"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

GOVERNO DILMA: POUCOS RESULTADOS EM UM ANO DE MANDATO

Apesar de eleita com uma margem confortável de votos, Dilma adotou uma postura defensiva e recatada em seu primeiro ano de governo.


A presidente Dilma Rousseff chega ao fim do primeiro ano de mandato com seu time de ministros desfalcado e com poucos resultados a apresentar. Do período de lua de mel entre governante recém-empossada, população e imprensa, Dilma recolheu a boa vontade da maioria com a primeira mulher eleita presidente, agradeceu a confiança, garantiu conhecer a receita que trouxera ao país um belo 2010, e prometeu repeti-la em seu primeiro ano de mandato.
Mas a agenda de reformas do governo ficou em segundo plano. Ela não apareceu nos primeiros 100 dias, nem quando denúncias passaram a ameaçar o primeiro escalão de Brasília. Apesar de eleita com uma margem confortável de votos, Dilma adotou uma postura defensiva em seu primeiro ano de governo: evitou medidas polêmicas, diluiu os cortes nos gastos públicos e, mesmo com fama de durona, a presidente só demitiu ministros envolvidos em malfeitos quando suas situações se tornavam insustentáveis.
Um resultado discreto para quem a ouvia como candidata há um ano, e muito pouco, mesmo para quem não esperava muito do novo-velho governo petista. Em ano de demissão de sete ministros, convém ao governante evitar temas polêmicos.

Em 2010, como parte de uma administração prestes a encerrar o último ano de mandato com o PIB do país crescendo mais de 7%, a candidata Dilma Rousseff dizia conhecer o mapa da prosperidade.
Enquanto o mundo enfrentava uma das maiores crises do século, o Brasil navegava sem problemas graves, e crescia mantendo a inflação sob relativo controle.
A realidade do primeiro ano de Dilma à frente de seu governo, porém, foi um pouco mais dura. O crescimento do PIB não deve chegar à metade da marca de 2010; o índice de inflação ronda perigosamente o topo da meta; e as antigas propostas de mudanças foram esquecidas ou substituídas por versões diluídas das propostas originais.

Em entrevista dada em julho de 2010 ao programa 3 a 1, da TV Brasil, no início de sua campanha à presidência, a candidata Dilma listava a redução de tributos como um dos ingredientes que ajudaram o país a sobreviver em meio à crise mundial, e como parte fundamental da manutenção do crescimento do PIB nacional.
Entretanto, a presidente Dilma, em seu primeiro ano de governo, parece ter optado pelo atalho do protecionismo. A arrecadação recorde não parece suficiente para convencer o governo a desonerar a indústria e o comércio brasileiros.
Ao invés de retirar tributos que incidem sobre a produção, distribuição e venda dos produtos industrializados nacionais – facilitando a competição das indústrias nacionais com as indústrias estrangeiras – o governo preferiu render-se ao sentimento mercantilista: aumentou as barreiras comerciais e encareceu artificialmente os produtos importados.

Pode parecer óbvio, mas a intervenção governamental não tornou os produtos nacionais mais atraentes para os consumidores. Ela apenas tornou o produto de seus competidores estrangeiros mais caro. Os empresários brasileiros agradeceram, o governo agradou o lobby das indústrias e o consumidor morrerá com a notinha na mão. Pelo bem do país, logicamente.

Intervencionismo

Em março deste ano, três meses depois da posse de Dilma Rousseff, comentei a perda das minhas poucas esperanças no governo que se iniciava. Hoje, em janeiro de 2012, posso confirmar que as esperanças, de fato, me deixaram.

O governo afastou o Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, que defendia mudanças, e em nenhuma oportunidade mencionou qualquer alternativa ao proibicionismo – chegando até a flertar com a internação compulsória. As reformas prometidas durante a campanha foram esquecidas, mesmo com o governo contando com larga maioria parlamentar.
Apesar da retórica de racionalização da máquina pública e eficiência gerencial, a presidente decretou que a reforma o estado brasileiro seria “desperdício de energia política”.
Já a privatização dos aeroportos, caminha para se transformar em apenas uma parceria com a iniciativa privada. Não haverá construção de aeroportos privados, não haverá competição, não haverá venda de aeroportos públicos para a iniciativa privada.
A Infraero continuará como sócia na administração, e apenas arrumará parceiros com os quais possa compartilhar investimentos e a culpa pelos eventuais fracassos.

Em setembro, Dilma abriu o Debate da Assembleia Geral das Nações Unidas apresentando à ONU um país que poucos brasileiros reconheciam.
Um país que “vive praticamente em ambiente de pleno emprego”, mas que ainda tem 35% dos postos de trabalho na economia informal; um país que condena o protecionismo, mas que em seu governo jamais abriu mão das barreiras comerciais para proteger o mercado nacional “contra aventureiros que vêm de fora”; um país que vive sob rigorosa disciplina fiscal, mas que produz superávit com a ajuda de “artifícios contábeis” e substitui as promessas de cortes nos gastos de custeio por cortes de investimento.
Claro, sem jamais considerar deixar parte da receita estatal, que bate recordes todos os anos, nos bolsos dos pagadores de impostos.
E nós ainda nem sabemos quanto custarão a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

O imposto para financiamento da saúde permanece como uma incógnita, mas deverá retornar às discussões no ano que vem. Ele que foi negado durante a campanha, colocado em dúvida antes da posse e posto como um desejo dos governadores nos primeiros meses de mandato, parece temporariamente esquecido nesses últimos meses do ano.
Sobre a matéria, Dilma afirmou que antes de criar novos impostos, o governo precisa provar à população que é capaz de solucionar os problemas de gestão dos recursos existentes. Resta saber se ela sustentará a mesma posição no próximo ano.

O mesmo se espera de sua postura em relação ao “controle social da mídia” que continua vivo nos planos de alguns partidos aliados do governo federal.
A presidente sempre se manifestou contrariamente à medida, e declarou acreditar na censura do controle remoto: fica nas mãos do espectador aprovar ou não a atração exibida em sua televisão. Os insatisfeitos não devem contar com a força governamental para barrar a exibição do programa, devem apenas mudar de canal.

Um liberal pode afirmar com segurança que nenhum dos candidatos à presidência da República nas eleições de 2010 apresentava um programa que se dedicasse adequadamente à extensão das liberdades individuais e à promoção de um mercado mais livre.
Entre os quatro principais candidatos, nenhum parecia acreditar que menos intervenção governamental é o melhor caminho para a prosperidade. Entre as propostas da candidata vencedora, algumas poucas, mesmo sem ser liberais, apresentavam alguma possibilidade de melhora do quadro atual. Mas foram engavetadas e devem permanecer guardadas até as próximas eleições, quando aqueles mesmos intervencionistas voltarão, com aqueles mesmos discursos que estamos acostumados a não acreditar.

Por Magno Karl
02.jan.2012

UMA VISÃO ASSOMBROSAMENTE INSÓLITA!!!

Retrospectiva nada convencional de 2011

Se alguém de fora deste planeta chegasse em janeiro deste ano à Terra certamente trataria de voltar para onde veio. Foi um ano ruim e perigoso no mundo. Em 2010 li que ninguém de sã consciência deveria viajar para muito longe de casa porque coisas horríveis aconteceriam em 2011, obviamente coisas humanas. Depois, em 2011, se viu que poderes horríveis têm as “coisas humanas”. No varejo das almas, que não é o ponto desta retrospectiva, o ano foi assim, assim. Bom para uns, mau para outros. A distribuição do câncer, por exemplo, foi mais justa.

Os grandes eventos verdadeiramente novos se dividiram entre a islamização terrorista da África, com a caçada humana a Kaddafi, e a colocação da Irmandade Islâmica no poder no Egito; a tsunami no Japão que o condenou a uma longa morte radioativa; a nova morte sem cadáver do bin Laden; a destruição do EURO em países europeus; e a preparação sionista para os operativos da guerra contra o Iran.

Destes últimos eventos cabe aqui e agora para os desinformados, os incautos e inocentes alegres em geral, descrever mais minuciosamente o que a mídia sionista tenta abafar. Em primeiro, é claro, é meu dever definir sionismo. Sionismo é uma agenda ideológica que domina o mundo há quase 150 anos, a qual é responsável pela tentativa de destruição do cristianismo e do judaísmo. Sionismo não é uma religião: é uma idéia criminosa de controle e dominação humana sustentada por banqueiros judeus, banqueiros não judeus, autoridades políticas, especialmente americanas, israelenses e inglesas. Tal idéia é dona da informação moderna; da cultura científica moderna, e preside todas as instituições cujo objetivo é estabelecer uma Nova Ordem Mundial a partir da diminuição da população terrestre a 500.000.000 de indivíduos. No século XX essa ideologia criou o bolchevismo, o nazismo, e deu início à dominação a partir da grande década tecnológica de 70 usando o comunismo como instrumento. Alguns interpretam e confundem o instrumento, o comunismo, com os mandantes, os criadores: os sionistas.

Neste ano tal agenda esteve muito ativa, e com pressa. A Primavera Árabe, como ela mesma se chama na mídia, foi um ato militar de apropriação de um imenso território rico em petróleo. A deposição do líder do Egito, aliado desses criminosos há 40 anos, e o assassinato cruel e bárbaro de Mohamar Kaddafi, mostraram ao mundo quem são os bárbaros. A OTAN ganhou bases navais no Mediterrâneo sul. O petróleo foi garantido a Israel com a aliança deste país com a Arábia Saudita. Quem diria!

No meio do ano Bin Laden, um factóide da CIA, foi assassinado de novo. Bin Ladem, pelas mesmas fontes da CIA, morreu ainda em 2001 de causas naturais (insuficiência renal não compensada por diálises). A imagem da cúpula governativa americana vendo um vídeo que ninguém mais viu, de um morto cujo cadáver foi criteriosamente escondido, enganou milhões de trouxas que acreditam na ameaça islâmica que teria destruído as Torres Gêmeas. Bin Laden “morreu de novo”, porque o mito era desnecessário. Se fosse verdade a encenação, não haveria bandeiras da Al Qaida do qual ele era o chefe nos edifícios de Bengazi após a queda de Kaddafi. Como pode a OTAN matar Kaddafi e colocar a Al Qaida no poder?

Em março, 11 de março, o nordeste do Japão foi atingido por uma tsunami que destruiu três reatores nucleares em atividade. O terremoto de “8,8” na escala Richter misteriosamente não abalou as ilhas japonesas em terra, mas o tsunami encaminhou todo o país e boa parte do mundo a um evento de extinção global. A mídia mundial silencia sobre o pior acontecimento catastrófico que a humanidade pôde e continuará testemunhando. A radiação matará milhões de seres humanos e bilhões de seres vivos. É uma catástrofe sem precedentes. Se não fosse a loucura sionista que só visa lucros, seria o maior acontecimento do ano, da década, e do século. No entanto...

