"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A PAZ ARMADA

 


 
12 de outubro de 2012

MENSALÃO: NOTA DO PT QUE SE SOLIDARIZA COM DIRCEU - SEM, COVARDEMENTE, DIZER ISSO ÀS CLARAS - É CÍNICA, MENTIROSA E TOTALITÁRIA

O PT não se emenda.
Não tem jeito.
Vejam o caso dessa reunião do alto comando do partido, em São Paulo.
Começa que teve a participação e, na prática, a condução do criminoso condenado pelo Supremo Tribunal Federal José Dirceu.

Em seguida, que apoiou inteiramente a tese do réu condenado segundo a qual “a melhor resposta” ao julgamento do Supremo — que está enviando para a cadeia ele e outros “cumpanheiros” — é a eleição do ex-ministro da Educação Fernando Haddad prefeito de São Paulo.
Me expliquem o que quer dizer isso!

Quer dizer que a decisão soberana do Supremo — no caso dele, Dirceu, por sonoros 8 votos a 2 em favor da condenação por corrupção ativa — precisa de uma “resposta”?
E por quê?
A decisão foi tomada por algum tribunal de países que Dirceu admira, como a Venezuela em que o coronel Chávez manda na Justiça?
Em que país Dirceu julga que vive? Na Cuba que visita sempre com prazer, e onde recebeu treinamento para uma guerrilha que nunca teve coragem de fazer?
E o que é que teria que ver uma eventual vitória de Haddad em São Paulo com a cadeia onde, se tudo correr bem, o ex-chefe da Casa Civil irá passar larga temporada?
O eleitorado estaria, por acaso, absolvendo os ladravazes do PT?
O sonho dos tucanos paulistas é trazer o mensalão para a campanha de José Serra contra Haddad. Dirceu está fazendo isso por eles.

Mas continuo.

Não bastasse esse bestialógico, o Diretório Nacional do PT, obviamente influenciado por Dirceu, lançou ao final da reunião uma daquelas notas vociferantes, com as tradicionais entrelinhas totalitárias e ameaçadoras de sempre, em que diz, a certa altura:

“Nosso desempenho nas eleições municipais ganha ainda maior significado, quando temos em conta que ele foi obtido em meio a uma intensa campanha, promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia, cujo objetivo explícito é criminalizar o PT.

Não é a primeira, nem será a última vez, que os setores conservadores demonstram sua intolerância; sua falta de vocação democrática; sua hipocrisia, os dois pesos e medidas com que abordam temas como a liberdade de comunicação, o financiamento das campanhas eleitorais, o funcionamento do Judiciário; sua incapacidade de conviver com a organização independente da classe trabalhadora brasileira.

Mas a voz do povo suplantou quem vaticinava a destruição do Partido dos Trabalhadores”
Comento, em seguida, alguns pontos dessa nota agressiva e mentirosa:

1. “Criminalizar o PT”

Quem criminalizou não o PT, mas ex-membros de sua alta cúpula dirigente, não foi “a oposição de direita e seus aliados na mídia”, mas o mais alto e respeitável tribunal do país.
Não custa lembrar, uma vez mais, com infinita paciência, que, além de tudo, dos 10 ministros que votaram, 7 estão no Supremo por indicação de governos petistas.

2. A “intolerância” dos “setores conservadores”

O que é a “intolerância” que os “progressistas” e “esquerdistas” do PT — aliados de Collor, Maluf, Sarney e Renan Calheiros — atribuem aos “setores conservadores”?
Onde está a intolerância — esta sim, apanágio do PT desde seu nascedouro?
Por acaso seria aplaudir a decisão do Supremo que a) atestou que existiu o mensalão, até então, para Lula et caterva, “uma farsa”; b) atestou que foi alimentado por dinheiro público; c) comprovou que se destinava a comprar o apoio de deputados no Congresso para o lulalato; d) comprovou, e decidiu de acordo, que Dirceu, pela posição que ocupava, cometeu, em diferentes ocasiões, o crime de corrupção ativa?
Pois então me incluam entre os “conservadores” e “intolerantes”.

3. Liberdade de comunicação

Que autoridade tem o PT para falar do assunto? Estão há anos tentando o “controle social da mídia” — que, sabemos desde o tristemente célebre Franklin Martins, é calar a boca da imprensa independente. Nem o ministro petista Paulo Bernardo, das Comunicações, apoiou ou apoia esses delírios, que claramente o partido quer recolocar em debate.

4. Funcionamento do Judiciário

O PT só gosta que o Judiciário funcione quando não é para colocar na cadeia seus figurões.
No que é, afinal, que os “setores conservadores” estão obstaculizando o funcionamento do Judiciário?
Quem, senão Lula, acusou o mensalão — depois de aceita a denúncia do Ministério Público pelo Supremo — de ser uma “farsa”?

5. ” Incapacidade de conviver com a organização independente da classe trabalhadora brasileira”

Não me façam rir. Estão falando com maria-vai-com-as-outras Paulinho da Força, que já foi adversário feroz de Lula, aderiu ao lulalato e agora, em São Paulo, resolveu apoiar o tucano José Serra?

Ou da CUT? Aí a piada é maior ainda, já que se trata da velha e conhecida correia de transmissão sindical do partido — o qual, uma vez no poder, vem sucessivamente premiando sindicalistas por sua instalação em postos nos quais estão preparados, principalmente, para embolsar os salários graúdos.

A nota do PT, que se solidariza com Dirceu sem, covardemente, assumir isso, é cínica, mentirosa e de tom totalitário. Também faltou coragem aos lulo-petistas para dizer às claras o que a nota só sugere: sua inconformidade com as decisões democráticas do Supremo.

12 de outubro de 2012
in blog do ricardo setti

ABANDONO EM MASSA

 

São impressionantes os números que traduzem a opção preferencial de boa parte do eleitorado pelo silêncio diante das urnas municipais: 25% dos brasileiros e 30% dos paulistanos anularam, deixaram o voto em branco ou simplesmente se abstiveram.

Somados, são 35 milhões de eleitores voluntariamente apartados do processo de escolha. Em São Paulo foram 2,4 milhões e ultrapassaram a votação dos dois primeiros colocados: José Serra (1,8 milhão) e Fernando Haddad (1,7 milhão).

Um contingente considerável. Digno de chamar atenção dos partidos que, no lufa-lufa dos preparativos para as disputas do segundo turno, não têm dado importância ao assunto.

Pelo menos não falam disso como seria de se esperar, tendo em conta a necessidade dos candidatos pela maior quantidade possível de votos válidos.

Talvez para 2012 seja tarde para reagir e dar uma resposta a essa legião que arranja seu próprio jeito de escapar da imposição (antiquada) do voto obrigatório.

Na prática, vota quem quer. A obrigatoriedade só serve para dar mais trabalho a quem não quer. Contudo, fosse o voto facultativo, a ausência não seria ainda maior?

Provavelmente. Mas pelo menos os partidos não teriam garantida uma reserva de mercado. Os políticos precisariam trabalhar mais, se comportar melhor e dar ouvidos à opinião pública na entressafra dos períodos eleitorais se quisessem assegurar presença razoável do público na hora de votar.

Claro que o distanciamento entre representantes e representados não decorre da obrigatoriedade do voto. A crescente indiferença é sintoma de algo muito maior. Problema de diagnóstico conhecido e solução sempre apontada na direção da reforma política.

