Um homem chamado livro
SALVADOR – No dia 28 de janeiro de 1938, Getulio Vargas escreveu em seu “Diário” (Editora Siciliano/FGV, vol. II, pág. 176):
- “À noite, procura-me a Alzira (a filha Alzira Vargas) dizendo que a mulher do livreiro José Olimpio, que editara “A Nova Politica do Brasil” (livro de Vargas em varios volumes), procurara-a chorando para dizer que o meu telegrama circular aos interventores, desaprovando a compra do livro, arruinava moral e materialmente seu marido. Fiquei realmente penalizado, mas não podia voltar atrás, porque quem me prevenira que se estava fazendo exploração para forçar a venda do livro fora o interventor de São Paulo (Ademar). Passei mal esta noite. Não pude dormir. Levantei-me e fui trabalhar até as três horas da madrugada. Excesso de fumo e café”.
Até 1º de maio de 1942, quando o “Diário” se encerra, Getulio não toca mais no assunto.Como podia ter feito aquilo com quem continuou editando seus livros, inclusive a serie “O Governo Trabalhista do Brasil”?
GETULIO
O misterio só foi decifrado mais tarde. O jornalista Arlindo Silva, da revista “O Cruzeiro”, publicou reportagem na edição de 19 de abril de 1947, sobre a administração de Ademar de Barros em São Paulo (“O Go-vernador Presta Contas”). Ademar tinha sido interventor de 1938 a 1941 e foi eleito governador para 1947 a 1951. Arlindo Silva reproduziu o recibo da “Livraria José Olympio Editora”, referente à venda de 5 mil coleções dos cinco primeiros volumes de “A Nova Política do Brasil”, em 13 de dezembro de 1938, por 315 contos de reis.
Entre 28 de janeiro e 13 de dezembro de 38, Getulio, que não confiava em telefone (desde aquela época), deu um jeito de mandar pedir (ou ordenar) a Ademar que resolvesse o problema. Ademar resolveu.
JOSÉ OLYMPIO
Essa é uma das numerosas historias e documentos de um livro-monumento, do incansável jornalista, pesquisador e também grande editor (da Topbooks) José Mario Pereira, sobre 60 anos (de 1931 a 1990) de pioneirismo de um “civilizador do Brasil”, José Olympio Pereira Filho :
- “José Olympio – O Editor e sua Casa” (Editora Sextante).
São 421 paginas, projeto grafico do consagrado artista Victor Burton, primorosamente impresso, com centenas de ilustrações, fotografias, documentos e a capa dos principais livros editados por José Olympio em meio século (nasceu em dezembro de 1902 e morreu em maio de 1990).
José Olympio foi sobretudo um liberal da cultura e da política, um homem sem preconceitos, aberto a todas as ideias e todos os debates.
do jornalista sebastião nery
16 de março de 2012
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
sexta-feira, 16 de março de 2012
A PRISÃO DE GEORGE CLOONEY, A OMISSÃO CRIMINOSA DA IMPRENSA E A CRISTOFOBIA
A imprensa ocidental corre o risco de morrer de inanição moral — já que não morrerá de vergonha. A prisão do ator George Clooney (já está solto), que fazia um protesto em frente à embaixada do Sudão, em Washington, chama a atenção para a dramática situação daquele país, sim, e isso não deixa de ser positivo. Mas só uma parte da história está sendo contada sobre o país — e o principal está sendo omitido.
Quem pratica os assassinatos em massa no país são milícias islâmicas a serviço do ditador Omar al-Bashir. E os mortos, atenção!, são cristãos!
Na edição de 13 de fevereiro, a Newsweek trouxe uma reportagem da somali Ayann Hirsl Ali, que teve de fugir do seu país, intitulada “O crescimento da cristofobia”. O texto (íntegra aqui) evidencia as perseguições que sofrem os cristãos no mundo inteiro. Há um trecho dedicado ao Sudão:
“O governo autoritário, sunita, do Norte do país há décadas persegue cristãos e minorias animistas do Sul. O que é habitualmente descrito como uma guerra civil é, na prática, perseguição promovida pelo governo sudanês às minorais religiosas. Essa perseguição culminou com o infame genocídio de Darfur, que começou em 2003. Ainda que o presidente Omar al-Bahsir tenha sido indiciado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, que tem contra ele três acusações de genocídio — e apesar da euforia com a semi-independência que ele garantiu em julho do ano passado ao Sudão do Sul —, a violência continua. No [estado] de Kordofan do Sul, cristãos ainda são alvos de bombardeios aéreos, assassinatos seletivos, sequestros de crianças e outras atrocidades. Relatórios da ONU indicam que entre 53 mil e 75 mil civis inocentes foram expulsos de seus lares; casas e edifícios foram incendiados”.
