"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 11 de julho de 2012

O OLHO DO DONO

A discussão acerca do fim do voto no Parlamento soa algo estéril. Guarda semelhança com o debate sobre reforma política, pois ambos os temas ensejam muito ensaio e nenhuma solução.
Pelo simples e amplamente conhecido fato de que a maioria dos congressistas não simpatiza com mudanças em sistemáticas que lhes são bastante convenientes.


Aprovado em primeiro turno na Câmara em 2006 como reação a absolvições resultantes do mensalão e escândalos correlatos, mas depois esquecido no arquivo, o fim do voto secreto voltou à baila por causa do caso Demóstenes Torres.


Uma onda de altivez legislativa que, como veio, logo passará. Se quisesse mesmo derrubar o sigilo o Congresso teria feito como faz quando o assunto é de seu interesse: apressaria os ritos.
A começar por dar continuidade ao que havia iniciado retomando a votação em segundo turno na Câmara e remetendo o projeto de emenda constitucional ao Senado.


No lugar disso, preferiu a estaca zero ao optar pela tramitação de nova emenda na Casa revisora. Claro, não deu tempo de alcançar a votação relativa a Demóstenes.
A aprovação da emenda em dois turnos no Senado deu-se ao molde de uma satisfação oca à opinião pública.
Por dois motivos: primeiro, porque vai empacar na Câmara e, segundo, porque restringe o voto aberto aos processos de cassação de mandatos, mantendo o sigilo para vetos presidenciais, indicações para tribunais superiores, nomeações de embaixadores e de integrantes de agências reguladoras.


Sob qual argumento? O de que o voto secreto protege o parlamentar de pressões.
Finíssima falácia. O parlamentar conta com a prerrogativa de imunidade de voz e voto justamente para se proteger do constrangimento da coação que, aliás, só ocorre antes da votação.


Depois dela é retaliação. Ainda que fosse possível acreditar que juízes de tribunais superiores, embaixadores ou meros membros de agências reguladoras trabalhassem com "listas negras" para se vingar, os deputados e senadores sempre teriam a tribuna das respectivas Casas para denunciar a pressão.


O mesmo se aplica ao veto presidencial, cuja prática no Congresso, aliás, não é a derrubada, mas a manutenção.
Portanto, a única justificativa para a preservação do voto secreto é o desejo de restringir o espaço de fiscalização do público sobre a atuação do parlamentar. Mal comparando é o velho ditado: só o zelo do olho do dono do voto assegura a eficácia do desempenho do rebanho.

Voz da consciência. Se Demóstenes Torres será ou não cassado, isso diz respeito à consciência de cada um de seus 80 pares.

Em tese, a maioria é a favor da cassação. Mas, em outras ocasiões os senadores também disseram uma coisa nas pesquisas e fizeram outra na hora do voto. Assim foi com Renan Calheiros, absolvido a despeito de as prévias indicarem a condenação.

Contam aí dois fatores: o voto secreto e as ausências. Duas maneiras confortáveis de se manifestarem os favoráveis à absolvição. Não por convicção de inocência, mas por espírito de corpo, para desestimular processos que façam de suas excelências o condenado de amanhã.

Na essência se impõe um dilema entre a salvação de um mandato condenado pelas evidências e a preservação do que resta de credibilidade ao Congresso.

Demanda aquecida. O aumento do número de candidatos a vereador este ano, 531 mil contra 380 mil em 2008, não combina com o repúdio geral à política e aos políticos.

Se os presentes, passados e constantes escândalos não afastam as pessoas da atividade, talvez funcionem como fator de atração.

A questão que valeria a pena esmiuçar por meio de consulta a tantos pretendentes é se o que os move é o desejo de ajudar a sanear o ambiente ou se o atrativo é a expectativa de tirar proveito dele exatamente moralmente deteriorado como está.
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
11 de julho de 2012

MOVIMENTO POPULAR PELA IMPUNIDADE DOS MENSALEIROS FESTEJA A APARIÇÃO DO PRIMEIRO BATALHÃO DE COMBATENTES IMAGINÁRIOS

Fundado por José Dirceu durante o congresso de uma certa União da Juventude Socialista, o Movimento Popular pela Impunidade dos Companheiros Pecadores demorou exatamente um mês para festejar o alistamento do primeiro batalhão de voluntários, formado por combatentes da Central Única dos Trabalhadores dispostos a tudo para livrar da cadeia o bando do mensalão. A tropa é comandada pelo bancário Vagner Freitas, novo presidente da CUT, que melhorou o humor do guerrilheiro de festim com a entrevista concedida à Folha de S. Paulo.

“Todos sabem que esse julgamento é uma batalha política”, ensinou José Dirceu em 9 de junho. “O julgamento não pode ser político”, concordou Vagner Freitas em 9 de julho. “Essa batalha deve ser travada nas ruas também, com a mobilização das forças progressistas e dos movimentos populares, porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas”, ensinou Dirceu em 9 de junho. “Se o julgamento não for técnico, nós questionaremos, iremos para a rua, porque a CUT não vai ficar olhando”, concordou Freitas em 9 de julho.

Por enquanto, o batalhão só existe na cabeça do chefe. É provável que nunca saia de lá. Sem as duplas sertanejas, o oceano de tubaína e sanduíches de mortadela em quantidade suficiente para alimentar um Sudão, manifestações convocadas pela CUT juntam menos gente que quermesse de vilarejo. No dia 29 de junho, por exemplo, a entidade tentou vitaminar a candidatura de Fernando Haddad com um ato de protesto contra as carências do transporte público em São Paulo. Atenderam à convocação pouco mais de 2 mil militantes.

“Se eu ficar dez minutos batendo lata no Viaduto do Chá, reúno cinco mil pessoas”, dizia Jânio Quadros. A maior metrópole da América Latina tem público para tudo ─ até para malucos espancando bumbos de alumínioo. Mas vai ficando cada vez mais complicado encontrar espectadores para a farsa encenada por velhacos que, tão dependentes da mesada do governo quanto a pelegagem que desancavam no século passado, seguem caprichando na pose de fundadores do sindicalismo moderno.

O raquitismo das plateias contrasta com a arrogância da turma no palanque, e escancara o abismo escavado entre o discurso dos líderes e o que interessa aos liderados. Pelo que dizem os dirigentes, os trabalhadores filiados à CUT têm no momento uma só preocupação e um único pleito: insones por causa do iminente início do julgamento, sonham acordados com a absolvição dos réus. O resto é o resto. A paralisação das universidades federais, as greves que se alastram por mais de 20 categorias do funcionalismo público, os solavancos da inflação, o emagrecimento da indústria, o PIB anêmico ─ tudo isso pode esperar. O que importa é obrigar o STF a inocentar os mensaleiros.

Para tanto, é fundamental que o julgamento seja “técnico”. “Minha expectativa é que os ministros do Supremo Tribunal Federal julguem segundo os autos”, declamou nesta terça-feira o inevitável Rui Falcão. “E julgando segundo os autos não há base para condenação”, delirou de novo o presidente do PT. A versão governista da história, diria Stanislaw Ponte Preta, já descambou para o perigoso terreno da galhofa.

Investigações realizadas pela Polícia Federal e por uma CPI ergueram um himalaia de provas. A devastadora denúncia encaminhada ao STF pelo procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza foi encampada pelo Supremo. O processo tem quase 70 mil páginas. Mas a tribo dos cínicos jura que o mensalão não existiu. “O que houve foi uma tentativa de golpe contra o meu governo, tramada pela oposição com o apoio de setores da mídia”, descobriu Lula quatro anos depois do desbaramento da quadrilha.

“O que houve foi uma tentativa de golpe contra o presidente Lula”, repetiu nesta segunda-feira Artur Henrique, de saída da presidência da CUT. Ainda indignado com a destituição do companheiro Fernando Lugo, ele lembrou que “esse ataque à democracia pode acontecer no Brasil”. Uma pausa precedeu as perguntas tremendas: “Ou não foi isso que tentaram neste país em 2005? Ou não tentaram depor e derrubar o presidente Lula com o apoio da imprensa?”

