"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 24 de junho de 2013

POUCA GENTE SABE DISTO...

 
VAMOS  ESCLARECER...
ACREDITE SE  QUISER:


CUMPANHERU E CUMPANHERA

POUCA GENTE SABE DISTO, VAMOS ESCLARECER...

O PAULO BERNARDO
MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES É MARIDO DA SENADORA
 GLEISI HOFFMANN
CHEFE DA CASA CIVIL.
O GILBERTO CARVALHO
SECRETÁRIO GERAL DA PRESIDÊNCIA É IRMÃO DA MIRIAN BELCHIOR
MINISTRA DO PLANEJAMENTO.
ESSA MIRIAN BELCHIOR JÁ FOI CASADA COM O CELSO DANIEL


EX-PREFEITO DE SANTO ANDRÉ, QUE MORREU ASSASSINADO.
VOCÊ SABIA E NÃO CONTOU PRA NINGUÉM?
A doutora
Elizabete Sato
 
delegada que foi escalada para investigar o processo sobre o assassinato do Prefeito de Santo André, Celso Daniel é tia de Marcelo Sato

marido da Lurian da Silva
 

que, apenas por coincidência, é filha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Exatamente: Marcelo Sato, o genro do ex presidente da República, é sobrinho da Delegada Elisabete Sato, Titular do 78º DP, que demorou séculos para concluir que o caso Celso Daniel foi um "crime comum", sem motivação política.
Também apenas por coincidência, Marcelo Sato é dono de uma empresa de assessoria que presta serviços ao BESC - Banco de Santa Catarina (federalizado), no qual é dirigente Jorge Lorenzetti
(churrasqueiro oficial do presidente Lula e um dos petistas envolvidos no escândalo da compra de dossiês).
E ainda, por outra incrível coincidência, o marido da senadora Ideli Salvatti (PT)

é o Presidente do BESC.

CONCLUSÃO:
"OS POVO TÁ DORMINNO. NÓIS TÁ ACORDADO. NÓIS CUMPANHERO DA INTERNET SOMO VERDADERAMENTE UNIDO PRA FAZÊ O QUE NUNCA ANTES FOI FEITO NESSE PAÍS:
OU A CORRUPÇÃO PARA OU NÓIS PARA O BRASIL!
 

 
SEJA PATRIOTA: Passe adiante.

NÃO QUERO SABER DA MÃE DO PAC. QUERO É SABER DO PAI DA COPA! CADÊ ELE? CADE INÁCIO?


Amigos, fica a dica de um ótimo texto que está lá no Blog "Olhos que vêem". 
Do amigo Márcio Marquer.
Merece ser lido e repassado.
É só clicar AQUI  que cai direto na página.
 
24 de junho de 2013
omascate

NOVO MINISTRO DO SUPREMO DIZ EM ENTREVISTA POR QUE CONSTITUINTE EXCLUSIVA PARA FORMA POLÍTICA É INCONSTITUCIONAL


Luís Roberto Barroso, novo ministro do Supremo, e eu não pertencemos, para usar metáfora empregada por uma amiga jornalista, à mesma enfermaria. Ele está, em muitos aspectos, à esquerda deste escriba. Em matéria, no entanto, de “constituinte ad hoc”, pensamos a mesmíssima coisa. Vejam uma entrevista recente concedida por ele ao site Migalhas, especializado em temas jurídicos.


 
Também ele — e escrevi isso no post anterior — lembra que se pode fazer quase tudo o que se quer em matéria de reforma política por legislação ordinária. Não há óbice constitucional nenhum!
Nas suas palavras: 
“Se quiser fazer voto distrital misto, não há impedimento na Constituição; se quiser fazer só voto distrital — portanto, majoritário puro, não há impedimento na Constituição —; se quiser instituir um sistema de fidelidade partidária, não há impedimento na Constituição (…).
Eu não vi nenhuma ideia posta no debate político que não possa ser feita, concretizada com a Constituição que nós temos ou, no máximo, com uma emenda à Constituição”.
Conforme eu queria demonstrar.
24 de junho de 2013
Reinaldo Azevedo


MÉDICOS VÃO ÀS RUAS CONTRA DILMA NESTA QUARTA

 


A importação de médicos estrangeiros, um dos projetos invocados por Dilma Rousseff para fazer a rua voltar para casa, levará mais gente ao asfalto. Entidades médicas organizam para as 16h desta quarta-feira (26) um protesto nacional em defesa da valorização dos profissionais brasileiros e investimentos no SUS.
Em reação ao pronunciamento feito por Dilma em rede nacional de rádio e tevê, as entidades divulgaram uma “carta aberta aos médicos e à população brasileira”. No texto, anotam que o projeto do governo “é de alto risco” e “simboliza uma vergonha nacional.” Subscrevem o documento quatro entidades. Entre elas a Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina, que formulou proposta para levar médicos aos fundões do país.
Para essas entidades, a iniciativa do governo seria arriscada porque exporia a população brasileira “à ação de pessoas cujos conhecimentos e competências não foram devidamente comprovados.” Seria vergonhosa porque “tem valor inócuo, paliativo, populista e esconde os reais problemas que afetam o SUS.”
Que problemas? Falta de leitos e de medicamentos, ambulâncias paradas por falta de combustível, infiltrações nas paredes e goteiras nos hospitais, infraestrutura precária e baixa valorização dos médicos. Provocativo, o texto recorda o câncer que levou Dilma a tratar-se no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
“Há alguns anos, a presidente Dilma Rousseff foi vítima de grave problema de saúde”, anota a carta. “O tratamento aconteceu em centros de excelência do país e sob a supervisão de homens e mulheres capacitados em escolas médicas brasileiras. O povo quer acesso ao mesmo, e não quer ser tratado como cidadão de segunda categoria, tratado por médicos com formação duvidosa e em instalações precárias.”
As entidades informam que tomarão “todas as medidas possíveis, inclusive as jurídicas” para tentar barrar o projeto do governo. Além do protesto prevista para esta quarta-feira, as entidades organizam para o dia 3 de julho uma “paralisação nacional” dos médicos.
24 de junho de 2013
Josias de Souza - Notícias UOL
 
