"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE





12 de dezembro de 2012

CONTAS DE CAMPANHA DE HADDAD SÃO DESAPROVADAS POR GRAVES IRREGULARIDADES. AH, ESSE PT...


O juiz da 6ª Zona Eleitoral, Paulo Furtado de Oliveira Filho, desaprovou a prestação de contas apresentadas pelo prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). Segundo ele, as contas da campanha do petista são "inconsistentes". Oliveira Filho afirma em sua decisão que "as irregularidades são graves, impedindo a verificação da origem dos recursos arrecadados para quitação de todas as despesas assumidas pelo candidato". O partido informou que vai recorrer da decisão.
O prefeito eleito terminou sua campanha com uma dívida de R$ 26 milhões, segundo dados entregues pelo candidato à Justiça Eleitoral. Ele informou ter arrecadado R$ 42 milhões e ter tido despesas de R$ 68 milhões. Para o juiz, há irregularidade na contratação, no valor de R$ 4,6 milhões, de empresa que forneceu carros de som e material publicitário para a campanha.
A empresa, diz ele, forneceu carros de som e material publicitário em volume muito acima a sua capacidade de estocagem, pois está instalada em imóvel de pequeno porte, além de o candidato ter locado veículos de som no mesmo valor com empresa diversa. Oliveira Filho afirma que esse fato permite "a conclusão de que se trata da mesma despesa paga em duplicidade, já que nos autos não há menção a quais veículos dirigiu-se a contratação da outra empresa".
Outra irregularidade apontada pelo juiz diz respeito à contratação de uma empresa que recebeu, ao longo do período eleitoral, 30% do contratado e, na véspera do segundo turno, emitiu 21 notas fiscais sequenciais no valor de R$ 1 milhão cada. "Dívida assumida pelo Diretório Municipal do PT, para pagamento futuro.
Trata-se da maior contratação de despesa do candidato, certamente a mais relevante, porém não foi juntada aos autos a planilha contendo a descrição dos serviços, como previsto em contrato", afirma Oliveira Filho em sua decisão.
O diretório municipal da sigla também teve contas desaprovadas. O magistrado apontou como irregular a ausência de declaração de uma doação de R$ 132 mil. O diretório alegou que a doação teria sido feita à esfera nacional do partido, mas os demonstrativos requisitados pelo juízo confirmaram a omissão de receita, que representa 11,12% do valor total arrecadado.
 
(Folha Poder)
 
12 de dezembro de 2012
in coroneLeaks

PETISTA E COLLOR SE JUNTAM PARA CHAMAR FHC PARA FALAR SOBRE FALCATRUA CRIADA POR... PETISTAS! QUEM DIZ ISSO? AS GRAVAÇÕES!

 
Para entender a razão deste post estar aqui, é preciso ler o anterior. Ali se informa que o senador Fernando Collor (PTB-AL) e o deputado Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara e futuro secretário de Fernando Haddad, se uniram para impedir a convocação de Rosemary Noronha e, numa clara provocação, conseguiram ainda “convidar” o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a prestar esclarecimentos. Trata-se apenas de convite.
Eles vão se quiserem. FHC está sendo “convidado” a falar sobre uma peça de ficção escandalosa: a tal Lista de Furnas — suposto esquema de doações irregulares que teriam financiado políticos de oposição.

A lista é falsa. Comprovadamente falsa. Escandalosamente falsa. Neste post, há a transcrição de um diálogo entre os bandidos que armavam a falcatrua. Eles tinha dúvidas sobre a grafia do nome das vítimas… No dia 11 de dezembro de 2011, publiquei um post sobre reportagem de capa da VEJA (ê revista incômoda para a bandidagem!). Leiam. Reitero: prestem atenção ao diálogo.

É impressionante que, mesmo depois de revelados a fraude e seus autores, ainda se insista nisso. Os petistas são craques nisso. Sustentaram durante anos, com a ajuda de certa imprensa, a existência do tal Dossiê Cayman. Leiam o post do ano passado. Volto para encerrar.
*
MATÉRIA DA CAPA – COMO O GANGSTERISMO PETISTA SE ORGANIZOU PARA INCRIMINAR INOCENTES E, ASSIM, LIVRAR A CARA DOS CULPADOS. E TUDO ESTÁ GRAVADO!


dirceu-e-os-falsarios
 
Ao longo desses anos, não foram poucas as vezes em que me acusaram de ser um tanto exagerado nas críticas ao petismo. Serei mesmo? A reportagem de capa desta semana da VEJA demonstra até que ponto eles podem mergulhar na abjeção. Operam, tenho dito aqui, com a inversão orwelliana mais rudimentar: o crime passa a ser uma virtude; e os inocentes, criminosos. Sem limites, sem pudores, sem receios.
 
A saída que o PT encontrou para tentar se safar do mensalão foi afirmar que tudo não passava de caixa dois de campanha e que todos, afinal de contas, agem do mesmo modo. Só que era preciso “provar” a tese. E ONDE ESTAVAM AS TAIS PROVAS? NÃO EXISTIAM! ORA, SE NÃO EXISTIAM, ENTÃO ELES PRECISAVAM SER FORJADAS. É simples chegar a essa conclusão quando se é petista.
 
O que VEJA traz, numa reportagem de sete páginas, de autoria de Gustavo Ribeiro e Rodrigo Rangel, revela uma operação típica do mais descarado gangsterismo político. Pior: há evidências de que a cúpula do partido não só sabia de tudo como estava no controle. Vamos ao caso.
 
Lembram-se da tal “Lista de Furnas”? Ela trazia nomes de líderes da oposição que teriam recebido dinheiro da estatal de maneira ilegal, não-declarada, quando eram governistas e compunham a base de FHC. Gravações feitas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, a que VEJA teve acesso, provam que era tudo uma tramóia operada por dois deputados do PT de Minas. Reproduzo um trecho da reportagem (em azul):
(…)
 
Os falsários apresentaram duas listas. A primeira, uma cópia xerox, e a segunda, que deveria ser a original, mas era uma fraude ainda mais grotesca. Uma perícia da polícia revelou depois que havia discrepâncias significativas entre os dois documentos, e um jamais poderia ter se originado do outro. O grupo de estelionatários, porém, precisava levar o plano a frente e, para tentar conferir alguma autenticidade à armação, decidiu também forjar recibos assinados pelos políticos beneficiados. É a partir desse momento da trama que as gravações feitas pela polícia são mais reveladoras da ousadia dos petistas em usar a máquina do estado para cometer crimes. Há conversas entre o estelionatário Nilton Monteiro, o fabricante das listas, e os deputados petistas Rogério Correia e Agostinho Valente (hoje no PDT). Os diálogos mostram que, em todas as etapas da fabricação da lista, Nilton age sob os auspícios dos dois parlamentares, que lhe prometem, além do apoio logístico, dinheiro e, principalmente, “negócios” em empresas estatais ligadas ao governo federal como compensação pelos serviços prestados.
(…)

Assessores parlamentares estavam em contato frequente com Nilton para discutir formas de obter a assinatura do ex-diretor de Engenharia de Furnas Dimas Fabiano Toledo, o suposto autor do documento. Eles encaminham o estelionatário ao Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro, entidade filiada à CUT, a central sindical dominada pelo PT. Lá, ele seria ciceroneado por dirigentes sindicais e teria acesso a documentos da estatal. (…) Em uma conversa com Nilton, Simeão de Oliveira, assessor mais próximo do
deputado Rogério Correia, explica como proceder: “Eles [Furnas] assinam coisas para eles [o Sindicato] direto, aí eles vão olhar e falar se tem o do Dimas (…) Explica pra ele pra que é, o que é, entendeu?”. Como a tentativa de obter a assinatura junto ao sindicato fracassa, Simeão elabora uma estratégia paralela, que prefere não revelar ao falsário. Limita-se a dizer que as assinaturas chegarão por Sedex. São particularmente reveladoras as conversas em que os envolvidos discutem a obtenção de assinaturas de políticos da base de FHC para fabricar recibos do suposto caixa 2. Nilton e o assessor de Rogério Correia conversam sobre os padrões das assinaturas dos deputados da oposição – e se questionam se conseguiram mesmo as assinaturas corretas.
(…)