Se acredita nisso, Artur Henrique precisa comunicar à presidente Dilma Rousseff que está ameaçada de despejo por um complô que junta ministros do Supremo, procuradores-gerais da República, FHC e, claro, a mídia reacionária, colocada sob suspeita também por Márcio Thomaz Bastos. “A imprensa tomou partido nesse caso”, alertou o doutor predileto da bandidagem em 9 de junho. “Faz publicidade opressiva”.

Conversa de vigaristas. O Brasil decente espera que, como deve ocorrer em qualquer julgamento, os ministros do STF deliberem com base nos autos. Lá estão as incontáveis provas dos crimes praticados pela quadrilha federal. Quem sempre sonhou com um julgamento político foi o principal beneficiário das bandalheiras. Nos últimos meses, Lula andou visitando ministros que nomeou para lembrar-lhes que a absolvição dos pecadores seria uma bem-vinda demonstração de gratidão. A súbita acrobacia semântica deve ter confundido o chefe. Se inocentar os réus, o STF terá feito um julgamento técnico. Se optar pela condenação, terá promovido um julgamento político.

O acervo de espantos da Era Lula já inclui um presidente que não sabe escrever e nunca leu um livro, uma presidente incapaz de dizer coisa com coisa, um senador que revogou o irrevogável, um ministro da Fazenda especializado no estupro de sigilo bancário, um trem-bala que só apita no PAC, um ministro da Indústria que quebrou uma fábrica de tubaína com dois ou três conselhos, um ministro da Pesca que não sabe colocar minhoca em anzol, um ministro da Educação que acha certo falar errado, um advogado que virou ministro do STF depois de reprovado em dois concursos para o ingresso na magistratura e, entre tantas outras esquisitices, a CUT.

Se tiver algum juízo, a única central sindical do mundo que se acha única embora existam mais cinco esquecerá a ideia de ampliar o acervo com o movimento pró-corrupção. Qualquer entidade pode discordar de uma decisão do STF. Nenhuma pode negar-se a respeitá-la. Se consumar a afronta, a CUT se transformará numa organização fora-da-lei em guerra contra o Estado de Direito. Um caso de polícia, que como tal será tratado.

11 de julho de 2012
Augusto Nunes

AS SEMELHANÇAS ESPANTAM, MAS NÃO SURPREENDEM

O que tem chamado mais minha atenção na politica econômica do governo federal atual é a semelhança com a politica dos militares, em especial a do governo Geisel, com a implantação atual paulatina e permanente de manufaturados produzidos todos no Brasil. Mas isto é nacionalismo, meu deus! Ou melhor, nacionalismo tupiniquim.
Em uma época de globalização e abertura, o Brasil a cada dia parece mais e mais voltado a um nacionalismo anacrônico.
Que coisa! E o melhor exemplo desse nacionalismo pode ser visto na interferência, na ingerência do governo na Petrobrás.
Com isso em vez de permitir que a empresa viva uma politica de mercado, passa a ser regida pela politica econômica do governo. De que forma, perguntarás?

Pois bem, a gasolina não sobe de preço, mas pela lei de mercado deveria. E não sobe porque a Petrobrás está fazendo a politica do governo. O governo retirou o imposto CIDE dos distribuidores de combustíveis, mas o valor pago pelos postos as distribuidoras continua o mesmo. Ora, quem ganhou com essa engenharia foram os distribuidores, mas a sociedade nada ganhou.

Seria de supor que com a redução do imposto (como ocorre nos automóveis e com os produtos de linha branca) houvesse um barateamento da gasolina para a sociedade, mas não houve.
Bom, agora a explicação mais técnica (e menos politica) e verdadeira. O prejuízo da Petrobrás está refletindo nas Bolsas. Em 24 horas as ações da Petrobrás caíram o que lhe rendeu um prejuízo de mais de 22 bilhões de dólares.

Você que me acompanhou até aqui pode pensar: “e eu com isso? O que me importa se a Petrobrás perdeu dinheiro ou não? Importa é que eu não pague gasolina cara”. Ok, isso do ponto de vista politico é bom para o governo porque rende votos. Mas em compensação (e ai você leitor não quer saber, mas deveria) os investimentos que deveriam ser feitos no país, investimentos nacionais e estrangeiros, não estão sendo feitos.

A prova é de que o governo que previa um crescimento para o país este ano da ordem 4,5% do PIB, hoje já admite que não crescerá 2,5% ao ano. Posso lhe dar outro dado comparativo interessante: Um país (que está deixando de lado o nacionalismo e o comunismo) que é a China investe hoje 40% do PIB, já o nosso com essa politica do governo de intervir no mercado e nas empresas, os recursos financeiros não estão sendo suficientes para gerar um desenvolvimento com índices mais altos. Investimos apenas 19% do PIB.

No Brasil hoje, praticamente todos os carros fabricados são do tipo Flex (gasolina e álcool), mas o álcool só seria viável se fosse no mínimo 30% mais barato que a gasolina. Como o governo está sustentando artificialmente os preços da gasolina, tem deixado as usinas de álcool sem poder de concorrência e muitas já estão ameaçando fechar como aconteceu no tempo dos militares com o Proálcool.

Sinceramente nunca esperei vivenciar no país uma politica econômica tão semelhante como a praticada pelo PT com a politica econômica dos militares depois que tomaram o poder em 1964. PT e militares nunca estiveram tão afinados e parecidos. PT e militares ou Dilma-Geisel. Como diz um amigo com extremo senso de humor, a única mudança no Brasil é a permanência.

Laurence Bittencourt
11 de julho de 2012

(*) Fotomontagem: Ernesto Geisel e Dilma Rousseff

AINDA SOBRE AS SEMELHANÇAS

No artigo As semelhanças espantam,… , de 10/7, o potiguar Laurence nos fala do protecionismo.

Pois é. Sabemos o resultado dessa política. O problema é que nós, brasileiros, sofremos de hemocromatose. Não sabem o que é? É o inverso da anemia, que é a carência de ferro. A hemocromatose é a doença do excesso de ferro. Esse excesso provoca problemas graves.


E nós estamos acostumados ao excesso de ferro. Tomamos ferro todos os dias. E agora vai mais. O protecionismo fará que nossas indústrias fiquem anêmicas, pois não precisarão disputar o mercado com inovações e atualizações.

Devem se lembrar, num passado não muito distante que, enquanto o mundo já operava com computadores mais rápidos, nós, devido ao protecionismo imbecil, a partir de 1981, tinhamos que aturar os 8086, 286, 386, enquanto outros países já estavam saindo do 486 e ingressando no Pentium.

Quem não lembra dos Cobra, Semp-Toshiba, Prológica, Gradiente, Microdigital, etc? E o surgimento do mercado negro dos periféricos, que chegou a 4 vezes o mercado oficial. Só a partir de 1984, quando a política do setor deixou de ser competência exclusiva do executivo, e veio a Lei da Informática, em fins de 1985, é que as coisas começaram a andar.
De qualquer forma, voltando ao que eu dizia, o tratamento mais comum da hemocromatose é a sangria terapêutica. Inicialmente, retira-se sangue (como uma doação) de uma a duas vezes por semana. O ferro é um componente da hemoglobina presente nas células vermelhas.
Com a retirada forçada, o ferro depositado nos tecidos migra para ajudar a formação de novas hemácias, reduzindo o excesso. Isso deve ser feito a tempo, antes que a sobrecarga de ferro comprometa orgãos importantes, podendo gerar graves problemas de saúde.

Similarmente ao que o nosso organismo faz, quando da sangria, as políticas protecionistas deveriam levar isso em conta. Mas não é o que o glorioso partido™ tenha condições de perceber.
E nós continuaremos a tomar ferro…


11 de julho de 2012
Magu

(*) Foto: a doutora Hemocromatose Presidenta, pensando na forma mais rápida e eficiente de passar o ferro no povo.

B.B.KING - SWEET SIXTEEN


Eis aqui o inigualável e longevo imperador do blues, o Senhor B.B.King, tocando e cantando Sweet Sixteen, aparentemente uma construção sem sentido para os que não conhecem música, “As dezesseis doces”, sendo uma referência às posições das notas. Apresentação precedida por uma pequena entrevista. Parte do filme do concerto chamado Lightning in a Bottle (Relâmpagos em um frasco), de 2004.


