facebook, ouvi de uma conterrânea uma frase curiosa: viajar é perigoso. Dado o contexto – discutíamos questões de Dom Pedrito -, a moça não falava dos riscos usuais de uma viagem, tipo queda de avião, doença no estrangeiro, roubo, perda de bagagens. Nada disso.

    A moça se referia ao risco de o viajante adquirir senso crítico. Ora, esta é a mais nobre motivação de uma viagem.

    A frase que vou citar é de Chesterton e nada tem de novo para quem me acompanha: não se conhece uma catedral permanecendo dentro dela. Você não conhece seu país se dele não sair. Muito menos sua cidade. Para mim, sair do Brasil foi fundamental para conhecer o Brasil. O homem não conhece exatamente valorando. O homem só conhece comparando.

    Viajar ilustra, costuma dizer-se. É verdade, embora haja pessoas que podem dar voltas ao mundo e não vão aprender nada. Mas o mais inculto dos viajantes – mesmo aquele que só viaja em excursões - tem olhos, e olhos servem para ver. Digamos que alguém vá a Paris, Londres ou Estocolmo.

    Ao pegar um ônibus urbano, pode ocorrer que pegue um daqueles que inclinam um lado para o passageiro subir. Por mais curto que este alguém seja, vai perceber que há países onde o ônibus se inclina para facilitar seu embarque. Então surge a pergunta: por que em meu país os ônibus não se inclinam para que eu suba?

    Quando voltei da Suécia, em 72, fui convidado para uma entrevista na televisão pelo jornalista Ernani Bês. Fui à emissora, fiquei esperando em uma sala, o programa entrou no ar e nada de ser chamado. Perguntei o que estava ocorrendo.

    - É a policial federal. Há dois agentes aqui que não querem tua entrevista.

    Fui falar com os policiais. Qual é a restrição? Não sou comunista, não vou falar de socialismo nem países socialistas, a entrevista é sobre a Suécia.

    - Você não pode comparar.

    Estavam ali para proibir qualquer comparação entre Suécia e Brasil. Que não se preocupassem. Eu pretendia falar apenas da Suécia. A entrevista finalmente saiu e as comparações – inevitáveis – ficaram com o telespectador. Se eu dizia que todo cidadão sueco pagava até quinze coroas em medicamentos – o que fosse além das quinze era subsidiado pelo Estado – é claro que lá do outro lado da tela o brasileiro se perguntava: e por que eu tenho de pagar tudo?

    Comparar também é perigoso.

    Nos anos 70, o que mais atraía turistas à Suécia era a propalada liberdade sexual, divulgada até mesmo por instituições oficiais para atrair mão-de-obra imigrante ao país. A Suécia foi o primeiro país europeu a liberar a pornografia e era procurada pelos liveshows, espetáculos em que atores faziam sexo em um teatro e os assistentes eram muitas vezes convidados a participar da festa. (Aqui no Brasil, livrinho sueco dava cadeia, como se constituísse uma ameaça às instituições do país). Além da pornografia, o bem-estar da social-democracia nórdica era sua segunda marca registrada. Mas não foi a pornografia nem o bem-estar social o que mais me marcou na Suécia. E sim um pequeno incidente do cotidiano.

    Fui postar uma carta. Na fenda de uma caixa automática, pus uma moeda de duas coroas. Em vez de uma cartela com selos, recebi de volta um impresso com um pedido de desculpas. Não havia mais selos na caixa. Para recuperar minhas coroas - ou os selos - teria de telefonar para um número X.

    Decidi pagar para ver. Estava na Suécia há menos de um mês e falava o sueco precariamente. Os problemas começaram com meu nome, que na língua lá deles se pronuncia Ianér. Do outro lado da linha, uma voz me pediu para soletrá-lo. E como é que diz jota em sueco? Pacientemente, a moça aventou outras palavras. Confirmei a letra que, descobri então, pronunciava-se "ií". Mas o pior estava por vir. Eu morava na Öregrundsgatan, informação que tampouco foi fácil de passar. Muito bem - disse a moça - amanhã, às 11hs, o senhor receberá o equivalente, em selos, a duas coroas. O senhor prefere a série do rei ou a série da ponte?

    Recém-chegado naquelas bandas, apenas balbuciando o idioma local, eu preferia mesmo era piedade. Qualquer uma, respondi. Dia seguinte, mal passavam dois ou três minutos das onze, o carteiro enfia um envelope em minha porta. Nele vinham os selos, série do rei, com um compungido pedido de desculpas dos Correios.

