"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 14 de maio de 2012

ESTADÃO MOSTRA QUE A DELTA SEMPRE FOI UMA EMPRESA PICARETA

Oportuna reportagem da Agência Estado mostra que a empreiteira Delta sempre foi uma empresa inidônea, que dava golpes na praça, prejudicando inclusive pequenos comerciantes do interior.
Em Mauriti, uma cidade cearense de 45 mil moradores, a quase 500 quilômetros de Fortaleza, no sertão do Cariri, moram muitas vítimas da empresa, que tocava um dos principais canteiros da transposição das águas do Rio São Francisco.

Há três anos, a empresa iniciou a obra de um trecho de 39 quilômetros de canal e passou a dar o ritmo do comércio, da política e até da agricultura local. Quando o escândalo veio à tona, no começo de abril, a construtora demitiu 80% dos seus mil operários no município, encostou os 145 caminhões, escavadeiras e tratores e rompeu contrato com as empresas agregadas, que saíram da cidade sem pagar as contas nas oficinas, lojas de autopeças e imobiliárias familiares.

O Estadão mostra que, por causa do calote, a Delta e suas agregadas estão com nome sujo na feira da praça central, nas farmácias, nas mercearias e no setor mecânico. Vendas para diretores das empresas, só à vista.

Na Autopeças Mauriti, o dono proibiu a entrada dos homens do consórcio. Ericon Gomes de Lima, o proprietário, diz que sofreu um calote de R$ 27,6 mil, o que o teria obrigado a demitir um dos quatro funcionários da casa.

“Não foi uma surpresa ver a Delta envolvida nessa história. Eu já tinha recebido cano no ano passado. Voltei a dar bobeira e negociar. Agora, o consórcio me deu um calote de R$ 27 mil”, relata Lima. “Todas as agregadas chegavam para comprar em nome da Delta, que se nega a nos ajudar a receber. É um absurdo porque foi a Delta que trouxe para cá esse comboio de ladrões”, diz, acentuando: “Se meu funcionário rouba, eu sou o culpado.”

14 de maio de 2012
Carlos Newton

PERDE-SE O MÍNIMO; NADA SE TRANSFORMA

 


Com a "compra" da Construtora Delta pelo grupo J & F, acertada em um único almoço e antes que se saiba exatamente a quantas anda essa criatura nutrida, na infância, pelo governador Sergio Cabral, do Rio de Janeiro, o governo Dilma dá mais uma lição ao mundo sobre como combater a corrupção.
Inaugura-se uma nova era no modo petista de lidar com "malfeitos" inadvertidamente "vazados" para o distinto público: assim como os donos dos pedaços do Estado outorgados aos partidos que integram a base de sustentação do governo, pegos em flagrante de corrupção, são "condenados" a transferir para outro membro da mesma organização o comando do seu "distrito" (ou ministério), agora também os "proprietários" das grandes lavanderias usadas para transferir dinheiro do Estado para essas organizações, quando pegos em flagrantes dificilmente solúveis em água, são condenados a transferir a lavanderia inteira para outro membro da mesma organização e passar do palco para os bastidores, naturalmente sem prejuízo dos seus "direitos especiais" e outros bens "adquiridos".

Consolida-se a norma:
Negócios, negócios, amigos aparte. Perde-se o mínimo; nada se transforma.
"Tudo pela causa". O que mudou foi a causa...
Pelos termos do "negócio" assinado na segunda-feira, 7, e anunciado na quarta-feira, 9, após um rápido almoço entre Fernando Cavendish e Joesley Batista, a J & F "não utilizará um centavo de seus cofres para ficar com a Delta; usará a distribuição dos dividendos futuros da própria companhia para pagar seus antigos controladores".

O primeiro passo da J & F na Delta será "enfrentar o imbroglio jurídico e político" já que, desde 24 de abril último a construtora está sendo investigada pela Controladoria Geral da União por falcatruas tramadas dentro famigerado Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes) num processo que pode torná-la inidônea o que implicaria o cancelamento automático de todos os seus contratos e a impediria de assinar novos contratos com os governos federal, estaduais e municipais, o que a condenaria à morte, por assim dizer, por "supressão de habitat".


José Batista Junior, um dos três irmãos que "controlam" a J & F, tem certeza, porém, de que esse é um obstáculo superado pois "seria uma conversa de bêbado ou de louco" pensar que isso não foi previamente acertado:
"Imagine se o dr. Henrique Meirelles (ex-presidente do Banco Central de Lula e atual Presidente do Conselho da J & F) ia fazer um negócio que o governo não quer".

"Mudado o controlador o motivo do processo de inidoneidade se extingue", disseram à IstoÉ Dinheiro pessoas ligadas à direção da J & F que sabem onde estão pisando. Por isso, sob a nova direção, "será mudado quem for necessário por razão técnica ou jurídica".

O princípio da isonomia foi, portanto, rigorosamente respeitado. Trata-se exatamente do mesmo procedimento de segurança que garante que das relações promíscuas entre ministros da Republica lulopetista e múltiplos parceiros privados de risco não nasçam aprofundamentos de investigações nem processos jurídicos incômodos que, com o aval da Secretaria de Estado do governo dos Estados Unidos da América, fez do PT uma referência mundial de "combate à corrupção".
Para quem, partindo de um pequeno açougue em Anápolis, no interior de Goiás (sempre Goiás...) conseguiu saltar, nos últimos 10 anos, para a posição de 3ra maior empresa do Brasil atrás apenas da Petrobras e da Vale, ficar dono de mais de 50 marcas, pagar 140 mil funcionários em todo mundo e, last mas absolutamente not least, tornar-se sócio do BNDES e dos fundos de pensão do Banco do Brasil, da Petrobras e da Caixa Econômica Federal (eventos que não ocorreram necessariamente nessa ordem), dinheiro não é problema.
Nem para a Delta, aliás.
Saindo do nada ha bem poucos anos, ela se tornou a sexta maior empreiteira do país. Faturou R$ 3 bi em 2011 e tem R$ 4,7 bi de contratos em carteira, quase todos de obras do PAC, filho da Dilma.
Mas, neste caso, não é de dinheiro que se trata: "Vamos supor que tudo dê errado (que ainda reste algum foco oculto de resistência moral no país, acrescento eu). Nesse caso devolve-se a empresa aos seus antigos controladores. Não ha risco financeiro assumido nesse negócio", diz candidamente o pessoal da J & F.
Se colar, colou...

fernaslm
14 de maio de 2012

MARKO PETEK INDIGNADO!!! DIRETO DA SUÍÇA!!!


DIGA PARA SEU FILHO QUE BEBER E DIRIGIR ESTÁ OK

O título acima choca? Provavelmente. Mas porque não? Sob o ponto de vista de muitas pessoas, alcool e direção combinam sim. E provam isto, mostrando que vem bebendo e dirigindo a décadas e continuam vivas. Alguém quer prova maior que esta?

Quantos bebados devem dirigir nas noites de Porto Alegre. Se for 1% da população serão umas 20.000 pessoas por noite. Se for 0.1% da população umas 2.000. Em qualquer hipótese é gente pra dedéu. E quantas morrem por mês? Poucas, dá para contar nos dedos. Portanto a chance de morrer dirigindo bebado é muito pequena.

Da mesma forma existem pessoas que dizem que as drogas não fazem mal. Que se forem consumidas com controle, podem até servir para relaxar. Tenho certeza que a percentagem de pessoas usuárias de drogas e que acreditam nisto é, infelizmente, bastante alta.

E a viagem a Lua? Hoje há um movimento que "prova" nunca ter acontecido! O homem veio do macaco? Bobagem!!! (aliás não veio, veio de um ser muito inferior ao macaco, as pessoas não percebem isto). Evolução? Que provas há? Os trilhões de ossos e fosseis não provam nada!!! Só acredito vendo!

E será que ver adianta alguma coisa? Até uns 400 anos atrás as pessoas "viam" a Terra como o centro do universo. Até o início do século XX não se conhecia a noção de galáxias. E por aí posso continuar horas e horas a falar.

E o ar? Você já viu o ar? Você já viu a inteligência. O fato de não poder vê-la significa que ela não existe? Pior ainda: e o vácuo? Pode existir algo que não contem nada?

O motivo de minha indignação que levou-me a sair do silencio obsequioso que observo desde janeiro foi o texto do Janer Cristaldo publicado na sexta no Blog do Prévidi. Para início de conversa quero dizer que gosto muito do Cristaldo, sou seguidor fiel. Temos posições em muito parecidas e, como entre qualquer par de pessoas, temos nossas divergências. Mas isto não é o caso.

O texto dele sentava o pau no aquecimento global. Acontece que apenas esta semana é o terceiro texto igual que leio. (pausa para ouvir "have you ever seen the rain" que está tocando aqui... continuando...)

Como dizia, é o terceiro texto. Por uma infeliz coincidência, todos os três com origem no Brasil. Em 1976 juntamente com um amigo também leitor do Blog eu fundei o Observatório Astronômico Canopus. Tinha apenas 15 anos na época, mas já me assustava a ignorância científica das pessoas. Uma das missões primordiais do Canopus, até hoje perseguida, era educar cientficamente as pessoas.

Naquela época a situação no Brasil era ainda pior. O nosso isolamento comercial, monetário e a precariedade de nossas comunicações faziam que as informações que recebíamos do exterior fossem muito poucas. Como jovens cientistas comprávamos Mecanica Popular e Scientific America, quando os bolsos permitiam. O resto era por carta. Eu comprava folhas com 100 selos pois enviava e recebia uma 4 ou 5 cartas por dia.

