"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 21 de julho de 2013

SANATÓRIO (OU SANITÁRIO) DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

Nas asas da FABTur


“É um direito que é meu. É um pouco de invasão de privacidade”.

Henrique Alves, presidente da Câmara, aos jornalistas interessados no caso do assessor pilhado em flagrante quando carregava R$ 100.000 em espécie, com cara de quem só voa nas asas da FABTur para garantir esse tipo de privacidade.

Menos uma

“É inaceitável”.

José Dirceu, ainda em liberdade, ao comentar a ausência de Dima Rousseff na reunião do Diretório Nacional do PT, com cara de quem acabou de descobrir que a lista de visitas dominicais à cadeia sofreu mais uma baixa.

Prova do crime

“É um assunto privado, particular, um dinheiro que era meu, tenho como provar. Fiz um empréstimo de 100 000 reais. Dinheiro meu, que estava sendo conduzido”.

Henrique Alves, presidente da Câmara, ao tentar explicar a origem dos R$ 100.000 em espécie roubados de um de seus assessores em junho, gaguejando um álibi que deveria ser imediatamente anexado às provas do crime.

Mundo animal

“Foi um processo abusivo, lamentável e condenável”.

Celso Amorim, ministro da Defesa, sobre a inspeção feita por policiais bolivianos em aeronaves da FAB em 2011, revelando que um pintassilgo-do-planalto demora dois anos para descobrir que foi abusiva, lamentável e condenável qualquer humilhação imposta por um lhama-de-franja.

Pintassilgo no banheiro

“Eu não soube e é óbvio que eu não estava dentro do avião. Jamais autorizei e jamais autorizaria”.

Celso Amorim, ministro da Defesa, sobre a inspeção feita por policiais boliviana em aeronaves da FAB, com cara de quem ficou escondido no banheiro.

Companheiro suicida

“A ideia é que a campanha de TV seja feita sem marqueteiros, perca adereços, imagens externas, recursos gráficos, que mais parecem um filme de Francis Ford Coppola, prevalecendo as ideias, sem edição. E também o fim dos cabos eleitorais. A contratação de cabos eleitorais namora com a compra de votos”.

Ricardo Berzoini, deputado federal pelo PT de São Paulo, defendendo um tipo de campanha que já na primeira eleição liquidaria o partido a que pertence.

Telhado de vidro

“Em vez de achar ruim, viva o protesto! De protesto em protesto, a gente vai consertando o telhado”.

Lula, durante o comício na Universidade Federal do ABC, fingindo que está muito feliz com as manifestações de protesto que, em poucas semanas, destelharam a casa que pode cair de vez no ano que vem.

Não tem ninguém

“As pessoas sabem que não adianta bater na minha porta”.

Lula, durante a discurseira na Universidade Federal do ABC, sobre a hipótese de disputar a eleição presidencial de 2014, confirmando que é inútil bater na porta de quem não atende por achar que é gente querendo fazer perguntas sobre Rose Noronha.

Obra demorada

“Quatro anos de mandato para fazer alguma coisa nesse país é quase impossível”.

Lula, durante o comício na Universidade Federal do ABC, reiterando que em menos de oito anos não teria conseguido montar a bomba de efeito retardado que descansa no colo de Dilma.

Pitta do Lula

“A companheira Dilma é uma extraordinária presidente e uma extraordinária candidata”.

Lula, no palanque improvisado na Universidade Federal do ABC, repetindo o que Paulo Maluf dizia sobre Celso Pitta antes que o naufrágio se consumasse.

21 de julho de 2013
Augusto Nunes

NO PMDB, MAIORIA POR ALIANÇA ENFRENTA EROSÃO. É O DECLÍNIO DE DILMA

 

O declínio de Dilma Rousseff nas pesquisas e a flacidez eleitoral dos seus prováveis antagonistas deixam o PMDB inquieto.
O partido do vice-presidente Michel Temer move-se em direção a 2014 como uma espécie de macaco cego à procura de banana no deserto.
Uma alma que conhece os múltiplos interesses da legenda nos Estados e sabe fazer as contas avalia que a renovação da aliança com o PT deixou de ser favas contadas.
Na melhor das hipóteses a deterioração do prestígio de Dilma diminui e Temer chega a junho do ano que vem com votos ainda suficientes para aprovar na convenção do PMDB a reedição da parceria.
No pior cenário, o descontentamento com Dilma se espraia e a parceria com o PT vai para o beleléu.
Nos dois casos, o PMDB de 2014 será mais parecido com a legenda atomizada de 2002 do que com a agremiação relativamente unificada de 2006 e 2010. Lula conhece bem a diferença. No primeiro reinado, o distanciamento de um pedaço do PMDB empurrou-o para parcerias que desaguaram no mensalão.
21 de julho de 2013
Josias de Souza - UOL

CORRUPÇÃO E INCOMPETÊNCIA DIFICULTAM ESCOLHA DE NOME DO PT PARA CONCORRER EM SP

Partido pretende anunciar seu candidato ao Palácio dos Bandeirantes no dia 10 de agosto; preferido de Lula é o do ministro da Saúde, Alexandre Padilha
 
 
O ministro da saúde, Alexandre Padilha
O ministro da saúde, Alexandre Padilha: candidatura perdeu fôlego no último mês (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
"Não sabemos o que vai acontecer, nem com o Padilha. Ele também teve de se recolher e percebeu que o cenário de um mês atrás não vale para agora”, Emídio de Souza, futuro presidente estadual do PT
A vinte dias da data em que deseja apresentar seu candidato ao governo de São Paulo, em um encontro em Bauru, no interior do estado, o PT não consegue definir quem disputará a eleição para o Palácio dos Bandeirantes. Nome favorito do ex-presidente Lula, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, diminuiu o ritmo da pré-campanha no estado e acabou chamuscado pela péssima repercussão do programa do governo federal para importar médicos estrangeiros.
 
Desde junho, as articulações no PT para o Bandeirantes arrefeceram com a onda de protestos que varreu o país. Inicialmente, o partido tentou usar as passeatas para atingir o governo Geraldo Alckmin (PSDB), mas o tiro saiu pela culatra. Militantes petistas infiltrados nas passeatas foram hostilizados e as bandeiras vermelhas acabaram rasgadas. Mais: uma das vitrines petistas, a prefeitura de São Paulo, também virou alvo e foi depredada.
 