(*)Alertado pelo nosso co-editor, que entre suas várias habilidades, detém fluência em inglês como também é tradutor (que não é o meu caso), não prestei muita atenção à letra, que se refere ao début (debutante) das meninas. Me ative apenas que no blues há uma variação chamada de sixteen-bar (dezesseis barras, no traste da guitarra, ou dezesseis teclas, no piano), quando o standard no blues é o twelve-bar (doze barras). Inclusive há um blues do Ray Charles chamado Sweet Sixteen Bars, que apresentarei posteriormente. Fica feita a errata, e incluo a letra da música e sua tradução.

Sweet Sixteen/Doces dezesseis

When i first met you, baby / Quando eu conheci você, baby
Baby, you were just sweet sixteen / Baby, você tinha apenas doces dezesseis anos
When i first met you, baby / Quando eu conheci você, baby
Baby, you were just sweet sixteen / Baby, você tinha apenas doces dezesseis anos
You just left your home then, woman / Você simplesmente deixou sua casa, então, mulher
Ah, the sweetest thing i’d ever seen / Ah, a coisa mais doce que eu já vi
But you wouldn’t do nothing, baby / Mas você não faria nada, baby
You wouldn’t do anything i asked to / Você não faria qualquer coisa que eu pedisse
You wouldn’t do nothing for me, baby / Você não faria nada para mim, baby
You wouldn’t do anything i asked to / Você não faria qualquer coisa que eu pedisse
You know you ran away from your home, baby / Você sabe que fugiu de sua casa, baby
And now you wanna run away from old b. too / E agora você quer fugir do velho b. também
You know i loved you, baby / Você sabe que eu amei você, baby
I loved you before i could call your name / Eu te amei antes que eu pudesse chamar seu nome
You know i loved you, baby / Você sabe que eu amei você, baby
Baby i loved you, i love you before i could call your name / Eu te amei Baby, eu te amei antes que eu pudesse chamar seu nome
Well, it seems like everything i do now baby / Bem, parece que tudo que eu faço agora, baby
Everything i do is in vain / Tudo que faço é em vão
My brother’s in korea, baby / Meu irmão está na Coréia, baby
My sister’s down in new orleans / Minha irmã mais nova em Nova Orleans
Brother’s in korea baby / Irmão na Coreia, baby
My sister’s down in new orleans / Minha irmã mais nova em Nova Orleans
You know i’m having so much trouble woman / Você sabe que eu estou tendo tanta dificuldade, mulher
Baby, i wonder, what in the world is gonna happen to me / Baby, eu me pergunto, o que nesse mundo vai acontecer comigo
You know i love you / Você sabe que eu te amo
And i’ll do anything you tell me to / E eu farei qualquer coisa que você me diga
You know i love you / Você sabe que eu te amo
And i’ll do anything you tell me to / E eu farei qualquer coisa que você me diga
Well, there ain’t nothing in the world, woman / Bem, não há nada no mundo, querida
Babe, it ain’t nothing / Babe, não há nada
Nothing in the world i wouldn’t do it for you / Nada no mundo que eu não faria por você
You can treat me mean, baby / Você pode fazer média comigo, baby
But i’ll keep on loving you just the same / Mas eu vou continuar te amando do mesmo jeito
You can treat me mean baby / Você pode fazer média comigo, baby
But i’ll keep on loving you just the same / Mas eu vou continuar te amando do mesmo jeito
But one of these days, baby / Mas um dia desses, baby
You’re gonna give a lot of money / Você vai dar um monte de dinheiro
To hear someone call my name / Para ouvir alguém chamar meu nome
Yes, sweet sixteen baby… sweet sixteen… / Sim, doces dezesseis, baby … doces dezesseis …
Yes, the sweetest thing baby / Sim, a coisa mais doce, baby
The sweetest thing i ever seen / A coisa mais doce que eu já vi
You know i’m having so much trouble, woman / Você sabe que eu estou tendo tanta dificuldade, mulher
Baby i wonder / Baby eu me pergunto
Yes i wonder / Sim, eu me pergunto
Baby i wonder / Baby eu me pergunto
Oh, i wonder what in the world’s gonna happen to me / Ah, eu me pergunto o que nesse mundo vai me acontecer

11 de julho de 2012
Magu

BOLSA BRASILEIRA ENTRE AS QUATRO PIORES DO MUNDO DO PRIMEIRO SEMESTRE

Especialistas culpam ingerência do governo Dilma na Petrobras e bancos pelo mau desempenho

Num ranking com o desempenho das 24 principais Bolsas de Valores do planeta, no primeiro semestre do ano, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bobespa), amargou a 21ª posição, com desvalorização de 4,23% nos período. O Ibovespa só ficou à frente das Bolsas da Itália, que teve queda de 5,40%; de Portugal, cujo pregão perdeu 14,49% e da Espanha, com perda de 17,09%. São países que estão no epicentro da crise europeia. Então o que explica uma performance tão ruim da Bolsa brasileira?

Economistas ouvidos pelo GLOBO afirmam que a crise na Europa e a desaceleração das economias chinesa e americana explicam em parte a fuga de investidores. Mas existiu um outro fator no mercado doméstico que assustou os investires da Bolsa, principalmente os estrangeiros: a ingerência do governo em setores privados, como bancos, e o uso político da Petrobras.

- Com a crise na Europa de expandindo, sinais de retração econômica apareceram em todas as partes do mundo, inclusive no Brasil. Nesse cenário, todas as Bolsas de Valores mostraram volatilidade, mas a Bolsa brasileira perdeu muito. A ingerência do governo nos bancos e o uso político da Petrobras assustaram os investidores estrangeiros, que bateram em retirada - avalia Pedro Galdi, economista da SLW corretora.

No primeiro trimestre do ano, o saldo do investimento estrangeiro no pregão brasileiro estava positivo em R$ 4,7 bilhões. Só em janeiro deste ano, os estrangeiros compraram R$ 7 bilhões em ações, a melhor marca desde a criação do Plano real, em 1994. No início de julho, esse saldo positivo havia caído para R$ 2,3 bilhões no ano.

Galdi lembra que houve mais interferência do governo em setores privados da economia. Ele cita como exemplo a redução do Imposto sobre Produtos Industralizados (IPI) para automóveis, como forma de aliviar os estoques das montadoras e evitar demissões, o que seria péssimo para a imagem do governo.

Para o economista da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira, o investidor, principalmente estrangeiro, fica temeroso com essas ações do governo e bate em retirada. Ele lembra que no início do ano, o capital estrangeiro veio em peso buscar oportunidades na Bovespa, onde havia muitas ações baratas depois de uma queda de 18% no Ibovespa em 2011.

- O investidor analisa essas ações do governo como ingerência. No caso do Banco do Brasil, que é um banco público, as reduções de juro, de taxa de administração de fundos, a elevação do crédito, mostram que o governo está tentando 'dirigir' a instituição. No caso da Petrobras, o governo não deixa que se reajuste o preço da gasolina ao consumidor para não gerar inflação. E a indicação de uma presidente (Graça Foster) mais próxima do governo também é interpretada como ingerência na Petrobras - analisa Clodoir Vieira.

As ações PN da Petrobras têm um peso de 8,28% no Ibovespa, um dos mais expressivos. Nos primeiros seis meses do ano, os papéis PN da empresa se desvalorizaram 6,53%, ajudando a puxar o índice para baixo. Já os papéis ON da empresa, com direito a voto, têm 5,91% de peso no índice e encerraram o semestre estáveis. Os papéis PN do Banco do Brasil, que têm peso de 3,11% no Ibovespa, tiveram queda de 13,14% no primeiro semestre.

- Embora tenha crescido pouco no primeiro semestre, a economia brasileira está relativamente melhor em comparação com a Espanha, Itália e Portugal. Não se justifica um desempenho tão ruim da Bolsa brasileira. Foi a ingerência política do governo que influenciou negativamente - diz Clodoir Vieira, da Souza Barros.

Para o economista-chefe do banco alemão WestLB, Luciano Rostagno, a ingerência do governo no Banco do Brasil, por exemplo, afeta também as ações de bancos privados.

- Eles foram obrigados a baixar juro para não perder mercado. Isso deve influenciar o resultado dessas instituições - avalia Rostagno.