Em um dos diálogos, Nilton Monteiro discute com Simeão de Oliveira os padrões gráficos das assinaturas do então líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia, do DEM , e do então líder do PSDB , Antônio Carlos Pannunzio. Em relação a Aleluia, Nilton não tem certeza quais os valores lhe serão atribuídos. “Não sei se é 75 000 reais ou 150 000 o recibo dele”, comenta o lobista. Eles também incluem na discussão os nomes de Gilberto Kassab, que assumiria a prefeitura de São Paulo no lugar do tucano José Serra, que renunciaria ao cargo para disputar a eleição para o governo paulista, e o então presidente do DEM , deputado Rodrigo Maia.
(…)

A recompensa pelos préstimos de Nilton incluía, segundo as gravações, a liberação de recursos em bancos públicos. Em uma discussão com Rogério Correia, Nilton se mostra confiante: “Vou acabar com eles tudinho”. Mas, antes, cobra o que foi prometido: “Eu quero aquele negócio que foi escrito no papel. São aqueles negócios que eu pedi da Caixa e do Banco do Brasil, pra liberar pra mim urgente no BNDES”, afirma.
(…)

Em alguns trechos, o lobista cita a necessidade de tratar do negócio com a então senadora Ideli Salvatti, atual ministra de Relações Institucionais, outra figura cativa nos episódios envolvendo dossiês suspeitos. “Tivemos contato em apenas dois episódios. Nem eu nem meus assessores participamos da obtenção da lista”, mentiu Correia quando ouvido por VEJA. A parceria entre o deputado Correia e o estelionatário inclui os serviços advocatícios do petista William dos Santos – que serve também como elo entre seu cliente e a figura de proa do petismo naquele era sombria, José Dirceu, principal réu do Mensalão.
(…)

Leiam a íntegra na versão impressa. A edição traz a transcrição de alguns diálogos. Reproduzo um:
O estelionatário Nilton Monteiro conversa com Simeão de Oliveira, assessor do deputado petista Rogério Correia. Eles combinam a fraude. Para dar autenticidade à chamada “lista de Furnas” era necessário a apresentação de recibos assinados pelos políticos acusados. Monteiro estava empenhado em arrumar as assinaturas para montar os documentos falsos.
 
Simeão: (…) Eu já estou aqui com José Carlos Aleluia.
(…)
Nilton: Vem cá, a assinatura dele é um JC. Parece um U.
S: Parece um M, isso.
N : Isso, então é isso mesmo. Então eu já recebi esse cara, viu?
S: É.
N: Não sei se é 75 000 reais ou 150 000 reais. Eu acho que é 75 000 o recibo dele.
S: O do Pannunzio.
N: Pannunzio é uma assinatura toda esquisita, né?
S: É um trem doido.
(…)
S: Quem mais? O Kassab.
N : O Kassab é um G Kassab.
(…)
S: Uai, então você tem esse trem tudo original, Nilton?
N: É lógico. Você fica na tua, sô. Por isso que eles estão tudo doido.
(…)
N: Rodrigo Maia é Rodrigo e o final Maia entre parênteses.
S: Ahn?N: Parece que é Rodrigo e depois um M.
S: Não, não é esse, não.
N: Então mudou a assinatura dele. Esse eu soube que ele tava mudando.
S: Não é, não.
N:
Então, mudou. É Rodrigo…
S: Não, tem não.
N: Ih, então mudou a assinatura. Bem que falaram comigo, viu? Filho da p…, viu?
 
QUADR ILHA Nilton Monteiro, quando foi preso em outubro passado, e os deputados petistas Rogério Correia (acima) e Agostinho Valente (hoje no PDT): os políticos mineiros prometeram ao estelionatário dinheiro e “negócios” em bancos do governo federal como pagamento pela falsificação da chamada “lista de Furnas”
QUADRILHA – Nilton Monteiro, quando foi preso em outubro passado, e os deputados petistas Rogério Correia e Agostinho Valente (hoje no PDT): os políticos mineiros prometeram ao estelionatário dinheiro e “negócios” em bancos do governo federal como pagamento pela falsificação da chamada “lista de Furnas”
 
Encerro

Collor e Tatto sabem de tudo isso? Melhor do que qualquer um de nós. Aliás, o presidente impichado poderia ser considerado um doutor nessa matéria. Segundo a Polícia Federal, com dados de investigações feitas pela Interpol e pelo FBI, ele e o irmão Leopoldo compraram dos estelionatários o dossiê Cayman para usar contra os tucanos. Custou US$ 2,2 milhões.
 
Viva o PT, este partido sempre de braços dados com o que há de melhor e mais refinado na política. Se bem que eles se merecem e, por isso, estão juntos. Agora espero um texto de Marilena Chaui provando que Collor sempre foi um progressista…
 
12 de dezembro de 2012
Por Reinaldo Azevedo

BIRD LIBEROU US$ 100 MILHÕES A EMPRESA LIGADA A GILBERTO MIRANDA


A presença do ex-senador Gilberto Miranda (PMDB-AM) em vários negócios no Porto de Santos veio à tona com a Operação Porto Seguro, deflagrada pela Polícia Federal há duas semanas. Desde então, diversas ligações com seus empreendimentos no ramo vêm sendo levantadas a partir do inquérito.

Ainda na zona portuária de Santos, o site de VEJA apurou que Miranda atua com desenvoltura na região do Lixão da Alemoa – local onde a empresa BTP, subsidiária da belga Europe, constrói um terminal de contêineres e granéis líquidos avaliado em mais de 1,5 bilhão de reais. Para esse projeto, a BTP conseguiu junto ao Banco Mundial, em 2011, a liberação de uma linha de crédito de cerca de 100 milhões de dólares, com possibilidade de ser estendida em 582 milhões de dólares junto a bancos comerciais. O veículo que monitora a liberação é o braço financeiro do Bird, o International Finance Corporation (IFC).
 
Proximidade com Miranda

A conexão com Miranda está no ex-diretor financeiro da BTP, o italiano Gianfranco Di Medio, que trabalha para o ex-senador há mais de 20 anos. Di Medio foi diretor da BTP entre 2006 e 2011. Ao mesmo tempo em que exercia a função, ele atuou em outros negócios de Miranda no Porto de Santos. Em 2009, associou-se à São Paulo Empreendimentos Portuários (SP Portos) – empresa citada no inquérito da Polícia Federal (PF) como pertencente a Miranda, onde Di Medio também atua como diretor financeiro.
No inquérito, o italiano é copiado em e-mails enviados pela SP Portos em novembro passado com comprovantes de depósitos anexados, e tendo como favorecida a Associação Educacional e Cultural Nossa Senhora de Aparecida (Educa).
A entidade é comandada por Andreia Vieira, mulher do ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e chefe da quadrilha de compra de pareceres, Paulo Vieira. Di Medio também foi diretor, ainda nos anos 1990, da Bougainville Participações e Representações, holding de Gilberto Miranda que também está sendo investigada pela PF.

 
Procurada pela reportagem, a BTP afirmou que Gilberto Miranda não tem nenhuma ligação com a empresa. Contudo, fontes ouvidas pelo site de VEJA afirmam que o ex-senador atua como uma espécie de “corretor” de grandes empreendimentos no Porto de Santos. “Ele monta as operações e as deixa funcionando para serem adquiridas por outras empresas”, afirma o advogado Gerson Bernardo, que move uma ação contra Miranda em outra disputa de terras em uma área em frente ao Lixão.
 
Operação Porto Seguro

O Lixão da Alemoa também é citado no inquérito da Operação Porto Seguro. Há uma troca de e-mails entre Paulo Vieira, que era conselheiro da Codesp, a Companhia Docas do Estado de São Paulo, e Rosemary Noronha, a ex-chefe do gabinete regional da Presidência da República em São Paulo e amiga íntima do ex-presidente Lula. Nas mensagens, fica claro que Vieira acompanhou de perto a descontaminação do Lixão. Este processo era tarefa da BTP após a empresa ter conseguido arrendar a área junto à Codesp para construir seu terminal.
 