 
 

PRONTO! COMEÇOU! DILMA SE REÚNE COM GOVERNADORES E PREFEITOS DAS CAPITAIS.


Mas, antes, ela se encontra com os gênios do Movimento Passe Livre.
Olhem aqui: pouco me importa, nos sete anos deste blog, que se completam hoje, ficar como um Diógenes a segurar a lanterna. Não consigo achar isto bom: Dilma se encontra hoje com todos os governadores e prefeitos de capitais. Vai falar com alguns milhões de votos — de que ela também é portadora.
Antes, no entanto, recebe aquele celeiro de Schopenhaueres e Kants do Movimento Passe Livre. Não me peçam para vibrar com isso. Quando uma tese aloprada como a da gratuidade total dos transportes põe de joelhos a ordem democrática, algo está bastante errado — além da evidente coleção de ineficiências e desmandos da política e do estado brasileiros. Ainda voltarei ao tema mais tarde.
Não me peçam para vibrar com isso. Leiam o que informa a Folha
Na busca de atender a “voz das ruas” e reduzir o desgaste provocado pelas manifestações na imagem do governo e do país, a presidente Dilma reúne hoje com 27 governadores e 26 prefeitos de capitais para tentar fechar um pacote de medidas nas áreas da saúde, educação, mobilidade urbana e transparência. Antes do encontro, ela deve receber lideranças do MPL (Movimento Passe Livre), que deflagrou a onda de protestos pelo país. Além das medidas, o governo também passou a avaliar fazer uma reforma ministerial durante o recesso do Congresso, no mês de julho –mas a decisão não foi tomada.
Segundo a Folha apurou, a ordem da presidente à sua equipe é fechar medidas concretas já na reunião de hoje e nos próximos dias. A avaliação do Planalto é que, se os agentes públicos ficarem só no discurso, as manifestações vão continuar país afora.
A pressa do Palácio do Planalto está relacionada ainda a pesquisas reservadas feitas por partidos aliados que já registram novas quedas na aprovação de Dilma. A última pesquisa do Datafolha mostrou recuo de oito pontos na sua aprovação.
O governo vai anunciar aos governadores e prefeitos a criação de mais 2.000 vagas para médicos-residentes e um plano de construção de hospitais e compra de equipamentos hospitalares no país. As novas vagas para residência terão anúncio oficial amanhã.
O Ministério da Saúde também vai lançar o programa Mais Médicos Brasil, para trazer profissionais formados no exterior.

****
Os intelectuais do Planalto
 
Quando um governo e a TV GLOBO, acreditam que o POVO BRASILEIRO está ocupando às ruas por causa da "genialidade" dos companheiros comunistas do passe livre, não estamos valendo mais do que, 0,20 centavos.
É a primeira vez na história mundial que, o NADA dá entrevista coletiva.
24 de junho de 2013
Reinaldo Azevedo - Veja Online

CRIANÇAS PINTAM BANDEIRA EM FRENTE AO CONGRESSO EM ATO POR PAÍS MELHOR.

Cerca de 400 pessoas, entre adultos e crianças, participaram de evento. Manifestação é apoio a atos em todo o país por melhores condições de vida
 
Crianças participaram da confecção de cartazes e pintaram uma bandeira do Brasil em frente ao gramado do Congresso. Ato pediu respeito ao direito das crianças. (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)
Meninos e meninas de diversas idades participaram da manifestação, que demonstrou apoio a protestos em todo o país por melhores condições de vida. Grupo pretende entregar para a presidente Dilma Rousseff documento com reivindicações relacionadas às crianças. (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
Criança com mensagem por um futuro melhor participa de pintura (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)
Bebê também participou da manifestação na manhã deste sábado (22) em Brasília (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
 
 
24 DE JUNHO DE 2013
G1 - Distrito Federal

CAOS E ESTRATÉGIA ( 1 )

           
          Artigos - Movimento Revolucionário        

Tomando como ponto de partida o fato de que “o movimento” teve como seus criadores e mentores o Foro de São Paulo e a elite globalista condensada simbolicamente na pessoa do sr. George Soros, o seu objetivo geral já foi declarado muito antes de que o movimento eclodisse.

