"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A QUADRILHA EM DOIS TEMPOS: À MARGEM DO ESTADO E DENTRO DELE.

Só um recadinho aos tolos: se e quando eu quiser, comento atos praticados por criminosos que, em países com uma Polícia Federal e um Judiciário um pouquinho mais ágeis, já estariam curtindo uma temporada na cadeia. Não costumo dar bola para o subjornalismo pendurado nas tetas do governo federal e das estatais. Conheço bem os métodos da canalha. Tirem deles o dinheiro oficial para ver se conseguem se sustentar…

Essa escória é um tipo relativamente novo, que surge junto com a chegada do petismo ao poder. De modo mais agressivo e organizado, passou a atuar depois do mensalão. Inventou-se a tese do “golpe da mídia”. Era a senha para justificar a formação de um eixo criminoso, composto por ex-jornalistas convertidos em lobistas, negociantes e esbirros de políticos enrolados com a Justiça. O dinheiro que os sustenta, reitero, é público.

Quem viu a imprensa séria dar bola para o Dossiê Cayman, uma fraude fabulosa, viu coisa pior do que isso que está em curso agora.
Com a Inernet ainda nos seus primórdios, a calúnia se espalhava mais lentamente. Também naquele caso, o material criminoso estava recheado de supostos “documentos”. Essa gente conta com a militância dos bucéfalos, como sempre, e com a ignorância dos crédulos.

Qual é o jogo da canalha? Amontoar uma batelada de acusações sem fundamento e depois sair cacarejando: “Por que não responde? Por que não responde?” Quem cai na sua conversa acaba refém de seus métodos. É como se Marcola ou Fernandinho Beira-Mar resolvessem fazer um dossiê contra as ações da polícia.

ATENÇÃO!
- AS PRIVATIZAÇÕES FORAM VIRADAS DO AVESSO, INCLUSIVE PELOS PETISTAS!
- SE HAVIA IRREGULARIDADES, POR QUE O SENHOR LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA NÃO ACIONOU A POLÍCIA FEDERAL? POR QUE NÃO TORNOU PÚBLICAS AS SUPOSTAS FRAUDES?
- SE HAVIA, COMO DIZEM, EVIDÊNCIAS CONTRA TUCANOS, POR QUE NÃO AS TROUXERAM A PÚBLICO OFICIALMENTE?

A resposta é simples: porque não havia nada!

Não por acaso, as campanhas eleitorais do PT nunca se concentraram nas supostas fraudes. Preferiram o embate ideológico. As estatais, passaram a dizer, foram vendidas “a preço de banana”, outra estupidez. Segundo o TCU, “preço de banana” era o das concessões de aeroportos definidos pelos petistas. Foi necessário elevar o preço mínimo, em um dos casos, em quase MIL POR CENTO!!!

Sai, canalha!
Essa gente acha que caio no truque. Há vagabundos que, num comentário, falam a linguagem de sempre dos jumentos. No seguinte, com o mesmo IP, chegam mansinhos: “Pô, Rei, você deveria comentar tal coisa; afinal, os petralhas estão…” Vão pastar!

Acompanhei no detalhe o massacre a que foi submetido o então secretário-geral da Presidência do governo FHC, Eduardo Jorge Caldas Pereira.
No caso, os petistas ainda estavam na oposição e contavam com o auxílio da facção petista do Ministério Público. Passados alguns anos, constatou-se que não havia uma só prova contra ele, um só indício, nada! Tudo era apenas parte de um projeto de poder.
Tratava-se apenas de uma “conspiração dos éticos”, como aqueles que estão na capa da VEJA desta semana, tramando, por telefone, recibos falsos para incriminar inocentes. A canalha petralha chamaria àquilo tudo “prova”.

Se e quando quiser, falo do que eu quiser, ficou claro? Eu não preciso recorrer ao mundo do crime para “bombar” o meu blog. Os meus leitores decentes me bastam. Os indecentes que passam por aqui o fazem porque querem e contra a minha vontade. E o favor que sempre podem me fazer é ficar longe. Falta de chute no traseiro é que não é. Houvesse um mata-burros eletrônico, eu o adotaria.

Havendo algum leitor eventualmente desconfiado, que não tem muita certeza se aquela gente é criminosa ou não, se está a serviço do poder de turno ou não, uma dica prática: vejam quem lhes paga o salário, verifiquem se conseguiriam manter suas revistinhas ridículas e seus blogs e sites bisonhos SEM O DINHEIRO DAS ESTATAIS. Se a resposta for “não”, vocês terão chegado a uma conclusão.
- já houve a escuta que resultou nas acusações fantasiosas sobre as privatizações;
- já houve o Dossiê Cayman;
- já houve o falso dossiê contra Eduardo Jorge;
- já houve o caso dos aloprados:
- já houve o dossiê contra FHC e Ruth Cardoso (calculem!), feito na Casa Civil;
- já houve o arapongagem da pré-campanha de 2010 por aquela turma chefiada, então, pelo “consultor” Fernando Pimentel;
- já houve a invasão do sigilo fiscal de tucanos e de familiares do candidato do PSDB à Presidência;
- há agora a retomada das acusações sobre as privatizações, tão falsas e estúpidas quanto aquelas feitas há mais de 10 anos.

Antes, tratava-se de uma quadrilha que operava à margem do estado. Hoje, trata-se de uma quadrilha que se aproveita das benesses do estado. Quando FHC estava no poder, o governo se esforçava para vencer a oposição. Os lugares se inverteram, e o PT se organiza para eliminar a oposição. Não por acaso, há eleições no ano que vem.

Nomes de quadrilheiros e das obras saídas de suas entranhas continuam vetados. Se e quando eu decidir citá-los, então cito. Quanto à imprensa, é bom lembrar que, não faz tempo, uma súcia tentou meter jornalistas na cadeia simplesmente porque faziam o seu trabalho.

Por Reinaldo Azevedo

EM TOM DE CAMPANHA, CHALITA CRITICA GESTÕES DE SERRA E KASSAB NA TV

"Com todo respeito ao [prefeito de São Paulo, Gilberto] Kassab, mas a cidade precisa de um prefeito que queira ser prefeito".
Essa é a frase dita pelo ex-tucano e pré-candidato à prefeitura de São Paulo Gabriel Chalita (PMDB) no programa "É Notícia" (RedeTV!) exibido nesta segunda-feira.

Visto como uma ameaça aos tucano-kassabistas na preferência do eleitorado, Chalita aproveitou a aparição na TV para criticar José Serra, ex-correligionário que deixou a Prefeitura de São Paulo, em 2006, para concorrer ao governo do Estado, deixando o posto ao vice, Kassab.

Chalita é prioridade de Temer para 'ressuscitar' PMDB em SP

"Quando você começa a focar em montar partido, em fazer discussões com outros olhares, você perde o foco daquilo que é fundamental. A cidade de São Paulo não pode ser mais trampolim para outros cargos", diz Chalita em referência ao abandono de cargo do Serra e à recente criação do PSD, feita por Kassab.

PS - Quanto começamos a pensar que a vida política está se assemelhando a cantores das muldidões, PMDB presenteia com seu Luan Santana, e Lula com seu Dominguinhos Hadadd do ENEN, começmos a imaginar que São Paulo vai degradar em Shows montados para os palanqueiros da papinha de minguaú com sucrilho de chocolate. Folha.com Movcc

LULA QUER VOLTAR AOS COMÍCIOS JÁ EM MARÇO, DIZ GARIBALDI

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já espera voltar em março às atividades políticas, inclusive participando de comícios. A informação é do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, que visitou Lula nessa segunda-feira, 12, no Hospital Sírio-Libanês, após exames detectarem que o câncer na laringe do ex-presidente regrediu em 75% do seu tamanho inicial. "Em março, se prepare que eu já vou estar fazendo comício", disse Lula, segundo Garibaldi.

O ministro voltou na manhã desta terça-feira, 13, ao Sírio-Libanês, onde seu pai também está internado. Garibaldi disse que Lula ficou eufórico com a informação de que as sessões de quimioterapia tiveram resultado acima do esperado pela equipe médica. "O ex-presidente está eufórico, claro, com a regressão do tumor", afirmou Garibaldi. "Ele ganhou mais uma batalha, e eu acho que é a principal, que foi a batalha da saúde."

Comentário - Foi o tempo de um resfriado mal curado. Não foi nenhuma batalha. A notícia de sua doença foi dada semanas atrás , e já temos a notícia de que ele volta a tagarelar. Ficamos felizes com a boa notícia de sua saúde, mas, impossível, não se aborrecer com esse homem vociferando nos palanques de São Paulo - para eleger seu candidato que deu provas suficientes de incompetência no ministério da Educação.
Não será novidade de Lula usar o "câncer" como bandeira para comover corações ingênuos. Será o repeteco de Dilma com "câncer" que, também, foi um tempo curto de uma pneumonia mal curada.

Essa gente é sortuda demais. Nossos parentes e amigos que morreram de câncer, travaram em vida a grande batalha pela cura. Minha mãe, com os melhores oncologistas, demorou mais de um ano para receber avaliação - só depois da radioterapia - estava curada. Estava nada. Morreu depois de alguns meses para a surpresa de todos nós da família.
Que a dinvidade maior -proteja todos os cancerosos de poucos recursos, principalmente, aqueles do SUS - que sequer, conseguiram a primeira quimioterapia. Gustavo Uribe, da Agência Estado MOVCC

VALE À PENA VER DE NOVO: ADVINHEM QUEM SÃO OS RATOS...



Este video foi criado pelo Duda Mendonça para a campanha do PT, criticando a tucanada, e vejam só que ironia, o Lula criou e sevou as ratazanas, e a Dilma não consegue se desvencilhar dessa praga, porque ela também se presta a servir de "ratazana rainha" nesse lixo e acaba se comprometendo cada vez mais com essa imoralidade.

DE VOLTA AO PASSADO: JESSIER QUIRINO



Arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Apareceu na folhinha no ano de 1954 na cidade de Campina Grande, Paraíba e é filho adotivo de Itabaiana também na Paraíba, onde reside desde 1983.
Filho de Antonio Quirino de Melo e Maria Pompéia de Araújo Melo e irmão mais novo de Lamarck Quirino, Leonam Quirino, Quirinus Quirino e irmão mais velho Vitória Regina Quirino.

Estudou em Campina Grande até o ginásio no Instituto Domingos Sávio e Colégio Pio XI. Fez o curso científico em Recife no Esuda e fez faculdade de Arquitetura na UFPB -- João Pessoa, concluindo curso em 1982. Apesar da agenda artística literária sempre requisitada, ainda atua na arquitetura, tendo obras espalhadas por todo o Nordeste, principalmente na área de concessionárias de automóveis.

Na área artística, é autodidata como instrumentista (violão) e fez cursos de desenho artístico e desenho arquitetônico. Na área de literatura, não fez nenhum curso e trabalha a prosa, a métrica e a rima como um mero domador de palavras.

Interessado na causa poética nordestina persegue fatos e histórias sertanejas com olhos e faro de rastejador. Autor dos livros: "Paisagem de Interior" (poesia), "Agruras da Lata D`água" (poesia), "O Chapéu Mau e o Lobinho Vermelho" (infantil), "Prosa Morena" ( poesia e acompanha um pires de CD ), "Política de Pé de Muro - O Comitê do Povão" ( legendas e imagens gargalhativas sobre folclore político popular ), CDs: "Paisagem de Interior 1 e Paisagem de Interior 2", o livro: "Bandeira Nordestina" (poesia e acompanha um pires de CD), A Folha de Boldo Notícias de Cachaceiros - em parceria com Joselito Nunes -- todos editados pelas Edições Bagaço do Recife - além de causos, músicas, cordéis e outros escritos.

A TAL DA FELICIDADE

Melhor ser feliz em uma cidade linda pagando barato do que ser feliz em uma cidade feia pagando caríssimo, escrevia eu ontem. Modo de dizer. Porque felicidade é coisa que não me preocupa. É algo muito subjetivo, dizia. Há quem se sinta feliz porque seu time é campeão, outros porque compraram um carro do ano e outros porque a filha casou. Para começar, não saberia definir o que é a tal de felicidade.

