"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 20 de abril de 2012

O BRASIL DE TODOS NÓS

 
Roberto DaMatta
Todos nós somos fadados a falar do Brasil. O Brasil é o todo que nos engloba e nós somos a parte que, sem esse todo, perde o chão ou a terra.
Terra é um conceito arcaico.
Desterrar foi uma punição tão tenebrosa quanto a morte.

Que falem os exilados de todos os calibres. Em inglês ainda se usa “land” (jamais “earth”), mas você tem de assistir a um velho filme de John Ford, como “O Homem Que Matou o Facínora”, para ouvi-la claramente na expressão “the law of the land”, porque, nessa película, trata-se de estabelecer o governo da lei numa “terra” sem regras impessoais: num sistema, as normas que não dependem das pessoas que governam as condutas individuais.

No filme, vemos uma sociedade onde as relações pessoais com seus sentimentos particulares de simpatia, dívida, ousadia, como poder e o poder da ousadia, são dominantes e inventam a figura de um facínora cujo nome é significativamente Liberty Valance.
É justamente para regular essa liberty que existe a regra da lei geral, com suas instituições e agentes.

No filme, a ausência da lei se faz por meio da violência cara a cara, cujos símbolos são o revólver e o chicote. Neste Brasil de todos nós, as tramoias são feitas – eis o que constrange e revolta – indiretamente, com a lei.
No Brasil, a lei é onipresente, mas ela não tem alma, porque nela a autoridade vê apenas a letra, deixando de fora o espírito dos valores da sociedade da qual ela faz parte. Ora, uma lei sem alma é o que vemos revoltados em todos os poderes da república onde se prefere atuar mecânica – ou retoricamente -, deixando de lado a alma que levaria a um controle dos interesses apaixonados – coisa que os liberais clássicos conheciam bem.

Assim, temos testemunhado muita letra e pouca alma, muito direito e pouca ética. Muita técnica legal e pouco sentimento de justiça igualitária. Seja no julgamento absurdo das menores violentadas, seja na reação às roubalheiras do dinheiro público pelas pessoas justamente encarregadas de administrá-lo.

* * * *

Ainda sentimos mais saudade do Brasil como terra do que como país
O conceito de “terra” está enraizado e jamais foi estudado criticamente entre nós. Pois se a “terrinha” fala de um Portugal da origem, a “terra” é o Brasil: aquele lugar onde o gorjeio das aves distinguem o “lá” (do exílio) do “cá” como o lugar plano do aqui e agora.
A terra que me recebeu neste teatro. Que me obriga a ter saudade e que, um dia – queira Deus -, vai me receber novamente no seu doce seio.

Ainda sentimos mais saudade do Brasil como terra do que como país, para ampliar um estudo magistral que José Guilherme Merquior faz da poesia “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias.

Mas quem é que hoje em dia assiste a filmes de John Ford e lê Gonçalves Dias?, interrogaria o leitor abarrotado de Titanics, Rambos e da poesia inefável das músicas sertanejas?
O mundo – seu cronista reacionário – mudou!

Mas, respondo eu: de fato não temos mais as aves gorjeando, nem John Fords. Mas, continuamos a sofrer a vergonha das roubalheiras promovidas por um sistema que insiste em não admitir que um “homem público” não tem nem pode ter – dentro dos limites do bom senso – vida privada!

Não passamos uma semana sequer sem alguma novidade negativa em relação ao campo público, ao mesmo tempo que o mundo todo vai ficando cada vez mais transparente para cada um de nós.
E a nossa novidade é velha: alguma pessoa pública tirou vantagem pessoal de algum cargo governamental, seja na contratação superfaturada de alguma obra ou na compra de um produto; seja numa aposentadoria indevida, na qual a lei é ampliada para o seu caso; seja na obtenção – vejam o surrealismo – de um doutoramento em que todos os membros da banca fazem tudo, menos examinar o candidato ministro, o que envilece gente como eu que, para obter o mesmo grau, fiz pesquisa, escrevi tese inédita, e como professor, examinador e eventual coordenador de um programa de pós-graduação no Museu Nacional, jamais confundi pessoa e papel na esfera do poder com a vida intelectual.
Tudo foi dentro do regimento, mas foi ético?, pergunta este pateta reacionário que vos escreve.

Alguns cargos públicos, sobretudo os de presidente, papa, rei, governador e prefeito, que o jurista inglês Henry Maine chamava de “instituições solitárias”, são papéis ocupados exclusivamente por um ator que, neles, torna-se um “personagem”, uma “figura” ou um “figurão” (quando fazem inocentes malfeitos, como roubar alguns milhões de reais de catástrofes).
Sua característica básica é que eles englobam totalmente o ator e não permitem que ele possa sair dos seus requisitos legais e estruturais.
Quando investidos nesses papéis, os atores têm de pesar cada palavra, gesto ou relação.

Daí a ética e o viés de sacrifício que os cercam, pois que exigem do ator uma disciplina que nem sempre é seguida, porque em sociedades marcadas pela desigualdade, pelo aristocratismo oculto e resistente dos “homens bons” e de suas múltiplas elites (inclusive as populares), como ocorre justamente neste Brasil de todos nós.
Aqui arremato: não é o papel que ocupa a pessoa, mas é a pessoa quem domina, apropria-se e, mais das vezes, avilta o papel.
Falta esse debate na nossa esfera política que adora os gregos como Demócrito e Platão, mas carece de Tocqueville, de Weber, de Arendt e de Jaspers. De gente capaz de dizer: isso eu não faço!

Roberto DaMatta
20 de abril de 2012
Fonte: O Estado de S. Paulo

A VERDADEIRA FAXINA ÉTICA

 
Merval Pereira
À medida que o tempo passa e novas denúncias vão surgindo, fica mais claro que a CPI do Cachoeira é uma grande oportunidade para fazer a verdadeira faxina ética que os acontecimentos estão a exigir da sociedade brasileira.
Criada por interesses nem sempre os mais transparentes, essa CPI pode se transformar na nossa chance de zerar o jogo político e começar de novo, diante das evidências de que os tentáculos da quadrilha do bicheiro goiano há muito evoluíram para além de suas próprias fronteiras.

Parece claro a esta altura que a CPI dificilmente servirá aos interesses partidários que a geraram, dentro do PT ou até mesmo na oposição, que começou o processo como a grande vítima devido à descoberta das ligações do senador Demóstenes Torres com o bicheiro, e quer virar o jogo trazendo para o centro do ringue o onipresente José Dirceu, ícone de uma ala da esquerda petista que pretendia, nas palavras de um de seus mais importantes seguidores, o presidente do PT, Rui Falcão, usar a CPI para denunciar “a farsa do mensalão”.

Todas as indicações são no sentido de que, mesmo antes de se conseguir montar as representações partidárias para compor a CPI, as dissensões na base aliada servirão de pano de fundo da comissão, em torno da qual o governo só terá maioria conjuntural, dependendo de quem estiver no alvo naquele justo momento.

Haverá ocasiões em que o PMDB estará ao lado das oposições para deixar o PT em maus lençóis, haverá outros em que um pequeno partido da base aliada poderá trair o governo, para se vingar de alguma ação pretérita ou para se cacifar para negociações futuras.
Nascida da sede de vingança do ex-presidente Lula contra o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, uma CPI de amplo espectro como esta dará oportunidade a todos de tentar apanhar seus desafetos em algum “malfeito”.

Pegue-se o caso da construtora Delta, que, assim como seu parceiro Carlinhos Cachoeira, tem obras em praticamente todos os estados brasileiros, acima dos partidos, tendo como objetivo apenas o lucro imediato. Como expô-la ao escrutínio da CPI exporá também governadores e políticos de diversos calibres e siglas partidárias, dificilmente será possível protegê-la, e sobrará para todos os lados.
Essa briga de foice no escuro, sem uma organização clara, pode, afinal, ser boa para a cidadania, pois apenas os que não estão fazendo militância política não têm nada a perder com ela.

Por uma dessas conjunções de forças que o destino às vezes arma, estamos entrando num momento, a partir de hoje, em que o Poder Judiciário será comandado por dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que já deram mostras, pelos seus votos e posicionamentos anteriores, de que têm a mesma percepção sobre a necessidade de reforçar a ética nas relações políticas e sociais: a ministra Cármem Lúcia assume o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o ministro Carlos Ayres Britto, o Supremo Tribunal Federal.

