Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania.
Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos.
Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...) A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A comida escassa devido à seca está fazendo piauienses caçarem roedores para complementarem a alimentação. No distrito de Brejinho, no município de Assunção do Piauí (273 km de Teresina), todos os dias no fim da tarde é comum ver moradores saindo para as áreas de grutas para colocarem armadilhas para pegar o"rato-rabudo".
A caça ao animal é artesanal, e a armadilha é feita com pedra e gravetos. "Quando o rabudo passa pela armadilha, a pedra cai em cima e ele morre sufocado. No dia seguinte, a gente vai logo cedo ao local buscar o animal para já ser consumido no almoço", disse o morador de Brejinho Genivaldo Bezerra, 35.
A reportagem do UOL tentou encontrar em alguma residência um rato para consumo, mas os moradores explicaram que como passam muita fome consomem logo o animal. "Como não tenho dinheiro para comprar carne, aqui é caçando, tratando e comendo o rabudo. Ninguém fica com ele na geladeira por muito tempo porque passamos fome e vamos logo comendo", disse Bezerra
Apesar de a maioria dos moradores de Brejinho ter acesso ao programa Bolsa Família, eles afirmam que o dinheiro que recebem não dá para comprar a "mistura" para o almoço e acabam saindo à caça de ratos para servir de carne na alimentação.
A dona de casa Francisca Ramos da Silva, 41, não se incomoda em contar à equipe de reportagem doUOLque a única carne consumida na casa dela é de rato.
"A gente tem de se virar. Não plantamos nada neste ano por conta da chuva que não veio. Ninguém aguenta almoçar com a comida pura e, como o dinheiro que recebemos só dá para comprar arroz, feijão e macarrão, comemos o rabudo para complementar", disse Francisca, informando que a carne do rabudo "é saborosa" e é sempre uma festa quando conseguem caçar alguns ratos.
1º DE FEVEREIRO - Pelas bengalas do Mandela! Fui dar uma olhada na agenda do mês e meu queixo caiu: o Patriota vai me mandar para a Guiné Equatorial!! Capital, Malabo! MALABO!!! O que eu fiz para esse homem me tratar assim?!
2 DE FEVEREIRO - Pé de pato, mangalô, três vezes! É o terceiro telefonema da Ideli hoje. Não atendi nenhum. Ela está se insinuando para passar o Carnaval comigo na Bahia. Disse que está com medo de ir para Santa Catarina por causa dos ataques. Já expliquei que mando a Força Nacional para lá, que ela pode ir tranquila. Para me livrar dela, despacho até o 2º Exército, e ainda peço ajuda à 4ª Frota americana.
3 DE FEVEREIRO - Em viagens internacionais, o Ney Latorraca faz a mala com dez dias de antecedência. É dessa eficiência que preciso.
4 DE FEVEREIRO - Risco de apagão, aumento da gasolina, polêmica em Belo Monte. Os deuses conspiram para me aproximar do Lobão. Fui ao Show Rural de Cascavel, no Paraná. É isso que dá colocar Gleisi na Casa Civil.
5 DE FEVEREIRO - Gracinha me contou que vai sair na avenida. Fiz cara de paisagem. Precisa ter muito peito para sair na avenida depois dos resultados da Petrobras. Mas cada um com seu cada um. Se ao menos servir para ela prender aquele cabelo.
6 DE FEVEREIRO - Fiz uma sessão de cinema aqui em casa para os filhos e netos dos ministros. É como diz o conhecido ditado búlgaro: “Quem meus filhos agrada, minha boca adoça.” Uma gracinha de filme, Tainá. Eu adorei! Tarde fofa! Coitado do Marco Aurélio. Foi operado do coração aqui em Brasília. É um destemido!
7 DE FEVEREIRO - Tá confirmado! Vou para a Bahia no Carnaval! A Base Naval de Aratu vai ficar pequena! Cara, caramba, cara, cara ô! Brinquei que ia deixar a chave da Nação para o Rei Momo. Em oito minutos, apareceram dezessete parlamentares do PMDB sambando com uma coroa na cabeça. Em terra de saci, qualquer chute é voleio.
8 DE FEVEREIRO - Já está tudo arrumado para o nosso tradicional Baile do Toma Lá Dá Cá. Mamãe e titia arrumaram fantasias de Nina e Carminha. Gabrielzinho vai vestido de Pibinho. Se alguém aparecer com a máscara do Joaquim Barbosa, está demitido. Eu botei uns óculos escuros redondinhos, uma roupa branca, domei o topete e fiquei a cara do Psy. “Oppan Gangnam Style!”
10 DE FEVEREIRO - Estava dançando um frevo esperto quando vieram me dizer que o Lobão estava na linha. Fui pega de surpresa, tropecei e quebrei o dedão.
11 DE FEVEREIRO - De tédio é que eu não morro. O Gilbertinho me acorda cedo para dizer que o papa renunciou. Fiquei besta! Nunca tinha ouvido falar que papa podia renunciar. Não sei se devo me pronunciar. O que eu posso dizer? Vai com Deus, meu filho. Acho que não é esse o tom da coisa.
12 DE FEVEREIRO - Comecei a mascar chiclete. João Santana acha que me dá um ar menos intelectual, mais povão, com um toque de rebeldia.
13 DE FEVEREIRO - Tem coisa mais descolada que presidenta de Crocs vermelhos? Para melhorar, esse sapatinho furadinho, coisa fofa, não fica roçando no curativo que titia fez no meu dedão. Me apeguei.
14 DE FEVEREIRO - Aprendi, finalmente, a fazer bola com chiclete.
15 DE FEVEREIRO - Depois de tanto jornal repetir que o papa é pop, fiquei com a bela obra do Humberto Gessinger na cabeça. Hoje, num despacho com o Patriota, sapequei: “Minha vida é tão confusa quanto a América Central. Por isso não me acuse de ser irracional.” Disse que ia usar na próxima Assembleia Geral da ONU. Precisava ter fotografado a cara que ele fez. Esse meteorito na Rússia só pode ser coisa do Zé Dirceu. O homem anda amargurado com a falta de apoio da KGB.
18 DE FEVEREIRO - A Ideli, que vive se fazendo de prestativa para provar que tem serventia, deu uma checada na Wikipédia e veio me dizer que existem três Guinés. Vão me mandar logo para a piorzinha delas! Nem português eles falam por lá. É espanhol! A princípio, pensei que fosse coisa do Joaquim Barbosa ou da Veja. Mas agora estou achando que foi o Temer mesmo. Ele deve estar doidinho para assumir logo essa porcaria e bem que se beneficiaria se eu pegasse uma boa malária. Onde estão os movimentos sociais que não saem em minha defesa? Ficam perdendo tempo com essa mala da Yoani, enquanto eu desapareço no coração das trevas?