Nesta situação de isolamento campeava (gauchescamente falando) o desconhecimento. O Canopus ao longo da história promoveu cursos, deu palestras em colégios (até jardins de infância), fez excursões para observação, enfim trabalhou para educar. E não foi o único. Ao longo do Brasil diversos grupos de cientistas amadores fizeram e fazem o mesmo.

Os caminhos da vida me levaram a ser um cientista profissional. Aí aprendi em primeiro lugar o minucioso escrutínio pelo qual passa qualquer artigo científico antes de poder ser publicado em um periódico especializado. Existem casos de artigos que levaram anos para serem aprovados. Levar meses é uma situação normal. Ninguém reclama.

Mas voltando aos artigos publicados na imprensa brasileira. Todos eles com um assunto: contestando o aquecimento global! A cada um que leio o sangue me sobe às temporas e eu fico "fora da casinha". Desculpe,mas deixando o politicamente correto de lado, o que me vem a cabeça é: "Mas que bando de ignorantes !!!"

Vejam, meu pai me ensinou que ignorante não é ofensa. É um fato, a pessoa ignora alguma coisa. Basta ela se informar para deixar de ser ignorante.

Eu pergunto: de que fonte as pessoas buscaram a informação que o aquecimento global é uma farsa? Ah, da Veja. Ah, do Programa do Jô. Ah, da Super-Interessante! Ora bolas!!!!!!

Antes de falarem algo estudem pelo menos. Porque senão serão facilmente contra-argumentados (para não dizer humilhados). Querer contrapor periódicos científicos com Super-Interessante é ... deixa prá lá.

Desculpem se pareço alterado. É que estou sim. Porque estão brincando com coisa séria Hoje 97% dos cientistas que estudam esta área concordam com a tese do aquecimento. Em nenhuma outra área da ciência existe tamanha concordância. E se existe algo muito difícil é cientistas concordarem. Normalmente a alegria de um é achar furos na teoria do outro.

Eu conheço pessoalmente vários destes cientistas. Acham que estão sendo patrocinados por "Interésses" excusos como dizia o Brizola? Bem se estivessem acho que pelo menos poderiam trocar os carros, inevitavelmente com mais de 10 anos de uso, por uns com apenas 5. Talvez seus sapatos não estivessem em petição de miséria e por aí vai... Cientista ganha mal no mundo todo. Mas esta mesma ciência que os luminares da Super-interessante condenam é a que faz aviões voarem, remédios curarem e a internet funcionar. Interessante né? Quando me serve a ciência é boa, quando não me serve ela está errada.

O que acontece no Brasil é pior que ignorância, é burrice. Burrice política ! Acontece que o PT sempre defendeu causas ecológicas. Isto é natural visto que em sua origem haviam muitos professores universitários que sempre se preocuparam com estes assuntos. (parenteses para dizer que sou tri-anti-pt e anti-comunismo. minha família perdeu tudo que tinha para eles e já no berço fui catequizado pela direita, mas não dá para negar os fatos).

Então nossa burra direita que não produz uma única liderança a 20 ou mais anos (Aécio? piada né?) acha que para ser anti-PT tem que negar o aquecimento global. Como se os alhos tivessem algo a ver com os bugalhos.

Só que esta é uma brincadeira perigosa. Tão perigosa quanto mandar o seu filho beber e depois sair dirigindo. Porque esta brincadeira mata. Não vai matar a nós que não temos tanto tempo assim pela frente, mas vai sim tornar muito dificil a vida dos nossos descendentes.

Então se você não está nem aí para o mundo que vá deixar queime, gaste, torre, desperdice. Mas estude também um pouquinho por favor antes de falar bobagem.

* previdi.blogspot.com

14 de maio de 2012
janer cristaldo

FEDEU!

 





Ele me chamou pelo skype para contar, como sempre, uma fofoca palaciana. Outro dia, a senhora dona presidente estava possessa (normal?), ordenou à sua secretária: “Quero o Cabral e o Pezão em palácio para, a quatro olhos, dar um esporro neles, dizer-lhes na lata que os 77 mil dólares, da dança da garrafa que os dois fizeram com o dono da Delta, eu quero que eles devolvam a porra do dinheiro, que está me dando dor de cabeça. Com dois aliados desses, ainda vou ser impichada pelo fiofó por causa desta merda”.
Em virtude da urgência, os dois pegaram emprestado o jatinho do Eike para chegar mais depressa.
Quando estavam na sala de espera, o Sombrio, pela janela disfarçada de quadro, sacou a foto, enquanto ouvia o Pezão dizer para o Cabral:
– Acho que a merda “garrou”, chefe.
Ao que o Cabral respondeu:
– Não só garrou, mas tá fedendo pacas!…


14 de maio de 2012
magu

O CHEFE - CAPÍTULO 18

Capítulo XVIII

TCU recomendou paralisar obras irregulares;
Petrobras foi campeã em aumento de custos

O TCU (Tribunal de Contas da União) elaborou relatório de fiscalização com indícios de graves irregularidades em 63 obras do Governo Federal, a ponto de recomendar, em setembro de 2009, a paralisação de 41 empreendimentos da administração Lula. Entre os casos mais graves, a Petrobras. Na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cujos serviços àquela altura estavam estimados em R$ 4 bilhões, técnicos do TCU detectaram sobrepreços e critérios de medição inadequados. Na reforma da refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, com obras orçadas num total de R$ 2,5 bilhões, também teria havido a prática de sobrepreço.

Das 41 obras em piores situações, 14 estavam a cargo do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, do Ministério dos Transportes). Outras cinco obras eram tocadas pelo Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, do Ministério da Integração Nacional). Além da cobrança de preços acima da média do mercado, o TCU identificou restrições à competitividade nas licitações, deficiência em projetos apresentados e orçamentos incompletos. Para o presidente do TCU, Ubiratan Aguiar, a interrupção dos serviços é medida extrema:
- Não nos interessa a paralisação de obras, mas não poderíamos deixar que prosperassem a fraude, o conluio e a corrupção.

Além das duas refinarias faziam parte da lista de casos mais graves as seguintes obras, com os respectivos custos: construção/ampliação das estradas BR-101 (no Rio de Janeiro), no valor de R$ 80 milhões; BR-158 (na divisa entre Pará e Mato Grosso), de R$ 64 milhões; BR-364 (em Rondônia), R$ 62,8 milhões; BR-265 (corredor Leste, em Minas Gerais), R$ 31,5 milhões; e BR-317 (na divisa entre Amazônia e Acre), no valor de R$ 23 milhões.

Dois aeroportos estavam na relação: o de Guarulhos (SP), com obras estimadas em R$ 69,8 milhões, e o de Vitória, com serviços estimados em R$ 5 milhões. Faziam parte da lista de obras irregulares a ampliação da rede de energia elétrica no Piauí, orçada em R$ 203 milhões; a construção da barragem Berizal, em Minas Gerais, estipulada em R$ 6,6 milhões; e os projetos de irrigação entre Santa Cruz e Apodi, no Rio Grande do Norte, no valor de R$ 15,7 milhões, e do Baixio de Irecê, na Bahia, de R$ 48 milhões.

Algumas obras sofreram aumentos de custos expressivos, o que alertou o TCU. Cinco delas a cargo da Petrobras: o gasoduto Urucu-Coari-Manaus subiu de R$ 2,4 bilhões, no início das obras, em 2006, para R$ 4,5 bilhões, em março de 2009. Justificativa da Petrobras: a estatal resolvera implementar "tecnologia inédita" no País. O gasoduto Cacimbas-Catu, entre o Espírito Santo e a Bahia, teve os custos elevados de R$ 2,9 bilhões para R$ 3,5 bilhões. Segundo o TCU, havia contratos firmados sem licitação e o superfaturamento nos serviços de aplicação de asfalto alcançara 2.400%. Trabalhos de escavação em 183 quilômetros da obra foram acordados em R$ 1,6 milhão, enquanto o mesmo serviço em outro trecho, de 171 quilômetros, recebeu orçamento de R$ 10 milhões.

As plataformas marítimas P-52 (campo Roncador) e P-53 (campo Marlim Leste) sofreram reajustes, respectivamente, de R$ 3,2 bilhões para R$ 3,5 bilhões, e de R$ 2,9 bilhões para R$ 3,9 bilhões. Integrava a lista a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, cujas obras tiveram aumento de R$ 18,7 bilhões para R$ 19,2 bilhões.

Os custos aumentam com termos aditivos que passam a ser incorporados aos contratos iniciais. Eles alteram projetos básicos, multiplicam valores de obras e introduzem novos serviços. A plataforma P-56, cujo destino era a bacia de Campos (RJ), é outro exemplo. A sua construção subiu de R$ 2 bilhões para R$ 2,4 bilhões. A refinaria de Duque de Caixas, no Rio de Janeiro, teve 24 anexos ao contrato original. Os aditivos previam pagamentos por serviços não estabelecidos anteriormente e até reajuste salarial aos operários. Naquela obra teria ocorrido direcionamento de contratos.

De 2007 a 2009, a construção da eclusa de Tucuruí (PA) foi reajustada de R$ 548 milhões para R$ 815 milhões, um aumento de quase 50%. Chamaram a atenção do TCU os custos da via perimetral (margem direita) do porto de Santos (SP), que praticamente dobrou de preço, de R$ 55 milhões para R$ 107 milhões. Os seguintes reajustes em obras do setor de transportes causaram estranhamento: arco rodoviário do Rio de Janeiro, de R$ 756 milhões para R$ 1,1 bilhão; BR-101, em Pernambuco, de R$ 715 milhões para R$ 818 milhões; BR-101, no Rio Grande do Norte, de R$ 281 milhões para R$ 374 milhões; e a ferrovia Transnordestina, de R$ 4,5 bilhões para R$ 5,4 bilhões. Em julho de 2009, o TCU havia determinado a redução de R$ 120 milhões no contrato firmado entre a Eletronuclear e a construtora Andrade Gutierrez, para construir a usina nuclear de Angra 3 (RJ). Haveria sobrepreço nos serviços.