Como a Lei da Ficha Limpa tem uma nítida correlação com o julgamento do mensalão, o empenho dos dois será para que o processo entre em pauta a tempo de deixar livre o caminho para a realização das eleições sem questões jurídicas pendentes.

O novo presidente do STF tem até novembro para colocar em julgamento o processo do mensalão, pois naquele mês se aposentará por ter atingido a idade máxima. Por isso ele tem deixado claro nas entrevistas dos últimos dias que fará tudo para que o término do julgamento ocorra até 6 de julho, data em que o processo para as eleições municipais começa oficialmente.

O ambiente político desencadeado pela convocação da CPI está estimulando o anseio da sociedade pela punição dos responsáveis pela corrupção
No entanto, o que parecia uma data-limite transformou-se apenas em uma “data ideal”, pois o ministro Ayres Britto deixou claro que o julgamento ocorrerá mesmo que concomitantemente ao processo eleitoral.
O ministro Marco Aurélio Mello, que assumirá a vice-presidência do Tribunal Superior Eleitoral, também não vê motivos para que a eleição impeça o julgamento, pois “não estamos engajados em política partidária”. Nem mesmo a aposentadoria de um dos membros em meio ao julgamento seria causa de interrupção, considera Marco Aurélio Mello, pois o voto de Minerva do presidente pode decidir eventual empate.

Essa questão surge quando se sabe que o ministro Cezar Peluso se aposentará em setembro, e há quem considere que um processo tão delicado politicamente como o mensalão só poderia ser julgado com os 11 ministros presentes.
O ministro Marco Aurélio Mello só dista da tendência geral, quando considera disparatada a ideia de usar o recesso de julho, se necessário, para realizar o julgamento.

O ministro Ricardo Lewandowski, que é o responsável não apenas pelo voto do revisor no mensalão, mas também está com o processo do envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) com a máfia do bicheiro Carlinhos Cachoeira, parece já ter entendido a ansiedade da opinião pública e promete dar seu voto em breve.

O ambiente político desencadeado pela convocação da CPI, em vez de neutralizar o julgamento do mensalão, está estimulando o anseio da sociedade pela punição dos responsáveis pela corrupção, venha de onde vier.

merval pereira
Fonte: O Globo, 19/04/2012

PROIBIR O MMA NA TV - PROTEGER AS CRIANÇAS, UMA OVA!





“No Brasil tem a proibição de rodeio em algumas cidades porque machuca o animal, a Espanha acabou de proibir a tourada porque machuca o touro, aqui no Brasil é proibido rinha de galo, rinha de canário e pode MMA, é uma coisa brutal, é uma briga de rua”. É com argumentos como esse que José Mentor (PT-SP) apresentou um projeto de lei na Câmara dos Deputados solicitando a proibição da transmissão de qualquer luta de Artes Marciais Mistas (ou Mixed Martial Arts, na sigla em inglês MMA) em canais de televisão abertos ou fechados.

“Chegam ao cúmulo de transmitir lutas violentas em horários comuns às crianças e adolescentes” , protesta o deputado petista em total dissonância com um partido que elabora "kits gays" para acostumar estudantes de ensino fundamental na prática do homossexualismo e que, nos últimos dias, colocou em um Ministério uma militante que assume ter abortado alegremente dois de seus filhos e aprendido a "sugar" fetos na Colômbia cometendo crimes naquele país.

Já deu para perceber que o objetivo do Partido dos Trabalhadores em, digamos, "democratizar" o MMA, não tem nada a ver com a proteção das fracas e oprimidas criancinhas e adolescentes. Mas então o que quer o PT? Desconfio o mesmo de sempre: controle e dinheiro - muito dinheiro.

Segundo dados da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), o UFC-Rio (um dos vários eventos de MMA) atraiu uma ocupação de 78% na período do evento ano passado, fora a valorização cada vez maior dos ingressos em uma marca que já vale 2 bilhões de dólares e não pára de crescer.

O exemplo dado pela procura de hotéis já dá medida suficiente da força do evento em atrair investidores, anunciantes e (porque não?) o olho gordo daqueles que jamais dormem: os mafiosos incrustados em todos os níveis da máquina estatal. Os mesmos colocaram olho gordo no futebol brasileiro e desde então o esporte amarga uma corrupção sem limites, permanece comandado despoticamente e arrisca protagonizar em 2014 um vexame sem precedentes na Copa do Mundo.

Pensem com eles e comigo: não será muita grana saracoteando sem os auspícios do todo poderoso e "infinitamente generoso" estado brasileiro? E tudo isso longe das pantanosas mãos dos políticos que se apossaram da Máquina? Eu penso o pior. Sim, eu penso porque eles sempre se superam na sanha de colocar as patas sobre o que não é deles. O que os mafiosos querem, ora? NEGOCIAR.

No entanto, existem três motivos para não se negociar com a máfia estatal:

1 - O projeto é hipócrita e ridículo;

2 - o projeto é inconstitucional; e

3 - a máfia sempre vai querer mais e não abrirá mão de usar todas as prerrogativas de Estado para isso.

Lutadores, mestres, associações, federações, confederações de artes marciais, etc, não se surpreendam se nesse exato momento os conglomerados de mídia esportiva estiverem fazendo o que os políticos querem, pois assim como existe a máfia existem aqueles que estão ansiosos para se aliar com ela e entrar na boquinha.
Portanto, aqueles que vivem desse esporte e são apaixonados por ele, tratem de se mexer o quanto antes. Antes que vejam um esporte em plena ascensão no Brasil levar um direto de esquerda em cheio e venha a beijar a lona pela proibição das transmissões, ou através de um processo de degradação como aquele que vem acontecendo com o lendário futebol brasileiro.

20 de abril de 2012

ENFIA O SUS EM TODOS OS DOIS !

Os dois já foram presidente da República, hoje são dois doentes, com a aparência de estarem devendo ao criador, mas mesmo assim pensam que podem determinar o destino das coisas do país. Lula, jogou todas suas fichas na CPI do Cachoeira, ele não tem a mínima intenção que a CPI puna os culpados, pois estes estão por todos os lados, mas quer levantar uma nuvem de poeira e mostrar aos incautos que ele ainda manda.

E se dá ao luxo de querer que o governo Dilma fique blindado, achando que pode indicar pessoas de sua confiança para a CPI que foi aprovada ontem. Ambos desfrutam de um dos melhores hospitais do país, pelo mal que fizeram ao país, como castigo deveriam é estar num hospital do Sistema Único de Saúde – SUS.
Na fotomontagem pode-se ver a diferença do Hospital Sírio Libanês, onde convalescem e o Hospital Geral de Fortaleza, com doente espalhados pelo chão vítimas da desonestidade de Sarney e Lula.
Espera-se que o sofrimento de ambos não seja breve e que prevaleça o contrapasso de Dante, que acontece num dos círculos do inferno, onde são infligidas aos culpados as mesmas ofensas eu estes infligiram aos outros.

(*) Fotomontagem Lula e Sarney no Sírio Libanês, parecendo querer dar as cartas e o Hospital Geral de Fortaleza.

20 de abril de 2012
Giulio Sanmartini

ERRO LAMENTÁVEL !


Num dos posts sobre a briga de Cezar Peluso e Joaquim Barbosa, afirmei que o primeiro está “ poucos meses de dizer o que lhe der na telha…”, lembrando que ele deixa o Supremo em setembro. É claro que está errado! Já até escrevi a respeito.
Quando nos referimos a algo que está (ou que esteve) por vir, o “a” é uma preposição, não o verbo “haver” indicando tempo decorrido. Leitores notaram o erro, pelo que sou grato, como sempre. Poderia tê-lo corrigido simplesmente sem dar visibilidade.

Mas aí este blog perderia uma de suas dimensões, que é distinguir, sem subterfúgios, o certo do errado. É claro que sei a diferença — é o café com leite da gramática —, mas fui traído pela distração. Sim, caras e caros, aqui o certo é certo, e o errado, errado.

E um erro tem de ser sempre admitido. Se não tem sido assim no poder público, que assim seja entre nós, cidadãos privados. De resto, eu pego no pé dos outros quando noto erros.
Pego no meu também e me penitencio. Questão de vergonha na cara. Para muitos, isso pode ser irrelevante. Para mim, não é.

