"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O DESASTRE DAS CONTAS PÚBLICAS

 

A reclamação generalizada dos novos prefeitos que assumiram no dia 1º sobre a situação financeira de seus municípios tem tudo a ver com as mudanças que o governo quer fazer na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o que sinaliza que o cenário futuro pode até mesmo piorar.
 
Além da razão básica de que a arrecadação de tributos está caindo devido ao fraco desempenho da economia, há uma razão específica para a situação dos estados e municípios estar pior: os benefícios tributários que o Planalto está oferecendo para setores econômicos atingem principalmente tributos que têm forte influência nas economias regionais, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
 
A cada isenção oferecida pelo governo, os fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM) perdem, pois eles são formados basicamente pelo IPI e pelo Imposto de Renda.
 
Com o fraco desempenho da economia, agora mesmo está caindo a arrecadação do IR de grandes empresas, como a Petrobras e a Vale, o que já afeta os fundos regionais. Por isso os governadores estão reclamando, os prefeitos também, mas o governo federal, não, porque a maior parte dos tributos não é dividida com os estados e municípios, principalmente as “contribuições”, e a desoneração é basicamente sobre o IPI.
 
A maior parte da conta está, portanto, sendo espetada nos estados e nos municípios, que não têm a capacidade de decisão.
 
Essa situação, aliás, tem a ver com a discussão da distribuição dos royalties do petróleo. Sem condições políticas para disputar com o Planalto a melhor distribuição dos tributos nacionais, governadores e prefeitos tentam tirar a arrecadação dos estados produtores de petróleo, que são minoria e presas aparentemente fáceis.
 
A melhor solução seria fazer a distribuição geral dos tributos, mas com alíquota menor. As contas indicam que, se houvesse distribuição de 20% da tributação geral, incluindo as “contribuições”, o resultado seria melhor para estados e municípios, e a União não ficaria tão prejudicada.
 
Mas, voltando à questão da Lei de Responsabilidade Fiscal e à mudança que o governo federal quer realizar, está disposto na lei original, de 2000, que não é possível fazer subsídios com caráter permanente, o prazo máximo é de até três anos. Se o governo quiser ir além desse limite, tem que fazer corte de gasto ou promover o aumento de receita com a elevação de outro tributo.
 
Não é permitido usar o critério de excesso de arrecadação para uma ação de mais longo prazo, porque nunca se sabe se essa situação será permanente.
 
Se a economia ficar fraca, como agora, a arrecadação cai. Mas, se o incentivo for generalizado, e não apenas a setores pontuais, não é necessário fazer essa compensação.
 
O que o governo fez foi retirar da lei essa ressalva “de caráter geral”, o que indica, para especialistas, que pretende dar isenções de longo prazo, além de três anos, ou mesmo permanentes, para alguns setores, aprofundando política que era proibida pela LRF.
 
Com a mudança sugerida pelo governo, fica claro que eles querem ficar escolhendo para quem dar os incentivos, que podem ser de duração mais longa, o que pode enfraquecer de maneira permanente os estados e municípios, muitos dos quais vivem de suas participações nos fundos.
 
Nesse quadro perigoso para as contas públicas, a situação de penúria da maioria das prefeituras revelada neste final de ano pode estar sinalizando também que a LRF já não está sendo tão eficaz quanto anteriormente.
 
Os problemas de recolhimento de lixo em diversas cidades pelo país podem representar uma vingança do político derrotado nas urnas, ou simplesmente má gestão, contra o que a LRF não tem o que fazer.
 
Mas os gastos excessivos, estes, sim, devem ser combatidos. O controle da LRF é por quadrimestre, e uma das medidas mais importantes é proibir os governos de assumir novas dívidas quando faltarem dois quadrimestres para o fim do mandato.
 
Se a administração que sai tiver que deixar contas a pagar, tem que deixar também dinheiro em caixa para responder por esses compromissos.
 
Se o governante deixou mais restos a pagar do que tinha em caixa, há punições do Tribunal de Contas, mas geralmente elas são barradas pelas Assembleias Legislativas ou Câmaras Municipais.

03 de janeiro de 2013
Merval Pereira, O Globo

QUESTÃO DE BOM SENSO


Falta bom senso a Genoino. PT também deveria tentar evitar mais um constrangimento na Câmara.
Ouça comentário na CBN

03 de janeiro de 2013
Merval Pereira
 

CONDENADO POR CORRUPÇÃO, GENOÍNO ASSUME MANDATO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS


O ex-presidente do PT José Genoino (PT-SP) tomou posse hoje como deputado federal. Depois de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão, Genoino voltou à Câmara na vaga aberta com a saída de Carlinhos Almeida (PT-SP), empossado prefeito de São José dos Campos (SP).

O deputado disse não ver constrangimento em reassumir vaga na Câmara, mesmo sabendo que irá perder o mandato quando a Ação Penal 470 transitar em julgado, momento no qual não é mais possível apresentar recursos para alterar a sentença.
“Me sinto confortável porque estou seguindo as normas da democracia e da Constituição do meu país. Além do mais, eu fui eleito em 2010, quando começou esta campanha condenatória”, disse Genoino.

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CONSTITUIÇÃO


Ele citou mais de uma vez o artigo da Constituição que determina que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de ação penal que tenha resultado em condenação”.
Com esse argumento, o agora deputado disse que irá atuar normalmente em seu mandato, “dia após dia”. E garantiu que irá respeitar as decisões judiciais relativas ao mensalão.

“Eu respeito esta Constituição, lutei por ela e participei da elaboração e da votação. E quem respeita, cumpre”, disse o petista, parlamentar por 24 anos, inclusive durante o período da Constituinte de 1988.

A posse de Genoino e de outros 13 deputados suplentes aconteceu a portas fechadas na presidência da Câmara dos Deputados. Eles juraram a Constituição e poderão participar de votações e elaboração de projetos.

O novo deputado foi condenado a seis anos e 11 meses de prisão em regime semiaberto, mas os advogados ainda podem apresentar recursos.
O STF decidiu que os parlamentares condenados em ação penal terão seus mandatos cassados automaticamente após a publicação da sentença.