Em e-mail datado de 25 de setembro de 2009, Vieira falou a Rose de seu currículo e experiência. Ele tentava convencê-la de sua competência para ocupar uma diretoria na ANA e lhe pedia ajuda. “Na Codesp, durante os quatro anos que estive no conselho fiscal, participei de diversas análises sobre questões ambientais, envolvendo a costa do estado de São Paulo, inclusive sobre a recuperação ambiental da chamada área do Lixão da Alemoa, um dos maiores passivos ambientais dos nossos portos”, relatou.
 
O que é o lixão

A obra de recuperação do Lixão da Alemoa é alvo de controvérsias ambientais, investigação do Ministério Público e até mesmo uma ação civil pública, encerrada em outubro. A BTP conseguiu arrendar a área do lixão junto à Codesp, empresa de economia mista ligada ao governo do estado de São Paulo e que administra os portos estaduais. Ao conseguir o arrendamento, a BTP comprometeu-se a recuperar o solo de toda a área do lixão (de 340 mil metros quadrados) antes de começar a levantar ali sua edificação.
 
Esse tipo de processo de remediação é caro e lento – a um custo de cerca de 300 milhões de reais. Com dificuldades em cumprir os termos do contrato, a BTP conseguiu chegar a um acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para diminuir as exigências ambientais.
O Termo de Compromisso Preliminar de Ajustamento de Conduta, assinado por ambos os órgãos, autorizou que a BTP substituísse o processo de tratamento do solo por outro mais rápido, barato e “menos eficaz”, segundo a ONG Instituto Educa Brasil, que moveu a ação contra a BTP e os órgãos públicos.
Com o termo, em vez de tratar o solo, a BTP passou a retirar os dejetos e enviá-los a um aterro em Caieiras, na Grande São Paulo. Em julho, a Cetesb emitiu um parecer técnico favorável ao trabalho de descontaminação da BTP – a partir de então, ela pode dar sequência às obras do terminal, que deveria ser entregue, inicialmente, na primeira metade deste ano. Com o novo processo, a descontaminação custou à empresa 257 milhões de reais.
 
A BTP afirmou ao site de VEJA que o início do processo de descontaminação do lixão contou, sim, com a recuperação do terreno. Mas, a partir de março de 2011, a ação foi complementada com a substituição do solo e envio dos resíduos contaminados para Caieiras. “Passados exatos doze meses desta última fase, as metas estabelecidas pela agência ambiental do estado de São Paulo foram cumpridas”, disse a empresa.
 
A ação civil pública movida pela ONG Instituto Educa Brasil pedindo a revisão do termo de compromisso e da utilização do processo de remediação do solo foi indeferida pelo desembargador Carlos Muta em outubro. Contudo, Paulo do Rego, presidente da ONG, afirmou que pedirá na Justiça o direito de uma nova avaliação do solo – feita por uma empresa imparcial. Segundo Rego, ao emitir um parecer favorável à BTP, a Cetesb utilizou relatórios da empresa prestadora de serviços de remediação do solo da BTP, a belga DEC.
 
12 de dezembro de 2012
Por Ana Clara Costa e Naiara Infante Bertão, na VEJA.com
Por Reinaldo Azevedo

HAMAS: 25 FATOS POR 25 ANOS


          Artigos - Terrorismo 
Grande parte dos meios de comunicação deu cobertura aos acontecimentos em Gaza, onde Khaled Meshal, líder do Hamas, comemorou os 25 anos de sua organização terrorista.

O que o Hamas está realmente celebrando? Seguem os 25 fatos para que você se lembre:

1. O Hamas tem o seu nome baseado em um acrônimo que significa “Movimento Islâmico de Resistência”, em árabe.

2. O Hamas se recusa a reconhecer o direito de existência do Estado de Israel como uma nação independente e soberana, e é totalmente oposto a qualquer acordo ou negociação que reconheça tal direito de existir. No início de seu estatuto, há uma citação atribuída a Hassan al-Bana, o fundador da Irmandade Muçulmana, que diz: “Israel surgirá e continuará a existir até que o islamismo o apague, assim como apagou o que veio antes


3. O Hamas está comprometido com a jihad (guerra santa). Seu estatuto expressa a importância da jihad como o principal meio para o Movimento Islâmico de Resistência (Hamas) atingir seus objetivos. Uma jihad intransigente deve ser travada contra Israel. A jihad é o dever pessoal de todos os muçulmanos.

4. O Hamas é uma organização anti-semita. De acordo com seu estatuto, o povo judeu tem apenas características negativas e planeja tomar posse do mundo. O estatuto usa mitos extraídos do anti-semitismo europeu clássico e do anti-semitismo de base islâmica.

5. O estatuto do Hamas inclui mitos anti-semitas extraídos dos Protocolos dos Sábios de Sião (mencionados no Artigo 32), com respeito ao controle judeu sobre a mídia, a indústria cinematográfica e a educação (Artigos 17 e 22). Os mitos são constantemente repetidos para apresentar os judeus como sendo responsáveis pela Revolução Francesa e pela Revolução Russa e por todas as guerras locais do mundo: “Nenhuma guerra acontece em nenhum lugar sem que os judeus estejam por detrás dela” (Artigo 22). O estatuto demoniza os judeus e os descreve como pessoas que se comportam brutalmente, da mesma forma como os nazistas tratavam as mulheres e as crianças (Artigo 29).

6. O Hamas é o ramo palestino local da Irmandade Muçulmana, que recentemente tomou o controle do governo do Egito.

7. O Hamas é designado como uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos, pelo Canadá, pela União Europeia e pelo Japão.

8. Embora membros da comunidade internacional tenham proposto tratar as alas política e militar do Hamas como entidades separadas, a infraestrutura do Hamas coloca a ala política no comando da ala militar. Como declarou o fundador do Hamas, sheikh Ahmad Yassin, em 1988: “Não podemos separar a asa (ala) do corpo. Se o fizermos, o corpo não conseguirá voar. O Hamas é um corpo”.

9. O primeiro ataque suicida do Hamas aconteceu em 16 de abril de 1993, quando um homem-bomba suicida detonou o carro que estava dirigindo no entroncamento de Mehola, perto de Beit El.

10. No dia 27 de janeiro de 2002, a primeira mulher-bomba suicida palestina, Wafa Idris, explodiu-se na rua Jaffa, no centro de Jerusalém, matando uma pessoa e ferindo cerca de outras 100. O Hamas reivindicou a responsabilidade pelo ataque.

11. O Hamas tem sido responsável por muitos atos terroristas apavorantes, inclusive pelo bombardeio suicida no Park Hotel na cidade costeira de Netanya, em meio ao sêder da Páscoa, com 250 convidados. O Hamas reivindicou a autoria do ataque no qual 30 pessoas foram mortas e 140 ficaram feridas, 20 das quais seriamente.

12. Em dezembro de 2011, o Hamas “celebrou” seu 24º aniversário, ostentando o fato de ter matado 1.365 “soldados sionistas” desde 1987. O Hamas não faz diferenciação entre soldados israelenses e civis israelenses.

13. O Hamas obteve um mandato de quatro anos na presidência do Conselho Legislativo Palestino em 2006, mas permanece no cargo indefinidamente.

14. Em junho de 2007, o Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza através de um golpe violento, matando inúmeros palestinos, alguns dos quais sendo empurrados abaixo de altos prédios em Gaza. A Cruz Vermelha estimou que, pelo menos, 118 pessoas foram mortas e mais de 550 foram feridas durante a luta na semana de 15 de junho.

15. Os membros do Hamas usam crianças palestinas como escudos humanos quando realizam ataques contra soldados israelenses.


16. No dia 16 de abril de 2001, o Hamas lançou seu primeiro foguete contra Israel a partir de Gaza.

17. Desde o início de 2012, mais de 1.800 lançamentos de foguetes foram identificados contra o território israelense.

18. O Hamas deliberadamente alveja civis israelenses, atirando foguetes indiscriminadamente, enquanto se esconde em meio à sua própria população civil, o que é um “duplo crime de guerra”.