20 de abril de 2012
Reinaldo Azevedo

BAIXARIA NO SUPREMO É SINÔNIMO DE INSEGURANÇA JURÍDICA

Onze ministros do Supremo têm nas mãos, a rigor, o destino de 200 milhões de brasileiros — e, como vimos, até daqueles que ainda não saíram do útero materno. A segurança jurídica é um fundamento do estado democrático e de direito. Ousaria dizer que é “o” fundamento por excelência. E aqueles homens e mulheres que lá estão são os guardiões do país.

Ministros do Supremo são como as vestais da Roma Antiga: o fogo que guardam é a Constituição. Estão obrigados a se comportar com decoro — ou “Roma” está em risco. As vestais abandonavam o templo de Vesta só em situações muito excepcionais e por uma boca causa.

Há ministros do Supremo, infelizmente, se comportando como matronas faladeiras ou como a baixa soldadesca das vielas de Roma, depois de encher a cara de vinho. É uma vergonha para o Judiciário brasileiro! Já nos basta perceber que há quem entenda que o Poder é uma autocracia ou detém a soberania da República.

Reitero: os senhores e senhoras têm o destino do país nas mãos. Fora da observância da letra da lei, resta o quê? Censurei ontem o ministro Ayres Britto por causa do conceito do “Terceiro Olho” — seja lá o que esse troço signifique — e da apologia que fez, num juiz, do “casamento por amor entre o pensamento e o sentimento”.

Nada disso! Sentimentos, ministro, são sempre tiranos. Eles nos assaltam, no mais das vezes, sem que a gente peça ou possa controlar. Por isso devem ficar guardados quando se está numa corte, decidindo o destino de terceiros. Só há lugar ali para o pensamento, que é de onde deriva o arcabouço jurídico do país. Os ditadores, saibam, costumam ser muito sentimentais. Stálin, conta-nos Simon Sebag Montefiore no livro “Stálin, A Corte do Czar Vermelho”, costumava pegar no colo os filhos daqueles que ele iria matar dali a pouco…

A razão, o pensamento — orientado pelos valores democráticos consolidados na Constituição — é o único caminho que garante a segurança jurídica. O resto abre a janela para a feitiçaria judicial.
Mas notem: este é um debate que, embora desnecessário em boas cortes do mundo, ainda tem certo padrão elevado.
O confronto entre os que se apegam mais à literalidade das leis e aqueles que advogam que elas devam ser reinterpretadas à luz de causas em trânsito é uma questão que vem lá dos bancos das faculdades de direito.

No caso do bate-boca, cuida-se de coisa muito distinta. Ministros estão perdendo o senso de decoro e solenidade que a função comporta. Na Roma Antiga, seria como um vestal perder a virgindade, o que poderia lhe custar a vida. Aqui, felizmente, inexiste pena capital. Perde-se, no máximo a reputação.
Já a perda para os brasileiros é bem maior.
Se ministros do Supremo, num grupo de apenas 11, estão se engalfinhando, quem está à beira do brejo é a segurança jurídica.

20 de abril de 2012
Reinaldo Azevedo

FHC PEDE PARA SER CHAMADO DE THC



FHC pede para ser chamado de THC
THC percorrerá o país defendendo o liberalismo geral

TRENCHTOWN - O ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso convocou uma coletiva de imprensa para anunciar o reposicionamento de sua imagem pública. "A oposição precisa se colocar de maneira mais contundente no jogo político se aproximando do nicho dos jovens das metrópoles”, anunciou. “Por isso, além de defender a descriminalização da maconha, vou queimar unzinho de vez em quando”.

Usando óculos escuros, FHC revelou que fará um dueto com Marcelo D2 no rap "Fumo mas não trago", composto especialmente para ele. O ex-presidente fez a letra do refrão "No detabe anti-drogas / O Serra só diz besteira / Eu fumo, mas não trago / Quem traz é o Gabeira". Sorridente, anunciou o seu novo nome artístico: "Achei pertinente escolher a alcunha THC. Fica fácil das pessoas associarem comigo".

THC disse que comprará uma kombi psicodélica para viajar o país fazendo palestras sobre Raul Seixas e Tim Maia, e arrecadando fundos para raves. "Vou colher assinaturas e enviar um projeto de lei para o Congresso exigindo a privatização das bocas de fumo", disse.

Em seguida, interrompeu a entrevista para perguntar se alguém tinha uma lata de leite condensado. "Estou com uma fome interminável", brincou.

20 de abril de 2012
the i-piaui herald

FHC CRITICA PROIBIÇÃO DE CIGARROS AROMATIZADOS



FHC critica proibição de cigarros aromatizados
O Ministério da Saúde lançou uma nova campanha para combater o fumo

JAMAICA - Envolto em densa névoa, Fernando Henrique Cardoso criticou a proibição do uso de aditivos aromatizados em cigarros. "A Noruega e a Suíça legalizaram a mistura de orégano, hortelã, páprica e cominho ao fumo. Nossa legislação está muito atrasada", disse o ex-presidente, enquanto mordia uma respeitável fatia de bolo de chocolate com requeijão e doce de leite. A declaração foi prontamente apoiada por Marcelo D2, Fernando Gabeira e pelas ONG Hortaliças Radicais e Aromas do Novo Milênio. Soninha prometeu circular nua de bicicleta polvilhando a cidade com sementes de girassol.

Na contramão de FHC, o Ministério da Saúde anunciou um plano de erradicação do fumo, de Michel Teló e do PMDB até a Copa do Mundo. "O segredo é cortar o mal pela raiz. Depois que o vício se desenvolve, fica muito mais difícil. Vejam só o topete do Roberto Justus e o figurino do Faustão", exemplificou.

Fiel ao amigo FHC, José Serra acolheu prontamente a causa do fumacê aromático em sua campanha. "Vamos quebrar as patentes de todos os aromas. Prometo falar pessoalmente com o Fernando Henrique", vaticinou. Ao ser informado de que não era mais o ministro da Saúde e que FHC não era mais o presidente da República, Serra ficou assustado e perguntou: "Mudou?"

20 de abril de 2012
the i-piaui herald

VIAGEM AOS ESTADOS UNIDOS, DE ALEXIS DE TOCQUEVILLE

          Artigos - Cultura
Tocqueville - Viagem aos EUA
As notas de Tocqueville estariam fadadas ao esquecimento se não tivessem produzido A democracia na América.

Alexis Charles Henri Clérel de Tocqueville pertence ao grupo de talentosos historiadores franceses – formado por François Guizot, Jacques Nicolas Augustin Thierry e Jules Michelet – que alcançou a maturidade intelectual no período da Revolução de 1830.

O reinado que então teve início, depois de os liberais forçarem Carlos X a abdicar, durou até 1848, mas foi caracterizado por medidas contrárias às ideias que o novo rei, Luís Filipe de Orléans, ex-membro do Clube dos Jacobinos, dizia defender. Não bastou trocar, demagogicamente, a bandeira branca dos Bourbons pela tricolor da Revolução de 1789: sem conseguir a união de legitimistas, bonapartistas e liberais, Luís Felipe logo restringiria a liberdade para silenciar a oposição.

Tocqueville, cuja família apoiava os Bourbons, aderiu ao novo governo “sem hesitação, mas sem ímpeto”, segundo seu amigo, Gustave de Beaumont, pois, apesar de jovem – tinha 25 anos –, já possuía “a faculdade [...] de ver mais rápido e mais longe do que os outros” e a sábia capacidade de manter distância dos acontecimentos políticos: “Essa exaltação moral que excita um grande movimento popular, o entusiasmo, o júbilo, as vivas esperanças que saúdam de hábito um novo regime, nada disso o tocava”.

Magistrado desde 1827, Tocqueville parte, em 1831, com Gustave de Beaumont, para uma viagem oficial, a fim de estudar o sistema penitenciário dos EUA, desculpa utilizada para alcançar seu verdadeiro propósito: conhecer as experiências democráticas de um país nascente, afastar-se do direito, que o entediava, e dedicar-se ao estudo da política, sua paixão.  