19 DE FEVEREIRO - Vetei a pobreza extrema.
20 DE FEVEREIRO - Acordei às cinco da manhã e fiquei enrolando brigadeiro para a festa de 10 anos do PT. Lula disse que sou muito centralizadora. Mas será que a militância saberia deixar a borda crocante? Malan fez 70 anos. Por que esses tucanos envelhecem tão bem? Será que são os bons vinhos? E eu aqui com o Guido, que a cada dia fica com mais cara de maître de restaurante de aeroporto.
21 DE FEVEREIRO - Estou atrás de um mapa para ver onde fica essa Guiné Equatorial. Preciso fazer a mala e nem sei o que levar. Equatorial deve ser um calor de fritar ovo no asfalto. Meu pé incha tanto com o calor…
22 DE FEVEREIRO - Isso aqui é feio como Canapi e quente feito Maceió. O presidente é dono até da carroça de cachorro-quente. Renanzinho ia se sentir em casa. Daqui vou para a Nigéria. Patriota não chega até a próxima reforma ministerial.
24 DE FEVEREIRO - Ufa. De volta para casa. Coisa boa! É domingão de Oscar! Comprei duas caixas de Guaraviton para não dormir e um potão de sorvete de pistache. Daqui não saio nem que me digam que o Lula se filiou ao PSDB. Já pus meu pijaminha de Les Mis para torcer pelo filme. Russell Crowe cantando à beira do abismo me comoveu demais.
25 DE FEVEREIRO - Sonhei que era a Yoani e estava no meio do Congresso da UNE. Os militantes mais exaltados já me atiravam tomos de O Capital quando Lobão apareceu. Ele vestia a boina de Che Guevara e com um só grito calou a multidão. Amanheci estremecida.
26 DE FEVEREIRO - Ideli não confessa, mas anda torcendo pelo Berlusconi nos bastidores. O homem tascou um beliscão na Merkel que quase provocou a Terceira Guerra Mundial. Ideli identificou no gesto uma virilidade sensual que só tinha visto antes no Mitt Romney.
27 DE FEVEREIRO - É a terceira vez que digo para o Sarney que não tenho nenhuma influência no Vaticano. Affe.
Vocês se lembram de uma exposição que exibia, digamos assim, aquilo que nos habita debaixo da pele. Andou circulando por aqui em 2011 e 2012, acho.
A origem do material é chinesa. Corpos e órgãos humanos eram exibidos em todas as suas minúcias de músculos, ossos, veias etc. Na imprensa nativa, só encantamento. Chamou-se aquele voyeurismo necrófilo de “encontro entre a ciência e a arte”. Pura bobagem. Agora atenção para o que segue.
A exposição chegou à Venezuela em março de 2009. E foi proibida por Hugo Chávez. Por quê? Porque, disse ele, a exposição de um corpo humano insepulto é um ato de degradação moral. Vejam o vídeo em que ele trata do assunto. Volto em seguida.
Voltei
É evidente que proibir a exposição é coisa de tiranete de província, uma estupidez mesmo! Mas como vou negar que até Chávez, como um calendário que não se move, pode estar certo ao menos uma vez ao ano? Não tinha de proibir coisa nenhuma, mas é claro que concordo com suas ponderações morais a respeito. Quando se banaliza o humano como se fosse um sapo, corre-se o risco de tomar o humano por um sapo e um sapo por um humano, mais ou menos como fazem alguns ecologistas hoje em dia, que não hesitariam em deixar o país sem hidrelétricas se for para proteger alguns batráquios.
Chávez acerta até em fazer a devida distinção entre um corpo entregue à investigação científica e outro que só serve para darmos uma espiadinha… Lamento! Nem arte nem ciência.
Não é arte porque esta recria a natureza, em vez de expor vísceras. Não é ciência porque os que assistem àquela coisa miserável nada têm a fazer com o que retêm. Absolutamente nada! Confesso que aquilo provocou meu asco moral. De resto, ninguém sabia a origem daqueles corpos, que viajavam mundo afora.
Assim, reitero, proibir é uma tolice; expor os corpos, uma imoralidade.
Quiseram as circunstância, no entanto, que, quatro anos depois, em março de 2013, o cadáver insepulto seja o do próprio Chávez, aquele que afirmara, quando vivo, que tal exposição era um sinal da degradação moral destes tempos.
Porque aquele Chávez que lastimou a exposição estava certo (proibi-la foi um absurdo, insisto), o Chávez de agora, transformado em múmia, é, então, um evidência de degradação moral.
Os que agora babam estavam com o deputado pastor em 2010. Quem pariu Mateus que faça naninha com ele! Eu estava do outro lado!
Ai, ai… Eu trabalho muito, muito mesmo!, como sabem. Mas também me divirto à pampa! “À pampa”??? Você está velho, lembrando Paulo Francis, citado por minha querida amiga Lúcia Boldrini, quando a morte de alguém de quem você nunca ouviu falar gera comoção e vai para as primeiras páginas…
E quando emprega a locução adverbial “à pampa”. Por que isso? Porque não há nada mais saboroso do que lançar algumas iscas para pegar idiotas que babam e ver os idiotas que babam cair na armadilha como… idiotas! Aprendam, bobalhões: não dou ponto sem nó.
Escrevi nesta manhã um texto em que aponto o coquetel de hipocrisias nessas manifestações contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), eleito por seus pares presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. OS IDIOTAS entenderam que eu o defendi. Por idiotas, não perceberam nem mesmo que eu demonstrei que ele errou ao recorrer a uma citação bíblica. SE A ORIGEM DOS POVOS E A GEOGRAFIA DA BÍBLIA DEVESSEM SER TOMADAS (NÃO DEVEM!) COMO REFERÊNCIAS HISTÓRICAS DEFINITIVAS, nem foram os descendentes de Canaã, amaldiçoado por Noé, a se espalhar pela África. Não! Eu contestei o pastor com matéria de fato — no caso, reitero, a matéria de fato é a referência bíblica, não aquilo para a qual ela remete nesse particular. A Bíblia é uma fonte de pesquisa histórica como um discurso sobre os fatos (inclusive os fatos míticos), não como uma reportagem do tempo. Adiante!
Também está lá que eu jamais escolheria Feliciano para presidir aquela comissão porque, escrevi, por mim, “ele nem teria sido eleito”. Se deputado não fosse, presidente não seria, certo? MAS OS IDIOTAS ESTÃO GRITANDO, ESPERNEANDO, EXERCITANDO SEU ÓDIO HUMANISTA, E NÃO ENTENDEM O QUE ESTÁ ESCRITO. LEEM O QUE QUEREM, NÃO O QUE O OUTRO ESCREVEU.
