"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A CRISE NA ESPANHA

Espanha: suicídios de pessoas que perdem suas casas por falta de pagamento tornam agudo o drama e levam a reunião de emergência governo-oposição. 523 famílias são desalojadas por dia


Depois do suicídio da mulher que ia ser despejada, um grande protesto em Barakaldo, no País Basco: 10% da população na rua contra o drama social (Foto: elmundo.es)

Quando chegaram os oficiais de Justiça e alguns policiais para comunicar que, por falta de pagamento da hipoteca de seu apartamento, ela seria desalojada de seu imóvel, Amaia Egoña, 53 anos de idade, chefe de recursos humanos de uma empresa de transportes em Barakaldo, no País Basco, e ex-vereadora socialista, subiu a uma cadeira e se atirou pela janela do quarto andar.

Em duas semanas, a tragédia das mais de 400 mil famílias que perderam sua casa por falta de pagamento na Espanha desde 2006 abrangia o segundo suícídio — o outro foi o de um homem em Granada, na Andaluzia, que se enforcou –, sem contar uma tentativa frustrada de outro homem em Valência.

Imersa em brutal crise econômica desde 2008, às voltas agora com uma crise institucional — o governo nacionalista da Catalunha caminha para as eleições regionais do próximo dia 25 com o firme propósito de declarar a independência –, a Espanha vive sobretudo uma crise social cuja face mais dramática, mais ainda do que o desemprego, que atinge um em cada quatro trabalhadores, é o das famílias que perdem suas casas.

Esse quadro levou à reunião que devem realizar nesta segunda, 12, dirigentes do Partido Popular, do governo, e do Partido Socialista Operário Espanhol, o principal da oposição, na busca de uma solução legal de emergência que preveja, pelo menos, uma moratória nas imissões de posse dos imóveis pelos bancos credores.

Moradores tentam resistir à polícia em El Coronil, na Andaluzia: há casos de policiais que não querem participar de tais ações (Foto: elcorreodeandaluzia.com)

Uma nova lei deverá prever a “dação em pagamento” (a devolução do imóvel quita a dívida) mas, segundo a Constituição, não poderá retroagir para alterar contratos já em curso — e este é um enorme obstáculo à solução do drama que afeta a classe média baixa e a vasta classe média espanhola.

A situação é tal, são tantos os protestos de associações de moradores, a que se juntam vários outros setores, que associações de magistrados estão ameaçando parar por conta própria os processos de retomada dos imóveis, sem contar os policiais que, cada vaez mais, se recusam a participar do que na Espanha se denomina desahucios. Não raro, vizinhos e outros moradores resistem às autoridades em solidariedade aos atingidos, tentando evitar ou adiar o cumprimento da ordem judicial.

Desde 2008, 350 mil famílias viram evaporar-se o sonho da casa própria. Para o ano que vem, prevêem-se mais 250 mil desalojadas. Atualmente, são 523 retomadas de imóveis por dia, baseados numa lei espantosamente dura segundo a qual, diferentemente do que ocorre na maior parte dos países, a entrega da habitação financiada ao banco não liquida a dívida: as pessoas ficam sem teto e continuam com dívidas impagáveis.

(A União Europeia examina a lei, e porta-vozes, numa avaliação preliminar, consideram-na “abusiva”.) Nesta madrugada, um programa de TV trazia um caso típico: um casal com renda de 496 euros mensais (algo como 1.300 reais), três filhos e um imóvel adquirido por meio de um financiamento de 90 mil euros (238 mil reais) há cinco anos.

Sem condições de continuar pagando as prestações, eles perderão a casa e ficarão devendo não os 90 mil euros iniciais, mas, devido a juros, atualizações, impostos e outros encargos, 120 mil euros (318 mil reais), que não conseguirão quitar até o fim de suas vidas.

Não por acaso, os funerais de Amaia Egoña, neste final de semana, foram acompanhados por 10 mil pessoas — 10% da população inteira de Barakaldo.

12 de novembro de 2012
 

IMAGEM DO DIA

  • O cachorro Coffe passeia com seu dono, na Cidade do México. Milhares de ciclistas, skatistas pedestres e animais de estimação tomam a maior avenida da cidade uma vez por semana
  • O cachorro Coffe passeia com seu dono, na Cidade do México. Milhares de ciclistas, skatistas pedestres e animais de estimação tomam a maior avenida da cidade uma vez por semana - Marco Ugarte/AP
     
    12 de novembro de 2012

    MENSALÃO ASSUSTOU FINANCIADORES DE CAMPANHA DO PT, E CONTAS DE HADDAD TÊM ROMBO MILIONÁRIO A PAGAR

     


    O escândalo do mensalão afetou perigosamente o sistema usado pelo Partido dos Trabalhadores para arrecadar milhões para suas campanhas eleitorais. O diretório municipal do PT corre o risco de fechar a contabilidade eleitoral no vermelho, caso não obtenha um total de R$ 25 milhões. Nem os empreiteiros amigos querem ajudar a fechar a conta.

    O PT paulistano só teria arranjado R$ 10 milhões até agora. Como é improvável que se consiga o resto da grana, a fatura negativa terá de ser paga pela Direção Nacional petista. Só com marketing, o time de Fernando Haddad gastou R$ 3 milhões com a Polis, do publicitário João Santana. Produção de programas de televisão e impressos gráficos comem muito dinheiro na campanha.

    O curioso é que 90% da campanha petista seria bancada pelas chamadas “doações ocultas”. O esquema, em que o doador não aparece, é mascarado por repasses do partido para o caixa de campanha. Em geral, a origem dos recursos fica providencialmente escondida para não revelar que as empreiteiras (que prestam serviços à Prefeitura) respondem por mais de 70% do dinheiro doado. Tecnicamente, é uma espécie de “Mensalão Antecipado”. Um cínico “financiamento com dinheiro público para campanha”.

    Na prestação de contas ainda não finalizada, Fernando Haddad já demonstrava que fez a campanha mais cara do Brasil: torrou R$ 16,5 milhões. Mas o valor final, que precisa ser declarado até o dia 30 de novembro do Tribunal Superior Eleitoral, aponta despesas de R$ 25 milhões. Quem vai pagar a fatura?

    Fica difícil arranjar tanto dinheiro para fechar as contas porque empresários temem “ficar na roça” se adotarem procedimentos idênticos aos do Banco Rural – revelados e condenados no julgamento da Ação Penal 470, no Supremo Tribunal Federal. Azar, ao menos momentâneo, daqueles que têm comissões a receber pelo serviço prestado...

    Serra também na m...