Nossos liberais e conservadores lêem Ludwig von Mises e Friedrich von Hayek e, vendo que eles tratam o marxismo como uma pseudo-ciência econômica, concluem alegremente que ele não vale nada, não merece maior atenção. Acontece que o marxismo enquanto ciência e técnica da ação revolucionária não depende em nada da “base econômica” que nominalmente o sustenta. Essa ciência e essa técnica são de uma exatidão assustadora e não podem ser compreendidas só com a leitura dos “pais fundadores” do movimento ou com a da sua crítica liberal: requer o acompanhamento de toda uma evolução do pensamento estratégico marxista, que começa com Marx e se prolonga até Saul Alinsky e Ernesto Laclau. Este último, invertendo a fórmula clássica das relações entre “infra-estrutura” e “super-estrutura”, propõe abertamente a tese de que a propaganda revolucionária cria livremente a classe da qual em seguida se denominará representante.
 
 Maior independência de toda “base econômica” não se poderia conceber. Aqueles que imaginam ter dado cabo do marxismo tão logo refutaram seus princípios econômicos se acreditam muito realistas, porque eles próprios são crentes devotos da “base econômica” do acontecer político, a qual os próprios marxistas já superaram há muito tempo. O marxismo deve ser estudado, em primeiro lugar, como uma “cultura”, no sentido antropológico do termo. Remeto os interessados a três artigos em que resumo o que penso a respeito (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/031218jt.htm, http://www.olavodecarvalho.org/semana/040101jt.htm e http://www.olavodecarvalho.org/semana/040108jt.htm).
 
Em segundo lugar, deve ser estudado como ciência e técnica da ação revolucionária, da intervenção ativa da elite revolucionária na sociedade e na história. Essa ciência é tão veraz, e a técnica que nela se arraiga é tão eficiente, que delas resulta este fato, tão fundamental entre todos e tão solenemente ignorado pelos críticos do marxismo: há pelo menos um século e meio o comunismo é o único – repito: o único – movimento político organizado unitariamente em escala mundial e dotado de uma consciência clara da sua continuidade, bem como das suas metamorfoses estratégicas. Todos os seus pretensos adversários e concorrentes são fenômenos locais, inconexos e passageiros, espalhados no tempo e no espaço como grãos de poeira soltos no vento, incapazes não só de fazer face ao rolo compressor do movimento comunista, mas até de enxergá-lo como um todo.

Sem nenhuma presunção de expor aqui o fenômeno no seu conjunto, mas raciocinando antes em função exclusiva dos últimos acontecimentos no Brasil, destaco adiante alguns pontos que, se não forem levados em conta, tornarão inviável qualquer tentativa de compreender os lances mais recentes da história continental e nacional.
O primeiro desses pontos é o seguinte: nenhuma ação comunista tem jamais – repito: jamais – um objetivo único e linear. Todas as decisões do comando estratégico comunista são sempre de natureza dialética e experimental. De um lado, jogam sempre com uma multiplicidade de forças em conflito, não interferindo jamais no quadro antes de ter uma visão bem clara das contradições em jogo e dos múltiplos sentidos em que elas podem ser trabalhadas. Sob esse aspecto, o pensamento marxista não mudou muito desde o começo.
Apenas aprimorou formidavelmente a sua visão das contradições, integrando no seu retrato mental da sociedade inúmeros tipos de conflitos novos que ou não existiam no tempo de Marx ou ele não julgou relevantes; por exemplo, o conflito entre os impulsos sexuais e a ordem social, ou entre pais e filhos. De outro lado, a essa visão dialética cada vez mais sutil e aprimorada o marxismo acrescenta o caráter experimental e não dogmático de todas as suas decisões e ações estratégicas. A articulação de dialética e experimentalismo permite que as ações do movimento comunista se beneficiem, por um lado, de uma multiplicidade de direções simultâneas que desnorteiam o adversário, e, por outro, de uma capacidade de agir por avanços e recuos mediante contínuas e não raro velocíssimas mudanças de rumo.
Quem quer que, ao analisar a recente explosão de protestos, concentre sua atenção nas reivindicações nominais – redução das tarifas de transporte público, “mais educação”, “mais saúde” etc. – para discutir sua justiça e viabilidade já prova, só nisso, sua total incompetência para lidar com o assunto. Mas quem quer que, furando essa primeira barreira de aparências, procure encontrar por trás delas um objetivo determinado e único que explique o conjunto, se engana talvez ainda mais desastrosamente.
Se os protestos têm um objetivo político determinado, este só é definido, na mente dos seus planejadores estratégicos maiores, em termos muito gerais e vagos. Gerais e vagos o bastante para admitir, a cada momento, novas e – para o adversário – imprevistas mudanças de rumo.

