"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O ABORTO COMO EXPRESSÃO DA LIBERTAÇÃO DA MULHER NÃO É APENAS UMA FRAUDE MORAL,É TAMBÉM UMA MENTIRA HISTÓRICA. O ABORTO SEMPRE FOI E É CONTRA AS MULHERES

Já escrevi dezenas de textos demonstrando por que o aborto é moralmente injustificável. Neste artigo, quero desmontar algumas falácias históricas. Os que, como este escriba, são contrários à legalização, ganham referências e argumentos novos. Os que não se convencerem, quando menos, podem tentar melhorar os próprios argumentos.

Em dezembro de 2006, escrevi para a VEJA uma longa resenha, que acabou sendo publicada como “matéria especial”, do livro “The Rise of Christianity: a Sociologist Reconsiders History”, do americano Rodney Stark, hoje já traduzido: “O Crescimento do Cristianismo: Um Sociólogo Reconsidera a História”, publicado pela Editora Paulinas. Leiam-no, cristãos e não-cristãos. A íntegra do texto está aqui. Eu me lembrei de livro e resenha ao ler as declarações da nova ministra das Mulheres, Eleonora Menicucci, que considera o aborto uma espécie, assim, de libertação das mulheres, especialmente das mais pobres. Esse também foi o teor de muitos comentários que chegaram, alguns com impressionante violência. Houve até uma senhora que afirmou que eu deveria ser “executado”. Por quê? Bem, entendi que é porque não concordo com ela. Pelo visto, em nome de suas convicções, ela não se limitaria a eliminar os fetos. Nos dias de hoje, melhor ser tartaruga.

Boa parte dos que me atacaram de modo impublicável — sim, há comentários de leitores que discordam de mim — revela, na verdade, um preconceito anticristão, anticatólico em particular, que chega a assustar. Dá para ter uma idéia do que fariam se chegassem ao poder. Estão de tal sorte convictos de que a religião é um mal que chegam a revelar uma semente missionária. Se o estado pelo qual anseiam se concretizasse, aceitariam a tarefa de eliminar os “papa-hóstias” e os evangélicos em nome do progresso social. Constato, um tanto escandalizado, que a defesa incondicional do aborto, em muitos casos, é só uma das manifestações da militância anti-religiosa. Há nesses espíritos certa, como chamarei?, compulsão da desmistificação. Por que alguns fetos não poderiam pagar por isso, não é mesmo?

Mas volto àquela magnífica tese do “aborto como expressão a libertação das mulheres”. Retomo parte daquela resenha para que se desnude uma mentira. Vamos a um breve passeio pelos primeiros séculos do cristianismo para que possamos voltar aos dias de hoje.

Em seu magnífico livro, Stark, que é professor de sociologia e religião comparada da Universidade de Washington, lembra que, por volta do ano 200, havia em Roma 131 homens para cada 100 mulheres e 140 para cada 100 na Itália, Ásia Menor e África. O infanticídio de meninas — porque meninas — e de meninos com deficiências era “moralmente aceitável e praticado em todas as classes”. Cristo e o cristianismo santificaram o corpo, fizeram-no bendito, porque morada da alma, cuja imortalidade já havia sido declarada pelos gregos. Cristo inventou o ser humano intransitivo, que não depende de nenhuma condição ou qualidade para integrar a irmandade universal. CRISTO INVENTOU A NOÇÃO QUE TEMOS DE HUMANIDADE! As mulheres, por razões até muito práticas, gostaram.

No casamento cristão, que é indissolúvel, as obrigações do marido, observa Stark, não são menores do que as das mulheres. A unidade da família era garantida com a proibição do divórcio, do incesto, da infidelidade conjugal, da poligamia e do aborto, a principal causa, então, da morte de mulheres em idade fértil. A pauta do feminismo radical se volta hoje contra as interdições cristãs que ajudaram a formar a família, a propagar a fé e a proteger as mulheres da morte e da sujeição. Quando Constantino assina o Édito de Milão, a religião dos doze apóstolos já somava 6 milhões de pessoas.

Se as mulheres, especialmente as mulheres pobres, foram o grande esteio do cristianismo primitivo, Stark demonstra ser equivocada a tese de que aquela era uma religião apenas dos humildes. O “cristianismo proletário” serve ao proselitismo, mas não à verdade. A nova doutrina logo ganhou adeptos entre as classes educadas também. Provam-no os primeiros textos escritos por cristãos, com claro domínio da especulação filosófica. Mas não só. Se o cristianismo era uma religião talhada para os escravos — “os pobres rezarão enquanto os ricos se divertem” (em inglês, dá um bom trocadilho: “the poor will pray while the rich play“) —, Stark demonstra que o novo credo trazia uma resposta à grande questão filosófica posta até então: a vitória sobre a morte.

Nos primeiros séculos do cristianismo, a fé se espalhou nas cidades — não foi uma “religião de pastores”. Um caso ilustra bem o motivo. Entre 165 e 180, a peste mata, no curso de quinze anos, praticamente um terço da população do Império Romano, incluindo o imperador Marco Aurélio — o filme Gladiador mente ao acusar seu filho e sucessor, Cômodo, de tê-lo assassinado. Outra epidemia, em 251, provavelmente de sarampo, também mata às pencas. Segundo Stark, amor ao próximo, misericórdia e compaixão fizeram com que a taxa de sobrevivência entre os cristãos fosse maior do que entre os pagãos. Mais: acreditavam no dogma da Cruz e, pois, na redenção que sucede ao sofrimento. O ambiente miserável das cidades, de fato, contribuía para a pregação da fraternidade universal: os cristãos são os inventores da rede de solidariedade social, especialmente quando começaram a contar com a ajuda de adeptos endinheirados e, nas palavras de Stark, “revitalizaram a vida nas cidades greco-romanas”. Os cristãos inventaram as ONGs - as sérias.

Falácias
Não, grandes bocós!!! O cristianismo, na origem, é a religião da inclusão, da solidariedade e da vida. E A INTERDIÇÃO AO ABORTO — VÁ ESTUDAR, DONA ELEONORA!!! — CONFERIU DIGNIDADE À MULHER E PROTEGEU-A DA HUMILHAÇÃO E DA MORTE, bem como todos os outros valores que constituem algumas das noções de família que vigoram ainda hoje. Isso a que os cretinos chamam “família burguesa” é, na verdade, na origem, a família cristã, muito antes do desenvolvimento do capitalismo. O cristianismo se expandiu, ora vejam, como uma das formas de proteção às mulheres e às crianças.

Qualquer estudioso sério e dedicado sabe que não é exatamente a pobreza que joga as crianças nas ruas — ou haveria um exercito delas perambulando por aí. Se considerarmos o número de pobres no Brasil, há poucas. O que lança as crianças às várias formas de abandono — inclusive o abandono dos ricos, que existe — é a família desestruturada, que perdeu a noção de valores. Não precisamos matar as nossas crianças. Precisamos, isto sim, é cultivar valores para fazer pais e mães responsáveis.

Morticínio de mulheres
Vi há coisa de dois dias uma reportagem na TV sobre a dificuldade dos chineses de arrumar uma mulher para casar. Alguns pagam até R$ 19 mil por uma noiva. É uma decorrência da rígida política chinesa de controle da natalidade, que impõe dificuldades aos casais que têm mais de um filho. Por razões culturais, que acabam sendo econômicas, os casais optam, então, por um menino e praticam o chamado aborto seletivo: “É menina? Então tira!” Nesse particular, a China é certamente o paraíso de algumas das nossas feministas e de muitos dos nossos engenheiros sociais, não é? A prática a que se chama “libertação” por aqui serve para… matar mulheres! Repete-se, assim, o padrão vigente no mundo helênico. Não dispondo da ultrassonografia, muitas meninas eram simplesmente eliminadas ao nascer. E se fazia o mesmo com os deficientes. A China moderna repete as mesmíssimas brutalidades combatidas pelo cristianismo primitivo — com a diferença de que tem como perscrutar o ventre.

Os abortistas fazem de tudo para ignorar o assunto. Mas é certo que, nos países que legalizaram o aborto, o expediente é empregado para eliminar os deficientes e, sim, para impedir o nascimento de meninas, ainda hoje consideradas economicamente menos viáveis do que os meninos. Ainda que isso fosse verdade apenas na China — não é —, já estaríamos falando de um quarto da humanidade.

Que zorra de humanismo vigarista é esse que estabelece as precondições para que uma vida humana possa ser considerada “intocável”? Se não querem ver no corpo humano a morada de Deus, a exemplo dos cristãos, que o considerem, ao menos, a morada do “Homem”.

09/02/2012
Por Reinaldo Azevedo

FRYDERIKA, A NAMORADA DE HITLER

FRYDERIKA, A NAMORADA DE HITLER, QUE VIVEU EM S. FRANCISCO DO SUL, EM SANTA CATARINA.


Fryderika em S. Francisco do Sul, em 1978, aos 86 anos de idade

Depois de trabalhar durante quase 20 anos como repórter da revista O Cruzeiro, no Rio de Janeiro, o jornalista catarinense Rogério Martorano, retornou a Santa Catarina em 1977, quando foi dirigir a assessoria de imprensa de Luiz Henrique da Silveira, durante seu primeiro mandato como prefeito de Joinville. Mesmo longe daquela que foi uma agitada redação nos anos 50 e 60 do século passado, Rogério Martorano continuaria ainda como correspondente da revista nessa sua fase derradeira. Com a morte de Assis Chateaubriand, o fundador dos Diários Associados, que editava O Cruzeiro, esse conglomerado de veículos de comunicação experimentou um baque, embora sobreviva até hoje na forma de um condomínio de acionistas editando, ainda, veículos importantes como os jornais Correio Braziliense e o Estado de Minas. Falo sobre isso num post dos mês passado intitulado "Rogério Martorano: o homem que colocou Santa Catarina no mapa do Brasil", que conta como um detalhe da histórica Reovolução de 30, construiria anos mais tarde a carreira jornalística de Rogério Martorano no Rio de Janeiro.
Rogério tinha se especializado em matérias especiais e se dedicava a garimpar aqueles fatos de importância nacional e internacional. Mantendo sempre um ótimo relacionamento com as pessoas - o que cultiva com desvê-lo até hoje - muitas dessas pautas que geraram reportagens especiais lhe eram sopradas ao pé do ouvido. Foi o que aconteceu quando soube que em São Francisco do Sul, a 40 quilômetros de Joinville vivia discretamente, aos 86 anos de idade, Fryderika Michailiszm, que na juventude em Viena, na Áustria, tinha sido a namorada daquele que anos mais tarde viria a ser o famigerado assassino antissemita Adolf Hitler. Fryderika viveu em santa Catarina até a sua morte, exercendo o trabalho de parteira.
Rogério Martorano foi a São Francisco do Sul entrevistar Fryderika, o que rendeu uma reportagem de quatro páginas em O Cruzeiro, com ampla repercussão internacional. A matéria foi publicada na edição nº 2428, no ano de 1978, que transcrevo na íntegra. Acompanhou Rogério o fotógrafo Phelippe José. Mantenho o texto desta reportagem publicada em 1978, sem alteração, com observações apenas sobre algumas datas. Leiam:

Fryderika, aos 30 anos.

Quase diariamente o moço alto, de rosto pálido (ela o achava bonityo), inteligente e amável, passava defronte de sua casa na Rua Leczakoska, no centro de Viena.
Fryderka era uma garota de pouco mais de 16 anos, feições meigas, estudante.
Com o tempo fizeram amizade e, apesar da timidez do rapaz, que tinha na época dois anos mais do que ela, algumas manhãs, quando ia para a escola, às 8 horas, costuma parar ao lado da igreja de Santo Antônio para conversar com ele.
- Eu gostava dele - diz Fryderica Michailiszm, que tem hoje 86 anos ( na época desta reportagem em 1978) - sempre foi muito cordial comigo. Era um rapaz pessimista.
Costumava se queixar da vida e da espécie de trabalho que fazia. Tinha planos de abandonar a vida mesquinha e sufocante de Viena e ir servir o exército na Alemanha.
Fryderika interrompe a narração, por um momento fica distante. Aos poucos liga novas palavras, recordações:
- Ele também morava na Rua Leczakoska e nessa época trabalhava como pintor. Lembro-me que um dia passou de bicicleta, levava latas de tinhas, pincéis e uma grande escada nas costas. Parou para falar comigo e disse que ia pintar uma casa perto da rua onde morávamos. Queixou-se muito daquele trabalho e repetiu mais uma vez que sua vontade era largar tudo e ir para a Alemanha.

