"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 24 de julho de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE





24 de julho de 2013

O PODER E OS SONHOS


 
O que a peça de Calderón de la Barca, “La vida es sueño” (A vida é sonho) tem a ver com a realidade atual brasileira? O que um autor espanhol tão antigo (1600 –1681), que foi soldado e padre, pode nos sugerir sobre o poder hoje?Vamos à sua peça, resumidamente: ele conta que Basílio, rei da Polônia, havia lido nos astros que seu filho Segismundo era um malsinado.
 
Para nascer, o menino provocou a morte da mãe e estava vaticinado que, adulto, destronaria o pai. O rei, precavendo-se, encerrou o herdeiro numa torre. Mas com o passar do tempo, cheio de dúvidas se o filho seria mesmo o que lhe predisseram, resolveu dar-lhe uma chance. Fez com que o adormecessem e assim o transportaram ao palácio, onde o despertaram, porém, investido do poder de rei.
 
O resultado foi trágico: o herdeiro, exercendo atabalhoadamente o poder, insulta o pai, enamora-se de suas mulheres, joga ao mar um dos conselheiros e a outro quer matar. Só a lisonja o atrai.
 
Entristecido de novo, o rei se aproveita do sono do filho e ordena que o conduzam à prisão. Ali, o príncipe desperta atordoado sem saber se viveu uma realidade ou sonho. Ficaria para sempre na masmorra, não ocorresse o imprevisto: uma rebelião em que o povo o conduz de novo ao poder.
 
Refaz-se o jogo de reflexos entre sonho e realidade. Segismundo, porém, agora se comporta de modo diferente. Tendo aprendido atrozmente que a realidade e o sonho se mesclam, modifica seu comportamento optando por uma atitude ética no poder e assim descobre que o caminho da virtude é o mais sábio.
 
O APRENDIZADO DO PODER
 
Então, repito: o que tudo isso tem a ver conosco, com o Brasil, o poder e com a clamorosa e voraz voz das ruas?A primeira coisa que me ocorre é que o poder exige aprendizado. Ele tem um lado ruidoso, mas muitas vezes é exercido em silêncio e até em extrema solidão. Você não pode chegar ao poder e ir fazendo tudo que lhe der na telha.
 
Ou seja, aprende-se rápido que o poder pode, mas não pode. Até os ditadores se queixam de que não podem fazer o que querem. Sem precisar lembrar que Getúlio, impotente diante dos inimigos, matou-se, foram muitas as queixas de Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo.
 
Os militares achavam que podiam. Ou seja, podiam, mas não podiam. Vejam também o que ocorreu na Rússia, na China e em Cuba.Vejam aqui mesmo alguns exemplos gritantes e recentes. O jovem Lula, quando simples candidato, dizia que o Congresso estava cheio de ladrões.
Quando foi eleito, teve que compor com o Congresso para ter maioria. E dá-lhe, mensalão. Outro exemplo: Fernando Henrique se apoiava em Antônio Carlos Magalhães e Sarney, teve Renan Calheiros como ministro da Justiça.
No entanto, como dizia Shakespeare naquele famoso discurso de Marco Antônio aos senadores romanos, Fernando Henrique “is a honorable man”.
 
PODER AOS IDEALISTAS
 
Tirando os famigerados black bloc que armam as quebradeiras e são um caso de distúrbio hormonal, de testosterona desgovernada (têm ódio de qualquer governo), é um curioso exercício pensar o que aconteceria se entregassem o poder aos idealistas do passe livre.Descobririam logo que o poder pode, mas não pode.
Descobririam que o sonho democrático é lento e a ditadura, que acha que pode tudo, é um pesadelo. E olha que admiro os que ocuparam pacificamente as ruas, por muitas e urgentes razões! Possivelmente, a função deles é acertadamente pressionar o poder.
A pressão sistemática, inteligente e bem conduzida pode dar mais resultado do que a utopia revolucionária que tem uma dose congênita de autoritarismo.A peça de Calderón de la Barca tem ainda vários ensinamentos.
Se por um lado la vida es sueño e los sueños sueños son, não se pode viver sem sonhar. O sonho é que move a história. Como alguém disse: Marx se enganou, não é o trabalho que move a história, o que move a história é o desejo.

A PREVISÃO É DE UMA DISPUTA EM 2014 COM GRANDE NÚMERO DE CANDIDATOS



A corrosão das intenções de voto na presidente Dilma e a supremacia do ex-presidente Lula sobre todos os candidatos já haviam sido revelados.
A novidade da pesquisa Ibope/Estado de São Paulo, divulgada na semana passada, foi o crescimento acentuado de Marina Silva, que alcançou até mesmo um empate técnico com Dilma numa simulação de segundo turno .
Outra, o crescimento dos que, hoje, votariam em branco ou nulo,
somando 19%. Estes são sinais de que o eleitorado está procurando novidades e está disposto a experimentar.

Por isso mesmo, no meio político já se aposta numa eleição com grande número de candidatos. Não tantos como em 1989, quando 22 se inscreveram, mas bem mais que os três ou quatro efetivamente competitivos dos pleitos seguintes.

A "ARMADILHA EXISTENCIAL" DE MAQUIAVEL



É forçoso reconhecer que o Príncipe, e o pensamento político de Maquiavel, não apenas possuem vigência e atualidade no Brasil como, em todos os países e ao longo de todo este período de 500 anos.
Há, pois algo de radicalmente válido no pensamento de Maquiavel que lhe conferiu a capacidade de navegar ao longo do oceano dos séculos, sem jamais ser considerado obsoleto, historicamente condicionado e portanto, superado.
 
Talvez esse algo de radicalmente válido possa ser descrito como o comportamento humano em situações de ausência de normas regulando o comportamento dos cidadãos, ou de ambivalência, fragilidade e ilegitimidade das normas existentes. Em situações como essas, os desonestos, os poderosos, os violentos, os ousados instauram uma dinâmica de poder a qualquer custo, da riqueza e do prestígio por todos os meios e do interesse pessoal acima de qualquer outro.
 
O argumento central da teoria política de Maquiavel, que significou um rompimento com o pensamento cristão ortodoxo da “Grande corrente do ser”, é a falta de articulação, coerência e hierarquia entre as diferentes dimensões da existência humana.
 
Para ele, não existe um conjunto de virtudes igualmente válidas para todas as esferas da vida (família, sociedade, política, economia etc). Em outras palavras, o que é virtude numa esfera pode não ser virtude em outra.
 
Não foi Maquiavel quem criou esta “armadilha existencial”, por meio da qual uma virtude pessoal pode transformar-se em malefício público e inversamente, um malefício público pode se tornar numa virtude privada. Esta, segundo ele, é a real condição da natureza humana. Esta é a realidade da vida – não a vida que desejaríamos, mas a vida como ela é, e Maquiavel dedica-se a explicar a política apenas e exclusivamente na vida real.
 
OBJETIVO PRÓPRIO
 
A economia visa a riqueza; a política visa o poder; a família visa a sobrevivência; a religião visa a salvação em outra vida; a vida social visa o prestígio e admiração. Ao buscar o objetivo próprio de uma dessas esferas o indivíduo se afasta do objetivo próprio de outra. Assim, ao procurar dar à sua vida um objetivo ético o indivíduo é absolutamente fiel à palavra empenhada. Ao transferir este objetivo para a vida política, ele vai prejudicar seu principado pois seus rivais não hesitarão em não manter a palavra que empenharam.
 
“Por isso, um governante prudente não deve manter sua palavra, quando fazê-lo for contra o seu interesse e, quando as razões que o fizeram comprometê-la não mais existirem. Se os homens fossem bons, este preceito seria errado e condenável, mas, como eles são maus e não honrarão as suas palavras com você, você também não está obrigado a manter a sua para com eles.” (Maquiavel – O Príncipe Cap. XVIII)
 
Tornava-se assim impossível para Maquiavel a existência de uma mesma ética, aplicável com igual validade, à esfera familiar e à esfera política. Cada uma delas tem uma lógica própria. O que é benefício numa pode ou não ser benefício em outra. Na política fundamentalmente, a disjuntiva ocorre entre vida privada e vida pública.
 
O cidadão comum continua cultivando os valores da vida privada, acreditando que devam ser os mesmos para regular a vida pública, enquanto o político e o governante são forçados a administrar aquela inevitável contradição.
 
É nessa diferença que reside a ambiguidade da política para o cidadão comum, e a sua tendência de encará-la de maneira negativa e pejorativa.
 
A atualidade de Maquiavel e a aplicabilidade de suas ideias, recomendações e advertências, depende então do grau em que um sistema político logrou subordinar a articulação dos interesses e a competição pelo poder a regras legais válidas, legítimas e executáveis que, ao estabelecer limites ao conflito, assegurem a civilidade política. Em outras palavras, um sistema em que quem governa são as leis e não os indivíduos.
 
Ao longo da história ocidental, o estado de direito e a democracia contêm as instituições mais avançadas para a promoção e defesa da liberdade, para a moderação dos conflitos e para a preservação da civilidade nas relações sociais.
 
(transcrito do Estadão)

24 de julho de 2013
Francisco Ferraz

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR




24 de julho de 2013
Millôr Fernandes

"RECALL" SEM BATATA NEM LEGUMES

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Venho para lhes falar de eleições distritais com recall, instrumento com que os suíços contam há 167 anos e os americanos há mais de 100, e que é o responsável, em última instância, por ter feito dessas sociedades duas das mais prósperas e livres já criadas pelo homem.