    Estou na Europa! - pensei, incrédulo. Este terá sido o episódio mais marcante de meus dias de Suécia. Lá, o Estado respeitava os direitos mínimos do cidadão. Um ano depois, encerradas minhas deambulações por aqueles nortes, voltei ao Brasil. Em Porto Alegre, fui telefonar de um orelhão e a máquina engoliu a ficha. Chamei a CRT, expliquei o caso, perguntei como devia fazer para telefonar. Ora, ponha outra ficha - me respondeu a moça.

    Subi em meus tamancos. Eu quero a minha ficha de volta. A moça disse nada poder fazer. Pedi para falar com seu superior. Ela me passou alguém que também me sugeriu pôr outra ficha. Respondi que não pretendia pôr ficha nenhuma, queria a minha de volta, etc., pedi falar para com seu superior, falei com outro superior, repetiu-se toda a lenga-lenga e esta terceira e última instância me bateu o telefone na cara. Indignado, fui à televisão reivindicar meus direitos. O próprio jornalista que comentou o fato deveria estar pensando que eu havia voltado pirado da Escandinávia, contaminado talvez por alguma escandinavite aguda.

    Nada disso. Eu havia vivido em um país onde o cidadão era respeitado. Para um brasileiro, isto era mais marcante que qualquer liveshow. Não por acaso, os países socialistas proibiam seus cidadãos de viajar à Europa ocidental. O viajante voltaria comparando.

    Por que um operário, alemão como eu e meu vizinho - perguntava-se o alemão oriental - pode comprar na hora um Mercedes e eu tenho de esperar cinco anos para comprar um Trabant? Por que os dentistas usam anestesia em outros países, enquanto eu tenho de extrair dentes sem anestesia? Por que as universidades européias têm máquinas de xerox à disposição dos alunos e eu tenho de registrar na polícia até mesmo uma máquina datilográfica? Estas notícias não chegavam apenas a partir das viagens de ocidentais a seus parentes do outro lado, mas também através da televisão e do rádio que conseguiam burlar fronteiras. Os soviéticos consideravam um perigo viajar. E por isso proibiam as viagens.

    Mais tarde ocorreu o inverso. O PC português, por exemplo, proibia seus militantes de ir a Moscou. Ao voltar, eles nada queriam saber com o comunismo.

    De fato, viajar é perigoso. Viajar leva a comparar. E comparar leva a pensar. Melhor ficar em Dom Pedrito
    .

    13 de janeiro de 2013
    janer cristaldo

    O TEMPO É O SENHOR DA RAZÃO!

                     A "ECONOMISTA" 1,99 promove festa Trash na economia

     
    A Trash 80's é uma popular festa paulistana cujo objetivo é reviver o ambiente dos anos 1980.
     
    A similar no Rio de Janeiro é a Festa Ploc - em referência a um antigo chiclete. Com dancinhas nostálgicas e até mesmo fantasias de personagens da época, o público relembra, com espírito escrachado, uma década tida como "cafona" ou "trash" (palavra inglesa para designar aquilo que é ruim, mas tem graça).
     
    Curiosamente, em Brasília está em curso outro revival daqueles tempos de excessos. Se as festas musicais são inofensivas, a presidente Dilma Rousseff e sua equipe econômica parecem interessados em recuperar o lado perigoso dos anos 1980: o da falta de rigor no controle da inflação, das políticas econômicas de curto prazo e emergenciais, do protecionismo e do intervencionismo.
     
    O Brasil mudou - e muitas das antigas doenças econômicas foram sanadas.
    Mas o risco de repor em prática velhos conceitos da chamada escola desenvolvimentista, na vã esperança de que agora eles possam render frutos, continua alto.
    Em 1989, o economista Roberto Campos deu uma entrevista a VEJA tratando, com a lucidez que lhe era peculiar, dos problemas que travavam o avanço do Brasil à época. Dizia Campos:
    “o estado se infiltra em toda a vida produtiva para atrapalhar. Criam-se obstáculos inimagináveis à importação, exigindo-se licença prévia para a compra no exterior (...) quando essa licença é uma coisa em desaparecimento no mundo”.
     
    O economista criticou o intervencionismo e o protecionismo, além de ironizar os entraves em vigor para a entrada de capital estrangeiro. “No Brasil, inventam-se ainda dificuldades enormes para a entrada do capital estrangeiro, como se estivéssemos nadando em dinheiro.
     
    Protegem-se certos setores, como a informática, da concorrência externa - e o que resulta disso é que o consumidor tem de engolir produtos de qualidade inferior e preço superior aos do mercado internacional”, disse. Apesar de ter ocorrido há mais de 20 anos, a entrevista poderia ser publicada nos dias de hoje sem que as análises de Campos soassem anacrônicas.
     