Hitler antes de se tornar o Führer

JOVEM MISTIFICADOR

Fryderika fala com naturalidade sobre o amigo. Chama-o de Adolfo, outras vezes simplesmente de Hitler. A amizade de Hitler com a menina da Rua Leczakoska prolongou-se por mais de três anos. Todas as datas coincidem, apenas os historiadores não dizem que Hitler morou nessa rua. As contradições desse período, porém, originam-se do fato de Hitler esconder suas inúmeras moradias e a maneira como vivia em Viena.
Sua reprovação na Escola de Belas-Artes de Schllerplatz, em outubro de 1907, e a recusa de inscrição em 1908, porque os trabalhos que apresentou não satisfaziam às condições exigidas pela escola, criaram nele complexos profundos.
Diz Joachim Fest (um dos principais biógrafos de Hitler): "Humilhado e visivelmente constrangido, passou a fugir da companhia de semelhantes. Casada e morando em Viena, sua irmã consanguínea, Ângela, deixou de ter notícias suas. Seu tutor não recebeu dele senão um breve cartão postal. E, ao mesmo tempo, a amizade com Kubizek foi bruscamente interrompida. Adolf aproveitou uma ocasião em que August (kubizek) se afastara temporariamente de Viena para deixar de vez o quarto onde moravam, sem um bilhete de despedida e desaparecer então na obscuridade dos abrigos para indigentes e albergues...".
Durante o período de 1908 até alguns meses de 1912, enquanto durou a amizade entre os dois jovens, Hitler tornou-se um mistificador e mentiroso, ocultando até dos companheiros de quarto suas atividades, a reprovação na escola de Belas Artes e o dinheiro que recebia de Linz, sua cidade natal, proveniente da herança do pai, o que herdou da mãe e a pensão de órfão, cerca de cem coroas por mês, equivalmente ao ordenado de um assessor jurídico na época, segundo Fest.
Nesse período, "moço bonito e cordial"fugia do serviço militars de Linz, de seus fracassos como estudante e do trabalho. Tinha sonhos quase alucinantes de grandeza, de domínio e embebedava-se na música de Richard Wagner, no pangermanismo, no darwinismo social, nas ideias segregacionistas e no anti-semitismo que o levou à violência nos anos 30 do século XX.
Nos últimos dois anos de vida em Viena, todos os histortiadores informam que Hitler realmente estava na miséria e sua exasperação contra os judeus, comunistas e as "raças inferiores" eera muito acentuada.

A SURPRESA DE FRYDERIKA

Dona Fryderika só ouviria falar novamente de Hitler quando morava em Porto Alegre: "Um dia vi o retrato dele em um jornal. Estranhei, pois não imaginava que tivesse subido tanto na vida. A foto mostrava um homem já diferente, fardado, de bigodinho. Lembrei-me de suas reclamações e cheguei a ficar contente em saber que os seus grandiosos sonhos tinham sido realizados.
Quanto vim morar em São Francisco do Sul, Santa Catarina, quando começou a guerra de 1939 (Segunda Geurra Mundial), ouvia seu nome quase todos os dias no rádio, mas todo mundo falava mal dele e eu não podia acreditar que tivesse mudado tanto. E ficava calada, pois ninguém entenderia o que se passava comigo."
Fryderica Michaeiliszm nasceu em 1890, dois anos depois do ditador nazista. É natural de Lembert, na Polônia.
Atualmente ( na época desta reportagem, em 1978) reside na cidade de hiwtórica de São Francisco do Sul, 40 quilômetros distante de Joinville (SC). Aos 10 anos de idade foi morar em Viena, Áustria, onde permaneceu oito anos. Veio para o Brasil depois da Primeira Grande Guerra (1914-18), como muita gente, "porque todo mundo dizia que logo ia começar outra guerra na Europa, maior do que a que acabara."Casou-se em São Paulo com o polonês Henrique Andre Michailiszm, natural de Dantzing. Seu pai eera o conde Hendrich von Ritter e sua mãe a condessa Maria Kowalska Fryderika.
Chegou ao Brasil em commpanhia da mãe. O conde Hendrich, que era tenente em Lembert, morrera na Polônia.
No Brasil, residiu em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Em São Francisco do Sul exerceu a profissão e parteira.
'Eu já botei cerca de 8 mil crianças no mundo. Já trouxe ao mundo alguns homens famosos de Santa Catarina, médicos, advogados, políticos.
Ela confirma um ppormenor conhecido, citado por alguns historiadores: o ódio de Hitler contra os judeus tinha origem na suposta perseguição que estes moveram contra ele e que resultou na rejeição de seu nome na Escola de Belas-Artes. "Ele não podia esquecer isso"- diz Fryderika.
Puxando pela memória e com a voz fraca ela diz que "esses fatos se passaram quando eu tinha de 13 a 14 anos de idade e Hitler 18". Na realidade ela deveria estar com 16 para 17 anos, quando conheceu aquele 'moço bonito". Vários fatos coindicem com o tipo de vida quer levava Hitler em Viena, e com as referências emocionais da menina-moça, namoradinha platônica do pintor que incendiaria o mundo.

JANIRA, A VIVANDEIRA DO PSOL

Janira faz hoje o que Jaques Wagner fez em 1991 e 2001; o Brasil precisa de uma Lei Antiterror para punir os dois

No post abaixo, vocês lêem trecho da entrevista da deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ), que claramente insufla a greve das polícias militares. Num dado momento, ela delira, sonhando, quem sabe?, com a revolução: “Se num ensaio de mobilização que agora aconteceu, houve uma crise institucional, imagine se houvesse organização”. Ela quer a organização, que fique muito claro. Logo…

Ainda são, sim, obscuras as circunstâncias em que essas gravações foram feitas e divulgadas. No bojo de qual investigação da Polícia Federal? Quem estava sendo investigado? Qual era a operação? Janira é uma parlamentar. É preciso que fique claro que não era ela a monitorada. Ou a coisa muda de patamar: de um Estado que assiste a greve de policiais para um Estado policial. Dito isso, sigamos.

A irresponsabilidade da deputada Janira é assustadora, mas explicável. Afinal, ela é do PSOL, não é? Os militantes desse partido investem no “quanto pior, melhor” onde quer que estejam, especialmente nas universidades. No Rio, o partido tem um bom garoto- propaganda: o também deputado estadual Marcelo Freixo. Leva adiante um combate meritório contra as milícias e os desmandos da polícia, o que não quer dizer que não diga uma porção de bobagens. Mas virou o queridinho de atores descolados da Globo — que acabam, em último caso, fazendo campanha para o PSOL. E o PSOL faz isso que a gente vê.

- A greve da PM da Bahia não é contra Jaques Wagner, por mais irresponsável que ele tenha sido (e foi!!!). É contra o povo baiano.

- Uma greve da PM do Rio não seria contra o faroleiro Sérgio Cabral, mas contra o povo fluminense. E o mesmo se diga sobre os outros sete estados em avançado estágio de mobilização.

Mas e daí? Dona Janira, a “Vivandeira dos Vermelhos”, não está nem aí. Que importa que tenham morrido quase 150 pessoas em nove dias na Grande Salvador? Que importa que o mesmo pudesse acontecer no Rio? Ela está naquela categoria que considera que isso será sempre culpa dos outros ou dano colateral.

Eu sou favorável a que se façam duas coisas: a) que se apurem com rigor as circunstâncias, sim, da gravação feita pela Polícia Federal e de sua divulgação; é uma questão que interessa ao estado de direito; b) que esta senhora seja, ao menos, denunciada ao Conselho de Ética da Assembléia. O que ela fez não tem desculpa! Precisa ter o mandato cassado. É, por enquanto, o que dá para fazer.

Lei antiterrorismo

Que fique claro: isso que fez a tal Janira no Rio não é muito diferente do que fizeram os parlamentares do PT em São Paulo. Se insuflaram a greve da Polícia Civil em 2008, participando mesmo de sua organização, como a psolista, isso não sei porque não há gravações. Que tenham apoiado a greve de servidores armados, isso é um fato. Já mostrei aqui que a CUT, braço sindical do PT, emprestou total solidariedade ao movimento. Mais: Janira repete, com um pouco mais de comprometimento, o comportamento do então deputado Jaques Wagner em 1991 e 2001. O deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), que ontem lotou um avião da FAB para dar apoio ao governador, fez o mesmo há 11 anos. Agora candidato à Prefeitura de Salvador, virou um legalista.

O Brasil precisa, isto sim, de uma Lei Antiterrorismo, que só não é votada porque os petistas, associados a esquerdistas menores, não deixam. Precisa da lei para se proteger de ameaças externas e internas. O país já prendeu terroristas com notórias ligações com a Al Qaeda e teve de soltá-los. Já escrevi a respeito algumas vezes. Ora, por mais irresponsáveis que Lula, Dilma e Wagner tenham sido — E FORAM —, é inadmissível que milhões de pessoas sejam feitas REFÉNS — e a palavra é essa— de homens armados. Foi o Estado que lhes botou uma arma na cintura. Antes disso: foram eles que se apresentaram para essa função, conhecendo todos os riscos e dificuldades. Não vivemos numa sociedade de castas profissionais. Ninguém nasce policial; as pessoas se tornam policiais por vontade.

Isso quer dizer que devam ser impedidas de reivindicar? Claro que não! Mas há limites. E O LIMITE QUE NÃO PODE SER ATINGIDO, MUITO MENOS ULTRAPASSADO, É AMEAÇAR A PAZ DAQUELES QUE JURARAM PROTEGER. O que é que há? É evidente que militares não podem fazer greve e não é menos evidente que as leis que temos são insuficientes para coibi-las. Mas não adianta! A companheirada não quer saber de lei antiterror, não! Até porque ela atingiria alguns de seus caros aliados. Há táticas de ação do MST, por exemplo, que facilmente se enquadrariam num texto minimamente decente a respeito.

Concluindo


O atual movimento das Polícias Militares, reitero, tem uma origem: Medida Provisória 426, assinada pelo Apedeuta (aquela sobre os vencimentos da PM do Distrito Federal) e PEC 300, de Arnaldo Faria de Sá. Ganhou impulso com a campanha eleitoral de Dilma Rousseff, que passou a acusar abertamente o adversário José Serra de ser contra a proposta, sugerindo que era a favor. Eleita, passou a sabotá-la. Tudo isso se deu num caldo de cultura de estímulo — de petistas e esquerdistas associados — à movimentação sindical de policiais militares. E chegamos ao ponto de hoje: forças armadas e sindicalizadas sem uma legislação que responde ao risco.

Tumo somado, mais uma obra da companheirada.

09 de fevereiro de 2012
Por Reinaldo Azevedo

A ERA DO OPORTUNISMO

As últimas semanas trazem acontecimentos reveladores de um aspecto peculiar da “luta política” no Brasil, como a entendem o PT e o governo que ele lidera. Poderia ser resumido em dois conceitos: o relativismo como ideologia e a tática de recolher dividendos políticos sem se envolver diretamente, tirando, como se diz, a castanha do fogo com a mão do gato.

A moral da fábula do macaco esperto, que, faminto, mandava o bichano recolher as castanhas das brasas, esteve visível nos sucessivos movimentos na USP. A chamada extrema esquerda desencadeou ações violentas, e o petismo saiu a criticar a “falta de diálogo” e a “falta de democracia”, que supostamente estariam na raiz dos distúrbios.