Como o Brasil é grande, antes do exame de mais problemas registrados na área da Petrobras, a paciência do leitor é preciosa para uma lista de outras 27 obras suspeitas de irregularidades, de acordo com o mesmo relatório do TCU. Em ordem de grandeza: construção do trecho rodoviário do corredor Leste, no Espírito Santo, com serviços orçados em R$ 95 milhões; obras do contorno rodoviário de Foz do Iguaçu (PR), de R$ 74,7 milhões; complexo viário Baquirivu-Guarulhos (SP), R$ 69,8 milhões; construção de trecho do corredor rodoviário da fronteira norte, em Roraima, R$ 15,6 milhões; restauração de rodovias federais no Espírito Santo, R$ 11,4 milhões; acesso rodoviário no corredor Leste, no Espírito Santo, R$ 10,7 milhões; construção de trechos rodoviários na BR-393 (ES), R$ 9,7 milhões; distrito industrial de Manaus, de R$ 1,2 milhão; e obra na BR-010, a Tocantins-Maranhão, R$ 1 milhão.

Agora, obras de drenagem e de construção de barragens: adutora Italuís, no Maranhão, com custo estimado em R$ 299 milhões; adutora de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, R$ 131 milhões; adutora de Serra da Batateira, na Bahia, R$ 67,7 milhões; construção da barragem de Rangel, no Piauí, R$ 53,8 milhões; drenagem do Tabuleiro dos Martins, em Maceió, R$ 53,6 milhões; obras de saneamento na região do rio Paraibuna, em Minas Geais, R$ 35 milhões; construção do sistema adutor do sudeste do Piauí, R$ 34,5 milhões; obras de controle de enchentes no rio Poty, no Piauí, R$ 25,2 milhões; e construção da barragem de Congonhas, em Minas Gerais, R$ 500 mil.

Por fim, as últimas oito obras com suspeitas de irregularidades, acompanhadas, como em todos os casos, de seus custos totais: construção dos terminais de granéis do porto de Barra do Riacho, no Espírito Santo, no valor de R$ 347 milhões; expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, no Maranhão, R$ 242 milhões; construção da fábrica de hemoderivados de Pernambuco, R$ 136 milhões; construção da linha 3 do Metrô, no Rio de Janeiro, R$ 65 milhões; construção da sede do Tribunal Regional Federal, no Distrito Federal, R$ 19,7 milhões; construção do porto de Camargo, em Campo Mourão (PR), R$ 10,1 milhões; construção da Escola Agrotécnica de Nova Andradina (MS), R$ 1,5 milhão; e reforma do campus da Universidade de Pelotas (RS), R$ 1,3 milhão.

A Petrobras é um caso aparte. Maior empresa nacional, faturou R$ 240 bilhões em 2008 e respondia, no final do segundo governo Lula, por mais de 90% dos investimentos das estatais brasileiras. Suas 21 subsidiárias aplicavam R$ 60 bilhões por ano. Desde a posse de Lula, em janeiro de 2003, até abril de 2009, a empresa firmou contratos de prestação de serviços no valor de R$ 129 bilhões, sendo R$ 47 bilhões, mais de um terço do total, sem licitação.
De suas 80 diretorias, gerências e assessorias importantes, 21 foram ocupadas por indicações políticas, a saber: 17 do PT, duas do PMDB e duas do PP. Vale destacar a Braspetro, distribuidora de combustíveis, nas mãos do ex-senador tucano Sérgio Machado (CE), apadrinhado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e o próprio presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli (PT-BA), ligado ao governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).

Em 25 de março de 2009, a Polícia Federal deflagrou a Operação Castelo de Areia, para desbaratar uma quadrilha que envolveria diretores da construtora Camargo Corrêa. De acordo com as investigações foram detectadas licitações fraudulentas, obras públicas superfaturadas e remessas ilegais a paraísos fiscais. Havia indícios de uso do chamado "dólar-cabo" para mandar dinheiro ao exterior, sistema pelo qual não há transferências físicas ou eletrônicas de valores entre países, mas compensações por intermédio de contas de doleiros.
As apurações da Polícia Federal apontaram para Fernando Arruda Botelho, sócio da Camargo Corrêa e vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Ele seria responsável por doações da empreiteira a partidos políticos. Sete legendas foram citadas num primeiro momento: PSDB, DEM, PPS, PMDB, PP, PDT e PSB. Depois surgiram menções às agremiações do PT, PTB e PV. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, teria intermediado contribuições a candidatos.

Entre os políticos diretamente mencionados por receber dinheiro da Camargo Corrêa estavam os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA), o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) e um ex-candidato a prefeito de Recife, Mendonça Filho (DEM). Em seguida viriam outros nomes, mas, da mesma forma, não haveria indicações de doações ilegais para o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e os deputados José Eduardo Cardozo (PT-SP), Cândido Vaccarezza (PT-SP), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Aldo Rebelo (PC do B-SP), Michel Temer (PMDB-SP), Paulo Renato (PSDB-SP), Edson Aparecido (PSDB-SP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Empresas do grupo Camargo Corrêa figuravam entre as principais doadoras a candidatos e comitês financeiros nas campanhas eleitorais de 2006 e 2008. Doaram, oficialmente, R$ 38,3 milhões, sendo que, em 2008, os três partidos que mais receberam foram, respectivamente, DEM (R$ 3,1 milhões), PT (R$ 1,2 milhão) e PSDB (R$ 580 mil). Mas não foram apenas doações legais, pelo que se depreende de ligações telefônicas captadas pela Polícia Federal durante as investigações. Este diálogo, por exemplo, foi travado entre Pietro Francesco Giavina Bianchi, diretor da empreiteira, acusado por ligações com doleiros, e um interlocutor identificado apenas como "Marcelo", que inicia a conversa:

- Aquela tulipa, lembra? Chegou a ver?
- Não. O que é isso?
- Eram algumas coisas para acontecerem ontem.
- Sim, mas o que é? Campanha política?
- É.
- Por dentro?
- Não.
- É. Então não tô sab... nem eu tô sabendo... tudo.
Em mais uma gravação autorizada pela Justiça, o mesmo Pietro Bianchi conversa com Fernando Dias Gomes, outro diretor da empreiteira. Gomes telefonara para Bianchi porque um tal "Luiz" gostaria de saber se o deputado José Carlos Aleluia recebera dinheiro em 2008. Pietro Bianchi responde:
- Mas pagamos, não?
- É, eu vou dar uma olhada (...). Diz que ele tem um pen drive lá embaixo.
- Além disso, na minha pasta lá...
- Hum.
- ... tem aquela pasta de eleições.
- Ah, tá bom.
- E lá tem todos os caras que foram pagos.
- Eu procuro lá, então.
- A relação inclusive... bom, inclusive o oficial... a colaboração oficial.
- Tá bom. Tem as duas, né? Tá bom.

A Camargo Corrêa teria repassado R$ 178 milhões a políticos e funcionários públicos entre 1995 e 1998, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). A Operação Castelo de Areia poderia se transformar num barril de pólvora. Em 2008, a Camargo Corrêa participava, por exemplo, das obras de construção da ferrovia Norte-Sul, no trecho Anápolis-Uruaçu, em Goiás, pelas quais recebera R$ 44 milhões. A Polícia Federal, por sua vez, investigava, entre outras, cinco grandes obras da empreiteira tocadas em 2009, algumas já relacionadas neste texto: as construções da eclusa da hidrelétrica de Tucuruí (PA), aeroporto de Vitória, Tribunal Regional Federal no Distrito Federal, metrô de Salvador e, principalmente, a refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), uma parceria do governo Lula com a Venezuela, bandeira do presidente do Brasil. O custo da refinaria era de US$ 4 bilhões em 2005. Chegaria a US$ 12 bilhões em 2009.

Para evitar problemas, Lula agiria com rapidez, solicitando a seu ex-ministro da Justiça, advogado Márcio Thomaz Bastos, que atuasse como criminalista na defesa da Camargo Corrêa. Bastos aceitou na hora, mas negou haver o pedido de Lula. Auditoria do TCU identificara diversas irregularidades na primeira parte da construção da refinaria Abreu e Lima. Teria havido superfaturamento de R$ 121 milhões em serviços executados, inclusive nos de terraplenagem. Usariam o truque do "jogo de planilha", pelo qual itens sujeitos a prováveis compras posteriores receberiam preços mais altos, enquanto aqueles cujas quantidades podem ser reduzidas ao longo da obra ficariam com preços baixos. Existiriam indícios da contratação de funcionários e até de máquinas-fantasmas, além de suspeitas relacionadas à aquisição de laboratório, tanques de armazenamento e cozinha industrial. Uma das contratadas pela Petrobras para tocar as obras em Abreu e Lima, citada pela Polícia Federal, era a EIT (Empresa Industrial Técnica). Ela apareceria como suspeita de efetuar pagamentos indevidos ao grupo do empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

As atividades de Fernando Sarney foram investigadas pela Polícia Federal e justificarão a devida atenção do leitor, conforme veremos nos próximos capítulos. Em todo o caso, cabe registrar as suspeitas dos federais sobre as ligações entre o filho de José Sarney e Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia, afastado do governo Lula no bojo de um caso de corrupção, como já vimos. Mas Silas Rondeau continuaria agindo na gestão do PT. Utilizaria sua influência na Petrobras, da qual era integrante do Conselho de Administração, para beneficiar os negócios do grupo de Fernando Sarney.