    Nos anos 1980, quando o "dragão inflacionário" assolava a economia brasileira – em 1989, a inflação alcançou 1.764% ao ano – a presidente Dilma Rousseff, graduada em economia, se exercitava na política do Rio Grande do Sul. Em 1986, Dilma foi nomeada secretária da Fazenda de Porto Alegre, o que significa que ela tinha de lidar com as implicações da crise que flagelava o país. Mas essa experiência parece não a ter convencido de que os remédios então testados são ineficazes.
    Desenvolvimentismo em xeque - Ao intervir no setor produtivo por meio de Medidas Provisórias e recorrer a artifícios protecionistas como as barreiras à importação, o governo Dilma reergue bandeiras do pensamento desenvolvimentista que nasceu na era Vargas e se manteve em voga até o final dos anos 80.
     
    “A orientação que está sendo passada agora pelo governo é muito alinhada com o que tinha a ditadura, que se estendeu até 1985. Naquela época, o capitalismo de estado era forte, com participação direta das estatais, que serviam como veículos do governo para movimentar a economia”, diz Sérgio Lazzarini, professor do Insper e autor do livro Capitalismo de Laços (Campus Elsevier).
     
    Outra praga dos anos 80 foram os planos ou "pacotes" que mexiam com variáveis da economia em busca de soluções mágicas - e se enfileiram, em retrospecto, num rosário de fracassos. Em 2012, o governo interveio abertamente no câmbio, na indústria e na taxa de juros, na intenção de insuflar o crescimento no país. Em dezembro, a Selic fechou o ano na mínima histórica de 7,25%, enquanto o dólar subiu a 2,10 reais.
     
    Desenvolvimentistas acreditam que juros baixos e câmbio desvalorizado sejam a base para um Produto Interno Bruto (PIB) invejável. Mas o resultado não veio como esperado - e o PIB não deve crescer mais do que 1%. "A maior lição dos anos 1980 é de que o governo deve buscar políticas de estímulo à produtividade, e não medidas de curto prazo", afirma Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria.

    "Elas acabam multiplicando as distorções e os obstáculos ao crescimento."
    Medidas de "genius" :

    Clique AQUI
    A festa trash 80's de Dilma na economia
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    13 de janeiro de 2013
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    NO PT 2.0 NÃO LUGAR PARA OLÍVIO DUTRA

     

    Num momento luminoso para o PT, o companheiro Olívio Dutra, fundador do partido, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-governador do Rio Grande do Sul, disse ao deputado José Genoino: “Eu acho que tu deverias pensar na tua biografia, na trajetória que tens dentro do partido. Eu acho que tu deverias renunciar. Mas é a minha opinião pessoal, a decisão é tua. Não tenho porque furungar nisso.”

    Dias depois o comissário André Vargas, secretário de Comunicação do partido, disse que Olívio fora “pouco compreensivo”. E mostrou a faca: “Quando ele passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão de todo mundo. (...) Ele já passou por muitos problemas, né?”

    Engano. Durante o governo de Olívio Dutra, o PT gaúcho foi apanhado numa maracutaia, mas ele nunca foi acusado de envolvimento direto no caso.

    Processo judicial, nem pensar. Genoino e seu colegas foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal.
    Olívio Dutra é de um tempo em que petistas rachavam apartamento em Brasília (seu parceiro era Lula). Quando deixou a prefeitura voltou a ser um bancário.


    Com seus bigodes e uma bolsa tétrica, anda de ônibus. Passou por problemas, mas nunca passou pelas soluções dos comissários de hoje.

    A resposta do André Vargas indica que no PT 2.0, uma pessoa com a biografia de Olívio é um estorvo, tornando-se necessário colocá-lo ao alcance de qualquer suspeita.

    13 de janeiro de 2013
    Elio Gaspari, O Globo

    GOLPE DE ESTADO VIROU APENAS O QUE OS OUTROS DÃO

     

    A agonizante democracia venezuelana não sobreviveu. Enfermo e incomunicável, Chávez não pôde assumir novo mandato no prazo previsto pela Constituição, e agora quem governa por tempo indeterminado é um não eleito para o cargo, em óbvia violação a qualquer estado democrático de direito.
    A população venezuelana não sabe ao certo o que está acontecendo. Seu líder não vem a público esclarecê-la. As instituições no país funcionam apenas por ouvir dizer, isto é, por porta-vozes que governam sem qualquer legitimidade, tomando decisões em pleno regime de exceção, enquanto esperam indefinidamente a recuperação do presidente.