“As mobilizações mudaram muito a conjuntura e a prioridade acabou sendo não definir o candidato a governador, e sim tentar entender e se inserir na pauta das mobilizações", diz o presidente do diretório paulista, deputado estadual Edinho Silva. "Acredito que no encontro do interior o PT deve chegar com um nome a apresentar para a militância."
 
Antes do evento no interior de São Paulo, o diretório estadual se reunirá no dia 27. Para o ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza, que deve assumir o PT paulista e coordenar a campanha ao Bandeirantes, o ideal era o partido ter escolhido o candidato até junho. “Os fatos se sobrepuseram à estratégia. Estamos no meio de um terremoto e precisamos nos proteger”, diz. “Estamos perplexos com a crise ainda e buscando saída. Não sabemos o que vai acontecer, nem com o Padilha. Ele também teve de se recolher e percebeu que o cenário de um mês atrás não vale para agora”, completa.
 
Neste mês, quando o PT pretendia ter oficializado o nome candidato ao Palácio dos Bandeirantes, o governo federal lançou o programa Mais Médicos - que deixou o potencial candidato desgastado, por causa da controversa iniciativa. Além disso, Padilha voltou a ganhar a concorrência interna do ministro Aloizio Mercadante, que embora seja titular da pasta da Educação tornou-se uma espécie de porta-voz de todos os assuntos do governo Dilma Rousseff. Publicamente, Mercadante afirma que não pretende voltar a disputar o Bandeirantes - ele perdeu em 2006 e 2010. 
 
Padilha foge cada vez mais do assunto candidatura. O ministro passou a dizer que “todas as suas atenções estão voltadas para os desafios da pasta”. E tende a permanecer recluso em Brasília, por recomendação de Dilma. O efeito pode ser percebido pela frequência bastante menor com que tem peregrinado por São Paulo, mesmo em compromissos oficiais do ministério. A agenda de Padilha está mais restrita neste mês: até agora, passou por São Paulo apenas duas vezes.
 
O ritmo contrasta com o dos três meses anteriores. Padilha circulou no estado onze vezes em abril e outras onze em maio: esteve no ABC paulista e no interior, participou do Programa do Ratinho, no SBT, e da Missa Dominical do Padre Marcelo Rossi. Em junho, foram apenas sete visitas ao estado onde mora – uma delas para gravar entrevista ao Programa do Jô, da TV Globo.
 
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, escancarou na última segunda-feira a dificuldade do partido em achar um candidato durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Além de Padilha, citou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, e o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho.
 
Aliados - Enquanto o PT não se define, o PMDB assiste à distância. No levantamento feito pelo Datafolha, dia 1º de julho, o presidente da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, apareceu com 19% das intenções de voto, desempenho que surpreendeu o comando do partido. O nome de Skaf, entretanto, sofre resistência no diretório da capital, loteado pelo grupo político do deputado federal Gabriel Chalita. 
 
Outro aliado cobiçado é o PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab. A sigla, porém, só definirá seu futuro quando PT e PSDB definirem seus candidatos
 
21 de julho de 2013
Felipe Frazão - Veja
 

ACOBERTAMENTO DA MÍDIA DO FORO DE SÃO PAULO

ENTENDENDO O FORO DE SÃO PAULO - CAPÍTULO 10

GRAÇA SALGUEIRO: PALESTRA COMPLETA SOBRE O FORO DE SÃO PAULO

ENTENDENDO O FORO DE SÃO PAULO - CAPÍTULO 9

O LULA SECRETO - CAPÍTULO 5 - PAULO EGYDIO



Não sabia que Lula tinha derrotado os comunistas’

Em 1975, antes mesmo de tomar posse como governador,
Paulo Egydio deu posse a Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo.

“Isso provocou uma reação da chamada comunidade de informações”, diz. Geisel teria perguntado “o que deu na cabeça” de Paulo Egydio.
 
Ele explicou que Lula era adversário dos comunistas. Geisel relaxou: “Mas eu não sabia que ele tinha derrotado os comunistas”. Segundo Egydio, Golbery do Couto e Silva, da Casa Civil, manobrou para “atrair” Lula para a política.
 
21 de julho de 2013

PARA ENTENDER O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM O BRASIL

AGENDA - documentário completo!





21 de julho de 2013
Augusta Carvalho

A CARTA DO ADVOGADO DO SENADOR BOLIVIANO ROGER PINTO MOLINA

A carta de Fernando Tibúrcio, advogado do senador boliviano Roger Pinto Molina, escancara a arrogância afrontosa de Evo Morales e seus comparsas




Advogado do senador boliviano Roger Pinto Molina, enclausurado na embaixada brasileira em La Paz desde 28 de maio de 2012, Fernando Tibúrcio enviou à coluna uma carta que escancara a arrogância afrontosa do tiranete Evo Morales.

Enquanto exige que as nações possam conceder asilo a quem desejarem, o Lhama-de-Franja (com o apoio dos comparsas) continua impedindo que o parlamentar oposicionista viaje para o Brasil, que o contemplou com o status de asilado.

Integrante da Associação Bolivariana Cucaracha (ABC), o governo lulopetista faz o que determinam os mandamentos da entidade. Um deles avisa que só merece ser tratado como perseguido político quem contraria os interesses dos Estados Unidos e seus aliados.
Figuram nessa categoria, por exemplo, Julian Assange e Edward Snowden. Políticos que se opõem aos estadistas de hospício agrupados na ABC nunca são perseguidos. Não passam de inimigos da pátria que viraram criminosos comuns. Nada merecem além de cadeia.