Ano passado, escrevi sobre o Butão, aquele pequeno país isolado no Himalaia, cujo rei, Sua Majestade Jigme Singye Wangchuck – o primeiro marajá da dinastia dos Wangchuk a auto-intitular-se rei – decidiu abandonar os obsoletos índices de Produto Interno Bruto e substitui-lo por um índice de Felicidade Interna Bruta. Abaixo o PIB, viva a FIB. Sua jogada de marketing parece ter agradado às eternas e azedas esquerdas, que acham que PIB não quer dizer nada. Não que acreditem nisso, mas como o PIB das nações capitalistas sempre foi superior ao das socialistas, então o PIB “é do mal”. Já o FIB “é do bem”.

Segundo pesquisa feita há cinco anos pelo economista britânico Richard Layard, em Happiness: Lessons From a New Science, a felicidade residiria no reino budista do Butão. Segundo Jigme Singye Wangchuck, quanto mais uma pessoa assiste televisão, menos feliz ela é. A solução então é simples: retire a televisão da sala e suas chances de ser feliz aumentarão. Sua Majestade parece ter conseguido vender ao Ocidente a idéia de que, para a felicidade geral das nações, é melhor renunciar ao presente e encerrar-se nas trevas do passado. Sob o repúdio à televisão, o livro esconde uma tese safada: informação é infelicidade. Não que eu veja a televisão como conditio sine qua non da felicidade. Mas, bem ou mal, televisão traz informação.

Seria a felicidade uma espécie de nirvana, um estado de repleção no qual não há mais nada a desejar? Se for assim, não me serve. No dia em que não desejar mais nada na vida, estou pronto para partir. Por enquanto, desejo muito. Há países que não conheço, bebidas que ainda não bebi, fjordes e rias pelos quais não naveguei, livros que ainda não li. Países que certamente não vou conhecer, bebidas que não beberei, fjordes pelos quais não vou navegar, livros que não lerei. Mas sempre resta a vontade. Esta vontade é o que impele a viver.

Informação é inimiga da felicidade. Há milhões de pessoas que sentem felizes imaginando que têm uma alma imortal e que, após a passagem, serão acolhidas pelo Criador nalgum paraíso situado sabe-se lá onde. Basta ler um pouco e a pessoinha descobre que não existe nem alma nem criador nem paraíso. É óbvio que nessa ocasião somos tomados por uma sensação de perda. Aconteceu comigo, lá pelos quinze anos. Ainda bem que foi em meus verdes anos e logo me recuperei do prejuízo. Quando deixei de crer nessas patacoadas, o mundo se abriu para mim com todas suas possibilidades.

Jamais me passou pela cabeça a idéia de ser feliz. Sentir-me bem comigo mesmo já me basta. Onde estiver, estou bem. Não freqüento ambientes que não me agradem. Muito menos pessoas de quem não gosto. Visitei, é verdade, países onde não me senti bem. Mas o saldo foi positivo: conheci o pior dos mundos e passei a valorizar ainda mais o melhor. Para bom aluno, mesmo uma experiência negativa é positiva. Há dois lugares em que não gostamos de estar, pensava eu quando jovem: na prisão e no hospital. A vida me ensinou que muitas vezes é muito bom estar no hospital. Há momentos em que hospital é o melhor lugar do mundo.

Acabo de ver, mais ou menos por acaso, um vídeo de Jorge Maranhão, no site avozdocidadão, analisando o artigo em que comentei a tal felicidade: http://www.youtube.com/watch?v=qN_bgFJ11aM . Maranhão considera que a felicidade é fruto do trabalho, ao contrário do que difundem as esquerdas, associando-a à acumulação de bens. Assino embaixo. Considero que trabalho, qualquer que seja, é o que nos une ao mundo. Claro que tudo depende do que se ambiciona. Eu não me sentiria bem sendo taxista ou barbeiro. (Certamente porque recebi muita informação). Mas gosto de ver meus taxistas ou barbeiro de bem com o mundo, exercendo um ofício que é bem mais necessário que o meu.

Não preciso mais trabalhar, mas trabalho. Me entediaria como uma ostra se não escrevesse diariamente este blog. Quanto ao mais, penso que não é preciso ser milionário para se viver bem. Uma certa grana é necessária, é verdade. Mas não muita. Quando jovem, sempre considerei dinheiro uma bobagem. Minhas necessidades eram mínimas. Certo dia, em um livro de Bernard Shaw, li uma frase que me chocou. Cito de memória, sem muita precisão: dinheiro é saúde, cultura, educação, requinte. Talvez não fosse exatamente esta a frase, mas seu sentido era este. Naqueles anos, eu era católico e a pobreza me encantava.

Há alguns anos, comentei o chamado Paradoxo de Easterlin. Em 1974, Richard Easterlin, economista que então lecionava na Universidade da Pensilvânia, publicou um estudo no qual argumentava que o crescimento econômico não necessariamente propiciava mais satisfação. As pessoas de países pobres, e isso não deve causar surpresa, se tornavam mais felizes quando passavam a ser capazes de arcar com o custo dos produtos cotidianos. Mas ganhos adicionais pareciam simplesmente redefinir os parâmetros. Para expressar a questão em termos cotidianos, ter um iPod não torna uma pessoa mais feliz, porque, quando ela o tem, passa a desejar um iPod Touch. A renda relativa - os ganhos de uma pessoa em comparação com os de pessoas que a cercam - importa bem mais que a renda absoluta, escreveu Easterlin.

Este paradoxo apontava para um instinto quase espiritual dos seres humanos de acreditar que o dinheiro não pode comprar felicidade. Na ocasião, na Brookings Institution, em Washington, dois jovens economistas, Betsey Stevenson e Justin Wolfers, concluíram - ó gênio! - que dinheiro tende a trazer felicidade, mesmo que não a garanta. A renda faria diferença. Após pesquisas conduzidas em todo o mundo, o instituto Gallup descobriu que o índice de satisfação é mais elevado nos países mais ricos. Os residentes desses países parecem compreender que vivem bastante bem, mesmo que não tenham um iPod Touch.

Essa agora! Pesquisar no mundo todo para concluir que ter dinheiro é bom. Em meus dias de jovem, a última coisa que me preocupava em minha vida era dinheiro. Sem conhecer mundo, minhas necessidades eram poucas. Tendo o de comer e o de beber, mais o carinho de uma mulher, a vida estava plena. Nos anos de universidade, vivi em pequenas kitchenettes e entre aquelas estreitas quatro paredes fazia minha vida. Não me queixo. Foi bom.

Hoje, tendo condições de ter um iPod ou iPad, não tenho nenhum dos dois. Posso ter carro de porte, mas detesto carros. Com carro não se vai longe. Se é para ir longe, começo por Cumbica.

Mas falava de quê? Ah, da tal de felicidade. Coisa de livros de auto-ajuda. Para mim, escrever e viajar, ler e ouvir boa música, conversar e beber com meus amigos, já está de bom tamanho.
JANER CRISTALDO

RETIRADOS R$ 35 BILHÕES QUE SERIAM APLICADOS NA SAÚDE

EMENDA 29 - SENADORES E DEPUTADOS FEDERAIS GOVERNISTAS DO PT E ALIADOS RETIRARAM DO TEXTO R$ 35 BILHÕES QUE SERIAM APLICADOS NA SAÚDE

Uma no cravo, outra na ferradura. Para fazer o acordo que permitiu votar, em primeiro turno, a prorrogação da DRU (Desvinculação de Receitas da União), o Palácio do Planalto topou votar também a emenda 29, a que destina recursos para a área de saúde. Só que retirou do texto aprovado a obrigação de aplicar mais R$ 35 bilhões no setor. Sobrou para os estados, que terão de gastar um pouco mais a partir do ano que vem, mas não é nada que quebre seus caixas. Tanto que não se ouvia choradeira dos governadores , que poderiam com sua influência melar o acordo feito no Senado. Afinal, a Casa é a representação dos Estados.

Se servir de consolo algumas bancadas estaduais, entre elas a de Minas Gerais, optaram por mudar a estratégia na apresentação de emendas coletivas e individuais ao projeto de Orçamento da União no ano que vem,. Em lugar de privilegiar as perigosas festas no interior que tantos escândalos produziram, preferiram descarregar recursos na saúde, na esperança de que eles sejam. efetivamente liberados em 2012. É o resultado da dificuldade em liberar emendas deste ano.

Foram poucos os ministérios que conseguiram atender o senadores e deputados , mesmo depois da liberação da equipe econômica.

As emendas parlamentares são contigenciadas pela equipe econômica. Ou seja, passarão a depender de uma canetada da Presidente DILAM ROUSSEFF para serem liberadas, mas fica aberta a oportunidade de ampliar os recursos para a área de saúde. Vai depender apenas de um pouco de vontade política.

O PMDB é muito guloso. Após ter contribuido com a ajuda da aprovação da DRU, não dá sossego á presidente Dilma Rousseff. Sabem porque? Porque eles continuam insatisfeitos com a demora nas nomeações para os cargos de segundo e terceiro escalões. Olha que aqui em Minas Gerais, todo mundo já passou pelo crivo da Agência Brasileira de inteligência ( ABIN ).

O PMDB de MG, realmente não se satisfaz com nada que ganha. São muito asquerosos, tanto é verdade, que o seu Presidente lembra; que pode acontecer uma coisa inédita : acabar o primeiro ano do governo da presidente sem que os cargos nos estados tenham sido preenchidos.

PMDB é insaciável. Fazem de tudo para conseguir nomeações, não se importando se é bom ou ruim para o povo. O negócio é ficar do mais forte e aguardar oportunidades.
Coluna do Dirceu

