"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

MUITA SEDE AO POTE

A declaração da presidente Dilma Rousseff de que não aceitará "presentes de grego" do Congresso, referindo-se à possível aprovação de novas fontes de despesa para a saúde e salários de agentes de segurança em todo o País, é a manifestação externa de uma preocupação que ela vem transmitindo aos auxiliares.

Dilma tem dito internamente que o Congresso não pode absorver todas as atenções do governo.

Ela quer manter uma boa relação com o Parlamento - até por consciência de que do contrário não governa - e acha que começou a fazer isso quando mudou a sistemática cotidiana e passou a receber os partidos aliados para reuniões de trabalho e até encontros de caráter social.

Mas considera também que tudo tem um limite.

A frase que traduz esse estado de espírito e que tem sido repetida por ela é a seguinte:

"As relações entre Executivo e Legislativo são importantes, mas os problemas do País não se resumem a isso".

A presidente observa em conversas com um ou outro ministro que priva mais amiúde de sua convivência que os aliados têm sido particularmente implacáveis em suas demandas. Mais do que eram, por exemplo, com o antecessor.

E até mais do que seria natural. Pela análise dela, os parlamentares não têm sequer respeitado a tradição do que chama de "ciclos da política".

Por eles, o normal é que os políticos tendam a ser mais generosos com o dinheiro público em períodos pré-eleitorais e arrefeçam os ânimos na época da entressafra.

"Comigo isso não aconteceu. A eleição acabou e o Congresso não reduziu o ímpeto de fazer bondades com o Orçamento", comentou Dilma com um ministro, acrescentando que não está disposta a passar o mandato apagando incêndios.

A presidente até tem razão, mas se esquece de que a maioria congressual foi formada justamente na base da expectativa da exacerbação dos ganhos e da redução das perdas.

Os jogadores.

Pode ser que Fernando Henrique e Aécio Neves estejam sugerindo a Dilma Rousseff que faça um pacto geral em prol do combate à corrupção apenas para expor a falácia da faxina, cientes que estão da impossibilidade da aceitação de tal proposta.

Pode ser que estejam se oferecendo para conversar apenas para testar a disposição da presidente de convidar.
Pode ser também que estejam apostando na tática de incensar Dilma para alimentar uma comparação negativa com Lula, investindo em um improvável distanciamento entre os dois.

Pode haver várias razões, mas o que parece mesmo aos mortais desprovidos de raciocínio sofisticado é que estão loucos para aderir e que a oposição no Brasil entregou de vez os pontos.

Paralelas.

Não bastasse Lula despachando com ministros em seu instituto em São Paulo, Dilma está bem (mal) arranjada com José Dirceu e seu "shadow gabinet" em hotel de Brasília.

Segundo quem sabe das coisas no governo, Lula influencia Dilma, mas José Dirceu não tem passagem com ela. A força dele é no PT.

No Planalto identifica-se nessa ascendência a origem de rebeldias entre parlamentares do partido.

Três deles fotografados pela reportagem da revista Veja que relata o entra e sai de figuras importantes da República na sala de despachos hoteleiros de Dirceu.

Deixa estar.

Sentado em seu gabinete, um ministro do PT explica assim o trânsito dos colegas no "escritório" de José Dirceu:

"Se ele me convidar para conversar vou fazer o que, chamar aqui? É melhor ir lá".

Ou, por outra, era. Antes de Veja estourar o aparelho.

Ajuste.

Convenhamos, governo que quer cortar gastos de verdade não é governo que possa manter 38 ministérios e ainda pense em criar mais um.

Com a anunciada pasta das Micro e Pequenas Empresas, serão 39. Em 2002, antes de Lula assumir, eram 24.

31 de agosto de 2011
Dora Kramer, O Estado de São Paulo

O "CARA" DO "CARA": RETROSPECTO DE UMA ANÁLISE HISTÓRICA


Em um comício realizado nesta quarta-feira, na Bahia, Lula proferiu mais uma de suas pérolas. Segundo o comentarista Carlos Sardemberg, na Rádio CBN, ele teria dito textualmente o seguinte:

- Obama falou que eu era o “cara” há dois anos e nem sabia das pesquisas de popularidade que estão saindo agora. Se ele soubesse iria falar: não é que este “cara” não é o “cara” do “cara”!!!

Vejam a que ponto chegamos. Como se não bastasse o absurdo do presidente participar de comícios, descumprir as leis, desafiar as instituições democráticas, ainda temos que suportar o “cara” se elevar ao quadrado em mais uma corriqueira seção de autoglorificação.

Como continuo sem tempo (e sem saco para escrever), vou postar aqui uma boa entrevista publicada na Veja sobre este personagem chamado Lula, às vésperas de sua sonhada eleição plebicitária.

Lula não suporta críticas: Atrapalham o seu personagem
Revista Veja ed. 2184

O filósofo Roberto Romano, professor de ética e filosofia política da Unicamp, notabilizou-se por ser um dos primeiros intelectuais brasileiros a apontar os desvios autoritários do governo Lula.

Na semana passada, ele recebeu VEJA em sua casa, em São Paulo, e concedeu a entrevista que se segue, em que fala com a coragem e a lucidez costumeiras sobre liberdade de imprensa, petismo e autoritarismo.

A que o senhor atribui os ataques do governo à liberdade de imprensa?

Nos últimos anos, o presidente Lula se acostumou a não ser fiscalizado. Os parlamentares, como só pensam em receber recursos do Executivo, abriram mão de sua função de vigiar o governo. 0 Tribunal de Contas da União tentou assumir a função, mas foi silenciado. 0 Ministério Público Federal, inexplicavelmente, desistiu de investigar. A Polícia Federal está sob controle. Nesse cenário, a única fiscalização sobre o governo é feita pela imprensa. Por isso, a preocupação em controlá-la.

O exercício da fiscalização é o que mais incomoda o governo?

Eu gosto muito da figura criada pelo alemão Erich Auerbach, no livro Mlmesis: a realidade é um imenso palco com inúmeras cenas se desenrolando. 0 que faz o propagandista? Escolhe uma que lhe interesse, joga o holofote sobre ela e deixa as demais na sombra. 0 que o espectador está vendo é real.
Mas alerta Auerbach: “Da realidade faz parte toda a verdade”. Ou seja, para que aquela cena específica tenha seu real significado, seria preciso iluminar todas as outras cenas também.

Lula diz: “A economia vai bem”, e ilumina um determinado aspecto da economia. Os dados são verdadeiros, mas essa não é toda a realidade. Lula se irrita com a imprensa, porque ela coloca holofotes sobre cenas que ele gostaria de manter escondidas, na sombra.

0 stalinismo fazia isso quando apagava a imagem de Trotsky de fotografias históricas. 0 ideal do pensamento autoritário é este: tirar da foto aquilo que lhe é desagradável. Lula quer tirar da foto as denúncias de conupção em seu governo.

De onde viria esse pensamento?

Lula nunca foi um estudioso das teorias de esquerda… Isso vem desde seus tempos de sindicalista, quando mobilizava massas. Não é um conhecimento ao modo da esquerda clássica, que passaria pelo estudo da obra do italiano Antonio Gramsci ou da prática do revolucionário russo Lenin. É um conhecimento intuitivo. Digo isso porque, quando ele encontra resistências na imprensa, considera aquilo um desserviço direto à sua personalidade. Nesse ponto, ele está mais próximo dos caudilhos sul-americanos.
Todos, como o argentino Juan Perón, sabiam muito bem fazer propaganda do personagem que encarnavam. Falavam com as massas criando imagens, símbolos, figurações. Eis a razão pela qual Lula não suporta ser criticado: atrapalha o seu personagem. Qualquer um que lhe faça criticas passa a ser visto como inimigo.

Esse fenômeno já ocorreu antes no Brasil?

Sim, o presidencialismo brasileiro está repleto de personagens messiânicos que viviam de propaganda: Getúlio Vargas, Jânio Quadros, Fernando Collor e, agora, Luiz Inácio Lula da Silva. Eles conseguiram descer fundo na consciência popular com ajuda de muita publicidade.

Getúlio é lembrado até hoje como “pai dos pobres”, porque criou um órgão chamado DIR o Departamento de Imprensa e Propaganda, que organizou uma campanha altamente competente de persuasão de massas. Jânio e Collor não conseguiram atingir esse patamar. Lula tenta seguir o caminho getulista.

Reiteradamente, o governo organiza “conselhos nacionais” para debater a liberdade de imprensa e as comunicações.

Quão legítimos eles são?

Esses conselhos não passam de grupos organizados pelo governo petista para tratar de legitimar seus pontos de vista sobre temas específicos. Eles não têm nada de democrático, não representam a sociedade. São instrumentos criados e manobrados pelo PT para pressionar as instituições.

Os petistas têm vociferado, nas últimas semanas, contra o que chamam de “partido da mídia golpista”, que abarcaria toda a grande imprensa. A que se deve esse discurso?

É uma questão que merece reflexão. Em primeiro lugar, a imprensa como monobloco não existe. Ela tem várias tendências e facetas.
Por outro lado, a relação de uma revista ou de um jornal com seus leitores não é a mesma de um partido com seus filiados, isso é óbvio.
Portanto, ao contrário do que diz Lula, a imprensa não é um partido e não funciona como tal. O “partido da mídia”, que ele costuma citar, é uma invenção do PT. É um ente que só existe na propaganda petista.
O que há de comum entre VEJA e Globo, por exemplo? Quase nada. São interesses diferentes, tanto do ponto de vista comercial quanto do estratégico. Quando o PT e o Lula dizem que existe esta entidade, a “mídia golpista”, e que ela forma um partido, isso não passa de uma construção mental.

Até que ponto a estratégia petista de atacar a imprensa põe em risco a democracia?

Se nós tivermos de perguntar ao PT o que podemos escrever, acabou a liberdade de expressão e, com ela, a democracia.
Uma coisa semelhante ocorreu nesta semana no México: um jornal que fica em uma área dominada por quadrilhas de narcotraficantes, em Chihuahua, desistiu de ser independente porque seus jornalistas estavam sendo assassinados. Em sua primeira página, perguntou aos traficantes o que eles gostariam de ver publicado no jornal para que os ataques parassem.
A partir desse ponto, é possível afirmar que não há mais liberdade de imprensa no México e, portanto, não há mais democracia. No Brasil, podemos caminhar muito rapidamente para isso. Se tivermos de pedir licença ao PT para poder dizer o que nós pensamos ou denunciar os erros do governo, a democracia estará morta.

Qual será o papel do presidente Lula no jogo político nos próximos quatro anos?

Caso sua candidata vença, ele tentará tutelá-la, certamente. Mas, em qualquer situação, Lula terá quatro anos para fazer propaganda de si mesmo. E contará com a cobertura da imprensa para ecoar suas declarações.
A imprensa é suicida nesse sentido. Dará voz a quem quer controlá-la. Com isso, ele passará os próximos quatro anos preparando a sua volta ao poder. E monitorando alterações estruturais no estado brasileiro que lhe permitam um novo governo sem tantas amarras, como as que a imprensa livre, a seu ver, impõe. Terá as mãos livres para preparar seu retorno em um governo ainda mais autoritário.