    A direção estadual do PSDB não pretende assumir parte das dívidas da campanha de José Serra, que investiu R$ 8,4 milhões - a metade de Haddad, para perder a eleição.

    Tucanos alegam não ter dinheiro em caixa para ajudar no rateio da dívida.

    O principal problema é uma fatura de R$ 1 milhão em despesas gráficas que ninguem aceita quitar.

    Homenagear é preciso

    Militantes petistas são aconselhados pela cúpula partidária a a escreverem homenagens ao ministro Enrique Ricardo Lewandowski, de 64 anos, um carioca cuja família tem muito prestígio em São Bernardo do Campo.

    No comunicado petista, as mensagens serão enviadas a Lewandowsk, com vistas a se contrapor aos ataques rasteiros e covardes que ele vem sofrendo.

    Motivo da homenagem: “Desde o primeiro momento do julgamento da ação penal 470 não se vergou a pressões, a intimidações, a insultos e à chacota. Foi atacado, ridicularizado, achincalhado, difamado pela grande imprensa e até por grande parte dos seus pares no STF, sobretudo quando absolveu José Dirceu da condenação por corrupção ativa, e rejeitou a tese, jamais provada, de que o PT teria comprado votos”.

    Golpe impresso

    A Folha de São Paulo denunciou que a Presidência da República jogou fora R$ 135,6 mil para fazer publicidade oficial em cinco jornais de São Paulo que não existem.

    As publicações fictícias são vinculadas à Laujar Empresa Jornalística S/C Ltda, com sede registrada num imóvel fechado e vazio, em São Bernardo do Campo (SP).

    Essa empresa aparece em 11º lugar num ranking de 1.132 empresas que, desde o início do governo Dilma Rousseff, receberam recursos públicos da Presidência para veicular propaganda do governo em diários impressos.

    A Laujar mandou as supostas edições do dia 15 de março do ano passado do "Jornal do ABC Paulista", "O Dia de Guarulhos", "Gazeta de Osasco", "Diário de Cubatão" e "O Paulistano".

    Anti-EB

    A Comandanta-em-chefa das Forças Armadas, Dilma Rousseff, mandou o Exército ajudar a FUNAI, na desocupação de centenas de famílias de produtores de suas propriedades em Alto da Boa Vista, na região norte de Mato Grosso..

    A missão é reduzir em 70% a área territorial do município, para permitir a criação fraudulenta de uma fictícia reserva indígena xavante.

    Bacana é como a Dilma manda um aparato militar ( Exército, Força Nacional e Policia Federal) invadir Mato Grosso e varrer do mapa, um município brasileiro, para dar lugar a implantação de mais uma Terra Indígena de mentirinha.

    Se a moda pega por aqui...

    Pelas redes sociais, circula a foto do jornalista e escritor Alberto Vázquez Figueroa, seguida da frase: "Até que não se pegue 20 políticos e 20 banqueiros e os enforquem, este país não terá solução".

    A declaração foi feita numa entrevista de Figueroa a um programa da rádio San Borondón no final de julho deste ano.

    Segundo ele, ultimamente os espanhóis têm assistido a políticas governamentais que são "crimes contra a pátria" e, como tais, "deveriam ter uma contestação social igualmente bruta e irracional".

    Visão Paranormal

    O Programa A Vidente retorna em sua terceira temporada na TVABCD, dia 13 de novembro,

    todas as terças feiras,às 21h, no Portal www.tvabcd.com.br.

    Os apresentadores e produtores Rosa Maria Jaques e João Tocchetto de Oliveira avisam:

    Quando estivermos viajando caçando fantasmas, terá reprise da ultima apresentação”.

    Velha piada do selo

    Volta a circular na internet a piadinha do selo criado para homenagear os feitos da gestão Lula da Silva:

    Lula queria um selo com sua foto para marcar o aniversário de governo.

    Duda Mendonça achou boa a idéia e executou o projeto.

    Lula aprovou e mandou a ECT fazer 10 milhões de selos.

    Quando o selo foi para as ruas, Lula ficou radiante!

    Mas, em poucos dias, ele ficou furioso ao ouvir reclamações generalizadas de que o selo não aderia aos envelopes.

    O presidente, imediatamente, convocou os responsáveis pela confecção e emissão do selo com a sua imagem, ordenando que investigassem, rigorosamente, o assunto.

    Comissões pra lá, grupos, subgrupos e equipes aos montes pesquisaram as agências dos Correios de todo o país, ouviram usuários, balconistas etc.e, finalmente, desvendaram o que estava ocorrendo.

    O relatório, de mais de mil páginas, entregue um mês depois,dizia, na sua conclusão:

    "Não há nada de errado com a qualidade dos selos.

    O problema é que o povo está cuspindo do lado errado".


    Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

    12 de novembro de 2012
    Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

    DIRCEU, CORRUPTO CONDENADO: "SÓ AGRAVA A INFÂMIA E A IGNOMÍNIA".

                          Dirceu: pena ‘só agrava a infâmia e a ignomínia’ 


     Em nota veiculada em seu blog, o condenado José Dirceu reagiu ao castigo que o STF lhe impingiu na sessão desta segunda-feira. “A pena de dez anos e dez meses que a Suprema Corte me impôs só agrava a infâmia e a ignomínia de todo esse processo”, anotou.
    Acusou o STF de valer-se de “recursos jurídicos que violam abertamente nossa Constituição e o Estado Democrático de Direito.” Recursos como “a teoria do domínio do fato, a condenação sem ato de ofício, o desprezo à presunção de inocência e o abandono de jurisprudência que beneficia os réus.”

    Dirceu reiterou o lero-lero segundo o qual o julgamento do mensalão ocorre “sob pressão da mídia”. Disse que foi “marcado para coincidir com o período eleitoral na vã esperança de derrotar o PT e seus candidatos.” Repisa a alegação de que não há provas contra ele nos autos.

    Otimista, anota que o julgamento “ainda não acabou”. Afora a possibilidade de impetração de recursos, o condenado invoca no texto seu “direito sagrado” de “provar” a “inocência”. Dirceu anuncia: “Não me calarei e não me conformo com a injusta sentença que me foi imposta. Vou lutar mesmo cumprindo pena.” Abaixo, a íntegra da manifestação do ex-chefe da Casa Civil de Lula, intitulada de “Injusta Sentença”:
     
    "Dediquei minha vida ao Brasil, a luta pela democracia e ao PT. Na ditadura, quando nos opusemos colocando em risco a própria vida, fui preso e condenado. Banido do país, tive minha nacionalidade cassada, mas continuei lutando e voltei ao país clandestinamente para manter nossa luta.
    Reconquistada a democracia, nunca fui investigado ou processado. Entrei e saí do governo sem patrimônio. Nunca pratiquei nenhum ato ilícito ou ilegal como dirigente do PT, parlamentar ou ministro de Estado.