Tomando como ponto de partida o fato de que “o movimento” teve como seus criadores e mentores o Foro de São Paulo e a elite globalista condensada simbolicamente na pessoa do sr. George Soros, o seu objetivo geral já foi declarado muito antes de que o movimento eclodisse e não requer nenhum esforço especial de interpretação. Trata-se, em resumo, de encerrar a fase “de transição” e partir para a “ruptura” ou destruição ativa de um “sistema” já cambaleante e debilitado pela onipresente “ocupação de espaços”.
Os slogans escolhidos para instigar a massa não têm, em si, a mais mínima importância. Podem ser trocados a qualquer momento, conforme o rumo que as coisas vão tomando. A técnica da mutação também não é rígida, mas adapta-se velozmente a uma conjuntura em constante transformação; transformação que o próprio movimento acelera por sua vez. Não se trata, portanto, de alcançar este ou aquele objetivo concreto em particular, mas de operar com um leque de possibilidades em aberto e conservar, na medida do possível, algum controle do conjunto.
Essas possibilidades são exploradas simultaneamente e, conforme uma ou outra se revele mais viável ou mais problemática, será intensificada ou refreada pelo comando do processo. As mais importantes, a meu ver, são as seguintes:
(a) Trocar a própria liderança visível da esquerda, substituindo os agentes da “transição” pelos agentes da “ruptura”, decididos a ações mais drásticas.
(b) Espalhar o caos para justificar medidas de força, aproveitando para, no mesmo ato, testar os “agentes de transição”: se conseguirem controlar repressivamente a situação e aumentar o poder do grupo dominante, sobreviverão; caso contrário, serão trocados.
(c) Incitar à ação pública as forças antagônicas (cristãos, patriotas, conservadores etc.), para mapeá-las e averiguar as possibilidades de controlá-las ou extingui-las.
(d) Caso a evolução do movimento se mostre majoritariamente favorável aos objetivos dos planejadores, fomentá-lo ainda mais para que a própria ação da militância enragée adquira autonomia e conquiste autoridade por si própria, transmutando-se em nova estrutura de governo.
Esta possibilidade, a mais ostensivamente “revolucionária”,.parece já ter sido excluída, na medida em que as forças antagônicas, malgrado sua total desorganização e ausência de comando, se mesclaram ao movimento, ocuparam as praças públicas e acabaram, em certos casos, por acuar e sobrepujar a militância esquerdista.
O próprio comando da esquerda militante ordenou que as manifestações cessassem, o que imediatamente deixa o campo livre para as massas antagônicas e favorece, ipso facto, a adoção da via repressiva para estrangular a ameaça de um “golpe teocrático e fascista”. Se esse estrangulamento tomará a forma de uma repressão policial violenta ou de um simples incremento do aparato de investigação e controle social, é cedo para dizer.
O detalhe mais importante, aí, é que as forças antagônicas se constituem exclusivamente de massas amorfas e desorganizadas, sem o mais mínimo comando estratégico e até sem aquelas figuras de heróis improvisados que um erro terminológico denomina “líderes”, quando o certo seria chamá-los apenas de “símbolos aglutinadores”. Essa massa é numericamente superior, seja à militância organizada do Foro de São Paulo, seja às tropas de arruaceiros subsidiadas pelo sr. George Soros. Sua presença nas ruas, bem como a vaia multitudinária que despejou sobre a presidenta Dilma Rousseff, são, no sentido mais estrito do termo, explosões espontâneas e anárquicas no mais alto grau, contrastando, nisso, com a ação bem planejada dos militantes do outro lado, que ocupam o espaço público armadas de instruções precisas, de slogans bem ensaiados (em Brasília, viu-se até o texto de uma convocatória inteira recitado em côro pela multidão). Desse modo, o que se viu nas ruas não foi uma competição entre forças de um mesmo gênero – duas militâncias, duas ideologias, duas forças políticas –, mas entre dois tipos de multidão radicalmente heterogêneos: a massa e a militância, a revolta confusa e a ação premeditada.
Quem não levar em conta esses fatores não entenderá absolutamente nada do que está acontecendo e estará privado até da mera possibilidade teórica de uma ação conseqüente.