Leia o que escreveu Fernando Tibúrcio e os documentos que complementam o texto. São peças com vaga assegurada no acervo do museu que mostrará o que foi a política externa da cafajestagem:

Caro Augusto Nunes,

Quem lhe escreve é o advogado do senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado há treze meses na Embaixada do Brasil em La Paz. Excelente a cobertura que VEJA e seus colunistas vêm dando ao tema.
No último domingo, o articulista Mac Margolis, do Estadão, revelou o paradoxo que existia em Evo Morales apoiar o asilo a Julian Assange e negar a concessão de um salvo-conduto ao senador Roger Pinto Molina, algo que o meu amigo Tuto Quiroga, ex-presidente da Bolívia, qualifica de “dupla moral”. Hoje foi a vez da BBC e do El País falarem de paradoxos.
É paradoxo que não acaba mais.
Na sexta-feira, na reunião de cúpula do Mercosul, em Montevidéu, os mandatários ali presentes aprovaram uma declaração que, em seu ponto 9, fala o seguinte:

“Las Presidentas de la República Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, y de la República Federativa del Brasil, Dilma Rousseff, el Presidente del Estado Plurinacional de Bolivia, Evo Morales, el Presidente de la República Oriental del Uruguay, José Mujica Cordano, y el Presidente de la República Bolivariana de Venezuela, Nicolás Maduro Moros, reunidos en Montevideo, el día 12 de julio de 2013, en ocasión de la XLV Reunión Ordinaria del Consejo del Mercado Común:
9. Repudiaron las acciones que puedan menoscabar la potestad de los Estados de conceder e implementar de forma plena el Derecho de Asilo, y en ese sentido rechazar todo intento de presión, hostigamiento o criminalización de un Estado o de terceros sobre la decisión soberana de cualquier nación de conceder asilo.”

O problema é que essa bem-vinda declaração foi feita pensando em Edward Snowden. Ninguém se lembrou, ou era incômodo lembrar-se, de Roger Pinto Molina.

Também no domingo Cláudio Humberto publicou uma notícia bombástica. Evo teria mandado revistar o avião da Força Aérea Brasileira que levou o então e agora ministro da Defesa Celso Amorim à Bolívia no fim do ano passado, à procura do senador Roger Pinto.
Ou seja, Evo teria usado o mesmo condenável expediente que o embaixador espanhol em Viena tentou usar contra ele.

Essa história eu já tinha ouvido de uma fonte respeitável na Bolívia (uma fonte, no jargão jornalístico, tipo 1). Tal fonte não tinha a certeza se a busca no avião da FAB fora mesmo a mando de Evo e também se o objetivo era pegar no pulo o senador. Mas considerava as duas premissas possíveis.

Na terça o Ministério da Defesa confirmou, em nota, que a inspeção de fato aconteceu, mas que teria sido em 2011, antes do senador Roger Pinto Molina buscar proteção na Embaixada do Brasil em La Paz.
Escrevi no mesmo dia uma “nota da nota”, comentando as explicações do ministro Amorim, que tenta, dentre outras coisas, explicar por que mesmo em 2011 era possível que as autoridades bolivianas já estivessem à caça do senador (sem contar o fato de que, mais tarde, o próprio ministro reconheceu que outras inspeções ocorreram).

Gostaria que você tomasse conhecimento do teor do habeas corpus extraterritorial que impetrei em favor do senador e que tem como precedente uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos em favor de Lakhdar Boumediene, um ex-prisioneiro de Guantánamo (veja aqui a petição inicial). O habeas corpus deve ser julgado agora no mês de agosto pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal.

A título de curiosidade, comento que a arrogância boliviana – ou melhor, bolivariana – foi tal que acabou virando assunto de família. Minhas filhas, estudantes de direito da UnB e também estupefatas com o que está acontecendo com o senador – mais do que eu, já que elas têm ainda aquela energia da juventude – decidiram em sinal de protesto (protestar está na moda!) enviar em 17 de junho uma carta ao presidente Jimmy Carter.

É preciso ressaltar que Jimmy Carter foi convidado por Evo Morales para mediar a questão do acesso ao mar da Bolívia. A carta não obteve resposta e aí está outra contradição. Carter, um notório defensor dos direitos humanos, fez também vista grossa a um notório caso de violação de direitos humanos. Um abraço.
Fernando Tibúrcio Peña

21 de julho de 2013

1 MINUTO COM AUGUSTO NUNES

O papa não teme a proximidade da multidão. Quem precisa de segurança são os políticos


OPÇÃO PREFERENCIAL PELO QUÊ MESMO?

 

20130720-034938.jpgAo escolher o franciscanismo como inspiração e o Brasil para a sua primeira peregrinação, afirmam os saudosistas da “Teologia da Libertação”, o papa retoma a opção preferencial pelos pobres para tentar recuperar os fiéis … que têm fugido em massa para as igrejas que fizeram a opção preferencial pela riqueza.

Até o PT já entendeu que essa “ética da prosperidade” que lota templos-gigantes é que dá voto e traz popularidade.

O partido do “país rico” e “sem pobreza” só errou quando passou a dar prioridade ao enriquecimento dos seus próceres sobre o enriquecimento do povo.

Algo esta errado na leitura da Igreja sobre por onde vazam suas ovelhas?

Ou o papa Francisco está atento para não repetir o erro da igreja pré-João Paulo II de, invertendo o desvio do petismo, confundir a opção preferencial pelos pobres com uma opção preferencial pela pobreza?

20130720-035107.jpg

21 de julho de 2013
vespeiro

NÃO FALA SÉRIO, VERÍSSIMO!


Hoje, tempo meio esquisito, véspera de Lua Cheia, ando descobrindo besteiras demais dos outros. Até as minhas: o que é que o tempo e a Lua Cheia têm a ver com isso?
 
Bom, depois de Olavo e Belloto, chegou a vez do Veríssimo. Já cansei de dizer que quando esse cara se mete a falar sério é uma tragédia. Hoje foi na sua crônica no Estadão. O assunto que Veríssimo aborda é o humanismo. Leiam o que ele escreveu:
 
“Melhor, ou mais simples, seria dizer que para um humanista o ser humano é, ou deve ser, a medida de todas as coisas, e assim como o sistema métrico que mede o mundo teve origem nas dimensões do corpo humano, todos os sistemas éticos e morais do mundo devem obedecer à primazia do humano.”
 
Pombas, um sujeito que é reverenciado por onze entre dez esquerdistas como um “intelequitual” de estirpe não pode se dar ao luxo de escrever tanta asneira - a não ser em suas ótimas comédias -, nem que a sua plateia fosse composta exclusivamente por petralhas, os monopolistas da ignorância brasileira.
Qualquer aluno medíocre de ginásio da minha época (e, presumo, da dele) sabia perfeitamente que o Sistema Métrico nunca teve nada a ver com as dimensões do corpo humano e sim tem a Terra como referência (no caso das medidas de comprimento).
 
Um metro - aí o aluno não podia ser tão medíocre - foi definido em finais do Século XVIII como a décima milionésima parte da distância do equador aos polos e, a partir dele, foram criadas todas as outras medidas, como o grama, que foi definido como sendo igual à massa de um volume de água igual a um cubo com aresta da centésima parte do metro.
 