    Já são duas democracias que morrem na região em menos de um ano. A primeira foi no Paraguai, em junho passado, com o golpe intitulado pelo eufemismo de “impedimento relâmpago”, só crível no realismo fantástico latino-americano.

    Nas democracias do continente, inspiradas na experiência dos EUA, o presidente da República (em qualquer hipótese) deve ser eleito em disputa limpa e justa, depois tomar posse e governar até o fim, a menos que algo excepcional aconteça, como doença incapacitante, morte ou impeachment regular, com amplo direito à defesa.

    Como se diz, “a regra é clara”, e algo de muito grave se passa quando perdemos essa clareza.
    O conceito mais simples de democracia ficou de repente confuso aos olhos da direita e da esquerda. Golpe de estado virou apenas o que os outros dão. A constituição é torturada até que ela diga o que se quer, mesmo ferindo princípios democráticos fundamentais.

    Uma diferença básica entre a democracia e o autoritarismo está na fórmula de alcançar o poder. A competição pelo voto livre define o regime democrático.

    Já na Venezuela nos dias de hoje o poder está nas mãos de quem supostamente teve acesso ao leito de uma UTI em Cuba, onde se encontraria Chávez sob cuidados médicos muito delicados.

    Quem não pode ir à própria posse não pode presidir. O que ocorre no país vizinho agora não é mais uma crise institucional, mas uma evidente ruptura. E, sendo assim, o governo do país também deveria ser (mas não será) censurado pelo Mercosul assim como foi com o Paraguai. Lá também não havia desordem social, e a Corte Suprema ficou do lado do poder.

    Não é a instabilidade nas ruas e praças públicas que define a natureza do regime político. Assim como as democracias não vivem em paz de cemitério, podendo conviver com protestos, muitas ditaduras conseguem ser estáveis, inclusive com eleições sem competidores reais e controlando os seus “tribunais de justiça”.

    Democracia virou o que os Supremos disserem, mesmo que estes sejam controlados pelo governo.
    Se o Supremo disser que um presidente eleito pode ser derrubado em 24 horas, em rito sumário, sem direito a ampla defesa, então pode.

    Se o Supremo disser que alguém que não foi eleito pode governar o país indefinidamente, então pode. Um descalabro.

    O que define a democracia são suas regras e o pluralismo que elas abrigam, o resto é oportunismo político inconsequente. Quando não se sabe o que é democracia, ela pode ser qualquer coisa e nada ao mesmo tempo. Perde o seu sentido em outra assustadora reversão autoritária.

    Agora com uma diferença: para as transições autocráticas atuais darem certo não podem se parecer com as do passado. Os novos atentados institucionais precisam ocorrer como se nada anormal estivesse acontecendo.

    Infelizmente, mais uma vez a incoerência do governo brasileiro se manifesta para quem quiser assistir, abençoando o autogolpe “temporário” na Venezuela poucos meses depois de ter suspendido o Paraguai do bloco pela cláusula democrática.

    Para piorar, quem decidiu e primeiro falou pelo Brasil neste momento de suma importância foi um assessor sem ministério.

    Isso não só demonstra a total inoperância do Itamaraty, já desnorteado após tantos erros em seu próprio repertório, como também revela um preocupante vazio na cadeira presidencial no Palácio do Planalto em assuntos internacionais.

    Atenta à economia que não cresce, Dilma delegou poderes a subordinados que não parecem saber o que fazer em situações críticas no campo das relações exteriores.
    Não vem liderança de onde mais a região espera. E a marcha ao retrocesso avança. Onde será o próximo golpe?

    13 de janeiro de 2013
    Marcelo Coutinho é professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro

    "UM VAZIO NO PALÁCIO DO PLANALTO"

     
    Mais uma vez a incoerência do governo brasileiro se manifesta, abençoando o autogolpe ‘temporário’ na Venezuela depois de ter suspendido o Paraguai do bloco pela cláusula democrática
    A agonizante democracia venezuelana não sobreviveu. Enfermo e incomunicável, Chávez não pôde assumir novo mandato no prazo previsto pela Constituição, e agora quem governa por tempo indeterminado é um não eleito para o cargo, em óbvia violação a qualquer estado democrático de direito.

    A população venezuelana não sabe ao certo o que está acontecendo. Seu líder não vem a público esclarecê-la. As instituições no país funcionam apenas por ouvir dizer, isto é, por porta-vozes que governam sem qualquer legitimidade, tomando decisões em pleno regime de exceção, enquanto esperam indefinidamente a recuperação do presidente.