O maior obstáculo para a implantação de uma democracia nesta nossa ilha cercada de língua portuguesa por todos os lados é que o brasileiro médio – e até o brasileiro acima da média – pensa que já vive numa. Acredita firmemente que já conquistamos o básico e que o que nos falta é enfeitar a obra quando a realidade é justamente o contrário.

Não plantamos nem as três pedras fundamentais de qualquer sistema representativo que são os institutos do 1 homem, 1 voto, da igualdade perante a lei ou da garantia de identificação entre representantes e representados.

As expressões que diferenciam as democracias modernas das suas versões arcaicas tais como “accountability” e “responsiveness“, conceitos que definem não só a obrigação do representante de prestar contas de seus atos mas, principalmente, medem a vulnerabilidade dele aos instrumentos à disposição dos representados para garantir que haja resposta a essa cobrança, sequer têm tradução exata em português.
 
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O recall, para o qual também não existe equivalente em nossa língua, é o mais efetivo desses instrumentos. A expressão tem exatamente o mesmo sentido e o mesmo propósito em politica e em administração pública que tem no comércio de automóveis:

Troque o seu político com defeito (de caráter, de comportamento, de desempenho) por outro novo antes que ele provoque um desastre”.

Agora vêm aí, sob o eco das manifestações de junho, os “novos” cardápios dos dois tipos de falsários nas mãos dos quais têm sambado miudinho a liberdade e a dignidade do cidadão brasileiro. PT e cia. cozinham as receitas de “democracia direta” tóxica, a falsa, com tempero bolivariano, para ver se escapa de uma vez para sempre de responder pela conta destes 10 anos de descalabros que já está claro que vai chegar em 2014. E os barões da “governabilidade”, calejados especialistas na velha arte lusitana de “mudar” para que tudo permaneça sempre igual, misturam os ingredientes de sempre, que às vezes “parecem” mas nunca “são”.

Ventila-se que haverá até ofertas de voto distrital. Com batas; com legumes… Mas eu apostaria meu braço direito que jamais com recall, que é o único que de fato nos interessa.
 
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Pela simples razão de que essa ferramenta inverte radicalmente e de uma vez para sempre a relação de poder entre representantes e representados, funcionários públicos e contribuintes.

O voto distrital não é um fim em si. Saber exatamente quem é o seu representante mas não poder fazer nada contra ele se trair sua confiança só fará aumentar sua frustração. A eleição tem de se tornar distrital apenas para que cada grupo de eleitores, colhendo uma determinada porcentagem de assinaturas em seu distrito, possa convocar uma votação restrita para confirmar ou não o mandato daquele representante a qualquer momento sem a necessidade de revolução, comoção social ou risco de paralização do resto do sistema.

O voto distrital com recall põe um patrão em cima de cada deputado, vereador ou ocupante de cargo executivo. São eles que passam a ter medo de você e não o contrário. Isso instala a meritocracia na política e no serviço público.

É a revolução permanente sem os riscos das revoluções. O recall dá a cada um a sua pequena porção de poder sem dar a ninguém poder demais. Garante a cada cidadão o direito de contestar o que lhe parecer errado e receber obrigatoriamente uma resposta. Arma-o com um poder efetivo para forçar novas reformas sempre que elas lhe parecerem necessárias.

O voto distrital com recall é a reforma que inclui todas as outras reformas.
Faça “eles” saberem que é isso que você quer.

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Artigo publicado na Folha de S. Paulo

24 de julho de 2013
vespeiro

JOGO SUJO

Apartamento em Miami coloca Joaquim Barbosa na mira da covarde tropa de choque petista

Muito se comentou nas últimas horas sobre o constrangimento enfrentado por Dilma Rousseff enquanto o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, cumprimentava o papa Francisco na cerimônia que teve lugar no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro, na última segunda-feira (22).

Dilma, que estava na sede do Executivo fluminense como presidente e dublê de mestre de cerimônia de algumas autoridades, desconhece o protocolo que determina que nesses casos apenas o visitante deve ser cumprimentado.

Mesmo que tivesse desrespeitado o protocolo oficial, o presidente do STF teria motivos de sobra para não cumprimentar Dilma Rousseff. O ministro foi alvo de polêmica reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, que o PT tratou de repercutir aos bolhões, como se o magistrado tivesse cometido um grave crime.

A matéria em questão trouxe informações sobre um apartamento comprado por Joaquim Barbosa em Miami. Avaliado em US$ 480 mil, o imóvel, de setenta metros quadrados, foi registrado em nome de uma empresa, procedimento legal nos Estados Unidos e que evita o pagamento de 48% de imposto ao governo local em caso de transferência da propriedade. E muitos brasileiros que têm imóveis nos EUA adotam esse expediente previsto na legislação norte-americana.

Joaquim Barbosa, que não padece de ingenuidade, não demorou a descobrir o ponto de partida da reportagem. Os palacianos cumprem ordens da cúpula petista para que Barbosa tenha a imagem arranhada ao máximo, como for de represália pelas condenações no caso do Mensalão do PT.

Missa encomendada

Os jornalistas amestrados, que integram o “Partido da Imprensa Governista” e habitualmente passam pelo caixa do Palácio do Planalto, têm tratado o assunto em seus veículos de comunicação, sempre abusando da galhofa e da ironia, o que fere de morte o bom jornalismo.

Nesses órgãos midiáticos de aluguel sobram conjecturas, inclusive sobre possível violação, por parte de Joaquim Barbosa, do Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União (Lei 8.112/90), que estabelece: “Ao servidor é proibido [...] participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada”.
De fato o Estatuto é claro em relação a essa proibição, mas é preciso lembrar que essas determinações legais valem apenas e tão somente no território nacional.

Aventou-se a possibilidade de o presidente do Supremo ter desrespeitado a Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979, conhecida como a Lei da Magistratura e que estabelece o que segue:

Art. 35 – São deveres do magistrado:
VIII – manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.
Art. 36 – É vedado ao magistrado:
I – exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista;
II – exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração;


Nem mesmo com muito esforço da imaginação é possível afirmar que Barbosa transgrediu qualquer uma das mencionadas leis, pois o que deve prevalecer é a devida interpretação legal, respeitada acima de tudo a verdade dos fatos. Algo que os petistas preferem ignorar quando a missão é destruir um adversário.

A única possibilidade de o ministro Joaquim Barbosa ser acusado de alguma transgressão repousa na transação em si, caso o dinheiro tenha sido remetido ao exterior ilegalmente e o imóvel não constar de sua declaração de bens. Do contrário, qualquer especulação é mera obra de mentes diabólicas.

A dona do apartamento de Barbosa

A empresa “Assas JB Corp.” foi aberta de acordo com a legislação vigente no estado da Florida, em 10 de maio de 2012.
No contrato de constituição da empresa (clique para conferir) há detalhes que desmontam a teoria da conspiração que desceu a rampa do Palácio do Planalto depois da publicação da matéria.
O primeiro deles é que a sociedade, registrada em nome de Joaquim Barbosa Gomes, tem como local de funcionamento e de correspondência o mesmo endereço do ministro em Brasília. E ninguém que deseja cometer uma irregularidade faria isso.

O segundo detalhe que não foi considerado é que no contrato está claro que Joaquim Barbosa é o diretor inicial de uma pessoa jurídica unipessoal, não podendo, portanto ter outra pessoa como responsável no ato da confecção do documento necessário para a abertura da empresa.

Outro detalhe é que a legislação norte-americana trata como crime a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas, com direito a punição rigorosa. O deputado federal Paulo Salim Maluf que o diga.
O ministro Joaquim Barbosa não cometeria esse erro infantil, colocando seu currículo no patíbulo da forca por causa de um pequeno apartamento na outrora cidade mais brasileira dos Estados Unidos.



Falta do que fazer

A ordem nos bastidores do PT é atropelar Joaquim Barbosa, decisão que não surpreende se analisada a trajetória recheada de escândalos do partido que patrocinou o período mais corrupto da história brasileira.
Para que o plano seja cumprido, os palacianos recorrem à imprensa de aluguel, que sempre é beneficiada com o suado dinheiro do contribuinte.

Muito antes de se preocupar com o apartamento de Barbosa em Miami, esses proxenetas da comunicação deveriam cobrar do lobista messiânico Lula explicações sobre a compra do apartamento em que o ex-metalúrgico mora em São Bernardo do Campo.

Considerando que os jornalistas “chapa branca” têm alguma obsessão com os Estados Unidos, que solicitem à aparelhada Petrobras explicações sobre a escandalosa compra da refinaria de Pasadena, no estado norte-americano do Texas.
A “companheirada” que se instalou na estatal petrolífera conseguiu a proeza de comprar por US$ 1,18 bilhão uma refinaria que vale menos de US$ 100 milhões. O pior é que nem mesmo por esse valor aparece comprador disposto a abraçar um mico que se alimenta da obsolescência tecnológica.

Contudo, o foco desses integrantes do Partido da Imprensa Governista (PIG) pode ser dinheiro de origem escusa e duvidosa. Nesse caso é melhor perguntar aos “aloprados” do ex-presidente Lula de onde saiu a dinheirama (R$ 1,7 milhão) que seria usada para pagar o Dossiê Cuiabá, conjunto de documentos apócrifos para tumultuar as campanhas dos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, em 2006.

O aloprado mais adequado para falar sobre o assunto é Hamilton Lacerda, então coordenador da campanha de Aloizio Mercadante (PT), o ministro da Educação que se acovardou diante de carraspana de Lula e acabou revogando o irrevogável.
Lacerda foi quem entregou a mala com dinheiro ao advogado Gedimar Pereira Passos e ao empresário Valdebran Padilha da Silva, presos pela Polícia Federal em um hotel da capital paulista. O caso é tão estranho, que até hoje ninguém reclamou a propriedade do dinheiro apreendido pela PF.