CONCLUSÕES POLITICAMENTE INCORRETAS EXTRAÍDAS DA MORTE DE KADAFI

Muamar Kadafi era, sem dúvida, um déspota desagradável — há tiranos "maneiros’... — , vingativo, nem um pouco esclarecido. Quando menino, nas aulas de História Geral, eu achava engraçada a expressão "déspota esclarecido". Cheio de caprichos, Kadafi dava imenso trabalho ao cerimonial e serviços de segurança dos países do Primeiro Mundo que visitava como convidado oficial. Exigia dormir em tendas, ao ar livre, mesmo em Roma, Nova Iorque e Paris. Não tinha o menor receio de afrontar os representantes das maiores potências nem os CEOs das riquíssimas companhias petrolíferas ocidentais, embora plenamente consciente de que dinheiro é poder. E o poder consegue praticamente tudo quando dispõe, sozinho, do privilégio de moldar, à vontade, a manipulável opinião pública. Kadafi atreveu-se — conta-se —, a rasgar a Carta das Nações Unidas em plena Assembléia Geral da ONU. Descontada a teatralidade, tinha uma certa razão, porque essa Carta não foi concebida para impor estilos de governo. Foi feita para obrigar, igualmente, todas as nações, fortes e fracas, a respeitar as demais, não interferindo nos seus assuntos internos.
Pelo que informa a mídia, Kadafi guardava no Exterior bilhões de dólares, em contas do Banco Central líbio e outras instituições governamentais. Como suas decisões não podiam ser contestadas por ninguém, o dinheiro depositado poderia — em tese — ser sacado pelo próprio Kadafi, para uso pessoal ou de sua família. Por outro lado, estando tais contas em nome de órgãos governamentais, isso foi benéfico para a Líbia, que ficou com reservas em dinheiro depositado no Exterior. Estivesse o dinheiro depositado em bancos na própria Líbia, essa riqueza já teria sido saqueada na confusão de meses de lutas internas.
Por mera intuição de psicólogo amador, arrisco "diagnosticar" — futuros biógrafos mostrarão se estou certo ou errado — que Kadafi fazia algum uso de anfetaminas, droga que, quando consumida sem restrições acentua a mania de perseguição, passada a euforia inicial. No seu caso, aliás, a paranóia era altamente recomendável porque o mantinha em constante alerta contra um enxame de inimigos que queriam seu lugar. Tendo tomado o poder ilegitimamente, em 1969, com 27 anos, sabia que só podia confiar na força e na intimidação porque foi com esses componentes da luta política — em países com pouca alfabetização — que se tornou o "homem forte" da Líbia. Conseguiu esse status em setembro de 1969, mediante um golpe de estado. Liderando um grupo de oficiais, tomou o poder quando o rei, Idris — o primeiro e único rei líbio — estava ausente do país. Idris, um monarca religioso e de saúde frágil, após sua deposição foi acolhido pelo Egito, ali vivendo — tudo indica confortavelmente —, até falecer em 1983. Nesse "golpe" de 1969 não houve derramamento de sangue.
Não obstante seus inúmeros defeitos — mesmo o demônio não consegue a perfeição em sua maldade — , Kadafi beneficiou o povo líbio quando, logo após se tornar o "dono" do país, exigiu uma maior participação estatal nos lucros do petróleo, extraído pelas poderosas empresas ocidentais. Caso contrário, elas não teriam mais permissão de continuar operando. Sabia que as petrolíferas acabariam cedendo, como realmente ocorreu. Seria suicídio econômico se elas abandonassem o lucrativo investimento. E sua ousadia foi sendo imitada por outros países da região, ricos em petróleo e gás, o que explica — em boa parte —, porque Kadafi era tão odiado pelos países mais ricos do ocidente.
Com a maior união dos países árabes, no item petróleo, o barril foi subindo de preço, para indignação daqueles países ocidentais acostumados, até então, a conceder à Líbia e outros países árabes apenas as migalhas do lucrativo negócio. Esses aumentos pareciam, ao Ocidente, uma autêntica "extorsão", tirando proveito de uma forma de energia até então impossível de substituir. Um dia Kadafi pagaria por esse estímulo à "chantagem".
E pagou, no dia 20 de outubro de 2011, ainda que, com muita habilidade política, usando-se mãos alheias: os revoltados com a longa ditadura. Seria necessário, para salvar as aparências, que os rebeldes líbios — não a OTAN —, fizessem o "serviço sujo". Atente-se que os pilotos da OTAN, sabendo ou presumindo que Kadafi estava na caravana de automóveis que fugia da cidade, não bombardeou ou metralhou largamente os veículos — como vinha fazendo antes —, porque com isso poderiam matar o ditador. A ordem, provavelmente, para os pilotos — ou para os controladores dos vôos não tripulados — seria mais ou menos essa: —"Apenas impeçam a fuga dele! Não o matem! Detido o comboio, será alcançado pelos rebeldes que certamente o matarão, algo muito mais prático que um julgamento público. Sabe-se lá o que ele diria em sua defesa, no tribunal? Se os aviões da OTAN o matarem diretamente estaremos violando a Convenção de Genebra. Isso seria um ato de guerra. E nesta é crime matar o inimigo que se rendeu. Juridicamente não estamos "em guerra". Estamos apenas favorecendo um dos lados, protegendo a população líbia". E assim aconteceu. Os revoltosos pegaram Kadafi e o lincharam e mataram. Soaria muito mal, política e juridicamente, que potências estrangeiras, integrantes da Otan, matassem um chefe de estado no próprio país dele. Essa manobra tem uma metáfora bem popular: "Puxar a sardinha com a mão do gato".
Abordando o assunto sob o ângulo de Direito Internacional é preciso frisar que a Carta das Nações Unidas não autoriza o uso do assassinato de chefes de estado a mando de outros Estados, seja em nome próprio ou através de organizações militares, como a OTAN. E o que aconteceu na Líbia foi exatamente a utilização do que é proibido: força aérea estrangeira metralhando e bombardeando as forças armadas de um país cercado e não acusado de agressão. Kadafi não atacara nem os EUA, nem o Reino Unido, nem a França. Um artigo de um especialista, Roberto Godoy, no jornal "O Estado de S. Paulo", revela-nos que a Otan dava cobertura ao avanço dos revoltosos, "garantidos pelo bombardeio aéreo, intenso e diário, dos 180 aviões da coalizão internacional".
Se isso não representa desrespeito à livre determinação dos povos, nítido ato de guerra, não dá mais para saber o que é guerra. A agressão não precisa, para ser caracterizada como tal, realizar-se com tropas marchando no chão. Se assim fosse, nações fortes poderiam jogar algumas bombas nucleares para arrasar qualquer país sem serem acusadas de ato de agressão. Um único avião poderia fazer "o serviço". Muito mais devastador do que milhares de soldados no solo. E na Líbia eram muitas dezenas de aviões atacando as forças governamentais. É muita inocência, ou malícia interpretativa, dizer que é indispensável a presença de soldados no solo para caracterizar uso da força, sob o prisma do Direito Internacional. O uso da força aérea é decisivo para vencer guerras, nos tempos atuais. Houve, sim, no caso líbio, uma poderosa e letal interferência de outros países, integrantes da OTAN, para derrubar um governo. Isso sem falar na presença, em terra, de dezenas de assessores estrangeiros, orientando os revoltosos sobre como articular os ataques contra o tirano, isso sem mencionar o fornecimento de armas.
Sobre tiranias, também o Direito Internacional não chegou ao ponto de permitir que países possam invadir outros para remover governantes que consideram, com ou sem razão, tiranos. Se os povos são soberanos, como diz a doutrina, podem apoiar um ditador, que lhes pareçam benéficos, talvez até mais justos que algumas democracias de papel. É certo que a democracia, em tese, é melhor que a ditadura, mas isso não autoriza as nações ou coligações a invadir países para remover governantes não democráticos.
Alguém dirá que a OTAN interferiu com ataques aéreos apenas por motivo nobre, defendendo direitos humanos, pois o ditador estava matando revoltosos, seus próprios cidadãos — que, convenhamos, estavam também dispostos a espancar ou matar o tirano.
Se o argumento da "nobreza" vale, na teoria, figuremos a seguinte hipótese: suponhamos que um milhão de americanos, reunidos em frente à Casa Branca, em Washington, protestasse contra a política econômica de Barack Obama. Exaltados, os manifestantes ameaçam invadir os jardins da Casa Branca. A polícia intervém com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Dois manifestantes morrem e a turba, mais enfurecida, tenta ingressar na sede do governo federal. Aí a polícia passa a atirar com balas de verdade. Aí teríamos o "massacre". Se o conflito se generalizasse, em várias cidades — pergunta-se —, teria a China, por exemplo, o direito "humanitário" de dar apoio aéreo à "população massacrada" bombardeando a Casa Branca e o Pentágono? Não seria, essa hipotética atitude chinesa, uma distorção na "proteção dos direitos humanos"? Sanções econômicas e diplomáticas são aceitáveis, sob o prisma internacional dos direitos humanos, mas intensos bombardeios significam clara interferência bélica nos assuntos internos de outros países, ainda proibida — pelo menos em teoria. Assim, tinha certa razão Kadafi quando, dizem, rasgou, na ONU, a Carta das Nações.
Um detalhe sobre o qual a opinião pública internacional deve permanecer atenta, futuramente— para conhecer as reais motivações do apoio bélico aéreo contra Kadafi — será saber se o novo governo líbio ficará ou não devendo dinheiro aos países que controlavam a OTAN. Receio que o fator petróleo está no topo do conjunto de motivos para a invasão aérea e o linchamento, "por procuração", do tirano.
Pergunta importante: o futuro governo líbio terá, por caso, que pagar financeiramente as armas recebidas dos americanos, franceses e ingleses? As despesas da OTAN com aviões, bombas, munições e assessoria militar em terra, deverão ser reembolsadas? Se isso ocorrer — seria muito cinismo... — estará comprovada a segunda intenção — petróleo! — da cobertura aérea e apoio tático aos revoltosos. Isso porque estando as finanças líbias muito desorganizadas, após meses de anarquia, o país só poderá, talvez, pagar tais empréstimos com concessões para extração do petróleo. Além do petróleo, com que outra riqueza o novo governo líbio pagaria essa dívida. Com areia? Ainda não se sabe se os alegados depósitos líbios no Exterior seriam suficientes para indenizar os gastos feitos pelos principais países que integram a NATO.
Empresas chinesas e de outros países — não integrantes da NATO — também extraiam o petróleo líbio. Voltarão elas a operar no país, quando a Líbia estiver sob novo governo, ou somente EUA, França e Reino Unido é que tomarão conta do petróleo líbio? Esse detalhe é importante para se verificar se a queda de Kadafi foi motivada apenas pela defesa dos direitos humanos ou se por trás dessa bela expressão havia alguma oleosa ambição política?
O assassinato, direto ou por procuração, ainda impregna a política internacional, prática que imaginava-se fora de moda. Por outro lado, o assassinato de Kadafi é um alerta de que as tiranias já não podem se defender com a eficácia de antigamente.
O exercício do poder é agradável. E, se absoluto — foi o caso de Kadafi —, agradabilíssímo. O que explica porque todos os governantes — inclusive presidentes de democracias ocidentais — queiram permanecer no cargo até a morte. E mesmo além dela, através de um filho sucessor, prova de que o "gene" da "monarquia" ainda impregna o código genético da natureza humana.
Todo governante gostaria de ser o fundador de uma dinastia infinita. "Jamais por amor ao poder, claro. Adoro meu povo quando me aplaude!". Difícil um presidente que não queira voltar ao poder. O próprio Barack Obama também faz questão de continuar, enquanto a legislação assim permitir, o que explica sua súbita mudança de mentalidade no avaliar situações internacionais. Em questão de semanas passou de "pomba" a "falcão". Se os eleitores querem mais "firmeza", sejamos "duríssimos", "do contrário perco a eleição". Putin saiu quando ficou impossível continuar, mas pretende logo voltar. E assim por diante, em todo o planeta. E os tiranos nem podem dar ao luxo de deixar o poder, porque é imenso o risco do assassinato. Por tal razão, e outras, é que a democracia — mesmo quando corrupta —, é superior às ditaduras. Nestas, quem entra não quer nem pode sair, sem risco de vida. Nas democracias, ninguém quer sair, mas pelo menos pode.
Para os líbios, no longo prazo, foi bom o afastamento de Kadafi, mas antes de melhorar vai piorar, por meses ou anos. Pessoas de sensibilidade normal não gostaram nem um pouco da brutalidade como ocorreu a queda do tirano. Melhor seria se seu afastamento ocorresse de modo mais civilizado. Em um tribunal, ele poderia nos revelar coisas bem interessantes, para susto de alguns chefes de estado.
As considerações deste artigo têm também a finalidade de sugerir que os leitores em geral estão bem cientes das manobrinhas astutas da política internacional, que se imagina mais inteligente do que realmente é.

Francisco César Pinheiro Rodrigues é desembargador aposentado do TJESP e escritor.

PLANO BRASIL SEM MISÉRIA E SEM PALAVRAS. QUE TAL UM: PLANO BRASIL SEM [P]artido [T]orpe?

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) adotou a estratégia do silêncio diante das informações sobre o gasto de apenas 0,5% dos recursos liberados pela Presidência da República para o Plano Brasil Sem Miséria.

Desde sexta-feira, 9 de dezembro, o Correio tenta obter respostas do MDS sobre a execução do plano, mas a assessoria de imprensa afirma que os dados só serão divulgados no balanço previsto para a próxima sexta no Palácio do Planalto.

Foram enviadas 11 perguntas ao MDS, sete na última sexta e quatro ontem.

Uma delas diz respeito ao destino das famílias acampadas nos fundos do Senado e do Palácio do Jaburu. Em condições de miséria desde janeiro, quando o Correio as localizou, a situação das famílias piorou em um ano.

Ficaram sem respostas também os questionamentos sobre o represamento do dinheiro destinado a orientação profissional (R$ 1,8 milhão), fomento a atividades rurais (R$ 11,3 milhões) e assistência técnica a trabalhadores (R$ 21,5 milhões). Todas as ações são atribuições do MDS.



O crédito de maior valor, R$ 161 milhões, é para obras e equipamentos para oferta de água.
O responsável é o Ministério da Integração Nacional, que deixou de responder as quatro perguntas formuladas pelo Correio. Afirmou que a explicação deveria vir do MDS.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) foi o único a gastar o dinheiro liberado: pouco mais de R$ 1 milhão dos R$ 10 milhões previstos, o equivalente a 3.577 pagamentos do Bolsa Verde, um benefício trimestral de R$ 300 destinado a famílias que promovem a preservação ambiental.

Segundo a assessoria de imprensa do MMA, a quantidade de famílias beneficiadas é maior. No site do MMA, são listadas 7,6 mil famílias como beneficiárias do Bolsa Verde.

O Portal da Transparência e o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) mostram, porém, um gasto de R$ 1 milhão, suficiente para pouco mais de 3,5 mil bolsas.