Silas Rondeau faria uso de uma consultoria para "mascarar" o recebimento de dinheiro de empresas do setor de energia. Ele figuraria como sócio oculto da RV2, que assinara, por exemplo, contrato de R$ 195 mil com a Multiner, empresa com atuação na construção de usinas eólicas. A Multiner também controlaria a termelétrica de Cristiano Rocha, em Manaus, que recebera financiamento de R$ 27,7 milhões da Petros, o fundo de pensão da Petrobras.
Oito meses após deflagrar a Operação Castelo de Areia, a Polícia Federal concluiu uma nova fase de investigações sobre as atividades da Camargo Corrêa. O delegado Otavio Margornari Russo apontou obras suspeitas de superfaturamento e indícios de doações ilegais a cerca de 200 políticos.
Citou o deputado Walter Feldman (PSDB-SP), que teria recebido US$ 5 mil por mês, de janeiro a dezembro de 1996, além de outros US$ 20 mil em 1998. Fez referências a US$ 45 mil encaminhados em 1996 a "Palácio Band", o que indicaria se tratar do Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo de São Paulo.
O nome do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), surgiu como beneficiário de US$ 345 mil, ao lado dos registros de 21 cifras com valores, datas e taxas de câmbio. Os valores repassados pela Camargo Corrêa a Michel Temer seriam redondos, variando de US$ 5 mil a US$ 10 mil e, em alguns anos, com periodicidade mensal.

O delegado federal relacionou o ex-deputado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), supostamente contemplado com US$ 15.780 em 1998, o ex-senador Gilberto Miranda, com US$ 50 mil, e a Companhia Energética de São Paulo, para onde "doação" de US$ 2,3 milhões teria sido enviada em 1997.

O Ministério Público Federal em São Paulo ofereceu denúncia contra os executivos da Camargo Corrêa Pietro Francesco Giavina Bianchi, Fernando Dias Gomes e Darcio Brunato. Apontou o pagamento de R$ 4 milhões de propina no exterior, um acerto para a empreiteira vencer licitações e construir cinco hospitais no Pará e 23 navios para a Transpetro, uma subsidiária da Petrobras. No caso dos cinco hospitais, o suborno irrigaria os caixas 2 do PT e do PMDB com, respectivamente, R$ 260 mil e R$ 130 mil.

Havia suspeitas de pagamento de propina aos senadores Inácio Arruda (PC do B-CE) e Renato Casagrande (PSB-ES) pelo suposto envolvimento deles com as obras de construção do metrô de Fortaleza e do aeroporto de Vitória. O diretor da Eletronorte, Adhemar Palocci, irmão do deputado Antonio Palocci (PT-SP), também seria investigado, por conta das obras na eclusa da hidrelétrica de Tucuruí. Os serviços da Camargo Corrêa em Tucuruí gerariam R$ 1 milhão em comissões ilegais, dividido meio a meio entre PT e PMDB. Astrogildo Quental, diretor da Eletrobrás, ligado à família Sarney, poderia estar envolvido na maracutaia de Tucuruí, conforme as investigações.

O nome do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), um dos expoentes do escândalo do mensalão, da mesma forma que o de Paulo Souza, diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário, empresa do Governo de São Paulo), apareceu ligado a suspeitas relacionadas à construção do rodoanel Mario Covas. Obras da linha 4 do metrô de São Paulo teriam servido para o pagamento de propinas, da mesma forma que as da ponte Jurubatuba, na zona sul da cidade. Foram citados Elton Zacarias, secretário de Habitação da Prefeitura de São Paulo, supostamente envolvido em irregularidades nas obras de urbanização de Paraisópolis, na capital paulista, e os vereadores paulistanos Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) e Toninho Paiva (PR-SP), suspeitos de facilitar a compra de um terreno para a Camargo Corrêa. Elton Zacarias teria recebido R$ 1 milhão. Os dois vereadores, R$ 800 mil.

Um dos grandes contratos assinados sem licitação durante a era Lula entre a Petrobras e organizações não-governamentais, no valor de R$ 16,1 milhões, foi o celebrado em outubro de 2008 com o MBC (Movimento Brasil Competitivo), uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O escopo do convênio era a modernização da gestão pública e o aumento da competitividade do setor. No papel, tudo muito bonito. Como sempre. O problema foi que, entre seus conselheiros, o MBC tinha o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e mais quatro ministros da administração Lula, inclusive a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT-RS).

A Petrobras teria assinado contratos suspeitos, no valor de R$ 203 milhões, com o grupo Protemp, que disponibilizava mão-de-obra. Entre 2005 e 2009, as quatro empresas da organização, cuja sede ficava em Santo André (SP), firmaram 27 contratos com a Petrobras, sendo que 11 por dispensa de licitação. Havia suspeitas de que "laranjas" eram proprietários da Protemp.

O "sócio" Walter Fabri, por exemplo, não passaria de um funcionário da empresa. Deolinda Malentachi, moradora da periferia de Santo André, teria participação majoritária no grupo. Morreu sem deixar bens. Outra moradora da periferia de Santo André, a aposentada Maria Aparecida da Costa, ficaria "sócia" depois de perder os documentos e receber solicitação "para assinar uns papéis". De acordo com a Folha de S.Paulo, ela seguiria orientação de um advogado que a procurara, de nome Saulo de Lima, um ex-secretário do prefeito Dario Lima (PT) em Blumenau (SC).

O repórter Fernando Barros de Mello revelou também o nome de um ilustre "empregado" da Protemp, devidamente terceirizado e instalado no setor de Comunicação Institucional da Petrobras, em São Paulo: José Carlos Espinoza, fiel escudeiro de Lula. Ex-segurança do chefe, chegou ao comando do gabinete regional da Presidência da República em São Paulo, no primeiro mandato de Lula. Participou da elaboração da agenda da campanha de Lula à reeleição em 2006. Deixou o cargo na esteira do escândalo do dossiê, aquele que envolveu o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), já relatado aqui.

Na Petrobras, José Carlos Espinoza teria a função, conforme explicou, de fazer a interlocução com os movimentos sociais. Ao esclarecer o que fazia, citou dirigentes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar. Nas palavras de José Carlos Espinoza:
- Por conta exatamente do meio de campo que foi pedido para eu fazer entre os movimentos sociais e a Petrobras. Conheço o José Rainha, o presidente da Contag, o pessoal da Fetraef.

O TCU examinou o destino das aplicações da Petrobras em programas e obras sociais. Eram convênios ou contratos firmados por dispensa de licitação que movimentaram R$ 209 milhões entre 2003 e meados de 2009. A maior parte do dinheiro vinha do chamado FIA (Fundo da Infância e Adolescência) e beneficiou o PT e os partidos da base aliada do presidente Lula. De dezembro de 2008 a maio de 2009, por exemplo, de R$ 38,6 milhões provenientes de 157 repasses, 54% dos recursos irrigaram administrações do PT. Os 46% restantes foram divididos por 16 partidos. Se considerarmos o PMDB, os dois principais partidos da base aliada, PT e PMDB, embolsaram 67% da verba.

Levantamento do TCU identificou repasses da Petrobras, no valor de R$ 15 milhões, para a CUT (Central Única dos Trabalhadores, ligada ao PT) alfabetizar 140 mil trabalhadores entre 2004 e 2005, ainda no primeiro mandato de Lula. Parte do dinheiro compraria 100 mil kits de cadernos, estojos, borrachas, lápis e apontadores para uso de alunos, e outros 4 mil kits, com cadernos, pastas e canetas, seguiriam para professores. Não houve comprovação da distribuição dessas centenas de milhares de itens.

A Petrobras financiou 119 festas de São João na Bahia. A maioria dos eventos beneficiou cidades governadas pelo PT ou por partidos da base aliada, entre 2005 e 2008. Os recursos da estatal eram intermediados pela Aanor (Associação de Apoio e Assessoria a Organizações Sociais no Nordeste), uma organização não-governamental dirigida por Aldenira da Conceição Sena, vice-presidente do PT da Bahia. A entidade recebeu R$ 4,1 milhões para fazer o gerenciamento das festas.

A Folha de S.Paulo apurou que Rosemberg Pinto, assessor especial do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli (PT-BA), negociava cotas de patrocínio para as tais festas juninas. Indicava empresas que deveriam ser contratadas pelos prefeitos. Cesira Maccarinelli Ferreira, suplente do Conselho Fiscal da Aanor, era secretária particular do governador Jaques Wagner (PT-BA). Outra dirigente da entidade, Maria das Dores Loiola Bruni, mantivera ligações com o ex-deputado Josias Gomes (PT-BA), um dos envolvidos no escândalo do mensalão.

A CGU (Controladoria-Geral da União) detectou indícios de desvios em oito contratos da Petrobras, no valor de R$ 5,6 milhões, todos celebrados com organizações não-governamentais entre 2003 e 2008. Conforme o jornal O Globo, havia ausência de comprovantes de despesas e dinheiro da estatal em empresas ligadas aos próprios donos das entidades patrocinadas. Um repasse suspeito, no valor de R$ 1,4 milhão, beneficiou a Associação Vira Lata, uma cooperativa de catadores de papel dirigida por um assessor do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), também citado no escândalo do mensalão.