Mesmo assim, os membros do PIG podem querer ir além. Detectado esse desejo, que perguntem às autoridades competentes a verdade sobre os empréstimos bancários do Mensalão do PT, operações financeiras fictícias que serviram para repatriar dinheiro ilegal e sujo que estava depositado no exterior.
Quem sabe essa busca pela verdade chegue aos escaninhos do assassinato de Celso Daniel ou, então, à malandragem de um banqueiro oportunista que recheou com dinheiro de superfaturamento de campanhas publicitárias o caixa do Mensalão.

Considerando a possibilidade de as opções acima não agradarem, não o PIG investigar alguns integrantes da chamada base aliada.
Nesse rol da cafetinagem política nacional há muitos alarifes com conta bancária no exterior, sem que o Leão da Receita saiba da manobra, existe um mágico que conseguiu a proeza de abrir (sic) uma escola no escritório de um advogado de Miami, além de “companheiros” que oferecem cargos no braço internacional da Petrobras como forma de comprar a não divulgação de escândalos que trazem como rubrica uma conhecida estrela.

Melhor evitar

Adquirir um imóvel nos Estados Unidos ou em qualquer parte do planeta não é crime, desde que respeitada a legislação brasileira. O dinheiro gasto por Joaquim Barbosa na compra do apartamento em Miami seria suficiente para adquirir um imóvel de classe média (a verdadeira) em cidades como, por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro.

Em suma, Barbosa não cometeu qualquer ilegalidade, mas conhecendo o criminoso modus operandi dos atuais donos do poder, o melhor é evitar qualquer transação comercial que ostente a menor chance de se transformar em munição nas mãos inimigas.

No Judiciário brasileiro há casos muito mais sérios e que merecem investigação ou matérias jornalísticas, mas por questões de interesses obscuros a verdade é mantida nos subterrâneos.

Quem conhece o cotidiano da Justiça brasileira sabe como encontrar a agulha no palheiro, até porque alguns magistrados moram em imóveis que não condizem, nem mesmo em sonho, com os respectivos contracheques.
No currículo desses togados especialistas em milagres da multiplicação há um sem fim de decisões judiciais bisonhas.

24 de julho de 2013
ucho.info

E TUDO NA FRENTE DO PAPA

 

O papa Francisco viu tudo – mas, homem educado e gentil, fará aos brasileiros a gentileza de esquecer aquilo que viu.
O papa percebeu, antes ainda de descer no Brasil, o quanto um Governo pode ser grosseiro.

A presidente Dilma não se deu ao trabalho de chegar ao Rio mais cedo, para receber o visitante.
Saiu de Brasília na última hora. Para que o protocolo se cumprisse, o avião do papa precisou dar voltas sobre Valença, no Estado do Rio, esperando que o avião de Dilma pousasse antes e ela pudesse recebê-lo.

O papa sentiu, já no Brasil, o quanto a falta de noção resvala para a inconveniência. Aos 76 anos, depois de viajar de Roma ao Rio, depois de enfrentar o trânsito carioca, teve de ouvir meia hora de discurso eleitoral da anfitriã a respeito das maravilhas de seu Governo – justo Francisco, que nem vota no Brasil! Como comparação: seu próprio discurso, bonito e preciso, durou 15 minutos.

O papa viu que a loucura por uma foto a seu lado (que terá, sem dúvida, alto valor eleitoral) superou qualquer outra consideração. Cardeais, arcebispos e bispos não tiveram oportunidade, no Palácio Guanabara, de aproximar-se de seu dirigente espiritual: todos os espaços estavam ocupados por José Eduardo Cardozo, Renan Calheiros, Henrique Alves, os próceres de sempre da República.

O papa foi testemunha próxima de uma imensa grosseria: o presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, o cumprimentou e, em seguida, passou direto pela presidente Dilma, sem olhá-la. Foi um desrespeito à mulher e à presidente.
Guerra aberta

É fato que boa parte do Governo concentra esforços em tentar desmontar a imagem do ministro Joaquim Barbosa, considerado uma ameaça à reeleição da presidente. Os jornalistas de sempre se dedicam a divulgar que o ministro costuma almoçar e jantar, e que isso é um escândalo inominável num país em que – antes da salvação trazida pelos Governos petistas – havia gente passando fome.

Mas a causa da imperdoável descortesia do ministro, ao negar cumprimento à presidente, vem sendo atribuída à história do apartamento de quarto e sala que comprou em Miami. Atribui-se ao Governo Federal a entrega à imprensa de informações (por lei, sigilosas) sobre a forma de compra do imóvel nos EUA.
A voz do poeta

O grande Olavo Bilac é o autor frase pinçada pelo portal jurídico Migalhas (www.migalhas.com.br): “Há indivíduos que, quando vão a um teatro, levam para lá a sua melhor sobrecasaca, mas deixam em casa toda a sua educação.”
As confissões

Nesta sexta, o papa ouvirá a confissão de três brasileiros, na Quinta da Boa Vista. Nada de política na cerimônia: cada um terá três minutos para a confissão.
Dificilmente se encontrará político capaz de confessar-se em três minutos.
Os novos milagres

Já há piadas sobre a visita do papa e os milagres a ele atribuídos. Ficou preso num congestionamento no Rio, de janela aberta, e não foi assaltado; cumprimentou toda aquela gente importante que vimos na TV e continua com seu anel de prata; fez com que o governador Sérgio Cabral andasse de carro; foi fotografado sem que a cabeça do ministro Mercadante aparecesse em seu ombro direito.
Os velhos milagres

Religião é coisa forte. Há muitos anos, um grande jornalista, conhecidíssimo, viajou à França, com passagem por Lourdes. A família inteira, religiosa, lhe pediu que trouxesse água benta do Santuário. Ele, claro, esqueceu. Quando as tias lhe pediram a água benta, comprou diversos frascos, encheu-os com água comum e os entregou como se fossem de Lourdes. A família inteira ficou felicíssima.
E logo no dia seguinte já havia notícias de cura, graças à sua água benta.
O milagre do Homem Novo

O papa é argentino, Deus é brasileiro e o dom da dupla idade é coisa nossa. O ministro Raimundo Carreiro, do Tribunal de Contas da União, foi em outros tempos secretário-geral da Mesa do Senado.
Aposentou-se em março de 2007, obviamente com vencimentos integrais, por ter completado 60 anos.

Em seguida, foi nomeado para o TCU. Deveria aposentar-se por idade aos 70 anos, em 2016 – mas, com isso, perderia a chance de ser presidente do tribunal. Resolveu o problema de maneira simples: entrou na Justiça do Maranhão para corrigir a data de seu nascimento, que passou de 1946 para 1948.

Assim, só precisará aposentar-se em 2018, podendo presidir o TCU. Perfeito? Quase: e a aposentadoria por idade, no Senado? Teria de ser anulada, já que ele era mais jovem do que se imaginava? Ou, pelo menos, teria de devolver dois anos de vencimentos integrais aos quais não fizera jus? Nada disso: fica tudo na mesma.

Para o Senado, ele nasceu em 1946; para o TCU, em 1948. E o cidadão paga o presente pelos dois aniversários.
Agora, vai!

O governador paulista Geraldo Alckmin assinou o decreto 59.374, alterando o nome da Divisão de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente para Divisão de Investigações sobre Infrações de Maus Tratos a Animais e Demais Infrações do Meio Ambiente. Pronto: todos os problemas estão resolvidos.

24 de julho de 2013
Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação.

MERCADANTE, A PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ EM ADOLESCENTE E O BOLA GATO (BALL CAT)

JÔ SOARES: EU SÓ QUERIA ENTENDER...

http://www.youtube.com/watch?v=xcpm52yzrJk&feature=player_embedded

24 de julho de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE





24 de julho de 2013

O SOM AO REDOR



As revoltas de junho e os ventos conservadores no caminho de Dilma
 
A popularidade de Dilma Rousseff está em declínio. Ouvidas em retrospecto, as vaias dirigidas à presidente na tarde de 15 de junho, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, soam quase como um hino de abertura, uma espécie de trilha sonora para as revoltas que já então ganhavam força pelo país.
Àquela altura, ainda não estava clara a conexão entre o protesto ruidoso da elite branca que chegou a pagar 300 reais para ver o Brasil derrotar o Japão e a onda de insatisfação que se espraiava pelas cidades, tendo como epicentro a atuação do Movimento Passe Livre em São Paulo – tudo por causa de 20 centavos.

Quarenta e oito horas depois que Joseph Blatter cobrou, em portunhol canhestro, “respecto e fair play” das arquibancadas na capital, foi como se a vaia ecoasse pelos quatro cantos do país: mais de 250 mil pessoas saíram de casa para protestar. Todos os políticos acordaram menores do que tinham ido dormir na véspera, mas quem entrava no olho do furacão com a nacionalização da revolta era a presidente da República. Não foi bem Dilma, “a presidenta”, quem passou ao centro do tiro ao alvo, mas a chefe do Executivo, a figura que encarna o poder e está à frente do sistema político contra o qual as pessoas decidiram investir.

Surgiram, então, o clamor antipartidário, o fervor nacionalista, o pessoal do “gigante que acordou” e que é “brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, sem ou com violência. Todos durante algum tempo misturados e protegidos sob o guarda-chuva aberto pelo MPL.
 
 vocação ao mesmo tempo pragmática e libertária do Movimento Passe Livre; a recusa em formar lideranças que possam comprometer sua organização horizontal e o espontaneísmo de seus atos; a resistência em canalizar a pressão social que exercem por vias institucionais, transformando-se, eles mesmos, num partido – todas essas características, que definem o MPL e o aproximam de grupos de mobilização anticapitalista em vários pontos do planeta, serviram, paradoxalmente, para dar combustível a aspirações conservadoras, estranhas à agenda da esquerda. Sem o impulso involuntário de um gauchisme pós-moderno, a nova direita não teria chegado às ruas de peito tão aberto.