Os papéis PN do Itaú Unibanco caíram cerca de 18% no primeiro semestre, enquanto as ações PN do Bradesco se desvalorizaram um pouco menos no período: 3%.

Para Rostagno, além da influência do governo em setores privados, a Bolsa brasileira também se desvalorizou expressivamente por causa da desaceleração da economia chinesa.

- A Bolsa brasileira tem ações de commodities com peso importante no Ibovespa. E a China é o maior comprador - diz o economista da WestLB.

Para o segundo semestre, a expectativa é que esse quadro ruim na Bolsa se altere.

- A expectativa é de recuperação. Na Europa, há esforços para evitar um cenário de ruptura. Na China, o governo está flexibilizando a política monetária para aumentar a oferta de crédito e estimular a economia. E o Federal Reserve, o banco central americano, também deve tomar medidas nesse sentido. No cenário doméstico, os estímulos ao crescimento econômico também devem continuar. A taxa básica de juro deve chegar a 7,5% no fim do ano, com mais duas quedas de 0,5 ponto percentual em julho e agosto. O dólar a R$ 2 deve ajudar as exportações. Se o governo não interferir mais nos setores privados, a expectativa é de melhora na Bolsa - avalia Luciano Rostagno, do WestLB.

11 de julho de 2012
João Sorima Neto - O Globo

PETROBRAS PERDE US$ 5,BI EM VALOR DE MERCADO NUM ÚNICO DIA


A Petrobras terminou o pregão de hoje valendo US$ 120,035 bilhões, segundo cálculos da consultoria Economática.

Com queda de US$ 2,574 milhões em valor de mercado, a Vale ficou em sexto lugar entre as companhias que mais perderam, seguida pelo Itaú Unibanco, que teve redução de US$ 2,572 bilhões nesta terça, e terminou em 7º lugar na lista negra.

Guilherme Barros - IstoE Dinheiro
11 de julho de 2012

"NÃO COMPARTILHO A IDÉIA DE DEMOCRACIA DE LULA"

Nos EUA, onde recebeu prêmio da Biblioteca do Congresso americano, o ex-presidente comentou o momento político atual na América Latina

O ex-presidente Fernando Henrique CardosoO ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (Paula Sholl/Agência PSDB)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou nesta terça-feira em Washington (EUA) seu sucessor no cargo, Luiz Inácio Lula da Silva, que na semana passada manifestou apoio à reeleição do venezuelano Hugo Chávez durante o Foro de São Paulo, realizado em Caracas (Venezuela). "Sua vitória será nossa vitória", afirmou Lula a Chávez em um vídeo apresentado no encerramento do encontro de partidos de esquerda.

Durante entrevista coletiva antes de receber o prêmio John W. Kluge, da Biblioteca do Congresso americano, FHC comentou a declaração de Lula: "Há muitas coisas que não compartilho com ele, incluindo sua ideia de democracia", disse. "A democracia não é apenas um voto nas urnas, é algo mais. Trata-se de atender as necessidades do povo, suas demandas", prosseguiu o ex-presidente.

FHC ressaltou que "todas os partidos e todos os cidadãos podem expressar livremente sua opinião", mas fez uma crítica indireta ao apoio de Lula ao caudilho venezuelano, que está no poder há 13 anos e busca completar outra década na Presidência. "Sou a favor da alternância política, no meu país e em todas as nações", declarou.

Paraguai – Fernando Henrique Cardoso também comentou o impeachment do ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, e a suspensão do país do Mercosul. "É uma questão delicada, porque a destituição de Fernando Lugo não viola a Constituição do Paraguai. Eu acho que a organização (Mercosul) deveria ter esperado um pouco mais antes de tomar essa decisão".

Sobre a inclusão da Venezuela no bloco econômico, decidida justamente após a suspensão do Paraguai – cujo Congresso não ratificou a adesão venezuelana –, FHC não se posicionou contra, mas disse que não faz sentido o país fazer parte do Mercosul se não concorda em aplicar a tarifa externa comum do bloco.

Prêmio – O ex-presidente foi o primeiro latino-americano a ganhar o prêmio John W. Kluge, concedido a intelectuais da área de ciências humanas e que dá 1 milhão de dólares (cerca de 2 milhões de reais) ao vencedor. Escolhido por cerca de 3.000 intelectuais, FHC foi homenageado por seu trabalho nos campos da economia, sociologia e ciências sociais.

"A análise acadêmica das estruturas sociais do governo, da economia e das relações raciais no Brasil estabeleceram a estrutura intelectual de sua liderança como presidente na transformação do Brasil de uma ditadura militar com alta inflação em uma democracia vibrante, mais democrática e com forte crescimento econômico", destacou um comunicado da Biblioteca do Congresso.

Veja Online
11 de julho de 2012

SEGUIDORES DA DUPLA LULA-DILMA FICAM COM 90% DAS EMENDAS

No limite da lei eleitoral, governo libera valor recorde de quase R$ 950 mi e privilegia aliados
A três meses das eleições municipais, o governo abriu o cofre e despejou dinheiro nas emendas de parlamentares ao Orçamento da União, escapando assim das restrições da lei eleitoral. O mapa da distribuição das verbas mostra que, na partilha do bolo, os partidos da base aliada levaram mais de 90% dos recursos empenhados, enquanto a oposição e os independentes ficaram com menos de 10%.
Em seis dias úteis de julho, foram empenhados R$ 947,2 milhões em emendas. Na maior parte, os recursos foram para emendas genéricas e de bancadas - aquelas que socorrem obras estruturantes, como a transposição do São Francisco, somando R$ 694,7 milhões. O valor ficou 10% acima de todo o mês de junho (R$ 627 milhões) e três vezes mais que o empenhado no primeiro quadrimestre, de janeiro a maio (R$ 214 milhões).
O levantamento foi feito pelo DEM no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi). Até 9 de julho, o governo já havia empenhado R$ 2 bilhões em emendas, ou 10% do total de R$ 20 bilhões prometido pelo Planalto no orçamento geral deste ano. É costume do governo prometer muita verba a cada ano e ir liberando a conta-gotas conforme a conveniência política - na aprovação de projetos de interesse ou em barganhas eleitorais, por exemplo.
Dois pesos. No varejo, a distribuição de pouco mais de R$ 150 milhões a toque de caixa para os parlamentares, ao ser analisada por partido, mostra a discriminação em favor da base aliada. A maior fatia, R$ 28,5 milhões, foi para rateio dos 99 parlamentares do PMDB - média de R$ 287 mil para cada um dos 80 deputados e 19 senadores do partido. Já o PT, que tem 86 deputados e 13 senadores, levou no total R$ 23,5 milhões, ou R$ 237,8 mil de reforço a cada um.
Já a oposição foi tratada a pão e água. O PSDB conseguiu apenas R$ 4,1 milhões (69 mil por parlamentar) e o PPS, R$ 16,7 mil - só R$ 1,8 mil para cada um. O PSOL não recebeu nada. Para a oposição, o governo despreza a República e repete práticas patrimonialistas. "É um claro abuso do poder político e econômico (do governo) na medida em que turbina recursos para sua base e influencia o resultado da eleição", disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PPS-PR).
O deputado Felipe Maia (DEM-RN) foi mais longe.
"Não é um caso comum de discriminação, é crime de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff porque ela usa a peça orçamentária para fins nitidamente eleitorais", reclamou. "Todos os governos, em maior ou menor grau, fizeram isso ao longo do tempo, mas esse ultrapassou todos os limites do fisiologismo".
Os quatro principais partidos da base (PT, PMDB, PP e PDT) abocanharam juntos R$ 84,2 milhões, enquanto os quatro da oposição (PSDB, DEM, PPS e PSOL) levaram R$ 7,6 milhões, pouco mais de 9%. Se forem acrescidas as verbas mandadas para outros aliados, como PSB, PTB, PRB e PC do B, o montante chega a R$ 120,6 milhões.
11 de julho de 2012
Vannildo Mendes - O Estado. de S. Paulo

PT QUE DEFENDE A CASSAÇÃO DE DEMÓSTENES TORRES NÃO É O MESMO QUE SE ALIOU A PAULO MALUF


Dois lados – Quem nada conhece da política brasileira e ouviu o discurso do senador Humberto Costa (PT-PE), relator do processo a que Demóstenes Torres respondeu no Conselho de Ética do Senado, por certo concluiu que o parlamentar pernambucano está coberto de razão e o Partido dos Trabalhadores é um monumento à moralidade.