Amilton Aquino

O BLEFE DO CAMPUS NO AGRESTE

Câmpus inaugurado por Lula no Agreste está abandonado
Faltam professores, salas de aula e até água na unidade de Garanhuns da Universidade Federal Rural de Pernambuco

No momento em que a presidente Dilma Rousseff ministrava uma aula inaugural no curso de Medicina da Universidade Estadual de Pernambuco, professores e alunos do campus de Garanhuns da Universidade Federal Rural de Pernambuco, a cinco quilômetros dali, anunciavam, [ontem], 30, que a instituição, lançada pelo governo Lula como pioneira na interiorização do ensino superior do País, "está em coma profundo, na UTI, precisando de uma junta médica para salvá-la".

Esgoto a céu aberto, falta de professores e servidores, de salas de aula, de laboratórios, de segurança, de ônibus, de água, alunos trabalhando como funcionários, hospital veterinário fantasma - tudo podia ser visto por quem visitasse a universidade.

A aula inaugural para alunos de Agronomia estava sendo dada, [ontem], no auditório - com cadeiras empilhadas -, por falta de sala. "A dificuldade é tão grande para entrar aqui e, quando chegamos, vemos que a dificuldade é ainda maior para sair aprendendo alguma coisa", resumiu o calouro Hugo Amadeu. "Ela (Dilma) vai atender a um curso de elite e aqui falta laboratório", emendou Lucas Albuquerque.

O professor Wallace Telino, da Associação de Docentes da Universidade, chama a atenção para a evasão de alunos e professores. O professor ressalva, no entanto, que, apesar desta "falta de tudo", ainda se consegue que alunos se destaquem em cursos e empregos, "mas apenas por mérito e esforços próprios". Para ele, o governo "está preocupado com números de universidades, mas se esquece da qualidade".

Apesar de o forte da instituição serem as ciências agrárias, os professores lembram que a universidade não dispõe de "um único hectare para trabalho experimental" e os alunos do curso de engenharia de alimentos estão prestes a concluir o curso sem uma aula prática.

Embora a Universidade Federal Rural de Pernambuco tenha já dois câmpus problemáticos - os de Garanhuns e Serra Talhada - a presidente Dilma anunciou a criação de um terceiro, na mesma universidade, agora em Cabo de Santo Agostinho. "Não adianta ficar criando novas universidades e extensões universitárias se não forem dados, às que já existem, meios de funcionar com o mínimo necessário", disse o professor Antonio Ricardo Andrade.

Há um mês, como informou o Estado, outro câmpus da UFRPE, o de Serra Talhada, foi chamado de "museu de obras" pelos alunos. Levantamento do Ministério da Educação mostra que a UFRPE lidera a lista de serviços paralisados em universidades federais, com nove construções suspensas e duas obras interrompidas.

O que temos visto até agora é que o governo lulo petista nos legou uma herança maldita de demagogia, mentiras e corrupção.

Quando é que vamos aprender a nunca mais votar nesta corja?

Tânia Monteiro, O Estado de São Paulo

EMBROMAÇÃO 29

É pura embromação.
O governo federal não precisa de mais impostos para a saúde, nem é necessário vincular verbas quando se quer, de fato, dar prioridade a uma política pública.

Há um embuste por trás da controvérsia sobre a regulamentação da Emenda 29. Deputados tanto da base quanto da oposição defendem a votação do projeto em setembro.

A presidente Dilma Rousseff propõe uma condição:
se quiserem votar, inventem uma fonte de financiamento para as novas despesas. Governadores apoiam, porque desejam receber uma fatia do novo tributo - provavelmente a tal Contribuição Social para Saúde (CSS), uma versão ligeiramente aguada, mas igualmente ruim, do velho e extinto imposto do cheque, também conhecido como Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

A embromação básica, matriz de todo o resto, está embutida na própria Emenda Constitucional n.º 29, de 13 de setembro de 2000, um enorme trambolho adicionado ao já defeituoso processo orçamentário.

Essa emenda tornou ainda mais emperrada a gestão das finanças públicas, aumentando a vinculação de recursos. A União ficou obrigada, até 2004, a destinar a "ações e serviços públicos de saúde" o montante aplicado no ano anterior corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB).

Distrito Federal, Estados e municípios seriam obrigados a aplicar certa parcela de recursos, mas seriam beneficiados pelo repasse de verbas federais. Na falta de uma lei complementar, essas normas continuariam em vigor a partir de 2005 - e esta é a situação atual.

Um projeto de regulamentação só foi apresentado em 2007, por iniciativa do senador Tião Viana (PT-AC). A matéria foi aprovada rapidamente e em 2008 começou a tramitar na Câmara. O deputado Pepe Vargas (PT-RS), relator na Comissão de Finanças e Tributação, apresentou um substitutivo com a proposta de criação da CSS. Foi a primeira tentativa de recriação da CPMF, extinta no fim do ano anterior.

A presidente Dilma Rousseff já apoiou a instituição desse tributo, mas, neste momento, parece pouco disposta a sustentar essa posição. Se os congressistas assumirem o custo político, tanto melhor. Afinal, até governadores formalmente oposicionistas, como o paulista Geraldo Alckmin, apoiam a ideia.
Por que não aproveitar?

Em vez de regulamentar a Emenda 29, políticos de fato interessados na qualidade e na eficiência da gestão pública deveriam batalhar pela extinção dessa e de outras normas de vinculação orçamentária. Vinculações tornam o Orçamento pouco flexível, dificultam a gestão racional de recursos, favorecem a inércia de maus administradores e criam ambiente propício ao desperdício e à corrupção.

Verbas carimbadas não impediram, nos últimos anos, uma gestão historicamente ruim no Ministério da Educação, com trapalhadas nas avaliações periódicas do ensino, vazamentos de provas, financiamento de livros e kits educacionais contestados até pela presidente da República e erros evidentes na escolha de prioridades, como confirmam os dados assustadores sobre a formação nos níveis fundamental e médio.

É inútil procurar no setor de saúde qualquer justificativa para verbas carimbadas.

Ao contrário:
com mais planejamento, melhor seleção de objetivos e maior competência na administração de pessoal e de recursos financeiros, ministros poderiam fazer muito mais sem depender de verbas garantidas pela Constituição.

Além disso, o fim das vinculações obrigaria cada ministro a mostrar serviço, apresentando planos e resultados, e a batalhar pelo dinheiro necessário ao seu trabalho.

A mesma observação vale para os governos estaduais e municipais. Governadores e prefeitos têm a vida facilitada por transferências federais. Muitos não têm sequer o incômodo da prestação de contas.

A baixa qualidade dos controles, atribuível à omissão ou à incompetência dos Ministérios, é atestada com frequência pelo Tribunal de Contas da União.

Líderes aliados indicaram à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, a disposição de criar um tributo para custear os gastos com a saúde. Uma fonte extra é necessária e a CSS continua na mesa, segundo o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza.

Mas para que dinheiro extra, se a arrecadação cresce, normalmente, mais do que o PIB?

A resposta é simples:
qualquer novo dinheiro carimbado aumenta o bolo e deixa mais verbas para o governo e a companheirada gastarem alegremente. O objetivo não é a boa gestão.

É manter e, se possível, expandir a gastança para atender a interesses pessoais e partidários. Se as verbas já disponíveis para educação e saúde tivessem sido usadas com um pouco de competência e decência, o Brasil estaria em condição muito melhor.
camuflados

AGORA NEM CONFISSÃO CONDENA MALFEITOR


Ao pretender livrar-se de um questionamento insistente sobre a faxina que andou fazendo em seu primeiro escalão, demitindo às pencas funcionários de dois ministérios, dos Transportes e da Agricultura, os ministros inclusive, a presidente Dilma Rousseff decretou para pôr fim à conversa: "Combater a corrupção não pode ser programa de governo".

Trata-se, ao mesmo tempo, de uma obviedade e de um truísmo. Seria, de fato, absurdo tornar a demissão de gatunos no governo um objetivo estratégico programado. Lutar contra a corrupção, contudo, é uma rotina que nunca deve ser abandonada por um bom gestor. A cada descoberta de qualquer malfeito, o malfeitor tem de ser punido com rigor, para impedir que a exceção se torne regra e o intolerável passe a ser inexorável. A prioridade, ela garantiu, será sempre "combater a miséria".

A menos que a miséria à qual se referiu seja a pobreza de quem ocupa cargos públicos para se locupletar, uma coisa nada tem que ver com a outra: a probidade administrativa não é inimiga da exclusão social. Ao contrário, quanto menor for a rapina do Tesouro, mais recursos públicos haverá para financiarem programas de inclusão social.

Sua Excelência só deveria ter feito tal afirmação se pudesse apoiá-la não na confiança ou na esperança, nem mesmo na convicção, mas na certeza de que os focos de furto de seu governo se limitassem às áreas que se pensa que ela saneou expulsando da Esplanada dos Ministérios Alfredo Nascimento, do PR, e Wagner Rossi, do PMDB, na companhia de vários asseclas.

Tudo indica que não é bem assim. Seu ministro do Turismo, Pedro Novais (PMDB-MA), aquele que pagou uma conta de motel com dinheiro público em São Luís, encontrou uma boa justificativa para fazer vista grossa ao que se faz de errado nas proximidades de seu gabinete, ao reconhecer num de seus depoimentos no Congresso a probabilidade de haver irregularidades na gestão orçamentária de sua pasta sem que ele saiba.

Acatou, com isso, o exemplo do macaquinho que não vê, não ouve nem fala e radicalizou a convicção do antecessor e padrinho da presidente, Lula da Silva, que nunca soube e, por isso, jamais puniu. A lei Novais é mais abrangente: nenhum subordinado cometeu delito algum se o chefe dele não tomou conhecimento.

Mas – como, infelizmente, tem ocorrido no Brasil nesta quadra – a sentença de Novais logo perdeu sentido quando assomou à cena o baiano Mário Negromonte, correligionário do paulista Paulipetro Maluf. Ele trava uma encarniçada luta pelo poder não nos corredores palacianos, como se deveria esperar num regime presidencialista que um dia já foi qualificado de monárquico, mas, sim, nos intestinos da bancada de seu partido governista, o PP.
Acusado publicamente de ter criado uma versão pepista do episódio alcunhado de "mensalão", ou seja, de propor cargos ou mesada de R$ 30 mil a colegas da bancada federal em troca do apoio deles a seu pleito de impedir que seus adversários internos lhe arranquem da mão a pasta conquistada, o ministro não se limitou à óbvia negação como defesa: partiu para o ataque em entrevista a O Globo na qual recorreu ao exemplo bíblico de Caim contra Abel, avisando que, "em briga de família, irmão mata irmão e morre todo mundo" e profetizando: "Isso vai virar sangue". Pior ainda: acusou vários colegas de partido de não terem currículo ou carreira, mas "folha corrida".

Ninguém protestou ou desmentiu o desabafo do ministro, que se esqueceu de uma premissa básica: ele não foi convocado para a pasta por seu notório saber sobre urbanismo nem pela eventual admiração de Dilma, tida como "gerentona" e assim vendida por Lula ao eleitorado, por sua capacidade de gestor. Nada disso. Negromonte é mais um dos frutos do pomar da governabilidade.

Ele está no primeiro escalão do governo para que a chefe deste possa contar com seus colegas de partido nas votações de projetos que interessem ao governo federal no Congresso. Em nosso presidencialismo de coalizão, o ilustre baiano representa exatamente aqueles seus companheiros que ele acusa de serem fichados pela polícia. Não será, por isso, fora de propósito considerar a afirmação de Sua Excelência uma confissão. Ainda assim, contudo, a chefe não o demitiu. Nem sequer lhe puxou as orelhas.