Na pororoca política que se formou houve de tudo, do espírito francamente carnavalesco de muitos a exibições explícitas de boçalidade fascista de outros tantos. Durante alguns dias, teve-se a sensação de que o país havia entrado num acelerador de partículas – como se o tempo histórico tivesse disparado e houvesse uma concentração inédita de energia no ar. No auge da pororoca, mais de 1 milhão de pessoas em quase 400 cidades se reuniram nas ruas.

Quando o prédio do Itamaraty foi atacado, o destino original dos jovens não era nem o Congresso, por onde também passaram e foram dissuadidos pela polícia, mas o Palácio do Planalto. Não se tramava, é claro, a derrubada da presidente. Mas o que queria aquela gente cheia de som e fúria? Foi naquele momento que a ficha caiu para os manifestantes simpáticos ao governo. Eleitores de Lula e Dilma que acreditavam estar participando da Revolução Francesa passaram a denunciar histericamente a marcha da Restauração.

Pela primeira vez em sua história, o PT se viu do lado de lá do balcão diante de um movimento de massa. O único partido verdadeiramente popular que o Brasil já conheceu virou o representante do establishment, contra o qual as pessoas agora se insurgiam.

A tradução política imediata da atmosfera de Restauração foi captada pelo Datafolha: 30% dos manifestantes da avenida Paulista votariam para presidente em Joaquim Barbosa – o caçador de mensaleiros. Mas o neoudenismo reunido em torno do presidente do STF parece ser apenas a face epidérmica, e por ora folclórica, de algo mais concreto e estrutural.
 
ara além da reação afobadiça e das pantomimas da casta política, subitamente disposta a mostrar serviço e distribuir anéis no curto prazo, o que está em jogo, afinal, são os limites do lulismo, para usar os termos do cientista político André Singer. É menos da capacidade pessoal de Dilma de enfrentar o futuro que se trata, embora, desde que a crise eclodiu, ela tenha dado exemplos constrangedores de amadorismo político e sujeição à bola de cristal do marqueteiro João Santana (isso para não falar nos palpites do cara).

Em termos menos pessoais, como Singer assinalou à revista Época, o governo se vê agora diante do desafio de administrar duas pressões contrárias: a das ruas (por mais transporte, educação, saúde etc.), que joga a favor do aumento do gasto público; e a das circunstâncias econômicas e do capital, que o constrange pela redução do mesmo gasto público.

O lulismo foi, durante anos, um jogo de ganha-ganha: ganharam os mais ricos (“os bancos nunca faturaram tanto na história deste país”) e ganharam os mais pobres, beneficiados pelos programas de transferência, pela expansão do crédito, pelos aumentos reais e sucessivos do salário mínimo, pelo crescimento e suas consequências sobre o emprego.

Sem a bonança do período anterior, não é mais possível contentar a todos. Tudo indica que ingressamos numa fase nova de conflitos distributivos.

Uma parte dos que vão hoje às ruas é formada pela velha classe média, que viu seus sonhos de status e exclusivismo social abalados pela ascensão de uma nova horda de consumidores felizes. Outra parte é formada pelos próprios neoconsumidores, a quem a propaganda oficial chama de nova classe média. São jovens que se beneficiaram da expansão do ensino superior (o número de alunos dobrou nos últimos dez anos), mas não encontram emprego que os remunere à altura do que a posse do canudo prometia. Vivem, na prática, no fio da navalha, em condições de trabalho precárias e ultracompetitivas.

É impossível adivinhar o que acontecerá. Não se sabe também como o povão, responsável pelo grosso dos votos de Lula e Dilma, reagirá daqui em diante. Até agora, sua presença nas ruas foi residual. O mais provável até é que aqueles a quem André Singer chama de “subproletariado” daqui a pouco comecem a reclamar da bagunça nas ruas (eles costumam ter horror a tudo que se assemelhe a desordem e conflito).

Foi também num mês de junho que o escândalo do mensalão lançou o governo Lula em sua maior crise política. Como agora, em 2005 faltavam quinze meses para as eleições presidenciais. Não há nenhuma correspondência factual entre o junho passado e aquele vivido há oito anos, a não ser a coincidência de datas em que os presidentes foram apanhados no contrapé.

Lula perdeu popularidade, viveu seu inferno por mais de seis meses e renasceu das cinzas no início de 2006, quando quase ninguém acreditava que fosse possível. Era Lula. E os ventos da economia jogavam a seu favor. Não está escrito que Dilma seguirá em rota de declínio acentuado. Mas é Dilma. E os ventos da economia não indicam nenhum céu de brigadeiro pela frente.

24 de julho de 2013
FERNANDO DE BARROS E SILVA

GUERRA DOS MEMES

 

Na transmissão dos protestos, surge um novo tipo de jornalismo

 
À uma da manhã de 18 de junho, um painel da Coca-Cola com centenas de latas vazias ardia em chamas na avenida Paulista, em São Paulo. Do lado esquerdo da peça, o fogo avançava sobre a mensagem publicitária: “Vamos juntos colorir o Brasil.” Do outro lado, um catador recolhia as latas arrancadas do painel, ao lado do novo slogan rabiscado sobre o fundo vermelho: “queima copa.” Além do agente da reciclagem e do fogo vândalo, a cena guardava um protagonista oculto: o repórter ninja que documentou tudo.

Mas não se tratava de um guerreiro oriental: a expressão designa o coletivo de mídia Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação, ou simplesmente NINJA. Naquela noite, Filipe Peçanha, integrante do grupo, era o único jornalista a cobrir ao vivo o protesto na esquina da Paulista com a rua da Consolação.

A transmissão via internet alcançou 80 mil acessos, o equivalente a pouco mais de 1 ponto no Ibope. Nenhum canal de tevê mostrava em tempo real o tumulto das manifestações. Os protestos haviam começado pacificamente na Sé, se convulsionaram no ataque ao prédio da prefeitura e terminaram sob bombas da polícia na Paulista.

Peçanha tem 24 anos e nasceu em Machado (MG), mas é conhecido como Carioca – culpa de uma temporada em que viveu entre Petrópolis e Teresópolis. Enquanto cobria outra manifestação na Paulista, alguns dias depois, ele se lembrou de como registrou a imagem do painel queimando, que se alastrou pelas redes sociais. Carioca viu uns quinze manifestantes brigando com seguranças junto ao painel publicitário. “Derrubaram o gradil e veio a polícia, que caiu de cassetete em cima de todo mundo. Eles se dispersaram e, nos vinte minutos que se passaram até uma viatura chegar, alguém meteu fogo”, contou.

Carioca disse que percebeu o gesto como “uma conquista do movimento”. Em vez de vandalismo, ele preferiu enxergar na cena um reflexo do “caos sígnico” que varreu as ruas brasileiras nos idos de junho. “Quando os caras atacam um signo de poder econômico que ocupava o espaço público, fazem um sequestro do simbólico”, avaliou. “Mas o poder segue vivo, como se vê no catador pegando as latinhas.”
 
cobertura engajada e em tempo real de questões sociais é a marca do NINJA. O grupo atua há um ano e meio e funciona como uma espécie de braço audiovisual do Circuito Fora do Eixo – rede de coletivos catalisados pela figura magnética do ativista Pablo Capilé. A iniciativa nasceu de uma série de discussões políticas que levou à criação da Póstv, canal audiovisual de transmissão ao vivo pela internet. O primeiro tema abordado pelo NINJA foi a Cracolândia do Centro paulistano. Depois disso, o coletivo esteve presente nas marchas da maconha, em blocos de rua e eventos como o “Existe Amor em SP”. Sua missão mais ambiciosa foi o envio de dois correspondentes a Mato Grosso do Sul, para conferir se de fato os índios guarani-kaiowá estavam prestes a praticar suicídio coletivo.

O líder natural do NINJA é o carioca Bruno Torturra, de 34 anos, que foi repórter, colunista e diretor da revista Trip por dez anos. Seu texto inventivo, povoado de trocadilhos e imagens bizarras, fornece a alta octanagem política e conceitual que move o coletivo. Enquanto caminhava pela Paulista fechada e vazia, à espera da próxima manifestação, Torturra explicou que o ativismo não funciona se for movido pela raiva, e que por isso defende transmissões bem-humoradas. “A disputa política não pode ser feita com medo ou dedos em riste”, argumentou. “Não é assim que se fecundam mentes. Tem que ser com humor.”
 
O NINJA se vale da facilidade com que as bandeiras sociais circulam na internet para impulsionar sua cobertura. “A rede e a rua se fundiram”, explicou Torturra. “A guerra agora é memética, de imaginários.” O jornalista se referia aos memes, nome dado aos vídeos, fotos, montagens e frases de efeito que se espalham de forma viral pelas redes. Originalmente, o conceito de meme foi proposto pelo biólogo Richard Dawkins como um análogo cultural dos genes. Assim como a seleção natural favorece a transmissão de alguns traços biológicos, a inteligência coletiva da internet define quais memes sobreviverão: “Passe livre”, “Vamos colorir o Brasil”, “Queima Copa”.
 
responsável por criar o “imaginário NINJA” é o fotógrafo e designer Rafael Vilela, que os colegas chamam de Pira (“Por ter morado em Piracicaba e também por ser meio pirado”). É ele quem edita fotos e vídeos e atualiza a página no Facebook com as imagens clicadas numa Canon 6D. Naquela noite, Pira estava publicando fotos do ato contra o deputado Marco Feliciano na praça Roosevelt. Dez minutos depois de postada, uma imagem já tinha sido curtida 400 vezes e compartilhada outras 200.
 