Ainda voltarei a esse tema. Cristãos morrem como moscas hoje em dia em vários cantos do planeta. Os mortos de Darfur passam de 400 mil — eu escrevi 400 mil!!! Estima-se que possam morrer outras 250 mil. Atenção! É por perseguição religiosa! Não é só ali, não! O glorificado Egito da “revolução democrática” assiste a massacres frequentes de cristãos.
É justa toda a indignação que há no mundo com a situação na Síria. Mas cabe uma pergunta: por que tão poucos se importam com os cristãos do Sudão? A tese de Ayann Hirsl Ali faz sentido: o nome disso é “cristofobia”! O massacre de cristãos no Sudão passa pelos filtros do lobby islâmico no Ocidente — que sequestra a má consciência de intelectuais de esquerda, da academia e da imprensa. Chamar a coisa pelo nome que ela tem pode ser classificado de “islamofobia”.
O resultado, então, é uma inversão moral fabulosa: os cristãos, hoje perseguidos mundo afora por milícias islâmicas, desaparecem do noticiário porque, afinal, o islamismo tem de aparecer na imprensa sempre como vítima da discriminação do Ocidente.
A cobertura dispensada à prisão de George Clooney mundo afora oscilou entre a fofoca de celebridades e a mais vergonhosa omissão. Obra da cristofobia.
16 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
Quem pratica os assassinatos em massa no país são milícias islâmicas a serviço do ditador Omar al-Bashir. E os mortos, atenção!, são cristãos!
Na edição de 13 de fevereiro, a Newsweek trouxe uma reportagem da somali Ayann Hirsl Ali, que teve de fugir do seu país, intitulada “O crescimento da cristofobia”. O texto (íntegra aqui) evidencia as perseguições que sofrem os cristãos no mundo inteiro. Há um trecho dedicado ao Sudão:
“O governo autoritário, sunita, do Norte do país há décadas persegue cristãos e minorias animistas do Sul. O que é habitualmente descrito como uma guerra civil é, na prática, perseguição promovida pelo governo sudanês às minorais religiosas. Essa perseguição culminou com o infame genocídio de Darfur, que começou em 2003. Ainda que o presidente Omar al-Bahsir tenha sido indiciado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, que tem contra ele três acusações de genocídio — e apesar da euforia com a semi-independência que ele garantiu em julho do ano passado ao Sudão do Sul —, a violência continua. No [estado] de Kordofan do Sul, cristãos ainda são alvos de bombardeios aéreos, assassinatos seletivos, sequestros de crianças e outras atrocidades. Relatórios da ONU indicam que entre 53 mil e 75 mil civis inocentes foram expulsos de seus lares; casas e edifícios foram incendiados”.
Ainda voltarei a esse tema. Cristãos morrem como moscas hoje em dia em vários cantos do planeta. Os mortos de Darfur passam de 400 mil — eu escrevi 400 mil!!! Estima-se que possam morrer outras 250 mil. Atenção! É por perseguição religiosa! Não é só ali, não! O glorificado Egito da “revolução democrática” assiste a massacres frequentes de cristãos.
É justa toda a indignação que há no mundo com a situação na Síria. Mas cabe uma pergunta: por que tão poucos se importam com os cristãos do Sudão? A tese de Ayann Hirsl Ali faz sentido: o nome disso é “cristofobia”! O massacre de cristãos no Sudão passa pelos filtros do lobby islâmico no Ocidente — que sequestra a má consciência de intelectuais de esquerda, da academia e da imprensa. Chamar a coisa pelo nome que ela tem pode ser classificado de “islamofobia”.