Ora, se Veríssimo parte de uma definição furadíssima para provar sua tese, o resto não se sustenta.
 
Invertendo o bordão que costumo usar, disseminado pelo saudoso e grande filósofo contemporâneo, Bussunda: Não fala sério, Veríssimo!
 
21 de julho de 2013

DEPUTADO LUTA PARA QUE A CPMI DA COPA SEJA MESMO CRIADA




Em pleno recesso parlamentar, o deputado Izalci Lucas (PSDB-DF),  autor do requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Copa do Mundo, luta para consolidar a iniciativa.

Lucas  já conseguiu o número de assinaturas necessário para apresentar o documento à mesa diretora do Congresso. No recesso, ele vem utilizando as redes sociais para pedir às pessoas que pressionem seus parlamentares a aderirem ao pedido de criação da CPMI ou não retirarem seus apoios.

O objetivo do deputado é aproveitar o momento em que os colegas estão próximos de suas bases eleitorais para aumentar a pressão sobre eles. Com isso, ele espera inverter a tendência de retirada de assinaturas que geralmente acontece quando o governo mobiliza sua base de apoio no Congresso para evitar as CPIs.
“Eu protocolizei logo [o requerimento] justamente por isso. E divulguei nas redes sociais as listas de quem assinou e quem não assinou. Estou confiante que mais gente vai assinar ainda”, disse Izalci.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGSe for levada a sério, essa CPMI pode abalar a República. A farra do boi com o superfaturamento das reformas dos estádios foi um dos maiores escândalos da História, em nosso país. É preciso apurar os nomes das autoridades corruptas e dos empreiteiros corruptores, mas isso é muito difícil de acontecer na política brasileira. Praticamente impossível. (C.N.)

A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. AS ARTICULAÇÕES.A DIFÍCIL DECISÃO DE DEODORO.



Dependesse apenas de sua vontade, o marechal Deodoro da Fonseca,  mesmo tendo sido herói na guerra do Paraguai, não estaria imortalizado na História pátria.

Enquanto o Império cuidava do Baile da Ilha Fiscal, cercado de clamoroso escândalo, idealistas como Benjamim Constant, Sólon Ribeiro, Menna Barreto e outros oficiais do Exército mantiveram-se ativos. Conseguiram  acesso a Deodoro. Este, embora enfermo, recebeu-os na véspera da sublevação, a instâncias de um sobrinho, o tenente do Exército Clodoaldo Fonseca.

Também os líderes republicanos Quintino Bocaiuva e Aristides Lobo foram recebidos na casa do marechal, por empenho de outro sobrinho, o capitão Hermes da Fonseca, que duas décadas depois, já general, viria a ser eleito presidente, tendo por contendor Rui Barbosa, o genial baiano que fez o País estremecer de consciência cívica, com a Campanha Civilista.

Esses líderes militares e civis puseram Deodoro a par de que o Imperador ia reorganizar a Guarda Nacional, comandada por homens ricos do interior, com direito a fardas e patentes. Cientificaram-lhe também que seria fortalecido o aparelho policial da sede da Corte, para fortalecimento da defesa do Império, em contraposição ao Exército, com seus quadros já refertos do ideário republicano.

As visitas foram decisivas para Deodoro pôr-se à frente das tropas, porque estava doente, preso à cama, com febre alta e falta de ar. Além disso, dedicava estima especial a D. Pedro II. Era-lhe grato por favores recebidos.

CONSTANT E SÓLON

O tenente-coronel Benjamim Constant Botelho de Magalhães, oficial de convicções positivistas, pertencente à elite intelectual, lente de Matemática na Escola Militar da Praia Vermelha, tinha forte liderança, porém restrita aos discípulos cadetes, com os quais a tropa não simpatizava. Fora mestre dos netos do Imperador, função a que renunciou por achá-los não concentrados nas aulas.

Junto com Sólon Ribeiro, Constant  sabia que era indispensável o apoio do marechal, formado na tropa, com prestígio para congregá-la e colocá-la na rua sob o seu comando. Antes, a Escola Militar fora palco de insubordinação dos cadetes em presença do Ministro da Guerra que a visitava.
À oportunidade, o jovem cadete Euclides da Cunha, em protesto contra o governo, quebrou o sabre em frente ao visitante. Devido à pregação contra a monarquia, Benjamim Constant viu-se suspenso do magistério na Escola Militar.

O major Sólon Ribeiro era relativamente jovem, porém respeitadíssimo. Fora condecorado por atos de bravura na Guerra do Paraguai e participara da campanha pela Abolição dos Escravos. Pai da famosa Ana de Assis, mulher de Euclides da Cunha e pivô de tragédia que se tornaria histórica.

Sólon Ribeiro revelou-se ardiloso ao atrair o marechal alagoano para o comando do movimento. Primeiro cuidou de espalhar na Rua do Ouvidor tudo que desejava fosse do conhecimento de Deodoro. A Rua do Ouvidor e cercanias, à época, o principal centro nevrálgico do Rio de Janeiro, onde havia os principais cafés e confeitarias e onde estavam sediados diversos jornais.

SILVEIRA MARTINS

Quando recebido pelo marechal, disse-lhe Sólon Ribeiro que Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto, último chefe de governo do Império, houvera decidido prendê-lo. Disse-lhe também que o político gaúcho Silveira Martins caíra nas graças do Imperador e seria nomeado presidente do conselho de ministros, em substituição a Ouro Preto.

Deodoro fora, durante alguns anos, comandante-chefe de Armas na Província do Rio Grande do Sul. Nessa época, apaixonara-se pela baronesa do Triunfo, Ana Carolina Fonseca Jacques — jovem viúva de um Brigadeiro. Nessa disputa amorosa teve o marechal por competidor justamente Silveira Martins. Este passou a levar vantagem por frequentar a belíssima fazenda, onde fazia passeios a cavalo com a baronesa. Numa dessas cavalgadas, Silveira Martins sofreu uma queda e passou cerca de um mês em recuperação.

Deodoro e Silveira Martins, este mais jovem sete anos, tornaram-se desafetos rancorosos. Essa inimizade incontornável era alimentada por cáusticas invectivas lançadas contra o marechal por Silveira Martins, em discursos no Senado.