Nos últimos dias especulou-se muito sobre a possibilidade de nas hostes do lulismo explícito reinar a desconfortável sensação de que a propalada faxina de Dilma, cujo ímpeto de limpeza despertou o apaixonado apoio do senador Pedro Simon (PMDB-RS) e de mais alguns gatos-pingados no Congresso, causaria danos à imagem do paraninfo da presidente.

Algumas evidências explicavam a futrica: três dos quatro ministros demitidos este ano por suspeitas de corrupção, Antônio Palocci, da Casa Civil, além de Alfredo Nascimento e Wagner Rossi, foram herdados do padrinho pela afilhada. Aliás, o quarto, que não foi acusado de furto, mas de excesso de sinceridade, ou seja, escassez de hipocrisia, Nelson Jobim, da Defesa, também fazia parte do mesmo legado.

Fosse futrica ou verdade, certo é que o súbito abandono da vassoura surpreende. E aponta para um avanço nefasto. Muito se furtou em governos anteriores a Lula, inclusive nos que se apresentaram como faxineiros, Jânio Quadros, Fernando Collor e os generais do Almanaque.

Mas "nunca antes na história deste país" nenhum chefe de governo se atribuiu com tanto entusiasmo o papel de "perdoador-geral da República" como o fez o ex-dirigente sindical. Se Negromonte não for demitido, ficará a impressão de que a gestão de Dilma tornará inócua a única atitude que tem levado delinquentes à condenação. Antigamente só os réus confessos eram condenados. Tendo Negromonte confessado de forma indireta ao acusar seus pares, agora nem mesmo a confissão levará alguém para trás das grades. É a impunidade plena, geral e irrestrita?

*Jornalista e escritor, é editorialista do “Jornal da Tarde”
José Nêumanne, O Estado de São Paulo

JAQUELINE RORIZ: APENAS MAIS UM CASO DE IMPUNIDADE ENTRE TANTOS...



O líder do PT, Cândido Vaccarezza comemora a absolvição de Jaqueline Roriz. Efusiva e entusiasticamente. Não é à toa que o PT é considerado o partido mais corrupto do Brasil.



NOTA AO PÉ DO TEXTO


Uma pergunta idiota: passou pela cabeça de alguém que a desditada deputada perderia o mandato? Será que entre tantos deputados que foram cinicamente absolvidos pelos seus pares, não serviram de lição? Pobre memória nacional...

Quem não se lembra da dança daquela deputada quando João Magno (deputado do PT-MG) foi absolvido?
Descaradamente, em pleno Congresso Nacional, a dança da maroca... O Brasil chegou ao fundo do poço. A desfaçatez, a corrupção, o peculato, o cinismo de uma gang que invadiu a "Res Publica" perdeu o respeito pelas instituições.
Aliás, de "res publica" (coisa pública) já pouco resta, sobra mesmo a "res petita" (coisa perdida) ou a república privada - em ambos os sentidos...

VERGONHA...

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DIZE-ME COM QUEM ANDAS


Conversa é que não tem faltado no tocante à “faxina” anunciada pela senhora presidente visando a enfrentar a corrupção, que ultimamente compareceu em nível exagerado; foi notícia nos meios de comunicação, provocou editoriais, até alguns faxineiros teriam se organizado para prestigiar a inovação presidencial, e subitamente a mesma autoridade esclareceu que o endereço da faxina passava da corrupção à fome. Aliás, a faxina não se acomoda com a fome, nem a fome se elimina com faxina, mas com robusto plano alimentar. Não se trata de questão de palavras, mas de objetivos, desde que a corrupção não se beneficie com a mudança; de resto, é oportuno lembrar que graças à faxina alguns resultados foram visíveis em desfavor da corrupção e em benefício da higiene administrativa. E ninguém censurou a senhora presidente por esta limpeza.

Não faz muito e a propósito dessa querela ministerial observei que em matéria de ministros não se espera deles, em princípio, sejam sábios e santos, mas, em primeiro lugar, “homens bons” ou “homens de bem”; o bom nome é pressuposto em qualquer caso; depois desse requisito, o preparo para exercer a função. Ora, esse problema está nas mãos da senhora presidente, pois, no regime presidencial, a ela compete, em caráter privativo, nomear e demitir livremente os ministros de Estado. É o que dispõe a Constituição. De modo que, se não fizer boa escolha, a responsabilidade será sua e de ninguém mais. Dir-se-á que, sendo 37 ou 39 os ministérios, não é fácil prover tantos cargos. Mas a presidente tem assessores idôneos que a esclarecem; se não for bem-sucedida na escolha de bons assessores, dispense-os; permanecendo o embaraço, examine a hipótese de extinguir dois, três ou mais ministérios que ninguém sentirá falta, ressalvados os candidatos a candidatos.

Não ignoro que o atual governo foi organizado a quatro mãos e isto pode ter trazido problemas a tiracolo. Ainda aí sua responsabilidade é intransferível. A alguns dos ministros as referências que circulam não são lisonjeiras como a presidente não ignora; se elas tiverem fundamento, seja agradável ou penosa a operação, a responsabilidade é sua e é inerente à condição de chefe do governo; e, não o fazendo, pode até estimular uma espécie de justiça canibal, que também é um flagelo tão perigoso como uma infração grave. A verdade é que na autoridade presidencial está inserido o poder de livremente nomear e demitir os ministros de Estado.

Assumindo ou renunciando a ele, exercendo-o ou entregando-o ao anonimato irresponsável, a responsabilidade continua a ser sua. O problema pode ser delicado, mas não é insolúvel. E está em suas mãos. E não se esqueça da observação de Rui Barbosa, faz mais de século: “Vive a nossa energia de paroxismos e colapsos. Dormimos largos anos de indiferença, para acordar em excesso de frenesi, ou terror”. Os abusos que se tornaram públicos provocaram reação nacional. Não perca a oportunidade, seria em seu desfavor.

É incontável o número de livros lançados todos os dias em todas as partes do mundo. Não estranha, por conseguinte, seja natural e mesmo inevitável que, em todas as áreas do conhecimento, apareçam continuamente livros excelentes, bons, regulares e maus. Pois entre nós, na área jurídica, vem de ser publicada obra de alto quilate, “Da execução do contrato”, de autoria do magistrado e professor Ruy Rosado de Aguiar. Integra a série de “Comentários ao Novo Código Civil”. A longa experiência do advogado, procurador de Justiça, desembargador, ministro do STJ e agora advogado outra vez lhe permitiu oferecer aos frequentadores desse segmento do saber humano obra harmoniosa, rica, fundamentada em bibliografia opulenta, sem dispensar adequada contribuição jurisprudencial; tem o timbre da editora forense. Nota-se ter sido escrita sem pressa, isto é, para durar.

Fonte: Zero Hora, 30/08/2011
Paulo Brossard

O "ZEITGEIST" KEYNESIANO

O futuro parece que chegou, e estamos todos bem vivos...

Os alemães utilizam o termo "Zeitgeist" para descrever o clima cultural, intelectual, ético ou político de um lugar em uma determinada época. Numa tradução livre, seria a mentalidade, o "espírito de uma época". Pois bem, nada poderia refletir melhor o "Zeitgeist" econômico atual do que a gangorra que tomou conta dos mercados ultimamente.


É notável como as bolsas de valores mundo afora sobem e descem ao sabor de opiniões e comunicados dos governos. Declarações intervencionistas do BCE, do FED, do FMI ou de quaisquer autoridades públicas propondo aumento de gastos, aquisição de títulos de governos falidos ou políticas voltadas para injetar liquidez provocam imediato otimismo, enquanto sugestões em contrário são o prenúncio de cataclismos nos mercados. Definitivamente, vivemos o apogeu do keynesianismo.

Embora seja muito difícil para qualquer pessoa de bom senso entender como é possível que aumentos absurdos de gastos públicos ou endividamentos constantes e progressivos possam ser sadios ou benéficos, o que se vê atualmente é o mais absoluto desprezo às virtudes da prudência e da parcimônia, tão caras aos economistas clássicos.

De acordo com a teoria keynesiana, as recessões são causadas pela retração "exagerada" do consumo.

Se a sociedade está poupando mais do que seria desejável, o consumo e as vendas caem, os lucros minguam e produzem desemprego. Aos poucos, isto se transformará num círculo vicioso que só o governo poderá romper.

A base da teoria, portanto, é que os indivíduos, ao poupar seus recursos "em excesso", prejudicam a economia como um todo. Chamam a isso de "Paradoxo da Parcimônia". Segundo sua estranha lógica, algo benéfico para indivíduos, famílias e empresas de modo geral, ou seja, a parcimônia e a prudência nos gastos e o aumento dos níveis de poupança, é ruim para a sociedade.

Em resumo, e utilizando as palavras de Mr. Paul Krugman, atual keynesiano-mor, "a virtude individual pode ser um vício público... tentativas de consumidores de fazer a coisa certa, através do aumento da poupança, pode deixar todos em pior situação".

Entendeu, caro leitor?

No fundo, no fundo, o que ele está nos dizendo é que poupar pode ser uma atitude antipatriótica. O raciocínio em tela coloca em posições antagônicas a poupança e o consumo, sendo o consumo a virtude, enquanto a poupança seria o vício (aliás, é bastante sintomático que muitos dos que hoje defendem tais enormidades, no passado não paravam de vomitar vitupérios contra a chamada "sociedade de consumo").

Tudo balela! Numa economia de mercado, os preços (inclusive o preço do dinheiro) ditam a produção e o consumo ao longo do tempo. Os consumidores sinalizam a intensidade de suas preferências presentes e futuras através do incremento ou da redução de suas poupanças, com isso elevando ou reduzindo as taxas de juros.

Se o consumidor se retrai e poupa mais no presente, está sinalizando que provavelmente irá consumir mais no futuro e vice-versa. O sistema irá funcionar razoavelmente, a menos que o governo intervenha, deturpando os sinais do mercado e distorcendo a alocação intertemporal dos recursos.

A poupança pode ser induzida também por incertezas quanto ao futuro, caso em que os indivíduos reduzem seus gastos presentes em bens de consumo supérfluos – produtos cuja demanda é mais elástica –, com medo de que os recursos possam faltar-lhes até mesmo para o consumo de bens essenciais no futuro. Isso geralmente ocorre em épocas de crise recessiva, quando os níveis de desemprego crescem e, junto com eles, o temor quase generalizado de que o nosso emprego possa ser o próximo.

É nesta última hipótese que os keynesianos advogam mais e mais intervenções do governo. Só há um probleminha aqui: as pessoas passaram a consumir menos porque havia uma recessão instalada ou à vista, logo não foi a poupança que causou a recessão. Pelo contrário, aquela é provavelmente consequência desta.

As recessões são, na verdade, o "remédio" utilizado pelo mercado para esvaziar as famigeradas bolhas, normalmente induzidas por políticas intervencionistas, como manipulação das taxas de juros, financiamentos subsidiados, incentivos fiscais direcionados a setores específicos, políticas industriais paridas para beneficiar grupos organizados etc.

A liquidação dos maus investimentos, negócios equivocados e ineficientes, geralmente cria desemprego e outras privações temporárias, até que a estrutura de produção volte a estar em linha com as reais preferências dos consumidores.

Durante os períodos recessivos, os gastos do governo e outras tentativas de fomentar o consumo de forma artificial só irão postergar o realinhamento entre a demanda real e os investimentos, já que esses gastos não são guiados pelos sinais do mercado. Pelo contrário, normalmente são ditados por considerações políticas e, ainda pior, por grupos de interesses bem articulados. Em longo prazo, portanto, como diria Bocage, a emenda sairá muito pior do que o soneto.