O resultado, então, é uma inversão moral fabulosa: os cristãos, hoje perseguidos mundo afora por milícias islâmicas, desaparecem do noticiário porque, afinal, o islamismo tem de aparecer na imprensa sempre como vítima da discriminação do Ocidente.
A cobertura dispensada à prisão de George Clooney mundo afora oscilou entre a fofoca de celebridades e a mais vergonhosa omissão. Obra da cristofobia.
16 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
EMBRIAGADO, O BRASIL BRINDA À FIFA
Se os malfeitores de malfeitos na Esplanada dos Ministérios não conseguiram até hoje - varridos ou não - mostrar o quanto fizeram de bemfeito até agora, a equipe o Sanatório da Notícia tem razões de sobra para relaxar e gozar.
Entra governo, sai governo; entra ministro, sai ministro; entra ano, sai ano e fica tudo como estava antes e que nunca antes deveria ter estado. O brasileiro é escravo da ditadura parlamentar. A estratégia da coalizão pela governabilidade, inoculada por Lula nas artérias da nação, contaminaram o povo. Como nunca antes na história desse país, tudo agora no Brasil é só uma questão de preço.
Quem não tem vergonha na cara para comprar amigos e humilhar pessoas, não tem qualquer motivo para envergonhar-se de se ajoelhar diante de uma Copa cheia de álcool para abastecer a Fifa e muito menos um pingo de caráter que lhe impeça de sair de braços dados com quem lhe deu um chute no traseiro. O Brasil de Dilma, embriagou-se com Lula e brindou à Fifa.
16 de março de 2012
sanatório da notícia
Entra governo, sai governo; entra ministro, sai ministro; entra ano, sai ano e fica tudo como estava antes e que nunca antes deveria ter estado. O brasileiro é escravo da ditadura parlamentar. A estratégia da coalizão pela governabilidade, inoculada por Lula nas artérias da nação, contaminaram o povo. Como nunca antes na história desse país, tudo agora no Brasil é só uma questão de preço.
Quem não tem vergonha na cara para comprar amigos e humilhar pessoas, não tem qualquer motivo para envergonhar-se de se ajoelhar diante de uma Copa cheia de álcool para abastecer a Fifa e muito menos um pingo de caráter que lhe impeça de sair de braços dados com quem lhe deu um chute no traseiro. O Brasil de Dilma, embriagou-se com Lula e brindou à Fifa.
16 de março de 2012
sanatório da notícia
COM AS IMINENTES MORTE OU DERROTA DE CHÁVEZ, SERÁ QUE VAI SOBRAR PARA NÓS O SUSTENTO DE CUBA?
Segundo vários analistas não há substituto para Hugo Chávez. Graças ao seu carisma, à sua esperteza e a uma grande dose de impetuosidade, queiram ou não, ele transformou a América Latina.
Essas características, aliadas a uma discutível simpatia, o poder na Venezuela é personificado por ele, e isso leva a dificuldades na sucessão.
Como os rumores de sua morte iminente pipocam por todo canto, não há dentro do seu partido (PSUV) um sucessor à altura e a oposição desta vez está bem organizada, periga haver uma guinada de 180 graus no relacionamento de Caracas com Havana, o que provavelmente resultará em crise para Cuba.
Com o fim do apoio econômico venezuelano, volta a ameaça de um aumento do empobrecimento na ilha, como aconteceu antes, com o fim da URSS. Só que àquela época Fidel aida estava nos trinques, rebolou mais que charuto em boca de bêbado e conseguiu uma sobrevida até a ascenção de Chávez e o consequente auxílio básico.
Agora, com Raúl no poder, sem a capacidade e o carisma de Fidel, vai ser difícil segurar o pepino, porque Cuba não tem nada além de um turismo incipiente e as propriedades em que os cubanos vivem.
Resta saber o seguinte: já que Dilma demonstrou que não está nem aí para os direitos humanos em Cuba, mas, em compensação, está interessadíssima em construir portos e usinas hidrelétricas por lá, será que vai sobrar para nós, brasileiros, carregar um país nas costas?
16 de março de 2012
Por Ricardo Froes
Essas características, aliadas a uma discutível simpatia, o poder na Venezuela é personificado por ele, e isso leva a dificuldades na sucessão.
