"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 16 de maio de 2012

INTEGRANTES DA COMISSÃO DA VERDADE DIVERGEM SOBRE O FOCO DE INVESTIGAÇÕES


Gilson Dipp, coordenador da comissão, diz que 'toda violação' será apurada.
Ex-PGR, Cláudio Fonteles afirma que só agentes do Estado serão alvo.


Integrantes da Comissão da Verdade, instalada nesta quarta-feira (16) pela presidente Dilma Rousseff em cerimônia no Palácio do Planalto, divergiram sobre o foco das investigações que serão feitas na comissão. Para o coordenador dos trabalhos, Gilson Dipp, "toda violação" deve ser apurada. Para o ex-procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, só agentes do Estado devem ser investigados.
A Comissão da Verdade vai apurar violações aos direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar.

Os integrantes da Comissão da Verdade ao lado da presidente Dilma Rousseff (Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência)Os integrantes da Comissão da Verdade ao lado da presidente Dilma Rousseff (Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência)
Perguntado se o trabalho da comissão abrangeria inclusive crimes cometidos por grupos de esquerda, Dipp – que é ministro do STJ e do TSE – respondeu:

“O artigo primeiro da lei refere que toda a violação a direito humanos poderá ser examinada pela comissão”.

saiba mais

Mais cedo, outro membro da comissão, o ex-procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, disse que o colegiado se limitará a investigar crimes cometidos por funcionários do Estado e que ex-guerrilheiros não deverão ser objeto de análise.

"Essa comissão é fruto de uma lei que reconheceu que o Estado brasileiro violou direitos humanos através de servidores públicos", disse Fonteles. "Se essa lei mostrou esse quadro assim, então nós temos de cuidar de avaliar as condutas dos servidores públicos, que violaram direitos humanos. É ser fiel à lei", concluiu.

Fonteles minimizou a reação dos clubes militares que classificam a criação da comissão de "revanchismo".
"Isso é democracia. A gente tem de se acostumar a conviver com a diferença. Agora, em nível elevado, assentados à mesa, com tranquilidade. Não tem problema nenhum, não. Isso faz parte da democracia", disse.

José Paulo Cavalcanti Filho, outro integrante da comissão, preferiu não dar sua opinião sobre a apuração de crimes praticados por grupo de esquerda. Ele afirmou que o colegiado ainda não “sentou para conversar” e que a primeira reunião formal será nesta tarde. Os sete membros se reuniram pela primeira vez na última quinta-feira (10) durante jantar oferecido pela presidente Dilma no Palácio da Alvorada.

“Não tivemos tempo para conversar. Vamos ficar em silêncio e vamos sentar para acertar as divergências, para não haver divergência entre nós”, afirmou Cavalcanti. “A gente acertou que a gente vai primeiro produzir consenso, então tá errado falar antes de haver esse consenso”.

Lei da Anistia

 Gilson Dipp lembrou ainda que o resultado das apurações realizadas pela comissão não poderá servir para processo judiciais, nem mesmo por parte do Ministério Público. “Nós não temos esse poder. A lei não permite. Não temos na comissão caráter jurisdicional”.

Perguntado ainda se a instalação da Comissão da Verdade poderia ser um passo para se fazer uma revisão da Lei da Anistia, Dipp afirmou que o grupo não pretende sair do terreno de atuação. “Essa é uma missão acima de qualquer suspeita de que nós adentremos a um terreno em que a lei não nos permite”, afirmou.

Trabalho da comissão

 Gilson Dipp foi escolhido para coordenar os trabalhos na comissão durante a fase de instalação. Não existirá um presidente e todos os membros deverão se revezar na coordenação do grupo. A primeira reunião será nesta quarta-feira, às 16h, na Casa Civil.

De acordo com Dipp, a primeira fase do trabalho será operacional, na qual vai se elaborar um regimento interno e um cronograma de atividades.

“Vamos tomar conhecimento, tomar pé do que existe à disposição e aí sim vamos começar a escolher depoimentos, informações, entregas de documentos e principalmente colaboração com outros órgãos públicos, outras instituições e outras comissões já instaladas como a comissão dos mortos e desaparecidos, como a Comissão de Anistia”, afirmou.

16 de maio de 2012
Priscilla Mendes e Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília


NOTA AO PÉ DO TEXTO

E agora José? Isso é mesmo democracia? Ou, como disse o diplomata Paulo Sérgio Pinheiro, é uma `bobachada` esse negócio de dois lados, se um lado está morto?

"Isso é democracia. A gente tem de se acostumar a conviver com a diferença. Agora, em nível elevado, assentados à mesa, com tranquilidade. Não tem problema nenhum, não. Isso faz parte da democracia"

m.americo

FÍSICO ALAGOANO DESENVOLVE GERADOR AUTOMÁTICO DE SAMBA-ENREDO


Físico alagoano desenvolve gerador automático de sambas-enredo
As primeiras escolas que aderirem ao invento, ganharão um mixador automático de bordões para os puxadores.

SAPUCAÍ - Com a chave da cidade no bolso da calça, Eduardo Paes convocou uma coletiva de imprensa para anunciar as novidades do carnaval 2013. "O desfile das escolas de samba hoje é um espetáculo internacional que reúne a nata das celebridades. Tomamos medidas para que os custos das escolas sejam otimizados de modo que sobre verbas para os camarotes", explicou o prefeito, batucando na mesa.
Paes contratou o físico alagoano Ribamar Severiano para criar um gerador de sambas-enredo. Em quatro dias, Ribamar apresentou um protótipo: "Temos um banco de dados com 12 mil rimas para Sapucaí e um sistema que alterna as palavras carnaval, folia, alegria, amor e magia", gabou-se.
Ribamar mostrou que o autor do samba pode filtrar palavras mais específicas a partir de dois temas: "História do Brasil" e "Metáforas oníricas". No primeiro, é possível rimar escravidão com pilão, império com mistério e bateria com fidalguia. O segundo gera versos para temas abstratos como "mergulhei nessa magia / era tudo que eu queria / para esse carnaval".
Por fim, apresentou um recurso que pode ser usado em último caso. "Aqui atrás, há uma válvula para criar onomatopeias", explicou.

16 de maio de 2012
The i-piaui Herald

COMISSÃO DA VERDADE JULGARÁ TORTURADORES DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA



Comissão da Verdade julgará torturadores da Música Popular Brasileira
Compadre Washington está proibido de pronunciar "Tchaãn" e "tchudududupá" em todo território nacional.

DIVINO - Integrantes da Comissão da Verdade confirmaram, ontem à tarde, que os torturadores da Música Popular Brasileira serão identificados, julgados e punidos. "Passamos décadas sob implacável ditadura de sertanejos universitários, dançarinas de axé e vocalistas de pagode coxinha", desabafou Geraldo Vandré. Armado de uma queixada de burro, o compositor cantou os versos "é a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar" um tom acima da versão original.

Intimações foram enviadas para os grupos Soweto, Karametade, Katinguelê, Molejo, Os Morenos, Rouge, Vagabundos, Só Pra Contrariar, Raça Pura, Harmonia do Samba, Sampa Crew, Copacabana Beat, As Meninas e Mastruz com Leite. Latino, Maurício Manieri, Vini Shake Boom e Supla estão foragidos.

Tiririca foi poupado por ter imunidade parlamentar.

Integrantes do grupo Art Popular desapareceram após serem interrogados para explicar os versos:

 "Até parece que o amor não deu / Até parece que não soube amar / Você reclama do meu apogeu / Do meu apogeu! / E todo o céu vai desabar" e "Pimpolho é um cara bem legal / Pena que não pode ver mulher".

A trilha sonora da novela Avenida Brasil está sub judice. "É um grande passo para renovarmos a cultura nacional", comemorou Artur Xexéo, enquanto ouvia um LP de Emilinha Borba.