    Fui cassado pela Câmara dos Deputado e, agora, condenado pelo Supremo Tribunal Federal sem provas porque sou inocente.

    A pena de 10 anos e 10 meses que a suprema corte me impôs só agrava a infâmia e a ignomínia de todo esse processo, que recorreu a recursos jurídicos que violam abertamente nossa Constituição e o Estado Democrático de Direito, como a teoria do domínio do fato, a condenação sem ato de ofício, o desprezo à presunção de inocência e o abandono de jurisprudência que beneficia os réus.

    Um julgamento realizado sob a pressão da mídia e marcado para coincidir com o período eleitoral na vã esperança de derrotar o PT e seus candidatos. Um julgamento que ainda não acabou. Não só porque temos o direito aos recursos previstos na legislação, mas também porque temos o direito sagrado de provar nossa inocência.

    Não me calarei e não me conformo com a injusta sentença que me foi imposta. Vou lutar mesmo cumprindo pena. Devo isso a todos os que acreditaram e ao meu lado lutaram nos últimos 45 anos, me apoiaram e foram solidários nesses últimos duros anos na certeza de minha inocência e na comunhão dos mesmos ideais e sonhos.
"

    12 de novembro de 2012
    Josias de Souza - UOL

    MARCO ANTONIO VILLA: LULA É UM PEDRO MALASARTES DA REPÚBLICA EM FRANGALHOS


    Gerado pela cultura popular da Península Ibérica, Pedro Malasartes transformou-se, em sua versão brasileira, num matuto espertalhão, que coleciona embustes amparado na astúcia, no cinismo, na falta de escrúpulos e na ausência de remorsos.
     
    Um Lula, constatou o historiador Marco Antonio Villa no artigo “Tempos sombrios, tempos petistas”, publicado no Estadão deste domingo. Mais uma leitura indispensável. (AN)

    Luiz Inácio Lula da Silva está calado. O que é bom, muito bom. Não mais repetiu que o mensalão foi uma farsa. Também, pudera, após mais de três meses de julgamento público, transmitido pela televisão, com ampla cobertura da imprensa, mais de 50 mil páginas do processo armazenadas em 225 volumes e a condenação de 25 réus, continuar negando a existência da “sofisticada organização criminosa”, de acordo com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, seria o caso de examinar o ex-presidente.

    Mesmo com a condenação dos seus companheiros „Ÿ um deles, o seu braço direito no governo, José Dirceu, o “capitão do time”, como dizia „Ÿ, aparenta certa tranquilidade.

    Como disse o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), Lula é “um sujeito safo”. É esperto, sagaz. Conseguiu manter o mandato, em 2005, quando em qualquer país politicamente sério um processo de impeachment deveria ter sido aberto. Foi uma manobra de mestre. Mas nada supera ter passado ao largo da Ação Penal 470, feito digno de um Pedro Malasartes do século 21.

    Mas se o silêncio público (momentâneo?) de Lula é sempre bem visto, o mesmo não pode ser dito das articulações que promove nos bastidores. Uma delas foi o conselho para que Dilma Rousseff não comparecesse à posse de Joaquim Barbosa na presidência do STF. Ainda bem que o bom senso vigorou e ela vai ao ato, pois é presidente da República, e não somente dos petistas.

    O artífice de diversas derrotas petistas na última eleição (Recife, Belo Horizonte e Campinas são apenas alguns exemplos) continua pressionando a presidente pela nomeação de um “ministro companheiro” na vaga aberta pela aposentadoria de Carlos Ayres Brito. E deve, neste caso, ser obedecido.

    O ex-presidente quer se vingar do resultado do julgamento do mensalão. Nunca aceitou os limites constitucionais. Considera-se vítima, por incrível que pareça, de uma conspiração organizada por seus adversários. Acha que tribunal é partido político. Declarou recentemente que as urnas teriam inocentado os quadrilheiros. Como se urna fosse toga.

    Nesse papel tem apoio entusiástico do quarteto petista condenado por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Eles continuam escrevendo, dando entrevistas, participando de festas e eventos públicos, como se nada tivesse acontecido. Ou melhor, como se tivessem sido absolvidos.

    O que os petistas chamam de resistência não passa de um movimento orquestrado de escárnio da Justiça. José Dirceu, considerado o chefe da quadrilha por Roberto Gurgel, tem o desplante de querer polemizar com o ministro Joaquim Barbosa, criticando seu trabalho. Como se ele e Barbosa estivessem no mesmo patamar: um não fosse condenado por corrupção ativa (nove vezes) e formação de quadrilha e o outro, o relator do processo e que vai assumir a presidência da Suprema Corte.

    Pior é que a imprensa cede espaço ao condenado como se ele – vejam a inversão de valores da nossa pobre República „Ÿ fosse uma espécie de reserva moral da Nação. Chegou até a propor o financiamento público de campanha. Mas os petistas já não o tinham adotado?

    Outro condenado, João Paulo Cunha, foi recebido com abraços, tapinhas nas costas e declarações de solidariedade pelos colegas na Câmara dos Deputados. Já José Genoino pretende assumir a cadeira de deputado assim que abrir a vaga. E como o que é ruim pode piorar, Marco Maia, presidente da Câmara, afirmou que a perda de mandato dos dois condenados é assunto que deve ser resolvido pela Casa, novamente desprezando a Constituição.

    O julgamento do mensalão desnudou o Partido dos Trabalhadores (PT). Sua liderança assaltou o Estado sem pudor. Como propriedade do partido. Sem nenhum subterfúgio. Os petistas poderiam ter feito uma autocrítica diante do resultado do julgamento. Ledo engano. Nada aprenderam, como se fossem os novos Bourbons.

    Depois de semanas e semanas com o País ouvindo como seus dirigentes se utilizaram dos recursos públicos para fins partidários, na semana que passou Dilma (antes havia se reunido com o criador por três horas) recebeu no Palácio da Alvorada, residência oficial, para um lauto jantar, líderes do PT e do PMDB.

    A finalidade da reunião era um assunto de Estado? Não. Interessava apenas aos dois partidos. Fizeram uma analise das eleições municipais e traçaram planos para 2014. Ninguém, em sã consciência, é contrário a uma reunião desse tipo. O problema é que foi num prédio público e paga com dinheiro público. Imagine o leitor se tal fato ocorresse nos EUA ou na Europa. Seria um escândalo. Mas na terra descoberta por Cabral, cujas naus, logo vão dizer, tinham a estrela do PT nas velas, tudo pode. E quem protesta não passa de golpista.