03 de janeiro de 2013
Mariana Jungmann (Agência Brasil)
 

O PRIMEIRO FATO POLÍTICO DO ANO: UM DESCALABRO CONSTITUCIONAL

Gabriel Castro e Marcela Mattos, de Brasília
José Genoino (PT-SP) toma posse como deputado
José Genoino: desfaçatez e descaso com a opinião pública (André Borges/Folhapress)
 
 
Estarrecidos, assistimos um político condenado pelo STF, ocupar a cadeira de Deputado Federal.
Um fato histórico que afronta a Constituição e a sociedade brasileira.
Enfim, mais um retrato, ao vivo e a cores, do obscuro e infame momento que reflete a pobreza moral destes tempos republicanos em que vivemos.
 
03 de janeiro de 2013
m.americo
 
 

VOCÊ CONHECE O B.I.F.E.?

Você conhece o B.I.F.E. ?

O Brasil é um país bizarro. Além das Organizações Não Governamentais que vivem do dinheiro público, agora temos também o BIFE: Blogs Independentes Financiados pelo Estado.
 
Em um país sério não existiriam, mas diante da imbecilidade brasileira, conquistaram certa influência entre leitores desinformados e internautas ingênuos.
 
Feito uma legião, atuam em conjunto, repetindo e repetindo falácias com homogeneidade impressionante. Mais governistas que o próprio governo, não demonstram qualquer constrangimento ao defender causas indefensáveis e mudam de idéia de acordo com a estratégia de seus mestres. Como se não bastasse o desprezo pelos fatos em detrimento de seus interesses políticos, desprezam também a lógica, a História, as leis...
 
Para cada crítica ao governo eles reagem coletivamente, repetindo sempre a mesma ladainha e tentando mudar o foco da discussão. Embora sejam intelectualmente desprezíveis e seus textos recheados de mitificações, palavras de ordem e humor de gosto duvidoso, algumas de suas bobagens circulam pela Internet como se fossem verdades irrefutáveis.
 
Como não têm compromisso com a verdade, apenas com sua ideologia, não percebem ou não se importam com as incoerências de suas idéias. Ao mesmo tempo em que criticam a democracia israelense ou americana, por exemplo, elogiam paraísos democráticos como Venezuela, Cuba, China, Coréia do Norte, Faixa de Gaza, Irã...
 
Com raríssimas exceções, são incultos, mas não são burros. Colocam-se na posição de “jornalistas independentes” da “imprensa alternativa” para os seus leitores bobocas, mas no fundo sabem que não passam de burocratas obedientes, paus-mandados que vestem qualquer camisa que lhes imponham seus “superiores”. Até a censura defendem, usando, é claro, de eufemismos como “regulação”, “controle social” e outras figuras de linguagem.
 
Sem qualquer receio de subestimar a inteligência de seus leitores, criam fantasias alucinadas, repletas de conceitos ultrapassados, desmentidos ou refutados. Mesmo assim, como estamos no Brasil do Século XXI, emplacaram algumas expressões, repetidas à exaustão:
 
“Partido da Imprensa Golpista “(PIG): segundo o BIFE, a grande mídia conspira contra o coitadinho do governo “popular”. O fato de o governo brasileiro gastar mais dinheiro com propaganda do que com a saúde e educação não importa. Também não tem importância a total ausência de críticas realmente contundentes na grande imprensa.
 
“Tudo culpa das elites”: o fato dos membros deste governo estarem no poder há 10 anos é bobagem. Outra bobagem são as alianças com os setores mais retrógrados do país e o apoio das grandes fortunas, dos bancos e das multinacionais. Para o BIFE, “as elites” são sempre “os outros”.
 
“Conspirações da Direita Conservadora”: mesmo após o líder máximo da esquerda e ídolo supremo desse povo reconhecer a inexistência da direita, o BIFE insiste em rotular qualquer adversário político como “direitista”, “conservador”, “reacionário”, sempre ideologizando as palavras e desprezando o dicionário.
 
“São todos nazistas e fascistas”: Quem discorda do BIFE, das chamadas ações afirmativas ou de alguma decisão governamental é logo taxado de nazista ou fascista. Para eles, matar milhões de pessoas é o mesmo que ter uma opinião contrária.
 
*** *** ***
 Dica: para identificar um BIFE, basta procurar por algumas palavras e expressões. Elas sempre estão presentes:
 
“Burguês imperialista”, “estadunidense”, “mídia burguesa”, “mídia golpista”, “imperialismo ianque”, “direita midiática”, “controle social da mídia”, “regulação da mídia”, “elite imperialista”...
 
Concluindo, se eles são patéticos, o que dizer de quem ainda acredita neles?
 
03 de janeiro de 2013
ordem natural

PAÍS RICO É PAÍS QUE DÁ MAIS DINHEIRO A ONU?

Contribuição do Brasil à ONU vai aumentar 80%

País dará cerca de 157 milhões de dólares ao órgão, permitindo que nações como Grã-Bretanha, Alemanha, França e Japão reduzam ajuda

Prédio da ONU em Nova York, em 14 de abril de 2005
(Stan Honda/AFP)
 
Brasil, China, Índia e outros países emergentes aceitaram aumentar suas contribuições à Organização das Nações Unidas (ONU) no âmbito de um novo acordo orçamentário para evitar que o organismo mundial caia em seu próprio abismo fiscal.
A medida permitirá que nações europeias, como Grã-Bretanha, Alemanha e França, além de Japão, reduzam suas próprias contribuições.

Embora as quantidades não sejam muito significativas em comparação com os padrões globais – o orçamento da ONU para o período 2012-2013 é de 5,4 bilhões de dólares –, diplomatas estimam que a nova divisão é representativa das mudanças que estão ocorrendo na economia mundial. O Brasil aceitou aumentar em 81% sua contribuição, fazendo com que sua parcela no orçamento global do organismo salte de 1,6% a 2,9%.

A China fornecerá 59% adicionais, elevando sua parte no orçamento de 3,2% a 5,1%, superando o Canadá e a Itália para se converter no sexto maior contribuinte da ONU. Os pagamentos da Índia, por sua vez, crescerão 32%, de 0,5% para 0,66% do orçamento global, enquanto os da Rússia subirão 52%.