Pregação que tem se mostrado inútil porque os partidos de verdade não querem mudar coisa alguma. Ficam discutindo em termos incompreensíveis aos ouvidos da maioria que obviamente não se entusiasma com o debate.

Isso quando não insistem em propostas desprovidas de respaldo social. É o caso do financiamento público de campanha.

Ora, se o público se afasta do processo eleitoral, é de se concluir que não esteja disposto a pagar mais por isso.

Aqui voltamos à questão do voto obrigatório: o que mais poderia aproximar a população da política se não a proposição de um tema que afeta diretamente seus direitos e deveres?

Posto o cidadão no centro desse universo, é grande a chance de lhe ser despertado o interesse a partir do qual pode se criar um ambiente propício à reforma política.

Da perspectiva daquele de quem emana o poder nos termos do artigo 1.º da Constituição.

Fogo na roupa. Comandante do PMDB na Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima não gostou de ouvir o presidente nacional do partido, Valdir Raupp, dizer à imprensa que ele entregaria a vice-presidência da Caixa Econômica Federal.

"A presidente se quiser que me demita", reagiu, argumentando que não foi nomeado em troca de apoio local ao PT, mas em função da aliança nacional entre os dois partidos. Tampouco achou adequado o recado enviado pela presidente para que fizesse "um gesto" ao governador Jaques Wagner, seu desafeto. "Qual gesto? Só se for para me desmoralizar todo."

Risca de giz. Caso não tenha ficado entendido, no desfecho do julgamento do núcleo político por corrupção ativa o Supremo Tribunal Federal desenhou: formar coalizões partidárias para governar com ampla base aliada não é crime, mas comprar a lealdade dos partidos é ato criminoso.

A propósito. A gritaria do ministro Dias Toffoli destoa do garbo argumentativo de seus colegas de Corte.

12 de outubro de 2012
DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

OS NEGÓCIOS DA POLÍTICA PARTIDÁRIA

 

O julgamento do mensalão, talvez o mais abrangente caso de corrupção nas esferas de poder de que se tem notícia da história republicana, recoloca em questão os desvios verificados no universo da política.
O desfecho do caso coincide com a aplicação prática bem-sucedida da Lei da Ficha Limpa, e isso atrai ainda mais as atenções na sociedade para a imperiosa faxina ética na vida pública.

Condenações pelo Supremo num processo apinhado de nomes estrelados do PT e políticos da base aliada ao governo produzem o importante efeito de, ao gerar jurisprudências mais eficazes no julgamento de casos de corrupção na esfera pública, estabelecer limites moralizadores a quem atua dentro dos aparelhos do Estado, em cargos eletivos ou não.

Mas, assim como na Lei da Ficha Limpa, não será apenas o desfecho positivo para a sociedade do julgamento do mensalão que vacinará a máquina pública contra investidas de corruptos ou desinfetará por completo a política partidária.

Aperfeiçoamentos de jurisprudência, para adequá-la a novos tempos, e a Ficha Limpa são avanços há alguns anos inimagináveis. Porém, é preciso mais; é necessário perseverar na modernização do aparato jurídico na linha da moralização da política.

Reportagem recente do “Globo a Mais”, edição vespertina do jornal para tablets, tratou de um assunto até folclórico, mas que reflete grave mazela de nossa política: os candidatos nanicos que sempre disputam eleição, sem se importar com a certeza da derrota.

Por trás deles há uma legislação leniente, que permite a proliferação de partidos pequenos, com acesso ao milionário fundo partidário — quem sabe, aqui esteja a explicação de tanta persistência cívica? — e a minutos valiosos nos horários gratuitos de propaganda partidária, principalmente na TV.

De 1985, marco histórico do fim da ditadura, a 95, a excessiva liberalidade da legislação — compreensível devido ao momento de desintoxicação da política, contaminada por normas e regras autoritárias do regime militar — permitiu uma explosão no surgimento de novos partidos.

Depois, a porta, escancarada, foi meio fechada, com a exigência de pelo menos 500 mil assinaturas de eleitores para o lançamento de legendas.

Frestas continuaram abertas, porque uma imprescindível cláusula de barreira foi derrubada no Supremo, por ter sido instituída via lei ordinária, e não por emenda constitucional. A exigência de um mínimo de votos nacionais (5%) e em pelo menos nove estados (2%) sanearia o Congresso e tornaria mais fácil e séria a construção de alianças.

Nada foi feito. E nanicos continuam a literalmente vender a outros partidos tempo de TV em campanhas eleitorais, a mercadejar apoio, a alugar a voz para alvejar terceiros candidatos e a impedir a realização de debates na mídia eletrônica, por exigirem a presença apesar de sua insignificância.

Em algum momento, o assunto terá de ser levado a sério pelos legisladores, se a ideia for mesmo aperfeiçoar a política brasileira.

12 de outubro de 2012
Editorial, O Globo

ATIVOS E PASSIVOS

 


Lula achava que ministro do Supremo Tribunal Federal era cargo de confiança, da sua cota pessoal, deles esperava lealdade, fidelidade e gratidão. Mas os ministros que nomeou não sabiam disso, e estão fazendo o que tem que ser feito, a começar por Joaquim Barbosa.

Até as absolvições de Lewandowski e Dias Toffoli servem para legitimar, como minoria, as condenações que a maioria acachapante do STF impôs aos réus do mensalão, que foram defendidos pela seleção brasileira de advogados.

Data venia, com invejável coragem e sem medo do ridículo e do opróbrio, o ministro Lewandowski tem feito das tripas coração, ou vice-versa, e usado o seu notório saber jurídico para fechar a cadeia de comando do esquema em Delúbio Soares.

O ministro gosta de citações e poderia atualizar a frase do rei Luís XV, prevendo o caos e a destruição se seu reinado caísse, "Après moi, le deluge" (Depois de mim, o dilúvio), para "Après moi, le Delúbio". Porque, se chegasse a Dirceu, o dilúvio de lama levaria a Lula.

Afinal, se continuasse funcionando em silêncio, o esquema garantiria a hegemonia política absoluta do PT, com uma base de apoio de dar inveja a Chávez, e poderia manter o partido no poder por 20 anos. Totalmente autossustentável. Era o que todo mundo fazia, só que muito mais bem feito.

Como professor de matemática, Delúbio sabia que os números fechavam - e tendiam ao infinito. Os oito anos de Lula, e mais oito de Dirceu, estariam assegurados. Se Roberto Jefferson ficasse calado.

Era um golpe no Estado e na democracia, como julgou o presidente Carlos Ayres Britto, ironicamente de um partido obcecado pelo golpismo, acusação com que responde a qualquer crítica.

Não era um projeto de enriquecimento pessoal, uma ladroagem das elites e da direita, mas uma audaciosa manobra política, digna de um grande estrategista como o capitão do time em que Lula era o técnico e o dono da bola, batia córner e cabeceava, dava os passes e fazia os gols, além de morder a canela dos adversários para proteger sua meta e defender os companheiros dos juízes, aos gritos.
Como não saberia quem patrocinava o time?


12 de outubro de 2012
NELSON MOTTA - O Estado de S.Paulo

IMAGEM DO DIA

 
Folião é atingido por touro durante as 'Fiestas del Pilar', em Zaragoza, na Espanha
Folião é atingido por touro durante as 'Fiestas del Pilar', em Zaragoza, na Espanha - Javier Cebollada/EFE

12 de outubro de 2012

LULA: HIPOCRISIA É ISSO

 


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confiava na absolvição dos mensaleiros por achar que ministro do Supremo Tribunal Federal é cargo de confiança.
 