Como sempre afirmamos ao longo dos quase quatro meses consumidos pelo caso, não se trata de defender o senador Demóstenes Torres, pelo contrário, mas de cobrar coerência ideológica e discursiva, pois política não se faz às pinceladas.

Braço avançado do PT no processo de cassação do senador goiano, o senador Humberto Costa enfatizou em seu discurso assuntos como mentira e atividade criminosa, como se a política fosse uma ininterrupta usina de verdades.
Ressuscitar o “Mensalão do PT” e outros tantos escândalos da era Lula seria dar aos governistas a chance de afirmar que somos implicantes. Voltar no tempo é bater na mesma tecla, que mesmo sendo uma ação necessária poderia se transformar em munição para os nossos críticos.

Humberto Costa se ateve ao fato de que o representado afirmou dias atrás, durante discurso em sua própria defesa, que mentir não configura quebra de decoro parlamentar. Em tese a afirmação de Demóstenes Torres é completamente equivocada, mas na prática parece ser plausível, se consideramos a realidade que impera nos bastidores do poder. Se mentir fosse transgressão política, Lula seria um ilustre desconhecido.

Durante décadas, o PT não poupou críticas ao ex-prefeito e agora deputado federal Paulo Salim Maluf, que historicamente tornou-se um inimigo figadal da esquerda verde-loura, a começar pelos petistas. Como Lula é dado ao despotismo e à mitomania, temas que companheiros de longa data do ex-metalúrgico confirma sem titubear, fazer uma aliança de última hora para salvar a candidatura de Fernando Haddad não foi tão difícil.

Maluf, como se sabe, mente de forma reiterada ao dizer que jamais teve conta bancária no exterior, mas as autoridades estrangeiras insistem na expropriação do dinheiro conseguido pelo ex-prefeito na esteira da corrupção, valores que serão devolvidos aos cofres oficiais brasileiros.
Estivesse Paulo Maluf falando a verdade, o então promotor de Nova York, Robert Morgenthau, não teria dedicado anos de sua irrepreensível vida profissional na caçada a Maluf, que hoje recheia a lista de procurados pela Interpol. E esse status foi conseguido, segundo as autoridades, no vácuo de atos de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, entre tantos crimes listados nos processos.

A capacidade de Lula para ludibriar a opinião pública é tamanha, que o ex-metalúrgico, sem qualquer constrangimento, se deixou fotografar ao lado do outrora desafeto, na casa do próprio ex-prefeito paulistano.
Para reforçar a ópera bufa em que se transformou a repentina parceria político-eleitoral, Lula determinou que Maluf fosse recebido no Palácio do Planalto com pompa e fidalguia, ordem devidamente cumprida pela companheira Dilma Vana Rousseff, que como contrapartida foi contemplada com um cavalheiresco beijo no dorso da mão dado pelo deputado do PP.

Pelo que se pode perceber, o PT que defende a cassação de Demóstenes Torres é um, ao passo que o PT que se atirou nos braços de Paulo Maluf é outro. Se não for crime, essa dicotomia ideológica é no mínimo uma enorme mentira, para não afirmar que se trata de desfaçatez alimentada no cocho da corrupção.

11 de julho de 2012
ucho.info

JOGA PEDRA NA GENI...

Decidida a cassação de Demóstenes, senadores usam o plenário para falso moralismo e vilipendio ao cadáver
                                                                  (Foto: Agência Brasil)

Pedra na Geni – Encerrada a sessão que despachou para Goiânia o agora cassado Demóstenes Torres, senadores retornaram ao plenário para um espetáculo pífio e deprimente.
Como se fossem incontestes arautos da moralidade, os parlamentares tomaram os microfones do plenário para uma insensata troca de loas, ato que mais pareceu um punhado de oportunistas discursando sobre o esquife que embalava o defunto.

Demóstenes Torres perdeu o mandato de senador e ficará inelegível até 2027 porque como ácido integrante da oposição não teve como negociar com os governistas a sua permanência na Casa.

Prevaleceu, sim, como noticiado anteriormente pelo ucho.info, o espírito de vingança da base aliada, que não perdeu a oportunidade de ferir de morte um dos mais críticos adversários do governo do PT.

Esses enfadonhos e repetitivos discursos, nos quais cada senador tratou de reverenciar a si próprio, foram recheados por críticas contra a mentira, como se Demóstenes Torres fosse o único a faltar com a verdade no Senado Federal.

Considerando a tese defendida pelo senador Humberto Costa, um dos algozes de Demóstenes, de que mentir é falta de decoro parlamentar, muitos senadores não poderiam sequer assumir os respectivos mandatos, pois à Câmara Alta chegam embalados pela conhecida mentira contábil que marca a prestação de contas das campanhas eleitorais.

Nenhum brasileiro deve acreditar nas prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral pela maioria dos candidatos, sejam eles vitoriosos ou não. Quando o ucho.info começou a destacar a disparidade entre os valores informados aos Tribunais Regionais Eleitorais e os reais gastos de campanha, muitos chegaram a pensar que este noticioso abrigava um bando de insanos.

A prova maior da lucidez de cada integrante do ucho.info está na previsão de gastos apresentada por cada um dos mais importantes candidatos à prefeitura de São Paulo, maior cidade do País, onde sonhar com o poder exige o desembolso de pelo menos R$ 100 milhões. Apenas para rememorar, uma campanha à presidência da República com chances de sucesso não sai por menos de US$ 300 milhões.

Destaque-se o fato de que nenhum candidato, independentemente de o Estado representado ser o menor da federação, chega ao Senado a bordo de uma campanha que custou alguns trocados. Alcançar a principal Casa legislativa do País exige dinheiro de sobra e raciocínio em doses extras, além de jogo de cintura. Do contrário, o melhor é ficar em casa contemplando a vida passar.

A exemplo de inúmeras matérias anteriores, ao ucho.info não cabe defender Demóstenes Torres, mas, sim, cobrar coerência dos seus pares de outrora, impedindo que o falso moralismo domine os discursos derramados a esmo sobre a sociedade.

11 de julho de 2012
ucho.info

ASSEMBLÉIA DE LONDRES QUER COCA-COLA E McDONALD'S FORA DAS OLIMPÍADAS


Queda de braço – A Assembleia de Lndres, Casa legislativa que acompanha e analisa as atividades do prefeito da capital britânica, recomendou na última segunda-feira (9) a exclusão da Coca-Cola e do McDonald’s do patrocínio dos Jogos Olímpicos de Londres, que começam no próximo dia 27 de julho.

Na opinião dos legisladores londrinos, os Jogos Olímpicos, evento que recebe os melhores atletas do planeta em suas modalidades, não deveriam ser utilizados indevidamente por empresas que fabricam produtos com altos índices calóricos, como refrigerantes e hambúrgueres, reconhecidamente ligados à obesidade infantil.

NA recomendação endereçada ao Comitê Olímpico Internacional (COI), a Assembleia de Londres destaca que o órgão deveria adotar critérios rígidos para a escolha dos patrocinadores, excluindo empresas como o McDonald’s e a Coca-Cola.

A possibilidade de a Coca-Cola deixar o grupo de patrocinadores dos Jogos Olímpicos é muito pequena, uma vez que a fabricante de refrigerantes patrocina evento desde 1928 (Amsterdã) e a rede de lanchonetes desde 1976 (Montreal). Fora isso, 40% da arrecadação de uma Olimpíada advém de parcerias comerciais.

A diretora-executiva do McDonald’s no Reino Unido, Jill McDonald, defendeu o “menu” da companhia. “Oferecemos uma ampla gama de alimentos. Temos wraps de frango grelhado, saladas, sucos de fruta, além de outros ingredientes que os clientes conhecem e amam”.

Jenny Jones, parlamentar do Partido Verde e autora da proposta, declarou que “Londres ganhou o direito de sediar os Jogos de 2012 com a promessa de deixar um legado de crianças mais ativas e sadias ao redor do mundo”. Por isso seria incoerente ter empresas como Coca-Cola e McDonald’s como apoiadores.