 ***
O que acabo de dizer pode levar o leitor surpreso a concluir que no meu entender, ou mesmo na realidade das coisas, os mentores do movimento comunista são gênios fora do comum, capazes de pensar em todas as alternativas ao mesmo tempo e de manejar todas as peças do tabuleiro.
Decerto não é bem assim. Comparado com a vastidão do seu alcance, o movimento comunista teve um número relativamente pequeno de gênios estratégicos, a começar por Lênin e Stálin, e um número um pouco maior mas nada notável de talentos estratégicos secundários, como Saul Alinsky, Ernesto Laclau ou a dupla Cloward & Piven. Mas algumas regras explícitas e tácitas que esses e outros seguiram acabaram por se incorporar à “cultura” comunista, isto é, a um conjunto de hábitos reflexos de pensamento compartilhados por toda a militância, que os assimila sem grande exame crítico, às vezes até num nível semiconsciente e pré-verbal. Isso quer dizer que essas regras transparecerão nebulosamente na conduta de líderes e militantes como as regras da gramática transparecem, deformadas mas não abolidas, na fala de quem nunca estudou gramática.
Não é preciso dizer que, na passagem dos princípios estratégicos explícitos e criticamente elaborados às regras semiconscientes automatizadas, o que era tirocínio estratégico se rebaixa ao estatuto de cacoetes mentais e de uma espécie de estupidez astuta; a complexidade do raciocínio dialético aparece agora como pensamento dúplice e escorregadio, uma espécie de incompreensão maliciosa que tudo deforma, mas deforma num sentido coerente com os propósitos gerais do movimento comunista e benéfico aos interesses do Partido.
Quem estudou o livro do psiquiatra polonês Andrew Lobaczewski, Political Ponerology, reconhecerá aí a queda de nível desde uma liderança original psicopática a uma classe de epígonos histéricos. A psicopatia é compatível com elevado grau de inteligência e aguda consciência da situação real. O epigonato histérico copia a conduta psicopática sem compreendê-la muito bem e, por isso, não diferencia claramente o diagnóstico objetivo da situação e o discurso de auto-identidade partidária. Dito de outro modo: não percebe muito bem quando está descrevendo uma situação objetiva e quando a está deformando para reforçar o sentimento de unidade da militância, fomentar o ódio ao inimigo ou persuadir a militância a seguir determinada linha de ação. O psicopata, quando mente, sabe que mente. No histérico, a mentira conveniente já se interiorizou ao ponto de não poder ser discernida como tal. O resultado é que uma visão totalmente falsa da situação pode, paradoxalmente, produzir uma ação relativamente eficiente, na medida em que reflete ainda, de longe e obscuramente, a visão estratégica originária. É como se disséssemos que o epígono ou militante histérico é louco, mas não rasga dinheiro: tem uma visão deformada da realidade, mas deformada num sentido que, por força dos automatismos acumulados na cultura comunista e da sua raiz longínqua numa visão estratégica consciente, ainda favorece a ação partidária.
Um exemplo claríssimo desse fenômeno é o recente pronunciamento do sr. Valter Pomar, reproduzido abaixo como Apêndice 2.
Ele começa assim: “Quem militou ou estudou os acontecimentos anteriores ao golpe de 1964 sabe muito bem que a direita é capaz de combinar todas as formas de luta.”
Historicamente isso é falso. A direita brasileira nunca teve, por exemplo, um partido de massas ou uma militância adestrada e organizada. Muito menos teve uma rede mundial de partidos aliados, uma “internacional”. Nem teve uma rede organizada de editoras de livros como o Partido Comunista sempre teve. E, durante todo o tempo de ocupação esquerdista do governo, nunca teve à sua disposição centenas de jornais “nanicos” como a esquerda teve durante o regime militar. Muito menos uma militância estudantil significativa. Muitas são as “formas de luta” que lhe faltaram e faltam.
Pomar não parece ter a mínima consciência disso. No entanto, tomar a falsidade como um fato ajuda a fortalecer a unidade da militância esquerdista pelo temor a um inimigo comum evocado de um passado quase mítico.
Pomar não está mentindo intencionalmente. Está mesclando e confundindo os dois níveis de discurso – a descrição da realidade e o apelo à unidade do grupo ouvinte --, como é próprio dos epígonos histéricos e da “estupidez astuta” a que me referi, quase que uma “deficiência eficiente”, expressão paradoxal que corresponde à natureza paradoxal do fenômeno mesmo.
 
[Continua]

24 de junho de 2013
Olavo de Carvalho

NOSSA PERFEITA IDIOTA TARDIA


Há quem veja virtudes no pronunciamento muito sem graça de dona Dilma, em resposta às “jornadas de junho”, como já foram chamadas por intelectuais que adoram aliterações os protestos deste mês. Ora, para começar, a presidente embutiu uma grossa mentira em sua fala:

“Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto com as arenas é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas e os governos que estão explorando estes estádios. Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários como a Saúde e a Educação”. Conversa para meninos de passeata dormirem. Ora, de acordo com o Ministério do Esporte, o custo da Copa do Mundo subiu de 25,5 bilhões de reais em abril para 28 bilhões de reais atualmente. O valor total previsto de gasto é de 33 bilhões de reais até 2014. O desmentido vem de casa.

Não bastasse mentir – o que a bem da verdade já não fica mais feio em um presidente da República – dona Dilma, isto é, seu ghost writer, aproveitou o azo para acenar com a importação dos famosos médicos cubanos, tão rejeitada pela classe médica brasileira e tão almejada pelo PT: “trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde, o SUS”.

Não bastasse prever uma maõzinha aos camaradas cubanos, vítimas da indigência do socialismo castrista, em seu pronunciamento na TV disse ser a favor da transparência em seu governo, ao mesmo tempo em que proibia a divulgação dos gastos milionários das suas viagens ao exterior. Verdade que recuou deste propósito, com o gesto envergonhado de criança que suja as calças. Agora só serão secretos os gastos com segurança. Que servirão, obviamente, para esconder gastos com mordomias outras.

Pelo menos já não manifestava seu orgulho inicial – e demagógico - pelos jovens que depredavam cidades. Mas ainda via um saldo positivo nas depredações: "Se aproveitarmos bem o impulso desta nova energia política, poderemos fazer, melhor e mais rápido, muita coisa que o Brasil ainda não conseguiu realizar por causa de limitações políticas e econômicas".

Veja já via uma “revolução verdadeira” no repúdio ao PT durante as manifestações. “Em 1992, em gesto de desespero, o então presidente Fernando Collor convocou os brasileiros a sair às ruas de verde e amarelo. O povo saiu de preto e ele saiu do palácio do Planalto. (...) Lula mandou os sindicalistas se fingirem de povo e o resultado foi o mesmo. Cascudos nos intrusos e bandeiras queimadas e rasgadas. Os esquerdistas tiveram de ouvir um dos mais elegantes xingamentos da história mundial das manifestações: “Oportunistas, oportunistas”.