No campo econômico foi desenvolvido, e ainda está em curso, um projeto de empobrecimento mundial cujo foco é a Europa. Os mesmos globalistas (menos a Inglaterra) que criaram o euro como moeda européia, agora tratam de destruí-lo, provocando sofrimento, dor, e o controle de países como a Grécia, a Itália e, em breve, a Espanha.

Esse plano maquiavélico é a ante-sala da guerra Israel-Irã tão ansiosamente desejada pelo sionismo. Os movimentos na Síria, na mesma onda “primaveril”, criam incidentes que são manipulados pelos EUA, Inglaterra, França, Israel, Alemanha, Rússia e China. Todos se atacam e se ofendem. Obama, o premio Nobel do cinismo e do pacifismo, articula com Israel provendo este país de tecnologia militar, ao mesmo tempo que cultiva ilusões islâmicas no Oriente Médio. A guerra de pretextos sempre precedeu a guerra de verdade. Todos estes países se encaminham para uma guerra planejada há muitos anos. O sionismo americano de Wall Street e do Congresso está muito próximo de atingir seu objetivo, isto é, lucros fabulosos por emprestar dinheiro a todos os lados do conflito.

No Brasil, 2011 foi um ano perdido. Uma presidente fantoche, comunista, incompetente, da Nova Ordem Mundial, com a roupa toda suja de lama, tenta enganar os brasileiros dos quais ela arrancou um trilhão de reais em impostos. Eu disse um trilhão de reais em impostos! Para isso emburreceu o povo, deixando-o sem reação. Atingimos os piores níveis em saúde, educação e segurança. O Brasil foi arrendado pela FIFA para a fantasia de 2014. Enquanto isso o governo faz acordos com criminosos do narcotráfico, e o STF, se esmera em ficar cada vez menor.

E olha que muita gente acreditava que o fim seria em 2012!
Que venha o 2012!

Charles London

TUDO É RELATIVO...

O QUE APRENDI COM O PIOR JORNALISTA DO MUNDO

Somos livres para escolher o mal? Somos livres para escolher o bem? Uma pequena reflexão sobre o livre arbítrio a partir do encontro com um personagem real que parece saído da literatura

Na primavera de 2000, entrou na minha vida um personagem da literatura. Um repórter de um jornal europeu me procurou, por intermédio de uma colega, porque viria ao Brasil e queria fazer uma reportagem sobre prostituição infantil. Expliquei a ele que, para fazer algo que valesse a pena nessa área, ele precisaria de tempo e bastante trabalho. Por considerar a pauta relevante e uma repercussão no exterior importante, abri todas as minhas fontes e fiz contatos com outros jornalistas que trabalhavam com o tema em capitais nordestinas. Fiz, praticamente, uma pré-produção para que ele pudesse fazer a reportagem quando chegasse ao país. Mas ele não a fez. Passou uma semana entre São Paulo e Rio de Janeiro e, para meu espanto, publicou em seu jornal uma reportagem sobre meninas leiloadas em jogos no centro-oeste do Brasil, onde jamais havia colocado os pés. Não precisei investigar. O próprio jornalista me contou que havia copiado um texto publicado anos antes em um jornal do interior daquela região como se fosse seu. Segundo ele, com a anuência do autor. Publicou como se fosse o retrato do momento e como se tivesse estado lá.

Eu sabia que coisas assim aconteciam mesmo na melhor – e às vezes entojada – imprensa europeia. Mas jamais testemunhara. Até então eu e o jornalista nunca tínhamos nos visto. Fiquei tão indignada que marquei um encontro para dizer o que pensava olhando na sua cara. Quando cheguei ao bar, ele já estava lá, no longo balcão. Tinha em torno de 50 anos, talvez menos, um físico de mercenário e os olhos mais azuis que eu já tinha visto. Pedi uma taça de vinho e fiz de imediato o que tinha ido fazer. Disse que gente como ele fazia mal não só ao jornalismo, mas ao mundo. E que conhecê-lo tinha sido um desprazer.

O jornalista me ouviu como se eu estivesse contando o enredo de uma comédia romântica. Me provocou, com um sorriso de Humphrey Bogart: “Então, você sempre faz o que é certo?”. Em seguida, me contou que na guerra do Golfo foi tirado do banho do hotel, em Paris, para dar um boletim ao vivo na rádio – e deu, descrevendo a violência que não transcorria diante dos seus olhos. Enquanto o vinho encolhia na garrafa, ele foi desfiando uma longa lista de pecados jornalísticos. Acho que no início queria apenas me chocar, por me considerar uma espécie de virgem da imprensa dos trópicos. Aos poucos, porém, foi trocando a ironia pela amargura. E começou a parecer um homem perigoso de outras maneiras.

Nesta altura, algum leitor pode estar se perguntando por que eu permaneci lá, sentada ao seu lado. É uma boa pergunta. Acho que fiquei porque aquele personagem me fascinava. Ele parecia saído da literatura – e era da vida. E manipulava a vida real que deveria contar. Em certo momento, voltei a habitar o meu corpo e disse que sentia um profundo desprezo por pessoas como ele e que o mundo seria melhor se ele mudasse de profissão. E que, sim, estava na hora de eu ir embora.

Ele então me olhou com aqueles olhos quase transparentes e disse:

- Vou te fazer uma proposta. Só por um dia, eu vou fazer o bem desde o momento em que acordar até a hora de dormir. Em troca, você vai fazer o mal em todas as oportunidades. Amanhã, um dia apenas, viveremos este pacto.

Eliane Brum

VIRGEM POR CONCURSO

Não se fazem mais nossas senhoras como antigamente. Já vão longe os tempos em que a Virgem aparecia com toda uma mise-en-scène, fazia o sol parar e transmitia a inocentes pastorinhas segredos vitais para a humanidade.

Desde Colombo até hoje, os conquistadores sabem muito bem que, ao impor o mito de uma mãe virgem a culturas pagãs, já ganharam a batalha. O papa que o diga. Em 1990, comentei como foi criada a Virgem de Guadalupe.

Na época, João Paulo II foi ao México, não para degustar tequila ou ouvir mariachis, e sim para beatificar Juan Diego, o índio em cuja túnica as rosas teriam deixado gravada a imagem da Virgem de Tepeyac, mais conhecida como Virgem de Guadalupe, não por acaso a mesma venerada nas montanhas de Estremadura, e muito querida pelos conquistadores.
João Paulo, padre astuto, intuindo que a tal de teologia de libertação está em franca decadência com o desmoronamento do fascismo eslavo, investiu no mistério. E conferiu odor de santidade ao coitado do íncola manipulado pelo barroco europeu.

Tudo começou nos anos 1550, quando na colina de Tepeyac os indígenas mexicanos prestavam culto a um ixiptla, ou seja, estátua ou imagem de uma deidade que, na linguagem dos conquistadores, é traduzida como ídolo.
O ixiptla, no caso, é o da deusa Toci-Tonantzin, nome que, traduzido do náuatle, dá - maravilhosa coincidência! - Nossa Mãe. Alonso de Montufar, arcebispo do vice-reino, não vai perder esta oportunidade - como direi? - divina, de sobrepor, como sempre fez a Igreja romana, aos símbolos e cultos pagãos, a tralha católica. Encomenda a Marcos, um pintor indígena, uma obra inspirada em um modelo europeu e a coloca ao lado do ixiptla asteca, gesto aparentemente inocente se visto daqueles dias, mas carregado de conseqüências quando o olhamos com o distanciamento de quatro séculos.

Pelo período de aproximadamente um século, a imagem da Virgem permanece, sem trocadilhos, em banho-maria, sem que se fale de epifanias ou milagres. Em 1648, com a publicação de Imagen de la Virgen Madre de Diós de Guadalupe, do padre Miguel Sánchez, o culto mariano toma novo impulso.

"Segundo esta versão destinada a tornar-se canônica" – escreve Serge Gruzinski, em La Guerre des images - a Virgem teria aparecido três vezes em 1531 a um índio chamado Juan Diego. Segundo Juan de Zumárraga, primeiro bispo e arcebispo do México, Juan Diego abriu sua capa sob os olhos do prelado: "em lugar das rosas que ela envolvia, o índio descobriu uma imagem da Virgem, miraculosamente impressa, até hoje conservada, guardada e venerada no santuário de Guadalupe".

Mas nada surge do nada, muito menos imagens. Antes da publicação do livro de Miguel Sánchez, que oficializa a versão das rosas imprimindo os traços da Virgem na capa de Juan Diego, haviam chegado ao México pelo menos duas levas de pintores e arquitetos, profundamente influenciados pela escola flamenga. Colocando seus talentos a serviço da Igreja, estes artistas transportam ao novo continente o imaginário europeu. Vasto é o mercado.

Para Gruzinski, a clientela dos artistas cresce e se diversifica: "A corte, a igreja, as autoridades municipais, a universidade, a Inquisição, as confrarias e os ricos entregam-se a uma concorrência cada vez mais viva e rivalizam em encomendas que afirmam publicamente, aqui como alhures, poder, prestígio e influência social. Eis então reunidos todos os meios de uma predileção pela imagem e de uma produção em larga escala, conforme o gosto europeu, impulsionada pela Igreja, posta sob a vigilância da Inquisição e de prelados de zelo por vezes intempestivo".

Faltava apenas o ingênuo para descobrir, sob as rosas, a imagem da Virgem. Como seria pouco convincente apresentar uma imagem sendo descoberta por seus criadores, foi escolhido Juan Diego, hoje alçado à condição de beato pela igreja que destruiu seus ixiptlas e sua cultura. E assim, como quem não quer nada, semeando marias mundo afora, vai o Vaticano alastrando seus domínios.

Todos devem estar lembrados quando, em 1917, a Virgem apareceu em Fátima, na cova de Iria, aos três pastorinhos. O sol, como uma roda de fogo, girou então sobre si mesmo durante dez minutos. Curiosamente, não se constatou efeito algum no clima da Terra destes movimentos anômalos do sol.

Um padre português desmascarou a aparição a partir de uma análise gramatical dos fatos. Uma das pastoras perguntou à Virgem: quem sois? Ora, é de espantar que naquela época uma criança camponesa conjugasse assim tão à vontade a segunda pessoa do plural, coisa que hoje muito jornalista sequer conhece. Mas a santa, muito analfabeta, também se trai em seu discurso. Diz a Virgem: eu sou a Nossa Senhora. Como Nossa? Se se dirigia a terceiros, teria de dizer: eu sou a Vossa Senhora.