De olho no voto moderado, o PT não quer para si os ônus do radicalismo ultraminoritário, mas pretende sempre recolher os bônus de apresentar-se como a solução ideal para evitar essa modalidade de movimento político. Como se, em algum lugar do mundo ou momento da história, o extremismo, de direita ou de esquerda, tivesse sido contido apenas com diálogo e negociação. É um discurso conveniente, pois se apresenta como alternativa “racional” de poder. Uma vez lá, os tais movimentos serão cooptados na base da fisiologia e, se necessário, da repressão. Os críticos exigirão “coerência”, e o partido fará ouvidos moucos.

Mas a vida é mais complicada do que esses esquemas espertos. À medida que vai acumulando força, o PT precisa lidar com desafios concretos, e aí surge a utilidade do relativismo. Querem um exemplo? Quando um governante adversário cuida de garantir o cumprimento da lei e de manter a ordem pública, o aparato de comunicação sustentado com verbas públicas sai a campo para denunciá-lo, atacá-lo, desgastá-lo a qualquer custo. Quando, no entanto, esse governante é do PT ou aliado próximo, a posição inverte-se.

Se o adversário cumpre a lei, é acusado de “criminalizar os movimentos sociais”; quando um deles cumpre a mesma lei, então são eles a criminalizar. Assim, os PMs em greve na Bahia governada pelo PT são chamados de “bandidos”. Cadê o exercício do entendimento, a tolerância? Em São Paulo, em 2008, o PT ajudou na organização de uma marcha de policiais civis grevistas em direção ao Palácio dos Bandeirantes — marcha que, felizmente, não atingiu os objetivos sangrentos almejados.

Em estados governados pelo petismo e aliados, são rotineiras as reintegrações de posse, mas quando precisa acontecer em São Paulo, por exemplo, a mando da Justiça e sempre sob a sua supervisão, o PT – e eis de novo a história das castanhas – cavalga o extremismo alheio para denunciar inexistentes violações sistemáticas dos direitos humanos. Nunca ofereceu uma possível solução ao problema social específico, mas apresenta-se incontinenti quando sente a possibilidade de sangue humano ser vertido e transformado em ativo político.

Vivemos uma era em que o oportunismo político do PT acabou ganhando o status de virtude. Perde-se qualquer referência universal ou moral de certo e errado, e essa separação é substituída por outra. Se é o partido quem faz, tudo será sempre correto — os fins justificam os meios, seja lá quais forem esses fins. Se é o adversário, tudo estará sempre errado, pois suas intenções sempre seriam viciosas. A política torna-se definitivamente amoral.

É uma lógica que acaba derivando para o cômico em algumas situações. No atual governo, os ministros foram divididos em duas classes. Alguns são blindados, podem dar de ombros quando são alvos de acusações; outros são lançados ao mar sem muita cerimônia. Quando é do PT, especialmente se for do grupo próximo, a proteção é altíssima. Mas, se tiver a sorte menor de ser apenas um “aliado” — conceito que embute a possibilidade de se tornar futuramente um adversário —, logo aparecem os vazamentos dando conta de que “o Palácio” mandou o infeliz explicar-se no Congresso, a senha para informar aos leões que há carne fresca na arena.

Essa amoralidade essencial estende-se às políticas públicas. Em 2007, quando governador de São Paulo, aflito com o congestionamento aeroportuário, propus ao presidente Lula e sua equipe a concessão à iniciativa privada de Viracopos, cujo potencial de expansão é imenso. Nada aconteceu. Na campanha eleitoral de 2010, a proposta de concessões foi satanizada. Pois o novo governo petista adotou-a em seguida! Perdemos cinco anos! E adotou-a privatizando também o capital estatal: o governo torna-se sócio minoritário (49% das ações) e oferece crédito subsidiado (pelos contribuintes, é lógico) do BNDES. Tudo o que era pra lá de execrado passou a ser “pragmatismo”, “privatização de esquerda”.

O ridículo comparece também à internet, onde a tropa de choque remunerada, direta ou indiretamente, com dinheiro público e treinada para atacar a reputação alheia desperta ou se recolhe em ordem unida, não conforme o tema, mas segundo os atores. São os indignados profissionais e seletivos. Como aquelas antigas claques de auditório, seguindo disciplinadamente as placas que alternam “aplaudir”, “silenciar” e “vaiar”.

Vivemos tempos complicados, um tanto obscuros, algo assim como “se Deus está morto tudo é permitido” — e chamam de “pragmatismo” o oportunismo deslavado. A oposição, a despeito de notáveis destaques individuais, confunde-se no jogo, dado o seu modesto tamanho, mas também porque alguns são sensíveis aos eventuais salamaleques e piscadelas dos donos do poder. Um adesismo travestido de “sabedoria”. A política real vai se reduzindo a expedientes necessários à manutenção do poder e à mitigação do apetite dos aliados. A conservação do statu quo supõe uma oposição não mais do que administrativa e burocrática. Parece que a nova clivagem da vida pública é esta: estar ou não na base aliada, de sorte que a política se definiria entre os que são governo e os que um dia serão.

Não sou o único que pensa assim, mas sou um deles: política também se faz com princípios, programa e coerência. E disso não se pode abrir mão, no poder ou fora dele.

josé serra
Estadão, 09/02/2012.

BRASIL: UM PAÍS RICO COM UM POVO MUITO POBRE

PT trata os potenciais aliados Kassab e Fruet como “cães tolerados pela gerência”. Ou: Aqui está a razão de o Brasil ser um país rico com um povo ainda muito pobre

Vejam o post abaixo, em que petistas batem a cabeça por causa da eventual aliança com Gilberto Kassab, do PSD. Ali vai resumida uma boa parte dos desacertos do Brasil.

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) era o que se pode chamar de “candidata natural” do PT ao cargo. O que é um “candidato natural”? É aquele que representa a vontade da maioria do partido na esfera da disputa (nacional, estadual ou federal), que tem uma aceitação ao menos razoável do eleitorado (era o caso) e que tem experiência para o cargo (e Marta tem, o que não quer dizer gostar de suas opções). Minha simpatia por ela é negativa, abaixo de zero. Mas era a candidata natural. Ponto.

Veio Lula e deu o dedaço: “Será Haddad”. Como o nome da “democracia interna” do PT é Lula, o candidato é o ex-ministro da Educação.

Os petistas, vocês sabem, são treinados para infernizar a vida dos adversários e para sabotar mesmo a sua administração. Mas também têm experiência em engolir brasa. Marta engoliu mais ou menos.
Há dias, escreveu um artigo na Folha, um pouco em martês, um pouco em psicologês, sobre o ressentimento e a necessidade de superá-lo… Entendi. Ela ainda não superou.

Os petistas plantaram na imprensa que ela ainda não entrou na campanha, uma forma de tornar público o descontentamento com a sua atuação. Depois de esmagada por Lula, que foi lhe minando os apoios, querem-na agora disciplinada, fazendo campanha para aquele que tentou roubar dela até os CEUs — Haddad anda sugerindo que foi ele quem viabilizou a idéia.
Até quando petista bate a carteira de petista trata-se de bateção de carteira, né? Eles não têm limites, todos sabem.

Muito bem! Uma ala considerável da direção do PT, a começar de Lula, quer a aliança com Gilberto Kassab. Todos os envolvidos nessa conversa devem saber por quê.
Marta, pelo visto, considera difícil a composição. Compreendem-se com clareza os motivos objetivos: na esfera municipal, foram ela e sua turma que comandaram a operação de desgaste da gestão Kassab. Como justificar a aliança?
Terão de subir no mesmo palanque, não? Atenção! Eu estou entre aqueles que acham a gestão de Kassab muito melhor do que a opinião que se consolidou a respeito dela, mas eu não sou petista, certo?

À sua maneira, nesse imbróglio, certamente discordando da opinião que Marta tem da administração de Kassab, ela me parece aquela que conserva ainda alguma coerência. Considero a aproximação de Kassab com o PT uma mudança de rumo, de lado ou o que quiserem. Não foi o eleitorado petista que lhe deu o mandato da maior cidade do país. Ao contrário: este o queria longe da Prefeitura. E os petistas lhe deram combate duro ao longo de seis anos.

Vejam o que diz o Jilmar Tatto, ex-secretário de Marta e novo líder da Câmara, agora discordando da antiga chefe:

“Se o Kassab fizer uma autocrítica, não vejo problema na aliança. Acho um pressuposto muito ruim a idéia de recusar apoio”.

ENTENDERAM? SEGUNDO TATTO, OS PETISTAS NÃO PRECISAM EXPLICAR A ALIANÇA COM KASSAB. É KASSAB QUEM TEM DE PEDIR DESCULPAS POR SEU PASSADO, CONFESSAR QUE ANDOU ERRADO, QUE ESTAVA NO MAU CAMINHO E QUE AGORA DESCOBRIU A VEREDA DA VIRTUDE.
Segundo Tatto, Kassab pode se juntar àquela gente boa do PT desde que renegue a sua história. Aí, então, ele passa a ser defendido pelo partido. Que tal este texto: “Serra nunca foi meu pastor. Meu pastor é Lula!” Não foi, então, assim que o petismo passou a abraçar notórios inimigos? Já postei aqui dois vídeos com dois Lulas: um em que o Apedeuta trata Roseana Sarney e seu pai aos pontapés e outro em que a cobre de elogios, transformando-a em heroína.

Para os petistas, em suma, o único defeito que um político pode ter é não se subordinar ao petismo. Não é por acaso que Lula seja aliado hoje de Fernando Collor e do próprio Sarney, mas continue a hostilizar FHC. Certamente não é o critério moral que conta, certo?

Caso a aliança saia mesmo, não vejo a hora de ouvir Kassab fazendo seu ato de contrição e seu batismo de fogo, sendo considerado, então, um neoconvertido. Vamos ver as más companhias do passado que ele terá de conjurar e com quem estará de braços dados. O ato poderia ocorrer naquela região de São Paulo chamada Tattolândia. Ou naquele terreno que vai abrigar o “Memorial da Democracia”…

Finalmente, Fruet
A indignidade petista é de tal sorte que o deputado André Vargas (PT-PR) defendeu assim, para a banda paulistana do partido, a união do seu partido com o atual prefeito:
“É isso mesmo. Em Curitiba, nós fazemos aliança com Fruet e, em São Paulo, vocês aceitam Kassab”.
Vamos ver se deixo claro por que é um procedimento nojento. Fruet é um ex-tucano. Desentendeu-se com o grupo do governador Beto Richa e deixou o partido, migrando para PDT, que pertence à base do governo.
Disputará a Prefeitura de Curitiba com o apoio petista. O que Vargas quer dizer é o seguinte:
“Eu sei que vocês, petistas paulistanos, desprezam Kassab; nós também desprezamos Fruet. Mas, assim como vamos apoiá-lo aqui, aceitem o apoio do outro lá. Afinal, o nosso único interesse é derrotar tucanos. E, para isso, vale tudo”.

Atenção! Eu não acho que a aliança de Kassab ou Fruet com o PT conspurque a moralidade petista porque penso que aliança nenhuma seria capaz de fazê-lo. Se alguém pode ter a honra manchada aí, certamente não serão os petistas, se é que me entendem…

Ocorre que os próprios petistas tratam os possíveis aliados como uma gente nojenta, que se tolera por questões meramente táticas, cuja presença incomoda, ainda que possa ser eventualmente necessária. Se curitibano, eu jamais votaria em Fruet, mesmo não tendo, até agora, nada contra ele. Ao contrário: sempre me pareceu um parlamentar correto. Se vai se juntar com petistas, bem, isso significa admitir um método — método que rejeito absolutamente. Se ele e Kassab não se importam em ser tratados pelos petistas como “cães tolerados pela gerência”, para usar uma imagem de Fernando Pessoa, não serei eu a me importar por eles; que se vierem com sua própria reputação.