A ONU manteve até agora peculiaridades, como o fato de que a Grécia, que vive uma profunda depressão que a colocou à beira do default, fornece mais dinheiro ao orçamento do organismo que a Índia, que busca conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança.
Os Estados Unidos permanecem como o maior contribuinte ao financiamento da ONU, embora sua ajuda tenha sido estabelecida em 22% do orçamento total quando seu PIB representa 24% do PIB mundial.
(Com agência AFP)
03 de janeiro de 2013
in blog do mario fortes

FILHAS DE CHÁVEZ CONVOCARAM O "TIO ADÁN", IRMÃO DO CAUDILHO, PARA DECIDIR SOBRE EVENTUAL DESCONEXÃO DO PACIENTE DOS APARELHOS QUE O MANTÊM VIVO


Facsímile da postagem no Twitter do jornalista Nelson Bocaranda

A repentina viagem de Adán Chávez, o irmão de Hugo Chávez que sen encontra hospitalizado em Cuba em estado grave há mais de 20 dias, em coma induzido, decorreu de um pedido das filhas do caudilho tendo em vista a tomada de decisão de fazer o desligamento dos aparelhos que mantém o caudilho em vida artificial.

A informação é do jornalista Nelson Bocaranda, um dos mais conceituados cda Venezuela, em postagem na sua conta do Twitter nesta quinta-feira. Bocaranda foi quem revelou com exclusividade ao mundo, há um ano e meio, que Chávez estava com câncer.

Bocaranda diz que a decisão das filhas de Chávez de pedir a presença do "tio Adán", decorreu da incerteza no que respeita ao ato de desconectar o caudilho dos aparelhos que o mantém vivo, porém inerte, na UTI do hospital Cimeq, em Havana.

Trata-se de um perído tormentoso para a família do caudilho que o acompanha em Havana, onde há 20 dias foi operado, sucedendo-se uma série de complicações que levaram o paciente a uma situação terminal.

O governo cubano não emite qualquer boletim médico e não se sabe ao certo a real condição de Chávez. Em suas últimas declarações o governo chavista disse apenas que o caudilho permanecia "estável", mas que seu estado de saúde é "delicado".

A falta de clareza e objetividade nas informações contribuem para ampliar a onde de rumores. Há quem afirme que Chávez já teria morrido mas que o anúncio de sua morte estaria sendo adiado por razões política ligadas à sucessão.
O que é mais plausível é que realmente Chávez esteja profundamente sedado e conectado aos aparelhos que o mantém em vida vegetativa.
 
03 de janeiro de 2013
in aluizio amorim

TUCANOS NÃO ABREM O BICO SOBRE GENOÍNO


 
Hoje o PT soltou um manifesto onde diz estar sendo perseguido e que querem desmoralizar Lula. Ataca a Justiça, a Mídia e a Oposição.
A quadrilha está cada vez mais valente, desaforada e sem limites.
 
E Genoíno assumiu uma cadeira na Câmara, enlameando ainda mais o Legislativo.
Isto acontece por que na oposição só quem fala é um moço lá do PPS, partido que tem dono, que por sinal está botando a legenda à venda, querendo uma fusão que permita atrair Marina Silva para disputar 2014.
 
No PSDB ninguém abre o bico. A última notícia sobre o seu maior líder é que reatou com a namorada e fez reveillon na Isla Privilége, em Angra dos Reis.
Obviamente, pegou seu helicóptero e foi embora antes das enchentes anuais que continuam causando tragédias por lá. Aliás, tragédia é o que melhor identifica a nossa oposição.
 
03 de janeiro de 2013
coroneLeaks

EM MEIO A CRISE, CÚPULA VENEZUELANA SE REÚNE EM CUBA

Principais nomes do chavismo estão em Havana, onde Chávez se recupera de cirurgia. Assembleia Nacional deverá tomar importante decisão no sábado

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, é observado pelo vice, Nicolás Maduro (d), e pelo chefe da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, durante pronunciamento realizado em Caracas, no dia 8 de dezembro
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, é observado pelo vice, Nicolás Maduro (d), e pelo chefe da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, durante pronunciamento realizado em Caracas, no dia 8 de dezembro (Palacio Miraflores/Reuters)
 
A cúpula do governo venezuelano reuniu-se nesta quinta-feira em Havana, a uma semana da data marcada para Hugo Chávez assumir seu quarto mandato presidencial.

Adán Chávez, irmão mais velho do caudilho e governador do estado de Barinas, foi à ilha encontrar o vice-presidente Nicolás Maduro, apontado por Chávez como seu sucessor caso não tenha condições de tomar posse.
Antes de viajar a Havana no início de dezembro para ser submetido à quarta cirurgia contra o câncer, Chávez fez um pronunciamento pedindo aos venezuelanos que votem em Maduro em caso de novas eleições. A possibilidade de realização de um novo pleito parece cada vez mais próxima, diante dos rumores crescentes sobre a saúde do presidente.

O jornalista Nelson Bocaranda, que mantém o blog RunRun.es, divulgou em sua conta no Twitter que está nas mãos de Adán a decisão sobre manter ou não em funcionamento os aparelhos que estariam mantendo Chávez vivo.

Foi Bocaranda quem primeiro revelou o câncer do caudilho, mas nem sempre o blog acerta: já anunciou, por exemplo, a morte de Fidel Castro. Foi a mais recente informação não oficial sobre a recuperação do mandatário, depois que o jornal espanhol ABC divulgou que Chávez estava em coma induzido.

As autoridades venezuelanas têm rebatido os rumores com informações genéricas sobre o pós-operatório. O ministro de Ciência e Tecnologia, Jorge Arreaza, que é genro de Chávez, foi quem divulgou a última informação. Nesta quarta-feira, pelo Twitter, descreveu a situação como um
quadro ‘estável, porém delicado’.

O chefe da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, também está na capital cubana, segundo a imprensa venezuelana, assim como a procuradora-geral Cilia Flores. Cabello deve voltar a Caracas até sábado, quando a Assembleia Nacional deverá se reunir para eleger sua cúpula em uma sessão que será determinante para o futuro do país. Isso porque, se Chávez não tomar posse no dia 10, o chefe do legislativo tomará posse interinamente até a realização de novas eleições.

A imprensa venezuelana especula que Cabello poderia permanecer na chefia do Parlamento ou passar o cargo para Blanca Fekhout. Na segunda hipótese, ele ficaria livre para apoiar o vice-presidente Nicolás Maduro em uma futura campanha presidencial - o que não poderia fazer se assumisse a Presidência.