Correio Braziliense

A CARNAVALIZAÇÃO DA CULTURA POPULAR

No livro A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais (1965), o pensador russo Mikhail Bakhtin (1895-1975) desenvolveu o conceito de carnavalização e o identificou intrinsecamente à cultura popular, pois esta, ao valorizar a dimensão corporal da vida, tende a ridicularizar, parodiar e subverter a seriedade, os rituais fechados e as transcendentais pompas legalistas dos poderes instituídos.

Embora analise a carnavalização na literatura do escritor renascentista francês François Rabelais (1494-1553), precisamente tendo em vista a obra cômicaGargantua e Pantagruel (1552), penso que os argumentos de Bakhtin podem ser ampliados de tal sorte a admitirmos que existe carnavalização para valer quando uma manifestação cultural – e política – debocha de toda e qualquer hierarquia, demonstrando, via riso, informalidade, trapaça e valorização do cotidiano, o quanto os lugares de poder, quaisquer que sejam, são ridículos e farsescos.

A carnavalização, sob esse ponto de vista, é uma questão de povo, pois é o povo que, não ocupando poder institucional algum, ridiculariza todos os poderes existentes, seja imitando-os de forma caricatural, seja ridicularizando-os, seja simplesmente, com muito artifício e avacalhação, divertindo-se, sem lei e sei moral, através da festa carnavalesca de um mundo sem poderes, com seus falsos legalismos e rituais hierárquicos de exclusão, uma vez que, para ficar no óbvio, a força da lei só vale, em qualquer época histórica, para quem não detém, de origem, o poder soberano.

Uma grotesca ilusão

Penso, entretanto, que o conceito de carnavalização de Bakhtin tal como exposto acima foi plenamente válido até o advento da civilização midiática (1945) e, portanto, não vale mais para a nossa atual época, neoliberal, pois hoje é o inverso do inverso que ocorre: as elites econômicas é que carnavalizam o povo, ora imitando ser mais povo que o povo, ora inventando, como ocorre com a cultura de massa, uma civilização, a nossa, em que todos gostamos de tudo que o povo gosta, independente de nossa classe social e desde que, obviamente, não deixemos de ser proprietários das posses que temos, pois as diferenças econômicas, é o que dizemos para nós mesmos, são necessárias, desejáveis e efetivamente desejadas.

De forma farsesca e ao mesmo tempo trágica, são, no atual presente histórico, as elites que se apropriam da chamada cultura popular e a carnavalizam, produzindo o efeito ilusório de que vivemos numa civilização de oportunidades iguais, uma vez que cultivamos os mesmos artistas midiáticos, os mesmos gêneros musicais, os mesmos filmes, os mesmos programas de auditório, assim como desejamos as mesmas reificadas mercadorias.

Sob esse ponto de vista, é possível dizer que, na atual pós-modernidade neoliberal, a própria ideia de comunismo é carnavalizada pelas elites econômicas, pois produzimos carnavalescamente uma civilização em que a hierarquia cultural foi rompida e, por isso mesmo, tal como a carnavalização de Bakhtin, vivemos com júbilo a grotesca ilusão de que somos corporalmente comuns, no que diz respeito a nossas ações e vivências culturais.

A homenagem de fim de ano

A cultura de massa, mais do que o lugar de rompimento entre o erudito e o popular, a alta e a baixa cultura, constitui, hoje, o massificado horizonte midiático a partir do qual as elites econômicas carnavalizam promiscuamente a cultura popular, destronando-a de si mesma e transformando-a em carnavalesco comunismo cultural pleno de hierarquias econômicas, produzindo a ilusão de ótica, por tabela, de que o rico é gente boa, pois é povo como a gente.

Vivemos na época do comunismo cultural do baixo-ventre, na qual todos desejamos sexualmente a todos, independente de classe social, etnia e, cada vez mais, de gênero, desde, é claro, que não nos misturemos economicamente e que nos mantenhamos em nossos hierárquicos lugares eternos: o pobre na favela e o rico em condomínios fechados, até porque o apoteótico altar da arquitetura da civilização do comunismo cultural do baixo-ventre afinal de contas é, via de regra, ocupado por famosas pessoas tão simples e informais como a gente e, ainda tal como a gente, são famosas pessoas que gostam precisamente da mesma música de Zé Camargo e Luciano que também gosto ou deveria gostar, se não quiser ser acusado de elitista e reacionário.

É nesse contexto que devemos analisar a lógica subjacente e ao mesmo tempo carnavalescamente escrachada da atual homenagem de fim de ano da TV Globo, com sua carnavalesca letra que assim começa: “Hoje é um novo dia...”, o dia em que Faustão se fantasia de garçom, Luciano Huck, por sua vez, de taxista; Ana Maria Braga, de empregada doméstica; William Bonner, de carteiro, a Xuxa, de babá e, por fim, a angelical Angélica de faxineira.

A homenagem global de fim de ano, dessa forma, carnavaliza e expande o comunismo cultural popular do baixo-ventre, invertendo, fantasiosamente, a hierarquia econômica: Faustão, que nem no Brasil mora, é um simples e popular garçom; Xuxa, que igualmente tem os Estados Unidos como primeira moradia hierárquica, é uma amorosa e cuidadosa babá popular de não menos fantasiadas criancinhas burguesas; William Bonner, exemplar carteiro que não deve ter participado da última greve da categoria, olha aí, não ganha como supúnhamos, a fortuna que recebe por ano, posto que vive do miserável salário que os carteiros recebem.

Mediadores da exploração de classe

Viva o comunismo cultural da cultura de massa! Nele e através dele todas as ilusões são possíveis, pois o novo dia já começou: sejamos os carteiros, o William Bonner; as babás, a Xuxa; os taxistas, o Luciano Huck; as empregadas domésticas, a Ana Maria Braga; os garçons, o Faustão e as faxineiras, a angelical Angélica.

Tenhamos, como primeira moradia hierárquica, tal como eles, nossa mansão em Miami, pois tal como a sequência da letra, as alegrias serão de todos, no fantasioso comunismo cultural da cultura de massa, desde que não subvertamos a hierarquia econômica, denunciando e destronando a apoteose dos escandalosos e corruptos salários e rendas publicitárias que esse povo global recebe, como aplicados medíocres funcionários mediadores de nossa domesticação generalizada, porque, nesse caso, um Faustão ou uma Xuxa ou uma Ana Maria Braga ou um William Bonner ou um Luciano Huck ou uma Angélica imediatamente retiraria a fantasia de explorado e vestiria sem dó e piedade a fantasia militar da repressão e criminalização do subversivo e intrinsecamente (porque real) carnavalesco povo.

“Cassetete neles!”, “Salvem-nos o golpe militar idealizado pela embaixada americana do Brasil”, diriam raivosos.

Aí sim, caso insistíssemos em nossa primavera árabe – ao estilo da potência insubmissa da carnavalização da apoteose midiática, protagonizada pelo povo brasileiro –, aí sim poderíamos, através de uma subversiva festa popular, dizer: “Hoje é um novo dia, de um novo tempo, porque sem realidade de explorados, pois sem opressores, logo sem Xuxa, Faustão, Luciano Huck, Angélica, Ana Maria Braga, William Bonner e outros medíocres mediadores da exploração de classe nacional e internacional.”

***

[Luís Eustáquio Soares é poeta, escritor, ensaísta e professor da Universidade Federal do Espírito Santo], 13/12/2011

OS PIRATAS DA POLÍTICA

A privataria tucana, de Amaury Ribeiro Jr., 344 pp., Geração Editorial, São Paulo, 2011

A Privataria Tucana é o resultado final de anos de investigações do repórter Amaury Ribeiro Jr. na senda da chamada Era das Privatizações, promovida pelo governo Fernando Henrique Cardoso, por intermédio de seu ministro do Planejamento, ex-governador de São Paulo, José Serra. A expressão “privataria”, cunhada pelo jornalista Elio Gaspari e utilizada por Ribeiro Jr., faz um resumo feliz e engenhoso do que foi a verdadeira pirataria praticada com o dinheiro público em benefício de fortunas privadas, por meio das chamadas offshores, empresas de fachada do Caribe, região tradicional e historicamente dominada pela pirataria.

Essa “privataria” toda foi descoberta num vasto novelo cujo fio inicial foi puxado pelo repórter quando ele esteve a serviço de uma reportagem investigativa, encomendada pelo jornal Estado de Minas, sobre uma rede de espionagem estimulada pelo ex-governador paulista José Serra para levantar um dossiê contra o ex-governador mineiro Aécio Neves, que estaria tendo romances discretos no Rio de Janeiro. O dossiê teria a finalidade de desacreditar o ex-governador mineiro na disputa interna do PSDB pela indicação ao candidato à Presidência da República, e levou Ribeiro Jr. a uma série de investigações muito mais amplas, envolvendo Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro das campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, o próprio Serra e três de seus parentes: Verônica Serra, sua filha, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marín Preciado. Serra e seu clã são o assunto central do livro, mas as ramificações e consequências sociais e políticas das práticas que eles adotam são vastas e fazem com que o leitor comum fique, no mínimo, estupefato.

Sem dúvida, o brasileiro padrão, mediano, que paga seus impostos, trabalha dignamente e luta pela vida com dificuldades imensas estará longe de compreender o complexo mundo de aparências e essências, fachadas e bastidores da corrupção política e empresarial, e toda a sofisticação desses crimes públicos que passam por “lavanderias” no Caribe, e, neste caso, o estilo objetivo e jornalístico de Amaury Ribeiro Jr. é de grande ajuda para que as ações pareçam inteligíveis para qualquer pessoa mais instruída.

Públicos e notórios

Um dos principais méritos do livro é descrever toda a trajetória que o dinheiro ilícito faz, das offshores a empresas de fachadas no Brasil, e da subsequente “internação” desse dinheiro nas fortunas pessoais dos envolvidos. Neste ponto, o livro de Ribeiro Jr., embora não tenha nada de fictício, segue a trilha de livros policiais e thrillers sobre corrupção e bastidores da política, já que o leitor pode acompanhar o emaranhado e sentir-se recompensado pelo entendimento. O livro, aliás, tem um início que de cara convida o leitor a uma grande jornada de leitura informativa e empolgante, revelando como Ribeiro Jr., ao fazer uma reportagem sobre o narcotráfico na periferia de Brasília, a serviço do Correio Braziliense, sofreu um atentado que quase o matou e, descansando desse atentado, voltou tempos depois a um jornal do mesmo grupo, Estado de Minas, para ser incumbido de investigar a rede de espionagem estimulada por Serra, mencionada no início. É o ponto de partida para tudo.

O que este A Privataria Tucana nos traz é uma visão contundente e realista como poucas dos bastidores do Brasil político/empresarial. O desencanto popular com a classe política, nas últimas décadas, acentua-se dia após dia, e um livro como este só faz reforçá-lo. Para isso, oferece todo um manancial de informações e revelações para que o leitor perceba onde foi iludido e onde pode ainda crer na humanidade, pois, se a classe política sai muito mal, respingando lama, dessas páginas, ao menos o jornalismo investigativo, honesto e necessário, prova que os crimes de homens públicos e notórios não ficam para sempre convenientemente obscurecidos. Há quem os desvende. E quem tenha coragem de revelá-los.

***

Trecho do livro – Capítulo 11

Derrotado na disputa à Presidência da República, José Serra gastou boa parte da campanha eleitoral de 2010 resmungando contra “espiões” que estariam bisbilhotando a vida de sua filha Verônica e de ilustríssimas figuras de seu partido. Sua aliada, a mídia encarregou-se de reverberar seus protestos, turbinando-os com altos decibéis. A arapongagem teria raiz no “núcleo de inteligência” montado por petistas, cuja existência nunca foi provada. Serra sempre refutou, também com veemência, adotar práticas semelhantes às que supunha ver praticadas por seus adversários.

Mas as relações de Serra com o submundo da espionagem foram levantadas pelo próprio autor. Faltava, no entanto, prová-las. Este capítulo traz essa prova cabal, os documentos inéditos que comprovam definitivamente o que todo mundo sempre soube. Serra costuma recorrer ao submundo da espionagem para vasculhar a vida de seus adversários políticos.