12 de outubro de 2012

UNS SAEM ATIRANDO, GENOÍNO SAI MENTINDO... COMO SEMPRE!

 

'MOMENTO TERNURA'
Suplicy, sempre "tão sensível", chora!
 
A tal figura patética-Suplicy chorando na tribuna do Senado ao ler carta da filha do condenado - o condenado lendo uma carta à imprensa em que se defende de condenação no STF destacando sua biografia passada – tentativas para sensibilizar a sociedade.
“Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes" -
Oras, não é bem assim que o ex-presidente do PT José Genoino Mensaleiro entregou o cargo de assessor especial do Ministério da Defesa, e assim, deixou de encher os bolsos e cueca com os “dividendos” de assessor especial do Ministério da Defesa.
 
Genoíno, condenado, sempre cínico, se diz inocente.
 
Que praga de cargo é este que o então Genérico advogado ministro da Defesa Nelson Jobim arrumou para o Genoino logo depois de não se eleger ao Congresso?
 
Tal cargo arranjado foi uma afronta ao Clube Militar, um ofensa aos brios dos soldados e ainda, por força e das mãos do ministro da Defesa, foi condecorado com a Medalha da Vitória, que só pode ser dada, por lei, a militares ou civis que "tenham prestado serviços relevantes ou apoiado o Ministério da Defesa no cumprimento de suas missões constitucionais.
 
Com os resultados das eleições municipais deste ano, e, Genoino como primeiro suplente da coligação PT / PRB / PR / PC do B / PT do B - o Palácio do Planalto já havia avisado ao Ministério da Defesa que Genoino teria que pedir demissão do cargo de "aspone", quando terminasse o julgamento de sua participação no mensalão, e assim, José Genoíno herdará um lugar na Câmara dos Deputados e, de quebra, a imunidade parlamentar.
Simples assim...
 
Plínio Sgarbi, por e-mail, via Grupo Resistência Democrática
12 de outubro de 2012

BIOGRAFIA OFICIAL REVELA QUE SARNEY É SANTO


Biografia oficial revela que Sarney é santo

Documentos de ex-presidentes revelam que Sarney foi o verdadeiro mentor da Primeira Missa, da Inconfidência Mineira, do Grito do Ipiranga, da Proclamação da República, da Revolução de 30, da construção de Brasília, da Campanha das Diretas, do Plano Real e do Bolsa Família. "Sem o Sarney, o Rio não seria sequer indicado para sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas”, disse um maranhense que não quis se identificar.

VATICANO – O papa Bento XVI iniciou hoje o processo sumário de canonização de José Sarney. “Pelo que li na biografia autorizada do ilustre senador maranhense, comparado a ele São Francisco de Assis era um tipo vil e fominha”, justificou Sua Santidade. “Que largueza de espírito, que generosidade, que porte altaneiro! Sarney é um exemplo de santidade”, comemorou o sumo pontífice.

The piauí herald teve acesso aos pontos mais importantes da obra que está causando tanto furor quanto "Marimbondos de Fogo".



Aos 18 anos, Sarney negociou com Pilatos o perdão ao Mau Ladrão.


Responsável pela licitação de Machu Picchu, Sarney brigou para que a obra atrasasse apenas 85 anos e ultrapassasse em somente 920% o orçamento inicial.


Getúlio Vargas foi convencido por Sarney a contratar Gregório Fortunato


Gabriel García Márquez revelou à Regina Echeverria que Sarney é o ghost-writer de "Cem anos de Solidão"


Documentos até então desconhecidos revelam que Fidel Castro só derrubou Fulgencio Bastista porque seguiu todos os conselhos de Sarney

12 de outubro de 2012
The i-Piauí Herald

CONSPIRAÇÃO

José Dirceu conspira com José Dirceu contra José Dirceu
José Dirceu conspira com José Dirceu contra José Dirceu

José Dirceu é flagrado sorrindo de forma suspeita no corredor de um Hotel em Brasília

BRASÍLIA - O ex-Ministro José Dirceu resolveu buscar ajuda para se defender das gravíssimas denúncias de uma revista investigativa que o acusa de se reunir com seres humanos. "Depois de orçar com as empresas de Palocci, Marcos Valério e Delúbio Soares, concluí que os meus serviços são mais baratos.
Por isso, captei 100 milhões da iniciativa privada para contratar minha própria empresa de consultoria", explicou o capiroto do PT.

Dirceu confessou que teve uma epifania ao ler a coluna de Arnaldo Jabor publicada hoje no Globo e no Estadão. Intitulada "Tenho saudade de mim", o texto causou grande impacto no petista. "Jabor disse que eu era 'bonito, cabelo longo, hippie guerreiro' e teve a coragem de dizer que sente saudade de telefones pretos, geladeiras brancas e acentos circunflexos.
Chorei copiosamente com a passagem 'Entendi que ser político e lutar pelo futuro exige vagar e respeito pela insânia do mundo e que a tragédia é parte essencial da vida e que tentar saneá-la pode levar-nos a massacres piores'. Entendi que era preciso recuperar os ideais da juventude e partir para o ataque".

Logo após a leitura, Dirceu reuniu-se com Gabeira, Vladimir Palmeira e Genoíno num aparelho em Copacabana, adotou um codinome e resolveu saquear a própria empresa de consultoria. Ao ser preso, declarou-se traído: "Eu estava me desestabilizando e não sabia".
Antes de ser levado ao Ponto Zero, José Dirceu prometeu acionar a si mesmo na justiça.

12 de outubro de 2012
The i-Piauí Herald

"UMA VIAGEM PELAS ELEIÇÕES"

Depois de percorrer 20 cidades observando as eleições municipais, é hora de refletir, com base nos resultados das urnas. Não se trata de analisar o desempenho de um candidato ou partido, mas tendências mais amplas.


Uma das impressões que transmiti em minhas notas era a de que estava diante das eleições mais frias do pós-ditadura. O fosso entre os políticos e os eleitores chegava a um ponto decisivo, completando o ciclo de decepções com o abandono das promessas de mudança trazidas pelo PT em 2002. Esse fosso não poderia ser encurtado magicamente pelo julgamento do mensalão, que serve apenas para cicatrizar algumas feridas. A retomada da confiança no processo político precisaria de mais tempo e de novos atores para emergir. Se o PT está na raiz da decepção, como explicar que o partido tenha crescido 12% em relação às eleições de 2008?

Os índices de abstenção e de votos nulos, sobretudo no Rio de Janeiro, que foram superiores ao peso da oposição somada, indicam que ao menos um a cada três eleitores jogou a toalha. No caso do Rio pesou a previsão das pesquisas de que o prefeito Eduardo Paes seria reeleito com larga margem. Pode ser que muitos eleitores tenham sentido que seu voto era desnecessário. Em São Paulo a disputa foi acirrada e nem esse argumento pode ser invocado.

Em Guapimirim, na Serra Fluminense, uma das menores cidades que visitei, o processo de desencanto era mais nítido. Não se revelava somente na frieza dos eleitores, mas na vontade de alterar a cultura política. Ali o prefeito foi detido por algumas horas, o presidente da Câmara Municipal fugiu e a candidata oficial estava na cadeia. Numa cidade com 56 mil habitantes, foram acusados de desviar R$ 48 milhões de recursos públicos.