E, sim, fui claro, COM ZERO DE AMBIGUIDADE, ao demonstrar que o deputado — NÃO NOS CASOS CONHECIDOS AO MENOS — não foi nem racista nem homofóbico. Isso é grito de guerra de militantes das mais variadas causas, em especial dos petistas, que agora decidiram ir para as ruas.
É EVIDENTE QUE EU SABIA QUE OS BABÕES VIRIAM AO MEU ENCALÇO. Joguei as iscas para poder pegá-los e vê-los a se debater, tentando sair da cadeia da lógica. Naquele texto, eu indagava: “Como é que Feiciano chegou lá”.
Chegou porque foi um dos mais ativos militantes em defesa da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. E usou a tribuna religiosa para fazer essa defesa. Abaixo, há um vídeo em que ele fala a fiéis e também a pastores. Canta as glórias da então candidata. Está com uma camiseta: “Sou cristão e voto em Dilma”. Fala ali da criação de um “Centro de Inteligência Digital”, que foi mobilizado durante a campanha. Vejam o vídeo. Volto em seguida.
Acordo com o PT
Durante a campanha eleitoral de 2010 (e também na 2012 à Prefeitura de São Paulo), quem promoveu a chamada “guerra religiosa” foram os petistas, não os tucanos, à diferença do que noticiaram os setores engajados da imprensa. Vejam que coincidência: Gabriel Chalita foi mobilizado para defender a agora presidente junto aos católicos.
Apesar de haver 11 inquéritos civis contra ele no Ministério Público de São Paulo, preside a Comissão de Educação da Câmara. Protestos nas ruas? Nenhum! Feliciano fez parte de um grupo que atuou no mesmo sentido junto aos evangélicos. E preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
Quem o colocou lá? Na prática, foram os petistas. Eis a cara e a prática do partido: a cúpula faz acordos os mais espúrios, os mais inacreditáveis, os mais escandalosos (afinal, é a turma do mensalão!), e as “bases” são mobilizadas pelas redes sociais, com o apoio da imprensa, para satanizar este ou aquele. E depois tomam 500 pessoas nas ruas como movimento de massa. Imaginem se os evangélicos decidirem competir…
Está ali no vídeo: uma das tarefas de Feliciano era sair negando por aí que Dilma fosse lésbica — acusação que jamais se ouviu, ainda que na forma de murmúrio, até porque se sabia, desde sempre, que isso é falso — e que fosse defensora da legalização do aborto, O QUE ELA ERA, SIM!, COMO ESTÁ COMPROVADO.
Feliciano fez parte, em suma, do núcleo de evangélicos que tentou demonstrar para uma fatia importante do eleitorado que a então candidata petista era uma boa representante de sentimentos também, como direi?, “conservadores”. Fez parte da turma que montou uma lavanderia de reputação religiosa para a petista, para falsear o seu real pensamento. Ele era um agente que colaborava para, se me permitem, “deslaicizar” a política.
Reparem no seu discurso. Saiu por aí a repetir todos os clichês do petismo, sobre como Lula teria mudado definitivamente o Brasil e coisa e tal. O PT quis esses votos. O PT lutou por esses votos.
O PT lutou por essa base de apoio no Congresso. E as coisas têm um preço. Como as esquerdas, cúpidas que são, abriram mão da Comissão de Direitos Humanos, que não deve render grandes negócios, ela foi parar nas mãos de um deputado evangélico, que é contra o casamento gay e se confunde ao digredir sobre a descendência e a geografia da Bíblia.
Ele é homofóbico? Ele é racista? Se é, há que se comprovar. Pelas declarações dadas até agora, não! Isso é coisa típica do analfabetismo moral que toda militância enseja: “Se é para pegar nosso inimigo, vale tudo, até a mentira!”.
Eu não votei nele. Eu não votaria nele. Feliciano apoia um grupo que eu gostaria de ver longe do poder. Ele não é da minha turma. Eu não tenho turma. Ele votou na mesma candidata destes que agora estão nas ruas — ou também o PSOL não se juntou a Dilma no segundo turno?
Joguei a isca e esperei a baba rossa para, confesso gostosamente, postar agora esse vídeo. Por que a petezada, mesmo a militância partidária, não anunciou que recusava o voto dos evangélicos? Edir Macedo, chefão da Igreja Universal do Reino de Deus, um defensor fanático do aborto — ele, sim, torce o Eclesiastes para justificar a sua tese —, recorre às mesmas práticas do pastor Feliciano para financiar a sua igreja, por exemplo. Há um vídeo em que Macedo, com um chicote na mão, tira “o diabo” do corpo de um homossexual. E eu não vi militância na rua.
O PT governa com aqueles que cativa, ora essa! Os dois lados certamente sabem a razão do acordo.
Caminhando para a conclusão
Não! Eu não defendi Feliciano, não! Ao contrário: talvez eu tenha feito a ele a crítica mais dura, porque assentada num fato. Para contestar o que ele pensa, não preciso atribuir a ele crimes que não cometeu. As coisas que ele fala e pensa, mesmo as não criminosas, bastam para que não façamos parte da mesma turma.
Mas atenção! Os que vieram babar aqui no meu blog, vocês, sim!, estiveram em companhia de Feliciano durante as eleições. Vocês estavam do mesmo lado. Eu não! Todo mundo sabe que votei em José Serra para a Presidência. Pelo meu voto, Feliciano jamais teria chegado à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. ELE CHEGOU LÁ PELO VOTO DE VOCÊS. Vocês elegeram Dilma e o PT, e o arco de poder influente pôs o deputado naquele cargo.
O meu texto buscava deixá-los, babões, bem assanhados para deixá-los, agora, sem saída. E, sim, continuarei a defender o direito que as pessoas têm de defender que “casamento” é só aquele previsto na Constituição, entre homens e mulheres — ainda que eu seja favorável ao casamento gay. Mas tolero quem pensa de modo diferente.
A fraude moral e ética de vocês está, entre outras, em querer os votos da turma que segue Feliciano e depois ambicionar jogar o homem fora. Não é assim que se toca essa música, não! Vocês, os que me atacam, é que defenderam Feliciano, não eu! Eu, naquela eleição, estava do outro lado. Esse Mateus é de vocês; façam naninha com ele e parem de criar mistificações e de tentar encher o meu saco. Porque isso não me enche, não! Só me estimula a escrever mais.
Para encerrar
Não vai vai haver protestos contra a presença dos petistas João Paulo Cunha e José Genoino na Comissão de Constituição e Justiça? Vocês não acham que isso é uma espécie de elogio do peculato, da corrupção ativa, da corrupção passiva e da formação de quadrilha?
Hein??? Já que eu estou velho mesmo (51), termino assim: “Podem vir quente, que eu estou fervendo”...