A papelada cedida ao autor pelo jornalista Gilberto Nascimento evidencia que o então governador paulista contratou, sem licitação, por meio da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), a empresa Fence Consultoria Empresarial. A Fence é propriedade do ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), o legendário coronel reformado do Exército Ênio Gomes Fontelle, 73 anos, conhecido na comunidade de informações como “Doutor Escuta”.

A empresa do “Doutor Escuta” foi contratada por R$ 858 mil por ano “mais extras emergenciais” – pagos pelo contribuinte – no dia 10 de julho de 2008. Vale lembrar que nessa época a vida particular do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves estava sendo espreitada por arapongas no Rio de Janeiro, onde a Fence está sediada. Talvez isso explique por que a Prodesp tenha invocado “inelegibilidade” para contratar a empresa do araponga sem licitação.

Em outras palavras, a Prodesp afirma que o “Doutor Escuta” não tinha concorrentes à altura para realizar o serviço. Conforme o contrato, entre outros serviços, a Fence é responsável pela “detecção de incursões eletrônicas nas instalações da Prodesp ou em outras localizações de interesse da empresa”. Isto significa que a empresa tem como acessar os dados pessoais de funcionários públicos, de juízes e até de parlamentares por uma simples razão: a Prodesp é a responsável não só pela folha de pagamento, mas também por todos os serviços de informação do Estado. Ou seja, o contrato concede à firma do “Doutor Escuta” o direito de invadir esses dados na hora que bem entender. Até o fechamento deste livro (final de junho) o governador Geraldo Alckmin (PSDB) mantinha o contrato com a empresa de Fontelle.

E o que o delegado federal e ex-deputado, também federal, Marcelo Itagiba, tem a ver com isso? A resposta quem fornece é o próprio currículo do coronel. O “Doutor Escuta” jacta-se de haver integrado o seleto grupo de arapongas que Serra, quando era ministro da Saúde de FHC, montou na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Sob a batuta de Itagiba, além do coronel Fontelle, estavam ainda mais dois personagens destas páginas. Um deles, o ex-agente do SNI Fernando Luiz Barcellos, de alcunha “agente Jardim”. E… adivinhe quem mais! Sim, ele mesmo, o delegado Onézimo das Graças Sousa, aquele mesmo frequentador do restaurante Fritz, da confeitaria Praline e das páginas da Veja e dos jornalões em 2010.

O ninho de arapongas da Anvisa foi desativado pelo próprio Serra, o que aconteceu após a imprensa denunciar que a vida privada de servidores do Ministério da Saúde e de desafetos do então ministro – entre eles seu colega, o ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, falecido em 2010 – estaria sendo esquadrinhada. Na época, o argumento de Serra para a arregimentação de arapongas foi o medo. Receava ser grampeado por representantes das indústrias de medicamentos, que teriam sido contrariados por medidas do governo.

Coincidentemente, o “Doutor Escuta” e os demais pássaros foram contratados em 2002, quando partidários do PFL (atual DEM) denunciaram a suposta vinculação de setores do governo do PSDB com os grampos fatais à candidatura pefelista à Presidência da República. Teriam levado a Polícia Federal a descobrir que a empresa Lunus, de propriedade da candidata Roseana Sarney e de seu marido Jorge Murad, guardava R$ 1,34 milhão em seu cofre. Suspeita-se que o dinheiro alimentaria a campanha do PFL, implodida ali mesmo pela apreensão.

O “Doutor Escuta” vem de longe. Foi no período do presidente João Baptista Figueiredo que ele se integrou à comunidade de informações. Entrou pelas mãos do ex-ministro-chefe do SNI, Octávio Medeiros. Seu rumo foi o Garra, braço armado das ações clandestinas e a arma mais letal do SNI durante a ditadura. Fontelles recebeu a tarefa de modernizar o arsenal tecnológico do órgão. Como seu próprio codinome esclarece, o “Doutor Escuta” comandou uma equipe de trabalho que desenvolveu aparelhos de escuta com tecnologia nacional que substituíram os importados.

Faziam parte do seleto grupo do Garra os coronéis Ary Pereira de Carvalho, o “Arizinho”; e Ary de Aguiar Freire, acusados de participar do complô que resultou no assassinato do jornalista Alexandre Von Baumgarten em outubro de 1982. Dois meses antes de morrer, o jornalista compôs um dossiê. No chamado Dossiê Baumbarten, os dois Arys são acusados de terem participado da reunião em que foi selada a morte do jornalista.

O sargento Marival Dias, do CIE (Centro de Informação do Exército), soube da morte do jornalista antes mesmo de seu desaparecimento ser anunciado. Disse ao autor que Baumgarten teria sido executado pelo “Doutor César”, codinome do coronel José Brant, também do Garra, a exemplo de Fontelles. Agente do CIE em Brasília, Dias teve acesso a um informe interno onde se afirmava que a morte se devia a Brant. Em uma operação do Garra para intimidar Baumgarten, o “Doutor César” teria se excedido e matado o jornalista. Isto o teria obrigado a eliminar duas testemunhas: a mulher de Baumgarten, Janete Hansen, e o barqueiro Manuel Valente. A reportagem publicada na revista IstoÉ nunca foi desmentida.

Aos seus clientes, o coronel Fontelles costuma dizer que sua empresa presta serviços de contraespionagem e não espionagem. Como veremos mais à frente, foi justamente esse trabalho, ou de contraespionagem, que acabou envolvendo o autor no episódio da suposta quebra de sigilo de Verônica Serra durante a campanha presidencial de 2010.

Textos extraídos do site da editora
13/12/2011

O SILÊNCIO ENSURDECEDOR

A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr. e editado pelo selo Geração Editorial, reúne escândalos para todos os gostos e, dentre estes, alguns mais suculentos que outros, mas sempre um prato cheio para todos os que conseguem ver o mundo da política apenas em preto e branco, colocando em preto todos os bandidos, mortos ou vivos e, em branco, todos os que se encontram em franco processo de beatificação.

Ribeiro Jr. se veste como Sherlock Holmes e investe pesado no ativo humano mais valioso desde que o mundo é mundo: o tempo. E foram 12 anos de investigações para preencher suas 334 páginas. Os ingredientes básicos, porque ainda não consegui receber um exemplar do livro – em Brasília encontra-se esgotado antes mesmo de ser lançado (!) –, são esses:

** Negociatas na venda de empresas estatais de grande e médio portes ao longo de dois mandatos presidenciais;

** Envolvimento de familiares de um ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e de um por duas vezes candidato à Presidência da República, José Serra, em negócios mal contados e em que é lapidado o patrimônio público;

** A paradisíaca Ilhas Virgens Britânicas em sua face mais frequentada de paraíso fiscal de fortunas sem origem explicada;

** Um banqueiro onipresente e sempre assíduo em noticiários que envolvem escândalos financeiros – Daniel Dantas;

Mercado informal

Apenas com esses quatro ingredientes, o que está escrito nas 334 páginas do livro já assegurariam alguma mínima mobilização na grande imprensa. E já teria tempero suficiente para escalar as manchetes dos telejornais da TV Globo, as páginas amarelecidas da revista Veja, a cadeira do Jô Soares, o lugar da baleia branca e do mico leão dourado no Globo Repórter, o rosto indignado e algo fake do âncora Boris Casoy em seu jornal na Band, os comentários dramáticos de Lúcia Hippolito e Merval Pereira em clima de “o mundo, caro ouvinte, se não fechar para balanço hoje, acaba, no máximo, até segunda-feira”, e completa ausência de seus fragmentos nas colunas de Janio de Freitas e Clóvis Rossi, para citar apenas os mais importantes colunistas de política do jornalismo impresso brasileiro.

Mas nada disso aconteceu. Por que será? E aquele compromisso de empresa de comunicações dizendo do respeito à pluralidade de opiniões, de não se submeter a qualquer interesse político-partidário e de total busca da verdade?

Pela primeira vez no Brasil vemos o mundo real se recusar a ser puxado pelo mundo virtual: nas redes sociais, nos blogues ditos sujos e às vezes limpos, e nos milhares de comentários colocados ao final da menção do livro do Amaury Ribeiro por qualquer sítio independente, o assunto é um só: o livro de Amaury.

Para que o tema não passasse em brancas nuvens, a edição da Folha de S.Paulo de segunda-feira (12/12) não se furtou a tratar de escândalos políticos, mas não tão recentes assim. Na página A8 do caderno “Poder” temos, abrindo o noticiário, “Livro de Dilma liga Serra a ataques anônimos em 2010”, como o subtítulo “Obra associa tucano a e-mails sobre aborto; ele diz que acusação é falsa”. Não fica por aí e, então, temos uma lição viva sobre a arte de requentar escândalos na página A9 do mesmo caderno, toda esta dedicada ao assunto de seu único e principal título: “Collor recebeu dossiê Cayman, afirma PF”, como o subtítulo “Inquérito diz que papeis forjados em 1998 contra tucanos foram entregues nas mãos do ex-presidente em Maceió”.

O caso Cayman, na Folha, teve direito a foto de Collor e a retrancas didáticas como “O que foi o dossiê”, “Negociações”, “Prisão”, “Acervo”, “Quem foi citado” e “Outro lado”. Sobre o livro do Amaury Ribeiro Jr. nenhuma linha e, a continuar nesse passo, logo teremos uma manchete bradando que “Gregório Fortunato é o verdadeiro autor do atentado da Toneleros”.

No mundo real, uma primeira edição de nada desprezível tiragem de 15 mil exemplares do livro simplesmente sumiu das vitrines e das prateleiras da mais importante livraria do país. E em não mais que 24 horas.

A Privataria Tucana é a versão literária do filme Tropa de Elite, ao menos quanto à sua forma de recepção: o filme de 2007, dirigido por José Padilha, primeiro virou sucesso de público e logo depois, de crítica, após vazar inicialmente no mercado informal da privataria, ops!, digo, da pirataria digital. E chegou a ser uma das maiores bilheterias do cinema brasileiro de todos os tempos. O subtítulo no cartaz do filme de Padilha: “Missão dada é missão cumprida”.

Omissão da imprensa

Mas as comparações param por aqui. O filme tem o capitão Nascimento usando de todas as armas – literalmente – para combater o tráfico de drogas nos morros cariocas e também dentro da hierarquia das forças de segurança pública no estado do Rio de Janeiro.

O livro tem o jornalista Amaury Ribeiro Jr. dedicando 12 anos de sua vida para esmiuçar segredos muito comentados da República, mas sempre interditados na grande imprensa – que, rasgando todos os princípios que devem nortear o bom jornalismo, resolve ter uma crise de sua já detectada bipolaridade: por um lado ignora de forma sumária o livro e, por outro, investe contra o autor, desqualificando-o como profissional e também como cidadão (ver, neste Observatório, “A natureza bipolar da imprensa“).

O filme teve uma continuação, o Tropa de Elite 2, mas o livro fica a dever sua continuação ou... enfeixará na forma de livro os melhores textos que transitam no mundo virtual tratando principalmente da omissão da imprensa ao conteúdo do livro. Daí poderá surgir A Privataria Tucana – Quando a imprensa se faz passar por túmulo, tendo como subtítulo “O barulhento silêncio da mídia”.

***

[Washington Araújo é mestre em Comunicação pela UnB e escritor
13/12/2011

A NOÇÃO DE ERRO NA LÍNGUA

A coisa é bem simples: é um fato elementar para as ciências da linguagem que a variação é uma característica inerente a qualquer língua. Não existe uma única língua no mundo sem variação linguística.

Num mesmo idioma, por exemplo, há regras diferentes para designar uma mesma construção ou palavra. Isso é fácil de observar. No dia-a-dia, encontram-se pessoas que dizem os peixe, os livro e dez real. A regra dessa “gramática” consiste em marcar com “s” apenas o primeiro elemento significativo, no caso o artigo e o numeral. Existe também outra gramática, essa mais famosa, conhecida como gramática normativa, que segue uma regra diferente daquela: marca com “s” todos os elementos da sequência – os livros, os peixes, dez reais. O interessante é que essas duas construções são regulares, ou seja, as duas seguem regras rigorosas, exatas.