Claro que o Brasil, tido como a maior nação católica do mundo, não poderia deixar de ter uma santa virgem. Em certo dia do ano de 1717, alguns pescadores lançaram suas redes no rio Paraíba, perto de São Paulo, e em vez de peixes pescaram uma estátua sem cabeça. Ao lançarem novamente as redes, retiram a cabeça: tratava-se de uma Virgem Negra. Isto é, uma afrovirgem, como se diria hoje.

Daí a construir o maior local de culto da América Latina foi apenas questão de tempo. Em 1955, foi construída a basílica Nossa Senhora de Aparecida, que ocupa uma superfície total de 18 mil metros quadrados e pode acolher 45 mil fiéis. É a segunda maior basílica do mundo, após a de São Pedro em Roma, e o papa João Paulo II, em 1980, concedeu-lhe o título de "Basílica menor". Como as virgens de Fátima e Lourdes, a Santa Cidinha tupiniquim constitui uma mina de ouro para a Igreja brasileira.

A penúltima virgem é a de Medjugorje, na Iugoslávia, ainda não reconhecida pela Igreja. Suas aparições tiveram início em 24 de junho de 1981. Entre os videntes, encontram-se seis pessoas nascidas nos arredores da localidade – que quer dizer “em meio aos montes” – e a quem a Santíssima Virgem Maria, evitando a armadilha gramatical de sua congênere de Fátima, se apresentou como "Eu sou a Rainha da Paz". Penúltima virgem, dizia. Pois agora, nos alvores de 2012, os jornais nos falam da última, a Virgem da Amazônia.

Se antes as virgens apareciam para crianças ou pessoas humildes e deixavam uma imagem para ser encontrada por índios ou pescadores, hoje as virgens dispensam tais recursos. São produzidas por designers e eleitas em concurso, conforme o gosto do respeitável público. Leio na Folha de São Paulo de hoje que a arquidiocese de Manaus apresentou aos fiéis uma imagem de Nossa Senhora e do menino Jesus com traços indígenas.

Chamada de Nossa Senhora da Amazônia, a imagem foi feita pela designer Lara Denys, 23, vencedora de concurso para retratar a santa com "características da cultura da região amazônica". Na imagem, Nossa Senhora e Jesus têm cabelos e olhos pretos e pele parda. O manto dele está preso ao corpo dela, da mesma forma que as índias carregam seus filhos.

Virgens são precursoras de santuários. Segundo o coordenador do concurso, padre Reneu Stefanello, será construída a sua estátua no santuário que está sendo erguido em Manaus.

"Ela tem os traços da feminilidade da mulher amazonense, da mulher indígena. Traz no colo um Jesus curumim", afirma o padre. Cristo, provavelmente, terá nascido em um igarapé.

Segundo o antropólogo Ademir Ramos, da Universidade Federal do Amazonas, a imagem é uma estratégia para evitar a perda de fiéis para os protestantes pentecostais. "A Igreja Católica quer passar a identificação entre o devoto e o santo. Como o fiel vai devotar uma santa branquinha de olho verde?"

Crie-se então uma Nossa Senhora ao gosto popular. Certamente será uma virgem ecológica, protetora da floresta e dos recursos naturais e inimiga das barragens e da pecuária e agricultura intensivas. E defensora das reservas indígenas, é claro. O padre Stefanello perdeu uma oportunidade de ouro de fazê-la aparecer à Marina Silva.

Janer Cristaldo

TODO BRASILEIRO É UM CORRUPTOR COMPULSÓRIO

... e contribui com R$ 370 anuais para a corrupção.

Cada um dos 190 milhões de brasileiros contribuem anualmente, em média, com R$ 370 para o enriquecimento dos corruptos no país. Segundo a FIESP, são desviados R$ 70 bilhões dos cofres públicos por ano para a corrupção.

O mais interessante é que sabe-se os valores, conhece-se os corruptos, mas nem o dinheiro aparece e nem os corruptos são presos ou sequer condenados. Ou melhor, o dinheiro, quando aparece, é troco e é faz-de-conta: dos tais 70 bi, a Polícia Federal através de suas operações flagrou desvios de apenas R$ 3,2 bilhões de recursos públicos em 2011. Só que a grana pra valer ainda não apareceu: as investigações foram repassadas para o Ministério Público que ainda vai tentar reaver o dinheiro.

Mas ainda há mais um agravante: se o ervanário fosse concentrado em meia dúzia de corruptos, a coisa seria de fácil solução. Acontece que essa “cultura” da roubalheira está tão disseminada entre o funcionalismo público, os políticos e os empresários que têm ligações com a coisa pública, que ninguém escapa.

E o pior é que qualquer um aceita qualquer merreca e se suja por dez merréis de mel coado, como mostra a divulgação de um vídeo, em maio de 2005, no qual o ex-Chefe do DECAM/ECT, Maurício Marinho, recebia 3 mil reais de Joel Santos Filho, o denunciante da corrupção, que para colher prova material do crime se passou por empresário interessado em negociar com os Correios, flagrante que se transformou na origem do Mensalão, quando Marinho revelou que o dinheiro iria para o PTB, presidido por Roberto Jefferson.

Partindo do princípio que um chefe de um órgão da importância dos Correios se emporcalha por 3 mil, mantido o parâmetro, imaginem quanta gente deve estar envolvida com a corrupção. Não há PF nem MP que dê jeito.

Sinceramente, eu não vejo solução. Será que há uma?
Ricardo Froes

HISTÓRIAS DO SEBASTIÃO NERY

Perguntem a Etelvino

Governador de Pernambuco em 1954, eleito para um mandato de dois anos substituindo Agamenon Magalhães, que morreu de repente em agosto de 52, Etelvino Lins lançou a candidatura do general gaúcho Cordeiro de Farias, pelo PSD, contra João Cleofas, da UDN. Naquela época, o Partido Comunista era forte em Pernambuco, sobretudo em Recife. Sabia-se que a eleição seria decidida pelo apoio do PC.

Surpreendentemente, Luiz Carlos Prestes decidiu apoiar o usineiro udenista contra seu dileto companheiro da Coluna Prestes, do qual se separou a partir da revolução de 30 e sobretudo do levante de 35.

O PC de Pernambuco resolveu que, para causar maior impacto, o documento público (“Prestes apóia Cleofas”) só seria publicado nas vésperas da eleição, em seu jornal “Folha do Povo”.

***
PRESTES

Etelvino, velho delegado vindo da ditadura Vargas e apelidado de “reitor da Universidade da Rua da Aurora”, onde funcionava a polícia, planejou um golpe sujo. Preparou uma edição fraudada da “Folha do Povo”, editada igualzinha às edições normais, com material internacional na linha do PC, trechos de artigos publicados em edições anteriores, um manifesto falso de Prestes e a manchete “Prestes apóia Cordeiro”.

O governador organizou um enorme esquema de distribuição e deixou tudo pronto para a própria polícia e grupos de menores jornaleiros fazerem entrega numa noite só. E esperou a última semana.

Quando a polícia soube que a edição verdadeira da “Folha do Povo”, com o manifesto de Prestes apoiando Cleofas, começava a ser montada na gráfica, Etelvino mandou desligar a luz de Recife a noite inteira.

***
CORDEIRO E CLEOFAS

Os comunistas, desesperados, precisavam jogar seu jornal na rua no dia seguinte. Mas o que apareceu de manhã nas bancas de jornais, nas sedes das entidades sindicais, estudantis e culturais ligadas ao PC e nas esquinas de Recife foi a edição forjada com Prestes mandando votar em Cordeiro.

Sem DDD, sem celular, sem acesso a Prestes, a grande imprensa de Pernambuco não conseguiu desmentir a mentira a tempo. Ganhou Cordeiro.

***
LULA

Com mais de dez partidos pendurados no apoio, nos cargos e nas verbas do governo, já começou nos estados a guerra para ver quem vai dizer que é o candidato de Lula a prefeito nas capitais e grandes cidades.

Lula já deu a partida de sua participação na campanha, carregando Fernando Haddad em São Paulo. Quando melhorar, já avisou que pretende anunciar a distribuição de bilhões em palanques e comícios, escandalosamente fingindo que está lançando o PAC ou os tais Territórios da Cidadania.

Quando subir nos palanques, atrás dele, disputando espaço de papagaios de pirata, para saírem nas TVs e jornais, os candidatos se empurrarão como jogador de futebol na área, em cobranças de escanteios.

Se para prefeito já está assim, imaginem como será para governador e presidente em 2014, com o PT desgastado e desmoralizado e os aliados querendo apoio para seus candidatos, mais fortes do que os petistas.

Como Etelvino, vão acabar fabricando fraudes e apagões eleitorais.

02 de janeiro de 2012
Sebastião Nery

CARPEAUX, UM GÊNIO, HUMILHADO E OFENDIDO NO CORREIO DA MANHÃ

O título deste artigo, que escrevo com admiração e emoção, claro, aproveita o do romance de Dostoievsky. E o tema parte de texto primoroso de Jerônimo Teixeira, publicado na Veja que circulou sábado e se encontra nas bancas, sobre o relançamento da admirável história da Literatura Ocidental, um verdadeiro monumento legado à cultura por Otto Maria Carpeaux.

Foi o maior editorialista da imprensa brasileira, austríaco de origem, antinazista, que escapou por pouco de ser morto pelas forças de ocupação de Hitler. Não o encontrando em Viena, a SS matou seu pai e sua mãe, arrastados pelas ruas. Carpeaux jamais desejou tocar neste trágico desfecho. Nosso relacionamento era extremamente cordial e eu o vi escrevendo a obra, depois revisando-a, na redação do Jornal, sem recorrer a uma anotação sequer, sem visitar qualquer arquivo.

Perguntei a ele que me respondeu tocando a mão na testa: “Tudo que sei está na memória”. A emoção de lembrar faz o resto. Era um homem enciclopédico, mas cuja produção era claríssima. Era não, é. Pois o que construiu está aí para o presente e o futuro. Suas obras são eternas como a arte. Entre elas a “História da Música”, de 62 a 63, iniciaria um ciclo de humilhações que sofreu no jornal que amava. E dignificou de forma intensa e apaixonada.

Entre seus artigos inesquecíveis, destaco “Rei Sem Lei”, contra Carlos Lacerda, quando em 61 cercou e, apoiado por militares, buscou censurar o Correio da Manhã. No mesmo ano, “Informação aos Chefes Militares”, que tentavam impedir a posse de João Goulart, fechando a trilogia “Coragem, Senhores”, cobrando a investidura do presidente constitucional do Brasil pelo Congresso.

Existe ainda outro, definitivo em termos históricos. No episódio da queda de Jango, em 64, ele Carpeaux, completaria magistralmente a série “Basta e Fora”, com um pequeno artigo que continha uma previsão fatal: “Basta: Fora a Ditadura”. Um gênio absoluto. Quem começasse a ler um texto seu não conseguia parar e, ao se aproximar do final, lamentava que fosse acabar.
Imortal a página que escreveu para a Folha de São Paulo sobre Kafka, de quem foi amigo.