19. O Hamas é um grupo sunita, embora seu patrocinador principal ao longo dos anos tem sido o Irã xiita.

20. O Irã ajuda e suporta financeiramente o Hamas das seguintes maneiras: transferindo enormes somas de dinheiro ao governo do Hamas na Faixa de Gaza e ao movimento do Hamas; treinando ativistas do Hamas em habilidades militares; contrabandeando armamento para a Faixa de Gaza, inclusive foguetes de longo alcance recentemente usados para atacar cidades de Israel; transmitindo conhecimento técnico-operacional usado para fabricar e melhorar as armas em posse do Hamas, inclusive aumentando o poder de destruição dos Dispositivos Explosivos Aperfeiçoados e de foguetes construídos localmente e usados para atacar Israel.

21. O orçamento anual do Hamas foi estimado em torno de US$ 70 milhões, de acordo com o Conselho de Relações Exteriores.

22. De modo rotineiro, o Hamas informa erroneamente seus seguidores. Recentemente, Khaled Meshal alegou falsamente ao público palestino que o Hamas havia destruído a casa de Ehud Barak em Tel Aviv. Na verdade, Israel destruiu a casa do primeiro-ministro do Hamas, Ismail Haniyeh.

23. Embora o Hamas tenha reclamado de falta de produtos na Faixa de Gaza, ele tem se concentrado no contrabando de milhares de foguetes para aquela área.

24. O Hamas e o Fatah têm realizado conversações de reconciliação intermitentemente desde 2008, mas ainda não chegaram a um acordo sustentável.

25. “A Palestina, do rio ao mar, do norte ao sul, é nossa terra. Nem uma polegada pode ser concedida. A libertação da Palestina, de toda a Palestina, é um dever, um direito e um objetivo. A guerra santa e a resistência armada são o caminho real e correto para a libertação e a recuperação dos direitos” – Khaled Meshal, falando nas “celebrações” do 25º aniversário do Hamas.

O Hamas não está interessado na paz nem em fazer concessões a Israel – os fatos falam por si mesmos.

12 de dezembro de 2012
SIMON PLOSKER

MARX E O JUDAÍSMO

 
          Artigos - Cultura 
O judaísmo mostrará o triunfo do indivíduo diferenciado e no Antigo Testamento não há lugar para se imaginar qualquer ideia de economia política coletivista.
A cegueira de Marx o levou a ajudar os algozes espirituais do judaísmo. O esteticismo não podia tolerar a religião de Davi simplesmente porque ela o nega integralmente.

Não deixa de ser paradoxal que Karl Marx tenha sido o grande criador da economia política fundada no esteticismo alemão. Este, o esteticismo alemão, é muito citado e pouco compreendido. Quase tudo que se escreve sobre ele é elegia em torno da figura carismática e gigantesca de Goethe. Marx é tributário direto do poeta alemão, bastando ver, para isso, os chamados Manuscritos Econômico-filosóficos, onde faz citações longas do poeta e a sua teoria do dinheiro em O Capital, basicamente extraída do Fausto.

Marx vinha de família judaica de ambos os lados, da mãe e do pai. Ao escrever o opúsculo “Sobre a Questão Judaica” vemos que ele tinha a tinha exata noção dessa filiação ao esteticismo, pois no mundo moldado por essa nefasta ideologia não haveria lugar para o judeu confessional (e nem para o cristão, sobretudo o católico). No opúsculo, Marx tentou circunscrever a questão judaica à da emancipação e da maioridade política, quando na verdade a questão era bem outra. No esteticismo alemão residia a lava peçonhenta do racismo, que afinal se revelou o verdadeiro fundamento de sua ideologia, mais além do protestantismo e do materialismo de que estava impregnado.

O comunismo de Marx é a versão da economia política que nega o judaísmo como tal. Miguel de Unamuno também se enganou ao escrever, no belíssimo “La Agonia del Cristianismo”, que Marx era um judeu saduceu renascido, que tinha o propósito de salvar o povo pelo coletivo. Nada mais longe de Marx essa visão teológica. O erro de Unamuno equivale ao de Max Weber, ao tentar reduzir a dinâmica histórica da modernidade à questão teológica da ética protestante.

Como tudo em Marx, sua compreensão do judaísmo é torta e preconceituosa, sempre o opondo ao ‘Estado cristão’, quando na verdade o Estado, especialmente o alemão, já era laico e francamente ateu. Por isso escreveu as maiores tolices em torno do assunto.

Quando lemos o Fausto, de Goethe, a coisa fica clara como a água. Se o lemos tendo ao lado o Wilhelm Meister e o Afinidades Eletivas, mais claro ainda fica. O ponto essencial de Goethe, que era o de Hegel, é que o Mal era o elemento dinâmico da histórica, tendo no mínimo importância equivalente ao Bem. O próprio Mal era governado por Deus ele mesmo. A ideia da predestinação calvinista preside o poema inteiro, desde o Prólogo no Céu. Fizesse o que fizesse, cometesse o crime que desejasse, o destino de Fausto estava traçado e seria salvo da mesma forma. A coisa é tão satânica que a vítima sacrificial inocente, Margarida, aparece ela mesma no final para tirar Fausto das garras de Mefistófeles.

O racismo de Goethe, traduzido no germanismo radical, não deixa margem a dúvida. Quando ele escreveu a Noite de Valpurgis Clássica ficou claro: Fausto desposa Helena, a união do nobre germânico medieval com a nobilíssima troiana. Goethe foi direto ao dizer que não havia lugar na história europeia nem para o judaísmo e nem para o cristianismo e que Roma nunca foi relevante.

Claro que o filho desse intercurso absurdo equivalia ao homúnculo, a criatura nascida da retorta alquímica do humanista rebelado contra Deus: um ser inflado destinado ao despedaçamento, um aborto da natureza. E Mefistófeles, nesse momento, assume a feição horripilante das Fórquias, a união regressiva do masculino e do feminino, ou a fêmea portadora de falo, que parece ser quem insemina Fausto em sua ilusória aparência de Helena, em intercurso veladamente homossexual. Os maiores crimes acontecidos na peça sob a contemplação da feiura mais fantasmagórica.

Essa imagem do germanismo dominador contra Roma e os judeus terá seu apogeu em Hitler. Mas mesmo um gigante como Thomas Mann deixou um testemunho apaixonado sobre como as classes pensantes alemãs pré II Guerra viam essa questão: a sua obra curiosíssima e bem pouco lida Considerações de um Apolítico é esse documento chave para a compreensão da tragédia da modernidade europeia e sua raiz racista. Thomas Mann ali colocou claramente que Berlim se opunha a Paris e a Roma. Que o germanismo era diferente e superior à herança judaico-cristã.

(Claro que a grandeza de Thomas Mann consiste em que ele superará esse infantilismo ideológico e suas grandes obras – especialmente o Doutor Fausto e o A Montanha Mágica, posteriores ao Considerações de um Apolítico – mostraram que ele percebeu com aterradora clareza onde ia dar o esteticismo, do qual veio a ser o maior porta-voz no século XX. Ironia das ironias. Thomas Mann insurgiu-se contra essa loucura coletiva de forma sensacional, ao discursar contra o nazismo em 1929. Naquela ocasião toda a elite pensante alemã – intelectual, empresarial e militar – estava pronta para aderir ao nazismo.)

Sem esquecer que foi Nietzsche quem escreveu as mais furibundas diatribes contra judeus e cristãos, tendo ele decretado a morte de Deus. Nos tempos de Nietzsche parecia que o Mal tinha suplantado o Bem e que este não mais fazia parte da história. A dialética falsa de Goethe e Hegel assumiu em Nietzsche uma face unilateral.

Os teóricos do esteticismo se esqueceram de investigar a origem do judaísmo, como bem vai fazer Voegelin no século XX. Jeová aparece para negar Baal, Belzebu e outras entidades estatais contemporâneas à Revelação. Esta dirá aos homens que o Amor supera o ódio. Que o amor a Deus tem como contrapartida o amor pelo próximo. E que Deus é provedor da salvação de cada um. O judaísmo mostrará o triunfo do indivíduo diferenciado e no Antigo Testamento não há lugar para se imaginar qualquer ideia de economia política coletivista.