Enquanto postava as fotos, Pira disse que ativismo e comunicação são inseparáveis. “Por isso entramos em lugares que a mídia convencional não vai. Damos voz direta aos personagens, sem intermediários”, explicou. Com os protestos, foram parar inclusive na mídia convencional, entrevistados por revistas e jornais brasileiros, pelo New York Times, peloWashington Post e pela rede árabe de tevê Al Jazeera.
 
Para as situações de rua, um ninja tem dois kits: o individual e o de equipe. No primeiro, um celular com internet, um laptop funcionando e outros que servem como bateria, todos levados numa mochila. O segundo consiste num carrinho rosa-choque carregado com duas câmeras, mesa de corte, microfones, gerador e caixas de som. Tudo da Apple e comprado coletivamente (menos o carrinho, apropriado de um supermercado), com o dinheiro captado pelo Fora do Eixo nos festivais de música que promove pelo Brasil – e nos editais de cultura de que participam.
 
Para praticar jornalismo colaborativo, é preciso compartilhar existências. À exceção de Torturra, o núcleo duro – que incluiainda o cinegrafista cuiabano Thiago Dezan – mora todo ele na Casa Fora do Eixo, no bairro do Cambuci. “A vida coletiva faz com que você nunca fique em zona de conforto”, defendeu Pira. “Como estamos sempre em bandos, criamos canais o tempo todo”, explicou Carioca. “Somos mais porosos ao que acontece. Um ninja nunca está sozinho”, concluiu, pouco antes de se dissolver na multidão.

24 de julho de 2013
Ronaldo Bressane, Piaui

OBAMISMO, FALSIFICAÇÃO DE IDÉIAS E QUESTÕES CATÓLICAS

    
          Artigos - Cultura 
Notas do filósofo Olavo de Carvalho, organizadas por Felipe Moura Brasil.


I. Obamismo

[Caso Zimmerman; documentação de Obama; Arnaldo Jabor; Caio Blinder]

1.

A mensagem do sr. Barack Hussein Obama a respeito do julgamento de George Zimmermann é clara: se o agressor é negro, está revogado o direito à legítima defesa.

Francis Lauer Tal como aqui, o safado se solidarizou com o bandido! "O mundo brasilianiza-se!"

Olavo de Carvalho That's it.

Olavo de Carvalho Ademais, o
discurso é mentiroso. O único lugar do mundo onde Obama, na juventude, sofreu qualquer discriminação racial, foi a Indonésia. Nos EUA foi paparicado e protegido por todos os meios possíveis e imagináveis. A única semelhança entre ele e Trayvon Martin é a mentalidade.

2.

Tanta gritaria, tantas ameaças de morte, tanta histeria contra George Zimmerman, e nem um gemido de protesto se ouve na Casa Branca ou na mídia contra
estes monstros.

[Nota do Org.: A respeito desses dois monstros negros que mataram um bebê branco, Olavo recomendou também o artigo de Ben Kinchlow, "
Outraged! Murdered Baby Snubbed By Media".]

Gabriel Papi Sou contra a propagação de qualquer notícia que traga raça, orientação sexual, classe social e afins na manchete seguido de uma notícia sensacionalista em um caso de crime qualquer. Isso só faz aumentar a tensão entre esses grupos, o que gera exatamente o mesmo efeito que a propaganda esquerdista, que o senhor denuncia, faz.

Olavo de Carvalho E como se implantaria tão gentil medida? Censurando a mídia inteira?

Olavo de Carvalho O problema nos EUA não são notícias de crimes com menções à raça das pessoas envolvidas. É a quase total supressão dessas menções quando os criminosos são negros.

Olavo de Carvalho Leiam as reportagens de
Colin Flaherty no WND e entenderão o que está verdadeiramente acontecendo nessa área.

3.

O racismo branco nunca foi apoiado pela grande mídia e pela Casa Branca. O racismo negro é mais que apoiado: é incentivado e subsidiado.

4.

O Gustavo Pugliese, com toda a razão, chama a atenção para este fato. Roderick Scott é de fato o
George Zimmerman negro, com a diferença de que o jovem de 17 anos, desarmado, que ele matou não havia chegado sequer a tocar nele, apenas avançou na direção dele com cara de mau. Scott foi absolvido e ninguém na mídia, muito menos na Casa Branca, deu um pio.

5.
Piers Morgan x Larry Elder: mil a zero para Elder



6.

[Sobre a
notícia de que George Zimmerman, tão demonizado pela mídia como racista, salvou quatro pessoas em um acidente de trânsito:]

Olavo de Carvalho Ele também denunciou um policial que havia agredido um adolescente negro. Em suma, é um "racista quatro cruzes".

7.

[Olavo indicou
este post com vídeos sobre a documentação falsa de Barack Obama, da página "Obama Release Your Records".]

8.

Lendo o artigo do Arnaldo Jabor no Globo da terça feira, 16 de julho, pergunto:

Se esse sujeito enxerga tão claramente a podridão da esquerda nacional, que é que o impede de enxergar também a da esquerda americana, que é muito maior? Afinal de contas a Dilma tem pelo menos uma certidão de nascimento confiável, e nenhum político brasileiro subiu tanto na escala do gangsterismo quanto Eric Holder.

Nenhum governo brasileiro, por mais esquerdista que fosse, jamais grampeou a população inteira, nem deu bilhões de dólares a empresas falidas de amigos do presidente, nem instalou ditaduras sangrentas em países do Oriente Médio.

Como é possível odiar o petismo e amar o obamismo? Sei que livrar-se de um último ranço de esquerdismo sentimental é difícil, mas o Jabor já passou do prazo.

9.

Sobre Caio Blinder, que
disse no Manhattan Connection em 2007: “Eu aposto todos os meus bolívares que não vai ter recessão em seis meses".
Olavo de Carvalho "Blinder", em inglês, quer dizer "viseiras"; em alemão, é o plural de "cego". Nomen est omen: o nome é profecia.


II. Falsificação de ideias

[A "polêmica" entre Olavo de Carvalho e Hélio Beltrão; a mentalidade nacioanl; Constantinos e Pondés] 

1.

[Sobre o
texto de Hélio Beltrão a respeito da análise da atual situação política do Brasil, feita por Olavo:]

As objeções que o sr. Hélio Beltrão, presidente do Instituto Mises Brasil, apresentou à minha análise da situação brasileira são mentirosas, estúpidas e porcas. Desafio em público esse amador palpiteiro sem cultura política, sem retaguarda filosófica nem a mais mínima capacidade de análise, a provar que minhas teses são as que ele me imputa. NÃO ESTOU INTERESSADO EM MANTER BOAS RELAÇÕES com ninguém e não consentirei nunca em responder educadamente a insinuações maliciosas, a deformações perversas do meu pensamento, construídas para obter vitórias fáceis sobre um adversário inexistente. O sr. Beltrão, aliás, é o típico liberal pó-de-arroz que se esforça para manter a luta contra o socialismo na esfera das polidíssimas "discussões de idéias", das puras divergências entre estatismo e livre mercado, enquanto o movimento comunista, saltando habilmente sobre essa dificuldade e comprando as consciências de empresários, vai dominando tudo à nossa volta. É um colaboracionista inconsciente. Espero que seja inconsciente.

LEITOR: tu atira para todos os lados tambem ein olavo, comprar briga abertamente dessa forma, no lugar de debater sociavelmente os pontos de divergencia, acredito ser perda de tempo

OLAVO: Atiro em mentirosos e trapaceiros de todas as cores ideológicas. Não sou político, não faço alianças de conveniência e só discuto polidamente com quem prove, primeiro, ter alguma dignidade intelectual. Discuti polidamente com Jacob Gorender, comunista, e com o meu falecido amigo Donald Stewart Junior, liberal. Afagar cabeça de malandro não é comigo.

LEITOR: senhor Olavo de Carvalho , senhor não está exagerando em sua arrogância? o Helio Beltrão não agiu de forma ''maliciosa''. apenas discordou do senhor.

OLAVO: Ele não discordou. Ele FALSIFICOU GROSSEIRAMENTE as minhas idéias para poder ostentar vitória fácil sobre argumentos inexistentes. E arrogante é a puta que o pariu.

LEITOR: Deste jeito o Professor Olavo não vai conseguir nunca alguém com coragem de debater com ele... rsrsrsrs Depois desta esculachada...

OLAVO: É verdade. Parece que todos os homens de coragem já morreram.

LEITORA: Quantos egos!!!

OLAVO: O único ego aqui é o seu, dona. Estou falando de coisas de importância vital, em comparação com as quais a minha pessoa é partícula subatômica de titica de galinha.

LEITOR: Reação desproporcionada, professor.

OLAVO: Desproporcionada? À luz de qual senso das proporções? Do seu?

LEITOR: seu Olavo de Carvalho, vejo que a cordialidade passou longe do senhor. o que eu quis dizer é que nã ovi nenhum tom de agressão ne crítica do helio. o senhor é o único conservador o qual tenho defendido com unhas e dentes. porém, se o senhor ,Olavo, está acima do bem e do al e detém o monopólio da verdade. não está mais aqui quem participou desta análise.