Sabemos desses detalhes graças ao próprio Beaumont, autor da introdução do Viagem aos Estados Unidos, livrinho que reúne as anotações de Tocqueville, alguns lampejos, trechos de entrevistas – com políticos, diplomatas, juristas, religiosos, militares etc. – e parte diminuta das análises que serviriam à elaboração de um dos maiores clássicos da ciência política: A democracia na América.

É também graças a Beaumont que conhecemos os lances heroicos da viagem, quando, nas proximidades de Pittsburg, os dois exploradores, que pretendiam “descer o Ohio e o Mississipi num barco a vapor até Nova Orleans”, são pegos desprevenidos pelo inverno, adiantado cerca de um mês.

Sob o frio rigoroso e crescente, a dupla sofre grandes dificuldades – e Tocqueville chega a cair enfermo. O jovem, contudo, supera seus próprios limites e mostra ter uma personalidade obstinada, movida por “uma febre”, afirma seu amigo, que o “devorava sem trégua” – e o fazia tomar notas, de maneira incansável, em pequenas cadernetas, a fim de preservar suas primeiras impressões.

Entre a decepção e a euforia

Na introdução ao seu A democracia na América, Tocqueville afirma: “Na América, quis mais do que a América; busquei uma imagem da própria democracia, de suas tendências, de seu caráter, de seus preconceitos, de suas paixões; quis conhecê-la, nem que fosse para saber ao menos o que devemos dela esperar ou temer”. E parece ter alcançado seu objetivo, pois escreve, em sua anotações, o melhor elogio que a nação ainda jovem, ávida por superar a Europa, recebeu de um observador imparcial:

[...] O mesmo homem pôde dar seu nome a um deserto que ninguém havia atravessado antes dele; ele pôde ver tombar a primeira árvore da floresta, construir no meio da solidão a casa do agricultor, em torno da qual se formou de início um povoado, e hoje transformado em vasta cidade. No curto intervalo que separa a morte do nascimento, assistiu a todas essas mudanças. Em sua juventude, habitou entre nações que já não existem; em sua vida, rios mudaram ou diminuíram seu curso; o próprio clima é outro em relação ao que viu outrora, e tudo isso não é em seu pensamento senão um primeiro passo numa carreira sem limites. Por mais poderoso e impetuoso que seja aqui o curso do tempo, a imaginação precede-o: o quadro não é assaz grande para ela; ela já se apodera de um novo universo. É um movimento intelectual que não pode se comparar àquele que fez nascer a descoberta do Novo Mundo há três séculos; e, com efeito, pode-se dizer que a América é descoberta uma segunda vez. E que não se creia que tais pensamentos só germinam na cabeça do filósofo; eles estão tão presentes no artesão quanto no especulador; no camponês bem como habitante das cidades. Incorporam-se em todos os objetos; fazem parte de todas as sensações; são palpáveis, visíveis, sentidos de certa forma. Nascido sob um outro céu, introduzido no meio de um quadro sempre movente, ele próprio movido pela torrente irresistível que arrasta tudo o que o avizinha, o americano não tem tempo para apegar-se a nada; ele só se acostuma à mudança, e acaba por vê-la como o estado natural do homem; sente a necessidade dela; bem mais, ama-a: pois a instabilidade, em vez de produzir-se para ele por desastres, parece engendrar em torno dele só prodígios...

Mas suas primeiras notas, em 29 de maio de 1831, ainda em Nova York, deixam transparecer certa decepção:

“Até agora, tudo o que vejo não me entusiasma em absoluto, porque estou mais agradecido à natureza das coisas do que à vontade do homem”. E completa: “Aqui a liberdade humana age em toda a plenitude de seu poder [...]; mas até o momento, esta febre parece só aumentar as forças sem alterar a razão”. Tudo vai bem, o país se desenvolve, mas “a agitação política parece-me muito acessória”. Ainda assim, percebe aquele que talvez tenha sido o principal motivo para o desenvolvimento dos EUA: “O fato é que essa sociedade caminha sozinha; e tem boa chance de não encontrar qualquer obstáculo: o governo parece-me aqui na infância da arte”.

Característica, infelizmente, jamais encontrada no Brasil.

Nosso viajante é absorvido por um povo “devorado pelo desejo de fazer fortuna”, mas não deixa de observar, com indignação, os índios que mendigam, derrotados:

“[...] Belos homens; eles dançam diante de nós a war dance (dança de guerra), para ganhar um pouco de dinheiro; espetáculo horrível! Nós lhes damos um shilling...”. O surgimento de uma cultura não significa, contudo, a necessária destruição de outra. No dia seguinte ao desse espetáculo humilhante, 6 de agosto de 1831, ele nos descreve o encontro solene com um personagem que não se entregou à degradação: “Pequena aldeia indígena. Vestimenta do chefe: calças vermelhas, um cobertor; cabelos enrolados para cima da cabeça com duas penas enfiadas. Pergunto o que são essas penas: responde-me com um sorriso de orgulho que matou dois sioux [...]. Peço-lhe uma dessas penas dizendo-lhe que eu a levarei ao país dos grandes guerreiros, e que ela será admirada. Ele a retira de seus cabelos e entrega-me, em seguida, estende sua mão e cerra a minha”.

Apesar do estilo telegráfico, compreensível no caso de alguém que viaja submetido à premência de tudo anotar, Tocqueville consegue ser lírico:

“Ao pôr do sol, entramos num canal muito estreito. Vista admirável; instante delicioso. As águas do rio imóveis e transparentes; uma floresta extraordinária que se reflete nas águas. Ao longe, montanhas azuis e iluminadas pelos últimos raios do sol. Fogo dos indígenas que brilha por entre as árvores. Nosso barco avança majestosamente em meio a essa solidão, ao rumor dos cantos guerreiros que o eco dos bosques propaga de todos os lados”. Dias depois, num vilarejo iroquês, age como um explorador que é, ao mesmo tempo, um menino: “Vou caçar. Rio atravessado a nado. Ervas no fundo do rio. Perco-me por um momento na floresta. Retorno ao mesmo lugar sem perceber”
.

No Canadá, em Montreal, reclama da dominação inglesa e augura um tempo em que os franceses tenham “sozinhos um belo império no Novo Mundo”. Ao visitar Quebec, defende a sublevação dos franceses contra os ingleses – “Aquele que deve agitar a população francesa e levantá-la contra os ingleses ainda não nasceu” – e constata, movido pela repulsa à aparente submissão dos seus conterrâneos: “Nunca estive mais convicto [...] que a maior e mais irremediável infelicidade para um povo é ser conquistado”.

Em Boston, constata a riqueza da cidade, faz elogios à vida cultural (em 1831, os bostonianos dispunham de, ao menos, quatro bibliotecas) e escreve, a 22 de setembro, uma inevitável comparação:

...O que mais nos incomoda na Europa são os homens que, nascidos numa condição social inferior, receberam uma educação que lhes dá vontade de sair dela sem fornecer-lhes os meios para isso.

Na América, esse inconveniente da educação é quase insensível. A instrução fornece sempre os meios naturais para enriquecer-se, e não cria qualquer mal-estar social.


Como defender a democracia?

Na cidade de Baltimore, encontra-se com Charles Carroll, último sobrevivente dos signatários da Declaração da Independência, que lhe diz, sem meias palavras: “A mere democracy is but a mob” (“Uma democracia pura não é outra coisa senão um populacho”). Se, a princípio, Tocqueville mantém-se dúbio diante dessa afirmativa, ela certamente o instigou, contribuindo para as geniais conclusões de A democracia na América, entre elas, a de que governos centralizadores e democracias radicais, que oprimem as minorias discordantes, causam o mesmo tipo de mal:
Não há [...] na terra autoridade tão respeitável por si mesma nem revestida de um direito tão sagrado que eu desejasse deixar agir sem controle e dominar sem obstáculos. Quando, portanto, vejo dar o direito e a faculdade de fazer tudo a uma potência qualquer, quer se chame povo ou rei, democracia ou aristocracia, quer se exerça numa monarquia, quer numa república, então digo: aí está o germe da tirania, e procuro ir viver sob outras leis.