A cegueira de Marx o levou a ajudar os algozes espirituais do judaísmo. O esteticismo não podia tolerar a religião de Davi simplesmente porque ela o nega integralmente. A relação do esteticismo com o judaísmo é a mesma estabelecida entre a verdade e a mentira. Da mesma forma o cristianismo, que levará a ideia do Deus do Amor às últimas consequências. É claro que estamos aqui diante da mesma velha luta ancestral entre a verdade e a mentira, Deus e o diabo.

Recordar tudo isso é importante porque no momento estão querendo de novo acabar com os judeus da face da terra, ao menos aqueles estabelecidos no Estado de Israel, e as ideias coletivistas estatais estão legitimadas por toda parte, sufocando os indivíduos, a ponto destes não terem mais alternativas que não viver à sombra do Estado todo poderoso, o Baal renascido e fortalecido. As insensatas gerações atuais são todas adoradoras desse antiquíssimo deus estatal, cujo nome é uma variação para o conhecidíssimo Satã. Ou Mefistófeles, o demônio do Norte. Ou como queiram chamar. Afinal, seu nome é Legiões.

Marx, o tolo, declarou: “A cada um de acordo com a sua necessidade”. Só não disse que o provedor de tudo era Baal renascido sob as vestes do Estado moderno. Essa afirmação é uma apologia ao vício da preguiça, ao ócio, ao parasitismo, a marca registrada do nosso tempo.

12 de dezembro de 2012
Nivaldo Cordeiro

NATAL AZUL, ROSTOS AZUIS

    
          Artigos - Cultura 
Em uma época em que tudo vai sendo pintado de vermelho: os livros e uniformes escolares, as ruas, as paradas de ônibus, e até o logotipo da copa, justamente o que era inocentemente vermelho passa a ser azul. Só eu que notei?

Nesta época natalina de 2012, tenho percebido um movimento estético inovador no tocante às decorações natalinas: a substituição do tradicionalíssimo vermelho e verde pelo branco e azul.


Verdade seja dita, desde o ano passado esta moda vem sendo implementada, sendo que aqui em Belém foi inaugurada com a introdução das lâmpadas de LED azuis na decoração das ruas e praças.

Curioso este fenômeno: em uma época em que tudo vai sendo pintado de vermelho: os livros e uniformes escolares, as ruas, as paradas de ônibus, e até o logotipo da copa, justamente o que era inocentemente vermelho passa a ser azul. Só eu que notei?

Coisa de reacionário empedernido? Petrificado, mesmo, fiquei na noite anterior, ao ter comparecido a um famoso restaurante desta cidade, onde haveria de assistir a um "show de Natal", mas que no entanto, testemunhei alguma coisa como os "Filhos de Gandhi", vestidos em turbantes e cantando em uma língua desconhecida (teria sido aramaico, a língua natal de Jesus Cristo? hummm...) o que à primeira vista seria uma versão do Pai Nosso Cristão (segundo a tradução, apresentada em um telão), mas que também daria ensejo a entender que se tratava de uma adaptação New Age, com aquela atmosfera plúmbea cheirando um misto de ONU, Rede Globo, Instituto Cultural Steve Biko, Lula-Dilma, Secretaria Especial da Igualdade Racial, Betinho, Kwanzaa, MST, Santo Daime, Forum Social Mundial, Greenpeace, Mensalão e tudo o mais do gênero.

No meio dos dançarinos, destacava-se um sujeito barbudo, também de turbante, trajado numa indumentária que faria lembrar um aiatolá, e portando nas mãos uma caixinha luminosa que sob o meu entender deveria simbolizar....o quê mesmo? Sei lá...

Ah, e a decoração natalina do estabelecimento? Azul, claro, assim como numa roupa impecavelmente branca com detalhes também azuis apareceu o Papai Noel, que se punha imediatamente a beber uma Coca-Cola sempre quando ao posar com os presentes para as fotos; eu já ia me pondo a perguntar se ele era mesmo o bom velhinho vindo da Finlândia no seu trenó ou um notável pai de santo, mas fui contido ao imaginar a reação dos presentes, afinal, a confraternização não era propriamente para mim.

Azul, ou melhor, "blue", em inglês, designa não somente a cor em si, mas também o estado de desânimo, tristeza ou depressão numa pessoa - claramente uma referência ao frio e aridez da alma. Pois deu pra perceber inequivocamente a estranheza dos espíritos mais puros do lugar - as crianças, cujos semblantes denunciavam-nas como completamente sem lugar em meio àquelas inovações que sugeriam absolutamente nada que fosse com a ternura das brincadeiras de natal, com o aconchego das cores tradicionais e com o júbilo pelo nascimento do Nosso Senhor.

Há quem reclame das festas e costumes que se produzem anualmente, pois, dizem, tornam-se enfadonhamente lugares-comuns. Pois vejo o contrário: parece-me, dia após dia, que as tradições andam se revestindo de caráter mais novidadeiro do que a roda vida das descaracterizações de tudo o que nos tem sido de valioso significado.

12 de dezembro de 2012
Klauber Cristofen Pires

A PRESIDÊNCIA DA AVENIDA PAULISTA

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Meu propósito era escrever sobre problemas internos e externos que ensombram os horizontes próximos do governo da senhora presidente, mas outro tema, também a ela pertinente, me parece de maior atualidade.

Os fatos são de ontem e estão vivos na lembrança de todos. O mensalão aproximava-se de seu termo; seus efeitos eram devastadores, quando outro caso, temperado com nitroglicerina, entrou em ebulição, tendo como sede nada mais, nada menos que o escritório paulista da chefe do governo, e desde a administração anterior gerenciado pela mesma pessoa.

A excepcional gravidade dos fatos apurados pela Polícia Federal e as pessoas envolvidas causaram imensa repercussão. Basta dizer que a senhora presidente não hesitou em demitir, afastar, investigar a partir da chefe do gabinete instalado na Avenida Paulista, sem falar na prisão de 18 pessoas, salvo engano.

Esses fatos, era inevitável, ganharam as ruas e as manchetes nos meios de comunicação. O choque foi de tal monta que todo o mundo passou a reclamar explicações oficiais, e o governo não tardou em escolher o ilustre ministro da Justiça para, em Comissão da Câmara dos Deputados, dar a versão oficial dos acontecimentos. E aqui chegamos ao ponto nodal do caso.

Os jornais informaram que a exposição foi extensa, de muitas horas, mas houve quem atalhasse dizendo que o ministro pecou pela prolixidade. Não tenho como opinar a respeito.

Enfim, o ilustre ministro da Justiça compareceu a uma comissão da Câmara dos Deputados e durante horas falou sobre o escândalo que levara a senhora presidente a afastar ou demitir a então chefe do Gabinete da Presidência em São Paulo e outros, inclusive escolhidos e patrocinados por essa última.

E, embora o porta-voz do governo afirme que “a quadrilha não se instalou na Presidência”, não esclarece onde ela teria se instalado. A certa altura, surpreende dizendo “não é o resultado da investigação. O que tenho são servidores de um patamar secundário, enquadrados em conduta criminosa”. O que era assunto de alta relevância passa a incógnitos “servidores de um patamar secundário”. Uma explicação destas não fica bem seja ao governo, seja a seu ministro, notadamente quando prestada à Nação.

Não se sabe por que, emerge esta confidência: ‘Lula é íntimo de Rosemary’
Mais estranho ainda é o tecido em relação à ex-chefe de gabinete Rosemary Noronha, ou Rose. Dela se diz é que o que se sabe, segundo Cardozo, é que Rose “tinha contatos ilegais, relações indevidas… mas não participava do núcleo central da quadrilha…

O que ela fazia era, usando sua condição de chefe do escritório, facilitar contatos de membros da quadrilha em troca de favores”. Céus! Aqui Del Rey! Por isto, fica-se a saber, ela foi indiciada por corrupção, falsidade ideológica e tráfico de influência! Mas não havia por que quebrar seu sigilo… porque, disse o ministro, “a Polícia Federal evita grampear pessoas não diretamente relacionadas ao fato investigado”!!!