Mas no título deste artigo disse que ele foi humilhado e ofendido no Correio da Manhã. Começou em 62. Antonio Moniz Viana, lacerdista exacerbado, havia assumido pó cargo de redator chefe no lugar de Luiz Alberto Bahia, que resistira à investida editorial de Lacerda. Carpeaux escreve um artigo sobre Wagner. Moniz Viana obstruiu a publicação do autor da “História da Música”. Niomar Moniz Sodré, que havia demitido Bahia, demite também Moniz Viana.

Numa articulação feita por Jorge Serpa Filho, muito forte em sombras financeiras, com a participação de José Luís Magalhães Lins, é nomeado para dirigir o jornal Jânio de Freitas. O artigo sem conseguir sair. Carpeaux estava na redação discutindo sobre música com José Gomes Tinhorão. Jânio passa no Petit Trianon e diz: “Carpeaux não perca tempo discutindo com Tinhorão, você é um historiador de música universal”. Carpeaux diz: “Nem tanto no Correio da Manhã”.

Jânio de Freitas, que caminhava para sua sala, retorna, e, com uma régua na mão, bate na mesa e descompõe Carpeaux. Mas as humilhações maiores estão reservadas por Osvaldo Peralva e Newton Rodrigues. Niomar demite Jânio de Freitas. Assume Peralva a direção e Newton Rodrigues a redação. Partem obstinadamente para humilhar e escorraçar Carpeaux. Terminam conseguindo. Afastam-no dos editoriais.

Carpeaux se demite. E Niomar, que não conseguia deixar de demitir algguém, demite Newton Rodrigues. Depois em 65, demitiria Antonio Calado e Carlos Heitor Cony. Deixo esses episódios registrados. Talvez sejam úteis para a história. Faltava um, de que agora lembro. Nomeio de sua hostilidade a Carpeaux, algo sórdido, de parte de Moniz Viana. Em sua coluna de cinema, inventa um filme: “Otto, o Louco”. E, no início do regime militar, diz que se tratava de um espião nazista que se tornou comunista. Moniz Viana sequer levou em conta a morte, por massacre, dos pais de Carpeaux, pelos nazistas, nas ruas de Viena. Esta nota infame acrescenta-se à humilhação e à ofensa.

02 de janeiro de 2012
Pedro do Coutto

FELIZ ANO NOVO, KAFKA

Acho o Réveillon uma festa chatíssima. Quando você estiver lendo esta coluna, estarei em Tel Aviv, e ainda bem que aqui não tem Réveillon.

A cidade é patrimônio cultural universal porque tem o maior conjunto arquitetônico Bauhaus do mundo, o que dá a ela um tom entre o blasé (isto é, a soma do cinza e branco típico dos prédios Bauhaus de poucos andares com o desleixo chique característico da população local mediterrânea) e o moderno da primeira modernização, antes de a modernidade virar essa coisa brega de massa.

Tel Aviv é descrita pelos israelenses como sendo “outro mundo”, diferente do resto do país, justamente por seu caráter secular, arredio ao fanatismo religioso que cresce por aqui e aberto à convivência mundana.

Diante desse cenário, sempre que estou nesta cidade, meu pessimismo (que tem sua origem provavelmente em alguma forma de disfunção fisiológica) cede. O desleixo e o ar mediterrâneo, associados ao desespero mudo, embutido no cotidiano de quem se sabe uma espécie caçada, me acalmam. Estranho? Sou estranho mesmo.

Segundo reza uma das lendas sobre Franz Kafka, quando perguntaram a ele se não havia esperanças para o mundo, ele teria respondido: “Esperanças há muitas, mas não para nós”.

De todas as formas de pessimismo, a de Kafka é a única que me assusta. Não temo pessimismos cosmológicos. Não espero nada da vida na forma de recompensa moral (aquilo que a teologia cristã chama “retribuição pelos méritos”).

Antes de tudo porque não sou uma pessoa boa. Raramente me preocupo com os outros, e a África pouco me importa. Nem a fome. Nem as baleias. Nem você.

Não conto com a misericórdia de Deus porque não a mereço. Guerras sempre existirão, e a humanidade faz o que pode para sobreviver ao mundo e a si mesma.

A possível falta de sentido da vida não me interessa. Durmo bem com ela. Sou daqueles que pensam que a metafísica é fruto de indisposição e mau humor. Mas temo o pessimismo kafkiano como nada mais no mundo. Temo a burocracia. Todo amante da burocracia tem cara de rato. Kafka tinha razão.

O pior mundo de Kafka não é sua barata, mas aquele do seu conto “A Construção”. O roedor que faz a “construção” em sua casa é a melhor descrição do inferno burocrático em que o mundo se transformou.

Kafka, à diferença da maioria de nossos especialistas em ciências humanas, sabe que construímos a burocracia para nos sentir seguros, e não porque nos obrigam a isso. E o pior é que existem muitas razões para nos sentirmos inseguros, por isso não há saída para o inferno que é a burocracia.

Algumas almas menos brilhantes assumem que um mundo “paperless” (nada mais ridículo do que usar expressões em inglês para se sentir mais científico), ou seja, sem papel, seria menos burocrático. Risadas… Nada mais horroroso do que alguns restaurantes que começam a trocar seus menus “físicos” por iPads. Logo nos farão escolher nossos pratos via rede, e eles acharão isso o máximo.

Um mundo “paperless” afogar-se-á em senhas. Você precisará de uma senha especial para usar sua senha menos especial e assim sucessivamente, ao infinito. Depois, precisará de um programa superavançado para ter acesso a todas as suas senhas e combiná-las de modo secreto (em si, uma outra senha).

Quando você tiver uma crise diante de tudo isso, algum burocrata dirá para você que isso tudo é para sua segurança. E você será obrigado a concordar, assumindo também uma cara de rato.

Mas, dirão as almas menos brilhantes, graças a Deus estamos cortando menos árvores e não estamos gerando papel.

No conto de Kafka “A Construção”, nosso roedor atarefado teme um ruído horroroso que vem não sabe de onde e por isso começa a construir “rotas de fuga” em sua moradia subterrânea.

Logo, a rede de “rotas de fuga” é tão grande que ele se esquece onde começou e descobre que, apesar de o ruído aumentar cada vez mais e sua sensação de perigo aumentar junto com o ruído, ele já não sabe como fugir, porque suas rotas de fuga viraram um labirinto infernal.

O mundo de Kafka é uma prisão a céu aberto, e os ratos venceram. Feliz Ano-Novo.

2 de janeiro de 2012
Luiz Felipe Ponde
Fonte: Folha de S.Paulo, 02/01/2012

SINDICALISMO NAUFRAGADO

Não raro o ridículo supera a derrota. Certas instituições, grupos, partidos, clubes ou sucedâneos, depois de uma peleja, saem mais desmoralizados do que vencidos quando, ao invés de lutarem até o fim, preferiram entregar-se ao adversário. Assim acontece desde a primeira eleição do Lula, com as centrais sindicais.

Em vez de resistir e dar suporte às propostas e postulados pelos quais empenharam-se desde que criados, cederam ao recuo do candidato de seus sonhos, apoiando o pesadelo que foi a adesão do Lula ao neoliberalismo e às imposições dos gestores da política econômica anterior.

Lula ganhou a presidência da República, em 2002, mas assumiu rendido e derrotado através da “Carta aos Brasileiros”, quando comprometeu-se a não mudar nada do que vinham impondo Fernando Henrique Cardoso e sua quadrilha. Aderiu e, embora inovando com o assistencialismo do bolsa-família, integrou-se no modelo elitista dominado pelo mercado.

Esperava-se que a CUT, a Central Sindical e outros penduricalhos formassem na trincheira da resistência. Afinal, eles é que deram suporte à candidatura do PT.
Durante anos lideraram a batalha contra a supressão e o restabelecimento dos direitos sociais, pela preservação dos monopólios estatais e a soberania nacional.
Poderiam ter levado o governo dos trabalhadores a permanecer sustentando os postulados que o levaram à vitória nas urnas.

Por fatores que o fisiologismo explica tanto quanto a fraqueza das convicções, as centrais sindicais encolheram-se. Deixaram de reagir aos avanços das elites financeiras e até deram apoio ao recuo de Lula e de Dilma Rousseff. Sumiram das ruas as passeatas, as greves, as contestações.

Os dirigentes sindicais que discordaram viram-se afastados, uma equipe de sabujos passou a controlar as instituições e o sindicalismo brasileiro ganhou as profundezas.

Desapareceram os movimentos em favor de melhores condições de vida, da defesa dos aposentados, dos assalariados que não fossem metalúrgicos e das grandes bandeiras nacionais então ensarilhadas.


Não há mais sindicalismo sério no Brasil.

Carlos Chagas
02 de janeiro de 2012

PF FLAGRA DESVIO RECORDE DE RECURSOS PÚBLICOS EM 2011

(Clique para ampliar)

Operações da Polícia Federal flagraram o desvio de R$ 3,2 bilhões de recursos públicos em 2011, dinheiro que teria alimentado, por exemplo, o pagamentos de propina a funcionários públicos, empresários e políticos, informa reportagem de Fernando Mello, publicada na Folha desta segunda-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

O Custo da Corrupção

O valor é mais do que o dobro do apurado pela polícia em 2010 (R$ 1,5 bilhão) e 15 vezes o apontado em 2009 (R$ 219 milhões).


Os números inéditos estão em um relatório produzido a partir apenas das operações. Segundo a Polícia Federal, trata-se do valor provado nas investigações, que são repassadas para o Ministério Público mover ações na Justiça e tentar reaver o dinheiro.

Leia mais na edição desta segunda-feira, que já está nas bancas.

NÃO É ELEITOR, MAS GOSTA DE BOAS ANEDOTAS...

PROJETO PETISTA DE PODER: EM 10 ANOS, FUNCIONALISMO CRESCEU 21%. CARGOS DE CONFIANÇA CHEGAM A 22 MIL.

Entre 2000 e 2010, enquanto a população brasileira cresceu 12,5%, o número de servidores ativos da União, descontados os militares, subiu num ritmo bem mais acelerado, 21,2%.

Assim que assumiu a Presidência, Dilma Rousseff criou uma câmara de gestão, presidida pelo empresário Jorge Gerdau, para discutir propostas para melhorar a eficiência da máquina pública, e não apenas aumentá-la. Até agora, entretanto, houve pouco resultado prático. A própria presidente reconheceu recentemente, em conversa com jornalistas, a necessidade de um perfil mais profissional para os quadros do governo.