Como os rumores de sua morte iminente pipocam por todo canto, não há dentro do seu partido (PSUV) um sucessor à altura e a oposição desta vez está bem organizada, periga haver uma guinada de 180 graus no relacionamento de Caracas com Havana, o que provavelmente resultará em crise para Cuba.
Com o fim do apoio econômico venezuelano, volta a ameaça de um aumento do empobrecimento na ilha, como aconteceu antes, com o fim da URSS. Só que àquela época Fidel aida estava nos trinques, rebolou mais que charuto em boca de bêbado e conseguiu uma sobrevida até a ascenção de Chávez e o consequente auxílio básico.
Agora, com Raúl no poder, sem a capacidade e o carisma de Fidel, vai ser difícil segurar o pepino, porque Cuba não tem nada além de um turismo incipiente e as propriedades em que os cubanos vivem.
Resta saber o seguinte: já que Dilma demonstrou que não está nem aí para os direitos humanos em Cuba, mas, em compensação, está interessadíssima em construir portos e usinas hidrelétricas por lá, será que vai sobrar para nós, brasileiros, carregar um país nas costas?
16 de março de 2012
Por Ricardo Froes
PARABÉNS AO STF PELA PRESTEZA: PROCESSO DE 53 ANOS FOI ENCERRADO ONTEM!!!
O STF julgou nesta ontem o processo que aguardava há mais tempo uma decisão da Corte. Segundo a ação, que chegou ao tribunal em junho de 1959, o governo de Mato Grosso doou a seis empresas 40 mil quilômetros quadrados em terras públicas sem a autorização do Senado. O Ministério Público Federal pediu a nulidade dos contratos. Os oito ministros presentes à sessão concordaram que o estado e as empresas cometeram uma ilegalidade. No entanto, cinco deles votaram pela manutenção dos contratos.
Tem mais. Em uma lista com os nove processos mais longevos, quatro estavam nas mãos da ministra Ellen Gracie, aposentada no ano passado. Agora, os processos estão com Rosa Weber, sua sucessora. Um deles chegou à Corte em 1969; dois, em 1978; e outro, em 1981. Há um processo de 1981 com Carlos Ayres Britto, um de 1982 com Peluso, outro do mesmo ano com Cármen Lúcia e um de 1983 com Marco Aurélio Mello.
Os assuntos são diversos. Um dos processos que estavam com Ellen Gracie, iniciado em 1978, trata da demarcação da área de uma fazenda. O outro, iniciado no mesmo ano, é uma ação de investigação de paternidade.
A essas alturas o filho já é bisavô.
Até quando a Justiça desse País vai “desfuncionar” dessa maneira? Quando será que vamos ter uma Justiça pelo menos mais ágil? Quando será que vamos ter uma reforma no Judiciário?
16 de março de 2012
Por Ricardo Froes
Tem mais. Em uma lista com os nove processos mais longevos, quatro estavam nas mãos da ministra Ellen Gracie, aposentada no ano passado. Agora, os processos estão com Rosa Weber, sua sucessora. Um deles chegou à Corte em 1969; dois, em 1978; e outro, em 1981. Há um processo de 1981 com Carlos Ayres Britto, um de 1982 com Peluso, outro do mesmo ano com Cármen Lúcia e um de 1983 com Marco Aurélio Mello.
Os assuntos são diversos. Um dos processos que estavam com Ellen Gracie, iniciado em 1978, trata da demarcação da área de uma fazenda. O outro, iniciado no mesmo ano, é uma ação de investigação de paternidade.
A essas alturas o filho já é bisavô.
Até quando a Justiça desse País vai “desfuncionar” dessa maneira? Quando será que vamos ter uma Justiça pelo menos mais ágil? Quando será que vamos ter uma reforma no Judiciário?
16 de março de 2012
Por Ricardo Froes
PAGANDO CARO PELO PIOR
Comecei meus dias de viajante em 1971. Com dinheiro escasso, hotel duas estrelas para mim era luxo. Normalmente, buscava algo mais modesto. Em minha primeira visita a Paris, me hospedei no folclórico Grand Hotel Saint Michel, que de Grand não tinha nada, a não ser a sujeira. Ficava na Rue Cujas, a poucos metros da Sorbonne. Era um hotel de uma estrela - hoje tem duas ou três - capitaneado pela também folclórica Madame Salvage, que teria entre seus queridos boa parte da literatura e das artes latino-americanas, desde Diego de Rivera e Pablo Neruda a Jorge Amado.