A partir disso, a sociedade faz uma avaliação de cada uma dessas variedades, considerando uma errada e outra certa, uma feia e outra /bonita, uma que soa bem e outra que soa mal. Cria-se assim uma língua boa, bonita, elegante e que seria mais inteligível e exata do que outras variedades dela – pelo menos na cabeça das pessoas. O mito de que existe uma língua certa e outra errada começa aqui, em achar que o outro é quem fala errado, tomando como viés a sua própria fala. Isso porque as pessoas que falam qualquer língua acabam julgando que a diferença é um defeito. Ou um erro. O outro não sabe falar porque não fala igual a mim, pensamos.

Pode acontecer algo mais grave ainda: acabamos nos convencendo de que nós é que não sabemos falar quando falamos de forma um pouco diferente daqueles que são nossos “modelos de comportamento linguístico”. Daí ser possível ouvir algumas pessoas dizerem que não sabem falar sua língua materna. “Não sei falar português”, afirmam.

Bastava abrir o ouvido para constatar que só o fato dela falar, já demonstra que ela sabe falar.

Noções relativas

Boa parte dos brasileiros acha que não sabem falar português. Julgam sua fala errada. Já os que sabem (ou acham que sabem), creem que é errado alguém falar dez real ou menas. No entanto, sendo a língua uma realidade essencialmente variável, não há formas de falar

intrinsecamente erradas. A noção de certo e errado, no português, tem origem na sociedade, não na estrutura da língua. Numa língua, é certo o que a sociedade considera certo e errado o que a sociedade considera errado. E, claro, essa avaliação muda com o passar dos anos.

Pense bem: por que os livro é errado? Em inglês não é assim. The book sem o “s” no artigo? E o francês também não fala le livre no plural sem o “s”? “Mas isso é inglês e francês” dirão os sábios. Ok. Mas os livro é português. “Mas é errado”, rebaterão. Ora, mas por que é errado em português, se em inglês e em francês é certo? “Por que não é nossa língua”, dirão. Mas se os livro é falado em português, segue uma regra estrita e é empregado por milhões de falantes, por que é errado? “Porque é”, será a melhor reposta que os sábios conseguirão dar.

Pense bem novamente: quem disse que os livro é errado? Provavelmente foi sua professora de português. Ok, mas, onde ela viu isso? Provavelmente numa gramática normativa. Certo, mas onde esse gramático viu isso? Provavelmente em algum livro de algum escritor do romantismo pra cá. Para pegar alguns exemplos, poderíamos pegar Evanildo Bechara, que afirma na introdução de sua excelente gramática:

“Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja a linguagem as classes ilustradas põem o seu ideal de perfeição porque nela é que se espelha o que o uso idiomático estabilizou e consagrou” (p. 6).

Em outra ótima gramática, a de Celson Cunha e Lindley Cintra, encontramos também a “prova do crime”. Eles afirmam o seguinte:

“Trata-se de uma tentativa de descrição do português atual na sua forma culta, isto é, da língua como a têm utilizado os escritores portugueses, brasileiros e africanos do Romantismo pra cá” (p. xiv).

Perceba que o certo e o errado na língua vêm com os grandes escritores. Em tese, a gramática normativa se baseia num modo peculiar de atividade linguística (escrita) de um grupo seleto de cidadãos que fizeram uso de uma das variantes prestigiadas no que costumam ser chamadas de obras clássicas. Em outras palavras, a sociedade elege, às vezes de maneira arbitrária ou baseada no que ela convencionou chamar elegante, uma variante linguística, torna-a padrão e em seguida passa a estigmatizar todo e qualquer falante que não siga aquela variação.

Inversão histórica

Esse é o processo de inversão histórica entre língua e gramática normativa. Essa última foi escrita precisamente para descrever as manifestações linguísticas escritas que foram usadas espontaneamente pelos escritores dignos de admiração. Em tese, as gramáticas normativas são decorrência da língua, sendo subordinadas e dependentes dela. A concepção de que os falantes e escritores é que precisam da gramática é resultado da inversão de uma realidade histórica. É como se primeiro tivessem escrito uma gramática e só depois as pessoas passassem a usar a língua. E o ideal seria resgatar essa língua imaginária que foi codificada nos livros de gramática do passado, bem antes da fala.

O certo numa língua acoberta assim um conjunto de ideias imprecisas: uma língua ideal, baseada no suposto uso dos grandes escritores do passado, sendo por isso um modelo abstrato que não corresponde efetivamente a nenhum conjunto real das regras que governam a atividade linguística pelos falantes de carne e osso da atualidade. E o que não se enquadra nesse padrão escolhido seria tratado como “erro” ou, mais grave ainda, não é tido como português.

Assim, o certo e o errado na língua são noções relativas.

Infelizmente, convive-se com esta noção como se fosse um valor absoluto, portador de uma verdade inerente e imutável. Poucos percebem que as formas consideradas certas são as que pertencem à língua, ao dialeto ou à variedade das pessoas que detêm o poder econômico ou cultural. Um dos clichês dos estudos sociolinguísticos ilustra isso bem: o que importa não é o que se diz, mas quem diz o quê a quem. Isso acontece porque o que está sendo avaliado não é apenas a língua da pessoa, mas sim, a própria pessoa. As questões que envolvem a linguagem não são simplesmente linguísticas, são também ideológicas. Mas isso é assunto para uma outra oportunidade.

***
13/12/2011
[Bruno Ribeiro Nascimento é graduado em Comunicação Social, João Pessoa, PB]

LOBBY OU TRÁFICO DE INFLUÊNCIA?

A Folha de S. Paulo e a Época deram a palavra ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (10/12). Iniciativa importante, que outros jornais e revistas tiveram em relação a autoridades denunciadas anteriormente: ouvir o acusado.

Na entrevista a Fernando Rodrigues, da Folha, Pimentel dá uma resposta que virou título. É a última da versão impressa do diálogo:

***
“O sr. informou a presidente sobre os contratos que teve?

“Não. Não havia a menor necessidade de informá-la porque não tem nada irregular. Não tinha nem tem.”

***

Como Pimentel é ministro, foi nomeado por Dilma Rousseff, há um problema com essa pergunta.

Ela parte da premissa de que os contatos feitos por Pimentel não foram regulares e que, portanto, deveriam ter sido comunicados à presidente eleita. Aceitemos a premissa. Mas permitamo-nos perguntar: e Dilma teria feito o quê? Avaliaria ela mesma o teor de irregularidade dos atos relatados e decidiria nomear Pimentel, ou não o nomear, ou ainda, além de não o nomear, denunciá-lo a autoridades judiciárias?

O que está embutido na pergunta de Rodrigues é que havendo alguma dúvida quanto à lisura das atividades profissionais de Pimentel em 2009-10, ele poderia ter submetido o problema ao julgamento da presidente.

Deseducação cívica

Mas, nesse caso, como cidadão de uma república, ele próprio não deveria ter sido o primeiro a sopesar sua dúvida e evitar problemas para sua amiga, o governo dela e de seu partido? Não estaria, ao transferir a dúvida para sua chefe, forçando uma situação e colocando uma armadilha no caminho do governo?

Esse raciocínio equivale a dizer: “Se alguém tiver dúvida em relação a algum procedimento que pode ser entendido como irregular, descarregue o problema para cima”. Exima-se de seguir sua própria consciência e de assumir suas próprias responsabilidades.

No caso de Pimentel, não apenas ao aceitar cargo na coordenação da campanha presidencial de Dilma, e depois nomeação para o ministério, mas quando as propostas de consultoria lhe foram feitas.

Ter amigo é crime?

Na entrevista à Época, Pimentel afirma que se ter amigos é crime, ele é criminoso.

Ter amigos não é crime. Realizar determinadas atividades, com determinados indivíduos, em determinadas circunstâncias, pode ser. Sejam esses indivíduos amigos, inimigos, conhecidos ou desconhecidos.

O que fica muito claro é que o ministro não vê na consultoria a empresas que têm relações com governos, por parte de alguém que acaba de sair de um cargo no governo, nenhuma incompatibilidade com suas tarefas passadas e pretensões futuras. É a mesma visão de José Dirceu e Antônio Palocci, entre tantos outros.

Caldo de cultura

Em coluna na mesma edição da Folha, Fernando Rodrigues diz que...

“...uma razão simples impede que se faça um juízo claro sobre as atividades de consultor do ministro Fernando Pimentel: inexistem regras claras para a prática do lobby.”

Adiante:

“...ninguém jamais saberá com precisão quais foram os contatos que Pimentel continuou a ter com órgãos públicos de Belo Horizonte depois de ter deixado a cadeira de prefeito daquela cidade. Esse é o ponto. [...] O que continua nebuloso – para Pimentel e centenas de outros homens públicos – é a agenda que muitos ainda cumprem de maneira informal dentro de governos dos quais já não participam.”

Uma coisa é lobby, outra é tráfico de influência. Fernando Pimentel, como mostrou material bem-documentado do Estado de S. Paulo no mesmo sábado, tem de se haver com denúncias de tráfico de influência. “Cumprir de maneira informal, dentro de governos dos quais já não participam, determinadas agendas” não é algo que se possa classificar como simples lobby.

A grande questão a discutir não é o exercício do lobby, embora isso também se deva discutir – porque o entendimento nebuloso de hoje é caldo de cultura de corrupção. A grande questão é por que o tráfico de influência persistiu como moeda corrente da política brasileira em governos do PT.

Mauro Malin em 13/12/2011

O INÍCIO DO FIM DO CORONELISMO

Como é difícil escrever uma matéria quando não existe democracia por parte dos meios de comunicação. Você acaba se sentindo uma carta fora do baralho e tudo o que escreve parece meio fora de moda. Aí você soma essa situação à sua idade, já avançada, e o termômetro da autoestima vai ao negativo num segundo.

O jornalista é, antes de tudo, um observador e o que mais tenho feito nos últimos meses é justamente isto: observar a cena política do Distrito Federal. E o que mais tem me incomodado nesse exercício é esta onda de denuncismo contra o governador Agnelo Queiroz, sua família e seus secretários de Estado. Desde janeiro, quando ele tomou posse, os meios de comunicação, principalmente a TV Globo e alguns blogs políticos, têm feitos quase sempre as mesmas denúncias, repetidas vezes, propositadamente, como se fosse para não deixar o assunto morrer.

Aos poucos comecei a entender a mola-mestra que impulsiona tais denúncias, não só as feitas ao GDF mas também ao governo federal. Acho que agora, com o lançamento do livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., as coisas começarão a ficar mais claras e meus netos já poderão ir à escola sabendo quem são, de fato, os verdadeiros bandidos deste país.

Miséria e doenças

O raciocínio é tão simples, que todos devem saber disso, mas ninguém põe no papel, na tela, nas ondas do rádio. Todos sabem que um grupo de empresários domina os investimentos feitos no Distrito Federal e que essas pessoas, supostamente, têm uma espécie de chefe, de orientador político, que se chama Joaquim Roriz, ele mesmo empresário e milionário. Quatro vezes governador do DF, senador que renunciou duas semanas depois de eleito devido a denúncias de corrupção e acusado pela Justiça de ser um dos chefes do esquema no Banco de Brasília (BRB), que sumiu com R$ 223 milhões. Um doce de pessoa.

Em 1978, quando se elegeu deputado federal pelo estado de Goiás, Roriz deu início à uma estratégia que acabou levando ele e sua troupe aos píncaros da glória. Começou a trazer gente humilde do Norte de Minas Gerais e do Nordeste brasileiro para o entorno do DF. Essa gente foi chegando por aqui de pau-de-arara, se ajeitando nas encostas dos morros, construindo barracos, sem nenhuma infraestrutura, mas com a promessa e a garantia de que iriam, um dia, ter a escritura de suas terras. Para isto, bastava invadi-las. Foi o que eles fizeram e fazem até hoje, só que em escala menor, mas fazem.

Manter indefinidamente a promessa de dar a escritura significava ter a certeza do voto. Fazer obras, mesmo que precárias, em torno desses lotes, significava mais votos ainda. E assim nasceram dezenas de cidades – hoje são 30. De invasões, passaram a regiões administrativas. Tudo feito à base de promessas. Mas aí veio o governo Cristóvam. Houve um breque, mas os tentáculos de Roriz foram mais fortes, e a tomada de lotes teve continuidade. A invasão do cerrado e a miséria trouxeram doenças e transformaram o entorno de Brasília num dos lugares mais pobres do país.