    Nesta República em frangalhos, resta esperar o resultado final do julgamento do mensalão. As penas devem ser exemplares. É o que o STF está sinalizando na dosimetria do núcleo publicitário. Mas a Corte sabe que não será tarefa nada fácil. O PT já está falando em controle social da mídia, nova denominação da “censura companheira”.

    Não satisfeito, defende também o controle – observe o leitor que os petistas têm devoção pelo Estado todo-poderoso „Ÿ do Judiciário (qual, para eles, deve ser a referência positiva: Cuba, Camboja ou Coreia do Norte?). Nesse ritmo, não causará estranheza o PT propor que a Praça dos Três Poderes, em Brasília, tenha somente dois edifícios… Afinal, “aquele” terceiro edifício, mais sóbrio, está criando muitos problemas.

    O País aguarda o momento da definição das penas do núcleo político, especialmente do quarteto petista. Será um acerto de contas entre o golpismo e o Estado Democrático de Direito. Para o bem do Brasil, os golpistas mensaleiros perderam. Mais que perderam. Foram condenados. E serão presos.

    12 de novembro de 2012
    Por Augusto Nunes - Veja Online

    LULA EVITA COMENTAR PENAS DOS CÚMPLICES DIRCEU E GENOÍNO


    Lula evita comentar penas de José Dirceu e José Genoino. Ex-presidente alegou não ter visto julgamento e se recusa a falar sobre acusações de Valério
     
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se esquivou nesta segunda-feira de comentar a definição das penas do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-presidente do PT José Genoino no processo do mensalão.
     
    O Supremo Tribunal Federal (STF) fixou nesta tarde em dez anos e dez meses de detenção, em regime fechado de prisão, a condenação de José Dirceu, enquanto José Genoino foi condenado a seis anos e onze meses de prisão, em regime semiaberto. O ex-presidente petista participou hoje da abertura das Olimpíadas do Conhecimento, na capital paulista.
     
    — Não achei (nada), porque não vi, meu filho. Deixa eu ver (primeiro) — repondeu o líder do PT ao ser questionado sobre a sua avaliação das penas fixadas pela Suprema Corte.

    O ex-presidente petista também não respondeu quando pergutado sobre o depoimento do empresário Marcos Valério para a Procuradoria-Geral da República, na qual o publicitário teria informado que tem informações que associam o líder do PT ao escândalo político. Em conversas reservadas, o ex-presidente petista disse tratar-se de um blefe a tentativa de associá-lo ao esquema do mensalão.

    12 de novembro de 2012
    Gustavo Uribe - O Globo

    OPOSIÇÃO VÊ CONDENAÇÃO DE DIRCEU, MARCO PARA FIM DA IMPUNIDADE

    Álvaro Dias diz que a pena é pequena, mas destaca o simbolismo

    Senadores da oposição afirmaram que a condenação do ex-ministro José Dirceu a mais de dez anos de prisão, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no processo do mensalão, seria um marco do fim da impunidade no Brasil.Apesar de ter considerado a pena pequena, se comparada a imposta ao operador do esquema, Marcos Valério, o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), disse que o importante é o simbolismo:
     
    - Eu achei pouco, mas o que importa é o simbolismo da pena, que implica prisão. Se ele não fosse condenado à prisão, a população continuaria com o conceito de que os poderosos não são punidos, então acho que foi pedagógico.

    O tucano disse ainda que, agora, o próximo passo seria acabar com o modelo que teria permitido o mensalão, como o aparelhamento do Estado:

    - Cabe agora à classe política destruir o modelo que gerou o mensalão, como o aparelhamento do Estado, a barganha permanente e o loteamento de cargos.

    Já o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) afirmou que a condenação foi um símbolo na luta contra a corrupção:

    - É bom termos exemplos, é um símbolo para a política brasileira de que a corrupção não pode ser tolerada.

    12 de novembro de 2012
    Fernanda Krakovics - O Globo

    PODE UM PROCTOLOGISTA METER O DEDO NA HISTÓRIA?


    Se um dia fizerem uma pesquisa para determinar qual parlamentar mais desserviços prestou ao Brasil, o senador petista Paulo Paim vence folgado. Em julho de 2006, escrevi artigo intitulado “Nazismo negro e guilda branca”, no qual comentava a nuvem de estupidez que pairava sobre o Congresso nacional naqueles dias.

    Não que sobre o Congresso costumassem pairar nuvens de inteligência. Mas naqueles dias a estupidez concentrou-se e ameaçava cair como chuva sobre o país todo.

    O projeto de lei n° 3.198/2000, também chamado de Estatuto da Igualdade Racial, de autoria do senador, decretava a extinção do mulato. Mais ainda, previa a identificação racial dos negros em documentos de identidade. Segundo o Estatuto, os negros passariam a ter carteirinha de negro. De lambuja, Paulo Paim extermina legalmente os mulatos do território pátrio: “Para efeito deste Estatuto, consideram-se afro-brasileiros as pessoas que se classificam como tais e/ou como negros, pretos, pardos ou definição análoga”.

    Demorou mas chegou até nós. Está sendo introduzida legalmente no Brasil a classificação ianque, que só consegue ver pretos e brancos em sua sociedade e nega a miscigenização. Curioso observar que nas décadas passadas os movimentos negros haviam concluído que raça não existia. Agora passou a existir e deve constar em documento. Como o branqueamento é bastante generalizado no Brasil, talvez fosse melhor uma tatuagem ou adereço bem visível, como Hitler instituiu na Alemanha para judeus e homossexuais.

    No dia 14 de outubro passado, a escalada do apartheid deu um passo importante. Coube à presidente da República dar um nó de tope no projeto do senador Paim, quando o Palácio do Planalto anunciou para este mês de novembro um amplo pacote de ações afirmativas, que inclui a adoção de cotas para negros no funcionalismo federal. A medida, defendida pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff, atingiria tanto os cargos comissionados quanto os concursados.

    A cota no funcionalismo público federal propõe piso de 30% para negros nas vagas criadas a partir da aprovação da legislação. Hoje, o Executivo tem cerca de 574 mil funcionários civis.

    Existe também a idéia de criar incentivos fiscais para a iniciativa privada fixar metas de preenchimento de vagas de trabalho por negros. Ou seja, o empresário não ficaria obrigado a contratar ninguém, mas seria financeiramente recompensado se optasse por seguir a política racial do governo federal. Mérito ou capacitação profissional não mais interessam. O que interessa, definitivamente, é a cor da pele.