Foi o hotel que escolhi em 75, quando fui fazer minha bolsa na Sorbonne Nouvelle. O primeiro mês deveria ser-me reembolsado pelo CROUS, entidade que cuidava dos bolsistas. Quando apresentei a conta, uma das senhoras azedas - que apelidei de Passe-Muraille - fez uma observação:
- Mais vous êtes dans un hotel très cher, Monsieur.
Passe-Muraille é um personagem de Marcel Aymé, modesto empregado da administração que descobre a possibilidade de passar através de paredes. Ele utiliza este dom para cometer roubos e vingar-se de humilhações, até o dia em que perde seu poder e fica encerrado em uma parede. Olhando minha interlocutora, a impressão que ela me passava é que atravessaria paredes sem que as paredes notassem. Ora, eu estava numa das pocilgas mais baratas de Paris. Revidei:
- Moins cher qu’une étoile, Madame, il n’y a que à la belle étoile.
Belle étoile quer dizer "ao relento". Menos caro que uma estrela, só ao relento. Sentindo meu domínio da língua, Mme. Passe-Muraille nunca mais me incomodou.
Nas primeiras viagens, com grana sempre curta, o máximo que exigia de um hotel eram quatro paredes e lençóis limpos. Na época, não tinha o hábito de reservar quarto. Saía do aeroporto de mala em punho, escolhia a geografia que me agradava e ia entrando de hotel de hotel, vendo preços e vagas. O que – só fui descobrir mais tarde – tem seus inconvenientes. Com as malas pesando cada vez mais a cada rua que se percorre, temos a tendência de entrar no primeiro hotel que julgamos acessível, mesmo que seja desconfortável. Vivendo e aprendendo.
Com o passar dos anos e com mais grana, me fixei nos três, eventualmente quatro estrelas. Há quem julgue que eu costume freqüentar hotéis de luxo. Nada disso. Em toda minha vida, só em duas ocasiões hospedei-me em cinco estrelas. Sem saber. O que me atraía eram os cafés desses hotéis. Em Bruxelas, o Metropole. Sempre que passo por Paris, reservo uma ou duas noites em Bruxelas só para revisitar o bar. Em Budapeste, o New York, que abriga um café com o mesmo nome. Nele me sinto como se estivesse no Vaticano, sentado junto aos baldaquinos de Bernini. Ano passado, passei sete dias naquele boteco. Isto é, tomava o café da manhã e um vinho à noite. É hotel do qual não se tem vontade de sair.
Só fui descobrir que os hotéis tinham cinco estrelas quando cheguei lá. Mais ainda, eram bastante baratos. Na última viagem, em novembro, paguei no New York menos da metade do que me custou em Paris um quatro estrelas. Pensei em hospedar-me no Grandhotel Pupp, em Karlovy Vary, na República Tcheca, mais como uma homenagem ao filme As férias de minha vida, de Wayne Wang. Apesar das cinco estrelas, preço muito palatável, em torno dos 150 euros. Mas suspeitei que iria tropeçar com essa gente engomada do dito jet set internacional. Preferi algo menos ostentoso.
Em suma, se abandonei aquela filosofia de estudante, segundo a qual hotel é apenas um espaço para descansar o esqueleto, não cheguei ainda – nem penso chegar – àquela outra filosofia de pagar caro só para curtir o luxo. Assim sendo, não consigo entender muito bem um novo conceito de hotelaria que está em moda, os hotéis-cárcere. Onde você paga para hospedar-se... em uma prisão. É o que leio no El País, edição de hoje.
Em Londres, pode-se ficar no Alcatraz, que permite a seus clientes dormir como se dormia na famigerada prisão de San Francisco, fechada em 1963. A iniciativa faz parte da estréia da série Alcatraz, no Reino Unido, e durará apenas uma semana (até o próximo sábado). Os hóspedes são prisioneiros e às 23h45 se apagam todas as luzes. Os quarto medem um metro e meio por três e têm um catre, um vaso sanitário, um lavabo e duas estantes. Vantagem: a estada é grátis. Desvantagem incontornável: só há quatro celas e todas já foram reservadas.