As intrigas de Sólon Ribeiro atingiram o brio de Deodoro, que não mais se deixou prostrar pela doença. Na mudança de atitude, chegou a proclamar: “Eu queria acompanhar o caixão do imperador, que já está idoso e a quem respeito muito, mas o velho já não regula”. No dia 15 de novembro de 1989, o Marechal, montado no bonito cavalo e com admirável capacidade de mobilização, saía à frente da tropa e o povo assistiu — bestificado — à proclamação da República, na linguagem atribuída a Aristides Lobo.

CONDE D’EU

Havia muito, em 1870, a partir do fim da Guerra do Paraguai, militares patriotas, inclusive Deodoro, passaram a preocupar-se com a velhice de D. Pedro II. Por falecimento do Imperador, o cargo seria preenchido pela filha — a Princesa Isabel — casada com o Conde D’Eu, francês de nascimento e formação militar, de espírito arrogante, que, conquanto tenha participado da Guerra do Paraguai, era sumamente malvisto pela população do Rio de Janeiro, onde se tornara proprietário de cortiços, alugados por valores exorbitantes a pessoas pobres. Predominava o temor de que, morrendo Dom Pedro II, o governante de fato do Brasil seria o conde francês.

Proclamada a República, o major Sólon Ribeiro viveu situação deveras constrangedora. Foi escolhido para cumprir a árdua missão de levar a Dom Pedro II o ultimato de que deveria deixar o território brasileiro no prazo de 48h!

No mesmo dia 15 de novembro, Aristides Lobo, escolhido ministro do Interior, escreveu um artigo, somente publicado no dia 18, em que afirmava: “O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem saber o que significava.
Muitos acreditavam estar vendo uma parada”. Disse mais: “O que se fez é um degrau, talvez nem tanto, para o advento da grande era”. E arremata: “Estamos em presença de um esboço rude, incompleto, completamente amorfo. Não é tudo, mas é muito”.

Na verdade, o ministro-chefe do novo Gabinete da preferência do Visconde de Ouro Preto era Silveira Martins. Mas o nome que estava na cabeça de Dom Pedro II, para presidir o ministério monárquico, era o do advogado baiano José Antônio Saraiva, político de larga experiência, que já houvera exercido três vezes o mesmo cargo. Afirma-se que o Imperador chegou a nomeá-lo — mas significou gesto frustrado. Já era tarde demais. Os republicanos estavam vitoriosos!

EXAME COM UM SÓ PROFESSOR



Mais uma vez o ex-presidente Lula declarou que não pretende ser candidato, que apóia Dilma com todas as suas forças.

Mesmo assim, no PT, crescem as exortações para o primeiro companheiro colocar-se em condições de disputar a presidência da República em 2014, se continuar a queda na popularidade da sucessora.
 
O único empecilho a uma eventual candidatura do Lula seria sua saúde, mas ainda na semana que passou ele riu das especulações e garantiu estar muito bem. A  doença foi extirpada e não voltou, garantem seus médicos. 
 
A presidente Dilma não se oporia a uma reviravolta no processo sucessório. Primeiro porque se acontecesse, a causa estaria nas pesquisas de opinião. Depois, porque não discutirá qualquer decisão do antecessor e criador.
 
Em suma, por enquanto a reeleição segue seu curso, mas lá diante, no começo do ano que vem, precisará haver um exame da situação. Exame com um só professor. Se ficar aberta a possibilidade de derrota da presidente, o Lula entrará em campo. 
 
SÓ EM ABRIL 
 
Tem gente confundindo vontade com realidade. Sucedem-se as especulações de uma próxima reforma do ministério, até mesmo com redução de seu número. Nada corresponde, repetem os porta-vozes do governo.
Em abril de 2014 vence o prazo para a desincompatibilização dos ministros que disputarão as eleições de outubro. Pode ser que um ou dois meses antes a presidente Dilma recomponha a equipe, já  que pelo menos treze ministros serão candidatos a governos estaduais, à Câmara e ao Senado
 
Essa disposição não afasta a hipótese de mudanças pontuais, a qualquer momento, pois nomear e demitir ministros é prerrogativa presidencial.   Se um ficar doente, se o partido de outro abandonar a base oficial, até mesmo se algum for flagrado em ilícito, deixarão de ser ministros. Fora daí, podem ficar sossegados.
 
IMPOSSÍVEL BOMBARDEAR  MEIA PONTE
 
Vale repetir o episódio da indignação do general Douglas MacArthur quando, perto de invadir a China, na guerra da Coréia, recebeu do presidente Truman a ordem de não avançar nem bombardear território chinês.
Deveria restringir suas operações à Coréia. Uma ponte ligava os dois países, por onde entravam os soldados de Mao. MacArthur ia destruí-la mas foi alertado para só destruir a metade coreana. “Nunca vi, na história das guerras, a possibilidade de bombardear meia ponte…”
 
Guardadas as proporções, assim está a presidente Dilma diante do PMDB. É impossível romper apenas com meio partido, com aqueles parlamentares que a hostilizam, preservando os demais.  Mesmo sem ser uma ponte, o PMDB é um só. 

PARLAMENTARES DO EUA PEDEM A OBAMA NOVA POLÍTICA PARA O IRÃ

   
 
 
Na última quinta-feira, mais de cem membros da Câmara de Representantes dos EUA, entre republicanos e democratas, assinaram uma carta para pedir à administração do presidente Barack Obama que reconsidere a sua política com relação ao Irã, após a eleição de Hassan Rohani (foto), considerado “moderado”, para a presidência do país islâmico.
 
Hassan Rouhani foi eleito no Irã para a presidência com mais de 50% dos votos. Considerado “moderado”, analistas políticos estimam uma melhoria das relações com o Ocidente.

Entre os 118 legisladores (mais de um quarto dos membros da Câmara) que assinaram a carta, 15 deles eram republicanos, destacando a necessidade de um “esforço diplomático renovado no marco de uma estratégia mais ampla” para o Irã. A carta foi enviada à Casa Branca na sexta (19).

O pedido acontece em detrimento das declarações belicistas do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, contra o Irã, dizendo que seu país tomará medidas unilaterais contra Teerã devido ao seu programa nuclear, que Tel-Aviv acusa ter fins militares, sem evidências e ao contrário do afirmado pelas autoridades persas.

Após a eleição de Rohani para a presidência do país, alguns ex-parlamentares norte-americanos pediram a Obama que se empenhasse por novas conversações multilaterais e bilaterais com o Irã quando o novo governo iraniano for formado e por evitar atos de provocação que poderia reduzir a janela de oportunidade para uma “política mais moderada” de Teerã.