Apesar de fascinantes, por revelarem um país onde tudo podia ser experimentado, no qual a vida possui, até hoje, uma dinâmica inesgotável, as notas de Tocqueville estariam fadadas ao esquecimento se não tivessem produzido A democracia na América, principalmente os Capítulos 6 (“O despotismo nas nações democráticas”) e 7 (“De que maneira defender a liberdade ameaçada”) da Quarta Parte do Livro II, centrais em sua defesa da liberdade, primorosos ao apresentar as contradições que encontrou:
“O que mais me repugna na América não é a extrema liberdade reinante; é o pouco de garantia aí encontrado contra a tirania”.
Uma preocupação inexistente nos países em que a sociedade, governada por demagogos e populistas, se comporta de maneira servil ou apática.

20 de abril de 2012
Publicado no site da revista
Sibila.
Rodrigo Gurgel é escritor, editor e crítico literário.

NÚMERO DE CARGOS DO PMDB ULTRAPASSA POPULAÇÃO DO CHILE


Número de cargos do PMDB ultrapassa população do Chile
A convenção do PMDB reuniu 10% dos parlamentares que compõem a legenda

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS - O Partido pela Multiplicação de Diretorias Bananeiras (PMDB) organizou uma convenção no Maracanãzinho para festejar seu crescimento e exaltar sua contribuição ao desenvolvimento nacional. No balanço de fevereiro, entre ministros, parlamentares e assessores comissionados, o partido atingiu a marca de 20 milhões de pessoas empregadas na máquina estatal, ultrapassando a população do Chile. Estudos do IBGE mostraram que as taxas de crescimento do PMDB superam o PIB chinês em 25%. Estima-se que em três décadas a sigla aglomerará mais pessoas do que a Estação da Sé.
"Não há mais espaço para o capitalismo ou o comunismo. O único modelo que deu certo foi o patrimonialismo-fisiológico-hereditário", discursou o Grande Líder, José Sarney, que prosseguiu: "No século XX, os Estados Unidos provocaram guerras para expandir o capitalismo. Do outro lado, a União Soviética sacrificou milhões de vidas pelo comunismo. É a vez do fisiologismo moreno!", explicou enquanto exibia um projeto de planejamento familiar para garantir cargos comissionados a oito gerações de maranhenses com bigodes.
Em seguida, Sarney declarou guerra à Bolívia, ao Peru e ao Suriname. "Fizemos um mapeamento dos países vizinhos que mais têm cargos e diretorias em estatais", explicou o matemático Oswald Calheiros. Em momento cívico, José Sarney ergueu o braço direito e bradou: "Diretorias ou morte!".

20 de abril de 2012
the i-piaui herald

FALTA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL PREDOMINA NOS GRANDES CLUBES CARIOCAS

Os grandes clubes cariocas, Vasco da Gama, Flamengo, Fluminense e Botafogo sempre tiveram uma preocupação muito grande com as crianças, ou seja, com seus atletas da categoria de base, onde o futebol predomina. Entretanto, estes clubes estão na mira do Ministério Público devido às péssimas condições oferecidas aos jovens, muitos deles residentes nos clubes, pois vêm de outros municípios e estados.

O Vasco da Gama, pode servir de exemplo, pois convive, atualmente, com água racionada, alimentação inadequada e insalubridade: adolescentes que sonham em se tornar ídolos do futebol na categoria de base do Vasco são obrigados a enfrentar dificuldades antes mesmo de entrar em campo. Com sede, muitos chegam a beber água do chuveiro, segundo promotores de Justiça da Infância e da Juventude da capital.
Devido à precariedade, a Justiça determinou que “as atividades do CT do clube, em Itaguaí, estão suspensas. Como se sabe, em fevereiro o adolescente Wendel Junior Venâncio da Silva morreu após passar mal no local”.

“As condições do alojamento de São Januário e do CT são piores do que as da maioria das unidades destinadas a adolescentes em conflito com a lei. O alojamento tem péssimas condições de higiene e conforto, com infiltrações, camas sem estrado, colchões velhos e armários quebrados.
Diariamente, a vida desses jovens é colocada em risco quando são transportados para treinar em um ônibus velho, sem cinto de segurança e com buracos no painel devido à falta de instrumentos”, afirma a promotora Clisânger Ferreira Gonçalves Luzes, da Infância e Juventude.
O clube terá que cumprir uma série de determinações no alojamento de São Januário em 30 dias, a partir do último dia 19, e caso descumpra o determinado pelo MP, corre o risco de pagar multas de R$ 30 mil.

Os adolescentes também reclamavam de fome e se alimentam em refeitório separado dos funcionários do clube, onde a alimentação é inferior. “As condições são insalubres. Os alimentos, como a carne, não são bem armazenados, a geladeira tem ferrugem”, conta Clisânger.
Entre as medidas da Justiça está a interdição do refeitório. Cerca de 60 jovens foram obrigados a tomar banho com garrafas pet por falta de chuveiro e usar um único um vaso sanitário com descarga. A escola Vasco da Gama, que funciona dentro de São Januário, também está na mira da Justiça.

A Juíza da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, Ivone Ferreira Caetana comparou na sentença as condições enfrentadas pelos adolescentes da categoria de base do Vasco à escravidão. “A postura da agremiação (…) é merecedora do mais veemente repúdio, podendo ser equiparada ao delito de redução à condição análoga à de escravo, o que igualmente malfere e ofende todo o sistema de organização do trabalho”

O clube omitiu a existência do CT em Itaguaí, que só foi descoberto após a morte de Wendel. “No dia em que o adolescente morreu, não havia médico no local. Como o lugar é distante, isso pode ter contribuído para morte. O conjunto de elementos, como a falta de alimentação adequada, de hidratação e exames prévios pode ter contribuído para esse trágico acontecimento”, explica Clisânger.

Os promotores estão fiscalizando ainda as categorias de base do Fla, Flu e Botafogo. “No Flamengo, tem adolescente que guarda seus pertences na mala há um ano porque não tem armário, além de terem sido detectados problemas no Ninho do Urubu”, conta a promotora Rosana Cipriano Simão.

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MENTALIDADE ERRADA

A promotora Ana Cristina Macedo critica o tratamento dado pelas agremiações aos adolescentes que sonham com uma carreira profissional no futebol. Para ela, a mentalidade dos clubes é a seguinte: “Nós estamos fazendo um favor aos adolescentes, então nós podemos fazer o que nós quisermos com eles.
“É uma mentalidade futebolística que não serve para a infância. Se o clube aceita que aquele adolescente esteja ali, ele vai ter que proporcionar a ele tudo o que ele teria em sua casa. Eles (clubes) têm muita dificuldade em entender isso “.

Ana Cristina Macedo ainda ressaltou o papel dos pais do atletas que ingressam em categorias de base. Segundo a promotora, nem todos estão cientes da forma como os filhos são tratados.
“Por outro lado, também tem a resistência dos pais. Eu tive que abordar uma mãe em uma das inspeções, pedi para conversar com ela, expliquei qual era o papel do MP, que nós éramos promotores da infância e adolescência, que estávamos ali para exigir a segurança daquele espaço. Essa mãe se recusou a falar comigo e arrancou com o carro e me deixou na poeira do CT”.

Lamentavelmente, esta triste realidade que acontece nos grandes clubes cariocas, certamente, existe na maioria dos clubes do país e com maior gravidade naqueles de médio e de pequeno porte. A intervenção do Ministério Público, portanto, deveria ocorrer em todo o Brasil.
Paulo Peres

CRISE NO PT


Reportagem de Vera Rosa, da Agência Estado, revela a que ponto chegou a crise no PT. Sem orientação do Palácio do Planalto, até parlamentares do PT passaram a bombardear o “vazio” na coordenação do governo e, em conversas reservadas, disseram temer o preço que será cobrado pelo PMDB na CPI de Carlinhos Cachoeira.

“A presidente Dilma está muito bem, mas a articulação política do governo é muito fraca e amadora”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Favorável à investigação, ele se surpreendeu ao saber que o Planalto deflagrou uma operação para controlar a CPI e evitar desgaste, já que a Delta Construções – suspeita de injetar dinheiro em empresas de fachada ligadas a Cachoeira – é a principal responsável por obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “A bola da CPI está quicando há duas semanas e ninguém do governo conversou com a gente.”