Por fim, não se sabe por que, emerge esta confidência: “Lula é íntimo de Rosemary”. Mas em que vem ao caso essa suposta intimidade? O ministro não disse.

Muita coisa teria a aditar à exposição ministerial, mas, o leitor há de convir, não disponho como ele de longas horas para expor, nem de páginas de jornal para resumi-las.

12 de dezembro de 2012
Paulo Brossard
Fonte: Zero Hora, 10/12/2012

DILMA NA ZOROPA E O COMPLEXO DE VIRALATAS


 
´Para quem ouve os discursos que tem feito lá Nazoropa a PresidANTA Dilmarionett Ducheff, tem a impressão que o Brasil é o paraíso na terra. Puro complexo de vira latas.

Ela, como a maioria do povo Brasuca, é prepotente e arrogante.
Ir a Zoropa e falar baboseiras, chutar cachorro morto, e tentar ensinar aos Zoropeus como devem sair da crise, é de uma prepotência impar.

A pretensão de uma governANTA que tem nas mãos um país em crise institucional séria, onde a inflação está batendo na casa dos 6%, "oficial", mas quem vai ao supermercado sabe que não é bem assim.
Um país que não investe em infra estrutura, onde os impostos são os mais altos do planeta, o investimento do estado em retorno para a população é ridículo.

A saúde está em estado grave, a educação bate números de países africanos e o crescimento está sempre em último entre os BRICs, e é péssimamente colocado na própria pocilga Latrino Amerdicana.
Ir para a Zoropa e dar fórmulas mágicas para resolver problemas relativos à cada país é tão prepotente e arrogante quanto o THE ECONOMIST aconselhar a PresidANTA a demitir o Sinistro Margarina.

Quando a publicação Dazinglaterra, em uma matéria publicou que para melhorar a economia Brasileira a presidANTA deveria demitir o Sinistro, a casa caiu aqui na Taba. A PresidANTA vomitou sua verborragia desconexa em defesa do amigo trapalhão. Falou, bufou, sentiu-se indignada com a pretensão da revista. E na semana seguinte vai para a Zoropa e faz a mesma coisa à qual condenou, vai e fica dando conselhos como se ela fosse a PresiANTA da maior nação do planeta.

Olhando deste lado, isto aqui é a maior DAnação do planeta.
Mas para os emergentes vale o velho deitado: "Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza"

Os caras estão ainda surfando na herança bendita do FHC, tem a sorte de viver em um país agrícola e rico em reservas de água potável, dono da tecnologia dos combustíveis alternativos e não poluentes, Tem o Pré Sal, e ainda acham que foram eles que criaram tudo isso.

Não é por conta do Sebento ou da Dentuça que o Brasil é comemorado lá fora, somos o alvo do mundo, todos estão de olho em nossas riquezas, só a cangalha esquerdofrênica acredita que o Brasil está sendo tão visto no mundo por conta das falsidades e das mentiras contadas por governantes irresponsáveis e palanqueiros, que as únicas coisas que sabem fazer, é dar benesses para um povo tolo mantendo seus currais eleitorais. E mentir sem parar.

Falta muito para que o mundo nos respeite como uma nação de verdade. Por enquanto ainda somos vistos como os novos ricos que gastam fortunas por ano comprando bugigangas mundo à fora gastando até o que não temos.
Mas..

Assim o PT chegou ao poder, vendendo uma imagem que não é bem a realidade, e lá fora ainda tentam vender a fantasia de que somos os tais, só que os que aqui vivem sabem que a realidade é muito diferente da propaganda.
 
12 de dezembro de 2012
omascate

UNS MAIS IGUAIS...


É perigosa para a democracia essa tese de que não se pode falar de Lula. Qualquer coisa que se diga dele vira uma tentativa golpista de desmoralizar o metalúrgico que chegou ao poder e ajudou seu povo. As acusações do publicitário Marcos Valério ao Ministério Público, incriminando o então presidente nas negociatas do mensalão, são gravíssimas e podem gerar uma investigação, desde que o denunciante tenha dado um mínimo de substância às suas declarações. Os Procuradores são pessoas experientes que sabem lidar com esse tipo de caso e têm condições de avaliar a consistência das acusações.

O que não é possível é partir-se do pressuposto de que Lula é inatingível e está blindado para sempre por que, segundo o presidente do Senado José Sarney “é um patrimônio do País, da história do País, por sua vida e tudo que ele tem feito".
Aliás, o comentário é quase idêntico ao que o então presidente Lula fez para defender Sarney de críticas e acusações: “Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum."

Por esse raciocínio de índole corporativista, temos no país uma casta de “intocáveis” que, ao contrário da Índia, são seres puros acima de qualquer suspeita. A presidente Dilma é uma dessas que consideram “lamentável" o que seria uma tentativa de "destitui-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem".
O presidente francês François Hollande, apanhado no meio da tempestade enquanto recepcionava Lula e Dilma, disse que Lula "é uma referência" pelo que fez no governo pela redução da desigualdade no Brasil.

Nada disso está em discussão no momento, nem a popularidade de Lula nem o que tenha feito de bom para os desassistidos brasileiros. O que se precisa saber é o que Lula tem a dizer sobre as acusações, e seus apoiadores deveriam ser os primeiros a quererem que suas explicações sejam claras o suficiente para desmentir o acusador que, evidentemente, tem todas as razões do mundo para querer tumultuar o processo do julgamento do mensalão que já o condenou a mais de 40 anos.

O fato de Valério ter levado sete anos para acusar Lula, após desmentir seu envolvimento, conta contra ele. Há, no entanto, detalhes no seu depoimento que lhe dão credibilidade, como o valor do depósito da empresa SMP&B na conta do assessor do Palácio do Planalto Freud Godoi, que já havia sido detectado na CPI dos Correios.

Valério diz que esse dinheiro foi depositado para “gastos pessoais” de Lula, e não se sabe se pode provar tal afirmação. Mas Freud, que foi um dos aloprados que compraram um dossiê na eleição de 2006 para tentar inculpar os candidatos tucanos à presidência Geraldo Alckmin e ao governo de São Paulo José Serra, tem que explicar por que esse dinheiro foi depositado por Valério em sua conta.

O envolvimento do banco BMG com os empréstimos do mensalão, e também seu suposto favorecimento nos empréstimos consignados, estão sendo investigados em outro processo, do qual Lula já se livrou por questões de má técnica utilizada na denúncia. Só uma investigação do Ministério Público poderá esclarecer toda a trama, e Lula deveria ser o primeiro a querer ver tudo em pratos limpos.


 Ele saiu de sua mudez ontem para dizer que as declarações de Marcos Valério são mentirosas, o que já é um primeiro passo. Mas como Lula já disse, no início do escândalo do mensalão, que fora “traído” por pessoas que tiveram práticas “inaceitáveis” e depois mudou o discurso, afirmando que tudo não passou de “farsa”, uma tentativa de golpe para derrubá-lo do governo, é preciso mais para que não pairem dúvidas.

O que de pior pode acontecer no Brasil é se criar um ambiente em que um líder político seja inimputável simplesmente por que, para alguns – mesmo que formem a maioria momentânea – ele seja “um deus”, como já foi definido por um de seus áulicos.
Não é aceitável que Napoleão, o líder dos porcos revolucionários na obra de George Orwell “A Revolução dos bichos”, que sempre tinha razão, se transforme em um personagem da política brasileira.
O Supremo Tribunal Federal já deixou claro que todos são iguais perante a lei, e não queremos que o país tenha um retrocesso se tornando uma versão pós-moderna da fábula Orwell, onde uns são mais iguais que outros.

12 de dezembro de 2012
Merval Pereira

OUVIR VALÉRIO?! NÃO! APROVADO CONVITE PARA OUVIR FHC E GURGEL

Comissão mista barrou convocação de Adams, Gleisi e Rosemary


Em ação articulada, a base aliada conseguiu adiar nesta quarta-feira a votação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, para convocar o publicitário Marcos Valério para prestar esclarecimentos sobre as acusações feitas, em depoimento à PGR, de que o ex-presidente Lula deu aval para o esquema de desvio de recursos públicos para financiar o PT e comprar apoio no Congresso.