16 de maio de 2012
The i-piaui Herald

A SITUAÇÃO É CRÍTICA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem grande capacidade manipular as idéias próprias ou de seus assessores, depois, cometendo o vitupério do auto-elogio, as lança como fatos consumados e fim de papo. Ele fica “acreditando” que realizou algo “que nunca ninguém viu na história desse país”, e nada vai pra frente ou sai do papel.



Citá-las todas seria algo longo e cansativo, por isso vou continuar a falar sobre a Copa do Mundo de 2014, pois ao que escrevi nesse dia 14 (O Grande Mentecapto), posso acrescentar algumas novidades que li ontem.

Apesar da “presidenta” ter dito aos dirigentes da FIFA (Fédération Internationale de Football Association), que assumiria a comando dos preparativos para a Copa, não lhes inspirou a mínima confiança, tanto que mandado Charles Botta, consultor especial da Fifa para estádios, e pela empresa Arena, contratada pelo COL, o Comitê Organizador Local, para supervisionar as obras.

Com as informações recebidas dessas informações, a FIFA concluiu que a situação dos estádios é crítica. A entidade estabeleceu 3 níveis de risco de atraso, em cinco estádios do Mundial. Há preocupação especial com o estádio de Natal, classificado como de “alto risco” de não ser concluído a tempo para a Copa.
As arenas de Manaus e Cuiabá são consideradas de “médio risco” e as de Curitiba e Porto Alegre, de “baixo risco”, segundo a entidade.

O panorama para a Copa da Confederações de 2013 é ainda mais crítico. A Fifa aponta atrasos em três das quatro sedes já anunciadas para a competição, tratada como ensaio para o Mundial.
Rio, Brasília e Belo Horizonte são vistas com “médio risco” de não concluírem as obras a tempo. Fortaleza é exceção, está à frente do prazo.


As outras duas cidades que ainda sonham em abrigar o torneio, Recife e Salvador, vivem situações opostas. Os desafios do estádio de Pernambuco “dificilmente serão superados”, diz o relatório da Fifa. Já a arena baiana apresenta apenas “baixo risco”. Concluindo se vê que quem tinha razão era secretário-geral da Fifa Jérôme Valcke, homem-forte da Copa-14, quando em março afirmou: “As coisas não estão funcionando. Muitas coisas estão atrasadas. O Brasil merece um chute no traseiro”.

16 de maio de 2012
giulio sanmartini

(*) Foto: Agnelo Queiroz e Aldo Rebelo, ou seja; um corrupto e um babaca.
(*) Texto de apoio: Juca Kfouri, Marcel Rizzo e Martín Fernandez

A PORTA É NADA SE NINGUÉM ME ESPERA

Descobrir algo não significa necessariamente saber reconhecer todo o valor desse algo, da mesma forma que conhecer algo no sentido empírico do termo não significa saber interpretá-lo ou mesmo entendê-lo.
Esse jogo de palavras iniciais na verdade me veio à mente ao lembrar outro dia da poesia de Miguel Cirilo (foto) um dos mais brilhantes poetas do nosso estado, o Rio Grande do Norte, pouco conhecido dos amantes da poesia e menos ainda estudado pelos nossos acadêmicos. Deveria, mas não é.


Pois bem, Miguel Cirilo é autor de um dos livros mais emblemáticos e enigmáticos da nossa poesia intitulado “Os elementos do caos”. Nesse pequeno (no tamanho apenas) livro há um poema chamado “Conhecimento do morto” que é uma verdadeira obra-prima.

Eu já havia lido esse poema algumas vezes, mas foi minha tia Margarida Bittencourt, quem chamou atenção para um dos versos (ela sempre gosta de repetir o verso em eventos sociais) do poema que é simplesmente encantador para dizer o mínimo. O verso diz: “A porta é nada se ninguém me espera”. Leia novamente e com calma. Releia.
A clareza do verso é momentoso. Mas também é enigmático e certamente metafórico. Aliás, se há algo precisamente metafórico é a poesia.
Ela, a metáfora, “ocupa” o lugar de algo ou fala de algo que “não aparece”. A idéia de metáfora na poesia é exatamente essa a de falar nas entrelinhas. A beleza poética ou padrão estético da poesia reside em muito neste sentido indireto com que o verso ou as estrofes são produzidos.

Pinçado do todo, porém, a frase “a porta é nada se ninguém me espera” se sustenta pela beleza, profundidade e polissemia que a mesma permite. É um verso aberto, incomodo, tocante e mais ainda, crítico de um mundo em que os valores humanos parecem afetados pela correria do cotidiano, como se não houvesse mais um tempo de espera, de acolhimento, de escuta.

A porta não deve estar fechada se o outro é esperado. A porta não deve estar fechada se a possibilidade do encontro remete a uma aceitação do outro, do diferente, do fazer humano, do constituir-se humano, da tolerância. A porta enquanto metáfora pode remeter ao vazio negando-se ao compartilhamento de idéias, a aposta no outro, ao amor que nada espera, mas que sabe aguardar.
O verso de Cirilo sugere um compromisso e como tal deve ser cumprido. Caso não fica subentendido a pergunta: então para que o compromisso? Se há a porta então que seja feita para a espera. A porta é o ponto de partida para a revelação do encontro, para o desejo que se realiza no encontro e não um ponto de chegada em que apenas o vazio reine.

Sem citar na integra o poema vale a pena esticar um pouco mais a partir da frase aqui pensada: “a porta é nada se ninguém me espera, sou hóspede e o chamar-te minha amada, dorme na casa do não ser que eu era, morreu quem sou, mas quem não fui resiste”.
Um estudo mais aprofundado sobre a poesia de Miguel Cirilo ainda carece de um bom interprete. Como diz o mesmo no mesmo poema “amar é achar o tempo do não ser”.

16 de maio de 2012
Laurence Bittencourt

CADÊ O MINHA CASA MINHA VIDA:

O ainda presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado de sua candidata a substituí-lo Dilma Rousseff, no dia 23 de março de 2009, lançou com todas as pompas e circunstâncias o programa.



“Minha Casa, Minha Vida”, que pretendia construir até um milhão de moradias nos anos seguintes. Dessas 400 mil seriam destinadas para quem tem renda até três salários mínimos. Outras 200 mil para recebesse entre três e quatro salários mínimos. 100 mil para os renda entre quatro e cinco salários mínimos.

Outras 100 mil para quem recebe entre cinco e seis salários mínimos. As 200 mil restantes são para população que recebe entre seis e dez salários mínimos.
Todavia, até o mês passado, apenas um quarto das 418.969 casas destinadas à população de baixa renda prometidas em 2009 pelo governo federal – na primeira versão do programa Minha Casa, Minha Vida – foi entregue no Brasil.
A parte mais cruel dessa história, vem da cidade de São Paulo, com seus 11,5 milhões de habitantes, é a 6ª cidade mais populosa do mundo, mas 62% das famílias não têm condições de comprar uma casa ou apartamento próprio.

O principal motivo para a incapacidade dessas famílias de comprar sua casa é o preço elevado do imóvel na cidade e a escassez de imóveis para a população de baixa renda. Esse fator impede que 32% adquiram a casa própria.

“A maior parte dos imóveis em oferta é para famílias ricas”.
O lutador Favelas venceu por KO, no primeiro round o lutador Minha Casa Minha vida

16 de maio de 2012
giulio sanmartini

EM MUNDO VAZIO, A BANALIZAÇÃO DA LIDERANÇA




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Os livros de auto-ajuda insistem, com suas fórmulas enfadonhas, que a sociedade se resume a um sistema de líderes e liderados. Mas as pessoas querem realmente liderar?
Poucas coisas são tão desalentadoras quanto cruzar com uma livraria de aeroporto. Os mais-vendidos do momento saltam aos seus olhos, e não importa o quanto você lutou para ficar longe dos modismos editoriais: a livraria de aeroporto vai lhe colocar cara a cara com a vida real.
O seu voo ainda vai demorar meia-hora, não há mais nada a fazer no saguão de espera. Então você passa os olhos pelas estantes, num gesto de curiosidade mórbida.