11 de julho de 2012

RICARDO TEIXEIRA E JOÃO HAVELANGE RECEBERAM MILHÕES EM PROPINA, DIZ INVESTIGAÇÃO

Segundo documentos divulgados nesta quarta-feira pela Justiça da Suíça, Ricardo Teixeira e João Havelange receberam mais de R$ 45,4 milhões em propina

PARA ONDE IR? Sem apoio da Fifa ou do governo brasileiro, Ricardo Teixeira passou a movimentar uma empresa suspeita de irregularidades  (Foto: Danilo Verpa/Folhapress )
A Fifa divulgou nesta quarta-feira (11) documentos que confirmam que o ex-presidente da entidade João Havelange e o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira receberam subornos milionários da ISL, empresa suíça que comercializou os direitos audiovisuais das competições do organismo até falir, em 2001.

A entidade divulgou documentos do processo contra a empresa em tribunal na Suíça. Os documentos revelam que que Teixeira recebeu da ISL pelo menos 12,74 milhões de francos suíços (R$ 26,4 milhões na cotação atual) entre 1992 e 1997, e Havelange, 1,5 milhão de francos suíços (R$ 3,1 milhões) em 1997. Os diferentes pagamentos contabilizados pela investigação e descobertos em contas pessoais dos dois ex-dirigentes ou de empresas vinculadas a eles chegaram a 21,9 milhões de francos suíços (R$ 45,4 milhões) entre 1992 e 2000.

A Fifa divulgou o documento horas depois que a Corte Suprema suíça sentenciou que a imprensa tem direito a acessar detalhes do caso ISL. O material não podia ser divulgado desde junho de 2010, quando o Tribunal, a Fifa e dois dos homens mais poderosos do futebol mundial chegaram a um acordo para arquivar a investigação.

saiba mais

Correndo o risco de ser expulso devido ao caso, Havelange, de 95 anos, renunciou ao posto de integrante do Comitê Olímpico Internacional em dezembro do ano passado. Por sua vez, Teixeira deixou a presidência da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa de 2014 (COL) em 12 de março deste ano. Três dias depois, deixou o Comitê Executivo da Fifa.

Nenhum dos dois, de acordo com os documentos, informou à Fifa as comissões que receberam relacionadas às atividades dentro da entidade, o que configura infração, já que houve dano ao organismo e enriquecimento dos subornados.

Em comunicado, a Fifa demonstrou satisfação pela sentença da Corte Suprema suíça. Para a entidade, a decisão confirma que seu atual presidente, Joseph Blatter, "não está envolvido no caso".
O organismo disse que a divulgação vai ao encontro da postura adotada por Blatter e por seu Comitê Executivo, que vinham, segundo a nota, pedindo a publicação desde o ano passado.

O dirigente suíço disse em 6 de dezembro de 2011 que tornaria públicos detalhes do caso, mas Havelange e Teixeira apelaram junto ao tribunal federal para evitar a publicação dos documentos.
Fundada em 1982, a ISL quebrou em maio de 2001.
A empresa de marketing esportivo chegou a ter um número de negócios com a Fifa de 2,2 bilhões de francos suíços (R$ 4,5 bilhões na cotação atual).
A falência causou o cancelamento de um Mundial de Clubes e criou uma crise interna na Fifa, colocando em risco a realização da Copa de 2002.

O caso voltou à tona em novembro de 2010, quando a rede de televisão britânica "BBC" divulgou detalhes de um documento confidencial da ISL que incluía uma lista de 175 pagamentos recebidos por funcionários de altos cargos da Fifa em troca da concessão de contratos de televisão e direitos de patrocínios durante os Mundiais disputados na década de 90.

11 de julho de 2012
ÉPOCA, Ag. EFE

UMA PARÓDIA

O BUFÃO DA AMÉRICA

Historiador diz que Hugo Chávez, presidente da Venezuela, é perigoso por ser ambicioso e imprevisível


Roberto Setton
"Se Lula tivesse sido presidente
na República Velha, o Acre seria
dos bolivianos e Santa Catarina,
dos argentinos"

O historiador Marco Antonio Villa já escreveu 21 livros, com temas que variam da Idade Média à Revolução Mexicana. Ao investir contra mitos da história nacional em suas obras e artigos, esse professor da Universidade Federal de São Carlos colecionou polêmicas e fez dezenas de inimigos. Sete anos atrás, tornou-se persona non grata no estado de Minas Gerais ao sustentar que Tiradentes foi um herói construído pelos republicanos. Mais tarde, causou comoção ao escrever que o presidente João Goulart, deposto pelos militares em 1964, preparava o próprio golpe de estado para obter a reeleição. "Os historiadores costumam ter receio de polêmicas, mas é com elas que se transforma a visão de mundo de uma sociedade", diz Villa, que tem 52 anos. Estudioso da diplomacia brasileira, ele vê com preocupação o sumiço da linha de diplomacia cunhada pelo barão do Rio Branco. "O barão profissionalizou o Itamaraty, que passou a atuar em busca dos interesses do país, e não de um governo ou partido." Em sua casa na Zona Norte de São Paulo, o historiador deu a seguinte entrevista a VEJA.

Veja – Como o senhor avalia a atual diplomacia brasileira?Villa – Nossa diplomacia se esquiva de defender os interesses nacionais na América Latina. Teima sempre em chegar a um acordo e, como não consegue, acaba cedendo aos vizinhos. Se Lula tivesse sido presidente na República Velha, o Acre seria hoje dos bolivianos e Santa Catarina, dos argentinos. Por aqui se pensa que o Brasil não pode ter interesses nacionais ou econômicos na América do Sul, uma vez que estamos em busca de uma integração regional. É um equívoco. Os interesses do Brasil não são os mesmos da Argentina. Os objetivos do Paraguai não são os do Brasil. A linguagem amena, educada, usada pelos nossos diplomatas apenas tem fortalecido os caudilhos da região, como o venezuelano Hugo Chávez e o boliviano Evo Morales, que se acham com autoridade para falar ainda mais grosso e aumentar as exigências.

Veja – A diplomacia brasileira não era assim no passado?Villa – Não. No fim do século XIX, a Argentina reivindicou o oeste do Paraná e de Santa Catarina. Não fazia o menor sentido. O presidente Prudente de Moraes, com a ajuda do barão do Rio Branco, resolveu a questão e evitou a doação da área. Não perdemos um hectare de terra. O barão sabia quais eram os interesses nacionais e os defendia. Além disso, profissionalizou o Itamaraty, que passou a coordenar uma política em nome do país, e não de um governo ou partido. Hoje, precisamos urgentemente que o barão do Rio Branco se incorpore no ministro das Relações Exteriores.

Veja – O Brasil cede sempre?Villa – Só não o fazemos quando é impossível. Em negociações recentes com a argentina Cristina Kirchner e com Evo Morales, a Petrobras recusou-se a fornecer gás para a Argentina, que vive sob ameaça de um apagão. Se cedesse, o Brasil teria um grave desabastecimento. Nos outros casos, somos sempre fregueses. O Brasil já sofreu no passado uma invasão de produtos argentinos e ninguém reclamou. Quando a situação se inverteu e a balança comercial tornou-se superavitária para o Brasil, os argentinos chiaram e conseguiram o que queriam. Com a Bolívia, aceitamos uma indenização simbólica pelas refinarias nacionalizadas, a um valor muito aquém do que foi investido pela Petrobras. Com Hugo Chávez, falamos sempre "não" na primeira hora, depois dizemos "sim". Éramos contra o Banco do Sul. Hoje somos a favor. Fazemos o oposto do que recomendava Vladimir Lenin, para quem era preciso dar um passo atrás e depois dois para a frente. A diplomacia nacional dá um para a frente e dois para trás.