    Quarta-feira passada, o Senado aprovou um projeto de lei surrealista, que reza: "O exercício da profissão de historiador, em todo o território nacional, é privativo dos portadores de diploma de curso superior em história, expedido por instituição regular de ensino".

    Autor da obra? O famigerado senador petista. Não bastasse ter regulamentado a profissão de negro, regulamenta agora a profissão de historiador. O Brasil adora regulamentações. Em 69, os militares regulamentaram a profissão de jornalismo, ofício que em país algum do mundo civilizado é regulamentado. As esquerdas, que sempre condenaram os militares, assumiram com entusiasmo o decreto da ditadura. Afinal, serve para controlar a liberdade de expressão e pensamento. Então é salutar, digno e justo.

    Quem não lembra de 1984? Na distopia proposta por Orwell, o Estado controlava toda a informação disponível. A história era constantemente reescrita, de acordo com as resoluções do Ministério da Verdade. Winston, o protagonista principal da obra, tinha por função reescrever reportagens anteriores do Times para que o Partido parecesse sempre estar certo nas suas decisões. É o sonho de um outro partido, o PT. Controlando o jornalismo, controla a história presente. Controlando a historiografia, controla o passado. Controlando passado e passado, controla também o futuro.

    No que dependesse de Paulo Paim, Heródoto não teria escrito suas Histórias. Não tinha diploma. Ernesto Renan teria exercido ilegalmente a profissão, ao escrever os sete volumes de sua colossal história do cristianismo, mais outros tantos da história do judaísmo. No Brasil, um dos mais prolíficos estudiosos de nossa história, cuja obra é fundamental para o entendimento do ciclo de Vargas, era médico por formação. Especialização? Proctologia. Pelo projeto ora aprovado, proctologistas não devem meter o dedo na História.

    A pretensão do senador é ridícula. Se alguém quiser escrever uma história da matemática ou da medicina, da astronomia ou da gastronomia, da arquitetura, da música ou da pintura, não precisa ser matemático ou médico, nem astrônomo ou arquiteto, nem precisa ter conhecimentos de música, gastronomia ou pintura. Basta ter o diploma do curso de História. De certa forma, estão proibidas as biografias. Biografia é história e biógrafos, de modo geral, não têm diploma de história.

    Aliás, ser biógrafo já é profissão censurada no Brasil, este país incrível onde uma biografia depende da anuência do biografado e de seus descendentes. Recentemente, a biografia de Lampião foi censurada, a pedido de Expedita Ferreira, sua filha. Em novembro do ano passado, Aldo Albuquerque, juiz da 7ª Vara Cível de Aracaju, expediu uma liminar suspendendo a publicação do livro Lampião mata sete, no qual o juiz aposentado Pedro de Morais defende a tese de que Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Rei do Cangaço, seria homossexual. “Não chega a ser nem um capítulo do meu livro, mas eu questiono o assédio dele aos meninos do cangaço e o fato de eles serem tão próximos”, disse Morais.

    O livro foi proibido, antes mesmo de ser publicado. Vejamos como se sai o impoluto escritor Fernando de Morais, que está escrevendo a biografia de Zé Dirceu. Dela constará sua condenação pelo STF por sua chefia de quadrilha? Se constar, será permitida por Dirceu – ou pelos seus – sua publicação?

    Mais algumas perguntinhas: se a mim, cronista, me ocorre escrever a história da crônica no Brasil, estaria proibido de escrevê-la? Se a um chef – ou simples amante da boa cozinha – ocorre percorrer a história de nossos hábitos alimentares, estaria proibido de fazê-lo? Se a um engenheiro especializado na produção de vidro apetece escrever uma história do vidro, precisaria primeiro freqüentar um curso de história antes de escrevê-la?

    O ridículo é o mesmo que embasa a exigência de diploma para jornalistas. Jornalista não é quem domina uma área do conhecimento, mas quem tem curso de jornalismo. O ridículo passou no Senado. A nuvem de estupidez continua pairando sobre a casa. Dos 81 senadores, só dois votaram contra o absurdo. Assim como também passou a reforma da Previdência. Desta vez, nem foi preciso comprar votos. Nada de espantar neste país que já pretendeu regulamentar até mesmo as profissões de filósofo e astrólogo. Há precisamente uma década, um medíocre cronista do Estadão, o Mário Prata, já pediu a regulamentação da profissão de escritor.

    De ridículo em ridículo, vai-se construindo a nação.


    MÁRIO QUER PRATA *

    Continua fazendo estragos no país o furor corporativista que assola certos ofícios. Em crônicas anteriores, comentei a regulamentação da profissão de astrólogo, cujo projeto de lei já passou no Senado. Enquanto a vigarice não toma forma de lei, um certo mestre De Rose - que não tem mestrado em coisa alguma - se propõe a regulamentar a profissão de instrutor de ioga. Os místicos se organizam e querem o monopólio do mercado das angústias humanas. Não bastassem estes senhores querer cercar de exigências os profissionais destas guildas metafísicas, um jornalista do Estadão quer agora carteirinha para escritor. Demonstrando desconhecimento da confecção de leis, o cronista Mário Prata pede ao presidente da república o reconhecimento de seu ofício: "O que eu quero, meu presidente, é que antes de o senhor deixar o governo, me reconheça como escritor". A capacidade de síntese do cronista é extraordinária: nunca se disse tanta bobagem em frase tão curta.

    Esquecendo que existe um Congresso neste país, o cronista pede ao presidente a elaboração de uma lei. Mais ainda. Cita a Inglaterra como exemplo de país onde o escritor é reconhecido. Lá, segundo o cronista, toda editora que publicar um livro, tem que mandar um exemplar para cada biblioteca pública do país. "Claro que os 40 mil exemplares são comprados pelo governo. Quem ganha? Em primeiro lugar o público. Ganha a editora, ganha o escritor. Ganha o País. Ganha a profissão".

    E quem perde? - seria de perguntar-se. A resposta é simples: como o governo não paga de seu bolso coisa alguma, perde o contribuinte, que com os impostos tem de sustentar autores até mesmo sem público. É o que chamo de indústria textil. Textil assim mesmo, sem acento: a indústria do texto. É uma indústria divina: você pode não ter nem um mísero leitor e vender 40 mil exemplares. Este é o sonho do cronista. Mário Prata viu um Potosi a céu aberto no bolso do contribuinte. Quando um político tasca a mão no dinheiro público, a imprensa horroriza-se e fala em ética. Mas se um membro da guilda sugere ao presidente da República que confisque dinheiro do contribuinte para seu bem-estar, chama-se a isto defesa da literatura nacional.