É um pouco como espiar um acidente na beira da estrada. Só que em vez das vítimas com as tripas de fora, são os best-sellers vendidos aos milhões que nos deprimem.
As apostas editoriais mudam de acordo com a dança. Tem o ano vampiro, o ano fada, anjo, mistérios medievais… Mas, pelo menos no setor de auto-ajuda, há uma tendência que nunca parece sair de moda.

A cada dez livros nas estantes das livrarias de aeroporto, pelo menos seis insistem ensinar seus leitores a serem líderes. Seja líder no trabalho, seja líder em casa, no seu negócio, na sua cozinha, na sua vida. Aprenda liderança com Jesus ou com o Dalai Lama, “inspire pessoas”, “mude vidas”, faça “sua jornada até a liderança autêntica e sustentável”.

E o que dizer de expressões como “líder coach”, “coração de líder”, “líder do novo milênio” e de histórias de executivos que abandonaram suas ferraris para aprender a “essência da liderança” em mosteiros remotos?

Os livros insistem, com suas fórmulas enfadonhas, que o mundo se resume a um sistema de líderes e liderados. Mas é difícil entender essa obsessão por liderança em uma sociedade em que ninguém quer se responsabilizar por nada. Não há coisa mais chata do que liderar. Ser responsável por indivíduos e – pior ainda – dizer a eles o que fazer. As pessoas realmente querem isso para elas? Para que? E com que propósito?

Desde a Segunda Guerra mundial, o mundo ficou um tanto desiludido com seus líderes. Hitler, por exemplo, poderia muito bem ser considerado um “líder coach”. Seu “coração de líder” convenceu seus compatriotas a matarem milhares de judeus. Não é o único exemplo.
A civilização já estava cansada de chefes e revoluções que resultavam em tiranias e mortes.

Não por acaso, pensadores como Isaiah Berlin são tão influentes desde a pós-guerra. Berlin criou os termos “liberdade negativa” – para definir uma liberdade a base de coerção – e “liberdade positiva” – para definir uma liberdade em que todos têm a oportunidade de demonstrar o seu potencial.
O nosso mundo ocidental contemporâneo é moldado no conceito de liberdade positiva, em que os perigosos líderes e seus grandes ideais são trocados por uma sociedade que funciona mais ou menos sozinha, equilibrada pela sociedade de consumo. Esta não está mais a serviço dos valores edificantes do passado, mas sim dos desejos simples e banais dos indivíduos.

Os governantes não são mais líderes históricos que nos guiam para conquistas coletivas. São apenas burocratas ou tecnocratas que cuidam da economia e se contentam em nos entregar aquilo que precisamos: boas estradas, bons serviços, etc.
A ideia de liderança, claro, não desapareceu totalmente do mundo: ela se descentralizou, ficou ao alcance de cada cidadão.
Nessa fragmentação, restou ao indivíduo a busca desesperada pelo seu “líder interno”.

Numa sociedade movida pela economia de mercado, o líder é o empreendedor, o self-made man, aquele que mobiliza as pessoas em torno de um negócio, um escritório, uma associação. Liderança já significou reunir pessoas em torno de valores e ideais. Agora, o líder convence o estagiário a buscar café e xerocar documentos com a promessa de que será o futuro Eike Batista.

A liderança se banalizou. Virou uma fórmula comercial que se compra por 30 reais numa ponte aérea. Mas queremos mesmo liderar? Ou estamos apenas tentando preencher o vácuo deixado pela sociedade de consumo? A “liberdade positiva” de Berlin pode nos ter poupado de ideais perigosos e tiranias massacrantes, mas nos transformou em máquinas ocas de felicidade, robôs solitários, seres errantes em um mundo de infinitos desejos, só que vazio de significado.

16 de maio de 2012
Bolívar Torres

BRASIL INVESTE EM SAÚDE A NÍVEIS AFRICANOS


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País conta em média com 26 leitos para cada 10 mil pessoas (Fonte: Reprodução/AE)

OMS

Brasil investe em saúde a níveis africanos

Gastos do governo com saúde aumentaram nos últimos anos, mas país ainda destina ao setor menos do que a média mundial

O país conta em média com 26 leitos para cada 10 mil pessoas, abaixo da média mundial, que é de 30 leitos para cada 10 mil habitantes. A disponibilidade na Europa é três vezes maior do que no Brasil.

Não faltam médicos


Ainda de acordo com a OMS, não faltam médicos no Brasil. A proporção é de 17,6 médicos para cada 10 mil habitantes, acima da média mundial de 14 para cada 10 mil. Esse número, no entanto, ainda é metade da proporção registrada na Europa.
Na África, são apenas dois médicos para cada 10 mil pessoas.
O Brasil é um dos 30 países — de um total de 193 — onde a população precisa arcar com mais de 50% dos gastos com saúde. A média mundial é de 40%.

Gasto por habitante


Em 2000, o governo destinava 4,1% de seu orçamento para a saúde. Em 2010, essa proporção aumentou para 5,9%, mas ainda está muito abaixo da média mundial, que é de 14,3%, e inferior até mesmo à média africana.

O governo brasileiro triplicou o gasto com saúde por habitante em uma década: de uma média de US$ 107 por ano, em 2000, para US$ 320 por ano, em 2009. O valor, entretanto, é bem inferior à média mundial de US$ 549 por ano. O Brasil chega a gastar dez vezes menos com cada cidadão do que a média europeia. Em Luxemburgo, por exemplo, gasta-se quase 25 vezes o valor no Brasil.

16 de maio de 2012

SUA MAJESTADE LULA - PARTE 2


Instantâneos do culto da personalidade de corte comunista totalitário: Stalin, Mao Tse-Tung e a variante brasileira, Lula, o Filho do Brasil.


O culto da personalidade chegou ao auge com Lula, o Filho do Brasil, a cinebiografia de Sua Majestade lançada com 500 cópias, número inédito para um filme nacional, produzida pela Família Barreto com um montante de R$10,8 milhões em doações de empresas, a maioria delas financiadas em seus negócios pelo BNDES ou contratadas para a execução de obras e serviços do governo federal.
Entre os doadores privados para a produção do filme destacou-se o empresário Eike Batista com a doação de US$ 1 milhão.
Ele já havia financiado a campanha da reeleição de Lula doando US$ 1 milhão. Logo ele ocupava o 142º lugar na lista dos homens mais ricos do mundo com uma fortuna estimada em 6,6 bilhões de dólares em 2008, passando para o 61º lugar em 2009 e para o 8 º lugar em 2010, tornando-se, com uma velocidade espantosa, o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna aproximada de 27 bilhões de dólares. O diretor do filme, Fábio Barreto, inspirou-se na biografia de Lula da jornalista Denise Paraná, fazendo pequenas adaptações:

NO FILME
NO LIVRO
Aristides, pai de Lula, esbofeteia o filho e avança para a esposa Lindu, mas Lula impede que ele bata em Lindu.
Aristides bate em Dona Lindu com uma mangueira, e avança para o filho, mas Dona Lindu impede que ele bata em Lula.
Impressionada com Lula na escola, a professora Terezinha se oferece para adotar o menino: “A senhora não quer que ele seja alguém?”. Dona Lindu responde altiva: “Ele já é alguém. Ele é Luiz Inácio”.
Quando Lula morava em Santos e Dona Lindu quis se mudar para São Paulo, a professora Terezinha insinuou que poderia adotar o menino para que ele pudesse continuar estudando em Santos.
Durante o linchamento de um diretor de fábrica Lula diz ao irmão sindicalista: “Ele também é um trabalhador”.
Sobre o linchamento do diretor de fábrica Lula comentou: “Eu achava que o pessoal estava fazendo justiça”.
Lula descobre corrupção no Sindicato dos Metalúrgicos e cobra, indignado, o afastamento do presidente da entidade.
Não há nenhuma referência a isso na biografia de Lula que serviu de base para a realização do filme. (Fonte: Veja)