Publicado pelo Diário do Comércio em 15/08/2011
João Luiz Mauad, 17/08/2011 OPINIÃO

RETROSPECTIVA: AFIANDO A MEMÓRIA...

A história se compõe dos fatos do dia-a-dia. Muitos deles são heróicos, inauditos, revolucionários; outros não gozam de tamanha dimensão, são os fatos miúdos, mas que muitas vezes são mais ou tão importantes quanto os grandiosos.
No desgoverno do lulopetismo, o que assistimos é uma inundação de fatos miúdos que montam a biografia, não apenas do Lula, mas de uma paisagem política tão ou mais assustadora, que nasceu pela prestidigitação do "nunca antes nesse país", do monarca Lula que inventou um país imaginário, onde todos os problemas estavam resolvidos ou em vias de se resolver.
Vendeu esse país para o povo, distribuindo bolsas-benesses e discursos estrondosos nos palanques hipnotizando com promessas absurdas a patuléia de crentes.
Hoje, há uma herança pesada sobre os ombros desse Brasil. Uma espécie de âncora que começa a paralizar a cantareira Brasil. Queira Deus não naufraguemos aos fortes ventos e tempestades que se anunciam na economia internacional. Quem viver verá.

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PAIXÃO OFICIAL


É provável que no futuro os historiadores interessados em estudar o Brasil desta nossa época dediquem boa parte dos seus esforços para entender um fenômeno singular: o fascínio das pessoas ligadas ao governo, e dos políticos em geral, pelo jatinho. Poucas coisas deixam essa gente toda tão excitada quanto cruzar os céus brasileiros em avião particular, com embarque em separado, horários sob medida e outros confortos não disponíveis nos meios de transporte comuns. É uma atração perigosa, quando se considera quems ão os passageiros e quem são os donos dos jatinhos: os primeiros são homens públicos, que têm obrigação de cuidar dos interesses da população, e os segundos são donos de empresas com negócios junto ao governo, que têm como único propósito cuidar dos próprios interesses. As duas coisas raramente são compatíveis — e por isso mesmo os envolvidos deveriam ficar o mais longe possível uns dos outros. Pode o ocupante de um cargo oficial aceitar presentes de uma empreiteira de obras públicas ou de um fornecedor do governo? Está na cara que não pode. Mas o que acontece no momento é justamente isso.

É no que dá, talvez, sermos um país tão grande — no Brasil tudo é longe, e suas excelências não estão dispostos, em suas viagens, a enfrentar os tormentos do embarque em aeroportos que deveriam melhorar e não melhoram, ou a passar horas socando os rins dentro de um carro ou ônibus em estradas que deveriam conservar e não conservam. Essas coisas são para o “cidadão comum”, categoria de brasileiros criada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que não tem o direito de fazer as coisas que os políticos fazem, desde que sejam do governo ou da “base aliada”. O fato é que, seja lá qual for a razão, viajar em jatinho privado transformou-se numa paixão para o mundo oficial. Os casos pipocam o tempo todo, na crônica política do Brasil petista, popular e governável — algo muito natural, levando-se em conta que o santo padroeiro de todos os jatinhos é o chefe político número 1 do país, o ex-presidente da República. Depois de comprar e usar sem descanso um jatão quando estava na Presidência, medida que ele descreve como patriótica, corajosa e incentivadora do orgulho nacional, Lula não quis mais saber de avião de carreira. Seu meio de transporte habitual, agora, são os jatinhos de empreiteiros e outros colossos do grande capital — ou, na falta deles, como aconteceu há pouco, do deputado Sandro Mabel, veterano do mensalão, sobrevivente de processos por quebra de decoro e réu em ação penal por fraudes fiscais. Atrás de Lula vem um batalhão.

Ainda outro dia, o recém-demitido ministro da Agricultura, Wagner Rossi, foi descoberto como passageiro da Ourofino, empresa que tem negócios diversos junto ao governo. Messe caso, a atraçãoa cabou sendo fatal — o homem já estava cercado pleos quatro cantos, com os mais sombrios tipos de denúncia feitas por “VEJA”, e a história da carona serviu para encerrar de vez sua carreira ministerial. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, viaja no jatinho do bilionário mundial Eike Batista, e o governador do Ceará, Cid Gomes, no do industrial de calçados Alexandre Grendene. Na semana passada, a revista “Época” revelou que o casal de ministros Paulo Bernardo, das Comunicações, e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, está entre os passageiros da construtora Sanches Tripoloni, do Paraná, que no ano passado recebeu mais de 250 milhões de reais em pagamentos do governo. (Essa Tripoloni vem de longe. É acusada de superfaturamento no Tribunal de Contas, está metida em um complicado “anel viário” em Maringá e foi apontada como inidônea pelo que fez em outro contorno rodoviário, em Foz do Iguaçu). Também na semana passada, a “Folha de S. Paulo” informou que o ex-presidente José Sarney, herói da “base aliada”, faz parte do mesmo clube — foi pego usando para lazer pessoal um helicóptero do estado do Maranhão. No caso, o inevitável empreiteiro estava dentro, e não fora, da aeronave; aliás, ele tem contratos de 70 milhões de reais com o governo do estado.

É melhor ir parando por aqui; quem acha que algo está errado nisso tudo é acusado de “moralismo”, ou de armar um “golpe” contra o governo democrático do PT e seus amigos. Na sentença de Lula, sempre repetida, é coisa de gente que não se conforma com a eleição de um operário para a Presidência da República, não aceita que o povo compre carro ou viaje de avião, não quer que o pobre melhore de vida etc. O mundo dos jatinhos, encantado, concorda e bate palmas.

J.R.Guzzo, 31/08/2011
Fonte: revista Veja

"FAXINA" OU "LIMPEZA" - SOCIAL?

Após quase 9 anos de lulopetismo, somente a Bolívia e o Haiti são piores que o Brasil de Lula em contrastes sociais.

Estes fatos são notórios e no Brasil não são comentados, pelo contrário: a propaganda nazi-petista, repetida mil vezes de acordo com o princípio de Goebbels, faz-nos até parecer verdade que o regime petralha teria reduzido as desigualdades sociais.

Agora, a posta, ou presidenta-poste do regime deixou recado claro e contundente que fará uma "faxina" na pobreza, visto que não tem interesse em limpar o imundo ministério, do qual só demitiu um ministro que não tinha escândalos.

Agora que seu ministério tem pelo menos um escândalo para cada ministro, a Esplanada dos Ministérios está isenta de ministros sem-escândalos.
O que nos preocupa é a proposta de "Brasil sem Miséria", agora reforçada pela contundente declaração de Rousseff de que fará uma "faxina" na pobreza. Isso lembra os sérvios e os nazistas quando falavam em "limpeza".

Preocupa por conhecermos certos métodos de limpeza utilizados pela facção lulopetista em Santo André e Campinas, e pelo crescente número de miseráveis, arrozeiros desalojados de Raposa Serra do Sol, índios com terras invadidas (como em MT, terras da união tomadas pelo chinês Lu Wei Guang em 2004) e povos ribeirinhos sendo excluídos por megaprojetos como Belo Monstro e Transposição do S. Francisco.

O desemprego crônico dessa quase década perdida também é o maior de todos os tempos, visto que todos os anos o IBGE, mesmo aparelhado por companheiros partidários, confessa que "alcançamos o menor nível de desemprego desde 2002".

Lembremos que 2002 foi o ano da pior crise do governo FHC devido à ascensão de Lulla nas pesquisas eleitorais.

Assim, com 1 de cada 3 jovens de 18 a 24 anos desempregado, desigualdade social no pódio mundial, saúde e saneamento básico abandonados, é de arrepiar se imaginarmos o método que o desgoverno utilizará - e já está utilizando - para "faxinar" a pobreza.

O Brasil já é o terceiro país com a maior desigualdade social do mundo, como nunca antes neste país.

Fusca

LULA, O PAPAI NOEL DOS DITADORES SAIU... MAS A CONTA FICOU.

Ex-ajudante de Papai Noel e ex-guerrilheiro comandam o Ministério da Defesa

O ex-chanceler Celso Amorim e o ex-guerrilheiro José Genoino, o primeiro como ministro da Defesa e o segundo como assessor especial, são exemplos de coragem e patriotismo que servem de estímulo à tropa. Certamente os militares devem estar muito satisfeitos, orgulhosos com a missão que têm de defender o país. O Brasil está muito bem em termo de defesa, assim como está no combate à corrupção (os corruptos estão com tanto medo da repressão contra eles, que o verbo corromper só se conjuga no passado...).

Quando Evo Morales, também conhecido como “Evo Petrobale” ou “Evo Cocale”, com seus bem nutridos soldados de 1,90m de altura, invadiram as instalações da Petrobras na Bolívia e tomaram no grito a propriedade brasileira, Celso Amorim, então ministro das Relações Exteriores, disse a Lula que Morales estava no direito dele. Parece que Lula gostou do que ouviu e nada fez em defesa da estatal brasileira. Como “prêmio” à “coragem” de “Cocale”, Lula perdoou dívida de 52 milhões de dólares da Bolívia para com o Brasil e ainda aceitou que o invasor aumentasse o preço do gás que vende para nós.

Celso Amorim também auxiliou Lula a ajudar o bispo mulherengo Fernando Lugo a cumprir promessa de campanha pela Presidência do Paraguai. O bispo Lugo, que não levava a sério as limitações do sacerdócio e “faturou” umas devotas, engravidando várias delas, elegeu-se presidente do Paraguai prometendo obrigar o Brasil a pagar o “preço justo” da energia que o país dele nos “vende”, em decorrência da sociedade que tem na Hidrelétrica de Itaipu. Lula aceitou a imposição do companheiro guarani e o Brasil passou a pagar 300% a mais pela energia “comprada” do Paraguai.

O Paraguai é sócio do Brasil na Hidrelétrica de Itaipu. Como aquele país consome apenas 5% da energia a que tem direito na sociedade, vendia o restante ao Brasil pelo preço de custo. Fernando Lugo fez campanha e foi eleito, acusando o nosso país de ser explorador. Ele teria razão, se não fosse um pequeno detalhe: o Paraguai não gastou um único centavo com a construção da mega hidrelétrica. Tudo foi suportado pelo contribuinte brasileiro.

Para se ter uma ideia da dimensão de Itaipu, que continua sendo a maior hidrelétrica do mundo, mais de 40 mil operários participaram da obra. Foram 13 anos de construção, sendo gasto 15 vezes mais concreto do que no Eurotúnel que liga a Inglaterra à França. Aliás, 15 mil operários levaram sete anos escavando a construção do Eurotúnel, porém o volume de escavação na construção de Itaipu é 8,5 vezes maior do que o do empreendimento europeu. Itaipu é tão grande que hoje, 26 anos depois de sua construção, o Paraguai só consegue consumir 5% dos 50% da energia que lhe cabe na sociedade.

Nessa sociedade, o país vizinho só entrou com a cara. É como se um empresário convidasse um mendigo para construir um shopping no lugar onde este dormia. O mendigo teria 50% de direito na sociedade, sendo que sua quota financeira no empreendimento seria paga com o faturamento do shopping quando entrasse em funcionamento.
Mutatis mutandis (feitos os ajustes necessários), foi isso o que aconteceu no referido empreendimento. O Paraguai não teria a menor condição de arcar financeiramente, pois o investimento representava várias vezes o seu PIB (Produto Interno Bruto). Então o Brasil assumiu o ônus financeiro, sendo que a parte do Paraguai ficou para ser paga com excedente da energia que lhe cabe na sociedade, e não consegue consumir.