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NA TRIBUNA

Diante das queixas de aliados, Lindbergh foi ontem à tribuna para apontar as falhas do Planalto na articulação política. No seu diagnóstico, falta diálogo não só com os parlamentares, mas com os governadores, que querem renegociar as condições de pagamento das dívidas dos Estados.
“Ideli é muito frágil e o grau de esgarçamento na relação com os governadores é grande”, insistiu Lindbergh. “Há uma ausência de articulação política por parte do Planalto e, por isso, está havendo solidariedade federativa. Nós, do Rio, decidimos não votar nada que prejudique os Estados, independentemente dos partidos.”

A revolta de aliados é o pano de fundo que pode contaminar a primeira CPI importante da gestão Dilma. Nos bastidores, integrantes da base avaliam que a precária negociação diante de temas espinhosos – como a dívida dos Estados, o fim da guerra dos portos e a nova repartição dos royalties – pode incentivar uma reação contra o Planalto.
Ideli não quis responder às críticas de Lindbergh.

PRESIDENTE DA DELTA RESPONDE A PROCESSO CRIMINAL POR FRAUDE EM MINAS

Oportuna reportagem de Isabella Lacerda, no jornal O Tempo, mostra que o presidente da Delta Construções S/A, Fernando Cavendish, responde a um processo criminal no Tribunal de Justiça de Minas (TJMG) por uso de documentação falsa.


O objetivo da certidão irregular era habilitar a empresa, considerada central no esquema de Carlinhos Cachoeira, a participar de licitação para as obras de construção da Linha Verde, na avenida Cristiano Machado, em Belo Horizonte.


A denúncia contra Cavendish foi feita em 2010 pelo Ministério Público (MP) Estadual e acolhida no ano passado pela Justiça. Segundo o promotor responsável pelas investigações, Leonardo Barbabela, o documento irregular indicava que a empresa havia vencido concorrência para a execução de uma obra na BR-101, em Pernambuco. Contudo, segundo nota apresentada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), a contratação não aconteceu. A certidão era exigência para que a Delta participasse do certame.


A companhia, no entanto, foi desclassificada antes mesmo da conclusão da concorrência, uma vez que o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG), responsável pela licitação, descobriu a suposta fraude. A licitação teve como vencedora a Construtora Camargo Corrêa, a um custo de R$ 99,9 milhões.


Segundo o DER-MG, além da concorrência para a obra na Linha Verde, a construtora também participou da licitação para intervenções na MG-010
e também foi desclassificada.


Em nota, a Delta Construções informou que utiliza todos os recursos judiciais para demonstrar que não houve conduta criminosa e que “estuda os recursos cabíveis para discutir a legalidade da denúncia e requerer o trancamento da ação penal”.


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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG


A fraude da Delta só aconteceu porque foi antes de o governador Sergio Cabral (amigo, irmão, camarada e ex-concunhado de Cavendish) ter mandado redigir seu Código de Ética. Se Cavendish naquela época já soubesse do Código de Ética, seria igual a Cabral – totalmente ilibado.

A NOVA OFENSIVA DE CHÁVEZ CONTRA ÁLVARO URIBE

          Notícias Faltantes - Foro de São Paulo        

Quem propõe fotos sabe o que faz: ele conta com a curiosidade natural, com o voyerismo espontâneo de certos públicos.

Por que a imprensa não admite que o que Iván Cepeda faz nestes dias não é uma “denúncia ante o Ministério Público”, senão uma nova fase de sua obsessão convulsiva contra o ex-presidente Álvaro Uribe, para aproveitar a presença em Cartagena de inúmeros jornalistas estrangeiros por causa da Cúpula das Américas?

Ou, como pode-se explicar que a suposta “denúncia ante o Ministério Público” do porta-voz comunista coincida com a nova cruzada de TeleFARC (perdão, TeleSur) contra o ex-mandatário colombiano? O canal chavista apresentou, com efeito, no mesmo dia da gesticulação de Iván Cepeda, o primeiro pedaço de um folhetim tóxico intitulado “Processo Uribe”, uma montagem de imagens e som realizadas segundo a técnica stalinista da mentira assombrosa.

Para estar à altura da nova campanha do ditador Hugo Chávez contra o líder colombiano, Iván Cepeda propôs desta vez as imagens de umas declarações (não se sabe obtidas sob que pressões ou quais promessas) de dois para-militares presos, Pablo Hernán Sierra, cognome “Alberto Guerrero” e Juan Monsalve. O autor da nova montagem conhece esses dois indivíduos há anos. Os dois figuram em um panfleto de calúnias alucinantes que ele ajudou a redigir em 2007 contra o presidente Álvaro Uribe e contra a classe política colombiana.

Esse livro não difama só o presidente Uribe. Também é difamado o presidente Juan Manuel Santos que aparece em uma lista sob o qualificativo de “para-militar que participou de crimes”. Esse panfleto dá o mesmo tratamento ao ex-vice-presidente Francisco Santos. O ministro Germán Vargas Lleras aparece lá como “para-militar”. O General Oscar Naranjo Trujillo é mencionado como “narcotraficante”. A lista de caluniados é longa.
Esse livro, que todo mundo parece ter esquecido, mostra o que são as acusações de Iván Cepeda.

Surpreende por isso que o Ministério Público leve a sério a nova montagem e declare, como se não fosse nada demais, segundo assegurou há dois dias a página web de RCN, que “já se iniciou a investigação preliminar contra o ex-presidente Uribe ante a Unidade Delegada ante a Corte Suprema de Justiça”. Parece, ademais, que o novo Promotor Geral, Eduardo Montealegre, já tem entrevista com Iván Cepeda para que este lhe dite o que fazer. Em todo caso, Iván Cepeda explica que, na reunião, Montealegre será notificado de “quais são os tempos e os ritmos dessa investigação”.

Se essa é a “independência” do novo Promotor Geral, que sem abrir a boca se deixa manipular dessa maneira pelo porta-voz extremista, os cidadãos já podem saber qual será o resultado da pretendida “investigação” do Ministério Público.

A imprensa diz que o parlamentar do Polo Democrático (comunista) trata de acusar Álvaro Uribe por supostos fatos ocorridos “entre 1995 e 1997”. Por que Cepeda esperou até hoje para apresentar essa denúncia? Porque não tinha o aval de Caracas? Segundo um comunicado de Iván Cepeda, este mostrou umas fotos onde “observam-se homens de camuflado e com fuzil ao lado de tendas de acampamento” [1].

Quem aparece com um punhado de fotos para sustentar uma tese, já é alguém suspeito. Todo jornalista sabe (ou deveria saber) que um indivíduo que propõe imagens como “prova” de algo deve ser visto com receio.
Pois a fotografia é fonte de manipulação. Toda pessoa sabe que nenhuma imagem é neutra, que toda fotografia é uma encenação, que o fotógrafo pode escolher um ângulo, um plano, segundo o que queira dizer, que uma imagem pode ser utilizada para induzir a erro. Sabe, além disso, que uma imagem pode ser mais forte que um escrito. Sabe, sobretudo, que uma imagem, por tudo o que foi dito acima, pode modificar os comportamentos.

Quem propõe fotos sabe o que faz: ele conta com a curiosidade natural, com o voyerismo espontâneo de certos públicos. Ele sabe que, em geral, quem aceita essas imagens aceita, sem pensar, a musiquinha que as acompanha: a interpretação que ele oferece. Inclusive se o ato de receber é consentido, o ato de dar converte-se em uma violação, em uma tentativa de escravizar o outro, em uma tentativa de modificar sua consciência para submetê-las aos instintos mais baixos.

Iván Cepeda não esconde nada ao propor essas fotos? Ele não entra em um jogo de manipulação?
Se examinam-se essa fotos vê-se que elas não provam nada. Um homem disfarçado com fuzil, gorro e camuflado, caminhando por um potreiro, ou posando debaixo de uma árvore, prova o que? Nada, diferente do descrito.

Não há nada mais desacreditado hoje em dia do que a chamada “prova pela imagem”, pois nada é mais modificável e adulterável do que uma fotografia. Stalin não era expert, já em 1930, em mentir para o mundo adulterando certas fotos?

No novo circo de Iván Cepeda, admirador de Stalin em suas horas vagas, quatro pessoas, só uma armada, sob um toldo de 2x2 metros sob um arbusto debilitado em um potreiro, é a grande prova de que nesse lugar havia um “grupo para-militar”. Quem pode acreditar nisso? Isso não nos faz rir? Essa foto dos quatro personagens mostra, quando muito, que em uma fazenda houve cuidadores. Ter cuidadores em uma fazenda, em uma região exposta aos desmandos da criminalidade, é construir um “grupo para-militar”?