"A chegada de pessoas indicadas por partidos políticos ou grupos de interesse acaba prejudicando o funcionamento e a própria qualidade da administração pública", afirma José Matias-Pereira, professor de administração pública da UnB (Universidade de Brasília). Para ele, o compromisso dos indicados políticos "é com as sustentações políticas que estão por trás deles", e não com a eficiência.

Hoje há 86 mil cargos de confiança no governo, em geral postos de chefia. Isso significa que para cada sete servidores, há um chefe. Esses cargos representam cerca de 15% do gasto com pessoal do Executivo.Desses 86 mil cargos, 22 mil são os chamados DAS, nomeados livremente, sem qualquer tipo de seleção além do desígnio de quem tem o poder de nomear. Em 2010, as despesas com pessoal dos três Poderes consumiram 12% de tudo o que o governo gastou.
(Folha de São Paulo)

VIVEMOS NUMA ÉPOCA EM QUE FAZER POLÍTICA NÃO PASSA DE UMA ESTRATÉGIA DE MARKETING

O mundo gira e as coisas vão se modificando. Uma das novidades é a mudança na prática política. No tempo do presidente Washington Luiz, governar era abrir estradas. Hoje, deveria ser investir em infraestrutura (energia, transporte e telecomunicações), para reduzir o chamado Custo Brasil e pavimentar nosso caminho rumo ao inevitável desenvolvimento.

Mas o que vemos? Ao que parece, governar hoje não passa de colocar em prática ardilosas estratégicas de marketing, simulando realizações e enganando o respeitável público, que em sua esmagadora maioria não se preocupa com política, está mais ligado em futebol, computador e novelas de televisão.

Um bom exemplo é a matéria do Estadão sobre política de segurança pública, que oportunamente nos foi enviada pelo comentarista Carlo Germani. A reportagem mostra que o governo suspendeu, por tempo indeterminado, a elaboração de um plano de articulação nacional para a redução de homicídios, um dos pilares da política de segurança pública anunciada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, no início do governo Dilma Rousseff.

A decisão surpreendeu e irritou integrantes do Conselho Nacional de Segurança Pública, que acompanham a escalada da violência no país. O Brasil é o país com o maior índice de homicídios do mundo em termos absolutos — quase 50 mil por ano, 137 por dia — e o sexto quando o número de assassinatos anuais é comparado ao tamanho da população.

Em janeiro, ainda embalado pelo ritmo da campanha eleitoral (também toda calcada em marketing), Cardozo anunciou que buscaria um pacto com os governadores, inclusive com os oposicionistas, para preparar um grande plano de combate à violência. Em maio, depois de longos meses de discussões, um representante da Secretaria Nacional de Segurança Pública chegou a apresentar o esboço do plano.

A proposta seria enviada ao Palácio do Planalto e, depois, anunciada formalmente como o plano do governo federal para auxiliar governos estaduais a reduzirem crimes de sangue. No entanto, depois de passar pela Casa Civil, o plano foi discretamente engavetado.

“Ficamos sabendo que Dilma mandou devolver o plano porque a redução de homicídios é papel dos estados e não do governo federal. Consideramos isso um retrocesso e estamos cobrando que o governo apresente sua estratégia de enfrentamento da violência” — afirma Alexandre Ciconello, que representa no Conselho Nacional de Segurança Pública o Instituto de Estudos Socioeconômicos.

Segundo ele, a equipe de Cardozo suspendeu até mesmo as discussões sobre o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. Lançado em 2008 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o programa reunia quase 100 diferentes ações com um objetivo central: reduzir o índice de homicídios no Brasil de algo em torno de 26 por 100 mil habitantes para 14 por 100 mil em 2012.

Traduzindo: nada disso era para valer. São projetos virtuais, feitos apenas para constar, exatamente iguais ao combate à criminalidade no Estado do Rio de Janeiro, que serve como exemplo nacional. As estatísticas no Rio de Janeiro são flagrantemente manipuladas, isso já está mais do que comprovado. A polícia não consegue resolver nem 10% dos casos de homicídios, só prendendo o criminoso quando ele é denunciado.

Praticamente não existe polícia investigativa. As delegacias se limitam a registrar as ocorrências. Os crimes somente são investigados quando envolvem alguma personalidade famosa e saem no jornal. Esta é a realidade que todos conhecem. Justamente por isso, a maioria das vítimas nem se dá ao trabalho de prestar queixa. Só o faz quando é obrigada, para receber seguro ou justificar falta ao trabalho, coisas assim.

Na política de hoje, tudo é virtual. O importante não é quem governa, mas quem faz o marketing, produzindo factóides (pseudos fatos), especialidade em que o ex-prefeito Cesar Maia era insuperável.

E como é que as coisas funcionam, nessa situação? Ora, é só lembrar o velho ditado, já popular aqui no Blog: O Brasil cresce de noite, quando os governantes e políticos estão dormindo e não podem atrapalhar. Basta ver o exemplo da Bélgica – 15 meses sem governo constituído, tudo funcionando e o país crescendo.

Aí surge uma boa idéia: por que não ter políticos apenas virtuais? Não há dúvida de que seriam muito melhores do que esse pessoal que hoje milita no ramo.

Carlos Newton, 02 de janeiro de 2012

MAHATMA GANDHI

Perguntaram numa ocasião a Mahatma Gandhi quais são os fatores que destroem o ser humano, e ele respondeu assim:

"A Política sem Princípios, o Prazer sem Responsabilidade, a Riqueza sem Trabalho, a Sabedoria sem Caráter, os Negócios sem Moral, a Ciência sem Humanidade e a Oração sem Caridade.

JUÍZES: A CADA 5 ANOS, MAIS DE 1 ANO EM FÉRIAS. NÃO É DE ENLOUQUECER?

Some dois meses de férias por ano com três meses de licença prêmio a cada cinco anos e você terá, no período, nada mais, nada menos do que treze meses em que os juízes são beneficiados com longas temporadas de descanso regiamente remuneradas. Segundo o Estadão, o novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Ivan Ricardo Garisio Sartori, defende os dois meses de férias por ano, que ele e toda sua classe desfrutam. "Eu não considero um privilégio", afirma Sartori, que assume hoje o comando da mais importante e influente corte do País, cidadela da resistência ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "Não considero privilégio porque acho que isso foi visto pelo legislador, o legislador tem sempre uma razão, a lei tem sempre uma razão de ser", argumenta. "Considero um direito que a lei previu, que vem em benefício do cidadão e, possivelmente, a razão, a ratio legis, é a sanidade mental do juiz." "Temos inúmeros casos de problemas psicossociais de juízes", pondera. "Transformaram a função jurisdicional numa função como outra qualquer, não é assim, soltar processo como se solta pastel em pastelaria."


E não é mesmo. Enquanto os pobres pasteleiros paulistas que, neste caso, representam todos as categorias profissionais do maior estado do país e não têm este privilégio, não é dado o direito de enlouquecer com 768,1 mil processos que tramitam em segunda instância e mais 18,83 milhões espalhados por todos os fóruns da capital e interior. Para fazer o seu trabalho, os 360 desembargadores dispõe de um orçamento de R$ 6,8 bilhões. Mesmo assim, não dão conta do mínimo indispensável, mais preocupados em receber auxílios-moradias e outras mordomias, que lhe são garantidas por decisões que tomam para beneficiar a si mesmos, do que em diminuir esta pilha que só aumenta. O resultado é que gente que deveria estar presa está em liberdade e gente que deveria estar solta continua atrás das grades. E os juízes em férias ou em viagens para os convescotes patrocinados por réus em spas de luxo. Não é de enlouquecer quem trabalha?
coroneLeaks
2 de janeiro de 2012

MUNDO VAI ACABAR, MAS NÃO EM 2012!

Adeus mundo cruel!
Eis aí uma boa matéria de Giuliana Miranda, da Folha de São Paulo desta primeira segunda-feira de 2012. Ela aproveita o mote das teorias conspiratórias que antevêem o fim do mundo neste ano. Sem cair no besteirol ecochato - o que é raro na Folha de S. Paulo, tanto é que esse jornal abre espaço para as bobagens da Marina Silva e similiares - Giuliana racionaliza. Busca as informações que a ciência dispõe para informar que realmente o mundo vai acabar, mas levará um bom tempo. E bota bom tempo nisso. E não há nada que impeça que nesse futuro distante estimado em 1 bilhão de anos a Terra seja esturricada pelo Sol. E não adianta os ecochatos ficarem medindo a temperatura dos mares. Como costumo afirmar, o universo é um eterno vir a ser.
O texto da Giuliana Miranda está de bom tamanho. Vou contratá-la para o blog...hehe... Leiam:
Resigne-se: o mundo vai mesmo acabar. Isso só não deve ser em 2012, como muita gente anda dizendo por aí.
Daqui a 1 bilhão de anos, nosso planeta estará fadado à morte certa, com um futuro de temperaturas escaldantes insustentáveis para a manutenção da vida. O culpado? O Sol, a caminho de uma espécie de velhice estelar.
"Faz parte da evolução das estrelas do tipo do Sol. Quando o hidrogênio de seu núcleo vai acabando, a consequência é a estrela aumentar. Isso interfere em seu brilho e na energia que chega à Terra", diz Gustavo Rojas, astrofísico da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
Embora a presença de vida (ao menos por enquanto) seja exclusividade do Sistema Solar, nossa estrela é de um tipo bastante comum Universo afora.
As estrelas são amontoados de gás incandescente, sobretudo hidrogênio. No núcleo, os átomos se chocam em um ambiente de altíssima pressão, desencadeando a chamada fusão nuclear. Esse processo gera muita energia e permite que a estrela tenha um tamanho estável.
O problema é que esse combustível não dura para sempre e, à medida que ele vai acabando, outro elemento, o hélio (resultado da fusão do hidrogênio) começa ele mesmo a ser fundido.
Essa substituição faz com que as camadas externas da estrela se expandam. É como se o calor se espalhasse pela extensão da estrela, que fica mais fria e, portanto, mais avermelhada. É esse futuro como gigante vermelha que espera o Sol daqui a pelo menos 5 bilhões de anos.
Seu tamanho deverá aumentar em torno de 200 vezes, o suficiente para "engolir" Mercúrio, Vênus e, muito provavelmente, a Terra.
As condições de vida por aqui, porém, irão se deteriorar bem antes disso.
"Daqui a 1 bilhão de anos, com o aumento do brilho do Sol, os oceanos já terão evaporado. Até as rochas derreterão. A vida já terá acabado", diz Carolina Chavero, do Observatório Nacional (RJ).
Tudo isso ainda levará muito tempo para acontecer, mas já existem cientistas propondo alternativas à aniquilação da humanidade. Uma delas seria a migração.
"A zona habitável [região em que há água no estado líquido] do Sistema Solar também mudará. Regiões antes muito frias vão esquentar", diz Gustavo Rojas. Uma boa primeira parada seria Marte.
O "descanso", porém, seria temporário. O Sol logo começaria a fritar também a superfície marciana.
Em mais alguns bilhões de anos, o chamado cinturão de Kuiper, onde fica Plutão, é que terá condições ideais.
Soluções mais malucas, como um guarda-sol para barrar parte da luz estelar, e até um complexo sistema que usaria a força gravitacional de cometas para "empurrar" a Terra para outra órbita, também já foram pensadas.
Janeiro 02, 2012

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Sempre que me falam do "fim do mundo", ou quando leio algo sobre esse assunto, ocorre-me aquela anedota de uma senhora de idade muito avançada, lé pelos seus 90 anos, velhinha mesmo, fora assistir uma palestra e lá pelas tantas, o conferencista envereda pelo tema do "fim do mundo", quando anuncia que dentro de 6 milhões de anos com certeza o mundo acabaria.
Muito nervosa, a velhinha levantou-se e perguntou ao palestrante:
- Daqui a quantos anos, o senhor disse?
E o palestrante, atendendo a interrogação da velhinha, respondeu:
- Daqui a seis milhões de anos...
- Ah! - disse a velhinha já mais tranqüila - eu tinha entendido três...
m.americo

A CHINA É UM NOVO PARADIGMA, POSTO EM PRÁTICA COM SUCESSO

Parece que 2012 será realmente um novo ano, no sentido de mudanças. Começamos a debater diariamente aqui na nossa Tribuna o fenômeno China, o que nos diz diretamente respeito, pois significa mais ou menos empregos em nosso país, que é o que me interessa em primeiro lugar.