Pelo acordo, o Brasil comprava o excedente da energia a preço de custo, sendo que a quitação da dívida do Paraguai ocorrerá no ano de 2023. A compra pelo preço de custo era justa, pois o investimento fora realizado apenas pelo contribuinte brasileiro. Não é razoável o Paraguai, que nada investiu, querer ter lucro em cima do investimento brasileiro.
É muito o que aquele país já ganhou, porquanto desde a construção, no início da década de setenta, ele vem se beneficiando, pois milhares de empregos diretos e indiretos contemplaram tanto brasileiros como paraguaios, e a estes só coube o bônus; alem disso, em 2023, com a quitação da dívida na sociedade, o Paraguai será dono de 50% de um empreendimento de muitos bilhões de dólares, várias vezes superior ao seu PIB.

Por ter cedido ao capricho do presidente Paraguaio, Lula onerou o contribuinte brasileiro em 300% do valor da energia adquirida da quota do Paraguai, cujo investimento foi brasileiro. O presente de Lula foi aprovado pelo Congresso Nacional em maio desde ano. A “justificativa” para a aprovação é que o aumento do valor da energia, que representará algumas centenas de milhões de dólares a jorrar nos cofres paraguaios todos os anos, não será repassado ao consumidor, pois os recursos sairão do Tesouro Nacional. A pergunta que se faz é quem banca o Tesouro Nacional? É o Lula com suas palestras? É o Celso Amorim com suas aulas? Ou...

É o espoliado contribuinte brasileiro que trabalha mais de cinco meses por ano somente para pagar impostos e terá mais uma conta a ser suportada em razão dos caprichos megalomaníacos de uma pessoa, que nunca deu duro para estudar (há estudantes no interior da Amazônia que saem de suas casas 11 horas da noite para estudar no outro dia. Lula não precisaria fazer tal sacrifício, mas ele preferiu não estudar...), bem como se aposentou muito cedo, não sabendo como é duro trabalhar para pagar impostos.

A propósito, em apenas oito anos de mandato, Lula endividou o Brasil em um trilhão de reais (dívida pública interna), o que representa mais de seiscentos bilhões de dólares. Em 20 anos de governo, os militares endividaram o país em 100 bilhões de dólares, ou seja, em apenas oito anos, Lula endividou o Brasil seis vezes mais do que os militares endividaram em 20 anos de governo, sendo que os milicos fizeram várias obras gigantescas como, por exemplo, a Hidrelétrica de Itaipu; enquanto Lula apenas prometeu, mas não fez nenhuma obra de porte grande.

A infraestrutura do país continua a mesma do século passado. E mais. Ao contrário dos governos Sarney, Collor, Itamar e FHC que passaram por situações de instabilidade econômica, sendo necessário investir em vários planos econômicos, Lula não precisaram investir em nenhum plano, pois apenas continuou com o Real.

Pois é, além de Lula ter saído passeando pelo mundo, torrando o dinheiro suado do imposto do contribuinte no luxuoso Aerolula, ele fazia muita “caridade”, perdoando dívidas de países devedores do Brasil. A paixão dele era por ditadores; por exemplo, ele perdoou dívida do Gabão, governado por um ditador, acusado de possuir bilhões de dólares em paraísos fiscais. Se não bastassem à roubalheira com a corrupção interna, os gastos astronômicos com cabide de empregos e exageradas mordomias, o grande “estadista” distribuía benesses mundo a fora. Tudo, claro, custeado pelo contribuinte brasileiro.

Lula, o Papai Noel de ditadores, saiu, mas a conta ficou. A dívida interna está quase chegando a dois trilhões de reais. A externa, que disseram ter sido paga em 2005 (e muita gente acreditou...), está quase chegando a 300 bilhões de dólares. Os efeitos disso repercutem diretamente no emprego das montanhas de recursos arrecadados com os impostos. Só nos cinco primeiros meses do ano, foram arrecadados meio trilhão de reais.

Grande parte desse gigantesco recurso deve ter sido utilizada para pagar juros da dívida, principalmente a interna, outra robusta parte deve ter vazado pelo ralo da corrupção, uma parte menor, mas de bom tamanho, deve ter sido utilizada para fazer publicidade, a fim de ocultar a verdadeira realidade, sobrando muito pouco como retorno à sociedade. É por isso que o Brasil está com a infraestrutura do século passado, e a educação, saúde, segurança e outros serviços públicos são prestados em condições piores as de países do Terceiro Mundo.

A propósito, no livro “Viagens com o Presidente”, editora Record, 2ª edição, p.93, está registrado para que gerações futuras saibam, já que a atual parece não querer saber, o critério utilizado pelo ex-presidente Lula para “conquistar o mundo”. O registro consigna a grande importância do atual ministro da Defesa, Celso Amorim, no magnífico trabalho desenvolvido pelo ex-presidente, que hoje ensina o que fez nas suas palestras. Vejamos o registro:
“Nas viagens internacionais, (Lula) tem outra mania. Logo no início do trajeto de volta ao Brasil, chama o ministro Celso Amorim e um oficial da Aeronáutica à sua cabine e, com a ajuda de um grande mapa-múndi, trata de ficar imaginando quais poderiam ser as próximas nações a serem visitadas. A rotina, então, é questionar Amorim sobre as características dos países apontados por ele no mapa, e ao militar pergunta a respeito de questões técnicas das rotas imaginadas, como escalas e trajetórias viáveis à aeronave.”

Como se vê, Celso Amorim, ex-ajudante do Papai Noel de ditadores, foi muito importante no governo passado e agora o será no Governo Dilma, ainda mais contando com o assessoramento do ex-guerrilheiro José Genoino. Para quem não sabe, Genoino participou da chamada Guerrilha do Araguaia, ou melhor, ele quase participou, pois antes mesmo que fosse dado o primeiro tiro, o nosso herói desistiu da luta. Não só desistiu, como ajudou a seus companheiros a desistir.

Havia cerca de 90 guerrilheiros na Selva Amazônica. Os militares não tinham certeza da existência deles, então enviaram cerca de dez homens do serviço de inteligência para a região. Quando os guerrilheiros souberam que os milicos estavam na área, eles fizeram igual àqueles “corajosos” trezentos e poucos bandidos, armados de fuzis, que fugiram do morro igual a galinhas assustadas com medo da raposa, quando dois pequenos tanques com duas dúzias de policiais subiram o morro. Os “valentes” guerrilheiros fizeram o mesmo, tomaram doril e sumiram na densa selva, deixando para trás o acampamento e um faminto cachorro vira lata.

Genoino foi pego no meio do caminho, interrogado pelos milicos, ele disse que se chamava “Geraldo” e que era um caboclo da região. Os militares pediram para ver a mão dele e observaram que era igual a do Lula (a mão do caboclo é grossa, devido ao trabalho duro). “Geraldo” foi conduzido para o acampamento abandonado. Lá chegando foi “dedurado” pelo vira lata que foi para cima dele abanando o rabo e fazendo ruídos característicos de cães que pedem desesperadamente comida. Com a certeza de que “Geraldo” não era Geraldo, os militares disseram que se ele não colaborasse, seus “documentos” seriam extraídos com o próprio facão (ele portava um facão na cintura, quando foi pego) e serviriam de fonte de proteína para o animal faminto.

Apavorado com o “argumento” dos militares, Genoino abriu o verbo. Informou o nome falso que cada guerrilheiro usava, posição que ocupava na guerrilha etc. Além disso, tirou foto e fez declaração a seus companheiros para que se entregassem. O material foi confeccionado em panfletos e jogado de helicópteros no meio da selva. A estratégia funcionou, a maioria se entregou e quem não seguiu o conselho de Genoino virou presunto.

Portanto, Genoino tem todos os requisitos para o importante cargo que exerce, inclusive foi condecorado em maio deste ano com a “Medalha da Vitória”. Ele faz jus à condecoração, pois é um vitorioso, ponha vitorioso nisso...
Com efeito, a experiência e o elevado espírito nacionalista do ex-chanceler Celso Amorim e mais a coragem do ex-guerrilheiro José Genoino, os brasileiros podem ficar tranquilos: a defesa do país está em boas mãos; boas, não, ótimas...

Manoel Pastana - Procurador da República e Escritor

IBGE: 192 MILHÕES DE BRASILEIROS

IBGE: Nos últimos 11 anos, Brasilia teve acréscimo de 558 mil habitantes, Manaus, 427 mil e Porto Alegre apenas 53 mil.

O IBGE divulgou hoje as estimativas das populações residentes nos 5.565 municípios brasileiros em 1º de julho de 2011. Estima-se que o Brasil tenha 192.376.496 habitantes, 1.620.697 a mais que em 2010, quando a população chegou a 190.755.799.

. São Paulo continua sendo a cidade mais populosa, com 11,3 milhões de habitantes, seguida por Rio de Janeiro (6,4 milhões), Salvador (2,7 milhões), Brasília (2,6 milhões) e Fortaleza (2,5 milhões). A capital federal, que em 2000 ocupava o 6º lugar entre os municípios mais populosos, passou, em 2011, para o 4º lugar. Belo Horizonte, que no ano 2000 estava na 4ª posição, em 2011 caiu para a 6ª (2,4 milhões), sendo ultrapassado por Brasília e Fortaleza.

. Já Porto Alegre ocupa o 10º lugar com 1,4 milhões de habitantes. De 2000 a 2011, a capital gaúcha teve um acréscimo de apenas 53 mil habitantes. Compare abaixo o crescimento de algumas capitais brasileiras nos últimos onze anos:

Brasilia - 558 mil
Manaus - 427 mil
Fortaleza - 335 mil
Salvador - 250 mil
Goiânia - 225 mil
Curitiba - 177 mil
Belo Horizonte - 147 mil
Recife - 124 mil
Belém - 122 mil
Porto Alegre - 53 mil


(Fonte: IBGE)

DIRCEU E UM DESGOVERNO PARALELO?


Os ingênuos chegam a vislumbrar ressentimentos entre a Presidente e o seu mentor, por causa dos diletos assessores cheios de graça e rabo preso que herdou, ou os que escolheu por indicação do famigerado.
Foram os ossos do oficio.

Ao sair do nada para a mais alta posição, o custo seria alto. Ela é limitada e ruim em conectar os neurônios.
Por isso, reclamar jamais e decretou como recomendado, o fim de uma faxina na qual não deu a primeira, nem pode impedir as demais vassouradas. Límpido assim.

Basta acompanhar os périplos do Ex aqui e no exterior, de avião pra lá e pra cá, de palestra em palestra, e de soslaio mirar seus 'cumpanheiros' de viagens, de andanças demagógicas, em Cuba e adjacências para saber que lá estavam, entre outros próceres da bandalheira, o nefasto Dirceu.

Dirceu acusado e afastado foi brindado pelo seu ex – chefe com palavras sobre sua magnificência, sobre a sua grandeza, sobre a sua conduta impar. Na saída do cargo, recordemos como Dirceu saudou a “cumpanheira de armas”.
Foi tocante.

Assim, se alguém dúvida que estejamos falando da mesma quadrilha, do mesmo acumpliciamento, pretendendo visualizar um desgoverno paralelo, vai morrer imaginando bobagens.

Estejam certos tantos quantos não acreditam em Papai Noel e no Coelhinho da Pascoa, que o Dirceu se locomove hoje com tanta ou mais desenvoltura do que antes, mas não para enfraquecer o atual desgoverno, na verdade, oficiosamente engendra tramoias, encena arrufos, apenas para desviar atenções e confundir ameaças.