É essa a nova embrulhada que Iván Cepeda quer fazer passar? Todo proprietário que pretende cuidar de sua casa, ou seu torrão, ou sua fazenda, já é um “para-militar”? Todo lote de terra deve ficar sem proteção alguma ante a delinqüência? Essa é a nova doutrina que o Ministério Público e o governo devem adotar?

Em todo caso, este novo escândalo estava sendo impulsionado por trás dos bastidores. Cepeda diz que a secretaria da Unidade Delegada ante a Corte Suprema de Justiça lhe informou que a “investigação penal” contra o ex-presidente Uribe havia começado “em 10 de dezembro de 2011”, e que o encarregado desta é o doutor Julio Ospino Gutiérrez. Ao inventar um caso que teria ocorrido quando Álvaro Uribe já não era presidente da República, Iván Cepeda espera utilizar os serviços do novo Promotor Geral e evitar o trâmite que exige a Constituição ante a Comissão de Acusações.

Surpreende, e muito, o silêncio da Casa de Nariño ante a nova manobra do regime ditatorial de Caracas contra um ex-presidente da República da Colômbia. O presidente Juan Manuel Santos, apesar das diferenças que existem entre ele e o ex-presidente Uribe, não pode continuar calado, nem jogar o papel do mandatário neutro, ante a viciosa operação de TeleSur e Iván Cepeda contra os interesses e contra a soberania da Colômbia.

 Eduardo Mackenzie  

Nota da tradutora:

[1] A palavra original do texto é “cambuche”, termo especialmente utilizado pelas FARC para designar as barracas privadas que os terroristas utilizam para dormir. A expressão mais próxima ao termo, que não tem uma tradução exata, seria “tenda de acampamento”.

Tradução: Graça Salgueiro

20 de abril de 2012

PELUSO E BARBOSA DEVEM DESCULPAS AO POVO, QUE LHES PAGA UM BELO SALÁRIO PARA QUE ZELEM PELA CONSTITUIÇÃO, NÃO PARA SE COMPORTAR COMO ARRUACEIROS DE BOTEQUIM!




O site Consultor Jurídico publicou anteontem uma entrevista com o ministro Cezar Peluso, que deixa o Supremo Tribunal Federal em setembro, quando faz 70 anos. É uma pena que, em uma circunstância ao menos, ele tenha metido os pés pelas mãos. Já chego lá. Fez críticas pertinentes ao autoritarismo do governo federal e apontou, no que está corretíssimo, certo flerte do Supremo com o populismo. Tudo isso passou batido. O que fez mesmo barulho foram as suas considerações sobre o ministro Joaquim Barbosa, a saber:

ConJur - Com as oscilações de saúde, o ministro Joaquim Barbosa assume após o ministro Ayres Brito?

Cezar Peluso -
O Joaquim assume, sim. Viram como ele está comparecendo ao Plenário? Teve uma melhora grande, antes quase não aparecia. Agora, comparece a todas as sessões. Ele não recusará essa Presidência em circunstância alguma, pode ficar tranquilo. Tem um temperamento difícil, não sei como irá conviver, primeiro com os colegas. Não sei como irá reagir com os advogados, pois tem um histórico desde o episódio com o Maurício Correia [ministro aposentado do Supremo. Em 2006, Joaquim Barbosa, no Plenário, sugeriu que o então presidente do STF fazia tráfico de influência]. Também não sei como irá se relacionar com a magistratura como um todo. Isso já é especular. Ele é uma pessoa insegura, se defende pela insegurança. Dá a impressão que de tudo aquilo que é absolutamente normal em relação a outras pessoas, para ele, parece ser uma tentativa de agressão. E aí ele reage violentamente.
ConJur - A insegurança para o debate o faz resistir aos advogados?

Cezar Peluso -
A impressão que tenho é de que ele tem medo de ser qualificado como arrogante. Tem receio de ser qualificado como alguém que foi para o Supremo não pelos méritos, que ele tem, mas pela cor.
ConJur - Mas ele tem problema com a coluna?

Cezar Peluso -
A coluna dele é perfeita, não tem nada de errado, ele tem problema nos quadris. O especialista Paulo Niemeyer no Rio diz que ele não tem problema na coluna, tem problema no quadril. Mas o certo é que alguma coisa ele tem, mesmo. Ter de ficar de pé, ficar tanto tempo de licença…
Voltei

Eu mesmo, não é segredo pra ninguém, já cheguei a sugerir, dadas as muitas ausências de Barbosa, que ele se aposentasse. Escrevi, então, que lamentava seus problemas de saúde, mas que os brasileiros não podiam arcar com as consequências. Num tribunal com 11 pessoas — durante muito tempo, funcionou com 10 —, um ministro impedido de trabalhar representa 10% da Casa, não é?
Vamos lá. Eu posso — e, em muitos sentidos, até devo — fazer essa crítica. Mas não Peluso. É evidente que foi além de suas sandálias, ainda que apontasse uma outra questão real: o temperamento mercurial de Barbosa, muito pouco tolerante com quem discorda dele. Já as considerações sobre a cor da pele do colega são de uma absoluta impertinência. É claro que ninguém mais prestaria atenção ao resto da entrevista.
Peluso avançou o sinal? É evidente!. Não seria de Joaquim Barbosa que se esperaria ponderação. Ele já exagerou antes por muito menos. Os sites noticiosos já traziam ontem uma resposta sua, afirmando que o outro estava “se achando e não sabe perder” etc e tal. Na entrevista publicada hoje em O Globo, o tom subiu. Se o ex-presidente do Supremo tinha sido deselegante com seu colega, Barbosa rebaixou o confronto ao bate-boca de boteco. Chamou Peluiso de “ridículo”, “brega”, “caipira”, “corporativista”, “desleal”, “tirano” e “pequeno”.
É pouco? Ah, para Barbosa, é. Afirmou ainda que “Peluso, inúmeras vezes, manipulou ou tentou manipular resultados de julgamentos, criando falsas questões processuais ou simplesmente para tumultuar e não proclamar o resultado que era contrário ao seu pensamento”. A acusação seria gravíssima se Barbosa estivesse falando como ministro do Supremo. Mas ele estava??? Mais: “As pessoas guardarão a imagem de um presidente conservador e tirânico, que não hesitava em violar as normas quando se tratava de impor à força a sua vontade”. O novo vice-presidente da corte também afirmou que, durante sua gestão, Peluso “incendiou o Judicário com a sua obsessão corporativista”. Quanto às considerações sobre sua saúde, Barbosa disse que Peluso pratica “supreme bullying”.
Bullying contra o povo

Um confronto nesses termos é expressão de um rebaixamento da vida institucional brasileira. Não atinge só o Judiciário, não! Também se verifica no Executivo, no Legislativo, na imprensa…
Uma baixaria como essa seria impossível em democracias como os EUA, a Alemanha, a França…
E também seria impossível em ditaduras como o Irã ou a Arábia Saudita. Isso aponta para o fato de que estamos vivendo num regime de democracia rebaixada. As instituições estão aí, saudáveis na letra da lei, mas submetidas a especulações e ataques constantes — inclusive por parte dos agentes públicos que têm a função de preservá-las.
Peluso jamais deveria ter dito o que disse do colega — não, ao menos, enquanto estiver no tribunal. Está há poucos meses, se for o caso, de dizer tudo o que lhe der na telha. Seu papel institucional o impede de fazê-lo hoje. O que praticou nada tem a ver com sinceridade ou transparência. É só depredação do necessário decoro. A resposta de Barbosa é, então, um descalabro total. Está pautada pelo mau espírito que consiste no seguinte: “Ah é? Já que ele me deu um chute na canela, então avanço com a navalha na sua jugular; quem mandou começar?”
É isso o que a sociedade brasileira espera de seus ministros do Supremo? Que se comportem como moleques de rua? Contentes estão os mensaleiros. Contenstes estão os vagabundos. Contentes estão os criminosos. Nessa via em que o debate transitou, os meliantes são especialistas.
É evidente que o Supremo não passaria incólume à decadência mais geral. Eu só não contava que pudesse mergulhar tão fundo. E algo que me diz que a coisa não vai parar por aí. Vem pela frente o julgamento do mensalão. Vários venenos de efeito retardado foram inoculados na corte.
Todos os países que involuíram para regimes de força ou autoritários assistiram antes à decadência do Judiciário.
Peçam desculpas aos brasileiros, senhores!
Eles lhes pagam um belíssimo salário para que zelem pela Constituição, não para que se comportem como arruaceiros de botequim.