O debate sobre a eleição presidencial de 2014 começou cedo. Quatro potenciais candidatos já iniciaram suas articulações de olho na disputa do próximo ano: Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (sem partido). A possibilidade do fim da polarização entre PT e PSDB, aliada à fama de bom articulador do pré-candidato tucano Aécio Neves e à crescente influência de Eduardo Campos, deu ainda mais relevância à montagem dos palanques estaduais. Em cada unidade da federação, as forças em jogo têm um quebra-cabeça para resolver. E já surgiram os primeiros problemas, especialmente na ampla base de Dilma.
Hoje, o PSDB governa oito estados; PSB, seis; PMDB, cinco; e o PT, quatro, além do Distrito Federal. A desordem do quadro partidário brasileiro se evidencia nos cenários estaduais. Não são poucos os exemplos de siglas adversárias no plano local e aliadas em âmbito nacional - ou vice-versa. O quadro de 2014 apresenta desafios distintos para as diferentes forças em jogo. Na candidatura petista, o problema é a possível cisão em alguns estados onde há mais de um pré-candidato na base de apoio de Dilma. Sem a máquina federal nas mãos, os tucanos podem perder alianças tradicionais nos estados. Enquanto isso, o PSB admite a dificuldade de construir palanques em todos as regiões do país. Para a "Rede" de Marina Silva, que poderá se configurar como a principal novidade partidária em 2014, o caminho deve ser a independência.
O palanque estadual é importante porque permite ao candidato presidencial andar lado a lado com lideranças locais que podem lhe render votos - por serem mais próximos do eleitor, esses políticos regionais muitas vezes atuam como fiadores do candidato nacional.
Dentro da heterodoxa base da presidente Dilma, os entraves para a montagem dos palanques são mais evidentes. Os maiores dizem respeito ao PMDB, o partido do vice-presidente, Michel Temer. O presidente da sigla, senador Valdir Raupp, cita os estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul como os principais problemas para a unificação das candidaturas na base. "Estamos conversando, tenho certeza de que vamos chegar a um acerto", diz Raupp.
Estados - Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul têm histórico de resistência à parceria com o PT - em 2010, o diretório gaúcho apoiou o tucano José Serra, e o sul-mato-grossense ficou no meio do caminho.
A situação no Rio de Janeiro é novidade: com um pré-candidato petista, o senador Lindbergh Farias, e um peemedebista, o vice-governador Luiz Fernando Pezão, o clima de confronto tem aumentado e os dois lados não cogitam recuar As pretensões do petista, que fala abertamente como postulante ao governo e já começou a percorrer o estado, não são bem recebidas pelo PMDB fluminense. Recentemente, o presidente da sigla no estado, Jorge Picciani, ameaçou retirar o apoio à reeleição de Dilma se o PT não apoiar o projeto de Pezão. O clima não é dos melhores.
Há ainda outras arestas para os peemedebistas resolverem. Em Santa Catarina, por exemplo, o PMDB apoiou a candidatura do tucano José Serra à Presidência, em 2010. Coligados, peemedebistas, tucanos e democratas elegeram o governador Raimundo Colombo e três senadores. Agora, o quadro mudou: o PMDB se aproximou do PT, e a maior parte dos integrantes do DEM no estado (inclusive Colombo) passou para o PSD, que deve aderir ao governo Dilma no plano federal.
Cacique do PMDB catarinense, o senador Luiz Henrique da Silveira tenta montar uma chapa em que a ministra Ideli Salvatti, potencial candidata petista ao governo, ficasse com a vaga para o Senado. Raimundo Colombo disputaria a reeleição, e o candidato a vice seria indicado pelo PMDB. A proposta tem poucas chances de vingar. Mas, se der certo, empurrará o PSDB para fora da aliança, com candidato próprio. O PSB, por sua vez, pode formar uma parceria com o PSD e desfazer a grande aliança. "Nunca o palanque federal influenciou tanto uma eleição no estado", diz o ex-governador catarinense e deputado Esperidião Amin (PP) - ele próprio, aliás, ainda não faz ideia de qual rumo tomará em 2014. Luiz Henrique não esconde que sonha com a parceria PMDB-PT: "Por um equívoco do PT, nós apoiamos o Serra na eleição passada. Ele ganhou por 500.000 votos no estado. Se tivermos esse palanque, a Dilma ganha com mais de 1 milhão de votos de vantagem", diz.
Na Bahia, o peemedebista Geddel Vieira Lima pretende disputar o governo em uma aliança com o DEM do prefeito de Salvador, ACM Neto. O PT, ainda em busca de um nome para a disputa, não nutre esperanças de um acerto com o PMDB no estado. O senador Walter Pinheiro, possível candidato, minimiza o impasse: "Num momento até mais delicado, em que a presidente não tinha o governo, isso não foi motivo de nenhum desconforto", diz ele, fazendo menção à disputa de 2010. "O PMDB nacional está cada vez mais integrado ao governo Dilma", diz o petista.
O cenário em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, também pode pesar: Aécio Neves e o governador tucano Antonio Anastasia mantêm uma aliança que abarca PR e PP, aliados de Dilma no plano federal, e o próprio PSB de Eduardo Campos. O PMDB, aliado do PT, ensaia um voo solo em 2014. Não por acaso, a presidente Dilma Rousseff avalia entregar o Ministério dos Transportes a um peemedebista de Minas.
PSB - A possibilidade do fim da polarização entre PT e PSDB no plano nacional pode fazer a diferença na formação de algumas alianças. O PSB, do governador Eduardo Campos (PE), caminha para lançar candidatura própria à Presidência.
O PSD, que já nasceu próximo ao PSB, seria um candidato natural à composição de chapa para consolidar uma terceira via. Mas o partido do ex-prefeito Gilberto Kassab já começou a formalizar o apoio à reeleição de Dilma - em troca de um ministério cedido pelo governo justamente como parte de uma manobra para isolar o PSB. Por isso, os socialistas já calculam que vão precisar caminhar sozinhos em alguns estados ou apoiar candidatos de outras siglas.
Rodrigo Rollemberg, líder do PSB no Senado e potencial candidato ao governo do Distrito Federal, diz que em algumas unidades da federação há uma tendência natural à candidatura do partido ao governo. Mas há locais em que a sigla ainda não tem candidaturas viáveis: "Em muitos lugares, com ou sem candidato a presidente, nós não vamos conseguir ter candidaturas próprias, vamos fazer alianças", diz Rollemberg - que pretende disputar o governo do Distrito Federal. Ele diz que há opções à polarização entre PSDB e PT: "Em Mato Grosso, podemos fazer um palanque com o Pedro Taques, é perfeitamente possível", diz Rollemberg, em referência ao senador do PDT, cotado para disputar o governo mato-grossense.