    Diga-se de passagem, esta corrupção é florescente no Brasil. De fato, o Estado não compra 40 mil exemplares de cada editora. Mas através das leituras impostas em currículos e vestibulares, obriga a compra forçada dos Machados, Clarices Lispectors e Lygias Fagundes Telles da vida. Autores que, não fosse esta imposição da máfia editorial, há muito estariam gozando do merecido repouso eterno. Há quem defenda a privatização da Petrobras. Ninguém fala em privatização do livro. Pois o livro, no Brasil, é estatal.

    Existe ou não existe a profissão de escritor no Brasil? Primeiro ter-se-ia de perguntar se escritor é profissão. Em um livro que causou algum escândalo na Paris dos anos 70 - Le Bazar des Lettres - Roger Gouze contestava com energia o caráter profissional do ofício. "O estatuto oficial do escritor me parece tão absurdo quanto o das prostitutas que também reivindicam o seu: não se pode ao mesmo tempo desafiar o poder, a polícia, as leis (por hipócritas que sejam) da sociedade e pedir-lhes uma proteção". Se a literatura é uma arte - argumenta o autor - o escritor deve, como todo mundo, ter uma profissão que o sustente, ao lado da arte que ele alimenta com o melhor de si mesmo. "Não uma segunda profissão, pois a literatura não é uma".

    Como viverá então o escritor se a obra não lhe rende nada? "Como todo mundo" - responde Gouze. Claro que o autor francês fala de uma época em que literatura era vista como contestação. Hoje, os autores estão se profissionalizando. O editor pesquisa o paladar do público e encomenda um produto de moda. O escritor, como carneirinho dócil, escreve o que o público pede e o editor ordena. Ou o que um político paga. Fernando de Morais, por exemplo, está imerso na biografia desse caráter sem jaça, Antônio Carlos Magalhães.

    No canta quien tiene ganas, sino quien sabe cantar - já dizia Martín Fierro. Escreve quem quer escrever, quem sente ter algo dizer e não consegue ficar calado. Regulamentar a profissão de escritor seria o primeiro passo para regulamentar também a de poeta. Ou a profissão escultor ou pintor. Não mais é poeta quem cria poemas, nem escultor quem esculpe, nem pintor quem pinta. Mas quem está registrado, em algum cartório, como tal. Você pode imaginar um ator que não consegue provocar um mísero aplauso em um teatro, mas é ator? Esse ator sem platéia já existe neste país incrível, pois a profissão foi regulamentada.

    A pretensão não é nova, só o arguto cronista do Estadão parece desconhecê-la. O projeto que regulamenta a profissão de escritor está em tramitação na Câmara Federal há pelo menos dois anos. O absurdo foi proposta do deputado Antônio Carlos Pannunzio, por sugestão de membros da Academia Sãoroquense de Letras, de São Roque, interior de São Paulo. O projeto estabelece as normas para o exercício da profissão, nos mesmos moldes da de jornalista. Só não exige curso superior. Aprovada a lei, escritor não será mais quem escreve, e sim quem possui certificado de habilitação profissional. Ao melhor estilo do finado mundo socialista, este certificado seria fornecido exclusivamente pelo sindicato ou por associações profissionais da categoria.

    Um jornalista pede ao governo para extorquir do contribuinte o dinheiro de seu sustento. Mário quer prata. Volto a Fierro:

    Si la vergüenza se pierde jamás se vuelve a encontrar.

    12 de novembro de 2012
    janer cristaldo

    JORNAL ESPANHOL CONSIDERA MISTERIOSA A AUSÊNCIA DE HUGO CHÁVEZ


    A cena que ficou para a história da Cúpula Iberoamericana: o monarca espanhol mandou Chávez calar a boca.
    O jornal espanhol ABC, um dos principais diários espanhóis publicou reportagem em que qualifica de "misteriosa" a ausência do caudilho Hugo Chávez, depois que foi re-reeleito para permanecer no poder até 2019.

    Depois que ganhou as eleições presidencias em 7 de outubro passado, Hugo Chávez tem rezuido suas aparições públicads. Se pode contar nos dedos de uma mão - alerta o jornal - suas aparições retransmitidas por todas as cadeias de televisão e nos conselhos de ministros para ordenar as linhas estratégicas das eleições estaduais marcadas para o próximo dia 16 deste mês de novembro.
    Segundo ABC o tiranete não tem realizado nenhum comício, embora a campanha eleitoral para governadores iniciou no último dia 1 deste m6es de novembro.

    O diário espanhol também revela que nenhum órgão público nem porta-voz oficial confirmou se Cháves viajará a Cádiz, para participar da XXII Cúpula Iberoamerica. Sua conta no Twitter está completamente paralisada o que se deduz, segundo o ABC, que o caudilho não viajará à Espanha.
    Lembra o jornal que Hugo Chávez deixou de participar nas cúpulas iberoamericanas em 2007, quando o Rey de Espanha o mandou calar a boca. "Por que no te callas"- fulminou o monarca.

    Transcrevo na íntegra no original em espahol, a reportagem do jornal ABC:



    EN ESPAÑOL - Desde que ganó las elecciones presidenciales venezolanas el pasado 7 de octubre, Hugo Chávez ha reducido sus apariciones públicas. Se pueden contar con los dedos de una mano sus apariciones retransmitidas por todas las cadenas de televisión en los consejos de ministros para ordenar las líneas estratégicas de los comicios regionales del próximo 16 de diciembre.
     
    La campaña para renovar a los gobernadores comenzó el pasado 1 de noviembre, pero el mandatario no ha hecho ningún mitin ni ha acompañado a los veintitrés candidatos que él ha designado a dedo, de los cuales doce son militares, que forman la denominada «militarización» de su Gobierno.
     
    La última vez que escribió en su cuenta @chavezcandanga fue el 1 de noviembre, cuando dijo: «Sigamos fortaleciendo la unidad de todos los patriotas en cada región, en cada estado. Sólo así seguiremos invictos el 16 de diciembre».
     
    Han pasado más de un mes desde que se «coronó» por tercera vez para estar seis años más en el poder hasta 2019 y, sin embargo, Chávez no se ha prodigado mucho en la prensa. Los venezolanos comentan que su presidente disfruta de un «reposo misterioso» después de la intensa campaña frente a su rival Henrique Capriles Radonski.
     
    Chávez ha afirmado que está «completamente curado» del cáncer en la pelvis que le diagnosticaron hace casi dos años, en los que ha sido sometido a quimioterapia y radioterapia. En sus últimas apariciones por televisión se le veía menos hinchado.
     