Não esqueçam que uma parte substancial da mídia e o próprio gestor da mídia do desgoverno, o Franklin Martins foi um dos convivas das viagens de sua majestade. O quanto e como tramaram, nem o diabo sabe.
Juntos confabularam, planejaram e soltaram torpedos enganadores.
O contexto faz parte de uma ação diversionária para confundir e criar impressões falsas. No fundo, devem gargalhar dos equívocos que plantam na cabeça dos ingênuos.

A atual investida contra São Paulo sublinha o maquiavelismo que se esconde nas confabulações da asquerosa cúpula.

Felizmente, não dominaram toda a imprensa e, ainda, são surpreendidos com reportagens investigativas, que ao demonstrarem o poder de Dirceu, apenas comprovam que sua liberdade de ação é tão descarada que somente com o conhecimento, a orientação e o financiamento da cúpula do desgoverno, ele poderia transitar tão leve e solto.

A leitura correta seria buscar, como por detrás dos bastidores, além da falsa impressão de liderar um desgoverno paralelo, o que realmente está acontecendo, seria olhar mais ao longe, por detrás dos muros, por detrás dos morros, para descortinar qual a verdadeira missão do senhor Dirceu.

Enfraquecer a Presidente no momento atual, seria a última ação a ser praticada pelo petismo, seria o tiro no pé, seria atestar que a terna senhora foi um tremendo equivoco do seu guru.
Por tudo, cuidado com as conclusões precipitadas, o bando é um só, uns menos, outros mais vermelhos, mas todos têm um objetivo comum, submeter esta Nação.

Eles são mestres em criar falsas impressões, subverter mentes, iludir os incautos. Não esqueçamos de que eles eram terroristas, mas hoje, como num passe de magica, são cultuados como heróis.
Dirceu, carinhosamente, é o que podemos denominar de "o aloprado oficial" do atual desgoverno.

Brasília, DF, 30 de agosto de 2011.
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira

CAFEZINHOS E PARÁBOLAS

Visitei uma grande empresa no Rio Grande do Sul. Palestrei, aprendi e descobri. Sinto-me feliz ao ser recebido em Manaus do mesmo modo com que sou acolhido no extremo sul do Brasil.

Na minha primeira vida, quando estudava sociedades tribais brasileiras, ficava abismado quando nos mais humildes lares sertanejos, e mesmo entre alguns indígenas, a conversa era interrompida em nome de um cafezinho hiperdoce com a seguinte observação: que não reparasse na xícara nem no bule - eram de pobre -, mas tomasse a bebida feita com gosto e amizade. O cafezinho é a prova de hospitalidade mais pungente da nossa sociedade. Ele é também e o obséquio mais trocado entre pessoas no Brasil.

Nesta ultramoderna empresa do Sul não foi exceção. Cheguei e, ato contínuo, ofereceram-me um cafezinho fresco e quente que tomei com o sentimento de estar usufruindo algo que faz o brasil, Brasil. O calor do café forte e doce sinaliza o afeto de quem o oferece. O doce tira do negrume da bebida o seu ar de mistério, dando-lhe o toque de inocência característico das coisas benévolas. O amor e a compaixão são doces como doce é a compreensão, a paz e a concórdia.

Na friorenta manhã do dia seguinte vou para o aeroporto muito cedo. Sou o primeiro a chegar. Meu pai, Renato, fazia o mesmo. Ele nos obrigava a sair de casa e seguir para as rodovias e estações de trem, quando viajávamos de Juiz de Fora e São João Nepomuceno para Niterói, nas férias de verão, muitas horas antes da partida. Ficávamos, meus irmãos e eu, brincando entre as malas, enquanto papai bufava de nervoso, olhando o seu relógio Omega de ouro ou acertando o seu chapéu que, como dizia meu amigo Mauricio Macedo, dava-lhe um ar de detetive de cinema.

No espaço público administrado pela Agência de Aviação Civil, fiquei a experimentar contrastes. O aeroporto é um mero nome, pois ele nada tem a ver com a modernidade dos aviões que despejam no seu espaço ridiculamente pequeno, dotado de algumas cadeiras desconfortáveis, um banheiro pífio e uma sala de embarque minúscula e sem forro, centenas de passageiros famintos (que, como condenados, comem uma sacolinha de biscoitos com gosto de creme de barbear), aturdidos pelo confinamento e pela ineficiência vergonhosa do lugar. Como tenho o tempo do pai, observo a chegada dos passageiros morrendo de frio.

Numa sala de espera sem forro e com poucas cadeiras, tenho uma boa visão da pista e dos empregados que carregam malas e pacotes. Tudo realizado a braço - os carrinhos sendo empurrados pelos peões tal como faziam os escravos de um Brasil que continua tão presente quanto o meu iPhone que desligo. O que testemunho, protegido pelos vidros, é o trabalho desses mesmos escravos fazendo seu velho trabalho braçal em contraste com o moderno pássaro voador que estava para pousar vindo de fora e do céu.

Pavoroso e exemplar contraste entre a esfera privada onde tudo correu perfeitamente bem e a pública onde o tal "Estado" faz, mais uma vez, prova de um estilo de gerenciamento emperrado, partidarizado, sectário, ineficiente e, sobretudo, corrupto. Onde foram parar as tais "verbas" dos tais "planos" e "projetos" que são parte destes governos lulo-petistas? Somem pelo ralo dos laços de partido, família e amizade que sempre consumiram a esfera do poder público à brasileira...

* * * *

Milan Kundera conta o seguinte: uma comunista militante é julgada por crimes que não havia cometido. Sustentou sob tortura a sua verdade, demonstrando uma extraordinária coragem diante dos seus algozes. Condenada, cogita-se sobre seu enforcamento, mas, mesmo numa Praga stalinista, há misericórdia e ela segue para a prisão perpétua. Findo o comunismo, seu caso é revisto e, depois de 15 anos, ela sai da prisão e vai morar com o filho pelo qual, por toda a cruel separação, tem um apego desmesurado.

Um dia, Kundera visita sua casa e a encontra chorando copiosamente. Apesar de ter 20 anos, ele é preguiçoso, diz. Kundera argumenta que esses são problemas menores. Mas o filho, indignado, defende a mãe com veemência: ela está certa, sou egoísta e desonesto, espero mudar... Moral da história: o que o partido jamais havia conseguido fazer com a mãe, ela realizou com o filho.

Num país em forma de presunto, grassa a praga de um estilo peculiar de corrupção. Não se trata de roubar somente pela "mais-valia" ou pelo engodo do mercado e da ganância. Isso também ocorre no país de Jambom, mas aqui o que explode como bombinha de São João é algo paradoxal: o roubo desmedido dos dinheiros públicos realizado precisa e legalmente pelas autoridades eleitas para gerenciar esses recursos.

Trata-se do assalto ao Estado pelos seus funcionários mais graduados que loteiam suas repartições em nome de uma antigovernabilidade, pois como governar com os escândalos e as suspeitas de enriquecimento ilícito de ministros? Quando eu era inocente e de esquerda, a nossa luta era contra o "feudalismo brasileiro" encarnado pelos "coronéis". Com o PT veio a esperança de liquidar a corrupção.

Afinal, eu testemunhei o então presidente do PT, José Genoino, repetir com orgulho: "O PT não rouba e não deixa roubar!". Era, vejo bem hoje, apenas um belo mantra que se desfez no mensalão e no que se seguiu.

Moral da história: o que a "direita" jamais havia conseguido fazer no Brasil - coalizão, distribuição de favores, aparelhamento do Estado, elos imorais entre instituições e pessoas, populismo em nome dos pobres - a "esquerda", acomodada no poder, institucionalizou.

Roberto Damatta, O Estado de São Paulo em 31/08/2011

ENTREVISTA COM UM HOMEM


Vale a pena ler cada linha desta entrevista com Plínio de Arruda Sampaio, de julho/2005. Em setembro, Plínio tentaria a presidência do Partido dos Trabalhadores. Perdeu (e essa eleição também merece ser contada um dia) e não aguentou mais. Haveremos ainda de comenta-la, à luz dos dias que ora transcorrem. Dói...

Ana Maria Tahan – Como você se envolveu com o PT?

Plínio de Arruda Sampaio –
Quando voltei do exílio, em 76, vim com a idéia de fazer um partido socialista democrático. Almino Affonso, Fernando Henrique Cardoso e eu tínhamos uma combinação nesse sentido, feita no exterior. Chegando aqui, procuramos o pessoal que estava na briga: Jarbas Vasconcelos, Waldir Pires, a esquerda do MDB. Passamos 76, 77 e 78 articulando no Brasil inteiro. A idéia era FH disputar na eleição de 78 uma sublegenda dentro do MDB e, se passássemos de 1 milhão de votos, teríamos base para formar um partido. Fernando teve 1 milhão e 200 mil votos. Foi uma euforia: “Vamos estourar a boca do balão!”. No dia seguinte acordei cedo, liguei a TV e vi o flamante sociólogo sendo entrevistado como o ás da eleição. E ele dizia: “Neste momento a unidade da oposição é importantíssima e qualquer saída do MDB é divisionismo”. Telefonei para ele: “Desci do bonde! Não foi isso o combinado”.

Ricky Goodwin – E ele respondeu: “Esqueçam tudo que combinei!”

Plínio – Vocês não fazem idéia de como fiquei abatido! Quando a FAO me convidou para trabalhar na Europa, com base na minha experiência com reforma agrária durante meu exílio, eu aceitei. Nesse meio tempo, Lula começou a montar um partido e aí José Álvaro Moisés me procurou para que eu fizesse o estatuto deste futuro Partido dos Trabalhadores. É curioso porque a minha campanha hoje à presidência do PT, nas eleições de setembro próximo, está referida a esta concepção de partido. Isto que está acontecendo no PT é porque esta concepção foi abandonada.

Demerval Netto –
E que concepção é essa?

Plínio – “No PT as bases mandam.” O PT usou isto como slogan mas não o adotou na prática. As decisões teriam que ser tomadas pela base. Podia ser numa fábrica, num bairro ou numa corporação, mas esses petistas deveriam ser consultados por todas as instâncias do partido antes de se tomar decisões.

Ziraldo – Mas isso é muito imobilizador, né?

Plínio – É o que eles diziam. Eu não acho. É o pau que está dando na minha campanha agora. Mas, na verdade, é o sadio anarquismo dos cristãos. E com a internet essa organização ficou mais fácil.

Ana Maria – Não é o assembleísmo de que tanto acusam o PT?

Plínio –
Mas precisamos politizar o nosso povo. Um partido político é um instrumento pedagógico. Por exemplo: a campanha do desarmamento. Dizem que vão consultar o povo. Mas antes do povo se pronunciar ele precisa discutir a questão. Para mim, isto está sendo usado para desviar das causas reais da violência. E a transposição do Rio São Francisco, que vai afetar a vida de milhões de pessoas? O povo não está discutindo isso.

Demerval –
Em que momento o PT deixou de ouvir as bases?

Plínio – O PT eram três forças: os católicos, os sindicalistas e os ex-revolucionários. Os católicos não têm formação política, a Igreja os proveu de uma indignação moral contra a injustiça mas não lhes deu a teoria. Não tinham organicidade. Os sindicalistas eram corporativistas. Quem tinha teoria política era a turma que veio da luta armada.

Demerval – Esse pessoal: José Dirceu, Genoino...