Embora o diretor Barreto tenha sofrido um acidente de carro pouco depois da estréia do filme, permanecendo em coma até hoje, nada apagou o brilho deste que foi o maior lançamento da história do cinema brasileiro. Contudo, apesar de todo o empenho da propaganda, o filme acabou fracassando nas salas comerciais: poucos se animaram a ver a cinebiografia de um presidente em exercício, sabendo que nada de grandioso ou terrível, de escandaloso ou chocante, de picante ou indecente poderia ser aí apresentado.
A previsão era de 5 milhões de espectadores. O filme vendeu 102 mil ingressos no segundo fim de semana de exibição – um resultado medíocre considerando as 430 salas que suas cópias ocuparam.
No mesmo período, Alvim e os esquilos II vendeu 640 mil ingressos. Mas a carreira forçada de Lula, o filho do Brasil grotões adentro ainda não começou: as centrais sindicais planejam projetá-lo nas áreas mais pobres do país com ingressos subsidiados; o DVD do filme será lançado no Dia dos Trabalhadores, em 1º de maio; a Rede Globo deve exibir a fita editada em minissérie, etc.

Em abril de 2010, Sua Majestade Lula deu as caras na TV Bandeirantes, depois de anos sem se dignar a falar com a “antiga imprensa”. Sobre a liberdade nas mídias disse desconhecer país que não a tenha (Datena lembrou Cuba, mas Sua Majestade fingiu não ouvir). Boris Kasoy, fragilizado pela revelação de sua militância juvenil no Comando de Caça aos Comunistas, documentada num número de 1968 da antiga Revista Cruzeiro, e pelo processo que lhe moveu o sindicato dos garis, por uma sua desavisada e
infeliz declaração discriminatória, ousou confessar seu temor do controle da informação pelo governo.
Sua Majestade então gritou (tendo aprendido com Hitler, um dos líderes que admirava na juventude, como vencer um debate – sobrepondo seu vozeirão ao sussurro tímido do antagonista assustado): “Você não foi à reunião que decidiu isso, Boris? Pois devia ter ido. Agora é assim! As decisões são tomadas nos debates! Depois não adianta reclamar!”.

A lógica petista de Sua Majestade faz lembrar a de Maria Antonieta expressa na famosa frase que lhe foi atribuída: “S’ils n’ont pas de pain, qu’ils mangent de la brioche!”, ou seja, “Se eles [os pobres] não têm pão, que comam bolos!”.
Mas duvido que, se ela proferiu a frase, o tenha feito aos berros. A nobreza era cínica e cruel, mas não totalitária (como os revolucionários adeptos da guilhotina funcionando a todo vapor).
Já na democracia petista agora é assim: vence quem grita mais alto. As medidas autoritárias são tomadas após reuniões e debates aterradores em que os militantes exercitam orgasticamente sua “novilíngua”, zelando em maioria pelo triunfo das diretrizes da cúpula; as discussões desenrolam-se ritualisticamente, encetadas apenas para legitimar, com a chancela do “debate democrático”, as decisões já tomadas nas instâncias superiores, que triunfam sempre (basta lembrar que a queda da CPMF foi a única derrota do governo até hoje).
É o modelo da “democracia popular” e da “democracia direta” que Sua Majestade importou dos regimes comunistas, e que será aprofundado no reinado da princesa Dilma.

Sua Majestade Lula descartou qualquer censura à imprensa, acrescentando ser preciso, contudo, fazer alguma coisa contra a violência na TV, pois de manhã à noite só vê crimes e tiros na telinha.
Datena lembrou que os noticiários policiais cobrem o que se passa nas ruas e para se acabar com a violência deve-se cuidar da segurança: “Se eu apresentasse um programa de TV na Suíça não cobriria crimes”, observou, acrescentando que, no Brasil, política e crime estão andando juntos – as reportagens policiais viram reportagens políticas e vice-versa.
Sua Majestade estranhou a idéia, e Datena exemplificou com o caso do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, acusado de corrupção, e que se encontrava preso sem condenação da Justiça.
Lula retrucou com uma frase profunda e inquietante: “O que vem primeiro, o ovo ou a galinha?”.
Com isso Sua Majestade sugeria que as imagens e os dados transmitidos pela TV produziam a violência, independentemente das condições sociais e materiais da recepção: pobreza crônica, desemprego em massa, moradias faveladas, falta de educação, famílias desagregadas, tráfico corruptor, etc.
A TV deveria ser, pois, censurada, pois os telejornais estariam a cobrir uma violência que eles próprios gerariam... O fracasso da administração de Sua Majestade (nos quesitos educação, moradia, emprego, segurança, etc.) estaria assim resolvido.

Sobre o caso Arruda, propriamente, nenhum jornalista lembrou-se de indagar porque o governador foi imediatamente preso (seguindo-se a isso uma campanha infernal de imprensa sobre o “mensalão do DEM”) enquanto Lula, Dirceu e todos os mensaleiros do PT ficaram soltos após as denúncias do mensalão do governo.
Enquanto o mensaleiro do DEM foi imediatamente preso “para não destruir provas” os mensaleiros do PT puderam permanecer livres com advogados a tiracolo zelando para que não abrissem o bico, destruindo todas as provas, governando o país e enriquecendo ainda mais. Ou seja, corrupto do PT pode, do DEM vai preso sem direito a habeas corpus.
Na mesma semana em que a Justiça negou a Arruda prisão domiciliar, um Juiz mandou soltar os presos (ladrões, assassinos, estupradores) que estavam em containers no Espírito Santo por serem aquelas condições de prisão desumanas. De fato, a prisão dos criminosos em containers era um verdadeiro campo de concentração de tipo nazista como “nunca antes neste país” se vira igual.
Mas a solução era soltar os criminosos sem teto, condenados pela Justiça? Por que não processar os responsáveis por aquela barbárie nazista e construir para os criminosos presídios decentes? Ou seja, soltar criminoso condenado pela Justiça pode, mas soltar políticos da oposição acusados de corrupção sem culpa provada, não...
Pouco se falou também da pretensão de Sua Majestade de levar a paz ao Oriente Médio. Caiu mal na comunidade judaica a recusa de Sua Majestade em visitar o túmulo de Theodore Herz, cujo sonho de um Estado Judeu se concretizara no Estado que Lula visitava, e cuja existência ele reconhecia na visita oficial, a primeira de um presidente brasileiro.
Mas ao recusar homenagear aquele que sonhara o Estado em que era recebido, Lula deixou implícita sua rejeição ao sionismo, ou seja, ao Estado que visitava.
Alguns interpretaram sua recusa como politicagem: na qualidade auto-atribuída de Mediador do Conflito (como ele e outros delirantes o imaginam), ele não poderia ofender os palestinos homenageando o idealista que sonhou o Estado Judeu (ainda que pudesse ofender os judeus vitimados pelo terror palestino depositando flores no túmulo de Arafat).
A embaixadora israelense Dorit tentou colocar panos quentes na situação, sugerindo que Lula talvez ignorasse quem fora Herz. Mas Sua Majestade (“não sei de nada”) sabia de tudo, informado pelos muitos assessores judeus (empresários de esquerda, ideólogos marxistas, neo-stalinistas pacifistas) que o acompanharam na viagem. Além disso, Marco Aurélio “Top Top” Garcia e o ex-diretor da Embrafilme, Celso Amorim, hoje alguma coisa no exterior, certamente aconselharam Sua Majestade Mediadora a não dar esse faux-pas. Na lista dos integrantes do trem de alegria de Sua Majestade rumo ao Oriente Médio divulgada pela CONIB não percebi nomes árabes. Só nomes judeus. Os assessores palestinos, islamitas, árabes, teriam tomado outro trem da alegria à espera de Sua Majestade à saída de Israel? E os amigos e assessores judeus? Continuaram com Sua Majestade nos países árabes, numa comitiva ecumênica juntando assessores judeus e assessores árabes, todos a incentivar a paz? Ninguém comentou esse pormenor.