Ora, o máximo que parece ter ocorrido é uma queda nas preferências por dona Dilma nas próximas eleições, que eram consideradas favas contadas pela presidente e mesmo pela imprensa. Cá entre nós, se o PT não conseguir emplacar a Presidência ano que vem, não se trata de revolução, mas de simples alternância de poder. Se é que algo muda neste país, quando oposição assume governo.

Temerosa da reação das urnas, e ciente de que seu pronunciamento não só caiu no vazio mas foi também contraproducente, a presidente volta à carga. E propõe, entre outras medidas, uma medida radical, um pacto pela construção de uma ampla e profunda reforma política, que amplie a participação popular.

Dona Dilma disse que vai propor um plebiscito para decidir pela convocação de uma Constituinte exclusiva para tratar da reforma política no país. Reforma política é a palavrinha mágica de todo demagogo, o “abre-te Sésamo” para a reeleição. Nada de novo sob o sol. No Manual do Perfeito Idiota Latino-americano, publicado há 13 anos, seus autores já prevêem este recurso usual dos perfeitos idiotas latino-americanos:

“Aos cinquenta anos, depois de ter sido senador e talvez ministro, nosso perfeito idiota começará a pensar em suas opções como candidato presidencial. O economista poderia ser um magnífico ministro de Fazenda seu. Tem a seu lado, além disso, nobres constitucionalistas de seu mesmo signo, professores, tratadistas ilustres, perfeitamente convencidos de que para resolver os problemas do país (insegurança, pobreza, casso administrativo, violência ou narcotráfico) o que se necessita é uma profunda reforma constitucional. Ou uma nova Constituição que consagre por fim novos e nobres direitos: o direito à vida, à educação gratuita e obrigatória, à intimidade, à inocência, à velhice tranqüila, à felicidade eterna. Quatrocentos ou quinhentos artigos com um novo ordenamento jurídico e territorial, e o país ficará como novo. Nosso perfeito idiota é também um sonhador”.

Nossa perfeita idiota está se revelando tardiamente.


24 de junho de 2013
janer cristaldo

BARROSO, QUE ASSUME QUARTA NO STF, TORPEDEIA "CONSTITUINTE EXCLUSIVA" DE DILMA


 
O novo ministro do STF, Luis Roberto Barroso, detona a proposta da presidente Dilma Rousseff.

MPL SAI BATENDO EM DILMA: "DESPREPARADA"

Após reunião com a presidente Dilma Rousseff, o Movimento Passe Livre saiu do Palácio do Planalto dizendo que o governo federal não apresentou nenhuma proposta concreta para zerar a tarifa do transporte público ou melhorar o serviço. "Diálogo é um passo importante, mas sem ações concretas, que firmem essas melhorias para a população, não existe avanço", disse Mayara Vivian, uma das líderes do MPL.
 
Segundo os líderes do movimento, os quatro militantes que vieram de São Paulo foram convidados pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, no sábado, 21. A Presidência da República custeou, de acordo com eles, a passagem para Brasília. "A gente não tem dinheiro nem para pagar R$ 3,20", justificou Mayara.
 
Os líderes do MPL defenderam o empenho do governo na PEC 90, que torna o transporte público num direito social, mas Dilma se comprometeu apenas a fiscalizar os gastos dos recursos públicos com transporte. "Se tem dinheiro para construir estádio, tem sim para tarifa zero", insistiu Mayara. Eles contaram que essa foi a primeira vez que a Presidência da República recebeu um grupo ligado a defesa do transporte público e deixaram a reunião criticando o "despreparo do governo" para lidar com a questão.
 
O grupo deixou o Palácio do Planalto anunciando que continuará mobilizado até que medidas concretas sejam anunciadas e que o MPL se somará nesta semana às "lutas das esquerdas". "As manifestações seguem até a gente conseguir o nosso objetivo, que é a tarifa zero", disse Marcelo Hotinsky, um dos líderes do MPL.
 
(Estadão)
 
24 de junho de 2013
in coroneLeaks

AÉCIO QUER ÉTICA, TRANSPARÊNCIA, COMBATE À CORRUPÇÃO E PACTO FEDERATIVO


Potencial candidato do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG) anuncia ainda nesta segunda-feira um manifesto pela ética, transparência, combate à corrupção e pacto federativo. O documento, que será assinado também pelo DEM e pelo PPS, foi preparado antes mesmo da reunião da presidente Dilma Roussefff com governadores e prefeitos de capitais.
 
Sob título "As ruas pedem um Brasil diferente", o manifesto prega maior participação do governo no combate à criminalidade e aplicação de recursos federais na área de saúde. No cápítulo da reforma política, o texto prevê voto distrital misto e fim das coligações proporcionais.
 
O texto foi submetido a governadores e prefeitos do PSDB na manhã desta segunda-feira, numa reunião prévia. Na conversa, os tucanos discutiram uma estratégia comum. Ele recomendou que os governadores e prefeitos do partido se manifestassem durante a reunião e depois. "É hora de acabar com a prática de transferência de atribuições e responsabilidades para estados e municípios sem contrapartida da União", disse Aécio, após a reunião em seu partido.
 