    Já são duas democracias que morrem na região em menos de um ano. A primeira foi no Paraguai, em junho passado, com o golpe intitulado pelo eufemismo de “impedimento relâmpago”, só crível no realismo fantástico latino-americano.

    Nas democracias do continente, inspiradas na experiência dos EUA, o presidente da República (em qualquer hipótese) deve ser eleito em disputa limpa e justa, depois tomar posse e governar até o fim, a menos que algo excepcional aconteça, como doença incapacitante, morte ou impeachment regular, com amplo direito à defesa.

    Como se diz, “a regra é clara”, e algo de muito grave se passa quando perdemos essa clareza. O conceito mais simples de democracia ficou de repente confuso aos olhos da direita e da esquerda. Golpe de estado virou apenas o que os outros dão. A constituição é torturada até que ela diga o que se quer, mesmo ferindo princípios democráticos fundamentais.

    Uma diferença básica entre a democracia e o autoritarismo está na fórmula de alcançar o poder. A competição pelo voto livre define o regime democrático. Já na Venezuela nos dias de hoje o poder está nas mãos de quem supostamente teve acesso ao leito de uma UTI em Cuba, onde se encontraria Chávez sob cuidados médicos muito delicados.

    Quem não pode ir à própria posse não pode presidir. O que ocorre no país vizinho agora não é mais uma crise institucional, mas uma evidente ruptura. E, sendo assim, o governo do país também deveria ser (mas não será) censurado pelo Mercosul assim como foi com o Paraguai. Lá também não havia desordem social, e a Corte Suprema ficou do lado do poder.

    Não é a instabilidade nas ruas e praças públicas que define a natureza do regime político. Assim como as democracias não vivem em paz de cemitério, podendo conviver com protestos, muitas ditaduras conseguem ser estáveis, inclusive com eleições sem competidores reais e controlando os seus “tribunais de justiça”.

    Democracia virou o que os Supremos disserem, mesmo que estes sejam controlados pelo governo. Se o Supremo disser que um presidente eleito pode ser derrubado em 24 horas, em rito sumário, sem direito a ampla defesa, então pode. Se o Supremo disser que alguém que não foi eleito pode governar o país indefinidamente, então pode. Um descalabro.

    O que define a democracia são suas regras e o pluralismo que elas abrigam, o resto é oportunismo político inconsequente. Quando não se sabe o que é democracia, ela pode ser qualquer coisa e nada ao mesmo tempo. Perde o seu sentido em outra assustadora reversão autoritária.

    Agora com uma diferença: para as transições autocráticas atuais darem certo não podem se parecer com as do passado. Os novos atentados institucionais precisam ocorrer como se nada anormal estivesse acontecendo.Infelizmente, ma

    is uma vez a incoerência do governo brasileiro se manifesta para quem quiser assistir, abençoando o autogolpe “temporário” na Venezuela poucos meses depois de ter suspendido o Paraguai do bloco pela cláusula democrática.

    Para piorar, quem decidiu e primeiro falou pelo Brasil neste momento de suma importância foi um assessor sem ministério. Isso não só demonstra a total inoperância do Itamaraty, já desnorteado após tantos erros em seu próprio repertório, como também revela um preocupante vazio na cadeira presidencial no Palácio do Planalto em assuntos internacionais.
     
    Atenta à economia que não cresce, Dilma delegou poderes a subordinados que não parecem saber o que fazer em situações críticas no campo das relações exteriores. Não vem liderança de onde mais a região espera. E a marcha ao retrocesso avança. Onde será o próximo golpe?

    13 de janeiro de 2013
    Marcelo Coutinho é professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro

    "DESPERDÍCIO ESTATAL"

     
    Governos nas três esferas precisam rever prioridades e evitar esforços que reduzam a eficiência e dificultem o planejamento de longo prazo
     
    O governo federal constrói uma ferrovia a fim de transportar mercadorias do centro do país até um porto baiano. Mas os trilhos não chegarão a lugar algum, pois tão cedo não haverá porto.

    O governo federal paga a energia fornecida por usinas eólicas na Bahia. Mas a estatal responsável por transportar a energia para o restante do país não aprontou as linhas de transmissão. A eletricidade paga não vai a lugar algum.

    O governo federal cria com estardalhaço um plano de enviar jovens cientistas para estudos no exterior. Mas não remete o dinheiro das bolsas a estudantes, que têm então de tomar empréstimos de suas universidades estrangeiras.

    Governos diversos do Brasil, de municipais ao federal, compram computadores às centenas de milhares. Mas as escolas não sabem o que fazer deles, pois os professores não foram treinados ou não há recursos para conectar os equipamentos a redes de informação.