Outro repasse sob investigação, de R$ 477 mil, favoreceu a Confederação das Mulheres do Brasil, que manteria ligações com o PMDB. Documentos apresentados pela entidade seriam fraudados. Empresas de parentes de diretores da patrocinada teriam sido contratadas com dinheiro da Petrobras. Já o Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas) recebeu R$ 2,9 milhões. A CGU apontou diversos problemas no uso do dinheiro por parte da entidade, que era dirigida pelo ex-vereador Ivanir dos Santos (PT-RJ).

Uma organização não-governamental, o Ifas (Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar), com sede em Goiânia, fechou convênio de R$ 4 milhões com a Petrobras em 2007. O acordo previa o plantio de mamona, dendê e girassol em Minas Gerais, Ceará e Bahia. A empresa estatal chegou a repassar R$ 1,6 milhão do estipulado, mas nada saiu do papel, conforme o jornal O Estado de S. Paulo. Entre os nomes dos fundadores do Ifas estava Delúbio Soares, tesoureiro do mensalão.

Durante os dois mandatos de Lula, três empresas foram contratadas 268 vezes pela Petrobras. Juntas, R.A. Brandão Produções Artísticas, Guanumbi Promoções e Eventos e Sibemol Promoções e Eventos, esta última registrada em endereço onde funcionava um canil, no Rio, faturaram R$ 11,6 milhões, em contratos sem licitação. Raphael de Almeida Brandão era sócio das três. Outra coincidência: a responsabilidade pelas contratações estava a cargo do gerente de comunicação de Abastecimento da Petrobras, Geovane de Morais, oriundo do movimento sindical de químicos e petroleiros da Bahia, como, aliás, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o seu assessor especial, Rosemberg Pinto, e o próprio governador do Estado, Jaques Wagner.

Geovane de Morais teria gastado R$ 150 milhões em 2008, sendo que só haveria autorização para despender R$ 30 milhões. Como foi possível? Ele seria exonerado no começo de abril de 2009, mas, até o final de julho daquele ano, permanecia na Petrobras, em licença médica. Nos negócios suspeitos com recursos públicos firmados por Geovane de Morais surgiriam os nomes de duas produtoras de vídeo, ambas contratadas também por campanhas eleitorais do governador Jaques Wagner e de prefeitos do PT. A Movimento Produções e Eventos e a M&V Produções receberam R$ 7,2 milhões em contratos sem licitação. As empresas estavam em nome do mesmo dono, Vagner Angelim.

Em 2004, Geovane de Morais autorizou a contratação, por R$ 163 mil, da Movimento Produções e Eventos. No ano seguinte, gastou R$ 291 mil com as duas produtoras. Em 2006, ano da eleição de Jaques Wagner a governador, a Petrobras despendeu mais R$ 1 milhão em contratos com as produtoras de Vagner Angelim. Em 2007 a conta foi de R$ 1,8 milhão. Em 2008 mais que dobrou, para R$ 4 milhões. Entre as irregularidades apuradas, Geovane de Morais faria pagamentos sequenciais às empresas. Evitava celebrar contratos. Ao escolher desembolsos picados elevava custos e aumentava os ganhos das prestadoras de serviço. Em 2008 foram 90 pagamentos às duas produtoras.

Outros serviços contratados por Geovane de Morais não teriam sido entregues.
A ANP (Agência Nacional de Petróleo) investigou compensações financeiras pagas pela Petrobras, os chamados royalties, a prefeituras em cujas cidades havia exploração de petróleo e gás ou instalações para armazenar ou escoar combustível. Encontrou aumento de quase 800% em repasses ocorridos durante os anos Lula, principalmente no Nordeste. Os valores subiram de R$ 16 milhões, em 2002, para R$ 144 milhões, nos primeiros seis meses de 2008.
Levantou suspeita que procuradores da própria agência reguladora, do escritório de Brasília, teriam sido responsáveis por pagamentos superiores aos determinados pela Justiça. Alguns deles fariam defesas negligentes. O jornal O Estado de S.Paulo contou a história do pequeno município de Itambé (PE). Passa por seu território o gasoduto Nordestão 1. A ANP determinara royalties em torno de R$ 40 mil por mês em 2007. A Prefeitura contratou a Paradigma Consultoria, dirigida por Eugênio Roberto Maia, superintendente da ANP até 2006. O valor dos royalties pulou para R$ 584 mil por mês.

Em outubro de 2009, 15 municípios nordestinos mantinham contratos com a empresa de Eugênio Roberto Maia e brigavam judicialmente contra a ANP. A cidade de Moreno (PE) viu a arrecadação por royalties subir de R$ 44 mil, em 2007, para R$ 8,7 milhões, no ano seguinte. No caso de Itambé, a Paradigma Consultoria, com sede no Rio, ganhou R$ 1,1 milhão em comissões. Foi a compensação pelos R$ 11,5 milhões arrecadados em 17 meses pela Prefeitura.

Um caso deu o que falar. Victor de Souza Martins, irmão do ministro da Comunicação, Franklin Martins, era diretor da ANP desde 2005. Ele foi acusado de desviar recursos da Petrobras para esquema de pagamento de royalties. Praticaria tráfico de influência a fim de beneficiar a empresa Análise Consultoria e Desenvolvimento, operada por sua mulher, Josenia Bourguignon Seabra.
 Pagamentos de royalties retroativos, referentes à exploração do campo de Marlim, na bacia de Campos, poderiam gerar uma soma de R$ 1,3 bilhão, e dezenas de milhões em comissões irregulares. Victor de Souza Martins negou.

Doze cidades teriam obtido novos e vantajosos critérios de pagamento de compensações do setor petrolífero, graças a recomendações de Victor de Souza Martins. Os diretores da ANP arbitravam sobre o pagamento de royalties. Juntos, cinco dos 12 municípios mais que dobrariam a arrecadação com as compensações, obtendo R$ 176 milhões em 2008. A Polícia Federal admitiu investigar o caso em abril de 2009, mas não confirmou se Victor de Souza Martins estava entre os suspeitos. Um dossiê contra o diretor teria sido elaborado por araponga do próprio setor de inteligência da ANP.

Angra dos Reis (RJ) dobrou a receita mensal com royalties, de R$ 2,5 milhões para R$ 5,2 milhões, após contratar, em 2007, a Petrobonus Consulting, empresa especializada em obter o benefício. Onze cidades fizeram o mesmo, sem licitação. O relatório concedendo a compensação a Angra dos Reis foi assinado por Victor de Souza Martins. A consultoria renderia R$ 23 milhões em comissões à empresa. Newton Simão fazia parte dos quadros da Petrobonus. Antes, ele era assessor de Victor de Souza Martins, na ANP. Do secretário de Fazenda de Angra, Roberto Peixoto, em 9 de abril de 2009:
- Fizemos várias tentativas junto à ANP para conseguir enquadramento e não conseguimos. Só tivemos sucesso com a Petrobonus.

Um caso palpitante pôs a ANP na berlinda: o pagamento de R$ 178 milhões, supostamente ilegal, a sindicatos de produtores de álcool de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. O episódio teve a participação do diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, uma liderança do PC do B. O acerto para quitar subsídios que seriam devidos aos usineiros teria sido lesivo aos cofres públicos, pois o valor, muito alto, foi pago em dinheiro, evitando o procedimento padrão de mandar os credores à fila dos precatórios. Além de Haroldo Lima, teriam participado da negociação o deputado José Mentor (PT-SP) e um amigo, o lobista Paulo Afonso Braga Ricardo, que ficaria com comissão de 30% do total, ou seja, quase R$ 50 milhões. O lobista disporia de empresa offshore e teria uma ex-empregada doméstica de "sócia".

Havia ainda indícios de fraudes em licitações para reformar plataformas marítimas, no valor de R$ 200 milhões, conforme investigação da Polícia Federal na Operação Águas Profundas, realizada em 2007. O TCU também apontara possíveis irregularidades em contratos para construir plataformas. Com base no trabalho dos federais, o Ministério Público denunciou 26 pessoas por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação e falsificação de documentos, incluindo diretores da Iesa Óleo e Gás.

Apesar da ação criminal contra dirigentes da empresa, a Petrobras assinou um contrato com a Iesa Óleo e Gás no ano seguinte, no valor de R$ 190 milhões, para reformar plataformas. A empresa também participava do consórcio encarregado de construir a plataforma P-63, no valor de R$ 1,6 bilhão. Na investigação da Operação Águas Profundas, a Iesa Óleo e Gás admitiu ter entregue R$ 3,5 milhões à Angraporto, para comprar informações privilegiadas e vencer concorrência na Petrobras. A Angraporto, por sua vez, teria pago propina a funcionários da Petrobras, a fim de ganhar os certames. Com os dados, a Iesa obteria contrato para reformar a plataforma P-14. Em 2006, a mesma Iesa doara R$ 1,6 milhão para a campanha eleitoral do PT.

Como a Iesa, a GDK também se metera em confusão e sairia recompensada pela Petrobras. A empresa, com sede em Salvador, tornou-se famosa em 2005, após um de seus executivos presentear o então secretário-geral do PT, Silvio Pereira, com um jipe Land Rover. A revelação do mimo a Silvio Pereira ocorreu no auge do escândalo do mensalão. Na época, a GDK era dona de R$ 512 milhões em contratos com a Petrobras, sendo que a reforma da plataforma P-34, no campo de Jubarte (ES), teria sofrido sobrepreço de US$ 23 milhões. Conforme levantamento da Folha de S.Paulo, após o escândalo a GDK voltaria a ser contratada 19 vezes pela Petrobras. Total dos contratos firmados, entre 2007 e 2009: R$ 584 milhões. O mais alto, no valor de R$ 199 milhões, foi assinado com dispensa de licitação.