Marina - Já a Rede, o novo partido de Marina Silva, ainda luta para obter o registro na Justiça Eleitoral a tempo de disputar eleições. A sigla é nova, o que traz uma vantagem e uma desvantagem. Vantagem: como a perspectiva de alianças é pequena, não custa nada lançar candidatos próprios em cada estado. Desvantagem: há poucos puxadores de votos para garantir palanques fortes a Marina, possível candidata à Presidência. Em 2010, o PV não obteve grandes resultados regionais - mesmo com Marina para puxar votos. O partido não conseguiu um governo sequer, e também fracassou na tentativa de eleger um representante no Senado. Até agora, não há sinais de que a Rede terá um desempenho melhor. ( Da Veja)
Se o governo fluminense mantiver a suspensão de todos os pagamentos agendados
devido à decisão do Congresso Nacional que alterou a repartição dos royalties do
petróleo entre estados e municípios, é possível que haja demissão em massa de
operários e quebra de empresas. Foi o que disse o presidente da Associação das
Empresas de Engenharia do Estado do Rio de Janeiro (Aeerj), Francis
Bogossian.
“E
não aceito ser internado!”
Bogossian manifestou esperança de que a suspensão dos pagamentos não ocorra.
“Não temos a menor condição de executar obra sem receber, porque a gente paga
empregado, compra material com antecedência e também pagamos impostos. O imposto
tem data para recolher, independentemente do recebimento. Eu espero que a medida
[de suspensão dos pagamentos] não seja bem assim”.
O presidente da Aeerj deixou claro que as obras vão parar se o governo do
estado deixar de pagar as empreiteiras. “Parar obra significa demitir empregado.
Aí vai quebrar empresas. As empresas não estão preparadas para parar de receber,
parar de executar as obras que conseguiram contratar”.
ASPECTO SOCIAL Bogossian avaliou que a suspensão de pagamentos anunciada pela Secretaria
Estadual de Fazenda do Rio de Janeiro tem um aspecto social “enorme”. Ele
coordena a Frente Pró-Rio, iniciativa suprapartidária que reúne 40 associações
de classe com o objetivo de lutar por recursos do Orçamento da União para as
demandas do estado e seus municípios. A entidade se pronunciou contrária à
suspensão do pagamento dos royalties aos estados produtores.
O presidente da Aeerj espera que a Secretaria Estadual de Fazenda e o
governador Sérgio Cabral Filho repensem a decisão, “porque isso vai ser uma
calamidade”. Ele acredita, contudo, que a medida não vá se concretizar. “Porque
vai ser uma desgraça total e completa”.
O montante programado para quinta-feira, quando foi anunciada a decisão de
suspensão de todos os pagamentos agendados, exceto aqueles relativos a despesas
de pessoal, totalizava R$ 82 milhões. A previsão para o mês alcança R$ 470
milhões. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Fazenda, o
valor “não incorpora a folha de ativos e inativos [R$ 1,7 bilhão] e as
transferências para municípios [R$ 922 milhões], a serem executados
normalmente”.
Escrevo esse comentário sob o impacto de ter visto o documentário do cineasta australiano John Pilger, "A guerra na democracia". O filme denuncia a imensa e nefasta lista de intervenções dos Estados Unidos na política da maior parte dos países latino americanos. Os exemplos são incontáveis: Guatemala 54; Brasil 64; Chile 73; Nicarágua 78/79; El Salvador no Governo Reagan (primeiro mandato), entre 80 e 84 etc.
Mas o interessante é que Pilger baseia o filme nas relativamente recentes reações políticas ocorridas em países latino- americanos contra as políticas econômicas ditadas pelo FMI, pelo Banco Mundial (este, repartição do Governo americano), pelo Consenso de Washington e pelos Estados Unidos, todas orientadas pelo neoliberalismo e pelo dogma de que o Estado não deve regular a economia capitalista e que deve sempre prevalecer o livre mercado. O diretor australiano destaca os exemplos da reação popular na Venezuela, em 2002, quando houve o golpe contra Chávez, com participação direta da CIA, e na Bolívia, quando, reagindo contra um massacre de camponeses, o povo indígena depôs o presidente pró EUA e depois elegeu Evo Morales. (Um outro excelente filme sobre o povo depondo Presidentes é o "Memórias do Saqueio", do diretor e deputado argentino Fernando "Pino" Solanas). O aspecto que achei interessante no documentário foi o enfoque dado pelo diretor australiano no sentido de que esses movimentos não foram eventos isolados, mas consistiram numa reação quase que deliberada contra os efeitos deletérios do neoliberalismo na América Latina. Nesse movimento, pode-se incluir as duas eleições de Lula no Brasil e as eleições de Rafael Correa no Equador e de Olanta Humala no Peru. AS MISSIONES DE CHÁVEZ No caso da Venezuela, apesar do déficit democrático decorrente de um predomínio do Poder Executivo sobre o Legislativo e, principalmente, o Judiciário, houve fatos positivos e ganhos efetivos para a população de baixa renda da Venezuela, o que foi causado pelo fato meritório e louvável de Chávez ter usado o dinheiro arrecadado com a exportação do petróleo pela empresa estatal PDVSA para financiar políticas sociais, principalmente as denominadas Missiones, que reverteram em benefícios inegáveis para a população pobre venezuelana. O documentário representa o "basta" que os latinos-americanos deram ao receituário econômico neoliberal de privatização indiscriminada, desregulamentação financeira (que redundou na crise financeira depois econômica global de 2008) e trabalhista, elegendo governos de esquerda no Brasil, na Argentina, na Bolívia, no Uruguai, no Equador, no Peru, na Nicarágua, o que representa um movimento generalizado de reação contra os malefícios econômicos provocados nesses países pelo neoliberalismo econômico. O filme também aborda com destaque a ditadura militar de Pinochet no Chile, que a mídia amestrada considera o modelo econômico a ser seguido, no qual a Previdência Social foi privatizada, salientando as enormes desigualdades e iniquidades sociais que caracterizam o panorama social e econômico chileno. O link do filme é http://www.youtube.com/watch?v=leXoa-CtVZc.