Em vez de serviço, há atores disfarçados de guardas, aos quais se deve chamar de senhor. Os hóspedes têm de usar uniforme e são fotografados de frente e de perfil. A comida é servida em bandejas de metal. Mas atenção... os falsos prisioneiros podem beber vinho. Pago, por supuesto. De minha parte, muito obrigado. Não vejo vantagem alguma em dormir numa cela, mesmo sem pagar.
Boston oferece o cárcere de Charles Street, que funcionou como presídio até 1990. Em 2007, uma inversão de 150 milhões de dólares o converteu em hotel de luxo, o Liberty Hotel, em cujo lounge – as antigas galerias – se pode ficar bebendo. A partir de 200 dólares a noite. Vá lá! Mas tanto o Metropole como o New York são mais baratos.
Lucerna, na Suíça, oferece o Jailhotel Löwengraben, edifício histórico de 1862 (cárcere até 1998). Tem quartos convencionais, mas também celas redecoradas por uma sociedade histórica para emular as originais, salvo pelo preço: a partir de 75 euros. Tudo bem... Uma prisão na Suíça sempre será melhor que muito hotel no Brasil.
A Letônia oferece, em Karostas, uma prisão militar reciclada em museu, com catres, rancho, grades fechadas e janelas de presídio, mais atores disfarçados de guardas soviéticos. Nenhum conforto e toda a experiência por menos de dez euros. Para fauchés que queiram ter uma idéia dos dias de União Soviética, pode ser uma opção interessante. Mas ainda sou mais o Grand Hotel Saint-Michel, da Madame Salvage.
Pior que o desconforto de alguns destes hotéis propostos, só mesmo o desconforto de restaurantes caros e metidos a raffinés. Na edição on line do El País, leio notícia sobre um novo restaurante no Quartier Latin, o Ágape Substance, gerido pelo chef David Toutain, que teria transgredido os esquemas usuais de restaurantes. Para começar, quando alguém me fala em chefs como atrativos de restaurantes, ponho minhas barbas de molho. Nunca ouvi falar de chefs nos bons restaurantes que freqüento na Europa, desde o Le Procope ao Sobrino de Botín. Se existem, ficam escondidos na cozinha. Continuando, o crítico gastronômico José Carlos Capel assim apresenta o restaurante:
“Não é fácil entender como em um local angustiante de tão estreito, com uma única mesa corrida sem toalhas, acomodem-se desconfortavelmente vinte comensais em tamboretes incômodos e outros seis mais em mesinhas altas. Clientes que, depois de pagar entre 90 e 170 euros cada um, saem entusiasmados pela experiência. Agoniados pela falta de espaço, os garçons deslizam pelos corredores estreitos para atender o serviço. A retirada dos pratos se converte em um exercício de malabarismo”.
Ora, os restaurantes de Paris já são normalmente exíguos, a ponto de ser usual pessoas estranhas dividirem a mesma mesa. Com 170 euros, se come muito bem entre dois, vinho incluído, em restaurantes acima da média na cidade. Difícil entender que alguém pague tão caro, com tanto desconforto, só para curtir um modismo. Sem falar que mesa sem toalha é uma ofensa a quem cultiva a bona-xira.
Cozinha de trincheira, diz o crítico. Ou melhor, de submarino. Embora considere que as tapas (10 no menu de 65 euros, 16 no de 170) são boas e imaginativas. Muchas gracias, meu caro Capel. É restaurante no qual jamais porei os pés.
Recomendo à turistada brasileira que gosta de pagar caro pelo pior.
16 de março de 2012
janer cristaldo
Foi o hotel que escolhi em 75, quando fui fazer minha bolsa na Sorbonne Nouvelle. O primeiro mês deveria ser-me reembolsado pelo CROUS, entidade que cuidava dos bolsistas. Quando apresentei a conta, uma das senhoras azedas - que apelidei de Passe-Muraille - fez uma observação:
- Mais vous êtes dans un hotel très cher, Monsieur.