Logo, não escrevo este texto para que ambos mudem idéia. Sigam firmes no seu propósito, e que o eleitorado lhes seja leve. Eu escrevo este texto para evidenciar que esse tipo de procedimento, de todos os envolvidos nessa mistura, é o melhor retrato dos desacertos do Brasil. Isso explica em boa parte por que, com efeito, temos um país rico com um povo ainda muito pobre.

Eis a política vivendo o seu estado de miséria.

09 fevereiro de 2012
Por Reinaldo Azevedo

O QUE HÁ DE MAIS NEFASTO!

Marta diz que só entra em campanha de Haddad depois de PT decidir se estará ou não unido a Kassab

Leiam o que vai abaixo. Se preciso, façam-no de nariz tapado. Recende aos piores hábitos da política brasileira e ao que pode haver de mais nefasto. Comento no próximo post. (Reinaldo Azevedo)

Por Vera Rosa, no Estadão Online

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) considera um ‘pesadelo’ a possibilidade de aliança, em São Paulo, entre o candidato petista Fernando Haddad, e o PSD do prefeito Gilberto Kassab (PSD). Marta desistiu da disputa em São Paulo, a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas até agora não entrou na campanha de Haddad. “Eu tenho o direito de não mergulhar de cabeça e aguardar a decisão do meu partido sobre a aliança. Preciso ser muito cuidadosa, porque senão corro o risco de acordar num palanque de mãos dadas com Kassab”, disse Marta. “Estou vendo um esforço grande para a coligação, mas isso me parece muito complicado.”

A senadora participou nesta quinta-feira, 9, da primeira parte da reunião do Diretório Nacional do PT, que ocorre em Brasília, na véspera do aniversário dos 32 anos do PT. À saída do encontro, Marta não escondeu o mal-estar com as conversas a respeito de uma dobradinha com Kassab, defendida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A proposta de aliança, feita por Kassab, divide os petistas, mas, se for levada adiante pelo PSD, deve ser aprovada pelo Diretório Municipal do partido, apesar das resistências. O argumento é que todo o sacrifício deve ser feito para conquistar São Paulo.

Ex-secretário de Marta quando ela foi prefeita, o novo líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), discordou da avaliação da senadora. “Se o Kassab fizer uma autocrítica, não vejo problema na aliança. Acho um pressuposto muito ruim a idéia de recusar apoio”, afirmou. Tatto pediu “muita paciência” ao PT, disse que nada está fechado e defendeu a parceria com o PMDB para vice na chapa liderada por Haddad. Hoje, o pré-candidato do PMDB à sucessão de Kassab é o deputado Gabriel Chalita.

Ao lado de Tatto, o deputado André Vargas (PT-PR) foi na mesma linha. “É isso mesmo. Em Curitiba, nós fazemos aliança com Fruet e, em São Paulo, vocês aceitam Kassab”, afirmou Vargas, numa referência ao pré-candidato do PDT à Prefeitura de Curitiba, Gustavo Fruet.

09/02/2012

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

Este livro teria sido escrito, inicialmente, para evidenciar a injustiça entre os donos e os escravos. Mas pode ser visto, também, de outra forma: os revolucionários que reagem contra o poder e acabam se tornando exatamente igual àqueles contra quem lutaram, enquanto seus 'companheiros' se tornam seus escravos. Comparem os trechos marcados em vermelho para comparar com o atual governo PTista. Jurema Cappelletti

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS
George Orwell

APRESENTAÇÃO

George Orwell foi um libertário. "A Revolução dos Bichos", em suas metáforas, revela uma aversão a toda espécie de autoritarismo, seja ele familiar, comunitário, estatal, capitalista ou comunista. A obra é de uma genial atualidade. Apesar de tudo o que alguns poucos homens já fizeram e lutaram, ainda estamos e vivemos sob os que insistem em dominar aquém da ética e além da lei. Sejamos diligentes, a luta continua. Um dia conseguiremos distinguir a diferença entre porcos e homens.

CAPÍTULO I

O Sr. Jones. proprietário da Granja do Solar, fechou o galinheiro à noite, mas estava bêbado demais para lembrar-se de fechar também as vigias. Com o facho de luz da sua lanterna balançando de um lado para o outro, atravessou cambaleante o pátio, tirou as botas na porta dos fundos, tomou um último copo de cerveja do barril que havia na copa, e foi para a cama, onde sua mulher já ressonava.

Tão logo apagou-se a luz do quarto, houve um grande alvoroço em todos os galpões da granja. Correra durante o dia, o boato de que o velho Major, um porco que já se sagrara grande campeão numa exposição, tivera um sonho muito estranho noite anterior e desejava contá-lo aos outros animais. Haviam combinado encontrar-se no celeiro, assim que Jones se retirasse. O velho Major (chamavam-no assim, muito embora ele houvesse comparecido a exposição com o nome de "Beleza de Willingdon") gozava de tão alto conceito na granja, que todos estavam dispostos a perder uma hora de sono só para ouvi-lo.

Ao fundo do grande celeiro, sobre uma espécie de estrado. estava o Major refestelado em sua cama de palha, sob um lampião que pendia de uma viga. Com doze anos de idade, já bastante corpulento, era ainda um porco de porte majestoso, com um ar sábio e benevolente, a despeito de suas presas jamais terem sido cortadas. Os outros animais chegavam e punham-se a cômodo, cada qual a seu modo. Os primeiros foram os três cachorros, Ferrabrás, Lulu e Catavento, depois os porcos, que se sentaram sobre a palha, em frente ao estrado. As galinhas empoleiraram-se nas janelas, as pombas voaram para os caibros do telhado, as ovelhas e as vacas deitaram-se atrás dos porcos e ali ficaram a ruminar. Os dois cavalos de tração, Sansão e Quitéria, chegaram juntos, andando lentamente e pousando no chão os enormes cascos peludos, com grande cuidado para não machucar qualquer animalzinho porventura oculto na palha. Quitéria era uma água volumosa, matronal já chegada à meia-idade, cuja silhueta não mais se recompusera após o nascimento do quarto potrinho. Sansão era um bicho enorme, de quase um metro e noventa de altura, forte como dois cavalos. A mancha branca do focinho dava-lhe um certo ar de estupidez e, realmente, não tinha lá uma inteligência de primeira ordem, embora fosse grandemente respeitado pela retidão de caráter e pela tremenda capacidade de trabalho. Depois dos cavalos chegaram Maricota, a cabra branca, e Benjamim, o burro. Benjamin era o animal mais idoso da fazenda, e o mais moderado. Raras vezes falava e, normalmente, quando o fazia, era para emitir uma observação cínica - para dizer, por exemplo, que Deus lhe dera uma cauda para espantar as moscas e que, no entanto, seria mais do seu agrado não ter nem a cauda nem as moscas. Era o único dos animais que nunca ria. Quando lhe perguntavam por que, respondia não ver motivo para riso. Não obstante, sem que o admitisse abertamente, tinha certa afeição por Sansão; normalmente passavam os domingos juntos no pequeno potreiro existente atrás do pomar, pastando lado a lado em silêncio.

Mal se haviam acomodado os dois cavalos quando uma ninhada de patinhos órfãos desfilou celeiro adentro, piando baixinho e procurando um lugar onde não fossem pisoteados. Quitéria protegeu-os com a pata dianteira e os patinhos ali se aconchegaram, caindo no sono. No último instante, Mimosa, a égua branca, vaidosa e fútil, que puxava a aranha do Sr. Jones, entrou, requebrando-se graciosamente e chupando um torrão de açúcar. Tomou um lugar bem a frente e ficou meneando a sua crina branca, na esperança de chamar atenção para as fitas vermelhas que a adornavam.

Finalmente, chegou o gato, que procurou, como sempre, o lugar mais morno, enfiando-se entre Sansão e Quitéria; ressonou satisfeito durante toda a fala do Major, sem ouvir uma só palavra.

Todos os animais estavam presentes, exceto Moisés, o corvo domesticado, que dormia fora, num poleiro junto à porta dos fundos. Quando o Major os viu bem acomodados e aguardando atentamente, limpou a garganta e começou:

- "Camaradas, já ouvistes, por certo, algo a respeito do estranho sonho que tive a noite passada. Entretanto, falarei do sonho mais tarde. Antes, as coisas a dizer. Sei, camaradas, que não estarei convosco por muito tempo e antes de morrer considero uma obrigação transmitir-vos o que tenho aprendido sobre o mundo. Já vivi bastante e muito tenho refletido na solidão da minha pocilga. Creio poder afirmar que compreendo a natureza da vida sobre esta terra, tão bem quanto qualquer outro animal. É sobre isso que desejo falar-vos.

"Então, camaradas, qual é a natureza da nossa vida? Enfrentemos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta. Nascemos, recebemos o mínimo de alimento necessário para continuar respirando e os que podem trabalhar são forçados a fazê-lo até a última parcela de suas forças; no instante em que nossa utilidade acaba, trucidam-nos com hedionda crueldade. Nenhum animal, na Inglaterra, sabe o que é felicidade ou lazer, após completar um ano de vida. Nenhum animal, na Inglaterra, é livre. A vida de um animal é feita de miséria e escravidão: essa é a verdade nua e crua.

"Será isso, apenas, a ordem natural das coisas? Será esta nossa terra tão pobre que não ofereça condições de vida decente aos seus habitantes? Não, camaradas, mil vezes não! O solo da Inglaterra é fértil, o clima é bom, ela pode oferecer alimentos em abundância a um número de animais muitíssimo maior do que o existente.

Só esta nossa fazenda comportaria uma dúzia de cavalos, umas vinte vacas centenas de ovelhas - vivendo todos num com uma dignidade que, agora, estão além de nossa imaginação. Por que, então, permanecemos nesta miséria? Porque quase todo o produto do nosso esforço nos é roubado pelos seres humanos.

Eis aí, camaradas, a resposta a todos os nossos problemas. Resume-se em uma só palavra - Homem. O homem é o nosso verdadeiro e único inimigo. Retire-se da cena o Homem, e a causa principal da fome e da sobrecarga de trabalho desaparecerá para sempre.

"O Homem (político) é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não corre o suficiente para alcançar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a trabalhar, dá-nos de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com o restante.

Nosso trabalho amansa o solo, nosso estrume o fertiliza e, no entanto, nenhum de nós possui mais do que a própria pele. As vacas, que aqui vejo à minha frente, quantos litros de leite terão produzido este ano? E que aconteceu a esse leite, que deveria estar alimentando robustos bezerrinhos? Desceu pela garganta dos nossos inimigos. E as galinhas, quanto ovos puseram este ano, e quantos se transformaram em pintinhos? Os restantes foram para o mercado, fazer dinheiro para Jones e seus homens. E você, Quitéria, diga-me onde estão os quatro potrinhos que deveriam ser o apoio e o prazer da sua velhice? Foram vendidos com a idade de um ano - nunca você tornará a vê-los. Como paga pelos seus quatro partos e por todo o seu trabalho no campo, que recebeu você, além de ração e baia?

"Mesmo miserável como é, nossa vida não chega ao fim de modo natural. Não me queixo por mim que tive até muita sorte. Estou com doze anos e sou pai de mais de quatrocentos porcos. Isto é a vida normal de um varão. Mas, no fim, nenhum animal escapa ao cutelo. Vós, jovens leitões que estais sentados a minha frente, não escapareis de guinchar no cepo dentro de um ano. Todos chegaremos a esse horror, as vacas, os porcos, as galinhas, as ovelhas, todos. Nem mesmo os cavalos e os cachorros escapam a esse destino. Você, Sansão, no dia em que seus músculos fortes perderem a rigidez, Jones o mandará para o carniceiro e você será degolado e fervido para os cães de caça. Quanto aos cachorros, depois de velhos e desdentados, Jones amarra-lhes uma pedra ao pescoço e joga-os na primeira lagoa.