Mais tarde, na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, parlamentares da base também evitaram a convocação dos ministros da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, além do convite à ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, derrotando requerimentos apresentados pela oposição.

Ao mesmo tempo, conseguiram aprovar convite para ouvir o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o atual procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

- Se eles querem guerra, vão ter! É a primeira vez que participo desta comissão e gostei - afirmou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), autor do requerimento de convite relativo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em seu requerimento, Tatto usou como argumento para chamar o ex-presidente tucano para esclarecer dúvidas em relação à chamada Lista de Furnas. Segundo o líder petista, a lista traz nomes de pessoas ligadas ao governo tucano que teriam recebido recursos ilegais.

- É o esquema de financiamento de campanha do PSDB. Recursos para a campanha presidencial do Fernando Henrique em 1998. Sempre dizem que a lista é falsa, mas um perito analisou recentemente e disse que é verdadeira. Essa comissão serve para pensar para o futuro. Nada melhor do que convidar o presidente para explicar os fatos, a influência do ex-presidente sobre Furnas e Eletrobrás, como se deu essa relação e evitar que isso volte a acontecer no Brasil - justificou Tatto.

Como são convites e não convocações, nem Fernando Henrique, nem Gurgel precisam comparecer.
No caso de Gurgel, o autor foi o presidente da Comissão de Mista de Inteligência, Fernando Collor (PTB-AL), que tentou a convocação na CPI do Cachoeira e não conseguiu. Collor defendeu o convite argumentando que Gurgel poderá explicar melhor à comissão como é a interação entre o Ministério Público e a Policia Federal e citou operações recentes como a Vegas e Monte Carlo.

12 de dezembro de 2012
Fernanda Krakovics e Isabel Braga, O Globo

DE OBAMA@ORG PARA DILMA@GOV

Companheira Dilma.

Permita-me esse tratamento, apesar de estar atravessado na minha memória aquele dia de caça aos ovos de Páscoa nos jardins da Casa Branca em que a senhora veio aqui me dar aula de economia.
Resta-lhe o crédito das minhas filhas terem adorado seu palácio, que o Ronald Reagan achou parecido com sede de empresa de seguros do Texas.
 
Decidí escrever-lhe porque há tempo suspeito que a senhora cometeu o mesmo erro que eu. Dispondo de três nomes para o Ministério da Fazenda, nomeei os três. Pus o Timothy Geithner no Tesouro, o Paul Volcker num conselho e o Larry Summers numa assessoria. (Imagine o que esse gênio de Harvard mandou pedir: um carro, presença em eventos e convites para jogar golfe comigo.)
Deu tudo errado. Summers e Volcker foram-se embora e, se Deus me ajudar, troco o Geithner no ano que vem.
 
Esses jornalistas que sabem tudo dizem que eu quase capotei na curva por causa desse erro. Não foi assim.
 
O Geithner garantiu-me um norte: a busca obsessiva pela confiança do empresariado. Sem isso, o país teria ido à breca. Sinceramente, sua turma está espancando essa gente. Aí, como cá, o sujeito tem uma sala no palácio e pensa que manda.
 
Eu não sei o que a senhora quer fazer com as concessionárias de energia e de portos, mas sei que conseguiram produzir uma enorme confusão.
 
Lá pelo final de 2009, durante a discussão da política nacional de saúde, caiu-me a ficha. Meu problema não estava na economia, mas naquilo que vocês chamam de Casa Civil. A máquina da presidência simplesmente não funcionava. Livrei-me de dois.
 
Sei que a senhora não tem sorte nesse tipo de escolha. Agora sua chefe da Casa Civil é candidata ao governo de um Estado. Essa é a receita da encrenca.
 
Os êxitos caem por gravidade no colo do presidente, mas os fracassos dão-lhe a impressão que vão para a conta dos outros. É engano, companheira. Os fracassos grudam na gente com mais força que os sucessos. Enquanto estamos no palácio, todos nos dizem que isso não acontece. Quando vamos para rua pedir votos, vemos o tamanho do erro.
 
Redesenhe seu palácio, fuja dessas salas de eventos, vá para a rua, siga seus instintos, enquadre os ministros candidatos a governos.
 
Sua tarefa é muito mais fácil que a minha. Se aqui houvesse uma oposição como a que há aí, eu passaria metade do meu tempo jogando basquete ou paparicando a Michelle.
 
Antes que eu me esqueça, não perca tempo com o “The Economist”. Desde 1848, quando foi fundado, ele ensina ao mundo que não há salvação fora da ortodoxia liberal. Que ninguém me ouça: a Inglaterra provou esse remédio e cada dia se parece mais com a Holanda.
 
Finalmente, um palpite, sem qualquer vestígio de torcida: admita que seu rival em 2014 será o juiz Barbosa.
 
Quando eu lancei minha candidatura o Vernon Jordan, respeitado líder negro, apoiava minha rival. A certa altura trocou de posição e explicou-se: “É duro disputar contra um movimento”.
Lula, “o cara”, representou um movimento.
 
Michelle, Malya e Sasha mandam-lhe um abraço. Marian, minha sogra, de quem talvez a senhora se lembre, acompanha-as, mas fala todo dia nesse juiz Barbosa.
Do companheiro Barack.

12 de dezembro de 2012
Elio Gaspari, O Globo

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




12 de dezembro de 2012

TRANSIÇÕES

 

O acontecimento da semana foi o trânsito para a eternidade de dois grandes artistas: Oscar Niemeyer, um raríssimo arquiteto; e David "Dave" Brubeck, um extraordinário músico.

Convivi com ambos espiritualmente na minha primeira e mais sonhadora juventude, na lírica fosforescência dos meus 14 aos 18 anos, quando pensei em ser desenhista e arquiteto, tocado por uma imensa admiração por Oscar Niemeyer, cuja obra eu acompanhava, tendo visitado - quando ginasiano do Colégio São José em Juiz de Fora - o famoso, mas ainda desconhecido Colégio de Cataguases, em Minas Gerais.
Lá eu vi o mural Tiradentes, de Portinari, fui envolvido pelos jardins de Burle Marx, fiquei impressionado com as rampas do edifício encomendado, já na década de 40, pela família Peixoto a Niemeyer; e tive um alumbramento, no melhor estilo de Manuel Bandeira, ao ouvir Frank Sinatra cantando Stormy Weather num enorme e pesado disco de 78 rpm.

Meu laço com a música é igualmente profundo. Nasci ouvindo o piano de minha mãe a tocar todo tipo de composição, sem erro ou embaraço - essa marca dos grandes artistas. Mas conheci o jazz, indo além de Louis Armstrong, por meio da liderança dos Silvios Lago - o pai - e, sobretudo, o filho, que me fez ouvir o Dave Brubeck Quartet e outros monstros do jazz (Oscar Peterson, Bill Evans e o meu favorito, o virtualmente cego, Art Tatum), que comparávamos em discussões tão veementes quanto despropositadas com os grandes clássicos da música europeia - esses, sim, músicos de verdade! Graças ao Silvinho, ao Moliterno, ao Paulo, ao Geraldo, entre tantos outros, fui instantânea e permanentemente - esse milagre da música - usurpado pelo Blue Rondo à la Turk e pelo Take Five.

Vale notar que minha introdução ao jazz, à arquitetura e ao "modernismo" em geral, foi paralela a minha descoberta e imediata conversão ao comunismo na sua versão nacional: vitoriana, positivista e milenarista, fundada num esquemático evolucionismo linear que critiquei num dos meus livros mais lidos: Relativizando: Uma Introdução à Antropologia Social, muitos anos depois. Mas isso é uma outra história.

Naquele momento, no final da adolescência e tendo as primeiras experiências de homem, eu me deliciava ouvindo música e descobrindo a política da história e, muito mais importante, a história como política. Mas onde eu me concentrava mesmo era na prancheta de desenho, situada debaixo da janela do quarto que servia a mim e aos meus quatro irmãos. Um quarto com camas-beliche que mais parecia um alojamento de submarino dos filmes da 2.ª Guerra Mundial do que um lugar para dormir.