Pelas ruas desfilavam dois movimentos: um, dos políticos com seus cabos eleitorais pagos, foguetes e jingles; o outro, de moradores protestando contra a corrupção, condenando a venda de votos e anunciando um conselho independente para examinar as contas da cidade. Era um grupo de 200 pessoas com faixas e cartazes, algumas empurrando carrinhos de criança. Lutavam pela transparência e interpretavam nas ruas um sentimento que em muitos lugares foi vivido em silêncio. A luta pela transparência, teoricamente, nem precisava existir, pois há uma lei que a garante. Mas todos sabiam que é preciso mover-se, senão o desvio de verba pública jamais será efetivamente combatido.

Os partidos comportam-se como se nada estivesse acontecendo. Limitam-se a computar seus ganhos numéricos, sem perceber que são proporcionais aos gigantescos recursos financeiros que acionaram, principalmente o PT. A impressão, comprovada pelo desinteresse dos que não votaram, é de que o fosso pode aumentar. Para a política convencional, isso não importa. Seu foco são cargos e orçamentos públicos. O objetivo é crescer, ainda que num universo político em contração, pela retirada maciça de eleitores desencantados. Olham para a luta contra a corrupção e pela transparência como uma expressão minoritária, o que é verdade. Nem todas as causas começam empolgando multidões.

Numa cidade menor ainda, Tiradentes, constatei algo que questiona a importância das grandes máquinas partidárias. Algumas campanhas vitoriosas no Brasil confirmam a inoperância de partidos políticos como estruturas hierarquizadas e centralizadas. São campanhas, como a dessa cidade mineira, realizadas por redes em que o partido é apenas um ponto de múltiplas interações. Novas ideias, diversidade de iniciativas, troca de informações, tudo ocorre num espaço mais amplo e arejado do que as máquinas partidárias. As chamadas cidades de transição serão impulsionadas mais pela inteligência coletiva do que por um grupo partidário, muitas vezes interessado só em se perpetuar no poder.

Neste momento é um pouco romântico argumentar com causas minoritárias e exemplos de pequenas cidades. São, no entanto, indicações de como expandir o universo da política. A maneira como foi celebrado o ministro Joaquim Barbosa no momento em que foi votar mostra que a luta dos moradores de Guapimirim tem relação com as aspirações de grande parte dos brasileiros. E a geleia geral das alianças partidárias é um dinossauro comparada com as redes sociais que constroem algumas campanhas vitoriosas. Nelas não se discute como distribuir cargos, mas como realizar objetivos compartilhados.

O nível de abstenção é uma alerta. Experiências fragmentárias indicam que as coisas se estão movendo sob a superfície da chamada grande política. Não são apenas os que se abstiveram que abandonaram o processo político. Muitos votaram com a sensação de cumprir um enfadonho dever burocrático. Para outros, a urna eletrônica parecia a porta do inferno: deixai toda a esperança, ó vós que apertais a tecla "confirma".

O número de eleitores que votaram nulo no Rio foi maior que a soma de votos dos candidatos do PSDB e do DEM, partidos de oposição. Ao cabo do primeiro turno das eleições municipais, além da estrepitosa discussão sobre quem ganhou e quem perdeu, é preciso dedicar um pouco de espaço a interpretar o silêncio dos ausentes no pleito e ao esforço dos que buscam saídas para um reencontro, como os manifestantes de Guapimirim.

Haverá tempo para que tudo isso amadureça a tempo de reconciliar as eleições nacionais de 2014 com a ideia de esperança? Não é possível fixar prazos em processos que têm seu ritmo próprio. Aos meus olhos, um certo mundo está acabando e as alternativas começam a ensaiar seus primeiros passos.

Sei que essa frase vale para uma multiplicidade de situações. Mas é apenas uma leitura do primeiro turno das eleições municipais. Foi o que vi ao longo das viagens debatendo propostas para uma cidade mais humana, sustentável e inteligente. Um debate bom para o segundo turno. Mais tempo, menos gente, as condições agora, em teoria, pelo menos, são melhores para descobrir que proposta de cidade os partidos nos oferecem.

12 de outubro de 2012
Fernando Gabeira, O Estado de S.Paulo

A ARTE MÁGICA DA PUBLICIDADE... STRIP DE GISELE!


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ah9jnLehUY0

12 de outubro de 2012

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Não gostou?
Mas o que é que você esperava ver?!
m.americo

 

AFRONTA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL!

 Dilma solidariza-se com Genoino, condenado por corrupção

Tão logo pediu demissão do Ministério da Defesa, anteontem, José Genoino recebeu telefonema de Dilma prestando solidariedade a ele. O petista foi condenado por corrupção ativa pelo STF no mensalão.

12 de setembro de 2012
Por Vera Magalhães - Painel - Folha de São Paulo

"CAÍRAM AS PEDRAS DO MURO"

 

Sim, o ex-presidente Lula tem razão: estamos preocupados com o Palmeiras ameaçado pelo fantasma da série B.

Mas ao contrário do que ele pensa e expõe na sutileza de sua metáfora, a gente sabe que se cair, levanta a cabeça, disputa a segundona com toda honra, e volta grande como sempre foi, e quem sabe com mais juízo e mais competência. Esse é o destino dos grandes.

É muito mais fácil manter a cabeça erguida com as infelicidades do futebol do que com uma condenação incontestável pela mais alta Corte do País por vários crimes de corrupção.

Por isso, a frase do ex-presidente é descabida e desrespeitosa para com a inteligência do brasileiro.

Se ele quis se referir especificamente à influência do julgamento do mensalão no resultado das eleições, pode estar lamentavelmente próximo da verdade.

Segundo uma medição da Datafolha – com todos os pés atrás que as pesquisas de opinião estão merecendo, principalmente em função da volatilidade da opinião pública- apenas 19% dos eleitores sofreria alguma influência dos resultados do julgamento do mensalão na escolha dos dirigentes municipais.

Acontece que a comprovação cabal da existência do mensalão e a consequente demolição da tese do “simples Caixa 2” por parte da Justiça, tem muito mais a ver com a construção dos fundamentos de um sistema politico ético para o futuro do que com o imediatismo do resultado eleitoral que conheceremos daqui a 20 dias.

Os comentários patéticos do ex-presidente, as cartas deprimentes dos condenados Dirceu e Genoino, as notas do partido e das suas linhas auxiliares, como a CUT, são um desrespeito às instituições democráticas e ao Estado de Direito.

O julgamento foi feito inteiramente dentro das regras do jogo democrático. Grande parte dos juízes da Corte foram nomeados pelos 3 últimos governos.

A única suspeição que pode ser arguida é exatamente sobre um dos juízes que mais absolveram.

Um juiz que trabalhou para um dos réus durante cinco anos. Foi seu subordinado funcional e esperava-se que em função disso se declarasse impedido de participar do julgamento. Mas participou e absolveu o mais vistoso dos acusados, exatamente seu ex-chefe.

A repercussão imediata do resultado do julgamento nas eleições é o que menos importa. A opinião pública, como observa César Maia, na base social, se cristaliza em ondas que requerem tempo.

Mudanças de hábitos e costumes políticos só se consolidam dentro de um tempo histórico.

Mas como as pedras do Muro de Berlim jamais serão recolocadas, os costumes políticos do Brasil, depois do episódio do Supremo, jamais serão os mesmos. A impunidade caiu, foi posta abaixo.