Diversas ocorrências justificaram a criação da CPI da Petrobras. Mas o Palácio do Planalto a manteve sob controle desde o início, em agosto de 2009. Oito de seus 11 integrantes eram da base aliada. Lula ainda dispunha do presidente da comissão, senador João Pedro (PT-AM), e do relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), seu líder no Senado. Requerimentos da oposição foram derrubados. Não houve acesso a dados considerados sigilosos. Engavetaram a investigação do convênio entre a Petrobras e a Fundação José Sarney. Não prosperaram as tentativas de averiguar a manobra contábil usada pela Petrobras, com a finalidade de alterar seu regime tributário e deixar de pagar R$ 2 bilhões em impostos em 2009.

Ao contrário da CPI dos Correios, que quase o derrubou, Lula, mais experiente, negociou antes e blindou a CPI da Petrobras. No editorial "Sob a regência de Lula", o jornal O Estado de S. Paulo abordou a relação estreita entre o presidente da República e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP): "O apoio a Sarney é peça-chave nessa formidável construção de poder que Lula rege pessoalmente porque considera a sua prioridade número um. No primeiro mandato, Lula não raro delegou as articulações políticas do governo a Dirceu e aos ministros Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, e Antonio Palocci, da Fazenda. Neste segundo período, escaldado pelos tropeços no escândalo do mensalão, e até por falta de alternativas, tornou-se ele próprio o seu principal operador político".

Dois meses antes do início dos trabalhos da CPI da Petrobras, Lula já dava uma dica sobre como trabalhava a comissão de inquérito. O presidente estava ao lado de José Sarney, durante um evento em homenagem ao ministro e ex-presidente do TCU, Marcos Vilaça. Lula voltou-se a Vilaça:
- Hoje você é ministro e eu sou presidente. Mas, daqui a um ano e meio, eu não sou mais presidente e vamos estar tomando uma água de coco com uma pituzinha lá em Pernambuco, sem prestar contas à imprensa, sem prestar contas a nenhuma CPI da Câmara ou do Senado, apenas prestando contas ao que nós vamos fazer no futuro.

Logo após a instalação da CPI, Lula voltaria a se manifestar:
- O Senado só tem gente experiente. Você acha que tem algum bobo no Senado? O bobo é quem não foi eleito. Os espertos estão todos eleitos.
Perguntado se os senadores fariam a CPI acabar em pizza, Lula vaticinou:
- Todos eles são bons pizzaiolos.

CAPÍTULO ANTERIOR - ARQUIVO DE 13 DE MAIO DE 2012

DE VOLTA AO PASSADO. COLLOR ATACA A TUDO E A TODOS NO SENADO

Trecho do pronunciamento do ex-presidente cassado por corrupção, Fernando Collor de Mello, atualmente senador por Alagoas, feito de hoje à tarde na tribuna do Senado:

"Por tudo isso, também chama atenção a reação patológica da revista Veja. Daqui mesmo, deste Plenário, já denunciei alguns fatos vergonhosos, que estão nos Anais desta Casa. Já denunciei daqui, desta tribuna, fatos vergonhosos desses que se julgam paladinos da moral e da correção. Forneci nomes e contei detalhes. Relatei a proposta que um desses rabiscadores fez a um Ministro do Supremo, para que ele me condenasse, em troca de destaques na revista. Denunciei os métodos rasteiros utilizados por confrades por ocasião do meu impeachment, como o fornecimento de informações obtidas ilegalmente a Deputados para que esses procedessem às denúncias como se fossem anônimas, tudo sob a proteção da imunidade parlamentar e do sigilo da fonte.

Até hoje não me contestaram, não me desmentiram, não me responderam. E sabem por quê? Porque eu falo a verdade. E, em nome da verdade,eu desafio o chefe maior desse grupelho, o Sr. Roberto Civita, a comparecer também à CPMI para falar da co-habitação que, a seu mando, a revista de sua propriedade e alguns de seus jornalistas mantém com o crime organizado.

Presto-me até a refrescar a sua memória – que, certamente, continua refrescada – com outros fatos delituosos ligados aos seus negócios,ligados aos seus confrades. Acho que está na hora de desmascararmos este Sr. Roberto Civita e suas atividades paralegais. Se a razão do Sr. Civita é tão patente e lúcida, se sua defesa da liberdade é tão consistente, não terá este capodecina qualquer receio de se manifestar pessoalmente, de ser as "vozes da nação".
 
14 de maio de 2012
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"O RISCO É O BRASIL CRESCER POUCO"

Ibmec Conference: ex-ministro Maílson da Nóbrega diz que “o risco é o Brasil crescer pouco"
 
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O ex-ministro da Fazenda e colunista da “Veja”, Maílson da Nóbrega, falou sobre as perspectivas da economia brasileira para estudantes e professores que participaram do quarto dia de palestras do “Ibmec Conference”, na última quarta-feira, 9 de maio, na Barra da Tijuca.

Segundo o consultor, a estabilidade macroeconômica, fruto do câmbio flutuante, das metas de inflação e dos superávits primários no setor público, é um fator determinante para manter a economia brasileira resistente diante do cenário hostil desencadeado pela crise financeira na Europa e nos EUA.

Respondendo a uma das questões fundamentais da economia, que é: “O que leva um empresário a investir?”, Nóbrega citou o Prêmio Nobel de Economia de 1993, o economista estadunidense Douglass North, que afirmou que os investimentos são fruto de um ambiente de negócios ideal, garantido pela presença de instituições fundamentais fortes.
O ex-ministro explicou que uma das razões para o atual sucesso do Brasil é, exatamente, a existência de instituições fundamentais estáveis como democracia, judiciário independente, imprensa livre e banco central autônomo.
“Mesmo que as indústrias façam tudo certo internamente, fora de suas porteiras o cenário é hostil”
Riscos

No cenário atual, o agravamento da recessão europeia e a desaceleração da economia chinesa, que juntas levariam a uma drástica redução das exportações nacionais, são as principais ameaças para o Brasil, segundo o ex-ministro.
Nóbrega lembra que o mercado europeu é responsável por 20% das vendas externas da indústria brasileira. Ele é otimista em relação à situação chinesa “a tendência é que a China continue crescendo 8% ao ano”, prevê.

Embora admita que a economia brasileira dispõe de uma irrevogável plataforma para o crescimento, Maílson reconhece que o país não vive em um cenário perfeito e que há riscos de esgotamento dessa conjuntura caso não sejam feitas reformas importantes como a Reforma Tributária e a Reforma Trabalhista, essenciais para a redução do “custo Brasil”.

“Mesmo que as indústrias façam tudo certo internamente, fora de suas porteiras o cenário é hostil”, lamenta. Ele também chama a atenção para a ameaça de baixo crescimento e alta da inflação no longo prazo. “O risco é o Brasil crescer pouco”, alerta.

Tendências para 2012

Apesar de discordar dos números do governo, que prevê um crescimento 4,5%, o ex-ministro fez projeções otimistas para o Brasil. Em 2012, Nóbrega espera que o desemprego registre índices baixos, que os juros continuem em queda e que o câmbio permaneça volátil.
Segundo ele, a inflação não convergirá para a meta. O agronegócio e a mineração irão alavancar o superávit primário. O Produto Interno Bruto deve ficar na casa de 3,2%, a inflação em 5,1% (IPCA), os juros girando em torno de 8,25% e a taxa de câmbio em 1,80%.

Ainda assim, o autor de “Muito além do feijão com arroz” vê com otimismo a posição econômica do país e explica que criamos uma série de condições que devem reforçar nossa posição de destaque no cenário internacional. Para Nóbrega, o Brasil “cruzou o Rubicão” no caminho do desenvolvimento, somos um país que “deu certo”, disse.

O consultor econômico também lembra que pela primeira vez em sua história o Brasil possui resevas internacionais maiores que sua dívida, assumindo a posição de credor no mercado internacional. “O mundo deve mais ao Brasil do que o Brasil deve ao mundo”, ressaltou. E chama a atenção para a satisfatória classificação do Brasil feita pelas principais agências de rating: “O país possui a condição de Grau de Investimento”.

14 de maio de 2012

CONGRESSO VAI LIBERAR MINERAÇÃO EM ÁREAS INDÍGENAS

As reservas indígenas do país poderão ser liberadas para a exploração de recursos minerais, o que hoje é proibido por lei.
O tema polêmico ficou no limbo durante quase duas décadas e ressurgiu no início do ano, com a retomada, pelo Congresso, do Projeto de Lei 1.610, que trata da mineração em terras indígenas. Uma Comissão Especial foi criada na Câmara para tratar exclusivamente do assunto.

A previsão é que um substitutivo do texto original seja votado e encaminhado ao Senado na primeira quinzena de julho, para depois seguir à sanção presidencial. A proposta, se for adiante como está, deve alterar radicalmente o mapa da exploração mineral no país.

Segundo o projeto, a entrada de empresas nas terras indígenas ficará condicionada ao pagamento de royalties aos índios que tiverem áreas afetadas pela lavra. A empresa que explorar o minério terá de pagar algo entre 2% e 3% da receita bruta do negócio durante todo o tempo de exploração. Para administrar esse dinheiro, será criado um fundo específico.

A proposta em andamento também altera o modelo de autorização para exploração mineral. Hoje, a permissão de lavra é dada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) ao primeiro empreendedor que apresentar o estudo técnico e o pedido de exploração da área, isto é, o critério é a ordem de chegada. No caso das reservas indígenas, essa exploração ficaria condicionada à realização de leilões.