Passe-Muraille é um personagem de Marcel Aymé, modesto empregado da administração que descobre a possibilidade de passar através de paredes. Ele utiliza este dom para cometer roubos e vingar-se de humilhações, até o dia em que perde seu poder e fica encerrado em uma parede. Olhando minha interlocutora, a impressão que ela me passava é que atravessaria paredes sem que as paredes notassem. Ora, eu estava numa das pocilgas mais baratas de Paris. Revidei:
- Moins cher qu’une étoile, Madame, il n’y a que à la belle étoile.
Belle étoile quer dizer "ao relento". Menos caro que uma estrela, só ao relento. Sentindo meu domínio da língua, Mme. Passe-Muraille nunca mais me incomodou.
Nas primeiras viagens, com grana sempre curta, o máximo que exigia de um hotel eram quatro paredes e lençóis limpos. Na época, não tinha o hábito de reservar quarto. Saía do aeroporto de mala em punho, escolhia a geografia que me agradava e ia entrando de hotel de hotel, vendo preços e vagas. O que – só fui descobrir mais tarde – tem seus inconvenientes. Com as malas pesando cada vez mais a cada rua que se percorre, temos a tendência de entrar no primeiro hotel que julgamos acessível, mesmo que seja desconfortável. Vivendo e aprendendo.
Com o passar dos anos e com mais grana, me fixei nos três, eventualmente quatro estrelas. Há quem julgue que eu costume freqüentar hotéis de luxo. Nada disso. Em toda minha vida, só em duas ocasiões hospedei-me em cinco estrelas. Sem saber. O que me atraía eram os cafés desses hotéis. Em Bruxelas, o Metropole. Sempre que passo por Paris, reservo uma ou duas noites em Bruxelas só para revisitar o bar. Em Budapeste, o New York, que abriga um café com o mesmo nome. Nele me sinto como se estivesse no Vaticano, sentado junto aos baldaquinos de Bernini. Ano passado, passei sete dias naquele boteco. Isto é, tomava o café da manhã e um vinho à noite. É hotel do qual não se tem vontade de sair.
Só fui descobrir que os hotéis tinham cinco estrelas quando cheguei lá. Mais ainda, eram bastante baratos. Na última viagem, em novembro, paguei no New York menos da metade do que me custou em Paris um quatro estrelas. Pensei em hospedar-me no Grandhotel Pupp, em Karlovy Vary, na República Tcheca, mais como uma homenagem ao filme As férias de minha vida, de Wayne Wang. Apesar das cinco estrelas, preço muito palatável, em torno dos 150 euros. Mas suspeitei que iria tropeçar com essa gente engomada do dito jet set internacional. Preferi algo menos ostentoso.
Em suma, se abandonei aquela filosofia de estudante, segundo a qual hotel é apenas um espaço para descansar o esqueleto, não cheguei ainda – nem penso chegar – àquela outra filosofia de pagar caro só para curtir o luxo. Assim sendo, não consigo entender muito bem um novo conceito de hotelaria que está em moda, os hotéis-cárcere. Onde você paga para hospedar-se... em uma prisão. É o que leio no El País, edição de hoje.
Em Londres, pode-se ficar no Alcatraz, que permite a seus clientes dormir como se dormia na famigerada prisão de San Francisco, fechada em 1963. A iniciativa faz parte da estréia da série Alcatraz, no Reino Unido, e durará apenas uma semana (até o próximo sábado). Os hóspedes são prisioneiros e às 23h45 se apagam todas as luzes. Os quarto medem um metro e meio por três e têm um catre, um vaso sanitário, um lavabo e duas estantes. Vantagem: a estada é grátis. Desvantagem incontornável: só há quatro celas e todas já foram reservadas.
Em vez de serviço, há atores disfarçados de guardas, aos quais se deve chamar de senhor. Os hóspedes têm de usar uniforme e são fotografados de frente e de perfil. A comida é servida em bandejas de metal. Mas atenção... os falsos prisioneiros podem beber vinho. Pago, por supuesto. De minha parte, muito obrigado. Não vejo vantagem alguma em dormir numa cela, mesmo sem pagar.