    São antigos e recorrentes os casos de planos grandiosos que não chegam a lugar algum ou, de tão mal elaborados, consomem excessos de recursos devido a atrasos, falta de coordenação ou apenas corrupção. Exemplo clássico é o dos prédios de hospitais sem equipamentos ou, quando equipados, carentes de profissionais. Mas a incompetência perdulária vai além.

    Ainda que úteis e, talvez, até bem pensadas, algumas obras são tão mal administradas que a exorbitância de seus custos levanta dúvidas sobre sua viabilidade financeira. Por exemplo, a construção da ferrovia Norte-Sul, que começou com um escândalo de corrupção revelado nesta Folha, está para completar um quarto de século. A obra tem de ser refeita. Dados os atrasos, os custos diretos sobem. Ademais, os trilhos jamais puderam ser usados a plena capacidade.

    O Estado se lança em projetos demais. Dado o histórico de atrasos, estouros de custos e descoordenação, é evidente que os governos não dispõem de capacidade gerencial ou financeira para administrar tantas iniciativas.

    Normas e instituições que regulam investimentos em infraestrutura parecem respectivamente datadas e carentes de quadros técnicos, caso de órgãos de planejamento, agências reguladoras, defesa ambiental e controle financeiro.

    Em suma, o Estado extrapola suas competências em termos quantitativos e qualitativos, além de errar o alvo de suas intervenções.

    Precisa ser enxuto e rever prioridades, em vez de embaraçar atividades para as quais a iniciativa privada dispõe de recursos técnicos e financeiros, como portos e aeroportos, nos quais a mão do governo pesa por vícios ideológicos.

    Precisa se concentrar em menos atividades, deixadas ao léu pelas empresas; não pode ser grande a ponto de escapar da vista da sociedade à qual deveria servir.

    13 de janeiro de 2013
    Editorial da Folha

    "CADEIA VIP"


    Na cadeia VIP, sushis e charutos custariam uma fortuna, e parte do dinheiro roubado seria recuperada
    A iniciativa privada tem em seus planos construir e gerenciar presídios. Ótimo; assim nossos presidiários poderão ter vida mais digna. É natural que um grande empresário que não agiu de acordo com a lei, cumpra pena em local condizente com sua situação social. As prisões poderão ser de vários tipos, de uma a cinco estrelas, essas para pessoas mais ilustres, mas em todas a hospedagem deverá ser paga. Então aí vai minha pequena colaboração, para que os anos passados longe do convívio dos seus próximos sejam menos dolorosos.

    As prisões cinco estrelas teriam suítes de luxo, todas com TV, mas onde só seriam exibidas minisséries, novelas e filmes; proibidos os programas jornalísticos, para que não possam acompanhar o que está se passando no mundo (e se inspirar para novos negócios). Jornais, computadores e celulares seriam proibidos e em matéria de imprensa, só a revista "Caras", para que eles vejam o que estão perdendo.

    A diária seria cara, mas isso não seria problema, claro. Haveria muito conforto: sala de ginástica, churrascaria, um bistrot francês e um sushi bar. Eles teriam que passar o dia sós, dentro de seus aposentos - afinal, prisão é prisão-, mas a partir das 7 da noite poderiam se reunir para conversar e até jantar juntos; bebida alcoólica, liberada às visitas, só nos fins de semana. A vida dos detidos não seria ruim; eles teriam direito a quase tudo, menos à liberdade, mas esse quase tudo seria muito caro.

    Cada coca-cola, cada sushi, cada camisa lavada e passada, cada charuto cubano, cada roupa de cama trocada custaria uma verdadeira fortuna, e assim parte do dinheiro ganho de maneira desonesta poderia ser recuperada; a única obrigação que teriam seria assistir a uma aula diária de Moral, para aprenderem o mais elementar: que roubar um banco ou o dinheiro do Estado é a mesma coisa, e que "dar uma tacada" ou "fazer um negócio" pode ser tão grave -ou mais- quanto assaltar uma pessoa na rua com um revólver na mão.

    Os presidiários deverão trabalhar enquanto estiverem presos, e o estabelecimento seria administrado exatamente como qualquer empresa. O mais inteligente seria o presidente, e escolheria seus colaboradores: quem cuidaria da tesouraria, ou das relações públicas, e haveria sempre alguém para descolar um iPad ou uma garrafa de whisky; tudo pago em dinheiro, cash, e sem recibo, porque são essas manias de assinar cheques e dar recibos que acabam na Justiça.

    As empresas ganhariam muito dinheiro administrando essas prisões; tanto, que não precisariam mais de contratos com o governo para construir pontes, estradas, estádios de futebol, trem-bala e aeroportos.