Enquanto isso, em Caracas, a oposição segue cobrando transparência do governo na divulgação das informações sobre a saúde de Chávez. Propõe ainda a ida de uma comissão de parlamentares, governadores e médicos a Cuba para atestar de perto as condições do mandatário.


03 de janeiro de 2013
Veja
(Com agência France-Presse)

SANATÓRIO GERAL DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

Perseguido político

 


PUBLICADO EM 13 DE OUTUBRO

“Estou indignado. Uma injustiça monumental foi cometida.”

José Genoino, pronto para puxar a fila dos inscritos no Programa Bolsa-Mensalão.

Freguesia perigosa



PUBLICADO EM 11 DE OUTUBRO

“Em 1969 fui banido do País e tive minha nacionalidade cassada. Voltei clandestinamente ao País, enfrentando o risco de ser assassinado, para lutar pela liberdade do povo brasileiro”.

José Dirceu, em seu manifesto à nação, lembrando que passou boa parte dos anos 70 entrincheirado no caixa 1 do Magazine do Homem, em Cruzeiro do Oeste, interiorzão do Paraná, lutando para sobreviver à fúria de algum freguês insatisfeito.

Mensaleiro indignado



PUBLICADO EM 7 DE OUTUBRO

“Vocês são urubus que torturam a alma humana. Não podem ficar aqui. Não falo com urubus”.

José Genoino, neste domingo, ao topar com jornalistas na seção eleitoral onde vota, deixando claro que a roubalheira do mensalão foi inventada pela liberdade de imprensa.

Erro judicial



PUBLICADO EM 2 DE OUTUBRO

“Não sou inocente, mas também nunca vivi de lavagem de dinheiro, corrupção ou formação de quadrilha, apenas fui condenado pelo crime errado”.

Valdemar Costa Neto, nesta terça-feira, durante a entrevista coletiva na Câmara dos Deputados, informando que vai recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos porque, em vez de condenado por crimes que não lhe garantem o sustento, deveria ter sido punido por bandalheiras muito mais lucrativas.

Sócio no poste



PUBLICADO EM 29 DE OUTUBRO

“Lógico que dei votos para o Haddad. O nosso partido deu uma contribuição porque o Datafolha dava que 12% da população de São Paulo estava disposta a votar num candidato que o Paulo Maluf e o Partido Progressista apoiassem. E nós começamos quando ele tinha 3% das intenções de voto. Depois vocês viram que ele foi crescendo, crescendo”.

Paulo Maluf, lembrando que, sem a ajuda do aliado procurado pela Interpol, Lula não teria instalado um poste na prefeitura.

O poste e o muro



PUBLICADO EM 29 D EOUTUBRO

“Vamos derrubar o muro que separa a cidade rica da cidade pobre”.

Fernando Haddad, durante o primeiro discurso como prefeito eleito, informando que vai demolir o muro que Gilberto Kassab importou de Berlim para que os moradores da periferia conheçam a região dos Jardins e o Morumbi usando o bilhete único mensal.

Samba da Presidenta Doidona



PUBLICADO EM 26 DE OUTUBRO

“Aqui nós vamos construir o trem de alta velocidade, que vai mudar a cara de Campinas. O aeroporto de Viracopos, que será, sem sombra de dúvida, o maior aeroporto deste país. Aqui ficará o grande aeroporto, ligado com o trem de alta velocidade. Por isso que nós estamos construindo BRTs aqui, para dar uma estrutura decente para o transporte urbano. Por isso estamos investindo em saneamento, no esgoto. Que como dizia o presidente Lula, ninguém gosta de investir no esgoto porque não aparece. Nós gostamos, porque nós vemos por trás do investimento no esgoto a criança que não tem mais diarreia, por que não foi contaminada pela água do esgotamento que não existiu.”

Dilma Rousseff, capturada pela comentarista Campineira no nomento em que, no meio do palavrório no comício em Campinas, resolveu começar a compor o Samba da Presidenta Doidona, versão em dilmês do Samba do Crioulo Doido.
 

Altivez é isso



PUBLICADO EM 24 DE OUTUBRO

“Para a aliança de 2014, que o Sérgio Cabral seja o vice da Dilma. Isso é que é relevante”.

Eduardo Paes, prefeito reeleito do Rio de Janeiro, tentando mostrar, em 14 de outubro, que agora só rasteja para o governador Sérgio Cabral.

“Sim, Dilma e Temer”.

Eduardo Paes e Sérgio Cabral, em dueto, rastejando juntos em homenagem ao vice-presidente Michel Temer.

“Foi um reconhecimento da liderança de Cabral, sem intenção de afrontar Temer”.

Eduardo Paes, nesta terça-feira, reafirmando que rasteja com o mesmo empenho tanto para Sérgio Cabral quanto para Michel Temer.
 

Cristina & Hugo



PUBLICADO EM 8 DE OUTUBRO

“Hugo, você arou a terra e hoje fez a colheita”.

Cristina Kirchner, presidente da Argentina, usando o Twitter para cumprimentar o companheiro Hugo Chávez pela reeleição e comunicar à nação que, pelo andar da carruagem, a chefe de governo poderá em breve acumular o posto de primeira-dama da Venezuela.


PUBLICADO EM 10 DE SETEMBRO

“É preferível um culpado solto que (sic) um inocente preso. Respeito o Supremo, mas nesse caso errou”.

Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, advogado do ex-vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado, garantindo que o STF errou ao condenar seu cliente e ensinar que é preferível um culpado preso.

ANTES DE SER PRESO, GENOÍNO TOMA POSSE NA CÂMARA

 

Mensaleiro condenado pelo STF se recusou a comentar o julgamento e assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados até ser obrigado a cumprir sua pena

Gabriel Castro e Marcela Mattos, de Brasília
José Genoino (PT-SP) toma posse como deputado
José Genoino: desfaçatez e descaso com a opinião pública (André Borges/Folhapress)
 
Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, José Genoino (PT-SP) demonstrou toda a sua desfaçatez e o descaso com a opinião pública nesta quinta-feira ao tomar posse como deputado federal.
Ele assumiu uma vaga aberta na bancada petista com a renúncia de Carlinhos Almeida, que deixou a Câmara para assumir a Prefeitura de São José dos Campos (SP). Após a cerimônia em que jurou proteger a Constituição e respeitar as leis, o novo deputado concedeu uma entrevista sem demonstrar constrangimento com a situação.