 
12 de outubro de 2012
Sandro Vaia

"BRAVATAS COMPROMETEDORAS"

A mania que o ex-ministro José Dirceu ainda cultiva, mesmo depois de cassado pela Câmara e de ser réu do processo do mensalão, de relatar suas atividades políticas passadas e presentes com toques de megalomania que as transformam em verdadeiras proezas acabou virando-se contra ele mesmo neste julgamento do mensalão.

Não há quem não saiba, vivendo no Brasil naquele ano de 2003 ou nos dias de hoje, que Dirceu sempre foi o grande articulador político do governo Lula, com ingerência em praticamente todas as áreas do governo, a exemplo do que fazia quando liderava o PT em acordo com Lula.

Centralizador, quando deixou a Casa Civil, presidia dezenas de conselhos interministeriais, tratando dos mais variados assuntos. Sua fome de explicitar o poder que detinha era tamanha que a ordem de precedência dos ministros foi alterada, e ele passou a ser sempre o primeiro nas solenidades.

Pelo decreto 70.724, que trata de “normas do cerimonial público e a ordem geral de precedência” de autoridades em eventos oficiais, a sequência de entrada era determinada pelo critério histórico de criação do respectivo ministério, sendo o da Justiça o mais antigo. Na época de Dirceu, surge uma regra interna, ainda em vigor no Planalto, de que a Casa Civil teria precedência.

Ele era considerado o primeiro-ministro do governo, aquele que realmente governava, realidade que até irritava o presidente Lula, o que não o impediu de classificar Dirceu de “o capitão do time”.

Pois foi esse poder exercido sem a menor discrição, com fome de exibição, que transformou Dirceu em “chefe da quadrilha” quando o Ministério Público denunciou o esquema.

Ele até que tentou montar um Ministério partidário cooptando o PMDB para o primeiro governo. Fechou um acordo, mas foi desautorizado por Lula, que naquele início de governo dizia não se sentir confortável ao lado do PMDB.

A indicação do então deputado federal Eunício Oliveira para uma das vagas do PMDB, por exemplo, provocou a ira de Lula. Mais adiante, depois da crise que quase o tirou do poder, Lula refez seus conceitos, colocou todo o PMDB no governo e deu um ministério ao hoje senador Eunício Oliveira.

Em 2003, para dar a maioria ao governo, o PT, ao comando de Dirceu, foi atrás de adesões e montou esquema para esvaziar os partidos oposicionistas. Tanto que o PT quase não aumentou sua bancada na Câmara, mas os vários partidos que foram para a base, esses, sim, cresceram bastante.

O PTB de Roberto Jefferson aderiu ao governo e teve aumento de cerca de 20 deputados em sua bancada; o PL de Valdemar da Costa Neto, hoje PR, ganhou outros 20. Já o PFL perdeu 26 deputados, e o PSDB, outros 19.

Essa migração da oposição para o governo teve um custo, traduzido no mensalão. Mas o processo de redução da oposição, através da cooptação de deputados para a base governista, continua em ação, agora com troca de cargos no governo ou a perspectiva de poder, caso do novo PSD, que praticamente desidratou o DEM e deve ser incorporado ao Ministério de Dilma após o 2º turno das eleições.

Pois toda essa movimentação partidária foi iniciada por Dirceu quando ainda estava na Casa Civil, o que o transformou aos olhos de todos como o “todo-poderoso” do governo Lula, fama que ele cultivava, mas ao mesmo tempo fez dele o réu mais óbvio quando estourou o escândalo do mensalão.

Suas bravatas eram tão explícitas que tornaram factível que fosse ele o elo final da cadeia criminosa. Bem que José Dirceu avisou várias vezes que nunca fizera qualquer movimento político sem que Lula soubesse, mas sua figura já ganhara dimensões épicas que fizeram dele o figurino perfeito para a tese do domínio do fato, que acabou levando à sua condenação.

Entretanto, o presidente do Supremo, Ayres Britto, disse que encontrou no depoimento de Dirceu à Justiça elementos que claramente o incriminavam, por suas próprias palavras, como o comandante da operação, sem que fosse necessário usar a teoria do domínio do fato.

Ayres Britto pinçou declarações de Dirceu em juízo: “O papel do articulador é levar a que o governo tenha maioria na Câmara, que aprove seus projetos, discutir com a Câmara, com os governadores, prefeitos e conversar com a sociedade. Esse é o papel que tenho até hoje. Me reunia com todos os partidos.”

Era um líder “extremamente centralizador”, definiu Ayres Britto, para concluir por sua culpa.

12 de outubro de 2012
Merval Pereira, O Globo

"ALEGRIA SEM GRAÇA"

 

Estava muito alegre ao abrir o jornal ontem e ver aquela série de fotos de todos os condenados pelo STF, com os crimes cometidos por eles bem explicados ao lado, quando então fui tomada por um sentimento de tristeza e desânimo acentuado.

Às vezes penso se o Brasil não terá que cumprir as quatorze estações de sua Via Crucis para se tornar aquilo que tem tudo para ser: um gigante bem desperto entre as nações. Clima, solo, água, espaço, vegetação, muita riqueza em seu subsolo, tanto na terra quanto no mar. Em se plantando e em se trabalhando, tudo dá...

Ia falar no povo temente a Deus, inteligente, criativo, musical, sensível, generoso... mas aí me vem à mente a lista com as tais fotinhos... Eles não são ETs, pois não? são gente como qualquer um de nós.

Só que desandaram. Ou foram desandados.

O mal que fizeram ao Brasil é muitas vezes mais danoso que o mal collorido ou os males de 64. Estilhaçaram com o cristal da esperança de muita gente que, apesar de sofrida com aqueles choques, acreditaram ser possível começar de novo e começar limpamente.

Usando em benefício próprio o nosso dinheiro, deixaram de cuidar da educação, da saúde, da segurança, dos camponeses, das estradas, dos transportes. Deram miçangas e espelhinhos a uma massa de eleitores que mantiveram numa confortável ignorância e que se satisfazem com qualquer dez reis de mel coado...

E ainda: despertaram fúrias antes inexistentes entre nós. Ódio entre irmãos. Raiva. Debates estéreis e prenhes de estupidez. Se você não aprova o PT e não gosta do Lula, é um fascista safado da elite cheirosa e estou sendo moderada com as palavras. Se você se confessa de esquerda e diz que deplora a direita, Santo Cristo da Abadia, o que vai ouvir!

Não tenho nenhuma simpatia por José Dirceu, nem acho sua trajetória de vida admirável. Simpatizo menos ainda com Delúbio Soares. Acredito na pureza de intenções de José Genoíno quando partiu para o Araguaia e lastimo que tenha se deixado seduzir – esse é o verbo correto – por Dirceu e por Lula.

Sim, porque não consigo acreditar, acho mesmo impossível crer que Luiz Inácio Lula da Silva tenha presenciado o inchaço da coalizão partidária que possibilitou o céu de brigadeiro de seu governo (logo ele, conhecedor dos meandros do nosso Congresso, o abrigo de 300 picaretas como ele mesmo revelou ao Brasil) e que tal qual um político virginal, desconhecesse o mensalão.

Em gestação há uma manobra singela e ao mesmo tempo muito sofisticada. Ninguém mais vai reclamar das condenações. “Vamos esperar 28 de outubro, vamos tomar São Paulo”.

Depois, é botar o bloco na rua e queimar a Imprensa e a Justiça. O resto, como dizem os franceses, será sobre rodinhas...