    E assim, quem sabe, teríamos um país mais decente.
    -
    Paris 1 - Os parisienses antenados não vão mais ao Café de Flore -são turistas demais. Seus encontros agora são marcados no Café Bonaparte, bem pertinho, na praça da igreja de St. Germain, e se você quer parecer que sabe das coisas, já sabe: encontros, só no Bonaparte.

    Paris 2 - Se você fizer uma comprinha na Cartier, seja uma pulseira de 300.000 euros ou algo mais importante, não pense que vai sair exibindo a sacolinha vermelha com o nome Cartier em dourado. É assim: a jóia é colocada na sacolinha vermelha, que por sua vez é colocada dentro de uma sacola branca, para que ninguém tenha a tentação de roubá-la. Chique, não?

    Paris 3 - Para jantar na Maison du Caviar -950 euros as 100 gramas do beluga gros grains- é preciso reservar, pois a casa está sempre cheia, sobretudo de armênios e russos.

    Paris 4 - Mas para quem não liga para caviar, Paris é o lugar. O preço dos restaurantes é quase ridículo, perto dos do Rio e de SP, e da qualidade, nem falemos.

    13 de janeiro de 2013
    Danuza Leão, Folha de São Paulo

    "A VANTAGEM DO PT:SEDE DE PODER"


    Como há muito tempo se prevê, o maior problema do PT está em suas facções ou em seus aliados, não na oposição formal, cada vez mais enrolada em seus problemas e indecisões. É assim que a anunciada candidatura de Marina Silva à Presidência em 2014 por um eventual novo partido, ou a possibilidade de que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, concorra já na próxima eleição, são hipóteses às quais o governo da presidente Dilma deve dar tanta atenção, ou mais, do que à ainda incerta candidatura do senador Aécio Neves pelo PSDB.

    Tudo parece indicar que Aécio será o candidato do maior partido oposicionista, mas o PSDB se ressente de uma unidade mínima que garanta base sólida para o início da caminhada, e o problema desta vez está em São Paulo, não em Minas.

    Partido que domina os dois maiores colégios eleitorais do país, o PSDB nunca conseguiu, após as eleições de Fernando Henrique, unir suas bases em torno de um candidato presidencial.

    Quando o candidato era paulista (José Serra em 2002 e 2010 e Geraldo Alckmin em 2006), Minas não lhe deu a vitória. Agora, que o candidato deve ser mineiro, a máquina tucana de São Paulo começa a se movimentar para não permitir que a caminhada de Aécio seja tranquila.

    O governador Alckmin, ao dizer que é cedo para a definição do candidato, depois de Fernando Henrique e o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, terem dito que está na hora de oficializar a candidatura de Aécio, sinaliza pelo menos que ele quer ser ouvido, quando não que está avaliando a possibilidade de ser ele o candidato, com o o incentivo de Serra nos bastidores.

    Colocada a dúvida, o trabalho de reorganização partidária que Aécio pretende realizar antes de assumir oficialmente a presidência do PSDB fica prejudicado, ou será retardado até que tudo esteja resolvido nos bastidores. O ambiente político a médio prazo parece favorável a quem queira enfrentar a reeleição da presidente Dilma ou a volta de Lula, com a economia claudicante e o PT e o ex-presidente castigados por denúncias de corrupção.

    Mas o PT tem a seu favor o que os oposicionistas não têm: a sede de poder. Eles montaram uma formidável máquina partidária e fazem política 24 horas por dia. Nesse ponto se parecem cada vez mais com o PMDB, que também só se une em torno do poder e está prestes a controlar o Congresso sem contestações, presidindo ao mesmo tempo a Câmara e o Senado.

    O pragmatismo de PT e PMDB os une na campanha presidencial, em torno de Dilma ou Lula, enquanto PSDB, DEM e PPS só se dividem. O possível novo partido de Marina pode ter para o PSDB um efeito semelhante ao que o PSD teve para o DEM: desidratá-lo mais, a não ser que demonstre ter expectativa de poder real.

    As situações difíceis que serão enfrentadas pelo governo nos próximos dois anos podem até estimular aliados a se bandearem para outras candidaturas, aí incluída a de Aécio, mas será preciso resolver essa disputa com São Paulo de maneira a clarear o caminho da mudança de rumo do maior partido da oposição, depositário natural dos votos antipetistas.

    Se a divisão interna continuar a dominar as ações dos tucanos, essa massa antipetista pode procurar Marina ou Campos, com a vantagem para os candidatos saídos da base governista de que poderão agregar eleitores petistas descontentes.