"Não está, pois, claro como água, camaradas, que todos os males da nossa existência têm origem na tirania dos seres humanos? Basta que nos livremos do Homem para que o produto de nosso trabalho seja somente nosso. Praticamente, da noite para o dia, poderíamos nos tornar ricos e livres. Que fazer? Trabalhar dia e noite, de corpo e alma, para a derrubada do gênero humano. Esta é a mensagem eu vos trago, camaradas: Revolução! Não sei quando sairá esta Revolução, pode ser daqui a uma semana, ou daqui a um século, mas uma coisa eu sei, tão certo quanto o ter eu palha sob meus pés: mais cedo ou mais tarde, justiça será feita. Fixai camaradas isso, para o resto de vossas curtas vidas! E, sobretudo, transmiti esta minha mensagem aos que virão depois de vós, para que as futuras gerações prossigam na luta, até a vitória.

"E lembrai-vos, camaradas, jamais deixai fraquejar vossa decisão. Nenhum argumento poderá deter-vos. Fechai os ouvidos quando vos disserem que o Homem e os animais têm interesses comuns, que a prosperidade de um é a prosperidade dos outros.

É tudo mentira. O Homem não busca interesses que não os dele próprio. Que haja entre nós, uma perfeita unidade, uma perfeita camaradagem na luta. Todos os homens são inimigos, todos os animais são camaradas."
Nesse momento houve uma tremenda confusão. Enquanto o Major falava, quatro ratos haviam emergido de seus buracos e estavam sentados nas patinhas de trás, a ouvi-lo. De repente, os cachorros lhes deram, pela presença, e somente devido à rapidez com que sumiram nos buracos foi que os ratos conseguiram escapar com vida. O Major levantou a pata, pedindo silêncio.

- "Camaradas - disse ele -, eis aí um ponto que precisa ser esclarecido. As criaturas selvagens, tais como os ratos e os coelhos, serão nossos amigos ou nossos inimigos? Coloquemos o assunto em votação.

Apresento à assembléia a seguinte questão:

A votação foi realizada imediatamente e concluiu-se, por esmagadora maioria, que os ratos eram camaradas. Houve apenas quatro votos contra, dos três cachorros e do gato que, depois se descobriu votara pelos dois lados.

O Major prosseguiu:
- "Pouco mais tenho a dizer. Repito apenas: lembrai-vos sempre do vosso dever de inimizade para com o Homem e todos os seus desígnios. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo, qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.

Lembrai-vos também de que na luta contra o Homem não devemos assemelhar-nos a ele. Mesmo quando o tenhais derrotado, evitai seus vícios. Animal nenhum deve morar em nem dormir em camas, nem usar roupas, nem beber álcool, nem fumar, nem tocar em dinheiro, nem fazer comércio. Todos os hábitos do Homem são maus. E, principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais. Todos os animais são iguais.

"E agora, camaradas, vou contar-vos o sonho que tive a noite passada. Não sei como explicá-lo. Foi um sonho sobre como será o mundo quando o Homem desaparecer. Mas lembrou-me algo que há muito eu esquecera. Há anos, quando eu ainda um leitãozinho, minha mãe e as outras porcas costumavam cantar uma antiga canção da qual só conheciam a melodia e as três primeiras palavras. Na minha infância aprendi a melodia, depois a esqueci. A noite passada, entretanto, ela me voltou à memória, O mais interessante é que me lembrei também dos versos - os quais, tenho certeza, foram cantados pelos animais de antanho, e depois esquecidos durante várias gerações. Vou cantar essa canção, camaradas. Estou velho e minha voz é rouca, mas quando vos houver ensinado a melodia, podereis cantá-la melhor do que eu.

Chama-se Bichos da Inglaterra." O velho Major - limpou a garganta e começou a cantar. De fato, a voz era roufenha, mas ele cantava razoavelmente, e a melodia era bem movimentada, algo entre Clementine e La Cucaracha. Os versos diziam o seguinte:

Bichos ingleses e irlandeses,
Bichos de todas as partes!
Eis a mensagem de esperança,
No futuro que virá!
Cedo ou tarde virá o dia,
Cairá a tirania
E os campos todos da Inglaterra
Só aos bichos caberão!
Não mais argolas em nossas ventas,
Dorsos livres dos arreios,
Freios e esporas, descartados,
Chicotadas abolidas!
Muito mais ricos do que sonhamos
Possuiremos daí por diante
A Revolução dos Bichos
O trigo, o feno, e a cevada,
Pasto aveia e feijão!
Brilham os campos da Inglaterra,
Águas puras rolarão.
Ventos leves soprarão
Saudando a redenção!
Lutemos todos por esse dia
Mesmo que nos custe a vida!
Cavalos, vacas, perus e gansos,
Liberdade conquistemos!
Bichos ingleses e irlandeses,
Bichos de todas as partes!
No futuro que virá!

O canto levou os animais à mais extrema excitação. Antes de o Major chegar ao fim, já haviam começado a cantar por conta própria. Até os mais estúpidos pegaram a melodia e algumas palavras; os mais espertos, como os porcos e os cachorros decoraram a canção em poucos minutos. Então, depois de alguns ensaios preliminares, toda a granja atacou Bichos da Inglaterra, em formidável uníssono. As vacas mugiam a canção, os cachorros latiam-na, as ovelhas baliam-na, os cavalos relinchavam-na, os patos grasnavam-na. Tal foi o enlevo, que cantaram de ponta a ponta, cinco vezes sucessivamente, e teriam continuado a noite inteira se não fossem interrompidos.

Infelizmente, o alarido acordou Jones, que pulou da cama certo de que havia raposa no pátio. Deu de mão na espingarda, sempre pronta a um canto do quarto, e descarregou-a na escuridão. O chumbo foi encravar-se na parede do celeiro, e a reunião dispersou-se num abrir e fechar de olhos. Cada qual correu para seu pouso. As aves saltaram para os poleiros, o gado deitou-se na palha e, em poucos instantes, toda a fazenda dormia.

(CONTINUA AMANHÃ)

CORÉIA DO NORTE, OS BICHOS E O PT

'Nos anos 1990, pelo menos 1 milhão de coreanos morreram de fome. Mas, nas pinturas, o "Amado Líder" governa o país da riqueza, onde todos são bem alimentados.' (O PAÍS DA FARTURA - Revista na História, pág.55 da Edição 103).

Regime do país: comunista de viés estalinista.

O ditador comunista também era chamado de "Querido Líder", "Comandante Supremo" e "Nosso Pai". Abrasileirando: era o pai do povo. Por "coincidência", um dia foi Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia e Líder Supremo da República Popular Democrática. Comunistas adoram se esconder por trás da palavra democracia e viver nas abas (ou babas?) dos trabalhadores.

Kim Jong-il morreu no final do ano passado, a ditadura ficou de herança para seu filho e a Coreia do Norte diz que a política do país não vai mudar. Para maior exatidão: Quem diz isso é o governo e não a Coreia, porque país não fala.

O pai do povo teria morrido em virtude do cansaço por sua "dedicação ao povo". (a mentira acompanha o ditador comunista até depois da morte). Então, o aprendiz de 'comuna' põe em prática o seu domínio, transforma o funeral do pai em ato público e promete punir quem "fingiu" o choro pela morte de ditador. Difícil é reconhecer qual seria o choro mais fingido! Talvez a arbitrariedade consiga tal proeza.


Motivo para comentar o assunto

Muitos fatos ocorridos na Coréia do Norte coincidem com a realidade brasileira: fotos, distorção da verdadeira intenção, auto-elogios, mentiras, tapeação. A mesma tapeação que vemos na história "A Revolução dos Bichos", escrito por George Orwell .

A revolução dos Bichos

Existem dezenas de blogs que fazem comparações entre o PT e a história de George Orwell, basta procurar no Google. Caso queiram, podem acessar, também, o blog criado especialmente para isso A REVOLUÇÃO DOS BICHOS E O PT, em que o livro foi transcrito na íntegra, sem alterações.
http://falsamente-revolucionarios.blogspot.com/

Para não ler o livro todo:

O livro foi escrito com a evidente intenção de mostrar a injustiça entre os donos das terras e seus escravos. Mas pode ser visto, também, de outra forma: os revolucionários que reagem contra o poder e acabam se tornando exatamente igual àqueles contra quem lutaram, enquanto seus próprios 'companheiros' se tornam seus escravos.

Alguns trechos nos deixam boquiabertos, como no caso em que Napoleão se apodera de um projeto de Bola de Neve.

Basta ler os trechos marcados em NEGRITO e comparar com o que vem fazendo o PT.

SOBRE OS ATAQUES DAS FARC EM TUMACO E VILLARRICA


Notícias Faltantes - Foro de São Paulo


No âmbito político, pela enésima vez os corifeus e os idiotas úteis das FARC lhes fazem o jogo propagandístico.

Os ataques das FARC contra a população civil em Tumaco-Nariño e Villarrica-Cauca, sucedidos há tão-só uma semana depois do ataque a uma colina de comunicações no Vale e da onda de terror em Catatumbo-Norte de Santander, simultâneos com o artificioso anúncio de dilatar pela enésima vez a entrega a conta-gotas de seis dos membros da Força Pública seqüestrados desde vários anos, reúnem ingredientes táticos, políticos, estratégicos e psicológicos, todos atados ao Plano Estratégico muito conhecido pelos cabeças das FARC, até o nível de frente guerrilheira, mas desconhecido por quase todo o estabelecimento e a sociedade colombiana.

No âmbito tático, ressalta-se evidente ausência de medidas de contra-inteligência e atividade de inteligência militar por parte da Polícia e das tropas militares acantonadas nas respectivas zonas. Primeiro, por não sincronizar o trabalho tático-operacional das pequenas unidades com as medidas de segurança inerentes, e com a intenção geral prescrita no Plano Estratégico das FARC que deveria ser tema de análises permanentes em todos os níveis do comando militar e policial.

No âmbito estratégico, os dois atentados demonstram que nem o Ministério da Defesa como ente reitor, nem os organismos de inteligência planejaram uma metodologia ágil, orientada a revisar a repetitiva metodologia baseada no terror e na inquietação utilizada pelas FARC desde Casa Verde até esta data. Cada vez que reluz nos meios de comunicação a idéia de negociar a paz, “coincidentemente” em todos os casos, sem libertar seqüestrados, sem entregar as armas e com a imposição básica de que as FARC têm razão, o “equivocado” é o Governo e por extensão, os colombianos que não são comunistas.

No âmbito político, pela enésima vez os corifeus e os idiotas úteis das FARC lhes fazem o jogo propagandístico. Além dos despreparados e descoordenados negociadores da paz que atuaram em todos os casos anteriores, em Casa Verde o camarada Alberto Rojas Puyo os ajudou por meio de comunicações sub-reptícias que depois Jacobo Arenas publicou em um livro. Em Caracas e Tlaxcala foram o empresário Ackerman e o constituinte Leiva Durán. No Caguán a palhaçada foi coletiva, incluídos aí industriais, jornalistas e pacifistas por todo lado. Depois apareceram os “Colombianos pela Paz”. Repetição da repetição.

No âmbito psicológico, por meio de atentados terroristas quase todos realizados por milicianos que com rapidez se escondem dentro da população civil, as FARC geram a sensação de impotência da Força Pública, põem o país a desejar o regresso de Uribe Vélez à presidência, obrigam o governo nacional a dar passos no vazio, desconsertam a população civil e conseguem presença midiática permanente.

Os fatores enunciados reafirmam que o conflito colombiano chegou ao nível político-estratégico, cenário onde qualquer ação tática incide na dinâmica político-estratégica, portanto, requer respostas políticas e militares desse nível e implica compromisso e ação de todos os ministérios, dos governadores, dos prefeitos, dos embaixadores, etc.

A explicação é simples: a guerra das FARC é contra a Colômbia, não só contra as instituições armadas, que evidentemente tampouco podem se descuidar da segurança de suas unidades, nem das medidas de contra-inteligência, nem muito menos renunciar à imperiosa necessidade de ter redes ativas de inteligência de combate que os mantenha atualizados do dispositivo, da composição, da força e das intenções imediatas dos terroristas.