Genoino citou o único lugar onde pode ser considerado inocente: a própria "consciência". Ele alegou que a Constituição permite sua posse porque ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado. No caso do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não publicou o acórdão que tornará efetivo o cumprimento das penas.

O petista disse estar apto a exercer todas as funções de um parlamentar - o que não é verdade já que, por exemplo, ele estaria impedido de deixar o país em viagens oficiais porque a Polícia Federal apreendeu seu passaporte para evitar uma fuga.

Leia também: 136 mil reais por mês é o preço da falta de pudor de Genoino

O novo deputado se recusou a fazer comentários sobre o julgamento do mensalão, e não se importou em adotar uma postura que pode ser interpretada como uma confissão de culpa: "Sobre o processo, quem fala é o meu advogado".

O mensaleiro não demonstrou preocupação com a opinião pública diante de sua posse: "Por onde ando, eu tenho recebido manifestações de solidariedade". Ele também não quis dizer o que faria diferente se pudesse voltar ao início do governo Lula: "Eu não vou fazer uma avaliação dessa experiência rica que mudou o Brasil".

Apesar de não saber quanto tempo passará na Câmara até seguir para para uma colônia penal, onde iniciará o cumprimento da sentença de 6 anos e 11 anos de reclusão, Genoino disse ser movido por sonhos. "Quem faz política com sonho, paixão e convicção, como eu faço, deve fazer a política em cada dia".

O petista não quis nem mesmo comentar o mea culpa genérico do presidente do PT, Rui Falcão, que nesta semana admitiu os "erros" cometidos pelo partido no passado: "Eu tenho um respeito muito grande pelo presidente do meu partido e não vou comentar".

Dois anos sem mandato e uma condenação no STF não geraram qualquer mudança de comportamento no homem condenado por ajudar a montar o maior esquema de corrupção da história.

03 de janeiro de 2013
Veja

VAI GENOÍNO, A CASA É TUA!




03 de janeiro de 2013

MICO DO ANO EM 2012

Suplicy surta, cita Noel Rosa e propõe inserção da palavra “amor” na bandeira brasileira


Principal e mais importante estado brasileiro, São Paulo envergonha-se a cada manifestação desbaratada de Eduardo Suplicy, senador pelo Partido dos Trabalhadores. Que Suplicy faz de tudo para aparecer todos sabem, mas há situações que são verdadeiros extratos do vexames.


Faz de tudo para aparecer…

Estar senador é um compromisso de muita responsabilidade, que não permite que os que estão investidos no cargo subam à tribuna para cantar “Blowin in the Wind”, como já aconteceu algumas vezes, ou usar o dinheiro público para custear uma viagem da namorada a Paris, alegando depois que não sabia que é proibido esse tipo de atitude.

Sempre atrapalhado em suas colocações e discursos, Eduardo Suplicy se superou na sessão de 19 de dezembro do Senado Federal.
Enquanto o Congresso vivia um cabo de guerra devido ao impasse que se criou em torno dos vetos presidenciais aos royalties do petróleo, Suplicy cometeu o disparate de subir à tribuna da Casa para sugerir que a palavra “amor” fosse inserida na bandeira brasileira, não sem antes citar o genial Noel Rosa.

Cada parlamentar que está no Congresso Nacional custa mensalmente aos contribuintes brasileiros a bagatela de R$ 140 mil, sem contar os milagres que acontecem por lá, pois ver por outra chove dinheiro no parlamento.

Um político que custa oficialmente mais R$ 1,5 milhão por ano e se dedica a propostas tão absurdas é prova maior e incontestável que o Brasil foi arruinado e que uma ditadura está a caminho e em seus derradeiros capítulos. Em qualquer país responsável, Suplicy jamais seria eleito.

03 de janeiro de 2012
Ucho Haddad
 
 

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)

 

O Maiô Biquíni
 
No princípio era verbo. Depois vieram os advérbios, os pronomes, as preposições e as interjeições. No tempo em que o verbo andava solto nas campinas do Éden, as senhoras costumavam sair à rua completamente despidas, de acordo com a última moda.

Depois vieram as folhas de parreira, as tangas, os longos vestidos: a mulher tinha descoberto o pudor. Que é como se chama esconder o corpo para só exibi-lo em ocasiões propícias e particulares.

Mas como a concorrência no século XX passou a ser brutal, as mulheres começaram novamente a se despir em público. Reduziram as saias de sete para nenhuma, transformaram a blusa em um pano cruzado sobre o busto (eis-me pudico!) e acabaram reduzindo tudo ao mínimo essencial, que é menor do que o próprio nome: biquíni.
As consequências vão ilustradas no desenho e podem ser verificadas no IBGE. Pois, como dizia para a filha extremamente hodierna aquela senhora conservadora:
“Ah, menina, se no meu tempo se usasse essa espécie de maiô, você seria pelo menos seis anos mais velha”.

Vão Gôgo, 1949

03 de janeiro de 2013

"O PT NO PÓS-MENSALÃO"

 
Definidas as condenações do “núcleo político” da Ação Penal 470, espíritos inconsequentes dentro do PT entenderam levar a limites indesejáveis a solidariedade a companheiros pilhados em crimes contra o estado de direito, e passaram atacar o STF. Podem ser compreensíveis declarações impensadas sobre o Poder Judiciário feitas por quem se considerava pairar sobre a Constituição, mas terminou obrigado a passar uma temporada atrás das grades. Porém, entra-se em zona de perigo quando se tenta mobilizar o partido contra um dos poderes da República.

É bastante provável que haja quem considere que o apoio nas urnas dê uma espécie de passe livre a partidos e políticos para atuarem à margem da Carta. Grave engano. Tampouco os bons propósitos “sociais” do homem público os isentam de cumprir a lei, sob o risco de acontecer o que aconteceu, pois, felizmente, as instituições republicanas brasileiras já se encontram num estágio avançado de consolidação e funcionam como anticorpos contra projetos de poder personalistas.

O PT não é um bloco monolítico — como nenhum dos grandes partidos brasileiros. E, assim, começam a ser ouvidas vozes sensatas, preocupadas com o risco da aventura de se usar o partido como centelha de uma crise política séria, na defesa de mensaleiros condenados num julgamento exemplar. Ninguém com a cabeça no lugar deseja esta crise. A começar pela presidente Dilma, cuja agenda de desafios é enorme, e tem mais o que fazer do que enfrentar uma turbulência institucional criada fora do governo.