Parece que, entre os dignitários judeus que acompanhavam Sua Majestade, apenas a assessora Clara Ant e o Governador da Bahia, Jaques Wagner, seguiram para a Palestina e a Jordânia.
A assessora Ant criticou os judeus que criticaram Sua Majestade na carta aberta “Colecionador de Amizades” (epíteto que Shimon Peres cunhou para Sua Majestade Lula), onde observou que entre 2003-2008, o intercâmbio comercial entre Brasil e Israel mais que triplicou, saltando de US$ 506 milhões para US$ 1,6 bilhão, fazendo do Brasil o principal parceiro comercial de Israel na América Latina; e que o Acordo de Livre Comércio entre MERCOSUL e Israel – o primeiro do bloco sul-americano com um país de fora das Américas – alargará ainda mais esses promissores horizontes de negócios.

Ex-trotskista, Clara Ant observou que, além da agenda oficial, ocorreram encontros com lideranças de organizações pacifistas, certamente estreitando os laços do Brasil com os inimigos de Israel dentro de Israel.
Um dos pontos altos da viagem foi, a seu ver, a visita ao novo Museu do Holocausto. Mas pelo que pudemos perceber na mídia, enquanto Dona Marisa sorria em seu vestido rosa-choque, encantada com a parede tomada pelas fotos das vítimas do Holocausto, Sua Majestade repetia “nunca mais, nunca mais, nunca mais”, sugerindo que esse memorial às vítimas da “irracionalidade humana” deveria ser de conhecimento obrigatório para todos aqueles que queiram dirigir uma nação.
Sua Majestade diluía o complexo fenômeno do antissemitismo, do nazismo e do Holocausto na “irracionalidade humana”, criticando pelas costas o amigo iraniano Mahmud Ahmadinedjad, negador do Holocausto, que Lula não hesitava em receber em palácio, num ato de “irracionalidade humana” que Clara Ant não percebia como tal nem condenava.
No Museu, Sua Majestade depositou uma coroa de flores para todas as vítimas do extermínio nazista, repetindo o que fizera na entrada do Congresso em memória dos soldados israelenses mortos nos conflitos regionais.
Sua Majestade defendeu enfaticamente a existência do Estado de Israel, soberano, seguro, pacífico, convivendo, lado a lado, com um Estado Palestino soberano, seguro, pacífico.
E se os palestinos não se contentarem com um Estado seguro, soberano, pacífico, convivendo, lado a lado, com um Estado judeu soberano, seguro, pacífico? E se os judeus não admitirem que seu Estado seja povoado por uma maioria árabe ditando as regras, suprimindo sua liberdade de determinar seu futuro?
Ora, no Brasil, judeus e árabes “vivem em perfeita harmonia”. Por que não no Oriente Médio? Será porque lá eles vivem outra dimensão da História?
Sua Majestade não dá bola para a História. Por isso ele foi lá brandir sua credencial de Mediador da Paz, levando uma importantíssima mensagem pacifista àqueles ignorantes.

Somente a grande historiadora Anita Novinsky, em breve recado a Clara Ant na Rua Judaica(1), para perceber como certa ideologia tem deformado a linguagem, em deslizamentos de sentidos que contaminam toda a mídia. Finalmente alguém notou a visão deformada sobre o sionismo como suposta “criação” de um ideólogo. A ojeriza de Sua Majestade Lula em visitar o túmulo de Herzl é coerente com o programa petista que condena o sionismo, mas compromete sua autoconcedida credencial de Mediador, a levar sua tão importante, tão inédita, mensagem de paz aos ignorantes belicosos do Oriente Médio.
Para Ant, “nunca antes aconteceram” entre Israel e Brasil o que agora acontece com Sua Majestade; por isso, “seria muito bom que a comunidade [judaica] no Brasil conhecesse e pudesse debater a pluralidade de posições que existem lá em Israel [...]. Um professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, que já dirigiu o Mossad [...] defende [...] a necessidade de envolver o Hamas num acordo. Muitas vezes a maneira como são tratadas algumas diferenças no interior da comunidade [judaica brasileira] me lembram o absurdo do pensamento único imposto pelo stalinismo, que eu sempre combati. Da mesma forma que o anticomunismo (ou o anti-socialismo) me faz lembrar que o primeiro golpe dado por Hitler foi conseguir maioria a partir da retirada dos comunistas do parlamento.”
Aqui, a “ex-trotskista” Clara Ant, citando o vago exemplo do “professor ex-Mossad” simpático a “acordos com o Hamas”, assimila a comunidade judaica brasileira (supostamente ignorante do pluralismo de Israel) a Hitler e a Stalin, dando continuidade ao pensamento trotskista reformado em petismo, que nas incessantes investidas de Sua Majestade no exterior parece querer emular a revolução permanente de Trotski...
Nota
(1) “Tudo que você disse é verdade. Mas a repercussão de certa atitude e frases pronunciadas pelo nosso presidente surpreendeu os que o admiravam. Afinal, ele não ia depositar flores no túmulo do "criador" do sionismo. Sionismo existe desde que existe o povo judeu. Herzl apenas procurou uma pátria como solução para a tragédia do povo judeu, depois dos massacres na Rússia, explicando, esclarecendo e abrindo os olhos do mundo de que a causa de tanta dor era a falta de um território nacional. E apenas por curiosidade, para relembrar a história, foi um português, Damião de Góis, que disse exatamente isso, no século XVI.” NOVINSKY, Anita. Querida Clara Ant. Tribuna do Leitor, Rua Judaica, 4/5/2010.
16 de maio de 2012

Luiz Nazario

PARTE 1 - ARQUIVO DE 15 DE MAIO DE 2012


O CARTÃO CORPORATIVO DOS EX-PRESIDENTES

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José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique e Luiz Inácio têm cartões corporativos pagos pela Presidência da República

Embora não divulguem oficialmente, José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique e Luiz Inácio têm cartões corporativos pagos pela Presidência da República.
Segundo o Palácio, as despesas com cada cartão não passam de R$ 10 mil por ano. Os cartões estão em nome dos motoristas que os atendem, cedidos pelo governo. São para despesas de combustível e pedágio, mas não há controle, por se tratar de gasto sigiloso.
A Lei de Acesso à Informação, que entrará em vigor, vai proteger o quarteto neste quesito.

Na conta

Sob preceito constitucional, por serem ex-chefes de Estado, a Lei de Acesso restringirá à ABIN as informações dos gastos, a exemplo das despesas relativas a Dilma Rousseff.

Staff

Pela Constituição, cada ex-presidente tem direito ainda a oito assessores cedidos pelo governo, dois carros, dois motoristas e quatro seguranças cedidos pela PF.

16 de maio de 2012
Leandro Mazzini

O VÍCIO PELA VIRTUDE

Carlos Alberto Sardenberg

Você está no peso ideal, colesterol abaixo de 100, pressão 12 por 8, boa alimentação,exercícios em dia e – quer saber? – você está em desvantagem. Não tem como melhorar. Suponha que você fique doente. O que o médico poderia
recomendar para aperfeiçoar sua qualidade de vida? Bem diferente se você estivesse gordinho e meio paradão. Haveria ampla possibilidade de ação e melhoria.

Foi com esse tipo de lógica que o ministro Guido Mantega andou demonstrando uma suposta superioridade brasileira no cenário de crise mundial. Lembrou, por exemplo, que em muitos países a taxa de juros está próxima de zero, de modo que seus bancos centrais, coitados, não dispõem de poderoso instrumento de estímulo à economia. Já o Banco Central (BC) brasileiro,que pilota a maior taxa de juros do mundo, teria ampla possibilidade de reduzi-la várias vezes.