    Ningún organismo público ni portavoz oficial ha confirmado, por otra parte, si el presidente de Venezuela viajará a Cádiz para participar en la XXII Cumbre Iberoamericana. Tampoco la cuenta de twitter de Hugo Chávez ha adelantado algo al respecto, por lo que extraoficialmente se deduce que no viajará a España.
     
    Portavoces del Ministerio de Información y Comunicación aseguraron a ABC que ni el nuevo ministro, Ernesto Villegas, ni la Cancillería de Caracas han anunciado algo al respecto.

    Su última cumbre

    Solo el ministro de Asuntos Exteriores español, José Manuel García-Margallo, afirmó a la cadena Cope que «ni el presidente de Venezuela, Hugo Chávez, ni el de Cuba, Raúl Castro, estarán en la cumbre. Ambos gobiernos estarán representados por su vicepresidente y canciller, Nicolás Maduro, y el ministro cubano Bruno Rodríguez».

    Hugo Chávez dejó de asistir a las cumbres iberoamericanas en 2007, cuando el Rey lo mandó a callar.
     
    12 de novembro de 2012
    in aluizio amorim

    DIRCEU, O ESTADISTA RUMO À CADEIA, EMITE MAIS UMA NOTA OFICIAL...

     José Dirceu, o estadista, continua a emitir “notas” tonitruantes, cheias de grandeza. E a atacar o Supremo Tribunal Federal com inverdades escandalosas. Seu advogado, José Luiz Oliveira Lima, limitou-se a dizer que achou a pena exagerada e que aguarda a publicação do acórdão para decidir o que vai fazer. Já o Zé foi além. Leiam a sua nota. Volto depois.
     
    “Dediquei minha vida ao Brasil, a luta pela democracia e ao PT. Na ditadura, quando nos opusemos colocando em risco a própria vida, fui preso e condenado.
    Banido do país, tive minha nacionalidade cassada, mas continuei lutando e voltei ao país clandestinamente para manter nossa luta. Reconquistada a democracia, nunca fui investigado ou processado. Entrei e saí do governo sem patrimônio.
    Nunca pratiquei nenhum ato ilícito ou ilegal como dirigente do PT, parlamentar ou ministro de Estado. Fui cassado pela Câmara dos Deputado e, agora, condenado pelo Supremo Tribunal Federal sem provas porque sou inocente.
     
    A pena de 10 anos e 10 meses que a suprema corte me impôs só agrava a infâmia e a ignomínia de todo esse processo, que recorreu a recursos jurídicos que violam abertamente nossa Constituição e o Estado Democrático de Direito, como a teoria do domínio do fato, a condenação sem ato de ofício, o desprezo à presunção de inocência e o abandono de jurisprudência que beneficia os réus.
     
    Um julgamento realizado sob a pressão da mídia e marcado para coincidir com o período eleitoral na vã esperança de derrotar o PT e seus candidatos. Um julgamento que ainda não acabou. Não só porque temos o direito aos recursos previstos na legislação, mas também porque temos o direito sagrado de provar nossa inocência.
     
    Não me calarei e não me conformo com a injusta sentença que me foi imposta. Vou lutar mesmo cumprindo pena. Devo isso a todos os que acreditaram e ao meu lado lutaram nos últimos 45 anos, me apoiaram e foram solidários nesses últimos duros anos na certeza de minha inocência e na comunhão dos mesmos ideais e sonhos.
    José Dirceu”
     
    Voltei.

    Só para recolocar, como sempre, as coisas em seu devido lugar, anoto:


    1 – José Dirceu não lutava por democracia, mas por uma ditadura comunista;


     2 – de volta ao Brasil clandestinamente, José Dirceu permaneceu escondido; não teve, por exemplo, nenhuma atuação na luta pela anistia, que o beneficiou;

     3 – foi condenado agora porque, como deixaram claro os ministros, integrou um grupo que tentou fraudar o regime democrático.
     
    O resto é conversa mole.
     
    12 de novembro de 2012
    Por Reinaldo Azevedo

    IMPRESSIONANTE, MAS NÃO SURPREENDENTE, O COMPORTAMENTO DE LEWANDOWSKI

     
    Impressionante o salseiro armado por Ricardo Lewandowski no julgamento do mensalão. Impressionante, mas não surpreendente.
    Vamos aos fatos:
     
    1 – Joaquim Barbosa pode decidir votar na sequência que achar melhor;
     
    2 – a expectativa de que se votassem hoje as penas do núcleo banqueiro era não mais do que isto — inclusive deste blog: expectativa;

    3 – Barbosa jamais anunciou que assim seria feito; não distribui pauta prévia;

    4 – o argumento de Lewandowski de que não se poderia atribuir a pena a Dirceu porque seu advogado estava ausente está abaixo do ridículo: os advogados são permanentemente convocados para a sessão;

    5 – Barbosa não é obrigado a cumprir as expectativas da imprensa;

    6 – Lewandowski nem mesmo votava no caso Dirceu porque ele absolvera o réu dos dois crimes;

    7 – a acusação de que a suposta mudança da pauta atenta contra a transparência é absurda. Por quê? O que Barbosa fez que estivesse fora do previsto ou do regular?
     
    Entendo, como afirmou Barbosa, que Lewandowski, ao interromper o julgamento para levantar uma questão despropositada, estava, sim, num esforço de obstrução do trabalho — às vésperas da saída do ministro Ayres Britto.
    Mas entendo também que, ao relator, bastava dar sequência aos trabalhos, sem precisar desferir a acusação que permitiu ao outro dar o seu chilique.
     
    Constrangedora, do começo ao fim, a atitude de Lewandowski na corte nesta segunda.
     
    12 de novembro de 2012
    Por Reinaldo Azevedo

    CHEFE DA QUADRILHA DO MENSALÃO ATACA STF, MÍDIA E TENTA BANCAR A VÍTIMA

    Vejam a nota publicada por José Dirceu, naquele blog que vai fechar:
    Dediquei minha vida ao Brasil, a luta pela democracia e ao PT. Na ditadura, quando nos opusemos colocando em risco a própria vida, fui preso e condenado. Banido do país, tive minha nacionalidade cassada, mas continuei lutando e voltei ao país clandestinamente para manter nossa luta. Reconquistada a democracia, nunca fui investigado ou processado. Entrei e saí do governo sem patrimônio. Nunca pratiquei nenhum ato ilícito ou ilegal como dirigente do PT, parlamentar ou ministro de Estado. Fui cassado pela Câmara dos Deputado e, agora, condenado pelo Supremo Tribunal Federal sem provas porque sou inocente.
    A pena de 10 anos e 10 meses que a suprema corte me impôs só agrava a infâmia e a ignomínia de todo esse processo, que recorreu a recursos jurídicos que violam abertamente nossa Constituição e o Estado Democrático de Direito, como a teoria do domínio do fato, a condenação sem ato de ofício, o desprezo à presunção de inocência e o abandono de jurisprudência que beneficia os réus.
    Um julgamento realizado sob a pressão da mídia e marcado para coincidir com o período eleitoral na vã esperança de derrotar o PT e seus candidatos. Um julgamento que ainda não acabou. Não só porque temos o direito aos recursos previstos na legislação, mas também porque temos o direito sagrado de provar nossa inocência.
    Não me calarei e não me conformo com a injusta sentença que me foi imposta. Vou lutar mesmo cumprindo pena. Devo isso a todos os que acreditaram e ao meu lado lutaram nos últimos 45 anos, me apoiaram e foram solidários nesses últimos duros anos na certeza de minha inocência e na comunhão dos mesmos ideais e sonhos.