Veja – Deportar turistas espanhóis é uma resposta inteligente à repatriação de brasileiros que tentavam ir para a Espanha?Villa – Foi um exagero. A política externa não é para ficar a cargo de um funcionário da Polícia Federal. As cenas dos espanhóis sendo deportados no aeroporto de Fortaleza são absurdas. Uma coisa é um turista que vai para Jericoacoara, outra é um brasileiro que, supostamente ou não, deseja trabalhar na Espanha. Quando faz diplomacia com a Europa, os Estados Unidos ou a Ásia, o Brasil tem sido muito agressivo. É como se o esforço para se afirmar como país, uma vez que não se realiza na América Latina, fosse todo desviado para os fóruns em outros continentes. Ser duro com um turista espanhol é fácil. Quero ver ser duro com Hugo Chávez.

Veja – Chávez é o grande líder da América Latina?Villa – Quando se olha o que ocorre com os mais de vinte países da região, não há dúvida disso. Com a alta do preço do petróleo, Chávez construiu uma sólida rede de alianças. Foi uma sucessão de vitórias. Tem o apoio de Cuba, Nicarágua, Equador, Bolívia, Argentina. Quem está do lado do Brasil? Ninguém. Chávez é um ator que faz um monólogo. Eventualmente alguém da platéia sobe no palco e participa. O show é dele. Ele determina o que vai ser discutido e como. Os outros só correm atrás. Os países que estão se aproximando do Brasil, como Paraguai e Peru, fazem isso apenas porque não tiveram ainda um estabelecimento de relações com a Venezuela. A história talvez comece a mudar agora. Não por obra de Lula, evidentemente, e sim de Álvaro Uribe, o presidente colombiano. Graças a ele, Chávez teve sua primeira derrota em política externa. A reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA), que colocou panos quentes na discussão que se seguiu à morte do terrorista Raúl Reyes, pode sinalizar um futuro diferente.

Veja – Por que o senhor considera que Chávez perdeu?Villa – Chávez é um caudilho e, como tal, precisa de um palanque para discursar. Quando reagiu com firmeza à morte de Raúl Reyes no Equador, ganhou um palco considerável. Só que durou pouquíssimo tempo. A solução rápida e eficaz do problema pela OEA, que estava sumida do mapa, tirou essa oportunidade dele. Chávez resignou-se porque a maioria dos países apoiou a resolução final, que condenava a invasão territorial no Equador e ao mesmo tempo acusava a presença das Farc naquele país. Uribe, ao pautar as negociações que esfriaram o conflito, mostrou que é possível dar um basta a Chávez. Sua atitude terá um impacto pedagógico até mesmo dentro da Venezuela, onde o povo tem aceitado as precárias condições internas do país ao ver que, externamente, seu presidente só obtém vitórias. Chávez teve sua primeira grande derrota no referendo constitucional. Agora, teve a segunda derrota, dessa vez em política externa.

Veja – Por que o discurso é tão importante para um caudilho?Villa – Um caudilho não vive sem a oratória. O programa dominical Aló Presidente é o que vitamina Chávez. Fidel Castro adora discursar por horas. O mexicano Antonio López de Santa Anna foi ditador várias vezes, afundou seu país e, ferido e pensando que ia morrer, ditou suas últimas palavras. Foram quinze páginas. No fim, sobreviveu com uma perna amputada, que sepultou com honras militares. A oratória é uma tradição latino-americana, que ocorre paralelamente à dissociação entre discurso e prática. Para esses homens e para as suas platéias, é como se as palavras, sozinhas, tivessem um poder de mudar a realidade. Pura bobagem. Não existe tal mágica. Lula também aposta nesse artifício. Acha que ao divulgar o programa do PAC pode transformar o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em um bairro residencial em seis meses. Para os sucessores, a herança desse tipo de comportamento é terrível.

Veja – Por que os latino-americanos possuem o vício da oratória? Villa – Em parte, há na América Latina uma forte tradição do bacharelismo. Muitos dos presidentes passaram por faculdades de direito. No Brasil, Getúlio Vargas e Jânio Quadros são exemplos. Epitácio Pessoa era chamado de "A Patativa do Norte", em referência a uma ave cantora. Fidel Castro foi advogado. O argentino Juan Domingo Perón não era, mas a maioria dos seus auxiliares, sim. Para um advogado, o que importa não é a legitimidade da causa, mas o nível de retórica do advogado para defender seu acusado. Somos muito marcados por isso.

Veja – Qual é o maior perigo de Chávez para o resto da América Latina? Villa – Ele está armando seu Exército e sua população. Compra fuzis, caças e faz acordos com o Irã. Ninguém parece levar isso a sério. A diplomacia brasileira sabe disso e vai contornando a situação. Uma hora Chávez vai invadir a Guiana. Ele reivindica quase dois terços do território desse país. Para Chávez, a Guiana é uma aventura fácil. E quem vai defendê-la? O que a Guiana conta na América do Sul? Nada.

Veja – Chávez reagiu ao ataque colombiano às Farc no Equador com um discurso em defesa da soberania nacional. Ele invadiria a Guiana?Villa – Chávez é um bufão. Ele construiu um personagem. É um militar de boina vermelha que se emociona, chora e canta em público. Em um momento é simpático. No minuto seguinte, aparece totalmente irado. O bufão é isso. Nunca se podem prever suas atitudes. Pode abraçar um crítico ou mandá-lo para a prisão. Suas atitudes não se regem pelo mundo racional. O bufão trabalha em outro universo.

Veja – Por que Chávez defende as Farc?Villa – Seu objetivo é enfraquecer Álvaro Uribe. Chávez vê de forma simplista a conjuntura latino-americana. O mundo para ele se divide de uma maneira muito primária: os que estão com ele e os que estão com os Estados Unidos. Considera que o presidente da Colômbia é um agente imperialista na América do Sul. O combate às Farc tem sido uma das mais fortes bandeiras de Uribe.

Veja – É legítimo usar grupos armados ou políticos de outros países para causar instabilidade?Villa – Há uma incompatibilidade em defender a soberania e apoiar materialmente um movimento terrorista em um país vizinho. No Brasil, tivemos uma história parecida. No governo de João Goulart, as Ligas Camponesas tinham meia dúzia de campos guerrilheiros e contavam com o apoio financeiro cubano. Quando se descobriram os campos, foi um escândalo. Vivíamos um regime democrático e o governo brasileiro manifestava-se contrário à expulsão de Cuba da OEA, enquanto Cuba violava a soberania brasileira apoiando um movimento guerrilheiro que rompia com a legalidade constitucional. A defesa da soberania só valia para os cubanos. Eu imaginava que essa prática de violação da soberania fosse página virada da história latino-americana. Ledo engano.

Veja – Chávez foi o grande pacificador do conflito entre Colômbia e Equador, como disse Lula?Villa – Não há nenhum fato que comprove isso. Os documentos que estavam no computador do guerrilheiro Raúl Reyes ainda mostram que Chávez apoiava financeiramente as Farc e também recebia ajuda dos narcoterroristas. Isso não tem nada a ver com paz. Lula não tinha por que falar isso. Diz essas asneiras porque está em um momento especial. A economia vai muito bem, o que levou Lula a entender que ganhou um salvo-conduto para reescrever a história do Brasil. Discursou homenageando Severino Cavalcanti, que renunciou quando se comprovou que ele recebia um mensalinho de 10 000 reais para deixar um restaurante funcionando na Câmara dos Deputados. Dois dias depois, defendeu sua amizade com Renan Calheiros, que teve suas contas pessoais pagas por um lobista. Quando falou de Chávez, Lula disse que ele era um ex-guerrilheiro. Lula sabe que essas coisas não são verdade. Não é ingênuo e é bem assessorado. Mas fala como se fosse um iluminado. É um líder messiânico em plena campanha eleitoral. Os professores de história devem estar arrepiados.

Veja – Qual é a importância do Foro de São Paulo na condução da política externa brasileira?Villa – O Foro de São Paulo é um clube da terceira idade. Basta ver as fotos. São senhores em idade provecta, como se dizia antigamente. São provectos também no sentido ideológico. Suas idéias pertencem ao passado. Não creio que tenham uma estratégia revolucionária para a América Latina tal como foi a Internacional Comunista. Durante o período da União Soviética, os partidos comunistas espalhados pelo mundo eram braços da política externa soviética. O Foro de São Paulo não tem esse poder. Sua maior influência se dá pela pessoa de Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, que tem grande participação no Foro.