A pergunta-chave seria: por que, apesar de as FARC estarem tão debilitadas, segundo promulga o governo nacional, ocorrem estes atos? A resposta seria complexa e teria vários vetores. Primeiro, pelos efeitos nocivos das sentenças da justiça colombiana contra os militares e a ausência de defesa jurídica qualificada para as tropas que combatem os narcoterroristas.

Segundo, a rotina e a falta de liderança criativa em que caem unidades militares e policiais destacadas em posições fixas sem desenvolver tarefas pro-ativas, nem desenvolver trabalhos de inteligência e procura dos terroristas, incluído o escasso trabalho de legalização da pouca informação disponível acerca dos que integram os bandos.

Terceiro, a falta de canais de comunicação diretos entre o alto comando e essas unidades, devido ao afã diário das múltiplas funções que as tropas cumprem, às habilidosas perseguições das guerrilhas, à falta de clareza do governo nacional, à lenta evolução dos processos para agilizar a comunicação de ordens, instruções, diretrizes e planos.

Quarto, ao erro compartilhado pelo governo nacional e o alto comando ao falar do “fim do fim”, dar a entender que com a morte de Jojoy ou Cano a guerra está ganha, minimizar a capacidade das FARC para se acomodar às circunstâncias e assimilar os golpes recebidos.

Quinto, ao erro compartilhado de não articular a atividade política governamental com a operatividade das tropas. Santos e o ministro Pinzón fazem contas para estar no trono de Bolívar até 2026. Para ambos, o sacrifício das tropas está enfocado em seu benefício pessoal e não no destino do país. Por sua parte, os comandos militar e policial transmitem às suas unidades que, com recurso ou sem eles, com apoio ou sem apoio jurídico, com ou sem o compromisso da classe política, é necessário ganhar a guerra a qualquer custo.

Em síntese: nem os civis conhecem de defesa nacional, nem os uniformizados de política. Assim, estes dois estamentos operacionais do poder nacional levam a guerra contra as FARC enfrentados, ou melhor, engarrafados desde há vários anos em um labirinto cego, com a intenção de vontades, mas sem a clareza conceitual político-estratégica de combater o Plano Estratégico das FARC.

Que importante seria se a direção civil colombiana passasse pelas classes da Escola Superior de Guerra e estudasse pelo menos os critérios básicos de defesa nacional, geopolítica, estratégia, logística, tática, conhecimento do Plano Estratégico do Inimigo e as hipóteses básicas da segurança nacional. Outro galo cantaria!

Talvez estas falhas expliquem porque na ante-sala de eventuais conversações com o governo, as FARC repitam o esquema utilizado desde há 30 anos, sem que sejam adequados à resposta política interna e diplomática no exterior para fechar-lhes as portas nos países governados por cúmplices do grupo terrorista, nem suficiente a ação militar e policial para evitar os atos terroristas.

Por essas claras razões as FARC atacaram Tumaco e Villarrica, e vão continuar na mesma tônica de amedrontamento e terrorismo, se o governo nacional não aterrissar e se dedicar a buscar soluções integrais com toda a equipe de trabalho, pois somente a ação militar não é suficiente, nem resolverá jamais o problema. Deve melhorar, mas exige mais compromisso do presidente e dos ministros. Não demagogia midiática pessoal nem trampolins para buscar posições eleitoreiras.

Escrito por Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido
09 Fevereiro 2012
Tradução: Graça Salgueiro

NO BRASIL DO PT, NÃO EXISTE (AINDA) OPOSIÇÃO


Artigos - Governo do PT


O PT é um partido revolucionário. Muitos de seus membros e eleitores sequer imaginam o grau de subversão da ordem institucional à qual têm colaborado, pois em sã consciência não participariam disso.

O pensamento político dito “de esquerda” fez várias incursões para a tomada do poder no Brasil durante o século XX. Baseados nas teses marxistas e, depois, neomarxistas, os revolucionários têm tentado se impor pela via das armas desde a Intentona Comunista de 1935, inspirados na globalização da Revolução Russa a partir de 1922, a soldo do PCUS (Partido Comunista da União Soviética).

Assim foi durante muito tempo e outras revoluções armadas ocorreram, sobretudo na década de 60, pois por meio da força queriam impor à Nação a Ditadura do Proletariado. Em tais oportunidades foram impedidos pelas Forças Armadas, que se concentraram em combater as guerrilhas e o terrorismo, mas deixaram o campo cultural à mercê da ação dos revolucionários. Boa parte dos terroristas dos anos 60/70 hoje está encastelada no Poder, proclamam com gáudio suas ações violentas quando lhes convêm ao currículo e posam falsamente de baluartes da democracia contra o regime militar, mas não declinam que sua real intenção seria levar o país à ditadura comunista.

Resumindo, como o caminho das armas não deu certo, alicerçados nos “ensinamentos” de Antonio Gramsci (um dos fundadores do Partido Comunista na Itália) e da chamada Escola de Frankfurt, um conjunto de “filósofos” que se reunia naquela cidade alemã, mudaram a estratégia: não pelas armas, mas sim pela palavra, atingiriam seu objetivo, confirmando o adágio de que a pena é mais forte que a espada.

Segundo a cartilha neomarxista, para que uma sociedade ocidental fosse regida pelo pensamento “de esquerda”, seria necessário destruir suas bases morais, criar o caos e fazer surgir uma nova sociedade, apoiada no conceito do “novo homem”. Para tanto, imperioso seria tomar as cabeças que comandam as universidades e as redações dos jornais, bem como envolver o sindicalismo do Estado; então, após duas gerações o pretendido Pensamento Hegemônico teria expressão cultural suficiente para impulsionar os “esquerdistas” ao Poder, mesmo ante uma maioria não-esquerdista, mas silente e presa pelas armadilhas plantadas dentro de sua própria moral pela astuta ação dos revolucionários, agora sem armas de fogo.

O que significaria destruir as bases morais do Ocidente para construir uma nova sociedade, supostamente “do bem” e certamente utópica?

Repetirei aqui, mais ou menos, palavras de gente graúda (Bento XVI é um deles), não por plágio, mas por terem uma precisão cirúrgica: o Ocidente é o resultado da mescla de Jerusalém, Atenas e Roma ao longo do tempo. Jerusalém, porque traz consigo a moralidade judaico-cristã; Atenas, porque berço da Filosofia e da idéia-força da Democracia e Roma, porque o arranjo das relações Estado/Cidadão ganhou formato jurídico organizado. Defender que tais legados permaneçam na sociedade ocidental é ser conservador, não porque tudo deva ser estático, sem progresso ou dogmático, mas necessariamente porque há referenciais que, uma vez perdidos, farão sobressair no arranjo social a tirania e a violência, inclusive a barbárie.

Dentre os três pilares que sustentam o que se pode entender como Ocidente, aquele que corre o maior perigo, atualmente, é também o mais importante, é o qual simbolicamente enunciei anteriormente como Jerusalém. Não que eu desfaça da espiritualidade que Sião traz consigo, de forma alguma e muito antes pelo contrário, mas isto porque a moralidade rege as relações consuetudinárias, o cotidiano, aquilo que não está escrito exatamente, mas está no ar, é pano de fundo, é norte das relações interpessoais.

Estando de pé esta coluna, as outras duas podem ser recuperadas, posto que esta seja o porto seguro da Caridade e da Liberdade.

A utópica sociedade socialista/comunista, tida pelos seus defensores como o Paraíso na Terra, na verdade só conseguiu produzir ao longo de seus quase cem anos de existência: genocídio; pobreza; submissão da realidade denominada Sociedade à ficção jurídica chamada Estado; privação da mais fundamental das liberdades, que é a liberdade de pensamento, sem a qual as demais manifestações de liberdade não existem, culminando na perda das liberdades individuais. O nome disto é tirania.

Ora, contra-argumentarão uns: “...mas a China é comunista e próspera, a Europa capitalista está indo à bancarrota...”. Respondo: o primeiro engodo da falácia marxista é fazer a oposição entre Capitalismo e Socialismo... Marx era esperto. O socialismo/comunismo é uma ideologia, capitalismo é um mero arranjo de produção e comércio. Não são comparáveis bananas e melancias! A prova é esta: a China, depois da Grande Marcha de Mao Zedong e sua trilha de 60 milhões de cadáveres, apenas dez vezes maior que o Holocausto nazista, criou o “novo homem” e hoje tem uma economia de mercado, porém a sociedade é socialista, está submetida ao Estado e este está tomado pelo Partido Único. Os amigos do Partido serão ou não serão empresários de sucesso, conforme convier.

Sobre a Europa de economia em crise, vejamos: seguir os ditames da social-democracia, como o tal estado de bem-estar social, levou o continente europeu a isto. Lord John Maynard Keynes, agulha da bússola dos economistas magos e marxistóides, ensinava que Dívida Pública não se paga, apenas se renegocia. Isto pode valer para duas ou três gerações, mas um dia chega a conta para pagar: o almoço NUNCA é de graça.

Há, também, outra óptica para analisar a situação: durante muitos séculos a identidade européia foi dada pela Cristandade, a despeito das diversas etnias, idiomas e demais outras diferenças, a argamassa que unia a Europa estava no consuetudinário e no transcendente; há não muito tempo, a Europa substituiu suas ricas feições por uma representação apenas física e material: a moeda, na qual se cunhou o homem vitruviano.

Voltemos ao Brasil. Os revolucionários, geração após geração, alimentaram suas crias e as habilitaram com mestria. O resultado de tal adestramento aflorou a partir das universidades e redações de jornais, em meados dos anos 80, o que fez parir, nas organizações políticas, dois gêmeos fraternos: o PT e o PSDB. O objetivo era eliminar qualquer organização partidária que estivesse em desacordo com Pensamento Hegemônico proposto por estas duas correntes, uma se mostraria mais radical e outra mais contemporizadora, mas com o mesmo objetivo: a implantação do socialismo no Brasil, sobretudo de forma gradual, quase imperceptível. O velho exemplo de colocar rã para cozinhar: deixe-a na água fria e vá aquecendo aos poucos, até chegar à ebulição, e a rã nem se dará conta de que está sendo fervida. As pessoas vão se acostumando: ninguém vê o ar, mas todos o usam na respiração.

O PT é um partido revolucionário, com tendências totalitárias, e vem se instalando em todos os nichos da sociedade brasileira com o objetivo precípuo de implantar plenamente o socialismo no Brasil.

Muitos de seus membros e eleitores sequer imaginam o grau de subversão da ordem institucional à qual têm colaborado, pois em sã consciência não participariam disso. Outros tantos, tanto sabem a que destino querem chegar, que até subdividiram o partido, sob legendas diversas, apenas para não caracterizar a ditadura do Partido Único.

A infiltração, a que me referi logo antes, serve também a camuflar o verdadeiro objetivo das ações e a monitorar possíveis oponentes, de modo a anulá-los antes mesmo de sua possível reação. Mais um dos porquês dessa postura camaleônica é a necessidade de implodir as instituições que salvaguardam as simbólicas Jerusalém, Atenas e Roma, destruindo-as de dentro para fora. Muito mais eficiente é o método de apoderar-se delas desde dentro, do que enfrentá-las num choque.

Num linguajar chulo, poder-se-ia dizer: “fazer-se de morto para... sodomizar o coveiro”; mas, já que mencionei Jerusalém, é preferível buscar a mesma figura de retórica n’A Relíquia (1887), de Eça de Queiróz: “(...) sobre a nudez forte da Verdade, o manto diáfano da fantasia (...)”. Exemplos não faltam: a Teologia da Libertação e a Teologia da Prosperidade aí estão para corroborarem minhas palavras e, em se tratando da ação dos revolucionários dentro da Igreja Católica, mas não restritas a ela, estes conseguiram até mesmo editar novos exemplares da Vulgata, com a desculpa de atualização de vocabulário, para nela inserirem notas de rodapé de pura doutrinação marxista, sobretudo por usar do vil estratagema de explicar eventos de um passado distante sob o prisma da atualidade: não faltam alusões à “exploração do homem pelo homem para obter lucro”, sequer explicam que a escravidão, abominável que seja, foi prática comum; não era esta a condição do povo hebreu ao fugir do Egito e, depois, da Babilônia?