12 de outubro de 2012
Maria Helena R R de Sousa

FILHO DE FIDEL CASTRO DESMENTE A MORTE DO CELERADO CUBANO. "ELE ESTÁ BEM"

Após boatos sobre morte, filho de Fidel diz que o pai está bem
O filho do líder cubano Fidel Castro, Alex Castro Soto del Valle, afirmou nesta sexta-feira em declarações reproduzidas pela mídia local, que seu pai, de 86 anos, "está bem" de saúde e mantém suas atividades cotidianas.

As declarações de Soto del Valle aparecem após a divulgação de versões de meios críticos a Fidel que, do exílio, reportaram uma deterioração do estado de saúde do homem que governou Cuba entre 1959 e 2006, quando cedeu o comando do país ao seu irmão, Raúl, devido a um grave problema de saúde.

O comandante "apresenta bom estado de saúde, cumpre suas atividades diárias, faz exercícios, lê e se mantém bem", disse Soto del Valle, em Guantánamo, extremo leste de Cuba, ao apresentar a exposição 'A face da História', com 17 fotos que tirou de seu pai de 2010 até hoje, noticiou a AIN (Agência de Informação Nacional).

As declarações de um dos cinco filhos de Fidel com Dalia Soto del Valle foram reproduzidas por vários meios de comunicação locais, entre eles os sites governistas Cubadebate e Cubasí, e o blog pró-governamental Yohandry.com.

"Há algumas fotos do encontro com os intelectuais celebrado em Havana, mas nenhuma é posada ou intencional, todas foram feitas durante o seu dia-a-dia", explicou o engenheiro eletroquímico e fotógrafo.

"Tenho que dar uma má notícia aos terroristas do sul da Flórida: Fidel Castro está vivo", disse o blogueiro Yohandri.

Desde que se afastou do poder, Fidel tem se dedicado a escrever cerca de 400 artigos de imprensa --sob o título de "Reflexões"--, a publicar vários livros biográficos e sobre sua luta em Sierra Maestra, assim como a receber diferentes personalidades em sua residência.

No entanto, desde 19 de junho não publica novos artigos e as últimas imagens públicas difundidas são as de seus encontros com o papa Bento 16 em Havana, em 28 de março, e com a líder estudantil chilena Camila Vallejo, em 5 de abril. Fidel ainda não se pronunciou sobre a reeleição do presidente venezuelano Hugo Chávez no domingo passado.

12 de outubro de 2012
DA FRANCE PRESSE, EM HAVANA

COMO O GOVERNO DO PT AMPLIOU SUA BASE APÓS O "MENSALÃO" DE LULA

A oposição nunca foi tão reduzida quanto hoje; não há sinais de que os aliados ainda recebem propina: cargos e emendas parlamentares cumprem esse papel

Plenário da Câmara dos Deputados, nesta segunda, em Brasília
Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília (Jose Cruz/ABr)

Nas últimas semanas, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem comprovado de forma incontestável a existência de um sistema de compra de apoio parlamentar na Câmara dos Deputados durante o primeiro governo Lula. Quatro partidos foram cooptados, por meio do pagamento de propina, a apoiar o governo.

Sete anos depois, enquanto os réus do mensalão encontram finalmente a justiça, o PT continua no governo. Mas, na Câmara, a situação é outra: os oposicionistas estão em número reduzido, o menor da história desde a redemocratização do país (menos de 20% do Congresso). A base da presidente Dilma Rousseff inclui não só so quatro partidos que fizeram parte do mensalão (PP, PMDB, PTB e PR), mas 19 das 24 legendas representadas na Casa. Duas são independentes. Quatro formam a oposição.

Não há sinal por enquanto de que essa gigantesca base de sustentação seja mantida por meio do pagamento de propina. E ninguém acredita que haja uma afinidade ideológica entre todos esses partidos. A moeda agora é outra: a distribuição de cargos na Esplanada dos Ministérios. Já era, aliás, antes do mensalão. A diferença é que, no início de seu governo, Lula não tinha uma base sólida para aprovar projetos controversos, como a reforma da Previdência: parte das siglas, por inércia, permanecia mais próxima ao PSDB, que deixara o governo meses antes.

"Muita gente estranhou quando o mensalão veio à tona. A distribuição de cargos e de emendas tradicionalmente era a maneira de manter o bloco governista coeso. Mas em 2003 e 2004, aparentemente o governo Lula precisou de mais do que de cargos e emendas orçamentárias", avalia o professor de ciência política da Universidade de Brasília David Fleischer.

Moeda - Hoje, o uso de cargos e emendas como moeda de troca se dá de forma desavergonhada. Quando quis atrair para a órbita do PT o PRB de Celso Russomanno, a presidente Dilma Rousseff deu o Ministério da Pesca a um representante do partido da Igreja Universal do Reino de Deus: o senador Marcelo Crivella (RJ).

Por outro lado, a presidente encontrou a ira do PR quando demitiu Alfredo do Nascimento, atolado em denúncias de corrupção, do Ministério dos Transportes.

Alguns ministérios são feudos de partidos. É o caso das pastas das Cidades (PP), da Agricultura (PMDB) e do Esporte (PC do B). Sai um ministro, entra outro do mesmo partido. Abaixo dos cargos de primeiro escalão, o governo ainda dispõe de 20 000 postos comissionados, que podem ser preenchidos sem concurso público.

As emendas parlamentares, o percentual do Orçamento cuja destinação é apontada pelos parlamentares, dependem de liberação do governo. A barganha já se tornou tradicional: o governo solta os recursos a conta-gotas. Até que a base aliada se irrita e bloqueia as votações. O governo cede temporariamente até a próxima rebelião. Quando precisa aprovar um projeto importante, o Executivo reforça a liberação das emendas - que são importantes porque os parlamentares podem usá-las para garantir dividendos eleitorais em suas regiões de origem.

O mensalão, que incluiu pagamentos em dinheiro vivo, ficou para trás. Mas o novo modelo está na raiz dos sucessivos escândalos de corrupção que marcaram o primeiro ano do governo Dilma. No ano passado, por exemplo, VEJA mostrou que o PR usava o Ministério dos Transportes para abastecer o próprio caixa. O mensalão era menos prático: com seus ministérios, os partidos podem trabalhar agora por conta própria.

"Eles têm uma margem mais folgada, mas a gente não sabe o que está se passando nos subterrâneos do governo. Porque eles optaram pela entrega desses instrumentos à base aliada. Em 2005, houve uma grande denúncia que possibilitou a investigação. Mas hoje a gente não sabe o que se passa", diz José Agripino Maia, senador e presidente do DEM.

Seja qual for o benefício oferecido aos partidos governistas, certo é que a oposição não traz qualquer vantagem imediata - apenas a perspectiva de chegar ao poder em uma eventual guinada eleitoral. O professor David Fleischer explica a lógica que atrai à base aliada a grande maioria dos partidos políticos: "Para eles, fora da base não há solução. Por isso há tanto adesismo".

No vídeo a seguir, acompanhe o debate deste quinta-feira em VEJA.com sobre o julgamento do mensalão:


12 de outubro de 2012
Gabriel Castro - Veja Online

CHEFE DA QUADRILHA, LULA ORIENTA CÚMPLICES A ADIAR REAÇÃO SOBRE MENSALÃO

 
          Lula orienta PT a adiar reação sobre mensalão
 


Sob orientação de Lula, a cúpula do PT adiou para depois do segundo turno das eleições municipais a reação do partido às condenações impostas pelo STF no julgamento do mensalão. Tenta-se atenuar os efeitos das sentenças nas campanhas dos candidatos petistas.