Veja – Qual é a relevância de Marco Aurélio Garcia nas relações externas?Villa – Desde o início da República, não há registro de um assessor com tanto poder como ele. Garcia aparece nas fotos quase sempre atrás de Lula. Dá pronunciamentos em pé de igualdade com o ministro das Relações Exteriores ou o secretário-geral do Itamaraty. Marco Aurélio Garcia é considerado um grande acadêmico, um gênio, uma referência para qualquer estudo sobre relações internacionais na América Latina. Curioso é que não se conhece nenhuma nota de rodapé que ele tenha escrito sobre o tema. Fui procurar seu currículo na plataforma Lattes, do CNPq. Não há nada sobre ele. Marco Aurélio Garcia é o Pacheco das relações internacionais.

Veja – Quem é o Pacheco?Villa – É um personagem de Eça de Queiroz que aparece no livro A Correspondência de Fradique Mendes. Pacheco era um sujeito tido como brilhante. No primeiro ano de Coimbra, as pessoas achavam estranho um estudante andar pela universidade carregando grossos volumes. No segundo ano, ele começou a ficar mais calvo e se sentava na primeira carteira. Começaram a achar que ele era muito inteligente, porque fazia uma cara muito pensativa durante as aulas e, vez por outra, folheava os tais volumes. No quarto ano, Portugal todo já sabia que havia um grande talento em Coimbra. Era o Pacheco. Virou deputado, ministro e primeiro-ministro. Quando morreu, a pátria toda chorou. Os jornalistas foram estudar sua biografia e viram que ele não tinha feito nada. Era uma fraude.

Veja – Que conseqüências a política externa do Brasil pode ter no futuro?Villa – Pela primeira vez na história do país existe a possibilidade de a política externa tornar-se tema de eleição. Seria algo realmente inédito que, para acontecer, só depende de como Chávez vai agir nos próximos anos. As concessões dadas à Bolívia, os diversos acordos com Chávez e a recusa em classificar as Farc como um grupo terrorista estão provocando muita crítica dentro do Brasil e podem juntar-se em um único e potente tema central na próxima campanha presidencial.

11 de julho de 2012

OS "PROGRESSISTAS" E O JUDICIÁRIO: UMA COMÉDIA EM CINCO ATOS

Though this be madness, there is method in it. [Apesar de ser loucura, revela método.]
Shakespeare – Hamlet – Ato II, Cena II
Na semana passada vimos mais um esquete do pastelão protagonizado pelos autodenominados “blogueiros progressistas”. O roteiro é conhecido. Trata-se de um filme que vem sendo reprisado ad nauseam desde o governo Lula:

1. Jornalista é demitido de algum grande grupo de comunicação tido como adversário do Governo Federal

Podem escolher o grupo: Abril, Folha, Globo, Estado. A blogosfera progressista conta com uma extensa fauna de representantes – “escribas” tornados aspones digitais oficiais, ex-repórteres “escrevinhadores” que “viram o mundo”, ex-apresentadores do “papo furado” ou ex-colunistas apreciadores de “dinheiro vivo” – provenientes de qualquer um deles. Os motivos das demissões não costumam ser os mais nobres: um deles foi mandado embora porque tentou achacar políticos e empresários em troca de elogios na coluna que mantinha em jornal, por exemplo. Alguns nem tinham relação com a área de política até o dia em que receberam o bilhete azul e…

2. Ele cria um blog com ataques pesados contra o ex-empregador, a “mídia” em geral, ministros do STF, a oposição e administrações estaduais e municipais não alinhadas com o petismo, ao mesmo tempo em que defende o Governo Federal e seus aliados políticos

Uns começam humildes, em endereço próprio. Outros aproveitam o espaço que já possuíam (às vezes até em portais também ligados a grandes grupos de comunicação) para isso. Quanto mais virulento, ou “polêmico” e “contestador”, mais rápido ele será notado pela turminha progressista. Uma carreira extensa no que eles chamam de “PIG” também conta pontos extras. Mas, claro, ele sempre se declarará independente, isento e imparcial. Parciais e militantes são os outros. Parte deles ainda se arrisca a palpitar sobre música, cinema, artes plásticas e triviais quetais para fazer uma espécie de contraponto ao conteúdo político. Aos poucos começa a aparecer um banner de estatal aqui, um evento patrocinado pelo governo ali, até que…

3. O jornalista é contratado por outro grupo de comunicação cujo dono, quando não o próprio, seja parceiro do Governo Federal

Já inserido na “blogosfera progressista”, o próximo passo é arrumar um emprego de verdade novamente. Os mais famosinhos (afinal, eram da Globo antes, né?) e articulados acabam retomando a carreira de repórter, âncora ou apresentador na TV do bispo. Dá uma boa grana e audiência razoável, mas de vez em quando há o risco de o material “jornalístico” ser utilizado no Fala Que Eu Te Escuto. Ossos do ofício. Já os menos carismáticos acabam descolando um programa em alguma TV estatal que ninguém assiste ou uma coluna na revista semanal de atualidades que dá desconto aos militantes do PT. Apesar de oficialmente serem funções separadas, e muitas vezes conflitantes, eles invariavelmente acabam mantendo e até expandindo o espaço “independente” na internet. Eis que então…

4. Nosso herói é processado por alguma barbaridade publicada no blog

Vale tudo: chamar o alvo de racista, fazer ofensas racistas (sim, foi o MESMO blogueiro que sofreu estes 2 processos), atacar a reputação de jornalistas desafetos – enquanto acusa outros de fazerem exatamente isso quando reagem -, insinuar que o ex-patrão atuou em filmes pornográficos. Enfim, a ordem por aquelas bandas parece ser “atirar primeiro, perguntar depois” – ou não perguntar nada mesmo. Um deles até mantém orgulhoso no blog uma listagem de todas as pessoas que já o processaram. Mas não deixa de espernear quando…

5. Condenado, ele se declara vítima de alguma grande conspiração, censura, cerceamento

Com diferentes graus de desfaçatez, todos vão pelo mesmo caminho: uns, mais humildes, culpam o juiz ou fórum onde foram condenados. Outros já descrêem da Justiça em todo um estado (afinal, se a empresa X é poderosa, o judiciário local só pode ser cooptado por ela). Mas os medalhões mesmo conseguem afirmar que “o Judiciário é uma grande ameaça à democracia”, referindo-se a processos sofridos por eles mesmos, sem gaguejar ruborizar. Os mais convincentes no papel de Napoleão-de-hospício até dão de ombro para decisões judiciais – e ainda continuam recebendo dinheiro público através de gordos patrocínios.
***

Mas o Judiciário não é de todo ruim para a blogosfera progressista. Aquele blogueiro que desdenhou da Justiça descumprindo um acordo, por exemplo, anunciou que processaria dezenas de veículos e jornalistas por terem informado que o acordo tratava-se de uma condenação por ofensas racistas. Se não confiasse no Judiciário, não teria escolhido esse meio para tentar buscar punição a seus adversários, certo?

Eles também não se furtam de comemorar publicamente quando vencem alguma causa – há um caso notório de blogueiro progressista que tem o hábito de anunciar que “nunca foi derrotado” na Justiça, embora os fatos comprovem o contrário. Em certa ocasião, este mesmo blogueiro, aliás, inadimplente com o BNDES, viu sua dívida reduzida à metade em renegociação judicial. O blogueiro não honrou o compromisso, mas também não reclamou do Judiciário – aquela grande ameaça à democracia – naquela oportunidade.

Na Corte Suprema, assim como costumam difamar seus desafetos, eles também procuram adular seus preferidos. Recentemente, representados por aquele mesmo blogueiro das ofensas racistas, tentaram levar um deles a um de seus eventos. Sem sucesso, mas mesmo assim piratearam uma frase atribuída ao juiz e a exibiram em telão (foto acima).

O grande sonho dos que gritam por “liberdade de imprensa” quando processados por ofensas é ver aprovada no Brasil uma Ley de Medios aos moldes da argentina, que censure a imprensa livre e garanta aos “progressistas” a “liberdade” de seguir com suas campanhas de difamação. Para os blogueiros progressistas, juiz bom é aquele que os absolve e condena seus adversários. O problema é que o inverso costuma acontecer com frequência muito maior.

11 de julho de 2012