Após a segunda guerra proibiram Alemanha e Japão de manterem exércitos. Eles penhoradamente agradecem. URSS, leia-se Rússia, e EUA passaram a aumentar seus exércitos e invadir metade do mundo, patrocinando guerras, que teoricamente lhes trariam vantagens. A URSS quebrou em 1989. Os EUA em 2008. Não puderam sustentar guerras em países estrangeiros e no caso específico dos EUA e da Europa, também a guerra da especulação que seus “governantes” idiotamente ou malandramente permitiram em seus próprios territórios.

A China, depois que afastaram o Mao, mudou sua estratégia e abriu as portas para o capitalismo, mandando seus homens estudarem tudo que pudessem nos EUA, e parou de gastar em guerras. Ao contrário, passou a investir todo lucro advindo dos impostos sobre a produção industrial, na infra-estrutura e educação.

A China é um fenômeno ? É ! É um novo paradigma, posto em prática com sucesso. Estado absolutista e capitalismo selvagem trabalhando juntos. Com 1,4 bilhões de habitantes, estão resolvendo o problema deles, independente do fato que estão criando um problema para todo restante do mundo, inclusive para o Brasil, onde muitos industriais brasileiros já fecharam suas empresas e passaram a produzir lá. Vamos pagar muito caro por isso.

O Brasil é um dos únicos países do mundo que pode enfrentar a China, comercialmente falando, que é o que me interessa. Por que podemos? Porque temos todas matérias-primas necessárias. Onde está o entrave então ? Nos nossos desgovernos. Por mais que tenhamos de tudo, não há santo que aguente duas gangs seguidas nos infernizando a vida, quais sejam, a do FHC e agora a do Lula.

Não concordo com o emérito professor Francis Fukuyama, para quem, em última análise, devemos convergir todos para o modelo chinês. Existe um outro caminho, ainda não tentado por nenhum país, que é manter o Estado em um tamanho ideal para a sociedade, nem mínimo (inexistente) nem máximo (Brasil), e repartir com equidade o resultado da indispensável união entre capital e trabalho.

O objetivo final não pode ser o lucro e sim o ser humano. Lucro tem que ser a escada para subir e não um pote de ouro no topo da escada, onde para alcançá-lo vale tudo e mais um pouco. Podemos e devemos enfrentar a China, no mundo dos negócios e não das armas, bem entendido. Temos tudo para isto.

Ou então, como querem nossos “governantes”, depois de sermos explorados por Portugal, Inglaterra e EUA, nos entregarmos bovinamente à exploração chinesa. Nesse caso, acabaremos todos com salário mínimo, se tanto. Todos não, menos nossos “iluminados governantes” em seus palácios às nossas custas e seus associados da iniciativa privada, esta sustentada com empréstimos do BNDES.

02 de janeiro de 2012
Martim Berto Fuchs

CIENTISTAS SOCIAIS NA CONTRAMÃO DA REPRESSÃO ÀS DROGAS

O governo federal anuncia a ampliação e melhoria do sistema penitenciário brasileiro, o monitoramento das fronteiras e um combate específico ao crack, como prioridades na área de segurança, quando já se conclui que o Brasil é hoje o principal centro de lavagem de dinheiro da América do Sul, onde tal constatação coincide com o ritmo de crescimento da economia nacional e da multiplicação, na última década, das rotas do tráfico de drogas para EUA, Europa e Ásia (via África).

Ao mesmo tempo, se anuncia que o Plano Estratégico de Fronteiras, desenvolvido pelo Ministério da Defesa em 2011, numa ação de inteligência conjunta com a participação de 6.500 militares das Forças Armadas e integrantes das Polícia Federal e das polícias estaduais, apreendeu 115,3 toneladas de maconha e cocaína e 535 armas de fogo, entre os meses de junho e dezembro, num resultado 14 vezes superior ao mesmo período do ano anterior.

Apesar disso tudo, as conclusões de uma recente pesquisa empreendida por cientistas sociais, em São Paulo, sobre a prisão de usuários de drogas e de pequenos traficantes, divulgada ao apagar das luzes de 2011, ainda que o trabalho científico tenha a sua devida importância, parece não acreditar no sucesso da repressão às drogas.

Com as ações do Plano Estratégico, enfraquecendo em parte o poder do crime (transnacional) do tráfico de drogas, foram apreendidas 99,5 toneladas de maconha e 15,8 toneladas de cocaína, além de 473, 4 mil fármacos (éter e acetona por exemplo) utilizados no refino da pasta básica de coca. Ao todo 4,2 mil pessoas foram presas em flagrante.

O plano de ação nas fronteiras envolveu 27% do território brasileiro, 710 municípios, em 11 estados e nas fronteiras com 10 países vizinhos. O Ministro da Defesa Celso Amorim informou ainda sobre a apreensão de 8 mil quilos de explosivos e agrotóxicos.

O trabalho integrado das forças de segurança, portanto, provando que o combate bem planejado surte efeitos positivos, pode ser observado inclusive pela escassez das drogas e o aumento imediato do custo da pasta base de cocaína (60%) em Cáceres (MT) e 65% em Dourados (MS). Ou seja, os traficantes e os usuários, estes na ponta da linha, terão que esvaziar mais os bolsos.

A ação repressiva fez a maconha ficar 100% mais cara em Cuiabá (MT) e em Campo Grande (MS). Tal escassez dos produtos já se faz sentir nos centros consumidores de São Paulo e principalmente no Rio, onde o projeto das UPPs vem também enfraquecendo progressivamente o poder paralelo do narcoterrorismo.

Apesar de todos os resultados aqui mencionados fica claro que o contrabando de armas e o tráfico de drogas não acabaram em território nacional. Temos os números do que foi apreendido, porém não do que vazou. Haverá sempre um mercado consumidor de armas e drogas.

Registre-se também, como positivo, o resultado da Campanha de Desarmamento de 2011, que de maio até a última semana de dezembro recolheu 36.834 armas, além de 150.965 munições. Por dever de justiça reconheça-se, nestes resultados, o apoio da ONG Viva Rio.

Pior mesmo seria uma política permissiva, como insiste em apregoar a ‘corrente progressista’, no Brasil liderada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que vive divulgando pesquisas com o intuito de provar que a guerra às drogas fracassou no mundo e que a saída é a descriminalização e legalização, numa política de redução de danos onde o Estado controlaria o comércio e a distribuição de drogas, como se os taraficantes, com a legalização, fossem pacificamente depor seus poderosos arsenais de guerra.

A pesquisa mencionada no início deste texto, mais preocupada com os que financiam a violência e os fuzis do tráfico (os usuários) tenta demonstrar que estes são as maiores vítimas de uma política errônea de repressão. Segundo a pesquisa, sob o título ”Prisão provisória e lei de drogas no Brasil – Identificando obstáculos e oportunidades para maior eficácia”, a política de repressão ás drogas está voltada para o pequeno traficante, muitas vezes confundido com o usuário de entorpecentes. A pesquisa conclui pelo uso excessivo da prisão provisória dessas pessoas que acaba se tornando regra.

Tal pesquisa, do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo, foi desenvolvida com o apoio da Open Society Foundation, instituição americana que procura combater o uso excessivo da prisão temporária nos casos de tráfico de drogas. Registre-se, porém, que grandes, médios e pequenos traficantes, além de dependentes e usuários, estes no momento do efeito das drogas, são os responsáveis pela maior parte dos 50 mil homicídios que ocorrem anualmente no país, numa média de 137/dia, onde o Brasil aparece, em números absolutos, em primeiro lugar no mundo e como sexto comparado ao número de habitantes, numa taxa de homicídios de 26,2 para cada grupo de 100 mil habitantes.

Ou seja, os cientistas sociais estão mais preocupados com os “direitos humanos” de usuários e pequenos traficantes, do que com o combate efetivo às drogas. Se há algo de errado na prisão de usuários e pequenos traficantes que se apresente e se discuta as oportunidades de mais eficácia, como sugere o próprio título da pesquisa. A única alternativa não recomendável é descriminalizar e legalizar drogas e conceder mais benevolência a quem cometeu crimes.

Drogas não agregam valores sociais positivos. O tripé prevenção, tratamento do usuário e repressão inteligente ao tráfico continua sendo, sem dúvida, a melhor fórmula até aqui encontrada para minimizar a grave questão. A presidente Dilma Rousseff tem razão ao assim se referir à questão da descriminalização de drogas, quando ainda candidata ao cargo, no ano de 2010: “Quando o assunto é descriminalização de drogas, num país de 30 milhões de jovens, é como um tiro no pé”.

Pior que um tiro no pé, senhora presidente, é com certeza um verdadeiro tiro pela culatra. Quando o assunto é drogas, a permissividade e a tolerância são inimigas do sucesso. Não há dúvida.
***
P.S. – Por falar em drogas e saúde, o governo do Estado do Rio de Janeiro -ação contra as drogas é o que interessa – anunciou recentemente a criação de um centro de referência e pesquisas voltado para a droga que hoje mais assusta, o crack. A nova unidade deverá funcionar nas instalações do antigo Hospital São Sebastião, no bairro do Caju, na cidade do Rio de Janeiro. Ponto para o poder público. É possível, sim, ter importantes vitórias na difícil e complexa guerra contra as drogas. Basta ter vontade política.