A empresa interessada teria de ganhar uma concessão para explorar a região, a qual teria a sua viabilidade exploratória atestada por levantamentos preliminares feitos pelo governo.
A licitação das áreas só ocorreria após a realização de audiências com as comunidades indígenas e a emissão de laudos antropológico, ambiental e mineral, além da emissão da Licença Ambiental Prévia concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

(Transcrito do Valor Econômico)

COMUNISTAS DIZEM QUE COMISSÃO DA VERDADE É UM ENGODO PARA BENEFICIAR A DITADURA

O Palácio do Planalto anunciou os sete integrantes escolhidos pela presidente Dilma Rousseff para compor a Comissão da Verdade. No dia 16 de maio, haverá a posse dos integrantes com a presença de todos os ex-presidentes da República: José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o Planalto, o “convite de todos os ex-presidentes é uma demonstração de que essa é uma comissão não de governo, mas de Estado”.

A OAB aplaudiu como “equilibrada” a escolha dos integrantes em uma prova que sua composição foi produto de acordo com os militares enquanto os próprios membros da Comissão saíram logo a declarar que “não temos poder de polícia” o que na prática significa o famoso “não vamos punir ninguém”.
O que está claro é que pelos membros indicados, todos ligados aos governos burgueses pós-ditadura comprometidos integralmente com a farsa da “transição democrática”, este engodo ficará conhecido na história como a “Comissão da Mentira” já que de fato, pelo acordo da burguesia com a alta cúpula das Forças Armadas, não investigará nada servindo apenas para protocolarmente a gestão da frente popular se livrar dessa tarefa pendende, resolvida pelos governos da centro-esquerda burguesa do continente latino-americano.

Em tese a “Comissão da Verdade” irá apurar os assassinatos políticos, tortura e atentados cometidos durante a ditadura militar (1964-1985) mas desde o seu nascedouro está impedida de julgar ou criminalizar os torturadores e assassinos políticos da ditadura, que são protegidos pela “Lei de Anistia” e pela interpretação vigente que acatou sua proteção aos chamados “crimes conexos”, ou seja, as atrocidades comedidas pelos gorilas.

Em nome da estabilização do regime, os autodenominados “setores progressistas” do governo, ligados aos movimentos dos direitos humanos, cederam diante da pressão dos generais e do STF para que não fosse revista a Lei de Anistia.
Diante desta completa impotência, os próprios ministros militares deram carta branca ao governo para a instalação da Comissão que não será da verdade, mas de mentirinha, um embuste montado para dar uma satisfação aos organismos internacionais, em especial à facínora OEA, que cobra do governo brasileiro uma manifestação pública em relação à matéria.
A “cobrança” da OEA, organismo imperialista responsável por apoiar golpes militares e invasões genocidas, por si só revela a necessidade de utilizar uma cobertura democrática para tentar dissimular suas próprias monstruosidades.

A verdade e a punição dos autores dos crimes cometidos pela ditadura militar somente será exposta com a abolição da Lei de Anistia para os torturadores e assassinos durante o regime que seguiu o golpe de 1964. Passa pela abertura imediata dos sinistros arquivos dos órgãos de inteligência dos militares de ontem e de hoje.
A criação de tribunais populares para julgar e condenar os militares assassinos é parte integrante de uma tarefa democrática transicional da revolução socialista para pôr a termo o Estado capitalista e seu aparato repressivo.
Somente a paciente construção de organismo de classe que aponte para a construção de um governo operário e camponês poderá revelar todos os arquivos secretos da repressão e punir os responsáveis pelas torturas e assassinatos cometidos no período do regime gorila.

(Transcrito do blog da Liga Bolchevique Internacionalista)

DEUS, RELIGIÃO E A CURA

Tenho acompanhado, de perto, as análises que aqui estão sendo feitas sobre Deus e religião. Respeito-as, admiro-as, encorajo-as, mas as contesto, também, aqui e ali. Nada mais natural, não é verdade?

Gostaria, neste momento, de convidá-los, todos, a imaginarem, comigo, uma pequena situação, ingênua e despretensiosa, mas talvez não desprovida de utilidade. Comecemos, desde agora, convocando o meu amigo Machado de Assis: ” São com pingos d’água que se alagam ruas”.

Assim, gostaria de pedir-lhes, se se dignarem a participar, a serem concisos, sem divagações cósmicas, dessas que nos levam a passear pelo espaço e encalhar nos buracos negros. Não, por favor, agora, não. Apenas a simplicidade de um coração puro, virgem de conceitos, de predisposições, de “a prioris”, ok?

Vamos lá. Imaginem, Francisco Bendl, Siomara Ponga, Paulo Sólon, Batista Filho, Charles Carwal, Mano Almeida, Jose Guilherme Schossland, Rejane Araujo, Jorge Kleber e todos os demais, que estamos, neste momento, numa sala, em círculo, sentados, e observamos, deitada, uma pessoa em estado terminal, já desenganada pelos médicos, prostada nos sussuros da dor.

Em seguida, uma pessoa ( mulher ou homem), que identifcamos como “médium”, coloca-se ao lado do agonizante e, com imposição de mãos, mas sem tocá-lo, transmite-lhe, segundo nos explicaria, vibrações, irradiações… a cura!

Ali, sob nossos olhos, vemos a pessoa melhorar e, acompanhando-a, empós, ao médico, e ali refazendo todos os exames, constatamos, ao mesmo tempo que o médico, que não há mais nenhum sinal da doença fatal…

Gostaria, muito sinceramente, que cada um escrevesse, com a simplicidade que propus, e sem pré-conceitos quaisquer, suas impressões sobre o fato, que sabemos ocorrer.

14 de maio de 2012
Carlos Cazé

BRASIL CARINHOSO!



Se os "políticos" brasileiros não vivessem só para o ROUBO não veríamos uma cena cruel como esta....
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (14) que o programa Brasil Carinhoso vai beneficiar 2 milhões de famílias que vivem na extrema pobreza. Em seu programa semanal de rádio "Café com a Presidenta", Dilma anunciou que o governo vai ampliar o Bolsa Família para beneficiar as crianças de zero a seis anos das famílias extremamente pobres.
O plano será lançado pela presidente Dilma hoje às 15h, em cerimônia no Palácio do Planalto.
"Vai funcionar assim: vamos garantir para toda a família brasileira que tenha, pelo menos, uma criança de zero a seis anos, uma renda mensal, por pessoa da família, de no mínimo de R$ 70", afirmou a presidente. Aqui
Comentário - Desde a campanha da presidente Dilma até o presente momento, ouvimos centenas de programas para atender os brasileiros necessitados do país. As creches não aconteceram, a Rede Cegonha de assistência à gestante, Cadê? O que temos assistido pelos noticiários, gestantes tendo filhos sentadas em trabalho de parto em cadeiras dos hospitais, Ou: morrendo por falta de assistência. O programa lançado " minha casa minha vida", Cadê? Sabemos que tudo está embrulhado para presente no imaginário.
Ontem, dia das mães mais uma caridade eleitoreira " Brasil carinhoso" . Aliás, com esse nome, me lembra o Brasil em " preto e branco" , quando vemos aquele Brasil dos nossos avós, que tentava sair daquele retrocesso. Lógico que esse nome lembra o " carinhoso" do Pixinguinha, que não sei absolutamente nada, apenas ouvi dizer que foi um grande compositor, sei lá, se do tempo dos meus bisavós. Isto não importa. O que importa é ter consciência de que, o mundo caminha, e que essa multidão de miseráveis no Brasil, não podiam mais estar nesse estágio de pobreza, não fosse o tamanho da corrupção que afunda o País, e cria a oportunidade desses populistas fazer a caridade em nome de milhões de votos de cabrestos. Outros homens bem intencionados após o período militar teriam dado continuidade nos programas sociais, até então, melhor cuidado por eles. Nunca vimos nada igual. O Estado primitivo chegou! E cada vez ficando mais difícil diminuir essa cruel miséria. Falta tudo!
Quantos Senadores e Presidentes da Região Norte e Nordeste passaram assentados com o traseiro sem fazer nada. Uma das coisas que mais me deixa agoniada é constatar que pagamos o maior imposto do mundo, e que, tudo está sendo desviado para enriquecer os vagabundos que passaram a vida discursando sobre a " fome e miséria " e com o olho esticado no bolso alheio para fazer milionários os tais filhos "fenômeno," compadres bragres em tubarões, e os atrevidos " companheiros" de luta bestial. Nosso Brasil está assim: nada ao quadrado, e os absolutamente incapacitados pela falta de competência girando em círculo em torno da cadeira. Então tá, vamos esperar sentados...Lembrei, de mais um...Brasil sem miséria!
14 de maio de 2012
Movcc

MINISTÉRIO PÚBLICO QUER EXPLODIR O CASO CELSO DANIEL NO COLO DO PT

Reportagem de Silvio Navarro e Daniel Roncaglia, na Folha de São mostra que o caso Celso Daniel pode explodir bem no colo do PT. A condenação de mais três acusados pela morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002, será usada pelo Ministério Público no julgamento de outra ação que corre na Justiça, vinculando o crime a um suposto esquema de corrupção do PT.

A ação de improbidade administrativa corre paralelamente à esfera criminal, e a Justiça de São Paulo aceitou a denúncia da Promotoria, que tem como réus o partido e o atual ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência). A acusação é de desvio de R$ 5,3 milhões dos cofres de Santo André para financiar campanhas do PT na gestão de Celso Daniel, que era casado com Miriam Belchior, atual ministra do Planejamento.

A Promotoria sustenta que Daniel descobriu que parte do dinheiro desviado para o caixa dois do PT foi embolsado por envolvidos no esquema, entre eles seu ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o Sombra. A partir daí, Gomes da Silva teria contratado um grupo para matar o prefeito.