Lula interveio na administração do tema depois que José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares foram declarados culpados pela compra de apoio político no Congresso – corrupção ativa, na definição do Código Penal. Dirceu amargou um placar de 8 votos a 2. Genoino, 9 a 1. Delúbio, 10 a zero.

“Só vamos tratar disso depois das eleições”, ordenou Lula em conversas que precederam a reunião do diretório nacional da legenda, na quarta-feira (10). Na visão dele, uma reação vigorosa borrifaria gasolina no noticiário em que ardem o PT e seus réus. O silêncio da legenda reduz a temperatura das manchetes, ele crê.

Assim, afora os textos pessoais divulgados por Dirceu e Genoino, o PT limitou sua reação institucional a referências indiretas injetadas numa resolução política aprovada pelo diretório. Sem mencionar o julgamento ou os réus, acusou a “oposição de direita e seus aliados na mídia” de tentar “criminalizar o PT.”

Ecoando as preocupações de Lula, o próprio Dirceu disse aos membros do diretório que a hora recomenda prioridade à eleição, não ao mensalão. O PT disputa o segundo turno em 22 cidades. Entre elas São Paulo e Salvador, as duas às quais Lula declara que se dedicará com maior afinco.

 
A tática do silêncio preconizada por Lula não se confunde com resignação. Ele próprio deseja, segundo diz em privado, solidarizar-se com os condenados. Especialmente Dirceu e Genoino. Diz que ambos foram condenados sem provas. É o que planeja dizer assim que o calendário permitir.

No mais, até 28 de outubro, dia do reencontro dos eleitores com as urnas, o PT e seus candidatos só devem tratar de mensalão para reagir a eventuais provocações dos rivais.
Se o antagonista for tucano, como Serra, vai-se recordar que se encontra no STF, pendente de julgamento, o mensalão do PSDB mineiro, espécie de berço do esquema criminoso aproveitado e ampliado pelo PT.

12 de outubro de 2012
Josias de Souza - UOL

DILMA TENTOU IMPEDIR SA[IDA DE GENO[INO DO GOVERNO CORRUPTO DO MENSALÃO

Dilma contrariou Celso Amorim e tentou impedir saída de Genoino do governo. Presidenta telefonou ao ex-presidente do PT para dizer que não via razão em sua demissão; exoneração só foi aceita após o ex-assessor da Defesa anunciar decisão

A presidenta Dilma Rousseff contrariou o ministro da Defesa, Celso Amorim, e se recusou a demitir o ex-presidente do PT José Genoino do cargo de assessor especial do ministério logo depois de ele ser condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O iG apurou que, além de contrariar Amorim, Dilma telefonou pessoalmente para dizer a Genoino que não aceitaria sua demissão.
A exoneração só foi aceita depois que o próprio Genoino anunciou publicamente que deixaria o cargo.

Futura Press - Genoino, ao anunciar decisão de deixar o cargo, após ser condenado por corrupção no STF
 Hoje, a Secretaria de Comunicação Social divulgou a seguinte nota: “Na noite do dia 9 de outubro, terça-feira, a presidenta foi informada pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, sobre pedido do assessor José Genoino, que queria ser demitido pelo governo. A presidenta respondeu ao ministro que o governo não demitiria o assessor, pois não havia , àquela altura, nenhuma razão para fazê-lo, e comentou que lamentava o fato de uma pessoa da estatura de Genoino estar naquela situação”.

Segundo pessoas próximas a Genoino, a história foi diferente. Amorim teria ido até Dilma na terça-feira, logo depois da confirmação numérica de que Genoino seria condenado, para consultar a presidenta sobre o destino do petista. Até então Genoino não tinha intenção de entregar o cargo.
 
Além de rejeitar o afastamento do petista, Dilma telefonou a Genoino para manifestar sua solidariedade e dizer que não o demitiria. “Não vou demitir nem se você for condenado em definitivo”, afirmou a presidenta, segundo relatos. Genoino e outros réus condenados no julgamento do mensalão ainda podem usar o recurso de embargos infringentes junto ao STF para tentar modificar a decisão do tribunal.

No dia seguinte, quarta-feira, o próprio Genoino mudou de opinião e decidiu se afastar do ministério. Só então Dilma aceitou a exoneração, que foi publicada na quinta-feira no Diário Oficial da União.

Indicado pelo ex-ministro Nelson Jobim, Genoino recebia salário de R$ 9 mil como assessor especial do ministério. Segundo pessoas próximas, ele ainda não decidiu o que vai fazer a partir de agora.
O ex-presidente do PT recebe aposentadoria da Câmara dos Deputados onde exerceu seis mandatos consecutivos. O salário é de aproximadamente R$ 20 mil brutos.

Celso Amorim foi procurado mas, em função do feriado de Nossa Senhora Aparecida, não havia expediente no Ministério da Defesa.
A Secretaria de Comunicação Social mantém a versão de que Amorim só procurou a presidenta depois de Genoino ter pedido demissão.

12 de outubro de 2012
Ricardo Galhardo- iG

UMA MENTIRA GOEBBELIANA: PT E CUT USAM DINHEIRO DO POVO NA CAMPANHA CONTRA O STF

 

O brasileiro perdeu a paciência com a corrupção, mas não perdeu o bom-humor. Agora mesmo, uma frase – “A pizzaria fechou!” – traduz assim, com jeito de troça, o sentimento que cresce no Brasil de que a regra da impunidade começa a perder força nesse país, onde o direito protege desde sempre os poderosos e a lei pesa mais sobre o povo.

Parece mesmo que a corrupção passou a ser uma prática mais arriscada no Brasil. Há poucos meses, quase ninguém acreditava que essa mudança poderia acontecer. Mas a sociedade compreendeu que pode fazer as instituições cumprirem os seus papéis.
Está aí o julgamento do mensalão condenando figurões com José Dirceu e José Genuíno, parlamentares, banqueiros e empresários.

Está sendo condenado, sobretudo, o modelo de fazer política que se tornou hegemônico nos últimos anos, baseado na corrupção, no aparelhamento do estado, na troca de favores, na compra de apoio político e na traição às idéias e compromissos apregoados nas campanhas eleitorais.

O julgamento do mensalão vinha sendo adiado por pressões e chantagens. E logo que começou, surgiram os ataques para desqualificar a denúncia, o processo, os procuradores, os juízes e o tribunal.
Essa estratégia é elaborada com requintes de marquetagem política. O terreno foi preparado com o bombardeio das teses do “julgamento pela imprensa” e do “era só caixa dois”.
O início das sessões foi marcado pela alegação de desrespeito aos direitos dos acusados e a farsa do recurso a cortes internacionais se houvesse condenações. Agora é a afirmação de que os réus estão sendo condenados sem provas.

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JULGAMENTO DE EXCEÇÃO

Os laboratórios intelectuais petistas contribuíram com a fórmula “julgamento de exceção”, segundo a qual o STF é o Santo Ofício do Planalto e Joaquim Barbosa é a reencarnação de Torquemada.
De lá pra cá, uma nota de desagravo ao presidente Lula comparou o julgamento ao Golpe de 64. Genuíno chamou jornalistas de “torturadores da ditadura”. E agora Dirceu e Genuíno repetem que se trata de processo “político de exceção”.