(Folha Poder)
 
24 de junho de 2013
in coroneLeaks

NYT: COM IMPÉRIO EM CRISE, EIKE PODE PERDER O CONTROLE DO GRUPO EBX

REUTERS/Mario Anzuoni

Com o império em crise, o bilionário Eike Batista pode perder o controle do grupo EBX. Em um reportagem especial sobre as perdas das empresas do brasileiro nos últimos meses, o jornal norte-americano "The New York Times" afirma que, com o aumento das dívidas do grupo, os principais credores (grandes bancos) "poderiam levá-lo a uma reestruturação que poderia lhe custar o controle das companhias".
 
Ainda de acordo com o "NYT", as dificuldades do bilionário refletem o momento atual da economia brasileira, com a reversão de expectativas dos investidores internacionais.
 

Eike pode vender fatia na MMX


Nesta segunda-feira (24), a empresa de mineração MMX (MMXM3) afirmou que o bilionário pode vender parte da participação que possui. Em um ano, as ações da empresa registram queda de mais de 80%.
 
Em comunicado enviado ao mercado nesta segunda-feira (24), a empresa informou que está avaliando "oportunidades de negócios", incluindo a venda de ações do controlador da companhia, e ativos para investidores nacionais e estrangeiros.

CLIQUE NA IMAGEM E VEJA OS NEGÓCIOS DE EIKE BATISTA

  • Arte/UOL

Império em crise

As empresas do grupo EBX (OGX, MMX, MPX, OSX, LLX e CCX), do bilionário Eike Batista enfrentam uma forte crise na Bolsa de Valores. No 1º trimestre, o prejuízo acumulado foi de R$ 1,154 bilhão de janeiro a março, contra R$ 180,6 milhões em 2012 (alta de 539%).
 
A ação da mineradora de carvão de Eike Batista, CCX (CCXC3), registra queda de quase 80% apenas em junho, após o empresário Eike Batista ter divulgado um comunicado suspendendo uma oferta de compra das ações para tirar a empresa da Bolsa.
 
A OSX Brasil, empresa de estaleiros do grupo, negou ter dado um calote de R$ 500 milhões na espanhola Acciona, suscitando dúvidas no mercado em relação à sua capacidade financeira.

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Veja fatos e curiosidades da trajetória de Eike Batista

Confira, a seguir, fatos e curiosidades que marcaram a vida do empresário Eike Batista Arte/UOL

Mais rico do mundo

Em maio de 2011, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, o brasileiro disse que se tornaria o mais rico do mundo até 2015 -mas o sonho tem ficado cada vez mais distante.
 
De lá para cá, suas empresas deixaram de cumprir cronogramas e de atingir metas, as ações das empresas do grupo EBX vêm perdendo valor na Bolsa e, consequentemente, a fortuna de Eike vem encolhendo.

24 de junho de 2013
 UOL
(Com agências)

PARA BETO RICHA, PRIORIDADE DE DILMA É O ESTÁDIO, NÃO EDUCAÇÃO E SAÚDE

Beto Richa culpa Dilma pelos protestos de rua: ‘prioridade é o estádio, não educação e saúde’
 


O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), é categórico ao avaliar os efeitos da reunião de Dilma Rousseff com governadores e prefeitos:
 
“Não vai dar em nada”.

Em entrevista ao blog, Richa disse que viajou a Brasília a contragosto. Enxergou no convite da presidente uma “tentativa de dividir o ônus da crise com outros outros governantes.”
 
Richa falou pouco antes de entrar na sala de Dilma. Atribuiu ao governo dela a responsabilidade pelos protestos de rua. Acusou a União de discriminá-lo por ser oposicionista.
As verbas da Copa são liberadas sem problemas, afirmou. Mas financiamentos internacionais para outras áreas encontram-se bloqueados no Tesouro Nacional.
“O povo tem razão quando diz que a prioridade é estádio e não educação, saúde e segurança.” Vai abaixo a transcrição da conversa:
— Com que ânimo vai ao encontro com a presidente?

Eu não estava com muita vontade de vir, não.
 
— Por quê?

Tinha muitos compromissos no Paraná. E acho que esse encontro não vai dar em nada. É uma tentativa de dividir o ônus da crise com outros outros governantes.
 
— As culpas não são compartilhadas?

Creio que todos têm uma parcela de responsabilidade. Mas as insatisfações maiores, acumuladas ao longo do tempo, têm origem no governo federal. Não há a menor dúvida.
 
— De onde vem a sua certeza?

Vem dos problemas de falta de ética, de corrupção. Vem também da falta de resolução dos problemas críticos do país, sobretudo em infraestrutura e na melhoria dos serviços públicos em áreas como saúde e educação.
 
— O que deixou de ser resolvido?

Veja a área da saúde. Nesse setor, não tem balela. É dinheiro. Sem dinheiro não se faz nada. Quando se regulamenta a Emenda 29, exigindo 15% das receitas dos municípios e 12% das receitas dos Estados para investimentos em saúde, e a União lava as mãos em relação à sua parte, dá nisso que estamos vendo.
 
— A União não entra com a parte dela?