LÍDER SUPREMO

Em fevereiro, o líder supremo da Revolução Islâmica do Irã, Said Ali Khamenei rechaçou qualquer diálogo com os Estados Unidos sob pressão, ao considerar que as contínuas pressões e ameaças exercidas pelo país contra o povo persa durante os últimos 34 anos (desde a Revolução de 1979) e a solicitação de Washington para dialogar com Teerã são coisas “incompatíveis” que demonstram a falta de honestidade dos EUA.

Além disso, uma nova rodada de sanções unilaterais dos Estados Unidos entrou em vigor no dia 1º de julho, planejada para afetar drasticamente a economia iraniana, com alvo na moeda iraniana, no setor automotriz, na construção naval e na indústria petrolífera do Irã.

O país lida atualmente com uma taxa de inflação de mais de 31% e já foi alvo de diversas sanções dos próprios EUA e de países europeus, além de resoluções da ONU no mesmo sentido.
Os EUA e aliados ocidentais acusam Teerã de perseguir objetivos bélicos com seu programa de energia nuclear, e se baseia neste pretexto para impor duras sanções ao país persa.

Além de rechaçar as acusações, a República Islâmica do Irã assinala constantemente que, como membro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP), tem o direito legítimo a adquirir e desenvolver um programa nuclear com fins pacíficos.

(transcrito do site IrãNews)

21 de julho de 2013
Do Portal Vermelho 

DE MUITOS, UM




Será que os Estados Unidos de 2013 representam, de alguma maneira significativa, o mesmo país que declarou independência em 1776? 
A resposta, em minha opinião, é sim. A despeito de tudo, existe um traço de continuidade em nossa identidade nacional –refletido nas instituições, ideias e, especialmente na atitude– que continua intacto.
Continuamos a ser, acima de tudo, um país que acredita na democracia, mesmo que nem sempre coloquemos em prática essa crença. E isso é uma coisa notável se você tiver em mente até que ponto o país mudou ao longo desse período.

Os Estados Unidos de 1776 eram uma terra rural, povoada em sua maioria por pequenos agricultores e, no sul, por agricultores com terras um pouco maiores, cultivadas por escravos. E a população livre consistia de… bem, não há como evitar o termo “WASP” – brancos, anglo-saxões e protestantes: quase todo mundo provinha do noroeste da Europa – 65% do Reino Unido -, e 98% eram protestantes.

Os Estados Unidos modernos não são em nada parecidos com isso, ainda que alguns políticos –Sarah Palin serve como exemplo– gostem de falar como se os “Estados Unidos reais” ainda fossem brancos, protestantes e rurais, ou pelo menos um país de pequenas cidades.

ÁREAS METROPOLITANAS

Mas os Estados Unidos verdadeiros são de fato um país de áreas metropolitanas, não de pequenas cidades. É revelador que, no momento mesmo em que Palin fez sua infame declaração, em 2008, ela estivesse discursando em Greensboro, Carolina do Norte, a qual, embora não esteja no corredor metropolitano do nordeste do país, é uma cidade com população de 700 mil pessoas na área metropolitana, e assim nada tem em comum com Mayberry [cidadezinha fictícia que servia de cenário a seriados de TV famosos nos anos 60].

A realidade é que dois terços dos norte-americanos vivem em áreas metropolitanas com mais de meio milhão de moradores. E a maioria de nós tampouco vive em subúrbios arborizados. Os Estados Unidos como um todo têm densidade populacional de 33 pessoas por quilômetro quadrado, mas o Serviço de Recenseamento informa que o americano médio vive em uma zona de recenseamento com mais de dois mil moradores por quilômetro quadrado.

Apesar de todas as críticas ao corredor metropolitano do nordeste como um fenômeno de alguma forma não americano, a realidade é que o americano típico vive em um ambiente que se assemelha mais ao da Grande Boston ou da Grande Filadélfia do que ao de Greensboro –para não mencionar o das pequenas cidades.

O que fazemos nessas densas áreas metropolitanas? Quase nenhum de nós é agricultor; poucos caçam; no geral, trabalhamos em escritórios durante a semana e passamos os dias de folga em shopping centers. E etnicamente somos, é claro, muito diferentes de nossos fundadores. Apenas uma minoria dos americanos atuais descende dos WASPs e dos escravos de 1776.

Os demais descendem das sucessivas ondas de imigração: primeiro da Irlanda e Alemanha, depois do sul e leste da Europa, hoje da América Latina e Ásia. Já não somos um país anglo-saxão; somos apenas meio protestantes; e somos cada vez menos brancos.

MESMO PAÍS

No entanto, eu proporia que continuamos a viver no mesmo país que declarou independência há tantos anos. Não é só porque mantivemos uma continuidade de governo legal, embora essa seja uma realização considerável.

O atual governo da França constitui, em termos rigorosos, a Quinta República daquele país; nossa revolução contra a monarquia aconteceu antes da francesa, mas continuamos na república número um, o que na realidade faz de nosso governo um dos mais antigos do mundo.

O mais importante, porém, é o domínio duradouro do ideal democrático sobre o nosso país, do conceito de que “todos os homens foram criados iguais” –todos os homens, não apenas os homens de certos grupos étnicos ou de certas famílias aristocráticas.

E até hoje –ou assim me parece, e sou um homem que viajou muito no passado– os Estados Unidos continuam a ser unicamente democráticos em seus maneirismos, na maneira pela qual as pessoas de classes diferentes interagem.

É claro que nossos ideais democráticos vieram sempre acompanhados de enorme hipocrisia, a começar pelos muitos fundadores do país que defendiam os direitos do homem mas, ao retornar para suas fazendas, continuavam a viver do trabalho de seus escravos.

OPORTUNIDADES IGUAIS???

Os Estados Unidos atuais são um lugar onde todos alegam apoiar a igualdade de oportunidade, mas objetivamente somos o país com maiores barreiras de classe no mundo ocidental –o país no qual os filhos dos ricos têm mais probabilidade de herdar a situação de seus pais.

Também somos um lugar onde todos celebram o direito de votar, mas onde muitos políticos trabalham com afinco para restringir o voto dos pobres e dos não brancos. No entanto, essa hipocrisia de alguma maneira representa um bom sinal. Os ricos podem defender seus privilégios mas, dado o temperamento americano, precisam fingir que não é isso que estão fazendo.