Prato cheio para a mídia

Agnelo Queiroz tomou posse em janeiro deste ano e ainda não teve sossego em relação à onda de denuncismo. Há cerca de um mês, quando ele finalmente transformou a Vila Estrutural em cidade e deu início à entrega de escrituras definitivas dos lotes, tudo ficou explicado. Naquele momento, Agnelo estava retirando os dois principais trunfos de Roriz e de sua turma, conseguidos a “duras penas” (fora do alcance da Justiça) ao longo dos últimos 30 anos. Ou seja, estava colocando um fim no modus operandi do grupo.

Primeiro, interrompeu o meio mais fácil e desonesto de conquista de votos, que é o de manipular a opinião de uma gente que aguardava há anos a entrega de suas escrituras definitivas. Agora, essas pessoas, de posse de seus lotes, terão a liberdade ampliada para escolher em quem votar. Segundo, tirou da mão de políticos e empresários oportunistas o mercado da invasão, da venda do lote ilegal. Agora, todos entendemos melhor o significado do ataque denuncista contra o governador. De uma coisa tenham certeza: todas as denúncias contra governos trabalhistas, como o nosso, têm origem em decisões que beneficiam sempre a maioria.

A mídia tem em mão um prato cheio para reescrever de vez a História do Brasil, e o livro do Amaury vem contribuir para isto. Tem toda a história de corrupção nas privatizações no governo FHC, as denúncias mais que comprovadas contra o Daniel Dantas, enfim, nada que esteja sob a luz da mídia, mas tudo que está por trás da mídia, nas redes sociais, nas poucas revistas e jornais respeitados.

Simples assim, sem segredos.

***

[Marcio Varella é jornalista,em 13/12/2011. Brasília, DF]

O SHOW PRECISA CONTINUAR...

Tudo que um governante mais deseja é uma desculpa para aumentar gastos. Quando ela vem embalada por uma teoria econômica, melhor ainda. Eis o que explica a popularidade do "desenvolvimentismo". Ninguém gosta de austeridade quando está no poder.

A economia brasileira ficou estagnada no terceiro trimestre, e deve crescer menos de 3% este ano (o ministro Guido Mantega previa 5,5%). Falta ao país uma dinâmica sustentável de crescimento. Mas, como o governo não faz reformas estruturais que permitiriam um vôo de águia, resta retomar os estímulos artificiais e produzir novo vôo de galinha.

Os "desenvolvimentistas" apontam apenas em uma direção. Nunca se lembram do termo "anticíclico" na era da bonança. É raro ver um deles pregando redução de gastos públicos ou aumento de juros durante os momentos de rápido crescimento e risco inflacionário. Nestas horas eles somem.

Quando a economia ameaça esfriar, eles voltam demandando estímulos. O foco é sempre no curto prazo. Como disse o grande guru deles, "no longo prazo estaremos mortos". Esquecem que hoje é o longo prazo de alguns anos atrás.
O governo Dilma já anunciou novos pacotes de estímulos e mais aporte de capital nos bancos públicos. Onde foram parar aqueles "cortes" prometidos de R$50 bilhões nos gastos públicos? E a redução dos empréstimos do BNDES? A "Bolsa-Empresário", ao contrário, vai receber mais recursos! O problema é que cada novo estímulo produz mais inflação que crescimento. O resultado pode ser a conhecida estagflação.

O governo brasileiro parece mirar no modelo chinês, mas ignora diferenças cruciais. A China pratica a maior arbitragem de mão de obra da história, mergulhando tardiamente em sua revolução industrial, com um exército de chineses dispostos a trabalhar 18 horas diárias por salários pífios. O investimento passa de 40% do PIB, mais que o dobro do Brasil.

Mesmo assim, há claros sinais de esgotamento do modelo chinês. A inflação incomoda e houve péssima alocação de capital, pois as decisões são políticas, com desrespeito ao livre mercado. O governo realizou um gigantesco programa de estímulo após a crise de 2008, mas a conta chegou. Será inviável continuar crescendo 10% ao ano. A desaceleração chinesa vai gerar impactos negativos em nossa economia, dependente da exportação de recursos naturais.

O modelo mais parecido com o nosso pode ser, na verdade, o argentino, com acelerada inflação, controle estatal crescente e perda gradual de competitividade. O governo populista de Kirchner tenta quebrar o termômetro em vez de consertar os rumos da economia. O IBGE de lá, que calcula a inflação, foi politizado e perdeu totalmente sua credibilidade. Ainda não estamos nesse estágio. Mas quem garante que o governo, no desespero de salvar o crescimento imediato a qualquer custo, não vai seguir esta trilha? O risco claramente existe.

A conta das políticas "desenvolvimentistas" vai chegar cedo ou tarde, com juros. Enfrentar a dura realidade não será tarefa fácil. O crescimento sustentável depende de investimentos em capital físico e humano, além de um ambiente favorável aos negócios. Tudo aquilo que nos falta. O governo brasileiro expande o crédito público, reduz os juros na marra, sobe o salário mínimo por decreto, arrecada imposto demais, e gasta muito mal. Trata-se claramente de um modelo insustentável, com foco demasiado no curto prazo.

A economia brasileira ganhou na loteria chinesa e está gastando por conta, hipotecando seu futuro. Parece uma cigarra irresponsável, acreditando que o verão será eterno. Mas o inverno inexoravelmente chegará. O governo não tem como impedir este fato com mais estímulos. Isso pode apenas postergar um pouco o encontro com a realidade. Em contrapartida, aumentará o sofrimento futuro também. Não existe almoço grátis.

O "desenvolvimentismo" nunca conseguiu produzir prosperidade de forma sustentável. Ele ignora as verdadeiras causas da riqueza das nações. Ao focar somente no curto prazo, e ao depositar uma fé ingênua na capacidade do governo de atuar como locomotiva da economia, a cartilha "desenvolvimentista" estará sempre fadada ao fracasso. Não será diferente desta vez.

O Brasil pode estar na moda. Mas moda passa. Melhor aproveitar enquanto a festa continua, pois depois virá a ressaca e não vai adiantar culpar o "mercado" (vide a Europa). As sementes da próxima crise foram plantadas pelo próprio governo. Mas quem liga? O show precisa continuar. Afinal, vem eleição aí...

Rodrigo Constantino, O GLOBO

O PT RELATIVIZOU A MORALIDADE NO PAÍS

O PT relativizou a moralidade no país e, com o aval dos Tribunais Superiores, apagou a fronteira entre o certo e o errado para todos os seus militantes ou cúmplices, muito especialmente para os esclarecidos canalhas.

Em 1964, diante de um clamor social, dos quais participaram muitos grupos que, durante a Fraude da Abertura Democrática, se colocaram como lacaios corruptos subornados pelo PT, as Forças Armadas se dispuseram a enfrentar os que queriam transformar o Brasil em uma Cuba Continental.

Temos que observar que durante o Regime Militar não se organizaram grupos de civis contrarrevolucionários voluntários para ajudar as Forças Armadas e as forças policiais no combate, de qualquer forma possível, aos terroristas que hoje estão no poder. A maioria dos civis que participaram da gestão militar do país estava, na verdade, lutando no submundo da canalhice política para enfraquecer o poder dos que estavam tirando o país da miséria econômica, social e política e o colocando como uma das mais promissoras nações do mundo.

A coragem da luta durante o Regime Militar se limitou aos lados que combatiam – Forças Armadas, as forças policiais e os guerrilheiros-terroristas – que tiveram muitas perdas de vidas, mas que são consequências diretas dos atos de quem escolhe a luta armada para defender seus ideais, não cabendo a ninguém o direito de ser indenizado pelo sofrimento decorrente de sua luta por aquilo que acredita.

Depois de decretado o Regime Militar os civis seguiram suas vidas normalmente deixando para nossos soldados e policiais a dura tarefa de protegê-los da sanha comunista.

Decorridos poucos anos, na verdade, a própria sociedade civil, seguindo seu DNA da prática do ilícito e da imoralidade como históricas normas de conduta social, em pouco tempo acharam que o Regime Militar não seria uma coisa tão boa quanto eles pensavam e muitos representantes de classes, especialmente da academia e dos artistas, se associaram ao comuno-sindicalismo, sob a liderança do mais sórdido político de nossa história para obrigar as Forças Armadas a voltarem para os seus quarteis, mesmo diante de uma gestão do Estado que elevou o país à qualificação de uma das maiores potências econômicas do mundo daquela época, e em que as obrigações sociais do Estado eram cumpridas com rigor.

A classe política, seguindo seus instintos de corrupção, corporativismo e prevaricação, não demorou a exercer o sórdido papel da redistribuição dos ovos da serpente do suborno e da corrupção, através de lideranças safadas, dentro e fora do poder público, que plantaram muitas das sementes do término do Regime Militar para iniciar uma “abertura democrática”, que simplesmente se mostrou e ainda se mostra como uma absurda fraude, pois na verdade, está agora servindo de base para um dos regimes civis ditatoriais fascistas dos mais sórdidos e mais corruptos da Civilização Ocidental.

A Fraude da Abertura Democrática se mostrou e tem se mostrado como um grande investimento para os canalhas da esquerda vazia de uma ideologia honesta, mas rica em criatividade para fraudar o país de todas as formas possíveis com a ajuda de integrantes de todas as classes sociais do país, seja pela falência da educação e da cultura, assim como pela imoralidade dos milhares de canalhas esclarecidos que se aliaram ao PT no processo de degeneração das relações públicas e privadas.

Os retornos obtidos pela prática contumaz do ilícito sob todas as suas formas derrotaram com larga margem os que tentaram e ainda tentam viver de forma honesta do fruto do trabalho e da aplicação nas formas disponíveis de aperfeiçoamento profissional, educacional e cultural.

Os mais de cem escândalos impunes que foram denunciados durante os dois desgovernos anteriores do PT e as denúncias com evidências inquestionáveis de que grande parte dos ministérios da presidente Dilma, se não todos, estão envolvidos em uma grande rede de corrupção que não tem mais controle da própria presidente – que negocia com os bandidos e com o presidente de fato do país que despacha no submundo da corrupção e da prevaricação –, nem da PF e muito menos de uma Justiça que tem se mostrado cúmplice e omissa diante da transformação do poder público em um covil de bandidos, colocam a sociedade diante da fronteira de um regime ditatorial civil fascista corrupto dominado não mais por uma ideologia viés do “socialismo”, e sim dominado por um comuno-sindicalismo-corrupto-marginal que tem um projeto de poder absolutamente fascista e que já conquistou a simpatia e o apoio dos campos universitários federais.

Como não temos mais as Forças Armadas para fazer o mais importante de seus deveres de casa no momento – salvar o país do controle de uma corruptocracia civil, estruturada em seguidos estelionatos eleitorais –, e muito menos percebemos qualquer demonstração de coragem ou revolta da sociedade civil diante da transformação do país em um Paraíso de Patifes, concluímos que o Brasil já perdeu os caminhos da busca de sua identidade de nação livre e democrática diante dos efeitos da absurda Fraude da Abertura Democrática nas relações públicas e privadas.

Somente tem nos restado acompanhar mundo afora os movimentos de transformações sociais que levam milhares de cidadãos às ruas, não para pedir a liberação da promiscuidade geral e irrestrita das relações sociais com o livre consumo de drogas e práticas de destruição da família, mas sim para lutar por causas de liberdade e democracia com respeito aos mais básicos princípios morais e familiares que devem nortear qualquer sociedade organizada com o poder exercido de uma verdadeira Justiça.
Deve-se enfatizar que a crise na Europa tem um “ilustre” culpado: o Estado assistencialista, estatizante e empreguista que está demonstrando mais uma vez ao mundo uma fragorosa derrota do socialismo utópico-corrupto diante do capitalismo que distribui muito mais riquezas do que sofrimentos, respeitando-se os princípios do mérito, do empreendedorismo, e da luta voluntária pela educação e cultura, caminhos tutelados por um poder público digno dos contribuintes que o sustenta.

Todos os dias nós temos que fazer uma mesma pergunta: por que somos tão covardes que não conseguimos nos unir para lutar com o objetivo de destituir o Covil de Bandidos que está fomentado um futuro para nossos filhos com apenas dois caminhos: ser omisso e um covarde escravo ou cúmplice do Covil de Bandidos ou ser um dos bandidos?