02 de janeiro de 2012
Milton Corrêa da Costa

NEM O SANTO AGÜENTA...

Mãe do governador de Pernambuco vai relatar auditoria da Transposição do S. Francisco. Como ela é do PSB, deveria se declarar suspeita.

A política brasileira está mesmo num baixo nível desanimador. No ano passado, o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) esteve em vários Estados fazendo lobby até conseguir emplacar a própria mãe, Ana Arraes, como ministra do Tribunal de Contas da União.

Agora, o Estadão noticia que justamente a ministra Ana Arraes foi escolhida para relatar a auditoria que apura o aumento do preço de contratos de obras da transposição do Rio São Francisco. Ora, todos sabem que este projeto é obra do PSB, partido do governador, de sua genitora e dos ministros que tocaram e tocam as obras – Ciro Gomes e Fernando Bezerra, atual ministro da Integração Nacional, que também é de Pernambuco e afilhado político do governador.

A ministra Ana Arraes, portanto, deveria se declarar “suspeita”, mas esse tipo de comportamento ético está inteiramente fora de moda no Brasil. E assim ficará tudo em casa, com o PSB fiscalizando o próprio PSB.

Obra mais cara bancada com dinheiro dos impostos, a transposição do São Francisco prevê o desvio de parte das águas do rio por mais de 600 quilômetros de canais de concretos construídos em quatro Estados do Nordeste: Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Em apenas um dos lotes, o Tribunal já encontrou prejuízo ao contribuinte de R$ 8,6 milhões. Esse mesmo lote já havia sido objeto de um acréscimo de preço de 15%. Uma das falhas identificadas pelos auditores foi a construção de um trecho do canal de concreto em desacordo com alteração de traçado feita pelo projeto executivo da transposição. Como resultado, a obra de terraplenagem custou R$ 3 milhões a mais.

O TCU também registrou falhas também na fiscalização da obra, assim como a assinatura de acréscimos em contratos, independentemente do esclarecimento de irregularidades ou atrasos “injustificáveis” nos lotes.

Há alguns dias Bezerra informou que negociava com o TCU um reajuste acima dos 25% do limite legal para pelo menos um dos contratos. Alegou que haveria prejuízo com a desmobilização de grandes máquinas de cavar túneis no lote 14 do eixo norte, que contabiliza avanço de apenas 27,1% no contrato.

Segundo o próprio ministro, vários contratos da transposição serão rescindidos e o saldo de obras será objeto de duas novas licitações, de valor estimado em R$ 1,2 bilhão, a serem lançadas no início de 2012.
É um nunca-acabar.

Desse jeito, aonde iremos chegar? Nem São Francisco sabe…

Carlos Newton
02 de janeiro de 2012

DO TANGO AO TANGOLOMANGO

Ferreira Gullar e a ascensão do neopopulismo na América Latina

***
Ferreira Gullar

A América Latina vive hoje, por determinadas razões, a experiência do neopopulismo.

Os anos que vivi em países latino-americanos levaram-me a perceber que entre eles e o Brasil há importantes diferenças.

Isso não significa que eles, por sua vez, sejam todos iguais; não obstante, há, entre eles, traços que os distinguem de nós.

Não é que sejamos melhores ou piores que eles, mas há diferença. Já me referi a isso aqui, faz algum tempo, mas agora essa observação me volta à lembrança, ao saber das medidas francamente antidemocráticas tomadas por Cristina Kirchner, recentemente reeleita presidente da Argentina. E foi na Argentina que passei a maior parte de meu exílio.

Mais precisamente em Buenos Aires, cidade que adoro e que, apesar dos pesares, muito ajudou a enfrentar a barra pesada daqueles anos.

Cheguei ali no mesmo dia em que morrera o presidente Perón e, por isso, tive que aturar, durante três dias, a exposição do velório dele, ininterruptamente exibido na televisão.

Ali estava, enfim, morto, o homem que governara a Argentina por duas vezes e que, em seu primeiro governo, transformara sua mulher, Evita, numa mitificada mãe dos pobres e que, morta, teve seu cadáver posto em exposição na sede da CGT até ser ele apeado do poder pelos militares.

Levou consigo o cadáver dela para a Espanha e o instalou na casa onde passou a viver com a nova mulher, Isabelita. Esta penteava os cabelos da morta todos os dias, conforme a vontade do marido.

De volta à Argentina, fez de Isabelita sua vice, de modo que, morto ele, assumiu ela o governo do país, embora nada entendesse daquilo, cantora de cabaré que havia sido. Não faz muito tempo, seu herdeiro político, Néstor Kirchner, fez de Cristina também sua vice; assim, morto ele, passou ela a governar o país.

País estranho é a Argentina. Se é verdade que também no Brasil tivemos a ditadura de Getúlio Vargas, igualmente travestido de pai dos pobres, jamais adquiriu a aura mistificante que até hoje mantém o peronismo como força política atuante no país.

Lembro que, quando Isabelita assumiu o governo, sem qualquer qualificação para isso, a CGT difundiu pelo país um cartaz em que ela aparecia vestida como Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, tendo ao alto, de um lado, o rosto de Perón, e do outro, o de Evita, lançando luz sobre ela, e embaixo a seguinte frase: “Se sente, se sente, Perón e Evita estão presentes”.

Ninguém teria coragem de fazer coisa semelhante no Brasil, mas na Argentina pode, e tanto pode isso como pode sequestrar do túmulo o cadáver de um general, levado para a Itália por razões políticas; e também pode, no dia da chegada de Perón, em 1973, peronistas enforcarem peronistas sob o palanque em que discursava o líder recém-chegado.

Se soube de tudo isso com perplexidade, igualmente perplexo leio agora as notícias, que me chegam de lá, após a vitória eleitoral de Cristina Kirchner.

Ao que tudo indica, estamos diante de uma personalidade surpreendente que, ao contrário de Isabelita, que não sabia a que viera, sabe muito bem o que pretende e está disposta a levar suas pretensões às últimas consequências.

A América Latina vive hoje, por determinadas razões, a experiência do neopopulismo, que tem como principal protagonista o venezuelano Hugo Chávez.

É um regime que se vale da desigualdade social para, com medidas assistencialistas, impor-se diante do povo como seu salvador. Lula seguiu o mesmo caminho, mas, como o Brasil é diferente, não conseguiu o terceiro mandato.

A solução foi eleger Dilma para um mandato tampão.

Porque o neopopulismo se alimenta de uma permanente manipulação do setores mais pobres da população, o seu principal adversário é a imprensa, que traz a público informações e críticas, que desagradam o regime.

Por isso mesmo, Chávez faz o que pode para calar os jornalistas, enquanto Lula e sua turma tentaram criar aqui um órgão para controlar os jornais.

Não o conseguiram, mas Cristina, na Argentina, talvez o consiga, já que acaba de aprovar uma lei que põe sob controle do Estado a produção de papel de imprensa. O jornal que insistir em criticar seu governo, deixará de circular.

Temo pelo que possa acontecer à Argentina, nas mãos de uma presidente embriagada pelo poder.

Ferreira Gullar e a ascensão do neopopulismo na América Latina
A pedido do comentarista Mauro Júlio Vieira, estamos reproduzindo este artigo do poeta Ferreira Gullar, publicado na Folha.02 de janeiro de 2012
02 de janeiro de 2012

AÇÕES DA PF MOSTRAM RECORDE DE DESVIOS EM 2011

Número de servidores públicos presos também aumentou em comparação com o ano anterior
2/01/2012 | Enviar | Imprimir | Comentários: 4 | A A A

Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que operações da Polícia Federal apontaram um rombo recorde de R$ 3,2 bilhões nos cofres públicos em 2011.

De acordo com o jornal, o dinheiro teria sido utilizado — entre outras coisas — para pagar propinas a funcionários públicos, empresários e políticos.

Em 2010, o desvio de recursos públicos apurado em operações da PF foi de R$ 1,5 bilhão, menos da metade do valor atual. Em 2009, o rombo nos cofres públicos foi de R$ 219 milhões.

Servidores presos

Tais valores constam em um relatório elaborado a partir apenas das operações da Polícia Federal. As investigações são então encaminhadas ao Ministério Público.

Em 2011, o número de servidores públicos presos também aumentou, chegando a 225. Em 2010, foram 124.

RACISMO EM CONCURSO PÚBLICO

Artigos - Governo do PT

O governo gaúcho anunciou a realização de um concurso público para admissão de dez mil professores e informou que 18% dessas vagas constituirão cota reservada a "afrodescendentes".

A melhor maneira de alguém se tornar racionalmente inepto é ser politicamente correto. Incrível como a esquerda, que tanto detesta os Estados Unidos, os ianques, os anglicismos e os americanismos, gosta de macaquear toda tolice que surja por lá! A própria expressão "politicamente correto" (800 mil referências no Google) corresponde à tradução de political correctness (10 milhões de referências no Google), tendo ganho nos Estados Unidos, de tão usada, a abreviatura PC.

A palavra afrodescendente (263 mil referências no Google) é a forma que adquiriu no Brasil outro conceito born in USA - "afro-american" (6,6 milhões de referências). No formato nacional, virou um neologismo ainda mais ridículo, cuja etimologia diverge do significado que lhe foi atribuído. De um lado, porque muito provavelmente todos os humanos são afrodescendentes, originários do mesmo tronco africano. De outro, porque parcela numerosa da população daquele continente é formada por árabes, egípcios e berberes, que têm a pele clara. Ou seja: afrodescendente não quer dizer coisa alguma. Entender tal vocábulo como significando "negro" é racismo em forma pura, não miscigenada, pois dele se infere que a palavra substituída seja, de algum modo, depreciativa. Não é. Só é para quem for racista.

Que a lei de cotas raciais (arre!) não serve à justiça é coisa que poucos haverão de negar. Numa mesma rua de um mesmo bairro pobre, dois vizinhos, estudantes da mesma escola pública, com os mesmos mal remunerados professores, jogando futebol descalços com a mesma bola de meia prestam exame vestibular e tiram as mesmas notas. Por ser negro um consegue aprovação pela lei de cotas. O outro, por ser branco, não se classifica. Isso é discriminação racial. Não acontece? Acontece até pior. Escreveu-me outro dia um leitor relatando o caso de um vestibular para disputadíssimo curso. Havia 40 vagas ao todo. O último classificado pelas cotas fora o 142º lugar. O candidato que se classificou em 41º lugar ficou fora. De que modo isso serve à justiça? Ainda se poderia, com um senso bem elástico sobre o que seja justo, tolerar um sistema de cotas para acesso ao ensino superior que ponderasse a condição social num sentido amplo, mas ele envolveria irrealizável trabalho de investigação e classificação.