20 de abril de 2012
Por Reinaldo Azevedo

VALE O QUE ESTÁ ESCRITO. SERÁ?

Será mesmo que os homens de Brasília que resolveram formar uma CPI mista vão honrar as regras do jogo?

Amigos para sempre, parlamentares da oposição exibem orgulhosos suas assinaturas para abertura da CPI mista. Mas será que a foto final vai ser sorridente assim?

No jogo do bicho, e que se jogue da primeira Cachoeira quem nunca fez uma fezinha, a ordem é valer o que lá estiver escrito. Se der 17-18-19-20 deu cachorro. Já se der 69-70-71-72, deu porco que dependendo do grau de miopia pode ser confundido com um rato.

Agora se o resultado for o que deu, bem aí deu bicho nenhum. Deu aquilo mesmo.
Será?

Então, depois de filosofar um pouco, fiquei com uma borboleta atrás da orelha (13-14-15-16) e queria dividir isso com vocês. Será mesmo que os homens de Brasília que resolveram formar uma CPI mista vão honrar as regras do jogo? Será que vai realmente valer o que as até agora 272 assinaturas dizem que elas valem? Bem elas valem a abertura da CPI que irá investigar as atividades de Carlinhos Cachoeira.
Mas por uma “cláusula” ou um (quem sabe) futuro acordo de cavalheiros, podem ser retiradas até algumas horas antes da instalação da Comissão, que não tem data prevista. Ou seja, quem sabe, vai que, e estou só supondo que até a desconhecida data, alguém chegue com uma bela comissão para alguns desistirem da Comissão? Será que é preciso uma memória de elefante (45-46-47-48) para lembrar viradas de mesa e de lado?

Cada macaco no seu galho. Será?

Parece que esse ditado está um pouco fora de contexto.


Quércia, Temer, Sarney e Renan Calheiros: "Nós estamos avisando. Isso não vai prestar."

Num cenário inédito estamos vendo juntos partidos governistas e de oposição em defesa de uma mesma causa: A CPI mista de Carlinhos Cachoeira.

Mas o PMDB parece estar assim preocupado e muito com os rumos disso e que já falou que tudo isso é uma invenção do próprio PT. É ele quem quer a CPI. E que aos olhos de uns pode parecer àquela coisa de viu como o PT está buscando a verdade doa a quem doer?
Só espero que a reza deles seja forte para que em acontecendo essa CPI não devaste PT, PMDB, PSDB, DEM, PPS, PSB, enfim em Brasília inteira. Pode ser um tiro no próprio pé do PT. E aí… PT saudações.
Ah, uma coisa macaco é 65-66-67-68.

Dilma e o avestruz!


Eu tô começando a não gostar disso...Será que eu...

Muito bom ouvir a presidente Dilma dizer que não irá interferir nas investigações. Diria que é ponto pro PT, ou melhor, ponto pra Dilma.

Mas Dilma deveria ao mesmo tempo cobrar um pouco mais que apenas seriedade de seus políticos, pois no lugar dela não teria cerimônia nenhuma em afundar a cabeça na lama, igual um avestruz de tanta vergonha. E falando nele, anota aí 01-02-03-04.

O burro da história!

Quem é o burro da história? Só pode ser disso pra baixo.


Tá explicado como eles foram escolhidos para essa CPI!

Se isso é um teste de paciência, a minha acabou. Espero que a sua também. Como em sã consciência o Planto resolve eleger para compor a Comissão Parlamentar, a dupla Renan Calheiros e Collor de Mello? Como assim? Onde foram buscar esses nomes?
Na delegacia mais próxima? Segundo o líder do PTB, Gim Argello, que só pode ter bebido, a indicação de Collor é algo maravilhoso, porque ele já sofreu uma CPI e a conhece por dentro e por fora. E que ele é um novo homem. Tô comovido. Ou melhor, tô bege.

Será que para compor essa Comissão a pessoa tem que ser cobra no que faz? Tanto de um lado quanto do outro? Vai querer me convencer que um político que apronta o que eles aprontaram de uma hora pra outra se regeneram, viram os políticos mais honestos e boa praça que já se conheceu na história desse país? Me diz que milagre é esse? Que chá eles tomaram? Só pode ser um santo remédio.
E para quem ainda acredita e tem fé: anota aí, burro 09-10-11-12 e cobra 21-22-23-24.

Com um coelho na cartola!


Eu lembro de ter pedido um cargo pro..Qual é mesmo o nome dele?

Pelo visto Carlinhos Cachoeira tinha o seu coelho (37-38-39-40) na cartola, na manga e no bolso. Grampos telefônicos flagram Carlinhos indicando seus comparsas para cargos estratégicos para suas atividades, e Demóstenes o ajudava junto ao governador de Goiás, Marcos Perillo. Ou vai me dizer que não seria estrategicamente falando maravilhoso um contraventor, quer dizer, um empresário (do mal) ter alguém trabalhando para ele na Secretaria de Segurança do estado?

É claro, é óbvio ululante, que Perillo nega de pés juntos que nunca recebeu indicação nenhuma de Carlinhos para cargos, que no governo dele são preenchidos por competência técnica. Queria só que ele me definisse competência técnica.

E ainda segundo o governador de Goiás, se houve alguma nomeação feita por seus secretários de pessoas indicadas por Carlinhos a culpa não é dele e sim dos secretários. Pelo menos não sobrou para o estagiário. Mas tá parecendo até o Lula, que disse nunca saber o que acontecia na sala ao lado. Ele como chefe deveria querer saber quem ele está colocando dentro da sua casa. Acho que estão contratando gato por lebre. Olha aí o gato! (53-54-55-56)
A vaca foi pro brejo!

Agora que a lama que desceu a Região Serrana secou, descobriu-se que a Delta Construções, recebeu a maior parcela liberada pelo governo sem licitação na intenção de ajudar as vítimas e na recuperação da devastação sofrida em janeiro de 2011, onde morreram 918 pessoas.


Sérgio Cabral com Fernando Cavendish no melhor estilo "Amigos para siempre"

Acontece que praticamente nada aconteceu nesse sentido. Aliás, em nenhum sentido. A prova disso é que semana passada a região voltou a sofrer com as chuvas. Vale dizer que a Delta uma empresa com 22 mil funcionários e negócios com obras e serviços públicos em 23 Estados e na Capital.
Fernando Cavendish, dono da empresa, e amigo de Sérgio Cabral, ajudou na última eleição o PT e o PMDB com R$ 1,1 milhão para cada um. Temos que tirar o chapéu para Cavendish que com um “investimento” de R$ 2,2 milhões teve como retorno em apenas quinze meses do segundo mandato de Sérgio, contratos no valor de R$ 1,49 bilhão, sendo que R$ 148 milhões sem licitação. E suas contas com o PAC chegam a R$ 3,6 bilhões.

Cavendish é mágico. É esperto. É visionário. É um leão nos negócios.
Vai construir e reformar? Chama o Cavendish e diz: “Você é uma águia nos negócios”.
Já Sérgio Cabral que é um cabra esperto, já disse que vai pedir para investigar o amigo. Com todo o respeito, é claro. Resta saber se o peru vai grugulejar ou simplesmente fazer “glu glu yeah, yeah”.
E para não perder viagem, anota aí: vaca 97-98-99-00, leão 61-62-63-64, cabra 21-22-23-24 , águia 05-06-07-08 e peru 77-78-79-80.
Pavão Misterioso!

Demóstenes só pode ser um pavão (73-74-75-76) misterioso, pois jura que é inocente. Ele está mais pra anta do que outra coisa. Só falta depois ele querer alegar privação de sentidos, ou dizer ainda que a voz não é dele.

Temos que rezar para que os que acreditam ainda em Papai Noel caiam na real antes.
Salvem as baleias. Não jogue lixo não chão. Não fume em ambiente fechado.

20 de abril de 2012
Claudio Schamis