Representantes de duas gerações de petistas, Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, e Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, preocupados com o partido, abordaram de forma sensata o desfecho do julgamento. Ex-ministros de Lula, os dois, em entrevistas publicadas na reta final de 2012, demonstraram temor de a legenda ser conduzida a uma brancaleônica guerra contra o Supremo.

À “Folha de S.Paulo”, Tarso disse que a agenda do PT não pode se resumir à solidariedade “aos companheiros condenados”. Foi claro: “Já falamos o suficiente sobre isso.” Com outras palavras, o governador gaúcho volta à proposta de “refundação do partido” que fez ao assumir a legenda na crise do estouro do escândalo do mensalão, em 2005, razão de ter perdido espaço no partido. Com o fim do julgamento, deve considerar adequado reerguer a bandeira. Faz todo sentido.

Ao GLOBO, Haddad também foi ao ponto: o veredicto (do julgamento) “tem que ser acatado pelo fato de ser a Corte Suprema que julgou”. Simples assim. Não deixou, ainda, de elogiar o ministro Joaquim Barbosa, pela convicção com que deu seu voto de relator do processo. Como Dilma, Tarso e Haddad, por terem responsabilidades de governo, não desejam que suas administrações sejam prejudicadas por tumultos políticos. As duas entrevistas contribuem para o PT iniciar 2013 numa rica discussão sobre o futuro pós-mensalão.

03 de janeiro de 2013
Editorial de O Globo

"GEORGE ORWELL E O USO DA LINGUAGEM"

 
George Orwell foi um grande escritor e jornalista inglês. Na sua extensa obra, dois livros se destacaram, inclusive no Brasil, nos quais revelou sua intensa oposição ao autoritarismo e ao totalitarismo: 1984 e A Revolução dos Bichos.


Aqui inspirou até o nome de um programa de televisão, o Big Brother Brasil. Big Brother, ou o Grande Irmão, era a figura imaginária e onipresente que conduzia o partido no poder num país sob jugo totalitário, imaginado por Orwell. Esse partido controlava seus membros de forma acintosa e cada um tinha em sua residência uma câmera de vídeo com que era observado pelo controle central exercido pelo Big Brother.

Menos conhecida é a paixão de Orwell pela clareza no uso da linguagem. Soube pelo seu livro Como Morrem os Pobres e Outros Ensaios (São Paulo, Companhia das Letras, 2011). Nele, o capítulo A política e a língua inglesa trata mais da linguagem do que da política. Esta e os políticos entram em cena porque Orwell lhes atribui parte da culpa pela má linguagem.

Começa apontando a decadência da língua inglesa. As causas, várias, com seu próprio efeito atuando como causa adicional, ao reforçar as originais, produzir o mesmo resultado de forma intensificada, e assim por diante, indefinidamente. Nas suas palavras, a linguagem "... se torna feia e imprecisa porque nossos pensamentos são tolos, mas seu desmazelo torna mais fácil para nós termos pensamentos tolos".

Várias de suas observações cabem também à língua portuguesa no seu uso no Brasil. Entre outros males, é evidente a invasão de estrangeirismos, principalmente ingleses, muitas vezes sem ponderação quanto ao seu significado e à necessidade e relevância de usá-los. Entre casos mais comuns, estão delivery, sale e off. E há bullying, que ignora nosso verbo bulir e o substantivo bulimento.

Há também os estranhos nomes que recebem edifícios lançados na cidade de São Paulo, quase todos em inglês, francês ou italiano. Recentemente, um jornalista americano que nela vive me disse ter ficado perplexo com um deles, o Augusta High Living, na chamada baixa Rua Augusta. Em inglês high é palavra também usada para descrever uma pessoa embriagada ou sob efeito de drogas.

Para crítica, Orwell apresenta cinco trechos de igual número de autores e neles ressalta duas características comuns. A primeira é o "ranço das imagens" ou metáforas. A segunda é a falta de precisão conceitual, à qual voltarei mais à frente.

Quanto às metáforas, e escrevendo em 1946, argumenta que uma "recém-inventada ajuda o pensamento a evocar imagem visual, ao passo que uma que está tecnicamente 'morta' (por exemplo, resolução férrea) se transforma numa palavra comum e pode ser usada sem perda de vivacidade. Mas, entre esses dois tipos, há um enorme depósito de metáforas gastas que perderam todo o poder de evocação e só são usadas porque economizam para as pessoas o trabalho de inventar expressões".

Entre as gastas que cita, várias estão também na nossa língua: trocar seis por meia dúzia, misturar alhos com bugalhos, caiu na rede é peixe e calcanhar de Aquiles. Acrescenta que muitas dessas expressões são usadas sem o conhecimento de seu sentido, e pergunta: o que são bugalhos, por exemplo?

É ao discutir o sentido das palavras e expressões que enfatiza a política e os políticos. O termo democracia tem destaque: "... além de não existir uma definição com que todos concordem, a tentativa de criá-la sofre resistência de todos os lados. (... ) quando dizemos que um país é democrático, nós o estamos elogiando; em consequência, os defensores de todo tipo de regime alegam que ele é democrático, e temem que tenham de deixar de usar a palavra se esta for atrelada a algum significado".

E mais: "Em nosso tempo, o discurso e a escrita política são, em grande medida, a defesa do indefensável. (...) Desse modo, a linguagem política precisa consistir, em larga medida, em eufemismos, argumentos circulares e pura imprecisão nebulosa. (...) O estilo inflado é em si mesmo uma espécie de eufemismo. (...) A linguagem política (...) é projetada para fazer com que as mentiras soem verdadeiras (...), e para dar uma aparência de solidez ao puro vento". Assim, mesmo discorrendo sobre linguagem, percebe-se que Orwell foi fiel à sua vocação de rebelar-se quanto ao que via de errado na política, na qual ressaltou esse uso deturpado.

Afirmações suas soam familiares no Brasil, onde, por exemplo, é disseminado o entendimento de que o voto livre e universal basta para marcar o País como uma democracia; onde a escolha de reitores de universidades públicas apenas por seus professores, estudantes e funcionários é defendida a pretexto de ser democrática; onde há toda uma ginástica verbal de petistas a defender companheiros condenados à prisão; e onde o líder petista maior sempre se autoelogia, afirmando ter realizado uma gestão bem-sucedida "como nunca antes neste país".