A denúncia pormenorizada do esquema de desvios e fraudes em licitações foi repetido à exaustão nos dois júris pelos promotores, que apontam o atual ministro Gilberto Carvalho como responsável, segundo a denúncia, por transportar dinheiro em espécie até as mãos do então presidente do partido, José Dirceu. Ambos negam as acusações, é claro.

O processo teve andamento na semana passada com a convocação de testemunhas para prestar depoimento no dia 30 de julho no ABC. A expectativa da Promotoria é que o caso seja julgado ainda neste ano.

14 de maio de 2012
Carlos Newton

COMO CONFIAR NA "PRESIDENTA"

 


É um direito que cada um tem de pensar, dizer e acreditar nas palavras e nos atos de quem quer que seja, mas para tanto, sem precisar penetrar no pensamento da “presidenta” e adivinhar o futuro, há que se constatar se os compromissos recentes são demonstrados; os do passado, faz questão de se auto-elogiar
A menos que no pé do ouvido, na conversa nos bastidores, os objetivos às claras sejam para agradar um grupo, objetivos esses que na intimidade tem uma vertente diferente. Como um professor que só deseja saber quem foi o autor da frase escrita na lousa que ele é burro, só para saber.
A composição da Comissão da Verdade que tem objetivos angelicais de apurar os desrespeitos aos direitos humanos de 1946 a 1988, mas só dá destaque ao período do regime militar, 1964 a 1979 (ano da anistia), tem dentre os integrantes a senhora ROSA MARIA CARDOSO DA CUNHA, advogada de presos políticos, entre eles a “presidenta”.
Nada contra advogados que defendem acusados de crime em juízo de acordo com a lei e no período considerado, chamado de ditadura, que não fuzilou ninguém dos derrotados, como em Cuba dos bancos escolares onde eles próprios aprenderam lições de terrorismo, tortura e guerrilhas urbana e rural.

Além disso, a advogada é autora do livro “O caráter retórico do princípio da legalidade” de cuja Resenha Bibliográfica se extrai: “A obra visa essencialmente demonstrar a verdadeira função política do princípio da legalidade, toda mistificação de que o mesmo é objeto, quando se pretende através dele fazer-se crer na realidade de uma segurança jurídica, tal qual preconizou-se a partir dos ideais de Revolução Burguesa, quando procurou-se garantir os direitos dos cidadãos frente aos poderes do Estado. A partir de uma teoria da ideologia, de índole gramsciniana, da semiologia de Saussure e de conceitos de filosofia da linguagem, a autora analisa o princípio da legalidade e seu tratamento na dogmática jurídica, para concluir, contra esta, que a lei penal retroage em prejuízo do acusado, que a lei escrita não é a única fonte do direito penal, que existe analogia “in malam partem” e que as palavras da lei penal são vagas e ambíguas. Aliada à importância das questões colocadas, ressalte-se a clareza e a apresentação do texto, que, desse modo, colocam-se ao alcance de um público que extrapola os limitados círculos de iniciados.
E o que é mais importante, como observa o Prof. Tércio Sampaio no prefácio da obra, o texto não se aliena da praxis jurídica, oferecendo ao jurista dogmático uma visão mais lúcida de sua atividade. Por tudo isso, torna-se leitura indispensável para todos quantos pretendem uma abordagem mais ampla e profunda da Ciência Jurídica e seus postulados. (Francisco das Chagas Gil Messias)
Do artigo “Interpretação e analogia em face da lei penal brasileira” (jus.com.br) de João José Caldeira Bastos, se lê:
E as regras de hermenêutica jurídica, além de eventualmente contraditórias, conservam as mesmas virtudes e defeitos de qualquer sistema de linguagem articulada, virtudes e defeitos que se encontram igualmente na linguagem utilizada pelo próprio legislador. Seria útil, por isso mesmo, a leitura do livro de Rosa Maria Cardoso da Cunha, em que procura mostrar o caráter retórico do princípio da legalidade. Lê-se na própria capa, como subtítulo: "ou como a lei penal retroage em prejuízo do acusado; a lei escrita não é a única fonte do direito penal; existe analogia in malam partem; as palavras da lei penal são vagas e ambíguas".”

Faz-me lembrar das razões de um comandante de pelotão de fronteira que dentre as razões porque não dera os tiros de salva por ocasião da Independência do Brasil, citara dez, e que a primeira delas era que não recebera munição de festim. Precisava dizer mais?
Pois é, a “presidenta”, para demonstrar que é isenta foi buscar um nome assaz independente das questões do passado a defender, com todo o direito que cabia na Justiça vigente na época da “ditadura” os seqüestradores, torturadores, guerrilheiros, assaltantes, assassinos de então. A nominada foi, ao que consta, advogada da “presidenta”. Boas intenções...
Outro dos integrantes é Paulo Sérgio Pinheiro, diplomata, que em declaração após ser nomeado, afirma “a Comissão não pune porque não tem que punir. Isso é do Judiciário.” De tanto repetirem e firmarem posição mesmo dentro do Judiciário (que tem outra ação concernente para julgar pelo STF) lembram que as leis são o fundamento para o primor do julgamento.
Ou seja, exercem pressões externas sobre o Executivo, Legislativo e Judiciário, de per si, fazendo, por vezes, com que integrantes do Judiciário se manifestem que dependem do Legislativo para os julgamentos que fazem. Como a ditar, mudem a Lei da Anistia, entrem com novas ações e, os julgamentos serão feitos sob a luz do presente.
Os telejornais entram nesse jogo, moldando o senso comum, ao incluir um comentarista “especializado” para firmar tal posição e preparar operações futuras, visto agora quando foi lida a relação dos integrantes da Comissão.
Voltando à nomeação do diplomata, eis o que afirma em matéria publicada na Folha de S. Paulo em 5/5/2010, sob o título “O STF de costas para a humanidade”:

“Pena que o clamor de justiça pela sociedade e pelos familiares dos desaparecidos, sequestrados, estuprados, torturados e assassinados pelos agentes da ditadura não tenha sido levado a sério. Por zelo formalista, a maioria dos ministros jogou pá de cal no exame, pelo Judiciário, desses crimes. A execração da tortura soou farisaica, pois consagrou a impunidade dos torturadores e negou direitos e justiça às vítimas. Houve, igualmente, uma exaltação do direito à verdade, à completa reconstituição da história da repressão. Vai ver, os ministros acreditam que os torturadores, agora impunes, irão revelar tudo sobre seus crimes... A recusa da revisão da Lei de Anistia, ressalvados dois votos contrários, consagrou de vez o Brasil na rabeira dos países do continente quanto à responsabilização dos agentes do Estado responsáveis por graves violações de direitos humanos. Diante desse constrangimento, resta provarmos, governo federal, Legislativo e sociedade, que temos competência para fazer prevalecer a verdade, mesmo sem a justiça que o Supremo Tribunal Federal negou.
A psicanalista Maria Rita Kehl foi editora do Jornal Movimento durante o regime militar e no curso de mestrado dissertou sobre o "O Papel da Rede Globo e das Novelas da Globo em Domesticar o Brasil Durante a Ditadura Militar".
Foi um dos nomes propostos pelas famílias dos desaparecidos na luta armada.
José Cavalvante Filho é filho do ex-militante comunista e escritor José Cavalcante, e ao que consta conviveu nessa situação de conflito durante o regime militar e perseguição ao pai.
José Carlos Dias também foi advogado de presos ligados à subversão comunista.
Cláudio Fonteles atuou no movimento estudantil e foi membro do Grupo Ação Popular (AP), atuante na UNE na década de 1960, embora seja considerado homem de centro.
Interessante a nomeação de Gilson Langaro Dipp que é ministro do Superior Tribunal de Justiça. Ora, por que integrar a Comissão com um membro que exerce atualmente, além da citada, as seguintes funções: Membro da Corte Especial, do Conselho de Administração e da Comissão de Jurisprudência, Membro da 5a. Turma e da 3a. Seção, Ministro do TSE, Vice-Diretor da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados e Presidente da Comissão de Juristas com a finalidade de elaborar o anteprojeto do Código Penal.
Embora, não esteja como juiz, não deixa de o ser, em nível maior de influência a compor com outros quatro ligados à área jurídica.
A gente mais à esquerda não aprecia muito o seu nome, pois que foi testemunha de defesa do estado brasileiro no caso Araguaia, manifestando posição favorável à interpretação da Lei da Anistia, de 1979, que favorece aos militares, perdoando-os por todos os crimes praticados.
Mas, em entrevista, estas nem sempre claras, respondeu assim a questão sobre se o País poderia ir além, punindo agentes do Estado ou de organizações que lutaram contra arbitrariedades cometidas por servidores, ele respondeu: "Não vou fazer este comentário porque não estou autorizado a fazer, por enquanto".
Pela composição, não prevalece a pesquisa dos fatos verdadeiros sob o lume da História, mas à luz do Direito, da toga, com finalidades diferentes. A Comissão não tem um historiador dentre os seus membros.
A comissão vai aproveitar as informações produzidas há 16 anos pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e há dez anos pela Comissão de Anistia.
Cada integrante da comissão receberá um salário mensal de R$ 11.179,36.
Esperamos que os resultados não sejam o que a composição induz, mas eivados dos propósitos manifestados da pacificação nacional, cujo grupo empenhado na luta armada insana só entende se houver punição para os que cumpriram o dever imposto pelo serviço público de defender o Estado Democrático contra eles que pretendiam implantar o regime comunista tipo Cuba, do ditador Fidel Castro, ainda modelo e amigo.
Ernesto Caruso
14 de maio de 2012