Um capítulo interessante e até recente desta malfadada epopéia foi apodado de “Mensalão”, hoje tido até mesmo como suposto e próximo de sua prescrição ante a Lei. A falta de moral dos “mensaleiros”, dos vendilhões, foi aproveitada pelo establishment para tornar possível seus mandos e desmandos. Aqueles que fizeram da “Ética na Política” uma bandeira ao impeachment de um Presidente foram os mesmos que promoveram o “Mensalão”... Cômico seria, caso não fosse trágico.

Desnecessário ter dons mediúnicos ou rompantes de quiromancia para vaticínios, basta entender que a idéia revolucionária é ir acostumando a população à nova ordem institucional até que, sem reação alguma, a nomenklatura se instale definitivamente em todas as esferas de Poder e goze de seus desejados privilégios.

Para desconforto de muitos, afirmo que já vivemos sob grande influência desta manobra revolucionária e, para provar a assertiva, darei alguns exemplos. Vejamos adiante.

Os inúmeros conselhos municipais e similares não fazem parte do que se pode classificar como Democracia Representativa, em verdade são uma versão nhambiquara dos sovietes.

Quem elegeu os membros de tais conselhos? Por que os conselhos não são coordenados pelas Câmaras Municipais? Este é o órgão legislador de fato! Do contrário, a edilidade recebe, com absoluta razão, a pecha de mera marionete, cujas principais atividades se resumem a nomear logradouros públicos, agir como “despachantes” do clientelismo endêmico e dar guarida ao seu séquito de cabos eleitorais. Estou propondo que a população se cale ante seus anseios? Não! Apenas que se organize e busque seus legítimos representantes, afinal a que serve o voto? Ao legislador cabe, ora, legislar! Não há que receber o prato feito de conselhos!

Este status quo serve apenas para, no decorrer do tempo, caracterizar os vereadores como inúteis e daí à extinção do Legislativo, nada custa.

Em semelhante situação se encontram deputados estaduais, federais e senadores. Ainda mais os senadores espertalhões, os quais não conseguem sequer entender que ocupam o cargo mais importante de uma república, cedendo à fissura do Poder transitório e egoísta, criando para si vantagens além do absurdo: planos de saúde super-nepóticos, garagistas cujos salários excedem os vencimentos de comandantes de fragatas, inúmeros assessores, verbas acessórias e assim por diante. Na história recente, os senadores já ouviram de um ex-ministro da Justiça e atual governador sulista, que fazem parte de uma instituição anacrônica, a qual deveria ser extinta. Somente para o registro, a importância do Senado a uma república é tão basilar, que o vetusto estandarte romano apresenta a inscrição SPQR (Senatus Populusque Romanus), ou seja, “(em nome do) Senado e do Povo Romano”.

Mais uma: um dos calibres grossos do poder, senão o maior dentre todos, tem sua dacha no município vizinho. Dacha era o nome dado às casas de campo dos grão-vizires da nova nobreza da nomenklatura do Partido da extinta (apenas pro forma) URSS. Convenhamos, uma trajetória de aumento patrimonial impressionantemente rápida para um “ex-clandestino”, que hoje é lobista, transita de jatinho e “é do povo”. O povo tem, mesmo, muitas casas de veraneio por aí... Uma sugestão: antes de aceitar o discurso de alguém, convém conhecer sua biografia.

De toda esta mixórdia, penso que a instituição que mais mereça cuidado é a Família. É mais que importante protegê-la, rechaçando abertamente e com justo vigor as infelizes palavras do Ministro do Supremo que, agindo de forma anticonstitucional, se referiu à união matrimonial tradicional de um homem e uma mulher como um ato de mero incremento patrimonial, sem afetividade... Ora, minha Família é meu patrimônio maior, sim, não nego e acresço: tão grande é ele que não se pode contabilizar ou medir em moedas seu valor. Seu valor é transcendente, real e eterno. As palavras do ínclito juiz me ofenderam no cerne e provaram o quão distorcido é seu juízo de valores.

Ameaçam seriamente também a Família, célula social básica, os movimentos pró-aborto e a educação escolar, desde a escola infantil até o ensino superior; os movimentos pró-aborto o são, por óbvio, ainda que travestidos de “católicas pelo direito de decidir” e o ensino escolar, este porque distorcido e sem foco no essencial: os conteúdos programáticos curriculares, salvo honrosas exceções, estão carregados de re-escritura da História e afins, que é feito sempre usando de linguagem, visão e indução ao marxismo, fazendo com que alguns assuntos, que seriam apenas temas de uma grade, passassem à categoria de matérias. Afora isto ser intempestivo no mais das vezes, o tempo é usado para doutrinar crianças, adolescentes e jovens, em vez de ensiná-los o básico em Língua Portuguesa, Matemática, Química, Física, Biologia e Geografia Física (a Geografia Humana é ensinada com muito carinho, sempre mencionando “Luta de Classes”). O ensino se torna uma arma e esta mais poderosa fica quando pais e mães “terceirizam” o processo, entendendo que é a escola que deve educar seus filhos... Enganam-se, papais e mamães, pois a educação dos filhos é de sua responsabilidade, escolas podem colaborar e tem por obrigação bem informar, mas é no seio da Família que a educação tem seu lugar; este tesouro não está disponível à abdicação e por amor e responsabilidade deve ser muito bem guardado por pais e mães.

O texto já está extenso e é hora de seu epílogo e encerramento. Após discorrer sobre esta triste realidade, é justo nominar ao menos um dos principais mentores desta criatura teratológica: o Professor Fernando Henrique Cardoso, o elemento mais gramsciano da História do Brasil, grande vitorioso em seu propósito ao eleger Luís lnácio Lula da Silva como seu sucessor e, pelo andar da carruagem, ajudará bastante o retorno de Lula ao sólio do Palácio da Alvorada.

Quem pretende ajudar na manutenção da tríade Jerusalém, Atenas e Roma não tem espaço na política atual. Muito há que estudar, há que se buscar travar batalhas no campo cultural, a política é somente uma decorrência disto e, para vencê-las, basta mostrar a verdade aos incautos. Isto é simples,porém é custoso e tomará muito tempo. Levará gerações até que haja massa crítica para respostas eficazes, haverá momentos em que a vontade de desistir será avassaladora e, nesta bendita hora, tenha-se por inspiração a Canção do Tamoyo, Últimos Cantos (1851), de Gonçalves Dias: “Não chores, meu filho; não chores, que a vida é luta renhida: viver é lutar. A vida é combate, que aos fracos abate, que os fortes, os bravos, só pode exaltar”.

Embora de forma organizada sejamos poucos, por enquanto, estou certo de que também sejamos uma maioria silenciosa, ainda não plenamente consciente do ardil que se nos preparam, mas seguramente capaz de reagir: basta começar. Perseverantes, haveremos de preservar nosso direito de viver conforme nossos ideais. Logo, à luta!

Fernando Antoniazzi, 09 Fevereiro 2012

SEXO INFANTIL: A LEGALIZAÇÃO DO ESTUPRO


Artigos - Direito


Tribunais de todo o país estão condenando meninas de 12 anos – vítimas de estupro presumido – à prostituição, enquanto seus parceiros e criminosos menores têm a impunidade garantida.

Enquanto o país chafurda na latrina moral do Big Brother e na corrupção anunciada da Copa do Mundo, a legislação brasileira está sendo subvertida pelo ativismo do Poder Judiciário, que resolveu ser uma espécie de vanguarda revolucionária, impondo à nação por meio das leis o que a esquerda queria impor por força das armas. E as principais vítimas desse verdadeiro Estado Patológico de Direito são as mulheres, pois elas precisam da civilização para sobreviver, mas o Brasil está submergindo na barbárie. Prova disso são os 50 mil homicídios anuais, numa evidência cabal de que a pena de morte já existe no Brasil – como monopólio dos bandidos, que dispõem da vida dos demais cidadãos, com a cumplicidade criminosa dos intelectuais universitários e das autoridades constituídas.

Graças principalmente às feministas, as mulheres jamais estiveram tão desprotegidas quanto estão hoje. São vítimas duplamente – dos crimes e das leis. E é natural que isso ocorra. Lugar de mulher é na civilização. Onde impera a barbárie, como no Brasil, elas são as maiores vítimas. Nas guerras, as mulheres se tornam espólio sexual do exército vencedor. Como o Brasil vive uma guerra civil, em que os bandidos massacram cotidianamente uma população desarmada, as mulheres estão virando espólio de bandido. As cadeias femininas, cada vez mais cheias, são fruto dessa barbárie. E o que é mais grave – trata-se de uma barbárie promovida pelo próprio Estado, a pretexto de respeitar os direitos humanos dos criminosos (leia-se “homens”, pois eles são quase a totalidade dos autores de crimes hediondos).

Pelo fato de ter sido acompanhada pela permissividade sexual, a emancipação da mulher já não serve para protegê-la da violência. A Lei Maria da Penha é inútil; ela própria é fruto dessa permissividade, tanto que se preocupa mais com os gays do que as mulheres. Hoje, as mulheres estão deixando de apanhar dos maridos – pela simples razão de que estão apanhando precocemente dos namorados. O sujeito não dá nem o pão, mas se sente no direito de dar o castigo. O Estado, a partir da própria escola, está arrancando as meninas da autoridade paterna para entregá-las à autoridade do mundo – ditada pela bárbara lei do mais forte. E, por mais que as feministas digam o contrário, na relação entre homem e mulher, o homem é o mais forte. Até porque, se o homem for fraco, ele nem arranja mulher – elas mesmas não o querem.

Crime de não ser virgem

Homens e mulheres devem ser iguais em direitos. E só é possível alcançar esse ideal respeitando suas diferenças – que são ditadas pela própria natureza. Mas a legislação brasileira – que incorporou as loucuras da esquerda, inclusive a patologia feminista – abomina a ideia de que homens e mulheres são naturalmente desiguais. A mulher está sendo obrigada a concorrer com o homem mesmo em áreas em que é mais frágil. Uma delas é o sexo. O homem não engravida e não é obrigado a carregar no próprio corpo os pecados do mundo. Mas a Justiça brasileira não percebe essa diferença e acabou com o estupro presumido. Hoje, meninas de apenas 12 anos são condenadas pela Justiça a se responsabilizarem sozinhas pelo sexo que praticam com adultos. É a legalização da pedofilia, justamente quando os intelectuais universitários mais fingem gritar contra ela.

Em 2 de janeiro último, o informativo eletrônico “Consultor Jurídico” divulgou uma sentença da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul confirmando a absolvição de um homem de 22 anos acusado de estuprar uma menina de 12 anos. O homem fora absolvido em primeira instância, mas o Ministério Público recorreu da decisão. Com isso, o caso, que inicialmente fora julgado na Comarca de Quaraí, no interior gaúcho, chegou ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. De nada adiantou: os desembargadores gaúchos também entenderam que um adulto manter relações sexuais com uma menina de 12 anos não configura “estupro de vulnerável”, como prevê o Código Penal, porque, no caso, a relação sexual foi consensual e a menina não era mais virgem.

E não se trata da primeira decisão do gênero – esse entendimento já se tornou jurisprudência, tanto que os desembargadores gaúchos sustentaram sua sentença com base em acórdãos recentes de tribunais estaduais. Em 26 de maio de 2011, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte absolveu da acusação de estupro de vulnerável um homem que havia tido relações sexuais com uma menina de 13 anos. E em 30 de agosto de 2011, foi a vez da 16ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo adotar o mesmo entendimento, absolvendo o réu adulto que também havia praticado sexo com menor de 14 anos. Em todos esses casos, os magistrados tornaram relativa a figura penal do “estupro de vulnerável”, que, a partir da Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009, substituiu o “estupro presumido” no Código Penal no caso de sexo com menores de 14 anos.