Por Geraldo Almendra

DESVIRTUANDO ATÉ IDEOLOGIAS

Acreditar ou não, ser ou não ser, a favor ou contra, estas questões afloram na cabeça dos indivíduos, pelo menos, de alguns, visto que em geral a maioria não se preocupa com nada, e vai de preferência na onda.

Os dilemas se aplicam às escolhas, sexuais, políticas, religiosas e ideológicas, entre outras. Comunista, socialista, democrata, budista, sadomasoquista ou qualquer outra questão, os indivíduos vivem, e alguns optam por uma ou mais tendências ou simpatias.

Nesta linha de raciocínio, em 1922, quando foi fundado o então denominado "Partido Comunista do Brasil", surgiram por aqui os primeiros admiradores do regime comunista.

A seguir, uma serie de mudanças, que interessando aos seus ícones russos, levou os comunistas a enfrentarem questões que provocaram uma, duas, varias dicotomias em suas convicções.

Linha russa, a trotskista, a rural, a do Fidel, a chinesa, a urbana, e surgiram, conforme as conveniências, uma montoeira de “o melhor caminho”, que dividiram os comunas nacionais.

Contudo, a dissidência maior, além da linha a seguir, pois uns achavam “isso” e outros “aquilo”, era a permanente vaidade, a satisfação do ego, que predominava quando conveniente para um individuo que se bandeava para um lado ou outro.

A proliferação de organizações comunistas que inundaram este País demonstra como eles eram divididos, em especial por interesses pessoais. Ou seja, desde aquela época, a sua ideologia era o pano de fundo para ambições e interesses pessoais.

Em outras palavras, o brasileiro é o mesmo, seja comunista, socialista, ou de outro credo, sempre quer levar vantagem, e muda de camisa e, se for o caso, divide o seu grupo em seu beneficio.

Hoje, encontramos esta jovem nação comunista-socialista, mergulhada em patifarias. Os mais intelectualizados analistas sentenciam que o PT está levando o País à bancarrota moral, que está arrastando, propositadamente, ao fundo do poço, o legislativo e o judiciário, pois pretende numa reviravolta, assumir o poder total.

Bom, é inegável que está em curso uma desmoralização geral da sociedade. A promoção de dicotomias antes inimagináveis ocorre célere, e sabemos quem promove esta esbórnia em todos os campos – a ideologia lulo –petista. Não é marxista, não é trotskista, não é ...

Nós, do alto de nossa descrença, e conhecendo o povinho desta terra, chegamos à seguinte conclusão: o PT de há muito abandonou qualquer resquício ideológico, afirmamos que a tal ideologia foi esfacelada, e o que persiste de fato é o uso do instrumento, de um disfarce para a tomada do poder.

E esqueçam - se de qualquer base ideológica, o que transparece realmente é a maneira da cúpula do partido adonar - se do poder.

É duro alguém de sã consciência imaginar que o metamorfose seja praticante de qualquer ideologia (será que ele já leu algum livro sobre o tema ideológico?), e que as sua ideologia é o seu desejo de mando. Mas ele deitou cátedra. Esqueçam Marx, Lênin e adjacências. Em breve erigirão uma estatua do LULA.

A turma quer mesmo é morrer abraçada ao poder e nos seus benefícios, a tudo que os conduza ao que é do bom e do melhor. O poder institucionalizado de mandar sem questionamentos, a riqueza, a mordomia, e a tranqüilidade de decidir sem oposições.

Pode ser que os ingênuos ainda vislumbrem, firmes posições e crenças ideológicas, contudo, basta olharmos a corrupção, o amealhamento de fortunas, a maneira como eles se lambuzam no poder, criando dicotomias para dividir, e sempre sendo beneficiados, para perceber que o viés ideológico, existe apenas para engabelar, para enfraquecer os falidos oponentes, pois de fato ele não existe mais.

Nem eles acreditam.

De fato, acreditamos que exista um pensamento, uma convicção de que eles são especiais, e nós somos o resto; eles os predestinados, que nasceram para dominar, para ditar regras como iluminados do século XXI, e nós fomos paridos para serví – los, e basta que eles nos alimentem com migalhas de pão e deleitem com joguinhos de futebol e estaremos maravilhosamente satisfeitos.

O duro é que parece que eles têm razão.

Brasília, DF, 11 de dezembro de 2011
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira

DEPUTADO PEDE PRISÃO DE AGNELO E IRMÃO À PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA

O governador do DF, Agnelo Queiroz

Agnelo diz que apoia quebra de sigilo em inquérito sobre esquema de desvio de verbas do Ministério do Esporte
Agnelo se recusa a dizer quando emprestou dinheiro a lobista
PM que delatou esquema diz ter recebido propina de aliado de Agnelo
Justiça determina quebra de sigilo fiscal e bancário de Agnelo Queiroz e Orlando Silva
Deputada acusa Agnelo de usar máquina para comprar testemunha
Gurgel pedirá novas diligências em inquérito sobre Agnelo Queiroz
Agnelo Queiroz diz ter como provar empréstimo de R$ 5.000 a lobista
Leia a transcrição da entrevista de Agnelo Queiroz à Folha e ao UOL

O deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR) entrou nesta terça-feira (13) com um pedido de prisão preventiva para o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e do irmão dele, Ailton Carvalho de Queiroz.

O pedido inclui a quebra de sigilo bancário e fiscal dos envolvidos, bem como o bloqueio judicial de seus bens.

No documento, o parlamentar tucano lista como motivos uma série de irregularidades descritas em reportagens veiculadas na imprensa nos últimos meses. A mais recente, publicada neste fim de semana pela revista "IstoÉ", mostra que em três anos o patrimônio da família de Agnelo ultrapassou R$ 10 milhões.

Na queixa-crime, o deputado apresenta detalhes da reportagem da revista "IstoÉ" em que mostram que o patrimônio da família do ex-ministros do Esporte inclui imóveis, fazenda, locadora de carros, quatro franquias de restaurantes de fast food e de uma confeitaria de Brasília -- todos localizados nos principais shoppings da capital federal.

O irmão de Agnelo ficou conhecido em 2008, quando trabalhava no setor de inteligência do Supremo Tribunal Federal. Ele era o responsável pela elaboração de um relatório que indicava a suposta existência de grampos contra os magistrados do STF.

Pouco depois do escândalo, ele se licenciou do trabalho e se associou às outras duas irmãs, ao sobrinho e a mãe em atividades comerciais em Brasília.

Agnelo figurou nos últimos meses em denúncias referentes ao Ministério do Esporte. Ele foi o ministro titular da pasta antes de Orlando Silva, que caiu em decorrência de acusações.

Em nota, a Secretaria de Estado de Comunicação Social rebateu as acusações de Francischini e as classificou como "oportunismo da oposição vindo de um partido que, este sim, esteve envolvido em um dos maiores escândalos políticos ocorrido recentemente no Distrito Federal, desvendados pela operação Caixa de Pandora".

Camila Campanerut
Do UOL Notícias, em Brasília

ROUBO, LOGO, SOU UM MERDA

Se você rouba, qualquer tipo de roubo, R$1,00, R$ 1 milhão, explicitamente ou por baixo dos panos, não importa...

Roubar é assinar atestado de incapacidade.


Se rouba um R$ 1,00 está dizendo que não é capaz de criar R$1,00, se rouba R$ 1 milhão é a mesma incapacidade elevada a muitos zeros.

O que é roubar? É "pensar" que posso fazer uso de uma propriedade que não construí; É achar que, por alguém ter muito, isso me dá o direito de pegar parte disso, porque tenho pouco; É fazer o que todo mundo anda fazendo como justificativa e é também, e principalmente, me sentir incapaz de construir qualquer coisa; no fim das contas é me sentir um merda.

Quem rouba não tem auto estima e a cada punhado ou centavo roubado, acumula o mesmo valor de descrédito em relação à si mesmo. Não há como fugir disso, porque temos dentro de nós um julgador safado e implacável que contabiliza cada ação que fazemos, faz parte do pacote humano. Você pode nunca o ter ouvido ou sentido, mas creia, ele existe.

A maioria das pessoas acreditam que um ladrão não sente remorso do que faz, mas isso é uma grandíssima mentira. Ser humano algum se sente 100% feliz sabendo que pegou algo que não era seu, mesmo com justificativas. O que acontece é que muitos se enganam durante algum tempo - às vezes muito tempo -achando que o dinheiro compra qualquer coisa, qualquer paraíso e qualquer tipo de felicidade, tudo porque nossa sociedade quer acreditar que só é feliz quem tem muito $$$ e quem pode comprar qualquer coisa.

Mas a felicidade está na construção do caminho e o dinheiro é um bônus dele.

Logo, o mão-leve pula a parte da construção do caminho indo direto para o capítulo de "obter a grana", pelos meios que forem. Com isso, não constrói valores pessoais e percepções que dão o real "valor" ao dinheiro que se ganha, e acaba colocando "seu valor próprio" no dinheiro que rouba, por isso, precisa sempre de mais.

Precisa de mais para continuar acreditando que ele vale alguma coisa, porque no fundo o que habita é um total vazio de conhecimento em relação a si mesmo. Como o dinheiro é a significação de quem ele é, defender o dinheiro é defender a si mesmo, e por esse motivo também, muitos matam por dinheiro, é tipo uma legítima defesa. Entenda, ele está defendendo a própria identidade, perder o dinheiro é como perder a si mesmo.


A forma como o ladrão se vê, não é a mesma de como ele se sente.

Quando o dinheiro acaba ele se sente mal,

quando coloca a mão numa bolada, se sente o tal.

Auto estima mediante cifras, sem cifras, sem auto estima.

Essa não é uma síndrome só do ladrão, é uma síndrome social atual.

É interessante, porque ninguém pensa muito nisso, não dessa forma. Tem uma galera que vive dentro de uma vibe de perdas x ganhos imediatos e acabam achando que roubar é algo trivial, porque todo mundo anda fazendo, mas roubar os outros é roubar de si mesmo, mesmo que ninguém veja ou saiba. Você sabe. Quem rouba, rouba sua própria auto estima, rouba seu merecimento, rouba sua auto aceitação, entre milhões de julgamentos acumulados em relação à si mesmo. E como somos seres sinérgicos, por mais que você tenha um comportamento de "confiança", sua energia exala descrédito.

Tem aqueles que começam a roubar para criar um "equilíbrio" social, justificativa falsa e tosca para uma total falta de percepção do que um ser humano é capaz. Se roubar equilibrasse alguma coisa, a quantidade de roubos que acontecem por segundo no mundo já seriam suficientes para esse equilíbrio, mas não, o que acontece é que as pessoas se sentem cada dia mais miseráveis e essa sensação não tem a ver com dinheiro, mas com o que cultivam internamente como valores pessoais, que aí sim, viabilizam ou não o dinheiro.


Desigualdade social: bullshit!

O que mais enaltece a mim e a você, é saber que somos capazes de criar coisas, projetos, idéias... Não ter a certeza ou a inclinação para essa capacidade, é uma M federal! Qualquer ato leviano não é um ato contra os outros, é contra nós mesmos. Qualquer ato de bondade, paciência, gentileza ou honestidade é ponto em causa própria.

Essa filosofia ignorante de não agir de forma positiva por que "os fulanos" não o fazem, é um comportamento tosco que tem a mesma vibe de perdas x ganhos que o roubo tem, porque quem rouba também se justifica achando que: se ele não fizer, alguém fará.

Os mãos-leve se acham espertos por roubarem os outros. Eles podem ser perspicazes, astutos, maquinadores, mas, espertos? Não. Esperto de verdade, é aquele que usa todas essas qualidades para criar projetos, coisas legais, dormir em paz, sonhar com ideias malucas e usar todo esse potencial para jogá-las no mundo. Esperto é aquele que sabe virar o jogo a seu favor na maestria, é aquele que constrói o caminho e se regozija dentro dele.

Um ladrão pode roubar de um visionário seu dinheiro, mas nunca seu potencial criativo. Quando o dinheiro acaba é como se o ladino tivesse perdido uma perna, logo, tem que roubar outra vez, já o potencial criativo do visionário é ilimitado, quanto mais se usa, mais ele se expande.

O que o ladrão não sabe, é que ele é um visionário, de cabeça pra baixo que amputa as próprias pernas.

Monik Ornellas