Plínio – Que estavam interessados em ter contato com a massa. Então promoviam assembléia atrás de assembléia. Era o auge das Comunidades Eclesiásticas, da CUT, do MST, das Pastorais da Terra, Associação de Moradores, e tudo isso convergiu no PT. Neste primeiro momento, os núcleos de base eram muito vivos e o povo ficou fascinado por discutir política. Os cristãos e os sindicalistas não conseguiam entender isso e às vezes ficavam indignados. O PT então tinha uma estratégia de dois braços: um era a pressão direta de massas (estende o braço esquerdo) e outro buscava ocupar espaços na estrutura institucional do Estado através das eleições (estica o braço direito). Naquele primeiro momento os deputados do PT viviam aqui (aponta o braço esquerdo). Não tinha greve ou ocupação em que não estivessem à frente. Hoje não se vê deputado do PT em assembléia nenhuma. De 81 a 89 houve um PT aguerrido, voltado para as bases.

Ana Maria – E já com uma participação no poder. Em 88 elegeu Erundina em SP.

Plínio – Com o tempo esse braço paralisou (encolhe o braço esquerdo) e esse braço cresceu (estica ainda mais o direito). No momento em que se tornou uma alternativa eleitoral, a coisa complicou. Tenho a impressão de que subiu à cabeça a idéia de conquistar o Estado, e através do Estado fazer a transformação. E aí não usaram mais os métodos artesanais, mas os profissionais. Mal interpretado, deu no que deu. Num certo momento, o PT optou por isto. A primeira campanha do Lula, em 89, teve um programa muito forte. Ali realmente desequilibraríamos. Sem dúvida, aquele era um processo de ruptura. Muito difícil. Possivelmente nem terminaríamos o mandato. A decisão de mudar era real em todos os níveis, a começar pela renegociação da dívida.

Ricky – Conseguiria alguma coisa ou era mesmo um sonho de verão?

Plínio – Alguma coisa, mas a gente cairia. Haveria o embate.

Ricky – Pelo menos cairia de pé e não de quatro, como agora.

Plínio – Um ano depois, quando fui candidato a governador de SP, eu dizia que era o terceiro turno. Meu filho Plínio, mais inteligente do que eu, dizia: “Papai, mudou tudo. Não vai ter terceiro turno”. Pensaram também que a candidatura de Lula em 94 seria um terceiro turno, mas foi uma coisa morta. Lula estava com 40% e em um mês caiu totalmente. Sua estratégia era a mesma de 89 e não pegava mais.

Ricky – Mas o PT em 89 chegara tão perto do poder, mas tão perto, que provou daquela água e nunca mais esqueceu o gosto. Não queria mais parar de concorrer.

Plínio – E alguma coisa mudou. Em 98 o Lula chegou a ter dúvidas de que seria candidato. Tive a oportunidade de ter uma longa conversa com ele sobre isso. Vínhamos num avião para Pedro Canário, onde íamos dar uma mão ao José Rainha. Estávamos Vicentinho, João Paulo Magalhães, eu e o Lula, que disse: “Não posso ficar bloqueando os outros nomes do partido... não sei, também se eu perder novamente vou ficar com pecha de perdedor... o que vocês acham?” Eu disse: “O senhor deve ser candidato porque é o único que tem alcance nacional, mas não deve fazer uma campanha para ganhar”. “Como? Uma campanha para perder?!” “Você vai perder de qualquer maneira. E se por acaso ganhar não leva. Faça então uma campanha para denunciar o sistema e para enunciar o socialismo, que nunca foi enunciado para o povo brasileiro. Exponha essas idéias para o povo conhecer.” Me lembro da cara do João Paulo (boquiaberto): “Mas como? Campanha para perder?!” Expliquei: “É evidente que ele não vai chegar na TV e dizer ‘Meus amigos, eu quero perder’. Não estou propondo que seja burro e sim realista. Não vai ganhar agora mas pode plantar para mais adiante.” Lula ficou tão preocupado com isso que reuniu os companheiros mais chegados para discutir o assunto. Foram umas 50 pessoas, no Instituto de Cidadania. Não pude ir e mandei o Plininho, que depois me telefonou: “Ih, pai, tua idéia apanhou que nem vaca na horta! Acharam um absurdo!” Me contaram depois que uma das pessoas da reunião dizia: “Que isso, Lula, pára com isso, é uma estupidez do Plínio. O negócio é marketing! Marketing!”

Ana Maria – Quem falou isso? Por que aconteceu justamente isso!

Plínio – Não tenho o nome do santo mas o milagre está aí.

Ivan Alves – No documentário Entreatos, Lula faz referência a esta conversa.

Plínio – Tanto isso foi uma coisa forte que anos depois ainda comenta, revoltado: “Imaginem que um intelectual disse pra mim que eu devia perder!” Lembram da euforia que ele estava no final da campanha? Ali tinham feito a opção pelo marketing e pelo processo normal de chegar ao poder. Fizeram a opção pelo que está acontecendo agora. E isso com que agora as vestais estão horrorizadas, todos os governantes do Brasil fizeram! Todos, sem exceção! Desde Pedro Álvares Cabral, que deve ter pago mensalão para algum cacique!

Ana Maria – O primeiro marqueteiro foi Pero Vaz de Caminha!

Ziraldo – Estão caindo em cima do Lula como se ninguém mais tivesse feito! Por que alguns faladores estão caladinhos e ninguém quer que se estenda a CPI pra trás?

Claudius – E as privatizações? E as teles? E a reeleição de FH?
Ivan – O PT obteve em 2002 uma formidável vitória eleitoral e hoje está derrotado politicamente. A que você atribui isso?

Plínio – Tudo tem uma lógica interna. Se opto para chegar ao poder através da eleição tenho que ampliar meu eleitorado entre a classe média. Logo, tenho que tomar cuidado ao falar algumas coisas. Começo a adocicar minha mensagem de tal maneira que eu fale o que o eleitor quer ouvir. O marqueteiro é isso: um especialista em fazer você falar o que o outro quer ouvir.

Ivan – Mas o povo votou por mudanças. Se o PT encarnasse essas mudanças o povo apoiaria.

Plínio – O povo votou sem saber que a mudança tem um preço. Esse é o drama do Brasil. Não há solução sem um período forte de instabilidade e de grande disputa. Tem que enfrentar o imperialismo e não pagar a dívida. Não pagando a dívida, a inflação sobe. Subindo a inflação, atrapalha o equilíbrio econômico e setores ficarão sem emprego, outros ficarão sem abastecimento. Como é que se enfrenta uma situação dessas? Com o povo do seu lado.

Ricky –
Que é a linha Chávez.

Plínio –
O Chávez fica lá porque o povo vai pra rua. Mas se você tem 53 milhões de votos conseguidos pelo Duda Mendonça, dizendo “paz e amor, bicho”, qual a segurança que você tem de que o povo vai te agüentar na hora em que você sofrer represálias?

Claudius – O que está faltando não é justamente essa convocação ao povo? O PT seria o único partido capaz de clamar por mudanças. Mas não fez.

Rodolfo Athayde – Já não havia uma acomodação ideológica tal, antes da eleição, que seria impensável qualquer tipo de mudança consistente depois de tomado o poder?

Plínio – Sim. Estas decisões foram tomadas há mais tempo. Tanto que fui convidado para ser da coordenação da campanha de 2002 e não aceitei.

Claudius – O que aconteceu na vida dessas pessoas que tinham uma certa biografia? José Dirceu, por exemplo, que agora está saindo à francesa?

Plínio – Houve uma queda brutal no pensamento socialista. O comunismo acabou e verificaram que na Rússia havia era a pilantragem. Os soviéticos continuavam com sua fé religiosa e de noite rezavam para Rosa de Luxemburgo. Sobrou o quê? O poder. “Para mudar as coisas, vamos para o poder!” Isso matou o partido. É um pouco essa idéia de que os fins justificam os meios.

Ivan – Só que o fim acabou e foi substituído pelos meios!

Ricky – Vale a pena ainda lutar então pelo socialismo?

Plínio – Eu estou mais preocupado em falar umas tantas coisas que precisam ser ditas e em resgatar umas esperanças que precisam ser resgatadas. Principalmente as esperanças das pessoas muito simples. Hoje, vindo para cá, aproximou-se de mim um homem com uma criança no colo e disse: “O senhor é o Dr. Plínio? Ô, doutor, que situação, hein! Confio no senhor, hein!”. Não estou vendo nenhuma revolução socialista amanhã.

Ziraldo – (abraça Plínio) Que maravilha! Setenta e cinco anos e ainda pensa num futuro distante!

Plínio – Se a nossa geração deixar um instrumento político sério para o povo brasileiro, cumpriu seu papel.

Ivan – Você fala muito no efeito do marketing. Mas na verdade o que ganhou a eleição foi a figura do Lula, que encarnou a esperança do povo brasileiro.

Plínio – Ele foi um bom produto, mas criou-se uma esperança infundada. Ninguém pensou que para repartir a terra teria que brigar com o agronegócio, que aí não exporta, caindo então a receita de dólares, e aí não se pode pagar a dívida. Já há aí uma primeira briga. Uma segunda briga seria mexer com o capital imobiliário. Experimenta fazer isso aqui no Rio para ver quem se levantará contra! E a mídia inteira contra? Vai brigar com ela também? Só se transforma esse país com uma tremenda luta e o PT era para preparar essa luta e não para preparar medidas administrativas.

Claudius – E agora, acabou a esperança? Volta o medo?

Plínio – Olha, a minha chapa se chama Esperança Militante. Eu não perco minha esperança de jeito nenhum.

Ricky – Quem é sua chapa?

Plínio – São uns loucos que querem ver esse troço dar certo. Estou com três tendências que são gente finíssima: a Ação Popular Socialista do Ivan Valente, o Brasil Socialista do Bruno Maranhão e o Fórum Socialista do Renato Simões. Estou também com dissidências da articulação de esquerda e um grupo de Minas Gerais chamado Tendência Marxista-Leninista.

Ana Maria – Somados, dão quantos por cento do diretório do PT?

Plínio – Do diretório atual, uns 15%. Mas... (abre seu caderno para uma folha em branco) o PT são 4 ou 5 mil pessoas na sede do partido (desenha um círculo pequeno no centro). Aqui tenho uns 15%. Depois tem o grupo de pessoas que vota sempre no PT, acompanha tudo de política e tal (desenha um círculo maior em torno do primeiro). Os mesmos 15% devo ter aqui. Mas em volta destes todos existem 800 mil filiados que votam (desenha um círculo enorme englobando os anteriores). O discurso que estou fazendo hoje para vocês tem muita entrada no PT. Esse pessoal aqui (aponta para o segundo e terceiro círculos) está indignado com o que está acontecendo.

Demerval – Se você ganhar, o que o PT vai fazer com o Lula?

Plínio – Se eu ganhar será uma revolução enorme. Terá um impacto brutal. O grande esforço do governo Lula, através do Palocci, é o confidence building: construir a confiança dos credores. Se ganha uma pessoa que diz ao JB ser a favor da renegociação da dívida... Não falo em não pagar, mas em ter uma atitude soberana, sentar todo mundo para renegociar, dizendo: “O Brasil precisa dos recursos para atender a sua situação social terrível e para investir em seu crescimento e criar empregos. O que sobrar daí será usado para pagar a dívida”. Se eu ganho, então, a pergunta não é o que o PT fará com o Lula, mas o que o Lula fará com o PT. O efeito será tal que terá que tomar uma posição, pois o PT estará engajado na campanha da renegociação da dívida.