O pessoal que tenta bloquear votos sabe o que está fazendo, mas também sabe que não pode admitir suas ações abertamente. Na prática, os dois grupos sabem que a nação os verá como antiamericanos a menos que declarem adesão aos ideais democráticos, mesmo que da boca para fora –e nisso repousa a semente da redenção.

Portanto, sim, continuamos a ser, no sentido mais profundo, aquele país que declarou independência e, mais importante, declarou que todos os homens têm direitos. Ergamos nossos cachorros quentes em saudação.

21 de julho de 2013
Paul Krugman (Folha)

AS PALAVRAS DE UM PETISTA...

Rejeição a Dilma no Distrito Federal é muito grande



Quem é a fonte do jornalista Carlos Newton no PT? Suas análises batem com o sentimento de desânimo que grassa no PT com relação a Dilma Roussef… Nunca uma presidente desiludiu a tantos em tão pouco tempo.

Sou filiado do PT de Brasília e aqui no DF o PT sentirá na carne as altíssimas rejeições a Dilma, se ela ousar (e o PT deixar) ser candidata em 2014. A inapetência dela para a articulação política já era conhecida, mas não sabíamos que a gestão dela seria esse desastre completo que estamos vendo.

Arrogante, destemperada e irascível, Dilma dilapidou, em escassos três anos, todo o capital político que herdou de Lula. Afora todos esses adjetivos negativos, Dilma se especializou em bater, humilhar e espezinhar os servidores públicos, ao mesmo tempo em que faz afagos à mídia e concede desonerações fiscais em série para um bando de empresários que jamais repassarão essas desonerações ao preço final de seus produtos.

Aqui em Brasília, onde ela já perdera em 2010, Dilma colherá (se for candidata) a mais espetacular e fragorosa derrota da história política…Que a direção nacional do PT escolha: ou lançar outro candidato ou colher uma esmagadora e humilhante derrota com Dilma!

21 de julho de 2013
Irineu Evangelista

MUDAR PARA NÃO MUDAR, EIS A QUESTÃO DE DILMA


Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude. A máxima, retirada do livro “O Leopardo”, do italiano Tomasi, cai como uma luva quando o assunto se volta para os últimos acontecimentos nos círculos políticos do país, especialmente naquilo que toca o “novo” posicionamento de lideranças do PMDB e de parte do PT.
 
Para que continuem comandando as coisas no Brasil, ao seu jeito, o pequeno grupo de mandatários já percebeu que precisa se mover.
Deve promover a “transformação”, porém, ela não pode ser a mesma pretendida pelos manifestantes que foram às ruas.

A mudança necessária para o establishment deve ser milimetricamente calculada, dimensionada conforme o status quo e promovida com a maior margem de segurança possível.
 
Neste cenário, até a presidente, temida até o início das manifestações, passa a ser vista como figura de segundo plano. A queridinha de Lula não é mais a unanimidade que foi nos primeiros meses de seu governo.

Dilma, atordada, não sabe como reagir a tantas cobranças e ao fogo amigo. Com o microfone nas mãos, diante de plateias que já não enxergam a mesma mulher de pulso forte que foi um dia, acaba se atrapalhando e mostrando o momento infeliz pelo qual passa.

EQUILÍBRIO PSICOLÓGICO

A queda de popularidade atingiu não só a gestão, mas também o equilíbrio psicológico de Dilma. A sua postura e o seu semblante não são os mesmos de antes.

A série de equívocos que levou a público, com anúncio prematuro de constituinte, plebiscito que nasceu morto, o programa desastroso para melhorar a área de saúde e a tentativa catastrófica de passar para o Congresso a batata quente das reformas requisitadas pela multidão, deixou a presidente ainda mais perdida.

O PMDB, ciente de que o vento sopra para outros lados, pediu a redução de ministérios, mas, como responsável pela ocupação de mais de 30% desses postos, não sinalizou com o corte na própria carne. O anúncio, oportunista, justificaria rupturas. A variação positiva de Aécio nos últimos levantamentos seria, para a engrenagem peemedebista, mais do que o bastante para manter um olho no peixe e outro no gato.

O PT também deu suas mexidinhas. Ao tirar os mensaleiros de sua direção nacional, sinalizou que não quer mais ficar justificando a existência de condenados em sua direção, e os novos testas do partido teriam um pouco de oxigenação. Somente isso. Por fora, os mesmos mensaleiros continuarão sendo os timoneiros.

A mudança que realmente é necessária para o coletivo, ou seja, aquela que restringe mordomias, melhora o serviço público, acaba com privilégios, atua de forma eficaz na saúde e na educação, valoriza a transparência e trabalha a política como instrumento para melhorar a vida das pessoas, vai ficando para uma outra ocasião.

(transcrito de O Tempo)

http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com.br/2013/07/mudar-para-nao-mudar-eis-questao-de.html#links

21 de julho de 2013
Heron Guimarães

DELÍRIO DE POPULISMO



Você já ouviu falar do “populismo libertário”? Se ainda não o fez, vai ouvir. Com certeza a ideia será difundida nas rádios, televisões e páginas de opinião pelas pessoas do mesmo tipo que, alguns anos atrás, asseguravam que o deputado Paul Ryan era o paradigma de um conservador sério e honesto. Então me permita fazer um anúncio de utilidade pública: é bobagem total.

Algumas informações básicas: estes são tempos difíceis para os membros da “intelligentsia” conservadora –os frequentadores de “think tanks” e páginas de opinião que sonham em ver o Partido Republicano tornar-se novamente “o partido das ideias” (se ele alguma vez o foi é outra questão inteiramente).

Durante algum tempo eles pensaram ter encontrado seu herói nerd na pessoa de Ryan. Mas o famoso plano Ryan revelou não passar de enganação rudimentar, e desconfio que, reservadamente, até os conservadores percebem que seu autor é mais marqueteiro que visionário. Então qual é a próxima grande ideia?

É quando entra em cena o populismo libertário. A ideia aqui é que existe um pool de eleitores brancos, de classe trabalhadora e insatisfeitos, que não compareceram às urnas para votar no ano passado, mas podem ser mobilizados novamente com o tipo certo de programa econômico conservador –e que essa remobilização poderá restaurar a sorte eleitoral do Partido Republicano.