10 de março de 2013
Carlos Frederico Alverga
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Que razões suficientes podem justificar a hipertrofia do poder executivo sobre os demais poderes? Que intenções mobilizaram as 'benesses' de uma política populista, bem ao gosto do caudilhismo latinoamericano? Como pode ser `meritório e louvável' a demagogia que alimenta um sistema totalitário, movimentando uma massa iludida com as promessas que jamais chegarão? As crônicas políticas e análises, de diversos matizes, jogam luzes diferentes sobre o 'chavismo', um produto acabado e embalado pelo Foro de São Paulo, cujos interesses ideológicos já estão desvelados e expostos. Mais do que conhecidos os movimentos da Cia na América Latina, subvertendo governos que não atendam aos velados interesses econômicos e políticos do 'grande brother', movimentos de tristes memórias e de narrativas recentes no Brasil, Chile, Argentina etc. Mas o que tem isso a ver com as intenções que movem o Foro de São Paulo, subvertendo a ordem democrática na direção de regimes totalitários de esquerda, com políticas populistas e táticas gramscistas de ocupação do poder? Destaquei dois parágrafos, eixos do texto acima, para comentar a polêmica que tem gerado o chavismo, uma polêmica muito próxima do lulopetismo, que com ele se identifica. Mais complicado num país como o Brasil, ainda que os malefícios de tal populismo tenha causado grandes perdas e atrasos, mas que com certeza o seu alcance não comprometerá a democracia.
m.americo
OK, o euro não está condenado – ainda. Mas a eleição italiana sinaliza que os eurocratas, que jamais perdem uma oportunidade de perder uma oportunidade, estão chegando muito perto da borda. O fato fundamental é que uma política de austeridade para todos – austeridade incrivelmente dura em nações devedoras, mas um pouco de austeridade também no núcleo europeu, e nenhum indício de uma política expansiva em lugar algum – é um completo fracasso. Nenhuma nação sob a austeridade imposta por Bruxelas/Berlim mostrou um indício sequer de recuperação econômica; o desemprego alcançou níveis de destruir sociedades. Esse fracasso chegou perto de destruir o euro por duas vezes, no fim de 2011 e, de novo, em meados do ano passado, quando nações devedoras ameaçaram entrar num parafuso de quedas de preços de bônus e falências bancárias. Em cada ocasião dessas, Mario Draghi e o Banco Central Europeu (BCE) entraram em cena para conter os danos, primeiro emprestando aos bancos que estavam comprando dívida soberana (Operação de Refinanciamento de Longo Prazo, ou LTRO na sigla em inglês), depois anunciando a disposição de comprar dívida soberana diretamente (Transações Monetárias Diretas, ou OMT); mas em vez de tomar a experiência quase mortal como uma advertência, os austeros da Europa tomaram a tranquilização dos mercados arquitetada pelo BCE como um sinal de que a austeridade estava funcionando. Bem, os sofridos eleitores da Europa não concordaram. Como eles puderam não perceber o que estava a caminho? Bem, na Europa ainda mais que nos Estados Unidos, as Pessoas Muito Sérias (PMS) vivem numa bolha de consideração pela própria seriedade, e imaginam que o público em geral seguirá o seu comando – vamos minha gente, é a única coisa responsável a fazer. Wolfgang Münchau fez uma ótima introdução em sua coluna hoje (terça-feira), que capta a essência: "Houve um momento simbólico nas eleições italianas quando eu soube que o jogo tinha terminado para Mario Monti, o primeiro-ministro derrotado. Foi quando no meio da campanha – no meio de uma insurgência contra o establishment – ele foi a Davos para estar com seus amigos da política e das finanças internacionais. Sei que sua visita à elite que se reunia nas montanhas suíças não foi explorada na campanha, mas ela sinalizou para mim uma falta quase cômica de realismo político" O que as PMS não percebem é que a percepção pública de seu direito de liderar depende de elas alcançarem ao menos alguns resultados reais. O que elas realmente produziram, contudo, foram anos de um sofrimento incrível acompanhado por promessas repetidas de que a recuperação estava muito próxima – e depois se admiram de que muitos eleitores já não confiam no seu julgamento, e se voltam para algum outro, qualquer outro, que oferece uma alternativa. Gostaria de acreditar que a eleição italiana serviria como um despertador – uma razão para, por exemplo, dar ao BCE sinal verde para mais expansão, uma razão para a Alemanha executar algum estímulo e para a França recuar do seu desnecessário aperto de cinto. Minha suspeita, porém, é que elas simplesmente farão mais palestras aos italianos e a todos os demais sobre como elas estão se esforçando. E pode haver figuras piores que Beppe Grillo à espreita no futuro da Europa.
Atropelado há tempos na Lagoa, por uma bicicleta em alta velocidade, estou
praticamente imobilizado do joelho esquerdo. Três amigos, notáveis
traumatologistas, querem me operar, garante: “Helio, não há o meno perigo”.
Acredito neles, quanto à cirurgia. Mas e a recuperação?
Bianco em ação
Na minha idade, quanto tempo levaria a recuperação? Olhando a certidão de
idade, acho que tenho menos tempo de espera e de resistência, do que seria
necessário. O extraordinário tenista que é Rafael Nadal, com 26 anos, está
voltando, com dores e sem confiança, depois de 8 meses parado. Já admite
disputar o Grand Slam de Roland Garros (maio) e, de acordo com o resultado,
deixar definitivamente a raquete abandonada.
Minha tristeza e meu lamento, ontem, pelo desaparecimento de um
extraordinário amigo, mas também pela volta ao crematório. No ano passado estive
ali por três vezes, todas elas irrecuperáveis. Tivemos uma vida inteira de convívio. Bianco foi embora com 94 anos, apenas
mais dois do que eu. Normalmente, não chega a ser diferente. E com a amizade de
uma vida inteira, tudo era igual. Só ontem, quando o corpo chegou para ser
cremado, compreendi que chega um momento em que desaparece a igualdade, sobra
apenas a saudade.
Bianco, durante mais de 50 anos, morou numa vila na Humberto de Campos, todos
os domingos, jantávamos lá. Como ele era durante um tempo da revista O Cruzeiro,
iam quase todos lá, Millôr, David Nasser, Jean Manzon, Nelson Rodrigues,
Fernando Lobo, e mais e mais. Sem falar em Caymmi, que não era da revista O
Cruzeiro, mas amicíssimo de todos, era presença obrigatória.
Bianco era de
formação intelectual, não apenas por ser pintor, mas pela condição de família
que teve na Itália nos áureos tempos. Destruídos pela chegada de Mussolini, que
era socialista (como tantos), tinha um jornal (“Il Popolo di Roma”), no qual
defendia suas idéias, Depois, se submeteu a Hitler, acabou pendurado num varal
de secar roupa, na silenciosa República Italiana de 1945.
Bianco era invencível em tudo. No Trabalho, na criatividade, na entrega total
aos amigos. Um deles, a quem se dedicou a vida inteira, era o também
extraordinário Portinari. Trabalhou com ele até que ele foi embora, bem mais
moço.
Bianco, um pintor genial
Num dos mais apreciados (todos são) trabalhos de Portinari, o enorme painel
de Tiradentes, genial, magistral, colossal, o acabamento, já na parede, coube a
Bianco. Portinari tinha um defeito de nascimento num dos tornozelos, não podia
subir escada, nem as próprias, nem a escada para concluir o painel. Isso foi
feito por Bianco.