Ivan – Kirchner tomou essa posição e sobreviveu.

Plínio – Eu vou dizer: “Lula, você é o portador da esperança de mudança. Minha vitória é a demonstração de que o partido quer mudança. Oferecemos a você um programa que não é de ruptura, mesmo porque você tem um ano e meio de governo, mas que implica em gestos. Mudar a política econômica é um gesto”.

Claudius – E como o PT vai compor esse governo? Sem as alianças é um partido minoritário.

Plínio – Tem que se desfazer de todas essas alianças. O regime é presidencialista e o presidente pode governar em minoria. Não seria o primeiro a governar sem maioria. Temos uma Constituição. O presidente tem o veto, tem a iniciativa das leis que implicam em gastos e tem a faculdade de requisitar qualquer veículo de comunicação a qualquer momento para falar ao povo. No dia daquela conversa com o Lula eu disse a ele: “O Brasil não precisa de um presidente. O Brasil precisa de um líder. Não se muda uma sociedade com um presidente, mas com um líder sim. De Gaulle era um líder”. Claro, sempre será necessária alguma composição. A política não é só uma ciência, é também uma arte. O problema é ser hegemônico nesse processo. Por exemplo: em 89 tentei trazer o PMDB para apoiar o Lula, mas era o PMDB do Ulysses, do Covas, do Severo Gomes e do Montoro.

Claudius – Esse papel de líder não está muito próximo ao de um ditador? Não é o contrário de tudo o que você está pregando com relação a consultar as bases?

Plínio – Todo processo tem uma figura de liderança.

Demerval – Mas isso não vira uma figura messiânica?

Plínio – Há uma diferença entre líder carismático e líder populista. Lula foi diferente dos líderes populistas brasileiros por sempre ter sido um homem de partido, e de um partido forte. Mas o que está acontecendo agora? Estão deslocando a figura do Lula do seu partido político. É um retrocesso. Lula terá a conexão direta com a massa sem a intermediação de um partido, o que é perigoso. É por isso que o noticiário dos jornais conservadores colocam José Dirceu como o grande vilão da história e preservam o Lula.

Ziraldo – Mas o Lula está se prestando a isso! Vai se candidatar novamente e vai ser reeleito como uma rainha da Inglaterra. Vão impor um ministério a ele. E só daqui a seis anos vamos ter uma luz.

Claudius – Isso seria uma tragédia maior do que perder a eleição.

Ricky – Seria melhor que o PT tivesse perdido em 2002?

Plínio – Não deveríamos ter ganhado em 2002 – e com isto não ganharíamos em 2006 – e neste tempo poderíamos ter construído um líder que chegasse lá com sustentação firme. Uma coisa é chegar ao governo. Outra é chegar ao poder. Não podemos queimar etapas. O que aconteceu com o PT foi que chegou ao governo antes de ter poder. De que adianta chegar ao poder se não tem os elementos para fazer o que considera necessário?

Ricky – Como conseguir esses elementos?

Plínio – Mobilização.

Ziraldo – Por que você não foi pro PSOL?

Plínio – Estão loucos atrás de mim, mas precisamos rever o método de fazer política. Fazer um outro partido através de três ou quatro deputados é continuar no andar de cima. Deveriam estar se preocupando com cursos de formação, em solucionar os problemas de comunicação, mas não, é a eleição, depois outra eleição... Devido ao atual estado emocional do país pode haver uma grande votação mas não haverá uma base. E eles não deveriam ter saído do PT. Tem um grupo inclusive dizendo: “Se o Plínio ganhar eu volto”.

Demerval – Plininho, seu filho, disse que o PT é irrecuperável.

Plínio – As limitações do PT precisam ser vistas dentro do prisma de que este é um país de dois andares (constrói com as mãos um prédio imaginário de dois andares). A política sempre foi privativa da elite. Até 1930, nem passava perto do andar de baixo. De lá para cá, uma facção de cima, para ser governo, passou a ter que ir lá embaixo, conseguir votos e voltar. Com isto já se estendeu a educação e se abriu o funcionalismo para a classe média. O PT é a primeira cabeça-de-ponte que o povo, do andar de baixo, consegue no andar de cima. A primeira com dimensão nacional, para não fazer injustiça com os companheiros que foram torturados nos partidos comunistas anteriores, partidos que fizeram essas cabeças-de-ponte, mas pequenas, não agüentaram. O que era grande no PT era sua heterodoxia, misturando cristãos com comunistas e com sindicalistas, num amálgama autêntica. Dava pau, era doído, mas era autêntico. Isso precisa ser reconstruído. Precisamos primeiro esgotar a experiência petista.

Claudius – Como essa crise é decantada e chega ao andar de baixo?

Plínio – Foi a primeira vez que o povo gestou uma coisa dele. Como coisa do povo, teve os defeitos do povo, mas sentiram que era alguma coisa a ver com eles. Temos dificuldade em perceber isto porque um homem do povo fala conosco como se fôssemos girafas. Seus padrões de julgamento não são os nossos. Outro dia a direção dos sem-terra estava em casa comigo discutindo: “Mas o Lula tem coragem de dar um aumento de R$ 6!”. Aí um caboclinho da base, que tinha vindo com eles, falou: “Pô, mas R$ 6 é uma grana, meu!”.

Demerval – Você falou que sua eleição influenciaria o Lula a tomar algumas atitudes, mas é possível realmente haver uma volta deste governo às origens do PT, com esses compromissos que já assumiu na política econômica e na política externa? Não é uma visão romântica?

Plínio – Você vai numa estrada. Tem uma encruzilhada. Escolhe um rumo e anda por dez quilômetros até perceber que está no caminho errado. O que você faz? Volta. Durante o tempo que gasta voltando, poderia estar andando no caminho certo, mas a única maneira é voltar para a encruzilhada e refazer seu rumo. A possibilidade de avanço que o Lula tinha com 53 milhões de votos está perdida, não existe mais. Mas se fizer um ou dois gestos pelo menos estará marcando um rumo, menor, é verdade, mas evitando seguir no caminho errado. A grande massa que votou nele ainda tem uma imensa confiança nele.

Fonte: Jornal do Brasil
Salito

A UTOPIA DA VIDA PERFEITA



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terça-feira, 30 de agosto de 2011

SITUAÇÃO FISCAL DO BRASIL É IGUAL A DA GRÉCIA?

Situação fiscal do Brasil é semelhante à da Grécia, afirma ex-presidente do BC

A diferença é que, por ter o maior juro do mundo, o Brasil tem mais facilidade para rolar sua dívida

Anne Warth e Francisco Carlos de Assis, da Agência Estado

A situação fiscal do Brasil é hoje muito semelhante à da Grécia, avalia o ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Rio Bravo Investimentos, Gustavo Franco. A diferença, segundo ele, é que, por ter a mais alta taxa básica de juros do mundo, o Brasil tem maior facilidade para rolar sua dívida que a média dos países que formam o chamado grupo dos PIIGS - Portugal, Itália, Irlanda, Espanha e Grécia. Franco se baseia em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em 2007, a Grécia possuía um nível de dívida com vencimento de curto prazo de 13% do Produto Interno Bruto (PIB), proporção inferior aos números do Brasil, que chegavam a 17,7%. Mesmo em 2011, o Brasil ainda possui uma dívida de curto prazo equivalente a 16,9% do PIB, nível superior ao da Grécia, de 16,6%.

A maior diferença entre Brasil e Grécia, segundo o FMI, residia no déficit nominal, que em 2007 correspondia a 6,7% do PIB grego - e neste ano aumentou para 7,4%, enquanto o déficit nominal brasileiro, que era de 2,7% do PIB em 2007, caiu para 2,4% neste ano. Somados o déficit nominal e a dívida a vencer no curto prazo, que correspondem à necessidade de financiamento do setor público, em 2007 o endividamento da Grécia era de 19,7% do PIB e o do Brasil alcançava 20,4%. Em 2011, a situação se inverteu, com a dívida grega aumentando para 24% do PIB e a do Brasil caindo para 19,3%.

'Rolagem de dívida pode se tornar todo o problema'

"No decorrer do tempo, nos acostumamos a ignorar essa história da rolagem da dívida porque é algo meio automático. A gente não presta atenção, não vê que isso é um problema.
Basta olhar o que a Grécia está passando nos dias de hoje para ver que, às vezes, a rolagem da dívida pode se tornar todo o problema",
afirmou Franco.
"A dívida é déficit acumulado. São as nossas irresponsabilidades acumuladas no passado e que não vão desaparecer."

Na avaliação de Franco, o endividamento de curto prazo é uma das explicações para que o Brasil mantenha uma taxa de juros tão elevada, bem acima da média mundial.
"Os juros opressivamente altos que temos no Brasil têm a ver com esse custo de um sistema de rolagem de dívida que faz com que nós, brasileiros, carreguemos um montante de dívida do governo que não gostaríamos de carregar em condições normais", disse.

De acordo com o Franco, isso ficou claro em 2009 e 2010, quando o BC não pôde reduzir a Selic além dos 8,75% ao ano para impedir uma corrida dos recursos aplicados em títulos públicos para a caderneta de poupança e para a Bolsa de Valores.

"Vimos os perigos de o dinheiro fugir para a caderneta de poupança e aí ele entraria num circuito meio viciado de crédito subsidiado e fundings regulatórios subsidiados", afirmou. "Veríamos o dinheiro saindo do financiamento dos títulos públicos e indo para a bolsa e outras aplicações. Provavelmente o Brasil não conseguiria rolar 17% do PIB todo ano se não tivesse uma taxa de juros muito alta."

Juros altos são o preço de despesas e impostos elevados

Franco explica que, para reduzir os juros, a situação fiscal do País deveria estar em condições muito melhores.
"Aqui começamos a ver a importância dessa jabuticaba, os juros altos, que não entendemos bem", disse. O economista considera que os juros altos são o preço que o Brasil paga por não ter uma política de austeridade fiscal.

"A dívida de hoje são os impostos de amanhã. A menos que usemos truques e bruxarias, os juros que pagamos hoje são o preço de não baixarmos os impostos e as despesas, empurrando o problema para as mãos daqueles que estão ausentes na discussão política: nossas futuras gerações", afirmou.

Segundo o ex-presidente do BC, a situação é agravada pelo fato de o Brasil não possuir, politicamente, uma maturidade para apresentar um orçamento claro e realista a respeito das receitas e despesas. "Se tivéssemos um orçamento realista, a avaliação seria feita corretamente, considerando o quanto custa ter aspirações em matéria de gastos superiores ao que a sociedade quer pagar de impostos."

Para Franco, a questão sobre o endividamento e a taxa de juros se assemelha à antiga correção monetária, que está para a inflação assim como o BNDES está para a taxa de juros. "É a falsa solução. Não resolve o problema. Na hiperinflação, a gente não podia fazer mais e melhor que a correção monetária para eliminar o problema da inflação e neutralizá-la completamente, assim como o BNDES nunca será do tamanho da economia para resolver o problema sozinho. A correção monetária, tal como o BNDES, é seletiva. E essa seletividade também tem lá seus defeitos."

Na opinião de Franco, a crise internacional, que evidencia uma exaustão fiscal em diversos países, pode contribuir para que esse debate seja feito no País.

"Não se criou ainda o impulso político para arrumar as contas fiscais, movimento que deve abrir a janela para reduzir os juros", afirmou. "Talvez o próprio contexto internacional, onde a exaustão fiscal parece ser um bom título para o problema internacional, nos arraste para uma execução fiscal mais madura e organizada."
Rodrigo Constantino