Assim, um dos piores vícios brasileiros, o juro descabido, se transforma em virtude. Mas, se essa lógica faz sentido, também faria sentido derivar daí uma recomendação de política monetária: que os bancos centrais mantivessem juros elevados para poder reduzi- lo sem caso de necessidade. Eis sonos levaria a uma contradição em termos: na crise, os juros não poderiam ser reduzidos porque se perderia o instrumento.

Vai que o BC brasileiro coloca a taxa de juros a zero e a economia continua exigindo mais estímulo, o que fazer? Parece absurdo, é absurdo, mas é isso o que nos estão dizendo: teria sido enorme sabedoria manter os juros mais altos do mundo.
Pode?! Não é incrível que apareça esse tipo de questão em meio a um momento difícil e complexo da economia global?

É claro que os bancos centrais que já reduziram os juros não têm mais o que fazer nessa direção. Mas os juros no chão continuam fazendo o serviço de baratear consumo e investimentos.
Portanto, vamos reparar: em qualquer circunstância, os juros brasileiros constituem vício. E formam o sintoma mais visível de diversas doenças da economia local, incluindo dívida pública elevada e com rolagem curta, gasto público exagerado e baixo nível de investimento.

Aplicaram a mesma manobra mental aos compulsórios – dinheiro que os bancos devem deixar depositado no Banco Central -, também os maiores do mundo aqui, no Brasil. Com tanto dinheiro retido, quando surge algum problema de liquidez, como falta de dinheiro e crédito na praça, o nosso BC pode liberar recursos do compulsório.

Do mesmo modo que na lógica maluca dos juros altos, o “correto” seria deixar o compulsório elevado para poder reduzi-lo quando ocorresse algum problema. Outro vício que virou virtude.
Reparem: compulsório é dinheiro retirado do sistema financeiro, que tem reduzida sua capacidade de emprestar para empresas e pessoas. É vício, sintoma de uma economia doente que não pode conceder crédito abundante.

Olhando bem, juros altos e compulsórios elevados são duas faces do mesmo vício. Decorrem das necessidades de um governo gastador,que avança no mercado para se financiar, e do baixo nível de investimentos. Dito de outro modo: com juros baratos e mais dinheiro disponível, o crédito cresceria e ampliaria a capacidade de investimento e de consumo de empresas e pessoas. E isso traria mais inflação, porque a oferta de bens e serviços ficaria muito abaixo dessa demanda turbinada.
Sim, é verdade que,em muitos países, juros muito baixos, por muito tempo, e muito dinheiro disponível levaram a bolhas e excessos de gastos públicos e privados. O momento, portanto, é de maior prudência.

Não decorre daí que é melhor ter crédito caro e limitado. E, se for para escolher o problema, é melhora abundância do que a falta de crédito.
Vai ver que a redução efetiva e duradoura dos juros depende de outros fatores além da determinação da presidente
Vamos reparar, portanto: o mundo está num período de crescimento baixo, com inflação também baixa e juros no chão. Que, neste momento, o Brasil tenha crescimento muito baixo e, ainda assim, juros altos e inflação acima da meta é um baita sinal negativo.
Como isso pode ter acontecido? Quais são as causas dessa anomalia?

Em vez de responder a essas questões com uma política consistente, o governo resolve atropelar bancos, incluindo os públicos, para forçar a queda dos juros, na marra. Parece que os juros são altos por causa da ganância dos bancos e porque os governos anteriores, incluindo o de Lula, não tinham vontade de reduzi-los.

Reparem: até a presidente Dilma iniciara campanha, os bancos públicos cobravam juros “normais”, quer dizer, parecidos com aqueles praticados nas instituições privadas. De um dia para outro, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal descobrem que podiam cobrar bem menos.
Quer dizer que antes estavam inteiramente errados? Ora, sendo bancos públicos, era preciso que viessem a público para explicar por que não reduziram essas taxas antes e ficaram tanto tempo punindo o público com juros excessivos. Nem os bancos, muito menos o governo, deram as explicações.

Vai ver que a redução efetiva e duradoura dos juros depende de outros fatores além da determinação da presidente. E, se for isso, todo esse barulho pode levar a duas consequências. Ou essa derrubada estaria mais no barulho do que na realidade dos clientes (muitos já reclamando das condições difíceis para obter as novas taxas). Ou os bancos públicos vão mesmo derrubar suas taxas de modo amplo e geral, o que os levará, no mínimo, a uma perda de rentabilidade e, no limite, a prejuízos.

Não nos esqueçamos: Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, conduzidos politicamente, já quebraram mais de uma vez. Só o governo FHC gastou cerca de R$ 15 bilhões, dinheiro nosso, dos contribuintes, para salvar esses dois bancos.

16 de maio de 2012
Carlos Alberto Sardenberg

Fonte: O Estado de S. Paulo

FOTOGRAFIA É HISTÓRIA

Itamar e seu staff
 
Foto
O presidente Itamar Franco ladeado pelos ministros Fernando Henrique, Luiza Erundina e Walter Barelli – das Relações Exteriores, da Administração e do Trabalho – e dos líderes de seu governo no Congresso, Pedro Simon e Roberto Freire. Ao fundo, o busto de Tiradentes feito em pedra sabão, que mandou trazer de Minas Gerais para decorar seu gabinete e reafirmar, como sempre dizia, seu compromisso com a liberdade. 1992.
 
16 de maio de 2012
Orlando Brito

SURGE NOVA DOENÇA


Leio na Folha de São Paulo reportagem sintomaticamente intitulada “O novo melhor amigo do homem”. Seria o celular. Médicos já estão preocupados com a dependência do aparelhinho e o Hospital das Clínicas estuda criar um laboratório no próximo semestre para tratar da doença. Segundo uma psicóloga, na revisão do manual americano de transtornos mentais, no ano que vem será incluída a dependência de tecnologia.

Sou da época em que telefone era privilégio de abastados. Meu primeiro telefone – fixo, bem entendido –, eu o tive aos trinta anos. Em Paris. Porque no Brasil não tinha renda para comprar um. Naqueles dias, em causas judiciais que envolviam patrimônio, o telefone era arrolado como bem. Mais ainda, era declarado no Imposto de Renda. Havia inclusive uma bolsa de telefones, cujas cotações, assim como as do dólar, eram publicadas diariamente nos jornais. Hoje, um telefone no bairro tal era cotado a tantos mil dólares. Vivaldinos que jamais foram punidos, graças a relações com o poder compravam cem, duzentas ou trezentas linhas e viviam de vendê-las ou alugá-las. Era agiotagem das mais lucrativas e seus apaniguados se opunham com unhas e dentes a qualquer idéia de privatização da telefonia.

Verdade que, em Porto Alegre, jamais sentira necessidade de um. Talvez os jovens destes dias achem estranho, mas houve época na História em que era possível viver sem telefone. Em Paris, pensei no assunto. Sem muitas esperanças, devo confessar. No Brasil, o período de espera por uma linha era de cinco anos. Minha estada projetada na França era de quatro anos. Com sorte, pensei, terei telefone quando estiver partindo.

Chamei a telefônica lá deles. Meu primeiro choque foi com o preço, 300 francos, pagos em três vezes. Nestes dias de euro, já não sei quanto significaria 300 francos, mas eram perfeitamente compatíveis com minha magra bolsa de estudos. Isto aconteceu em 1977. Treze anos depois, em 1990, paguei quatro mil dólares por um telefone em São Paulo a um desses canalhas que operavam na bolsa de telefones. E atenção: eu disse dólares. Cruzeiros não eram aceitos em transações entre particulares.