O SENADOR PORTINARI Por causa de Bianco, fiquei também amigo do Portinari. Não foi amizade
duradoura, Portinari morreu muito moço, em 1962, tinha apenas 59 anos. Era
comunista do partido, contribuía normalmente para a sobrevivência dele. Em 1945,
na Constituinte de 2 de dezembro, o PCB lançou a candidatura dele a senador por
São Paulo, parecia invencível. E realmente saiu na frente na apuração.
Durante algum tempo, quase que uma vez por semana, íamos tomar um café num
bar na Avenida Atlântica, Portinari me contava histórias interessantíssimas.
Vejam só esta.
Perguntei a Portinari por que não mantivera a liderança na apuração. Resposta
dele, textual: “Helio, eu não queria ser senador, aceitei como exigência do
partido. Eram duas vagas, uma disputada pelo empresário riquíssimo Roberto
Simonsen”. (Nada a vez com a família Simonsen do Rio).
Continuou: “Esse empresário fez uma proposta que o Partido considerou
irrecusável, meus votos foram sumindo, a contagem dele subindo, tirou o segundo
lugar. Não me aborreci, não tinha nada a fazer no Senado. Além do mais, o
Partido estava sempre precisando de dinheiro”.
OS INESQUECÍVEIS DEBATES NA CASA DE
BIANCO Já morando em São Conrado, Bianco continuava com o mesmo espírito de juntar
os amigos, segundo ele, 10 de cada vez, numa mesa redonda, para que todos
pudessem ficar frente a frente, o que não seria possível numa mesa
retangular.
Quando Bianco deixou de fazer os almoços, passamos a nos reunir aos sábados,
no Satiricon. Mas sempre lembrávamos a ausência de Bianco.
###
PS – Só que esse ausência circunstancial, agora é permanente, nada poderá
ressuscitá-la. PS2- Alguns já foram embora, incluindo meu irmão. Às vezes eu não podia
ir, o Millôr me recriminava, dizendo: “Helio, você ainda não entendeu. Você é o
único convocado, os outros são convidados”.
Do jeito que as coisas vão, e apesar da propaganda, chegaremos ao segundo semestre com um milhão de novos desempregados, a contar de outubro do ano passado. Ou não foram 665 mil até fevereiro, mais pelo menos 100 mil previstos para este mês? Não se dirá que os empresários dão de ombros para o drama de seus ex-empregados. Devem estar sentidos, mas, para eles, tanto faz como tanto fez. Estarão garantidos pessoalmente. Só que existe outro problema tão grande quanto o desespero dos que vão perdendo postos de trabalho, humilhados por precisarem recorrer ao pálido seguro-desemprego ou ao bolsa-família. Do milhão acima referido, quantos não resistirão à tentação ou à compulsão de buscar a marginalidade? Se for 1%, serão dez mil, mas poderão ser bem mais optando pelo crime, em especial em grandes centros como São Paulo, Rio, Belo Horizonte e outros. A falta de previsão tem sido característica centenária dos governos nacionais e estaduais. Preferem o imediatismo. Seria bom parar para pensar, especialmente numa hora em que o palácio do Planalto puxa a fila dos cortes orçamentários para enfrentar a crise. Gastos com esporte, turismo, meio ambiente e defesa foram reduzidos de forma drástica no plano federal. Dirão os tecnocratas de Brasília que segurança pública não é com eles. Trata-se de problema dos governadores, também empenhados em passar a tesoura nos respectivos orçamentos. Só que não é bem assim. Dotações do ministério da Justiça e das forças armadas relacionam-se com a proteção do cidadão, e sofrem cortes. A conclusão surge amarga: para enfrentar o aumento da criminalidade seriam necessários investimentos imediatos no setor policial e sucedâneos. Só que está acontecendo o oposto. Além de não crescer, o arcabouço da segurança pública diminui. Como parece inócuo sugerir que cada cidadão passe a adquirir a sua arma, dentro da campanha ainda vigente pelo desarmamento, a solução seria, no mínimo, para a população comprar cadeados, aprisionando-se em sua própria casa… ALÉM DAS ENCHENTES Depois das tragédias do ano passado, a natureza tem sido cruel para capitais como São Paulo, Rio, Belo Horizonte e outras. Mesmo cidades de densidade populacional menor sofrem com as chuvas, como raras vezes tem acontecido no país. A explicação é uma só, lá e cá: sem exceção, tornaram-se insuficientes as galerias de escoamento das águas. As bocas de lobo entupiram, os rios são permanentemente assoreados com lixo, sujeira e esgotos. O êxodo rural e o crescimento desordenado de favelas e mocambos vem sendo responsável por situações hoje impossíveis de ser enfrentadas. Décadas atrás, no Rio, frente a sucessivos incêndios em grandes prédios, um singular comandante do Corpo de Bombeiros aconselhou a população a comprar cordas, já que as escadas da corporação não chegavam aos andares mais altos. Se estivesse vivo, certamente iria sugerir que cada família adquirisse botes salva-vidas. Obras de saneamento costumam não dar votos. Não aparecem. Bem que a presidente Dilma distribuiu, esta semana, recursos para governadores e prefeitos utilizarem em saneamento, mas, de modo geral, autoridades estaduais e municipais desinteressam-se de fazer em nossas capitais aquilo que Paris, Londres, Nova York e outras cidades fizeram ainda no século XIX. O principal, porém, seria evitar o crescimento desordenado dos grandes centros e até dos médios. Mas fixar o cidadão no interior, de que forma? Há quem ponha a culpa no agronegócio…
Não conheci o desembargador Ricardo Damião Areosa, nem a sua mulher, a advogada Cristiane Teixeira Pinto. Poderia ter conhecido. Apenas três quadras separam o meu prédio do apartamento onde viviam e que foi completamente destruído pelo fogo no último domingo. Da minha casa ouvi o barulho dos carros de bombeiros chegando e da janela deu para ver a fumaça branca, sem identificar exatamente de onde vinha. Dormi sem conhecer o tamanho da tragédia que, no dia seguinte, passou a ser um dos temas preferidos na internet, nas redes sociais e nas ruas do Leblon. As primeiras informações davam conta de uma porta blindada que não pôde ser aberta. Reclamavam do atraso dos bombeiros e do hidrante. Os moradores dizem que foram 35 minutos, entre o primeiro chamado e a chegada. A corporação fala em seis minutos. Já a Cedae insiste em dizer que o hidrante funcionava. Os bombeiros negam. O fato é que o casal, acuado pelas chamas, se jogou do quarto andar e morreu. A tal porta não era exatamente blindada. Era feita de madeira maciça e possuía quatro trancas. A intenção era evitar os eventuais assaltos que pudessem ocorrer num dos bairros mais valorizados do Rio. E é exatamente isso que me intriga. Esse conceito de