Nos últimos dez anos, a União reduziu sistematicamente seus investimentos em saúde. Há dez anos, a União era responsável por 70% do financiamento da saúde. Hoje, responde por menos de 30%. Transferiu responsabilidades para Estados e municípios sem a devida contrapartida. Os serviços públicos se deterioraram. E a população sente. A irritação culminou com o aumento da passagem de ônibus. Mas as causas são maiores.
 
— Acha que a situação pode mudar?

Não creio. O problema é de falta de visão estratégica para o país. Veja o que acaba de acontecer com os portos. Cometeu-se outro erro.
 
— A aprovação da MP dos Portos foi um erro?

Nós temos o Porto de Paranaguá, segundo maior do Brasil. Tínhamos todo o planejamento pronto para os investimentos. De repente, puxaram tudo para Brasília. E os próprios técnicos [do governo federal], que estão em contato com o nosso superintendente do porto e com o nosso secretario de Infraestrutura, diziam que foi um erro estratégico, uma decisão política destinada a tirar o poder dos Estados. Investimentos que poderiam ser feitos com muito mais agilidade estão sendo retardados. Eles reconhecem que não têm estrutura.
 
— Se os técnicos dizem que foi um erro, por que acha que foi feita a alteração?

É uma concentração extravagante de poder em Brasília. Os investimentos serão retardados. Os técnicos reconhecem que não têm capacidade para fazer as coisas na velocidade que o país precisa. Mas a ideia é concentrar tudo em Brasília. Ainda mais comigo, que sou um adversário político.
 
— Considera-se discriminado por ser da oposição?

Basta te dizer que o Paraná é o quinto Estado que mais contribui com receitas para a União na arrecadação de impostos. E é o 23º na lista dos recebimentos de verbas federais. As coisas só acontecem quando a decisão não passa pelo campo político.
 
— Como assim?

Por exemplo: o envio de recursos da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades para casas populares. Nessa área, nós temos a maior parceria do Brasil. Nosso governo é ágil. Como prefeito de Curitiba, já tínhamos feito a maior parceria do país. E agora novamente. Meu secretário de Habitação, Mounir Chaowiche, é um dos maiores conhecedores da área. Ele tem 30 anos de Caixa Econômica. As coisas acontecem. Me dou bem com o ministro José Eduardo Cardozo [Justiça]. Ele reconheceu que o Paraná apresentou os maiores e melhores projetos para se habilitar ao programa nacional de apoio ao sistema prisional. Agora, se depender de decisão política, estou ferrado.
 
— Quando fala em ‘decisão política’ está se referindo às decisões que passam pela ministra Gleisi Hoffmann [chefe da Casa Civil, pré-candidata do PT ao governo paranaense]?

Pode ser. Não digo com certeza porque quem bate esconde a mão. Mas digo com clareza: quando a coisa depende de decisão política, nada anda.
 
— Pode dar exemplos?

O povo tem toda razão quando vai pra rua, furioso, para reclamar que tem dinheiro pra estádio e não tem dinheiro pra educação. Isso eu comprovo. Tenho acesso aos financiamentos para obras da Copa e não tenho acesso aos financiamentos internacionais para investimentos em educação.
 
— Se os financiamentos são internacionais, em que a União atrapalha?

Esses financiamentos já foram aprovados pelo Senado e estão bloqueados na STN [Secretaria do Tesouro Nacional], sob a alegação de que nós atingimos o limite prudencial nos gastos com pessoal.
 
— Mas os gastos do Paraná ultrapassaram o limite da prudência?

Atingimos o limite prudencial por uma razão objetiva. O governo federal me tirou US$ 1 bilhão de receita. Alegaram também que havia umas 40 pendências de governos anteriores. Resolvemos tudo. Aí esbarramos no limite prudencial de gastos com servidores. E o nosso limite foi alterado porque me tiraram receita.
 
— Como o governo federal tirou R$ 1 bilhão da receita do Paraná?

Ao zerar a Cide [contribuição cobrada na venda de combustíveis], perdi R$ 100 milhões. Com as reduções das transferências do FPE [Fundo de Participação dos Estados], perdi pouco mais de R$ 400 milhões. Com a redução da conta de luz, nós perdemos R$ 500 milhões. Só aí temos R$ 1 bilhão. Eles fazem benesses com impostos que são compartilhados.
 
— Foi essa perda que resultou em obstáculos para a obtenção de financiamentos? 

Depende da área. Para obter eu financiamentos para a Copa não tem restrição nenhuma. Mas financiamentos de R$ 2,5 bilhões para educação, saúde, segurança, agricultura, meio ambiente e área social estão travados na Secretaria do Tesouro Nacional.
Isso depois de terem passado pelo crivo do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que são extremamente rigorosos. Então, o povo tem razão quando diz que a prioridade é estádio e não educação, saúde e segurança.
 
— Mas a Secretaria do Tesouro deve trabalhar com critérios técnicos, não?

O Rio Grande do Sul, em todos os aspectos da questão fiscal de comprometimento com a folha, é muito pior que o Paraná. E ele [o governador petista Tarso Genro] teve acesso a todos os recursos internacionais que pleiteou.
A questão é de ter boa vontade ou má vontade. Quando há má vontade, olha-se com lupa qualquer vírgula.

24 de junho de 2013
Blog Josias de Souza - UOL