OLAVO: A insinuação polida é muito pior do que a ofensa aberta. E a cordialidade é um valor positivo só quando não se sobrepõe a valores mais altos, como a honestidade e o amor à verdade. Quando se sobrepõe, torna-se aquilo que a Igreja chamou "respeito humano", o pecado de colocar um ser humano acima de Deus e da verdade. Se você é católico, estude o catecismo. Se não é, estude a filosofia dos valores de Scheler.

LEITOR: O Olavo reagiu mal à crítica. Em nenhum momento Beltrão faltou com respeito a ele. Já em sua resposta vemos...

OLAVO: Você só enxerga aparências superficiais. Mentir contra um autor, atribuindo-lhe opiniões que ele nunca teve, para em seguida parecer desmoralizá-lo mediante refutações fáceis, é a pior das ofensas no mundo dos debates intelectuais. Mundo que obviamente você desconhece.

LEITOR: Se o que o Hélio disse é uma falsificação, bastava o prof. Olavo corrigí-lo, assim todos aqui presentes poderiam ler o texto, assistir o vídeo e tirar as próprias conclusões. Não foi o que o prof. fez. Ele disse que além de mentirosas, as objeções são 'estúpidas e porcas'. O chamou de amador palpiteiro, de liberal pó-de-arroz. Fico na dúvida do porquê.

OLAVO: Corrigi-lo requer explicações longas e demoradas, que não posso dar no Facebook. Foi por isso que desafiei o cidadão para um debate, no qual darei todas as explicações. Você está confundindo o desafio com o duelo.

OLAVO: CARALHO!!!!!!! Quantos vão entrar aqui dizendo que eu deveria discutir polidamente as "divergências" do sr. Beltrão, quando nunca reclamei de divergências e sim da FALSIFICAÇÃO COMPLETA das minhas opiniões?

OLAVO: FALSIFICAR as opiniões de uma pessoa para constrangê-la em público não é "divergir de suas idéias". É DIFAMAÇÃO. Será tão difícil entender isso?

OLAVO: O que esse merda desse Beltrão fez foi criar idéias simplórias e idiotas, atribuí-las a mim e depois sair se gabando de que me refutou. Não respeito e não tolero esse tipo de ardil.

LEITOR: Discordo de boa parte da crítica do Hélio Beltrão. Mas como diria o Conde de Buffon: "O estilo é o homem", e o sr. Olavo se mostra deselegante, e escolhe agir de forma intempestiva e histérica, tal ato deve ser atenuado pela senilidade.

OLAVO: O estilo é o homem, mas ninguém é homem se gosta de afagar cabeça de vigarista.

LEITOR: Fernandinho Costa, o final é o seguinte, todos os babadores de ovo do Dr. Olavo darão a ele a vitória gloriosa e suprema, inquestionável em cada argumento, provavelmente o farão de quatro e com vaselina, tal como no debate Dr. Olavo x Professor Alaor Caffé Alves. Aos que não são fãs do Dr. Olavo... bem, ninguém mais vai assistir esse debate, então, vitória do Dr. Olavo! Votação unânime. Gil Rocha, não dar a mínima para o que vcs falam não implica dizer que não queira ser um pé no saco! Antes um pé no saco que um baba ovo!

OLAVO: Você talvez seja um pé no saco quando crescer. Por enquanto é somente um peidinho em busca de atenção.

2.

Eis aqui um exemplo entre outros mil, extraído das minhas apostilas de aulas, de como se analisam as relações entre fatores deliberados e casuais na ação histórica. O sr. Beltrão está INFINITAMENTE ABAIXO da possibilidade de discutir essas coisas, e por isso mesmo me atribui uma simploriedade que é dele próprio e não minha:

Já citei mil vezes este parágrafo de Georg Jellinek e vou citá-lo de novo: “Os fenômenos da vida social dividem-se em duas classes: aqueles que são determinados essencialmente por uma vontade diretriz e aqueles que existem ou podem existir sem uma organização devida a atos de vontade. Os primeiros estão submetidos necessariamente a um plano, a uma ordem emanada de uma vontade consciente, em oposição aos segundos, cuja ordenação repousa em forças bem diferentes.”

Essa distinção é crucial para os historiadores e os analistas estratégicos não porque ela é clara em todos os casos, mas precisamente porque não o é. O erro mais comum nessa ordem de estudos reside em atribuir a uma intenção consciente aquilo que resulta de uma descontrolada e às vezes incontrolável combinação de forças, ou, inversamente, em não conseguir enxergar, por trás de uma constelação aparentemente fortuita de circunstâncias, a inteligência que planejou e dirigiu sutilmente o curso dos acontecimentos.

Exemplo do primeiro erro são os Protocolos dos Sábios de Sião, que enxergam por trás de praticamente tudo o que acontece de mau no mundo a premeditação maligna de um número reduzidos de pessoas, uma elite judaica reunida secretamente em algum lugar incerto e não sabido.

O que torna essa fantasia especialmente convincente, decorrido algum tempo da sua publicação, é que alguns dos acontecimentos ali previstos se realizam bem diante dos nossos olhos. O leitor apressado vê nisso uma confirmação, saltando imprudentemente da observação do fato à imputação da autoria. Sim, algumas das idéias anunciadas nos Protocolos foram realizadas, mas não por uma elite distintamente judaica nem muito menos em proveito dos judeus, cuja papel na maioria dos casos consistiu eminentemente em pagar o pato. Muitos grupos ricos e poderosos têm ambições de dominação global e, uma vez publicado o livro, que em certos trechos tem lances de autêntica genialidade estratégica de tipo maquiavélico, era praticamente impossível que nada aprendessem com ele e não tentassem por em prática alguns dos seus esquemas, com a vantagem adicional de que estes já vinham com um bode expiatório pré-fabricado. Também é impossível que no meio ou no topo desses grupos não exista nenhum judeu de origem. Basta portanto um pouquinho de seletividade deformante para trocar a causa pelo efeito e o inocente pelo culpado.

Mas o erro mais comum hoje em dia não é esse. É o contrário: é a recusa obstinada de enxergar alguma premeditação, alguma autoria, mesmo por trás de acontecimentos notavelmente convergentes que, sem isso, teriam de ser explicados pela forca mágica das coincidências, pela ação de anjos e demônios, pela "mão invisível" das forças de mercado ou por hipotéticas “leis da História” ou “constantes sociológicas” jamais provadas, que na imaginação do observador dirigem tudo anonimamente e sem intervenção humana.

As causas geradoras desse erro são, grosso modo:

Primeira: Reduzir as ações humanas a efeitos de forças impessoais e anônimas requer o uso de conceitos genéricos abstratos que dão automaticamente a esse tipo de abordagem a aparência de coisa muito científica. Muito mais científica, para o observador leigo, do que a paciente e meticulosa reconstituição histórica das cadeias de fatos que, sob um véu de confusão, remontam às vezes a uma autoria inicial discreta e quase imperceptível. Como o estudo dos fenômenos histórico-políticos é cada vez mais uma ocupação acadêmica cujo sucesso depende de verbas, patrocínios, respaldo na mídia popular e boas relações com o establishment, é quase inevitável que, diante de uma questão dessa ordem, poucos resistam à tentação de matar logo o problema com duas ou três generalizações elegantes e brilhar como sábios de ocasião em vez de dar-se o trabalho de rastreamentos históricos que podem exigir décadas de pesquisa.

Segunda: Qualquer grupo ou entidade que se aventure a ações histórico-políticas de longo prazo tem de possuir não só os meios de empreendê-las, mas também, necessariamente, os meios de controlar a sua repercussão pública, acentuando o que lhe convém e encobrindo o que possa abortar os resultados pretendidos. Isso implica intervenções vastas, profundas e duradouras no ambiente mental.

[Etc. etc. etc.]

3.

Por hoje não precisa mais ninguém ir tomar no cu. Volto amanhã.

4.

[Sobre o
post de Bruna Luiza, que defende Olavo na “polêmica” com Beltrão e critica o "mimimi" geral:]

Até hoje não vi uma só discussão séria de qualquer afirmativa minha, seja por parte de esquerdistas, seja de liberais, conservadores, etc. Esse pessoal só joga adjetivos no ar e sai de fininho. Outros vêm, empinam o narizinho com ares de superioridade, às vezes até de condescendência paternal, e acham que fizeram alguma coisa. Não têm idéia de quanto são ridículos. É um show de despeito, de invejinha pueril. Por que perdem tanto tempo falando mal de mim, se nada os impede de escrever livros melhores que os meus, dar cursos melhores que os meus, fazer mais do que eu pela cultura nacional? Por que não tratam de competir comigo no campo das obras e realizações? É simples: porque não têm capacidade para isso.

Paulo Eduardo Martins É bem mais simples destruir o belo jardim do vizinho do que cultivar um belo jardim próprio, Olavo. Pode brotar um Jardim das Aflições.

Rafaell Serra Foda-se se ele [Olavo] aguenta calado [a infinidade de ataques que sofre]. Se resolveu explodir com o Hélio Beltrão problema dele. Perdeu um amigo, perdeu um colaborador, perdeu fãs, perdeu propaganda, perdeu muita coisa por um descontrole emocional besta.

Olavo de Carvalho Tudo o que você diz que perdi, somado, não vale nada.

[Nota do Org.: Sobre o comentário acima, ver também itens 6 e 7]

Marco Aurélio Não podemos esquecer de Pondé, Rachel Sheherazade e etc gente que põe a cara na midia todo dia contra o marxismo cultural e não tem o devido reconhecimento.

Olavo de Carvalho Você compara umas opiniõezinhas soltas com três décadas de análises e diagnósticos?