Fiz então a pergunta que mais me preocupava: quando posso ter o telefone? Do outro lado da linha perguntaram por minha profissão. Jornalista, respondi. Não foi fácil acreditar na resposta: dentro de três dias. Para médicos e jornalistas o prazo é este. A França pode não ser o paraíso, pensei. Mas é a sua mais próxima versão.

De três milhões de anos para cá, nenhum de meus ancestrais teve telefone. Fui um pioneiro em minha linhagem. Meus pais, camponeses, teriam até medo de falar nestes aparelhos. Meu sogro, homem urbano e mais familiarizado com a modernidade, já ousava telefonar. Mesmo assim, ficava perplexo quando, em questão de segundos, estava falando com a filha, lá do outro lado do oceano. Vivi também a época do celular e acompanhei sua trajetória. O primeiro surgiu no Rio de Janeiro.

O aparelho parecia um daqueles rádios militares que vemos em antigos filmes de guerra, era imenso e custava 20 mil dólares. Exatamente, dólares. Prova evidente de que quem o possuía tinha cacife para pagar 20 mil dólares por um tijolo daqueles. Apesar de o preço diminuir, durante um bom tempo os celulares foram símbolos de status. Quem possuía um era pessoa de posses, se não rico pelo menos bem de vida. Vivi aqueles dias em que solenes bestas, ao chegar a um bar, esparramavam na mesa três sinais de seus padrões de consumo: as chaves do carro, o maço de cigarros e o celular. Na época, não havia a atual diversidade de tons de chamada. Quando um soava, todos corriam a empunhar o seu.

Naquela época, um fenômeno curioso ocorreu no Chile. Motoristas que eram multados por estar falando ao celular não estavam falando em celular nenhum. Usavam objetos que simulavam o celular, para aparentar status.

O celular foi barateando. Quando até mesmo prostitutazinhas de rua passaram a andar com um na cintura, escassearam os celulares nas mesas de bar. Já não constituíam mais distintivos de classe social. Mesmo assim, o ridículo persiste. Seguidamente vejo três ou quatro pessoas, sentadas em uma mesa, cada uma conversando com alguém distante em algum outro lugar da cidade ou do país. Ora, não me passa pela cabeça ver pessoas reunidas para falar com pessoas distantes.

Se celular é obviamente útil, mesmo necessário, também virou praga. Nada mais irritante estar assistindo a um filme quando toca o maldito aparelhinho. Mesmo em bares, consegue irritar. As pessoas sempre falam em tonalidade mais alta quando ao celular e ficamos submetidos a ouvir desde piadas bestas a confidências íntimas. Isso sem falar daqueles que o usam para jactar-se publicamente de posses ou status. Estes são legião. Nos primórdios da era do celular, conheci um negro que ordenava à sua secretária que o chamasse seguidamente. Sentia-se importante sendo buscado a toda hora. Sem falar nas dondocas que insistem em comunicar ao mundo: “querido, estás vindo no blindado ou na Pajero?” Não estou criando. Esta, juro que ouvi.

Celular já era. Estamos na era dos smartphones, iPads e iPhones. Particularmente aqui em São Paulo. Na rua, restaurantes, salas de espera, ônibus ou metrô, para onde quer que você olhe, há alguém plugado a um desses aparelhinhos. Segundo a Folha, em comparação com o aparelho convencional, o smartphone cria uma relação mais intensa com o dono, às vezes até de dependência. Esse comportamento já está chamando a atenção de psicólogos e psiquiatras, que tentam definir a barreira entre excesso e normalidade.

Segundo Cristiano Nabuco, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, “começam a pipocar casos preocupantes de relação absurdamente descontrolada”. Uma paciente de 17 anos pegou um vôo para Ilhéus (BA) e, quando chegou lá, se deu conta de que estava sem o telefone. Teve crise de abstinência, começou a chorar e só saiu do aeroporto quando a mãe mandou o aparelho, em outro vôo.

Ano passado, andei namorando o novo fetiche. Uma amiga me mostrou um iPhone em um bar e devo confessar que me senti tentado. Eu falava de minha última viagem pelos fjordes, falei do sol da meia-noite em Tromsø e ela imediatamente acionou o GPS e mostrou-me a costa norueguesa, Tromsø, Vesterålen, as ilhas Lofoten, Bodø, Ålesund, Trondheim, Bergen, em suma, todo meu trajeto estava ali na telinha, sem que eu precisasse desenhar. Bom para conversar sobre viagens, pensei. Comentei a entrevista de um escritor pouco conhecido, ela digitou o nome do fulano no aparelho e lá estava estava ele, falando em alto e bom som, à minha frente. Bom para discutir literatura, comentei com meus botões. Isso sem falar em correio eletrônico, navegação pela Web e outros recursos tipo cursos de língua, dicionários eletrônicos, música, ebooks.

Fiquei tentado, dizia. Mas, refletindo melhor, tenho tudo isso em meu computador. Certo, o computador fica lá em casa. Tenho até um notebook e um netbook – aliás já obsoletos –, mas tenho certo pudor em levá-los a meus bares. Quando saio de casa, quero distância da Internet. E se vou a um bar, quero beber, ler, conversar, tudo menos navegar. Meus portáteis, só os uso em viagens. De qualquer forma, me envergonharia ser confundido com essa massa toda de gentes que vive plugada a um smartphone.

Há uns três anos, em entrevista para o Libération, a socióloga Catherine Lejealle dizia:

- Quando se coloca a questão “você prefere perder sua carteira ou seu celular?” a grande maioria responde: a carteira. Porque se perco meu celular, estou morto. No fundo, o celular tornou-se nossa memória íntima. Mais útil que um canivete suíço, ele faz tudo: despertador, caderno de endereços, álbum de fotos... Ele serve também de cofre para jogos com as novas aplicações. Veja nos transportes: quando as pessoas se entediam, elas teclam no celular, como uma criança brinca com seus brinquedos.

Fossem só as crianças... Não há dia em que eu não veja barbados imersos em joguinhos e alheios ao que ocorre a um metro de seus narizes. Neoludita, minha evolução parou em um precário celular, que nem Internet tem. De modo algum me sinto morto sem celular ou gadgets outros. Meu celular é do neolítico da era das comunicações e só o uso aos sábados e domingos. Das 13 às 15 horas. É quando estou esperando, na rua, alguém para confraternizar. Sou imune à nova doença. Talvez um dia chegue à época em que vivo e pense em uma dessas engenhocas. Se for o caso, não será para exibi-la em bares. Mas apenas para uma consulta rápida.

Modernidade sim! Mas devagar.

16 de maio de 2012
janer cristaldo

UMA HISTÓRIA DO TELEFONE


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Filme enviado por Luis Oswaldo Pastore
fernaslm
16 de maio de 2012

PIADA DO ANO: SÉRGIO CABRAL NÃO ACEITA MAIS "INTIMIDADE" COM FORNECEDORESL. CAVENDISH ESTÁ INCONSOLÁVEL

A Folha de S. Paulo revela que, menos de um mês após divulgação de fotos de Sérgio Cabral (PMDB) em viagem com empresários a Paris, o governador do Rio ampliou o Código de Conduta da administração estadual.


A partir de agora, as autoridades estaduais devem “guardar distância social no trato com fornecedor de materiais ou contratantes de prestação de serviços ao Estado”. Esse item não estava previsto na primeira redação do código, de julho do ano passado. A nova redação do código prevê ainda que o servidor deve evitar locais frequentados por prestadores de serviço e “aparentar intimidade” com fornecedores.


O decreto que criou o código foi publicado dias após Cabral viajar em um avião do empresário Eike Batista para uma festa de Fernando Cavendish, então, presidente da Delta Construções, no sul da Bahia.


Se estivesse em vigor, o código puniria, por exemplo, a presença de Cabral e integrantes do primeiro escalão do governo com os empresários, entre eles Cavendish, em Paris, em 2009.