    12 de novembro de 2012
    José Dirceu

    JOSÉ DIRCEU VIROU OLGA BENÁRIO


    O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), lamentou nesta segunda-feira as penas fixadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o ex-ministro José Dirceu e para o ex-deputado José Genoino, no julgamento do mensalão. Para Jilmar Tatto, foi uma "condenação política".
    - Foi cometida uma grande injustiça com esses dois companheiros. Tem que se respeitar a decisão do Supremo, mas recebo esta decisão com indignação e muita dor, porque eles foram injustiçados. Foi uma condenação política. Mas o Supremo também erra, as instituições erram, errou no caso da Olga Benário (com os nazistas) - disse o líder do PT.
    Sobre Dirceu, que ganhou quase 11 anos de prisão em regime fechado, Tatto lembrou que ele lutou contra a ditadura militar. - Dirceu lutou sempre pela liberdade, pela democracia e contra a ditadura e está passando por isso. E o Genoino não tem um centavo, só quem não o conhece pode achar que ele quis comprar um deputado para votar - disse Tatto.
     
    (O Globo)
     
    12 de novembro de 2012
    in coroneLeaks

    PT PREPARA TERRENO PARA DEFENESTRAR ZÉ DIRCEU


    Brasília sediará, na primeira quinzena de dezembro, a última reunião do Diretório Nacional do PT no ano em que o partido sentou no banco dos réus do Supremo Tribunal Federal (STF) para ser julgado pelo escândalo do mensalão. Antes do encontro, que reúne todas as tendências e correntes partidárias, a Construindo um Novo Brasil (CNB) — antigo Campo Majoritário — vai fazer uma reunião própria para avaliar 2012 e discutir a sucessão interna na legenda em 2013. Sob a influência do réu condenado José Dirceu. “Ele tem o DNA do que o PT é hoje e ainda orienta nossos passos”, disse um petista com cargo de destaque em um governo estadual comandado pelo partido.

    Mas até mesmo esse respeito fiel tende a desaparecer com o passar do tempo e será praticamente nulo quando o PT estiver elegendo o futuro presidente, em novembro do ano que vem. Pelo caminhar do julgamento, a eleição interna petista, provavelmente, coincidirá com a fase de execução das penas. Apesar de a dosimetria de Dirceu não estar ainda definida, poucos acreditam que ele escapará de cumprir parte da pena em regime fechado.

    O mesmo petista que “bateu continência” para Dirceu admitiu que ele dificilmente estará na reunião da CNB em dezembro. “Ele tem se resguardado. Apareceu no Diretório Nacional em setembro, pouco antes do segundo turno das eleições municipais. Mas não deve participar deste de agora”, completou o aliado. A expectativa é que no encontro em Brasília o PT discuta o mensalão e, quem sabe, divulgue uma nota sobre o julgamento, algo que não aconteceu até agora.

    Pessoas próximas ao ex-todo poderoso general petista lembram que o mesmo constrangimento vivenciado pelo aliado foi sentido pelo candidato eleito do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. Ao longo de todo o segundo turno, o candidato do PSDB, José Serra, lembrou que o petista estava ligado aos mensaleiros. “Haddad não podia renegar Dirceu. Mas também tomava o cuidado de não incensá-lo”, lembrou um interlocutor do partido.

    A perda de espaço de Dirceu na legenda não será abrupta e sim, gradual. Na base partidária, ele ainda é reverenciado. “Zé Dirceu, Genoino (José Genoino) e Delúbio (Delúbio Soares, ex-tesoureiro) saltaram do patamar de militantes para o de heróis. Mas isso só os petistas entendem”, declarou um militante ferrenho do antigo campo majoritário do PT. Mas esse grau de heroísmo começa a ser suplantado pelo novo momento.

    Há duas semanas, o ex-presidente Lula convenceu Dirceu e Genoino a reembainharem as armas. Eles queriam fazer gestos públicos e manifestações contra o julgamento do Supremo. Lula achou uma péssima ideia. O presidente nacional da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, negou que a entidade vá organizar qualquer manifestação a favor do ex-chefe da Casa Civil, como o próprio Dirceu pedira em uma solenidade antes do início do julgamento. “Como entidade, não está em nossa pauta hoje realizar nenhuma manifestação nesse sentido. O Dirceu é uma figura polêmica, uns amam, outros odeiam. A UNE nem ama nem odeia”, declarou Daniel, em entrevista ao Estado de São Paulo.

    Pesa ainda contra Dirceu a necessidade de o PT virar a página. “Precisamos, a exemplo do que fizemos em São Paulo, renovar nossos quadros. Falo isso com a dor de quem está vendo companheiros condenados injustamente em um julgamento ao vivo, midiático, que está assustando especialistas jurídicos internacionais”, disse ao Correio o governador da Bahia, Jaques Wagner.

    Em relação às futuras eleições partidárias, ainda é cedo para definir nomes de pré-candidatos ao comando da legenda. Por já ocupar o cargo e ter sido presidente durante a vitória do partido na disputa pela prefeitura de São Paulo, Rui Falcão larga na frente. “O futuro presidente terá que ter a habilidade de unir o time de Dilma e o time de Lula”, explicou um analista político do partido. Por esse quesito, Falcão tem totais condições de permanecer no cargo. “Mas o CNB ainda não escolheu seu nome”, apressou-se em afirmar um petista brasiliense.

    Outro nome que surge espontaneamente é o do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Ele admitiu a amigos que esse pode ser um sonho de futuro, mas que não há condições de exercê-lo nesse momento. Para isso, teria que deixar o posto ministerial, algo que não está em seus planos e nem na cabeça da presidente Dilma. Pelo menos, por enquanto.
     
    (Correio Braziliense)
     
    12 de novembro de 2012
    in coroneLeaks