Marco Aurélio (...) O Senhor é a voz que inspira milhares, mas jamais esquecerei daqueles que também são soldados e aprenderam com o rei.

Olavo de Carvalho Não me sinto ofendido quando sou nivelado a meus copiadores, repetidores e diluidores. Mas essa confusão deforma a história cultural do presente, fomentando assim a ignorância ainda mais, e não gosto de ser usado para esse fim.

Olavo de Carvalho Sei que há pessoas bem intencionadas por toda parte, e não é delas que estou falando.

5.

Para mim, é apenas uma questão de não permitir, por timidez e modéstia doentia (o "respeito humano" que a Igreja tanto condena) que o meu trabalho seja usado para fins exatamente inversos àqueles que o inspiraram. Só isso. Para fins de oportunismo político, pode ser até útil deixar que o meu nome apareça junto com o de Constantinos e Pondés para dar a impressão de que o Brasil está repleto de "intelectuais conservadores", mas permitir que considerações de oportunismo político falsifiquem a realidade da história cultural do presente é contribuir para o mesmo emburrecimento geral que luto para eliminar ou atenuar. Não tenho pares nem interlocutores no meio liberal-conservador brasileiro. O último que tive foi Paulo Mercadante. Tenho apenas leitores e ouvintes maus e bons.

Anderson Fortaleza Professor, o senhor encontra bons pares conservadores no meio intelectual aí nos EUA? Eu me pergunto porque a política americana anda tão maluca, se o movimento conservador aí é tão forte? Abraços professor!

Olavo de Carvalho Na lista de fellows do Interamerican você verá alguns de meus interlocutores.

6.

Documento significativo da mentalidade nacional: Um sujeito me escreve que eu não deveria ter dado uma escovada no Hélio Beltrão, porque este sempre havia falado bem de mim. Não aceito que um fulano se permita deformar e caricaturar o meu pensamento só porque um dia falou bem de mim. Judas falou bem de Jesus Cristo até o dia em que O vendeu. No Brasil, o pessoal vende muito caro elogios baratos.

7.

Escrevendo nos "Libertários Conservadores", um idiota diz que, dando uma chacoalhada no Beltrão, perdi amigos e admiradores. Chantagem emocional pura, baixa, porca. Não quero esse tipo de amigos e admiradores nem pintados de ouro. VTNC. É o tipo do amigo que, em nome da amizade, acha que tem o direito de comer a mulher do próximo e, quando este reclama, sai todo magoadinho.

Gabriel Ferreira E agora? concordo com o Sr. Olavo, mas apoio a liberdade econômica.

Olavo de Carvalho Uai, e eu não apóio?

8.

Sobre a
foto com o provérbio judaico "Corrija um sábio e o fará mais sábio; corrija um ignorante, e o fará teu inimigo":

Olavo de Carvalho Verdade pura. Quantos bons alunos não tenho hoje, que tempos atrás levaram uma escovada minha e, em vez de ofender-se, acordaram para a necessidade do esforço sério. Os ofendidinhos ainda estão por aí resmungando e ficando cada vez mais burros.


III. Questões católicas

1.

Todo católico tem o direito e até o dever de corrigir o papa, mesmo com severidade, quando este diz alguma asneira. É prática comum e corrente na Igreja há dois milênios e picos, embora o Daniel Fraga não o saiba e nem o imagine. Veja, por exemplo,
http://www.olavodecarvalho.org/semana/090710dc.html, e também http://www.olavodecarvalho.org/textos/capitalismoecristianismo.htm

Rowan Atkinson Abdul E como fica a infalibilidade papal? ele é o representante de Cristo na terra? Cristo erra?

Olavo de Carvalho O papa é considerado infalível em matéria de doutrina católica apenas. Em tudo o mais pode errar como qualquer um. E a infalibilidade doutrinal não quer dizer que tal ou qual papa em particular não errará jamais nesse ponto, mas que, se errar, não será um verdadeiro papa e sim um impostor.

Olavo de Carvalho Notem, por exemplo, que o Concílio Vaticano II errou muito, e o fez com a anuência dos Papas João XXIII e Paulo VI. Mas, como o Concílio não promulgou nenhum novo dogma de fé, não houve delito de heresia e portanto a legitimidade desses papas não foi afetada.

Olavo de Carvalho Quanto à questão dos pobres, foi a Igreja Católica que criou os orfanatos, as maternidades para mulheres pobres, as escolas gratuitas e TUDO o mais que, ao longo de dois milênios, beneficiou de algum modo a população carente. Foi SÓ a Igreja que fez isso durante dezenove séculos pelo menos. Pergunto agora o que fez pelos pobres a Teologia da Libertação, além de usá-los como buchas de canhão na Colômbia e reduzi-los à escravidão em Cuba.

Vladimir Sesar Joao Paulo II beijou o AlCorão. Nunca vi muçulmano beijando o catecismo da Igreja Catolica.

Olavo de Carvalho É uma indecência, mas não uma heresia. Heresia é um óbvio erro doutrinal proclamado como se fosse doutrina legítima da Igreja.

Pedro Luiz Casprov Filho Olavo, não que esteja duvidando de você, mas, poderia nos dizer em que o Concílio errou? Se nos documentos ou no que se refere à omissão aos comunistas... Eu sou assinante dos cursos do pe. Paulo, e sempre o vejo bem falando sobre o Concílio Vaticano II...

Olavo de Carvalho O Concílio já começou errado, fazendo um acordo secreto com Moscou, pelo qual se comprometia a nada falar contra o comunismo nas suas assembléias e decretos oficiais. Nesses documentos analisam-se todos os males do mundo, exceto aquele que Pio XII havia considerado o maior dos males. Pior: o Vaticano negou que o acordo existisse e depois foi desmascarado quando o próprio Kremlin divulgou o texto do documento. Isso foi uma das maiores obscenidades em dois milênios de história da Igreja. Em seguida, nas sessões, os bispos conservadores foram boicotados e ludibriados para forçar a emissão de documentos sem que eles nem soubessem. Foi tudo um vexame colossal. O Pe. Paulo segue a estratégia do Papa Bento XVI, que achava possível salvar o Concílio dando a seus documentos interpretações coerentes com a tradição, mas eu acho que isso são penas de amor perdidas.

Flavio Souza Mestre Olavo, e este pessoal que diz que o nome de Jesus está errado, que é Yeshua e que a igreja católica mudou o nome do nosso Senhor? Tem alguns me incomodando com isso e perturbando com essa crença, o que o mestre sabe a respeito?

Olavo de Carvalho É o mesmo que dizer que o seu nome é falsificado, que na verdade é Flavius, ou que o meu é Olaf. É uma veadagem filológica.

Márcio Simões Professor, o senhor concorda que a Igreja Católica deve censurar o capitalismo da mesma forma que condena o comunismo? Afinal, o capitalismo já matou muito mais que o comunismo - e ainda matará.

Olavo de Carvalho "O capitalismo já matou mais que o comunismo?" De onde você tirou essa ESTUPIDEZ SEM MAIS TAMANHO? Veja um exemplo de como essa cretinice entrou em circulação e ludibriou milhões de TROUXAS como você:
http://www.olavodecarvalho.org/semana/05272002globo.htm

Olavo de Carvalho [recomenda todos os livros de Ricardo de la Cierva, a história do Concílio por Roberto de Mattei, e também Michael Davies.]

César Hernandes Se o Papa tiver uma formação de má qualidade, pode bem errar em matéria de fé e moral. A infalibilidade pontifícia é um carisma misterioso que, todavia, não envolve a descida de uma "luz celestial" que ilumina o pontífice com toda a verdade. Muitas vezes, antes de proclamar uma definição infalível, deve o pontífice lançar mão de pesquisas teológicas (e é para isso que ele dispõe de teólogos; pois o ofício do papa é governar propriamente), pois assim Deus determinou.

Olavo de Carvalho Perfeito.

Celita Louback Welsch Dou graças a Deus por não viver uma religião herética e cheia de sangue e mentiras.

Olavo de Carvalho Desculpe, mas a Reforma Protestante, na Inglaterra, matou em poucos anos mais gente do que a Inquisição havia matado em quatro séculos. Quanto a mentiras, você deveria estudar a biografia de Lutero por Heinrich Denifle, um clássico.

Olavo de Carvalho Não se trata de obra apologética, mas de história científica no mais alto grau. Eric Voegelin, que aliás era protestante, recomendava-a enfaticamente.

Pedro Luiz Casprov Filho Olavo mitou! HEHEHE. Eu tenho um amigo judaizante que já dizia: "Olavo é o maior dos católicos! Se ele fosse papa eu me convertia na mesma hora!" Olavo de Carvalho Por enquanto estou disputando o título de Pior dos Fiéis Católicos. Espero entrar no céu quando ninguém, exceto a Santíssima Trindade e Nossa Senhora, estiver olhando.

Gabriel Garcia Moreno César, parece-me que você está equivocado. Um papa com formação deficiente pode errar em assuntos não essenciais, o que não é o caso de fé e moral. Nenhum papa jamais poderá ensinar algo errado nesses dois campos, para a Igreja universal, ainda que tenha uma formação "de má qualidade".

Olavo de Carvalho Pode sim. Então é destronado e, retroativamente, declarado um impostor ou antipapa. Desafio os santarrões a provar que isso nunca acontece. Parece que vocês não sabem ler. A palavra "papa" pode tanto designar o ocupante ilegítimo do trono papal, enquanto é aceito como papa, como pode significar apenas os papas legítimos que a Igreja reconhece ex post facto.