Pois bem, o governo Tarso Genro reservará 1,8 mil vagas para negros no concurso para o magistério público estadual. Neste caso, não se trata de favorecer a ascensão de um grupo social presumivelmente desfavorecido (tal presunção, tomada pela cor da pele, é realmente presunçosa). Trata-se de outra coisa porque todos os concorrentes às posições no magistério saíram, com o canudo da mão, pelas mesmas portas escolares e universitárias. A cor da pele, nesse sentido, é tão representativa de suas diferenças quanto o penteado ou o sapato.

Anuncia-se, então, um flagrante privilégio e uma ruptura com o princípio da igualdade de todos perante a lei. Não bastasse isso, a cota racial vai na contramão das promessas do governador Tarso Genro de qualificar o ensino público para que o Rio Grande do Sul recupere as posições perdidas no contexto da educação nacional. Como alcançar esse objetivo se a porta de entrada para o magistério vai levar em conta a cor da pele e não o desempenho nas provas do concurso de seleção? Vão ser politicamente corretos assim com o futuro deles mesmos e não com o futuro do Rio Grande do Sul!
Escrito por Percival Puggina, 30 Dezembro 2011

HAJA MENTIRA! JORNAL NACIONAL PINTA DE ROSA A REPRESSÃO CUBANA

Deixem-me dizer o que o Jornal Nacional, malgrado seus pomposamente alardeados "princípios editoriais", ocultou ao público: neste ano, até novembro, mais de 3 mil pessoas foram presas pelo regime comunista (comunista, sim!) cubano !

"Existe uma confusão. Isto não é comunismo, nem socialismo. É um capitalismo de estado, de clã familiar, um capitalismo militar."
Yoani Sánchez, autoproclamada "dissidente" cubana.

Quem tem acompanhado os acontecimentos em Cuba por fontes mais idôneas deve ter sofrido um "passamento", como dizem os caboclos ribeirinhos aqui da região Norte, ao ter assistido ao terceiro episódio da série jornalística exibida pelo Jornal Nacional sobre a ilha do medo, intitulada "Cubanos usam mensagens de texto para driblar a censura e a repressão política".

Imaginem se uma blogueira que mostra seu belo rostinho e escreve para vários jornais do mundo inteiro pode se apresentar como dissidente do regime comunista cubano, ainda mais exibindo sua luxuosa e confortável casa, mesmo para os muito superiores padrões brasileiros.

Aos desavisados, sonsos, crédulos e ingênuos: a Sra Yoáni Sanchez não é ninguém menos do que uma agente de desinformação (será que devo escrever "agenta"?) do próprio regime. Sua função é justamente esta, qual seja, a de causar duvida sobre a crueldade do aparato repressivo: Senão vejamos: é uma mulher razoavelmente bela e simpática, tem uma bela casa, envia suas mensagens pelo Twitter e diz que apanhou da polícia política - ainda que sem um hematomazinho que facilmente apareceria em sua alva tez.

Desta forma, os tontos que acreditam piamente em sua atividade pretensamente clandestina serão levados a crer que os que denunciam as atrocidades dos Castro e de sua gangue são uns exagerados, senão uns mentirosos mal-intencionados. Afinal, a vida em Cuba não seria tão ruim assim como pintam...; já aqueles dissidentes, eles pareceriam mais com um bando de mimados sem causa ou sob paga do império ianque para desestabilizar o paraíso caribenho...

Depois da pequena lavagem cerebral - trabalho fácil, pois as cabeças estavam ocas mesmo - vão sair por aí exibindo sua performance intelectual aos amigos, entre goles de cerveja e mordiscadas nas chochas batatinhas fritas afogadas de tanto óleo: "Em Cuba não vigora um comunismo, nem um socialismo: é um capitalismo de estado, um clã familiar, um capitalismo militar"...

Pois deixem-me dizer o que o Jornal Nacional, malgrado seus pomposamente alardeados "princípios editoriais", ocultou ao público: neste ano, até novembro, mais de 3 mil pessoas foram presas pelo regime comunista (comunista, sim!) cubano ! A notícia saiu no El Nuevo Herald, apenas um dia antes desta pantomima televisiva que está mais é para pré-estréia do BBB11. O Jornal Nacional perdeu mais uma chance de jogar uma água e sabão na sua reputação.

Abaixo, segue a notícia publicada no jornal de Miami, traduzida automaticamente pelo Google.

Para outras fontes, clique

Cobertura total de la noticia
Denuncian aumento de represión en Cuba
El Nuevo Herald - ‎20/12/2011‎
La Comisión Cubana de Derechos Humanos y Reconciliación Nacional (CCDHRN), radicada en La Habana, alertó a la comunidad internacional sobre la represión política contra el movimiento opositor. En un informe parcial de diciembre adelantó que hasta el ... Disidente presentará cargos penales por supuesto ataque
Univisión - ‎20/12/2011‎
AP | Fecha: 12/20/2011 - AP LA HABANA - Un disidente dijo que presentará cargos penales ante la justicia cubana luego de haber sido atacado por un simpatizante gubernamental durante una manifestación opositora realizada a comienzo de diciembre. ... Disidencia cubana denuncia 400 detenciones temporales
ABC Color - ‎19/12/2011‎
Henry Perales Elías muestra sus heridas que fueron consecuencia de golpizas de policías, indicó. (AFP) LA HABANA (AFP). Un grupo opositor cubano denunció ayer que “por lo menos” 400 disidentes han sido detenidos temporalmente en la isla este mes y que ... Comisión opositora cubana denuncia 388 detenciones de disidentes ...
EFE - ‎19/12/2011‎
La Habana, 19 dic (EFE).- La opositora Comisión Cubana de Derechos Humanos y Reconciliación Nacional (CCDHRN) afirmó hoy que en diciembre se han registrado 388 detenciones temporales por motivos políticos en Cuba y denunció que en muchos casos hubo ... Comisión de DD.HH. reporta 388 detenciones en diciembre en Cuba
El Comercio (Ecuador) - ‎19/12/2011‎
El opositor Elizardo Sánchez, presidente de la Comisión Cubana de Derechos Humanos y Reconciliación Nacional (CCDHRN), señaló hoy que su agrupación ha constatado la detención de 388 personas en diciembre en medidas represivas "de baja intensidad" en ... Reporta opositor cubano 388 detenciones en diciembre
El Porvenir - ‎19/12/2011‎
Se trata de una represión política "de baja intensidad", con detenciones pasajeras de horas, días o semanas, afirmó este lunes en conferencia de prensa. La Habana.- El opositor Elizardo Sánchez, portavoz de la Comisión Cubana de Derechos Humanos y ...

Relataram um aumento da repressão em Cuba
Por Juan Carlos Chávez

Em novembro de 2011 havia mais de 3,170 prisões na ilha

A Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), com sede em Havana, alertou a comunidade internacional sobre a repressão política contra o movimento de oposição. Em um relatório de progresso em Dezembro anunciou que até o momento 388 prisões foram temporárias, uso mais excessivo da força.

"Estamos muito preocupados com o aumento nas chamadas de baixa intensidade repressão política que consiste em prisões por horas, dias ou semanas", disse Elizardo Sanchez, diretor da CCDHRN ilegal.

Relatos de violência policial raramente podem ser verificados de forma independente porque as autoridades cubanas a impor barreiras para o fluxo de informações e renunciamos a qualquer ato de violência.

Mas de acordo com dados CCDHRN de janeiro a novembro em Cuba foram mais de 3,170 prisões pela polícia e agentes de segurança do Estado. O número representa mais de 800 casos, todos monitorados detenção temporária em 2010.

O nível de perseguição policial levou à rejeição de organizações de direitos humanos e governos democráticos. O Departamento de Estado dos Estados Unidos tem reiteradamente afirmado que a qualidade das liberdades individuais em Cuba é "pobre". Disse recentemente que o governo cubano continua a restringir direitos fundamentais, incluindo as relativas à liberdade de reunião imprensa fala e pacífica.

O recrudescimento da violência coincide com uma referência de passagem para os ataques maciços em praças públicas e vias explicitamente pronunciado por Raul Castro, durante a cerimônia de encerramento do VI Congresso do Partido Comunista de Cuba, em abril deste ano.

Cuba tem tido um aumento significativo nas tentativas de protestos em meio a crescente violência e processos sem o apoio legal para silenciar a dissidência. Até agora este ano, tribunais cubanos mantiveram oito adversários a penas de prisão de até cinco anos.

Em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, houve uma onda de detenções em massa e perseguição de ativistas e jornalistas independentes. O grupo de Damas de Branco, esposas e mães de presos políticos, foi assediado por multidões pró-governo em frente à sede do grupo.

Na véspera, o ex-prisioneiros políticos e Angel Moya José Daniel Ferrer foi preso em 02 de dezembro depois de tentar organizar uma marcha pacífica na cidade oriental de Palma Soriano. Na demonstração, pelo menos, cinco adversários terminou com ferimentos na cabeça, golpes nos olhos e outras lesões.

Ferrer e Moya são membros do Grupo dos 75, dissidentes condenados em 2003 durante a repressão conhecida como Primavera Negra, que visa silenciar as vozes críticas e exigências para eleições livres.
A imagem do ataque com a participação de cerca de 46 dissidentes mostra o adversário Henry Perales, 27 anos, com dois ferimentos na cabeça raspada precisou de nove pontos. Outra imagem mostra Abraham Cabrera com uma ferida de um ponto na testa.

A operação da polícia em Palma Soriano foi uma das operações policiais contra os dissidentes mais e em maior escala nos últimos anos. Todos os adversários foram liberados dentro de horas ou dias, embora um deles foi detido 12 dias foram feitas sem serem cobrados.

Perales disse segunda-feira que vai apresentar uma queixa formal contra seu agressor, que vencê-lo ferozmente com uma ferramenta ao ser transferidos em um ônibus.

Em uma entrevista por telefone de Havana, Perales, marido e pai de dois filhos, disse que sofre de tonturas e dores de cabeça graves, a gravidade dos ferimentos. "Foi um ataque covarde, quando a polícia e eu estava acertando apenas gritam pelos direitos humanos", disse Perales, um membro da União Patriótica Cubana ilegal.

Sanchez Perales disse que não morreu por "milagre". Ele lembrou que o infrator não teve nenhum problema em usar uma ferramenta com mais de um quilograma. Sánchez foi cauteloso com o desenvolvimento da reclamação, explicou ele, os tribunais são plataformas e engrenagens de "domínio de Fidel Castro". Ele disse que vai insistir na responsabilidade política e moral das autoridades. "Seria um milagre que acomodar a demanda", disse Sanchez. "Mas vamos continuar a apoiar Henry, do ponto de vista legal para a acusação contra o agressor, que era um agente da Segurança do Estado cubano".
Klauber Cristofen Pires, 30 Dezembro 2011