É fácil entender porque muitos da direita acham essa ideia atraente. Ela sugere que os republicanos possam reconquistar sua glória passada sem mudarem quase nada: não seria necessário buscar uma aproximação com os eleitores não brancos, nem reconsiderar sua ideologia econômica. Talvez você pense que também isto soa bom demais para ser verdade –e é. A noção do populismo libertário é enganosa em pelo menos dois níveis.

Primeiro, a ideia de que a mobilização branca é tudo o que seria preciso se baseia em grande medida nas afirmações do analista político Sean Trende de que Mitt Romney não conseguiu votos suficientes no ano passado devido aos “eleitores brancos faltantes” –milhões de “brancos de baixa renda, rurais e nortistas” que deixaram de comparecer para votar.

CONSERVADORES

Os conservadores que se opõem a qualquer mudança grande na posição do Partido Republicano –e em especial aqueles que são contra a reforma da imigração– se aferraram rapidamente à análise de Trende, vendo-a como prova de que não é preciso empreender nenhuma mudança fundamental, apenas melhorar a difusão de mensagens.

Mas cientistas políticos sérios como Alan Abramowitz e Ruy Teixeira agora também deram seu parecer, concluindo que a história dos eleitores brancos ausentes é mito. Sim, o índice de comparecimento às urnas dos eleitores brancos foi menor em 2012 que em 2008; o mesmo aconteceu com os eleitores não brancos.

A análise de Trende basicamente imagina um mundo em que o comparecimento dos brancos às urnas volte aos níveis de 2008 enquanto o dos não brancos não o faz. É difícil imaginar como isso poderia fazer sentido.

Mas vamos supor que deixemos de lado esse trabalho de desmontar os argumentos deles e aceitemos que os republicanos poderiam desempenhar melhor se conseguissem inspirar mais entusiasmo entre os brancos de baixa renda. O que o partido tem a oferecer que pudesse inspirar tal entusiasmo?

Bem, pelo que é possível discernir, no ponto em que estamos o populismo libertário –conforme é ilustrado, por exemplo, pelos pronunciamentos políticos do senador Rand Paul– consiste em advogar as mesmas velhas políticas de sempre, mas insistindo que elas são realmente boas para a classe trabalhadora.
Na realidade, não são. Mas de qualquer maneira é difícil imaginar que proclamar mais uma vez as virtudes do dinheiro seguro e das alíquotas marginais baixas vá fazer alguém mudar de ideia.

CONTRADIÇÃO

Ademais, se você analisar o que o Partido Republicano moderno realmente defende na prática, ficará claro que ele contraria os interesses daqueles brancos de baixa renda cuja adesão o partido pode supostamente reconquistar.

Nem a alíquota única nem o retorno ao padrão-ouro estão sendo discutidos realmente, mas cortes nos seguro-desemprego, auxílio alimentação e Medicaid estão. (Vale lembrar que o que o plano Ryan tinha de substancial envolvia principalmente cortes selvagens nos auxílios dados aos pobres.)

E, embora muitos americanos não brancos dependam desses programas públicos que formam uma rede de segurança, o mesmo se aplica a muitos brancos de renda mais baixa –exatamente os eleitores que se deixariam influenciar pelo populismo libertário.

Especificamente, não mais que 60% dos beneficiados pelo seguro-desemprego são brancos. Um pouco menos que a metade dos beneficiados pelo auxílio-alimentação são brancos, mas nos Estados de tendência eleitoral indecisa a proporção é muito mais alta.
Por exemplo: no Ohio, 65% das famílias que recebem auxílio-alimentação são brancas. Ao nível nacional, 42% dos atendidos pelo Medicaid são brancos não hispânicos, mas no Ohio esse número salta para 61%.

Assim, quando os republicanos arquitetam reduções grandes nos benefícios dos desempregados, bloqueiam a ampliação do Medicaid e buscam cortes profundos nas verbas para o auxílio-alimentação –todas medidas que já tomaram–, podem estar prejudicando desproporcionalmente “aquela gente”, mas também estão prejudicando muito as famílias brancas, nortistas e que enfrentam dificuldades, justamente aquelas que supostamente vão mobilizar.

E isso nos traz de volta à razão pela qual o populismo libertário é pura bobagem, como eu disse. Seria possível, imagino, argumentar que destruir a rede de segurança é um ato libertário; talvez a liberdade não passe de outra palavra para assinalar que não resta nada a perder. Mas populista ela não é.

21 de julho de 2013
Paul Krugman (Folha)

GOVERNO ACEITA CALADO AS DECLARAÇÕES DE BLATTER SOBRE A ESCOLHA DO BRASIL PARA SEDIAR A COPA

 

Medo palaciano – Acostumado a rebater críticas, o governo de Dilma Vana Rousseff se apequenou e não contestou a declaração do presidente da FIFA, Joseph Blatter, que disse ter sido um equívoco escolher o Brasil para sediar a edição 2014 da Copa do Mundo.

Blatter e a entidade que dirige faturarão perto de US$ 2 bilhões com o evento, ao passo que aos brasileiros restará uma dívida de R$ 30 bilhões, valor que supera o montante gasto nas últimas três Copas (Coreia do Sul/Japão, Alemanha e África do Sul). Enquanto isso, a saúde, a educação, a segurança e o transporte a que os cidadãos têm direito continuam desmoronando.

Confirmando um histórico de superfaturamento de obras que são verdadeiras odes à megalomania, o governo aceita ser criticado por um cidadão do naipe de Joseph Blatter, que comanda uma organização cuja contabilidade chega a fazer inveja às organizações mafiosas existentes mundo a fora.
Esse silêncio mostra a qualidade de um governo marcado por um coquetel que mistura incompetência e corrupção.

A preocupação de Blatter está centrada nas manifestações que têm acontecido em todo o País, algumas das quais o cartola teve de enfrentar nas cidades que sediaram os jogos da Copa das Confederações.

Em nenhum momento o presidente da FIFA criticou o custo final do Estádio Mané Garrincha, que ao se aproximar de R$ 1,5 bilhão tornou-se a mais cara arena esportiva do planeta em todos os tempos.

É bom lembrar que a FIFA não escolheu o Brasil para sediar a Copa, mas cedeu à pressão exercida pelo então presidente Lula e sua horda de malfeitores.

http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com.br/2013/07/governo-aceita-calado-as-declaracoes-de.html#links

21 de julho de 2013
ucho.info

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




21 de julho de 2013