Paul Krause O Gabriel Garcia Moreno está certo! Quem diz o contrário é herege, pois está indo contra o magistério da Igreja. O que o César Hernandes disse e com que o Olavo de Carvalho concordou é idiotice. Não é catolicismo. Pode ser qualquer outra coisa. Aliás, olho com muita desconfiança a quem se arroga o direito de corrigir o Papa. Em regra, trata-se de presunção e equívoco grotesco.

Paul Krause Caro Olavo, de onde você tirou isso? Isso é coisa da sua cabeça. A doutrina católica não diz isso.

Olavo de Carvalho Tirei isso da história da Igreja, a qual história, decerto, não pode ser deduzida da doutrina.

Olavo de Carvalho Paul Krause, você deduz, da doutrina, os fatos, em vez de entender que existe sempre e necessariamente uma tensão entre as duas coisas.

Paul Krause Qual Papa errou em matéria de fé e de moral?

Olavo de Carvalho Você nunca ouviu falar de antipapas?

Olavo de Carvalho O antipapa é papa para aqueles que o seguem, e com freqüência só uma luta longa, árdua e sangrenta confirma quem era o verdadeiro papa. A doutrina é clara, mas os fatos nem sempre. como é alguém que não entende nem uma coisa tão elementar vem aqui de dedinho em riste me dar lições?

Paul Krause Não sei se o meu comentário sumiu: disse que sei da existência de antipapas, mas nunca um Papa legítimo errou em matéria de fé e de moral. Dizer o contrário é heresia.

Olavo de Carvalho Comece por ler o livro de Malachi Martin, "The Decline and Fall of the Roman Church"

Paul Krause Se você fosse filósofo, seria humilde. Você é apenas um cara culto que fala um monte de asneiras e tem um monte de imbecis que te seguem.

Olavo de Carvalho É ÓBVIO que não, mas nenhum antipapa é conhecido como tal antecipadamente. É só depois de cair em heresia que é declarado antipapa. Até lá, induz muita gente em erro, Você confunde a definição doutrinal com a ordem dos fatos históricos, um erro tão bobo que não merece nem resposta.

Paul Krause Não vou ler nada. Em matéria de fé, eu sigo a Igreja.

Paul Krause Você se engana, o antipapa é o que é eleito de forma ilegítima. Pode muito bem ser conhecido de antemão.

Paul Krause A questão é procedimental; vício na eleição. Não tem nada a ver com o que o Papa diz depois. Isso é asneira.

Olavo de Carvalho Ah, é? E a ilegitimidade da eleição é conhecida de antemão? Se fosse assim, ela não aconteceria. Você segue os seus maus instintos de santarrão intrigante, isto sim. Você é um sepulcro caiado dos mais típicos que já vi.

2.

Para aqueles em cuja alma possa ter restado um fundo de dúvida após os esperneios histéricos do sr. Krause, recomendo a leitura deste
trecho de Michael Davies, reconhecida autoridade na matéria, que confirma no todo a minha tese: na hipótese remotíssima de um papa cair em heresia, cessará automaticamente de ser reconhecido como Papa.

The problem which would face the Church if a legitimately reigning pope became an heretic has been discussed in numerous standard works of reference. The solution is provided in the 1913 edition of The Catholic Encyclopedia: "The Pope himself, if notoriously guilty of heresy, would cease to be pope because he would cease to be a member of the Church."(2) Many theologians have discussed the possibility of a pope falling into heresy, and the consensus of their opinion concurs with that of The Catholic Encyclopedia. The Pope must evidently be a Catholic, and if he ceased to be a Catholic he could hardly remain the Vicar of Christ, the head of the Mystical Body. St. Robert Bellarmine taught: "The manifestly heretical pope ceases per se to be pope and head as he ceases per se to be a Christian and member of the Church, and therefore he can be judged and punished by the Church. This is the teaching of all the early Fathers."(3) Saint Robert was, of course, discussing a theoretical possibility, and believed that a pope could not become an heretic and thus could not be deposed, but he also acknowledged that the more common opinion was that the pope could become an heretic, and he was thus willing to discuss what would need to be done if, per impossible, this should happen: "This opinion (that the Pope could not become an heretic) is probable and easily defended . . . Nonetheless, in view of the fact that this is not certain, and that the common opinion is the opposite one, it is useful to examine the solution to this question, within the hypothesis that the Pope can be an heretic."(4)

3.

Resposta a Douglas Gonçalves, que colocava em dúvida minhas afirmações sobre o Pacto de Metz e pedia fontes:

Ricardo de la Cierva, "Las Puertas del Infierno", Toledo, Fénix, 1995, pp. 599 ss.; Romano Amerio, "Iota Unum", Milano, Ricciardi, 1986, pp. 66 ss.

O pacto foi assinado em agosto de 1962 e publicado pela primeira vez num jornal católico fevereiro de 1963, e não por iniciativa do Vaticano e sim do bispo de Metz, que presenciara o encontro. A notícia vinha em termos muito vagos e falava somente do "caráter apolítico" do Concílio. A promessa de abstinência de críticas ao comunismo só foi noticiada com todas as letras no jornal comunista "France Nouvelle" em 22 de janeiro de 1964.

Em princípio, sendo você quem coloca em dúvida as minhas palavras, a obrigação primeira de citar fontes seria sua e não minha. Você escreve em tom respeitoso, mas chega a ser cruel a inconsciência com que dezenas de visitantes entram aqui cobrando fontes em vez de pesquisar por si próprios. Não têm sequer a maturidade para notar o número dos demais que fazem pedidos semelhantes - cada um fingindo acreditar que é o único, ou agindo como se o seu pedido tivesse um valor diferenciado -, sem fazer as contas de quantas horas diárias eu precisaria gastar só em consultas bibliográficas para responder a perguntas do Facebook. Já me correspondi com muitos autores, mas nunca me lembro de haver lhes pedido um só título de livro, uma só fonte que fosse.

4.

[Um leitor traz a citação abaixo. Olavo comenta em seguida:]

Papa João Paulo II, na encíclica CENTESIMUS ANNUM, sobre o socialismo: "Individuando a natureza do socialismo de então, como sendo a supressão da propriedade privada, Leão XIII atingia o fundo da questão.

As suas palavras merecem ser relidas com atenção: «Para remediar este mal (a injusta distribuição das riquezas e a miséria dos proletários), os socialistas excitam, nos pobres, o ódio contra os ricos, e defendem que a propriedade privada deve ser abolida, e os bens de cada um tornarem-se comuns a todos (...), mas esta teoria, além de não resolver a questão, acaba por prejudicar os próprios operários, e é até injusta por muitos motivos, já que vai contra os direitos dos legítimos proprietários, falseia as funções do Estado, e subverte toda a ordem social» 39. Não se poderia indicar melhor os males derivados da instauração deste tipo de socialismo como sistema de Estado: aquele tomaria o nome de «socialismo real»."

Olavo de Carvalho Escrever essas palavras foi O MÍNIMO DO MÍNIMO que João Paulo II fez contra o comunismo. Ele fez MUITO MAIS.

5.

[Sobre tradução do Novo Testamento:]

Renan Lopes: Professor, o rapaz do
vídeo, Haroldo D. Dias, é um seguidor da doutrina espírita e publicou há pouco uma tradução literária do Novo Testamento, sobre a qual fala nesta palestra. Diz ele que é a primeira em Língua Portuguesa a preencher os quesitos de ser traduzida diretamente do grego e isenta de qualquer interpretação teológica em suas notas de rodapé, que trazem opções de tradução do texto original e algo de contexto histórico. Ele faz uma crítica justamente às traduções que utilizou como material de apoio (108, salvo engano), que sempre "puxam a brasa para seu lado" (sic), ou seja, interpretam o texto à luz da sua doutrina ou, ainda, adaptam o vocabulário ao público a que se direcionam. Cita, por exemplo, a Bíblia de Jerusalém, que "fala em linguagem muito bonita, mas por vezes errada." (sic)

Não sou estudioso do assunto, mas me pareceu um trabalho de erudição louvável. Encaminho o link para que o senhor possa dar uma olhada se quiser. Um abraço.

Olavo de Carvalho Mesmo que eu fosse o sujeito mais competente do mundo em filologia grega e hebraica, eu não me aventuraria a traduzir o Novo Testamento antes de haver lido de cabo a rabo a Patrística Grega e a Latina e a obra inteira de Sto. Tomás, além de ter feito um estudo meticuloso dos principais milagres registrados ao longo da história e de me certificar que a vida íntima da minha alma traduz na realidade de todos os dias os ensinamentos de Jesus. Fora disso, o texto da Bíblia está à disposição de qualquer um que deseje ser o Dan Brown quando crescer.

6.

Palestra "Opúsculo sobre o Livre-Arbítrio" - São Bernardo de Claraval

Já está no youtube a
palestra do meu aluno Tiago Tondinelli.

Bravíssimo, Tiago Tondinelli! Aplaudo de pé!

Jose B. Bello Professor, o desapego material é um preceito para se alcançar o "conceito do Livre"?

Olavo de Carvalho Toda virtude cristá é um pré-requisito para o conhecimento da verdade, mesmo na vida de todos os dias e longe de toda alta especulação filosófica. Como não podemos praticar todas de uma vez desde o primeiro dia, é preciso ir desenvolvendo uma por uma, com modéstia, paciência e senso das proporções.

7.

Sobre o vídeo de Jean Wyllys e companhia "
LIDERANÇA GAY SE DISPÕE A PEGAR EM ARMAS CONTRA A IGREJA":

No meu tempo as coisas em que eles pegavam não se chamavam "armas".

8.

Sobre o
perfil de um membro comunista da Igreja:

Olavo de Carvalho PQP.


24 de julho de 2013
Olavo de Carvalho