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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG

Fernando Cavendish está inconsolável. Acha que é muita ingratidão de Sergio Cabral, depois de tudo que fizeram juntos, tudo que passaram juntos, chegaram a ser concunhados, até que o acidente de helicóptero destruiu tudo e levou as ilusões. Realmente, Cavendish tem toda razão. Cabral está sendo ingrato demais.




16 de maio de 2012
tribuna da internet

MARTA AGORA VAI NO BERRO!

Marta agora quer ver se aprova a tal lei anti-homofobia na base do berro militante

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) decidiu que é preciso aprovar a tal lei anti-homofobia no berro.

Leiam o que vai no Estadão Online, com informações da Agência Senado e da Agência Câmara. Comento no post seguinte.

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) pediu nesta terça-feira, 15, o apoio da população para pressionar pela aprovação da lei que criminaliza a homofobia. Marta, que é relatora do projeto de lei, disse que a parcela dos brasileiros que não é homossexual precisa respaldar o texto, que já foi aprovado na Câmara, mas enfrenta resistência no Senado.

A senadora ainda afirmou que há, entre seus colegas parlamentares, uma “maioria silenciosa” favorável ao projeto, ou pelo menos neutra, que não se posiciona por receio de desagradar eleitores. “Essa maioria silenciosa vai se posicionar se a população civil se posicionar a favor do projeto”, disse Marta.

Marta Suplicy tentou viabilizar a votação em duas ocasiões na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), sem sucesso. Entre os principais opositores estão os parlamentares da bancada evangélica. Na avaliação de Marta, “eles representam uma minoria que é muito barulhenta e se posiciona”.

“Mas não podemos viver em um país onde os homossexuais são vítimas de bullying nas escolas ou são espancados em plena Avenida Paulista, o que às vezes resulta em suicídios e assassinatos”, protestou a senadora, acrescentando que “esse projeto pode não ser suficiente para acabar com o preconceito imediatamente, mas inibe a violência”.

Pesquisa

Enquanto Marta Suplicy pressiona pela votação do projeto de lei no Senado, a Câmara também discute a homofobia. A pesquisadora Miriam Abramovay, coordenadora da área de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), apresentou uma pesquisa que indica que 45% dos alunos e 15% das alunas não queriam ter colega homossexual.
Segundo ela, o jovem brasileiro tem menos vergonha de declarar abertamente esse preconceito contra homossexuais do que de declarar a discriminação contra negros. Ela participa do 9º Seminário Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT).

Para a pesquisadora, esse preconceito se traduz em insultos, violências simbólicas e violência física contra os jovens homossexuais. Há casos, inclusive, de jovens que abandonam a escola por conta dessa violência. “Os adultos da escola não se dão conta disso, porque na escola em geral reina a lei do silêncio”, aponta. Ela destacou ainda que não há pesquisas no Brasil sobre homofobia na infância, apenas na juventude.

16 de maio de 2012
Reinaldo Azevedo

O BRASIL E SEU VAMPIRISMO ECONÔMICO


CARINHOSAMENTE : INCOMPETÊNCIA ! O BRASIL REAL SEM "MARQUETINGUE/PAI E MÃE" E SEU VAMPIRISMO ECONÔMICO.


Quatro países sul-americanos cresceram bem mais que o Brasil, no ano passado, com taxas de inflação muito menores. Resultados melhores que os brasileiros foram alcançados também por economias emergentes da Europa.

No Brasil, empresários desconhecem ou menosprezam esses dados e se mostram dispostos, mais uma vez, a embarcar na aventura de "um pouco mais de inflação" para conseguir um pouco mais de crescimento - como se prosperidade e estabilidade fossem objetivos incompatíveis.

Segundo um representante da indústria, o governo tem de bancar o risco inflacionário gerado pela alta do dólar para garantir mais atividade e preservar a produção nacional. Opiniões desse tipo têm aparecido com frequência e são um complemento previsível dos apelos por mais protecionismo e mais intervenções paternalistas (ou maternalistas) do governo.

O filme é conhecido:
a história inclui produtos vagabundos e caros para consumidores desprotegidos, inflação alta, desemprego estrutural e crises periódicas de balanço de pagamentos.
A segurança criada pelas barreiras é tão enganadora quanto injusta.

Em 2011, a inflação média do Brasil chegou a 6,6%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 2,7%.
Estes são os números de alguns latino-americanos administrados com maturidade:




Colômbia, 3,4% de inflação e 5,9% de crescimento;
Peru, 3,4% e 6,9%;
Chile, 3,3% e 5,9%;

Equador, 4,5% e 7,8%.

Alguns europeus conseguiram, apesar da crise regional, combinar expansão e estabilidade:
Polônia, 4,3% de inflação e 4,3% de aumento do PIB;
Lituânia, 4,1% e 5,9%;
Turquia, 6,5% e 8,5%.

A conversa sobre inflação intensificou-se nos últimos dias, quando o dólar passou de R$ 1,90 e rapidamente se aproximou de R$ 2,00. Alguns economistas logo chamaram a atenção para o possível efeito inflacionário do câmbio desvalorizado.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou pouca ou nenhuma preocupação com esse risco e preferiu dar ênfase ao efeito benéfico da variação cambial. Dólar mais caro significa maior poder de competição para o produtor brasileiro.

A discussão é um tanto vaga, neste momento, porque ninguém pode dizer com segurança como será o câmbio dentro de alguns meses, se a crise europeia amainar, os investidores se acalmarem e a procura de ativos em dólares ficar menos intensa.

Falta saber, além disso, como estará a relação entre os juros brasileiros e os ganhos proporcionados por outras aplicações. Vários analistas mantêm a aposta numa acomodação do câmbio em cerca de R$ 1,85 por dólar.

Enquanto os especialistas tentam projetar a cotação da moeda americana, empresários festejam a depreciação do real, em coro com o ministro Mantega e sua chefe. Segundo o ministro, ele, "a torcida do Flamengo e a do Fluminense" estão satisfeitos com o câmbio atual.

Além disso, a presidente Dilma Rousseff mostra-se preocupada com a competitividade da indústria, não com o dólar mais caro, acrescentou.

Mas a pressão inflacionária é apenas um dos possíveis efeitos indesejáveis da depreciação cambial. Pode-se atenuar esse efeito com a moderação do gasto público e uma gestão prudente do crédito. Surto inflacionário por causa do câmbio não é fatalidade, exceto em ambiente de tolerância.
É o risco brasileiro.

A depreciação do real pode ser acompanhada também de efeitos perigosos na gestão da economia. Durante décadas, no Brasil, o câmbio desvalorizado serviu para disfarçar uma porção de ineficiências tanto das empresas quanto do ambiente econômico.

As exportações avançavam muito devagar e o Brasil era insignificante no mercado internacional. Mas o câmbio depreciado funcionava como um energético, a indústria era protegida por enormes barreiras e os consumidores eram explorados sem perceber claramente a patifaria.

O controle represava os preços internos e a indexação enganava assalariados e pequenos poupadores. Pouca gente contestava a aliança entre o governo voluntarista e balofo e os favoritos da corte.

Alguns itens desse roteiro talvez estejam descartados, mas o voluntarismo, o protecionismo, a ineficiência do governo, o intervencionismo e a engorda do setor público são cada vez mais sensíveis. Sem compromisso com a reforma do péssimo sistema tributário, o governo se limita a remendos.

Sua incompetência gerencial se reflete na incapacidade de conduzir programas e projetos para o aumento da produtividade geral do País.

De vez em quando, empresários cobram reformas relevantes.
Mas brigam a maior parte do tempo pela redução dos juros e pela correção do câmbio, como se isso resolvesse os problemas de competitividade.
Obviamente não resolve.

Quanto ao voluntarismo, será bem-vindo enquanto resultar em domesticação do Banco Central, reserva de mercado e formas variadas de protecionismo.
O passado, em alguns países, é tão difícil de enterrar quanto um vampiro.
16 de maio de 2012
Rolf Kunts O Estado de S. Paulo
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