Ali, eu estudava e vivia o gênio do Oscar Niemeyer desenhando tudo: casas, cidades, discos voadores, foguetes interplanetários, paisagens do planeta Mongo governado pelo despótico Imperador Ming, que, se a memória não me falha, era tão apaixonado quanto eu pela lindíssima Dale Arden, cujo amor por Flash era, contudo, indiscutível.

A triste passagem de um arquiteto e de um músico mexeram com esse passado de afinidades apenas desenhadas. E dão muito que pensar. Pois o arquiteto transforma a casa, a repartição pública ou o palácio dos poderosos, essas coisas edificadas com base instrumental e dentro da irredutível lei da gravidade que prende, em desvios que libertam.
Tal como no caso de Frank Lloyd Wright, outro gênio da arquitetura que eu também admirava, pois também desenhei o meu prédio de uma milha de altura sem saber que, como ensina Schopenhauer, o centro da experiência estética na arquitetura é a luta permanente entre o curvo e o reto, entre o que puxa para baixo e a imaginação do artista que leva propositadamente para o alto em retas ou curvas.

Justamente o que Oscar Niemeyer demarcou pela oposição entre o encurvado e o espiralado, típicos de sua obra, e o retilíneo - o reto humano -, esse reto inexistente e talvez contrário à natureza, mas fundamental na cultura. Já na música, trabalha-se com gradações e os sons, como ensina novamente Schopenhauer, o filósofo das artes, essas continuidades rompidas ou reforçadas pelo ritmo, nos penetram de modo profundo e enigmático, mesmo quando não queremos, pois se o laço entre o mundo e a arquitetura é óbvio e racional, tal não ocorre com a música - exceto nos seus níveis mais grosseiros.
De fato, sabemos que os despotismos adoram rimas e rodas, marchas e desfiles para os poderosos. Como aprendi com Milan Kundera, essas rimas são uma clara expressão da coerção e da força bruta emanada de quem gosta do poder total. Mas, nesse caso, a música é devorada pela política.

Ademais, a música é fugaz e, sendo temporal, depende de um executor e, como os livros, tem um início, um meio e um final, demandando paciência e cumplicidade. Porque só o cantor por ela imbuído dá-lhe vida. Já na arquitetura, muda-se e constrange-se a paisagem humana de modo permanente e os poderosos sempre souberam disso desde os tempos das cavernas. Essas cavernas que se transformaram em palácios-templos monumentais dos deuses-reis e faraós.

Termino com outro artista. Ao ser indagado por que não tirava férias e, aos 80 e poucos anos, continuava cantando, Tony Bennett, que me fez descobrir que sempre fui um estranho no paraíso, respondeu: mas eu nunca trabalhei, por que tiraria férias?

Assim foi com o Oscar e o Brubeck: amavam o que faziam. Viveram a arte pela arte na plena certeza de que obramos todos com amor, mesmo sabendo da gratuidade imensa da vida.

12 de dezembro de 2012
Roberto DaMatta - O Estado de S.Paulo

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    Relógios em uma praça em Londres marcam 12:12h na última data seuencial deste século - Toby Melville/Reuters
     
    12/12/2012

    JUSTIÇA ELEITORAL REJEITA CONTAS DE HADDAD POR "IRREGULARIDADES GRAVES"

    Juiz aponta ainda que diretório municipal do PT omitiu gasto com empresa de segurança de Freud Godoy, o enrolado "faz-tudo" de Lula

    Jean-Philip Struck
    O candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, vota acompanhado da filha na Universidade Ibirapuera, na zona sul da capital, neste domingo (28)
    O prefeito eleito de São Paulo Fernando Haddad. Petista teve contas desaprovadas pela Justiça Eleitoral (Nacho Doce/Reuters)
     
    A Justiça Eleitoral rejeitou as prestações de contas apresentadas pelo prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, e pelo diretório municipal do PT. Foram detectadas irregularidades em doações eleitorais e omissão na contratação de empresas, entre elas a Caso Sistemas de Segurança, ligada ao “faz-tudo” do PT Freud Godoy, cujo nome voltou ao noticiário nesta semana. Em depoimento ao Ministério Público, o operador do mensalão, Marcos Valério, apontou a empresa como destinatária de recursos do esquema criminoso.

    Segundo o juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 6º Vara Eleitoral, "as irregularidades são graves, impedindo a verificação da origem dos recursos arrecadados para quitação de todas as despesas assumidas pelo candidato". A desaprovação das prestações de contas de Haddad e do diretório municipal, no entanto, não impede a diplomação do petista.

    A Justiça Eleitoral afirma que o diretório municipal omitiu uma despesa de 30 600 reais com serviços prestados pela Caso Sistema de Segurança. Segundo a decisão, o diretório alegou que a despesa é um gasto rotineiro do partido, mas não apresentou documentos que provassem isso.

    Fundada em 2003, meses depois de Lula assumir a Presidência, a Caso Segurança, segundo dados da Junta Comercial de São Paulo, está no nome da mulher de Freud, Simone Godoy. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o PT usa verba do fundo partidário para pagar "serviço de vigilância" para a empresa de Freud. O partido paga mensalmente desde 2008 cerca de 26 000 reais à empresa.

    Carros de som - No caso de Haddad, segundo a sentença, houve irregularidade na contratação de uma empresa que forneceu carros de som e material publicitário para a campanha, no valor de 4,6 milhões reais. Segundo o juiz, a empresa, chamada AJM de Azevedo Eletrônicos-EPP, não emitiu notas fiscais eletrônicas e também forneceu carros de som e material publicitário em volume e quantidades que superavam sua capacidade operacional.

    A AJM forneceu 3.000 cavaletes e 10.000 placas, mas, segundo o juiz Oliveira, está instalada em um imóvel de pequeno porte. Ainda de acordo com o juiz, a campanha de Haddad também alugou veículos de som com outra empresa pelo mesmíssimo valor de 580 000 reais.
    Essa coincidência, segundo o juiz, permite “a conclusão de que se trata da mesma despesa paga em duplicidade, já que nos autos não há menção a quais veículos dirigiu-se a contratação da outra empresa”.

    O gasto do candidato com a empresa Polis Propaganda & Marketing, do publicitário petista João Santana, também foi citado pelo juiz. A empresa foi responsável por quase metade das despesas de Haddad, recebendo uma série de pagamentos que totalizaram 30 milhões de reais.

    O juiz Oliveira classificou o gasto como “extraordinário”. Segundo a decisão, a empresa do marqueteiro recebeu ao longo do período eleitoral 9 milhões de reais (30% do total), mas na véspera do segundo turno emitiu 21 notas fiscais no valor de 1 milhão de reais cada.
    Segundo o juiz, tal “sistema compromete a verificação do serviço que efetivamente foi executado pela Polis, e, mais, de sua correspondência com os gastos apresentados”.

    A análise da prestação de contas do diretório apontou ausência de declaração de 132 000 reais doados pela empresa Jofege Pavimentação e Construção Ltda. O diretório alegou que a doação havia sido feita ao diretório nacional do partido, mas os demonstrativos requisitados pela Justiça confirmaram que a receita havia sido omitida.

    Por essas irregularidades, o juiz Oliveira determinou a suspensão do repasse de recursos do Fundo Partidário das direções nacional e regional ao diretório municipal do partido pelo período de quatro meses, o que pode trazer dificuldades para Haddad já que a dívida da sua campanha foi assumida pelo partido.
    Só a prestação de contas do comitê financeiro municipal do PT foi aprovada. Ao todo, a campanha de Haddad gastou 68 milhões de reais, enquanto a arrecadação alcançou apenas 42 milhões de reais. O rombo de 26 milhões de reais foi assumido pelo partido.
    Campanha - Em nota, a coordenação da campanha de Haddad afirmou que vai apresentar recurso no prazo legal de três dias úteis, com documentação suplementar para comprovar a efetiva prestação dos serviços das empresas AJM de Azevedo Eletrônicos-EPP e da Polis Propaganda e Marketing Ltda. A nota não faz referência à empresa Caso Segurança, de Freud Godoy.
     
    12 de dezembro de 2012
    Veja