“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Esse ensinamento de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, tem sido usado e abusado pelo PT ao longo de sua história.
A “campanha da falta de provas” está sendo agora difundida pela CUT, pelos blogueiros chapa-branca e por todo o resto da máquina de propaganda do PT, todos pagos, é claro, com dinheiro público.

Depois de se associar a Sarney, Collor e Maluf, depois de usar políticas sociais públicas como políticas partidárias, depois de oficializar a corrupção, de aparelhar o estado, de defender o controle da imprensa e de envergonhar e destruir a sua própria militância, o PT agora se volta contra a esperança da sociedade de “fechar a Pizzaria Brasil” e de conquistar uma justiça mais republicana.

(Do Blog Este Mundo Possível, texto enviado por Mário Assis)
12 de outubro de 2012
Altamir Tojal

UM FUTURO SEM ERIC HOBSBAWM

 

Não é possível dizer que a morte de uma pessoa de 95 anos, em pleno estado de lucidez e produtividade, seja uma crueldade do destino.
O historiador marxista Eric John Ernest Hobsbawm (1917-2012), nascido numa família judia do Egito e grande símbolo da intelectualidade da Grã Bretanha, viveu uma vida emocionante.
Mas a sociedade inglesa hesitou em reconhecer o talento de um dos mais brilhantes inimigos dos sistemas em que se baseou o florescimento britânico: o capitalismo e o imperialismo.


Hobsbawm

Só em 1970, com 53 anos, foi nomeado full professor, um cargo que merecia desde duas décadas antes. Como ele mesmo disse, o macartismo britânico era um “macartismo brando”: “ele não te bota na rua, mas também não te permite avançar”.

Eric Hobsbawn é o paradigma do intelectual que aproveitou bem a vida. Sua morte priva ao mundo de uma aguda inteligência, de uma erudição racional e científica e de uma mentalidade popular e simples que colocou os fatos obscurecidos pela petulância da academia tradicional numa linguagem limpa, lúcida e acessível aos grandes grupos.
Aliás, ele descobriu fatos que nunca tinham sido percebidos, e estabeleceu relações que nenhum outro historiador (mesmo marxista) havia reconhecido antes.

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LUTA DE CLASSES

De fato, pode ser considerado o primeiro historiador do século 20, que abordou com critério científico (e não apenas partidário, como Lenin ou Stalin) a realidade histórica da luta de classes.
Este campo foi aberto por Marx e Engels, mas depois foi obscurecido pela banalização da historiografia nobiliária ou militarista, que centra seu estudo em “heróis” e “próceres”.

Deve ter-se em conta que muitos intelectuais marxistas de verdadeiro peso, como Antonio Gramsci e György Lukács, elaboraram teorias que foram originais, mas tinham uma forte motivação prática na militância.
Eles queriam construir ferramentas conceituais para o triunfo de suas causas, mas talvez não houvessem estudado com a necessária profundidade os fenômenos dos quais essa vitória dependia.

A Escola de Frankfurt, a grande criadora do nexo entre a temática clássica do marxismo e a análise da subjetividade humana, teve algumas contribuições capitais representadas por Herbert Marcuse, Erich Fromm e Wilhelm Reich.
Sem eles, seria impossível entender a motivação psicológica de fatos cruciais do século 20, como o nazismo, o fascismo, o racismo e, em geral, a brutalização das massas e a construção dos fetiches religiosos. Eles descobriram que a causa da crueldade e a barbárie era a repressão do traço mais emancipador dos humanos: a sexualidade.

Neste sentido, a obra conjunta da Escola de Frankfurt teve muito maior impacto na luta pela liberdade que o trabalho de Hobsbawm. Mas a Escola não quis ou não pôde dotar suas descobertas de rigor científico, preferindo manter seus valiosos achados no nível de intuição e da heurística.

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HARMONIZAÇÕES

Trabalhando num plano menos ambicioso, o historiador anglo-egípcio consegue harmonizar vários fatores da pesquisa e da exposição sócio histórica, que não eram integrados com esse nível de coerência desde os clássicos trabalhos historiográficos de Marx e Engels. Compare, por exemplo, A Era do Capital, de Hobsbawn com os estudos históricos dos fundadores do marxismo na mesma época. (Uma fonte para esta tarefa pode ser a coletânea Marx-Engels, Geschichte und Politik, ed. Fisher)

Basicamente, os três principais fatores foram:

(a) Informação histórica relevante, inteligentemente escolhida, cuidadosamente justificada, rigorosamente descrita e verificada.
(b) Análise profunda das consequências desse saber histórico para abordar o presente.
(c) Extrema clareza de sua exposição, que, como aconteceu com Marx, Engels e Kropotkin, transformava conhecimentos profundos em matéria acessível para os leitores mais simples.

Se nos cingirmos à qualidade científica, à clareza didática e à capacidade de inserir as descobertas na perspectiva histórica, Hobsbawn pode ser comparado apenas com poucos pesquisadores marxistas nas ciências humanas.
Por exemplo, com os economistas Ernest Mandel e Oskar Lange, os cientistas sociais Leo Huberman, Paul Baran e Paul M. Sweezy, o sociólogo Thomas Bottomore, o historiador Perry Anderson e alguns outros. Mas, ele conseguiu fazer um deciframento muito amplo dos fenômenos históricos dos séculos 19 e 20, enquanto os outros colegas desenvolveram pesquisas mais técnicas e circunscritas.

Em outros aspectos de sua atividade, Hobsbawm foi criticado por marxistas independentes e por liberais de esquerda, por sua filiação ao Partido Comunista Britânico e sua permanência nele, apesar de todas as atrocidades stalinistas. Mas, em realidade, sua posição neste ponto é confusa.

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SEMPRE NO PC

Ele criticou a invasão da URSS à Hungria em 1956 e à Tchecoslováquia em 1967, mas, diferentemente da enorme maioria dos intelectuais europeus, não foi capaz de romper com o partido. Possivelmente (como milhões de outras pessoas de sua geração) sofresse do feroz trauma deixado pelo nazismo, e achava que a União Soviética devia ser admirada como um símbolo da resistência.

Hobsbawm deve ser considerado como um dos maiores aplicadores dos critérios científicos e historiográficos marxistas na análise da realidade social dos séculos 19 e 20, incluindo o estudo dos primitivos grupos revolucionários espontâneos descritos com comovedora beleza em Primitive Rebels.

Entretanto, seu posicionamento sobre os sacrifícios massivos da sociedade para atingir um nível mais alto de desenvolvimento histórico (como a luta semi-suicida de milhões de russos para proteger seu sistema social dos nazistas) é ambíguo.
Por um lado, ele parece justificar o sacrifício individual em prol de uma estrutura abstrata e genérica como o “estado socialista”, em oposição, nesse sentido, ao humanismo marxista da Escola de Frankfurt e do próprio Marx da juventude.
Por outro, o fracasso do “socialismo real” o afundou na decepção e na necessidade de revisar suas propostas.

No entanto, o grande historiador não deve ser julgado como ideólogo nem como militante, papeis nos quais não teve destaque nem pretendeu ter. Mas devemos lembrar que o estudo histórico é um processo essencial para construir um projeto racional e humano de sociedade.

Aí, nas descobertas de novos fatos, na percepção de conexões entre fenômenos históricos diversos e na capacidade de interpretá-los de maneira clara e objetiva, aí está o mérito do velho Eric. Não podemos pedir mais dele.

Carlos Alberto Lungarzo é professor titular da UniCamp
e membro da Anistia Internacional . Colabora no blog “Quem Tem Medo da Democracia?”.