Quanto à linguagem em si, Orwell propõe seis regras para aprimorá-la, e adaptei a quinta à nossa língua: "1) Nunca use uma metáfora, símile ou outra figura de linguagem que está acostumado a ver impressa; 2) nunca use uma palavra longa quando uma curta dará conta do recado; 3) se é possível cortar uma palavra, corte-a sempre; 4) nunca use a voz passiva quando pode usar a ativa; 5) nunca use uma expressão estrangeira, uma palavra científica ou um jargão se puder pensar num equivalente do português cotidiano; 6) infrinja qualquer uma destas regras antes de dizer alguma coisa totalmente bárbara".

Adicionaria uma sétima, a de evitar frases longas, pois embolam o raciocínio e confundem leitores e ouvintes. E de um filósofo da educação, o franco-americano Jacques Barzun, uma que abrange todas: escrever é reescrever.

03 de janeiro de 2013
Roberto Romano, O Estado de São Paulo

"DE VOLTA AO PASSADO"

 

A presidente Dilma Rousseff bem que torcia o nariz, mas teve de se render à realidade: muito dificilmente, os peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Henrique Eduardo Alves (RN) não serão eleitos no início de fevereiro para as presidências do Senado e da Câmara.

O PMDB terá a Vice-Presidência da República, a faca e o queijo do Congresso na mão e, tanto quanto Fernando Henrique e Lula, Dilma sabe muito bem o que isso significa. O partido é um problemão, mas é sempre melhor com ele do que sem ele.

Se o partido do (ou da) presidente da República falha -é curioso como vive falhando- quem entra em cena é o PMDB. Mas isso tem custo e embute uma ameaça. Se tem tanto poder para ajudar o governo, o inverso também é verdadeiro: o poder é o mesmo para atrapalhar.
..
O mandato de presidente das duas Casas vale por dois anos, justamente o ano anterior e o próprio ano da sucessão presidencial, 2014.

Quando menino, Renan foi um comunista que vendia sandálias hippies em feiras. Acabou destronado da presidência do Senado em 2007, depois de se meter numa trapalhada com uma namorada ambiciosa e ver seus bens, contas e sociedades devassados pela opinião pública. Mas ele é um parlamentar muito experiente e está convencido de que esta é a chance de reescrever sua biografia. É pegar ou largar.

Henrique, que enfrenta o adversário Júlio Delgado (PSB-MG), é de família política, muito rica, e já tem um troféu no Congresso: é o mais longevo deputado federal. Está no 11º mandato, tem 40 anos de praia. Conhece cada gabinete, corredor, funcionário. E cada norma regimental.

Há décadas o governo se esforça para esvaziar o Congresso, agora com medidas provisórias até para o Orçamento da União. Mas Dilma sabe que é melhor não confrontar o outro Poder, muito menos o PMDB, o vice Temer, Renan e Henrique. Seria um péssimo negócio.

03 de janeiro de 2013
Eliane Cantanhêde, Folha de São Paulo

E NEM

 


 Mas depois de ver o vídeo no link, verifiquei que qualquer coisa que eu escrevesse seria absolutamente desnecessário, uma vez que as imagens e o som dizem mais do que mis (plural de mil) palavras. ENEM conserta isso? Duvi, de, ó… E nem me digam que nosso colaborador Anhangüera cobra há anos uma resposta sobre falsificação de currí…culos.

Depois esses delinqüentes geriátricos ficam gozando dos pobres estudantes brasileiros que perguntam porque não se preocupam o ambiente inteiro, ao invés de pensar apenas no meio.
Parem o trem que eu quero descer…

PS: Em italiano, culos é plural de culo, que signica cu em nosso vernáculo.

Dilma Rousseff
                                                                      Dilma Rousseff
 
 
03 de janeiro de 2013
magu

UM ATO DE FRANQUEZA... (OU DE FRAQUEZA?)

Guido Mantega

Quando eu disse que não entendia desse negócio, vocês acharam que eu estava brincando, né?

03 de janeiro de 2013

O CAÓTICO FIASCO NA ECONOMIA

 No dia 27 de dezembro de 2011, comemorando o primeiro aniversário do governo, o tolo ministro da Fazenda, Guido Mantega, com cara de pinto em bosta (foto), cagou a maior goma, afirmando que em menos de quatro anos o Brasil será a quinta maior economia do mundo, em termos de Produto Interno Bruto (PIB), superando a França. “O FMI prevê que o Brasil será a quinta economia em 2015, mas acredito que isso ocorrerá antes”.

 
Ainda ressaltou que a velocidade de crescimento do Brasil é o dobro da registrada pelos países europeus. “Portanto, é inexorável que nós passemos a França e no futuro, quem sabe, a Alemanha, se ela não tiver um desempenho melhor”, disse.

O ministro reafirmou que de 2003 a 2010, o crescimento do País ficou ao redor de 4% e que, em 2012, esse patamar será retomado, pois estima que o PIB deve avançar de 4% a 5%.
 
Hoje se tem a certeza que o país está vivendo há dois anos, um grande fiasco econômico. O balanço econômico é assustador – dois anos de produção estagnada, investimento em queda, inflação longe da meta, exportação emperrada e contas públicas em deterioração.

O crescimento econômico deste ano está estimado em torno de um por cento por economistas do Banco Central (BC), do mercado financeiro e das consultorias mais importantes. Esse resultado seria ruim em qualquer circunstância, mas no caso brasileiro há uma circunstância especial.
No ano anterior o Produto Interno Bruto (PIB) havia aumentado apenas 2,7%.
 
 O País perdeu o passo entre os emergentes de todo o mundo. Este detalhe é importante, porque desqualifica as tentativas de atribuir o mau desempenho brasileiro à crise global, ao tsunami monetário criado pelos bancos centrais do mundo rico e à má vontade dos deuses.
 
Os problemas são internos, todos fabricados no Brasil por uma política há muito tempo defeituosa e piorada pela teimosia do atual governo.
 
Na realidade, sem fazer algum juízo temerário, pode-se afirmar que Guido Mantega ou é incompetente, ou mentiroso, mas provavelmente é as duas coisas ao mesmo tempo.
 
Nessa situação caótica é acompanhado pela “mestra e doutora” em economia, a “presidenta” Dilma Rousseff..