valor. Não consigo deixar de pensar na tristeza que é viver numa cidade onde os hidrantes não funcionam, os bombeiros não têm escadas Magirus e as portas que garantiriam a segurança servem como ratoeiras. O OUTRO LADO DO LEBLON Qualquer observador um pouco mais atento que andar pelas ruas do Leblon, de Ipanema ou de outro bairro da moda, verá calçadas quebradas, vazamentos constantes de esgoto e a segurança privada que toma conta de várias ruas. Na semana passada, um desses seguranças trocou tiros com dois bandidos que passavam de moto na região. Isso em plena hora do almoço, quando as crianças saíam dos colégios. Verá também muito lixo no chão, lixeiras quebradas e os vendedores de quentinhas. Ou seja, falta segurança, falta saneamento, falta conservação, falta fiscalização e sobra sujeira. Problemas que se repetem em bairros como o Méier, Madureira, Campo Grande, Barra ou Santa Cruz. Por que, então, Ipanema e Leblon são mais caros? Talvez sejam as praias. Mas elas são sujas. As areias têm mais coliformes fecais do que qualquer padrão considerado aceitável. Devem ser as ofertas de lazer. Aqueles teatros e boates que foram fechados porque não tinham saída de emergência. Acho que o problema está na nossa definição de "valor" ou "valorizado". Morar na Zona Sul é chique, é bacana, mesmo que as coisas não funcionem direito. Outro dia vi algumas pessoas chocadas porque souberam que o Seedorf estava indo ao treino do Botafogo de ônibus. Como é que alguém com o status dele resolve andar de ônibus? Em alguns países onde o Seedorf já jogou, como a Holanda, a Espanha e a Itália, o natural, o civilizado é usar os transportes públicos. Por aqui é diferente. O que vale é o privado, o individual, o exclusivo e, se possível, o personalizado. Quem tem dinheiro sonha com o melhor apartamento, no lugar mais badalado, com um carro caro na garagem. Pode ser blindado. Talvez seja preciso ter uns dois ou três seguranças. Tudo bem. É fundamental ter o melhor plano de saúde do mercado e um gerente pessoal para cuidar das contas. DE QUE VALE TUDO ISSO? Isso é perfeito, ou quase. De que vale tudo isso quando se sofre um acidente na rua e a ambulância do SAMU te leva para um hospital público? E se o apartamento pega fogo, a porta não abre, o bombeiro não chega e o hidrante não funciona? É uma ilusão, quase uma infantilidade, achar que podemos viver sozinhos, sem depender dos amigos, dos vizinhos, da sociedade e do poder público. Nossa tendência é lembrar dos políticos e da política apenas em época de eleição. Ou quando surge algum escândalo. Mas sem os políticos certos nos lugares certos, os serviços públicos não funcionam. Ontem, o governador Sérgio Cabral, que também mora no Leblon, perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. Disse que o serviço prestado pelos bombeiros teve "padrão internacional". Não teve. E voltou com a velha ladainha: "Nunca se investiu tanto na corporação como no meu governo". Não importa se um governo investiu dez, outro 20 e um terceiro 30. Não funcionou. Duas pessoas morreram. A pergunta é: O que deve ser feito e investido para ter realmente um padrão internacional? O que é um padrão internacional? Resolvido o que se quer e quanto custa, é preciso apresentar o problema de forma transparente e dizer: "Vamos levar dez anos para chegar lá. Só depois de três governos teremos algo aceitável". Seria quase uma overdose de honestidade.
A Google, empresa fundada por Larry Page e Sergey Brin (os google guys) em 27 de setembro de 1998, teve desde o início a singela missão de “organizar a informação mundial e torná-la universalmente acessível e útil”. Modesta, não?
No Oregon, 18 mil m² para abrigar parte dos 1 milhão de servidores Ao que parece, contudo, é cada vez mais isso que ela realmente faz. O buscador Google é executado por meio de um número espantoso de servidores – já supera 1 milhão — em data centers espalhados pelos Estados Unidos, sede da empresa, e ao redor do mundo, e processa, diariamente, mais de um bilhão de solicitações de pesquisa e vinte petabytes (um número quase inimaginável de bytes, já que um petabyte equivale a 1024 terabytes, e um terabyte equivale a 1024 gigasbytes de dados gerados por usuários.
E, claro, não só de buscador vive a Google, que também desenvolve soluções empresariais, tradutores online para qualquer idioma que se possa imaginar, navegador, e-mail e uma longa lista de outros produtos.
Mas sua grande fonte de receitas é mesmo a publicidade, pelo AdWords, que oferece um vasto elenco de fórmulas para os anunciantes — começando pela ordem em que o produto ou serviço aparece na tela (na primeira página, em primeiro lugar, ou em segundo, ou terceiro) quando alguém faz uma pesquisa.
É difícil pensar a vida online hoje sem o Google, mas quando você abre o buscador, ou e-mail, já se perguntou ao que está se conectando? Já se perguntou se é um lugar, uma fábrica, uma entidade? Já imaginou o tamanho físico da empresa?
O Data Center de Council Bluffs, no Iowa, tem mais de 10,5 mil m²
Farol do petismo, caudilho era motivo de inveja para os radicais e um parceiro comercial importante para os pragmáticos
O FAROL DO PETISMO - O caudilho morto (acima, com Lula) será o principal cabo eleitoral da campanha de seu sucessor (Fernando Lanno/AP)
Em 1998, ano em que Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela, o PT perdeu a terceira eleição presidencial seguida no Brasil. A derrota rachou o partido. Um grupo continuou satanizando os Estados Unidos, tecendo loas a Cuba e defendendo a reforma agrária radical, o controle da imprensa, a expropriação de empresas estrangeiras e o apoio a movimentos guerrilheiros. Outro grupo, mais poderoso, se rendeu ao pragmatismo, aliou-se a partidos conservadores, atraiu empresários e contratou um marqueteiro renomado para eleger Lula presidente quatro anos mais tarde. Se poucas questões unem as duas alas petistas, a admiração ao ditador venezuelano agora morto e o apoio ao seu governo estão entre elas. Para os radicais, Chávez é motivo de inveja, uma vez que fez na Venezuela tudo o que eles sonhavam fazer no Brasil. Já para os pragmáticos, o caudilho era um parceiro comercial importante. Amigo de Chávez, José Dirceu - o ex-chefe da Casa Civil de Lula, condenado a dez anos e dez meses de prisão por ter comandado o mensalão - liderou o apoio do PT ao governo chavista e trabalhou na prospecção de negócios para empresas brasileiras naquele país. Em troca, elas financiavam campanhas do partido.