    Mas será preciso que essas candidaturas nascidas do interior governista tenham convicção sobre o que querem. Marina não assumiu seu papel de oposição por inteiro na última campanha, deixando que sua alma petista falasse mais alto no segundo turno, quando tinha condições de liderar os quase 20 milhões de votos que recebeu.

    Ficando neutra, não avalizou a opção tucana e liberou eleitores dissidentes do PT para voltar ao ninho original. A candidatura de Aécio tem uma capacidade maior para fazer alianças num segundo turno, com ele ou um dos outros possíveis candidatos, o que amplia o raio de ação da oposição.

    Mesmo com os problemas que tem pela frente, o governo petista continua sendo o favorito para 2014, pelo simples fato de que na hora devida suas facções se unem, enquanto os tucanos se dividem para impedir que adversários internos vençam.

    13 de janeiro de 2013
    Merval Pereira, O Globo

    RAÚL CASTRO, COMO DILMA, KIRCHNER E EVO MORALES MANIFESTA APOIO A MADURO E CHÁVEZ


    Raúl Castro manifesta apoio a Maduro e Chávez. Raúl Castro “reiterou a solidariedade do povo cubano com a Revolução Bolivariana”, segundo texto do jornal Granma. Foto divulgada neste sábado mostra encontro da presidente argentina Cristina Kirchner com Fidel Castro, em Havana
     
    
Presidente da Argentina Cristina Kirchner se encontra com Fidel Castro, na residência do líder cubano, em Havana, na tarde de sexta-feira (11). A imagem foi divulgada pela presidência da Argentina
Foto: AFP PHOTO
    Presidente da Argentina Cristina Kirchner se encontra com Fidel Castro, na residência do líder cubano, em Havana, na tarde de sexta-feira (11). A imagem foi divulgada pela presidência da ArgentinaAFP PHOTO

    HAVANA - O presidente de Cuba, Raúl Castro, expressou ao vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a solidariedade de seu país com a Venezuela e seu mandatário, Hugo Chávez, durante um encontro entre ambos os estadistas em Havana, informou neste sábado um comunicado oficial. Castro “reiterou a solidariedade do povo cubano com a Revolução Bolivariana e seu líder, nas atuais circunstâncias, e manifestou sua confiança na capacidade do povo venezuelano e em suas instituições para enfrentar e vencer qualquer desafio”, indicou o texto, publicado no jornal oficial Granma.


    “Raúl e Maduro compartilharam sua satisfação com a emotiva demonstração de apoio à Venezuela e ao Presidente Chávez ocorrida no dia 10 de janeiro em Caracas”, da qual participaram vários líderes e políticos da região.

    Maduro foi designado por Chávez como seu sucessor antes que este fosse submetido a sua quarta cirurgia no dia 11 de janeiro, em meio a sua luta contra um câncer em Havana. O vice de Chávez chegou a Cuba na tarde de sexta-feira e foi recebido no aeroporto pelo ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez e, mais tarde, no Palácio da Revolução, por Castro.

    Cristina Kirchner se encontra com Fidel Castro

    Maduro chegou a Havana, onde também estão os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do Peru, Ollanta Humala. Uma foto divulgada, neste sábado, pelo jornal oficial cubano Granma mostrou o encontro da presidente com o líder cubano Fidel Castro, na tarde de sexta-feira. A governante argentina foi a Havana para saber mais informações sobre o estado de saúde de Hugo Chávez, que, há um mês, se submeteu a uma cirurgia no país para combater um câncer na pélvis. O presidente venezuelano permanece em Cuba em tratamento desde então. Kirchner levou uma bíblia para Chávez.

    Antes de sair do Hotel Nacional, onde está hospedada, Kirchner disse à imprensa que almoçaria com os líderes cubanos Raúl e Fidel Castro e que se reuniria com familiares e amigos de Hugo Chávez, “que tanto ajudou a argentina quando ela mais necessitava”. Um texto publicado no jornal cubano Granma neste sábado dá mais detalhes sobre o encontro:

    “Durante o fraternal encontro, a alta dignitária que nos visita conversou sobre as relações bilaterais e abordou outros temas da atualidade regional e internacional. Além disso, manifestou sua solidariedade ao presidente venezuelano, Hugo Chávez Frías, hospitalizado em Cuba para tratar um cancro”.

    A última aparição pública de Fidel Castro foi no dia 19 de outubro do ano passado, quando foi fotografado caminhando em uma plantação com um exemplar do jornal Granma daquele mesmo dia.

    13 de janeiro de 2013
    O Globo com agências internacionais