03 de janeiro de 2013
Giulio Sanmartini

GENOÍNO, DEPUTADO. LEGAL É. IMORAL TAMBÉM!

O PT sente-se em dívida com seu ex-presidente José Genoino - aquele que estava à frente do partido quando Roberto Jefferson deflagrou o escândalo do mensalão.


O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Genoino a seis anos e 11 meses de cadeia em regime semiaberto.

Durante parte da pena ele ficará preso em colônia penal agrícola. Ou industrial. Ou em estabelecimento similar.

Há consenso dentro do PT: Genoino foi um inocente. Assinou sem ler ou sem medir as consequências papéis que Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, pediu que assinasse.

Eram papéis relativos a falsos empréstimos bancários arranjados por Delúbio e o publicitário mineiro Marcos Valério - os dois condenados a muitos anos atrás das grades.

Abriu-se uma vaga de deputado federal do PT com a saída do seu titular para assumir o cargo de prefeito. Na condição de primeiro suplente, Genoino ocupará a vaga a partir de hoje.


É a homenagem que o PT lhe prestará. Quer dizer: homenagem por ter sido um bobão - na versão edulcorada do PT.

A condenação dos réus do mensalão ainda não transitou em julgado - o que só deverá ocorrer em meados deste ano.

Nada impede, portanto, que Genoino atravesse os próximos meses na condição de deputado. Nada impede, mas...

Em país onde a política é levada a sério um fato como esse seria considerado impensável.

Onde já se viu um condenado pela Justiça exercer função de representação popular? E o pudor? E o respeito à sacralidade do mandato eletivo? E a deferência ao eleitor?

Por meio do seu advogado, Genoino explicou que assumirá o mandato justamente em deferência aos mais de 90 mil paulistanos que votaram nele.

Quantos votaram em Genoino na eleição de 2002? O mensalão data de 2005.

Por que ele faltou com o respeito aos eleitores daquela época se metendo com o que não devia se meter?

Tem mais: Genoíno tomará posse durante o recesso da Câmara dos Deputados. Assim embolsará salário, verba de representação e outros benefícios referentes a 30 dias de férias.

É legal proceder assim? É. É moralmente defensável? Não, não é.

Até meados do primeiro semestre do ano passado, o PT imaginou que a maioria dos réus do processo do mensalão acabaria inocentada pelo STF.

Pouco antes do julgamento começar em agosto, contava com sua condenação - mas sem cadeia.

Quando a cadeia pareceu certa, facções do PT, quase todas influenciadas pelo ex-ministro José Dirceu, passaram a defender a tese de que o partido estava obrigado a reagir ao que viesse.

Dirceu pregou a ida para as ruas dos chamados movimentos sociais em protesto contra a previsível condenação dos mensaleiros. Uma vez condenado, bradou:

- Precisamos julgar o julgamento.

O Diretório Nacional do PT recusou a proposta de Dirceu. Menos por prudência, mais por realismo político.

Não viu ninguém disposto a ir para as ruas. De resto, concluiu que nada teria a ganhar desafiando o STF.

Rui Falcão, presidente do PT, insistiu ontem, em São Paulo, em dizer que o erro mais grave cometido pelo PT foi ter cedido à práticas de outros partidos apelando para o Caixa 2 como meio de financiar campanhas.

Negou o mensalão, pois.

Mas o que Rui poderia ter dito sem correr o risco de colidir com a maioria do PT? Jamais o partido admitirá que o mensalão existiu.

Mensalão teve a ver com desvio de dinheiro público. Caixa 2, com dinheiro privado escondido da Justiça.

Lula chamou o mensalão de farsa nos últimos sete anos. À luz da decisão do STF, mentiu.

Era só o que faltava o PT dar de barato que Lula, de fato, mentiu.

03 de janeiro de 2013
ricardo noblat

POSSE DE GENOÍNO É LEGAL, MAS DESGASTA PETISTA E SEU PARTIDO

Para especialistas, ato soa como contradição e fere a ética parlamentar


O ex-presidente do PT, José Genoino (SP), condenado no julgamento do mensalão, comparece à Câmara na tarde desta quarta-feira
Foto: André Coelho / O Globo
O ex-presidente do PT, José Genoino (SP), condenado no julgamento do mensalão, comparece à Câmara na tarde desta quarta-feiraAndré Coelho / O Globo
 
SÃO PAULO - A posse do ex-presidente do PT José Genoino é legal do ponto de vista jurídico, mas é ilegítima do ponto de vista ético. Para o filósofo Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Unicamp, é uma contradição que uma pessoa condenada por infringir a lei seja empossada no Legislativo, na função de legislador. Condenado no julgamento do mensalão, Genoino deve tomar posse nesta quinta-feira como deputado federal.

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O ato é possível porque o petista, assim como outros condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), pode apresentar recursos à Justiça, adiando a condenação final por um prazo de seis meses a um ano. Na linguagem jurídica, enquanto o último recurso não for julgado, o processo não foi “transitado em julgado” — e é nessa condição que estão os mensaleiros.

— É um tapa no rosto da cidadania. Ele foi condenado pela maior e mais alta Corte do país. Ao tomar posse, ele não apenas desobedece acintosamente ao juízo supremo, mas está dando um tapa no rosto de todo cidadão — afirma Romano.

O professor diz que Genoino deveria pensar dez vezes antes de tomar posse como deputado federal, uma vez que o desgaste político será imenso:
 
— Perde o próprio Genoino, que deve ter sido mal aconselhado, perde o povo, perde o Parlamento, e perde o PT. Como pode editar leis alguém que foi condenado por não cumprir a lei? A ética não é uma escolha pessoal, uma questão de vontade. A ética é pública e coletiva — diz Romano, acrescentando que o artigo 37 da Constituição prevê que a “administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
 
O jurista e professor Luiz Flávio Gomes afirma que, no campo jurídico, formalmente não há impedimento para a posse, uma vez que Genoino ainda poderá apresentar recursos à Justiça, mas avalia, no campo político, que o ato causará um enorme desgaste para o PT e para a Câmara dos Deputados.
 
— Se ele tivesse sido julgado por acidente de trânsito, seria outra coisa. Mas foi um caso de probidade na administração pública. Não é à toa que o Congresso e o poder político perdem pontos a cada dia — diz.

03 de janeiro de 2013
O Globo