Jurisprudência pró-réu


Essa jurisprudência decorre da excessiva liberação dos costumes, que erotiza precocemente as crianças. O sexo infantil vem sendo promovido nas próprias escolas, por meio da permissiva educação sexual do MEC. Crianças de dez anos vêm sendo adestradas no uso da camisinha, o que motivou uma ação contra o MEC movida pela bancada evangélica no Congresso Nacional, liderada pelo deputado goiano João Campos (PSDB). E, coroando esse trabalho corrosivo do governo, os tribunais já criaram jurisprudência no sentido de não punir de nenhuma forma homens adultos que praticam sexo com criança. Em Goiás, já houve até o escabroso caso de uma menina de 12 anos que fez sexo com um assaltante dentro da cadeia de Anápolis – aliciada pelo próprio pai, também presidiário – e nada, absolutamente nada, aconteceu com os dois criminosos em decorrência desse fato. No entendimento dos poderes constituídos goianos, a culpa pelo estupro foi unicamente da menina.

Desde a década de 90, a Justiça já vinha descaracterizando a figura do estupro presumido nos casos de sexo consentido com menores de 14 anos. Em decisão publicada em 20 de setembro de 1996, o ministro Marco Aurélio Mello, como relator de um pedido de “habeas corpus” para um acusado desse tipo de crime, considerou que se houve “aquiescência da mulher” e a menor de 14 anos tinha aparência de moça, não havia porque condenar o réu. Posteriormente, o juiz Ary Queiroz tomou decisão semelhante em Goiás. Desde então, diversos magistrados e tribunais vêm inocentando réus acusados de manter relações sexuais sem coação com menores de 14 anos. E a mudança no Código Penal de “estupro presumido” para “estupro de vulnerável” não mudou a jurisprudência, que continua favorável aos adultos envolvidos e não às meninas.

Os juízes costumam ser radicalmente contrários à redução da maioridade penal, mesmo diante de crimes bárbaros praticados por menores de 18 anos. O argumento é que os menores não estão maduros para compreender a gravidade dos homicídios, estupros e latrocínios que praticam e não podem ser julgados como um adulto. Todavia, quando se trata de uma menina de 12 anos que, por falta de berço, acaba na cama de um homem, os magistrados defendem justamente o contrário. Para eles, se a relação sexual não foi violenta, então a culpa é da própria menina. As sentenças judiciais não têm tido o menor cuidado em preservar essas pequenas vítimas. É como se a absolvição do réu exigisse a condenação delas, que são tratadas com muito mais dureza do que os menores que se envolvem em latrocínio, homicídio e estupro.

Um “menino” de 22 anos

É o caso da decisão tomada por uma juíza da Comarca de Quaraí, no interior do Rio Grande do Sul. Em sua sentença absolvendo o réu acusado de estupro de vulnerável, por manter relações sexuais com uma menina de 12 anos, a magistrada gaúcha Luciane Inês Morsh Glesse escreveu: “Embora a vítima tenha afirmado que o réu foi o primeiro com quem manteve relações sexuais, ainda assim, existem dúvidas de que não tenha consentido, mormente pelo depoimento várias vezes contraditório, pois ao ser questionada se gostava do réu, disse que um pouco e que ele ‘meio que forçava’ para que transassem, mantendo relações porque ele ameaçava terminar o relacionamento, entretanto, quando perguntado se queria continuar namorando com o réu, respondeu que não”.

Diante disso, a juíza afirma textualmente em sua sentença: “Ora, se uma pessoa não tem interesse em seguir mantendo um relacionamento amoroso, não teria motivo para se intimidar ao ser ameaçada pelo término do namoro”. Reparem na interjeição “ora”. O “Aurélio” ensina que ela exprime “impaciência, zombaria, menosprezo, dúvida”. É correto um magistrado usar essa linguagem para se referir à fala de uma menina de 12 anos que fez sexo com um adulto? Por acaso essa criança – diante de policiais e juízes – é obrigada a explicar sua atitude com lucidez aristotélica? É possível caracterizar como “relacionamento amoroso” a relação sexual entre uma menina de 12 anos e um adulto de 22 e, ainda por cima, deixar sobre os ombros da menina praticamente toda a responsabilidade pelas consequências dessa relação?

Uma conselheira tutelar, ouvida como testemunha no caso, disse que a menina se “envolvia com meninos” desde a idade de onze anos. Então, a juíza, referindo-se ao acusado de 22 anos, indaga: “E era outros meninos ou era esse menino aqui?”. Notem que a mesma juíza que usa de uma interjeição zombeteira para dizer que o “argumento” da menina de 12 anos “caiu por terra”, como se estivesse falando de um criminoso tentando enganar a Justiça, chama de “menino” justamente o adulto acusado de se relacionar sexualmente com ela. E parece fazê-lo numa audiência, talvez diante da própria vítima, pois a testemunha respondeu: “Era um menino que tinha uns doze anos talvez, mas o de mais impacto foi esse rapaz aí”. Então, com base na experiência sexual anterior da vítima, a juíza descartou a possibilidade de ameaça ou violência para a prática do sexo e absolveu o réu.

Perseguindo o capitalismo

O Ministério Público não se conformou com a decisão e recorreu ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Mas a sentença da 7ª Câmara Criminal da referida corte também foi dura com a menina, apesar de uma frase do acordão (“atualizados os antecedentes criminais do mesmo”) fazer crer que se a menina tinha “experiência sexual”, como escrevem os juízes, o réu também tinha “experiência criminal” antes ser acusado de estupro de vulnerável. Mesmo assim, o tribunal o absolveu, alegando que “a ofendida apresentava certa experiência em assuntos sexuais” e que “não era mais virgem ao tempo do início do relacionamento com o denunciado”. “Com olhos em tal realidade”, escreve a desembargadora Naele Ochoa Piazzeta, “tenho que o caso em apreço permite a relativização do conceito de vulnerabilidade”. A relatora foi acompanha pelos desembargadores Carlos Alberto Etcheverry e José Conrado Kurtz de Souza, que participaram do julgamento.

Como se vê, o Código Penal brasileiro (que protege de modo obsessivo os criminosos homens, especialmente menores) entrega as meninas à sua própria sorte. Praticamente todas as sentenças judiciais que relativizam o antigo conceito de “estupro presumido” (e, agora, o confuso conceito de “estupro de vulnerável”) assentam-se numa sociologia chinfrim. Os juízes alegam que os costumes sexuais mudaram e que os jovens amadurecem sexualmente de modo precoce, portanto, não caberia falar de “estupro de vulnerável” como no caso dessa menina. Ora, se uma criança começa a praticar sexo aos onze anos de idade, como se pode falar em “amadurecimento” sexual? Pelo mesmo critério, os menores de 18 que cometem crimes violentos também não deveriam ter a proteção da lei, uma vez que mostram inegável experiência criminal. Uma criança precocemente entregue ao sexo é, sem dúvida, muito mais vulnerável do que as outras, pois obviamente não conta com a proteção da família e, para usar a expressão da conselheira tutelar, está “largada” no mundo.

Em tese, a Lei 12.015, que mudou radicalmente a tipificação dos crimes sexuais no Código Penal, deveria proteger as meninas que se envolvem precocemente com o sexo. Todavia, como essa lei já reflete a esquizofrênica moralidade dos intelectuais universitários (oficializada pelo Estado brasileiro), a emenda ficou pior do que o soneto. A política de combate à pedofilia, encampada pela nova lei, procurou criminalizar ao máximo a prostituição infantil. Mas não o fez por motivos morais e, sim, ideológicos. Seu objetivo não é proteger a inocência, mas perseguir o capitalismo. Como a prostituição envolve dinheiro, os intelectuais a consideram muito pior do que a violência bruta. Então, quando flagram um homem adulto com uma menor, mediante pagamento, tratam o caso como crime hediondo. Mas quando se deparam com menores de rua que abusam sexualmente de suas colegas de bando, em meio a matagais e escombros, disseminando doença e gravidez, os intelectuais são tolerantes e escrevem teses afirmando que existe afeto nessas relações.

Crianças “donas” do sexo

Filha do Maio de 68, que propugna a liberdade sexual absoluta, essa cultura considera que meninas de 12 anos já são donas do seu corpo; daí a naturalidade com que o MEC distribui camisinhas às crianças de dez anos e ensina aos maiorzinhos de 12 que o crack tem o efeito de um orgasmo. Mas essa mesma cultura, numa tentativa de incriminar o branco, religioso e burguês, equivalente do “wasp” (branco, anglo-saxão e protestante norte-americano), criou uma lei excessivamente dura para combater a prostituição infantil. Hoje, se um adulto sente um irreprimível desejo de fazer sexo com uma menor de 14 anos e sabe que será correspondido, melhor é matá-la antes de cometer esse desatino. Como homicida sua pena é menor do que como amante. Enquanto a pena para o homicídio simples começa com seis anos de reclusão, a pena pelo sexto consentido começa com oito anos de cadeia.

O caráter ideológico dessa lei – repito: contra o capitalismo e não em favor das crianças – fica patente na própria comparação que se faz entre os diversos tipos de estupro. O artigo 213 do Código Penal estabelece uma pena de seis a dez anos de reclusão para o estupro violento. Ou seja, um estuprador armado que usa de violência para subjugar sua vítima recebe uma pena menor do que o homem sem antecedentes criminais que faz sexo consentido com uma menor de 14 anos. Agora, com a alteração da lei, a pena mínima para o sexo consentido começa com oito anos de reclusão e pode chegar a 15 anos de cadeia. Cinco anos a mais em relação à pena para o estuprador armado que escolhe uma vítima ao acaso e a violenta num matagal.

Por isso, nenhum juiz quer carregar na consciência o peso de condenar um homem à cadeia pela prática de sexo consentido com uma menor. E estão certos. Só estão errados quando se calam diante de uma legislação absurda e ainda a reforçam com uma linguagem que nega a existência de qualquer resquício de inocência e fragilidade nessas pobres meninas, que não tiveram a sorte de ter família. Toda vez que um adulto faz sexo consentido com uma menor de 14 anos e o juiz diz que nada deve acontecer com o réu, valendo-se para isso de críticas à conduta da vítima, na prática ele está fazendo com que a Justiça transforme a menina numa mulher devoluta, à disposição de todos os homens. E quanto mais os homens a usarem, mais crescerá a experiência sexual da menina aos olhos da lei, tornando-a ainda mais infensa a qualquer forma de Justiça.

O adulto que faz sexo consentido com uma menor de 14 anos não precisa ir para a cadeia; mas se nada lhe acontece, é como se ele não tivesse nenhuma responsabilidade pelo ato, cujo peso físico, social e psicológico será arcado somente pela menina. Em junho do ano passado, por exemplo, uma garota de 15 anos conheceu um rapaz de 26 anos pela Internet e resolveu fugir do Rio de Janeiro para ficar com ele no interior de São Paulo. Após quase dez dias, o casal foi encontrado, mas a polícia não indiciou o rapaz, sob a alegação de que a menina havia fugido por espontânea vontade. Para completar, o portal G1 do sistema Globo mantém essa notícia no ar estampando de frente o rosto da menina – o que jamais ocorreria caso se tratasse de um menor latrocida.

Como corrigir isso? Voltando ao desfigurado Código Penal de 1940 e modernizando a figura jurídica da “sedução de menores”. É preciso reconhecer que homens e mulheres são diferentes e que a mulher é, sim, o “sexo frágil”. Por iniciarem a vida sexual sempre com homens mais velhos e até com adultos, as meninas estão sujeitas à sedução. E se os homens não são penalizados por isso, ainda que com penas mais leves, a Lei 12.015, que queria prevenir a prostituição infantil, torna-se uma trágica ironia – ela obriga a própria menina a pagar sozinha pelo sexo que o adulto teve de graça.

09 de fevereiro de 2012
Publicado no Jornal Opção.
José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.