Boston oferece o cárcere de Charles Street, que funcionou como presídio até 1990. Em 2007, uma inversão de 150 milhões de dólares o converteu em hotel de luxo, o Liberty Hotel, em cujo lounge – as antigas galerias – se pode ficar bebendo. A partir de 200 dólares a noite. Vá lá! Mas tanto o Metropole como o New York são mais baratos.
Lucerna, na Suíça, oferece o Jailhotel Löwengraben, edifício histórico de 1862 (cárcere até 1998). Tem quartos convencionais, mas também celas redecoradas por uma sociedade histórica para emular as originais, salvo pelo preço: a partir de 75 euros. Tudo bem... Uma prisão na Suíça sempre será melhor que muito hotel no Brasil.
A Letônia oferece, em Karostas, uma prisão militar reciclada em museu, com catres, rancho, grades fechadas e janelas de presídio, mais atores disfarçados de guardas soviéticos. Nenhum conforto e toda a experiência por menos de dez euros. Para fauchés que queiram ter uma idéia dos dias de União Soviética, pode ser uma opção interessante. Mas ainda sou mais o Grand Hotel Saint-Michel, da Madame Salvage.
Pior que o desconforto de alguns destes hotéis propostos, só mesmo o desconforto de restaurantes caros e metidos a raffinés. Na edição on line do El País, leio notícia sobre um novo restaurante no Quartier Latin, o Ágape Substance, gerido pelo chef David Toutain, que teria transgredido os esquemas usuais de restaurantes. Para começar, quando alguém me fala em chefs como atrativos de restaurantes, ponho minhas barbas de molho. Nunca ouvi falar de chefs nos bons restaurantes que freqüento na Europa, desde o Le Procope ao Sobrino de Botín. Se existem, ficam escondidos na cozinha. Continuando, o crítico gastronômico José Carlos Capel assim apresenta o restaurante:
“Não é fácil entender como em um local angustiante de tão estreito, com uma única mesa corrida sem toalhas, acomodem-se desconfortavelmente vinte comensais em tamboretes incômodos e outros seis mais em mesinhas altas. Clientes que, depois de pagar entre 90 e 170 euros cada um, saem entusiasmados pela experiência. Agoniados pela falta de espaço, os garçons deslizam pelos corredores estreitos para atender o serviço. A retirada dos pratos se converte em um exercício de malabarismo”.
Ora, os restaurantes de Paris já são normalmente exíguos, a ponto de ser usual pessoas estranhas dividirem a mesma mesa. Com 170 euros, se come muito bem entre dois, vinho incluído, em restaurantes acima da média na cidade. Difícil entender que alguém pague tão caro, com tanto desconforto, só para curtir um modismo. Sem falar que mesa sem toalha é uma ofensa a quem cultiva a bona-xira.
Cozinha de trincheira, diz o crítico. Ou melhor, de submarino. Embora considere que as tapas (10 no menu de 65 euros, 16 no de 170) são boas e imaginativas. Muchas gracias, meu caro Capel. É restaurante no qual jamais porei os pés.
Recomendo à turistada brasileira que gosta de pagar caro pelo pior.
16 de março de 2012
janer cristaldo
CHÁVEZ: O EXPERIMENTO DA MEDICINA CUBANA
NAS REDES SOCIAIS FOTO DE CHÁVEZ MUITO INCHADO COM A LEGENDA: O EXPERIMENTO DA MEDICINA CUBANA.
A última notícia sobre Hugo Chávez nesta quinta-feira foi dada mais uma vez pelo jornalista Nelson Bocaranda que já foi destaque até mesmo no jornal britânico The Guardian. Chávez continua em Havana, a capital cubana, a espera do médico de Lula que decidirá se Chávez pode ou não retornar à Venezuela. Se for liberado, Chávez retorna à Venezuela nesta sexta-feira.
Há mais de 20 dias em Cuba, onde submeteu-se à terceira cirurgia para brecar o que parece ser um processo de metástase, ou seja, o avanço do tumor canceroso para outros órgaos do caudilho, pouco se sabe o que na realidade se passa com o organismo do tiranete bolivariano.
Segundo já informei aqui no blog, Chávez praticamente mudou a sede do governo venezuelano para a capital cubana, de onde despacha com seus assessores e ministros, o que sucitou pesadas críticas por parte da oposição.
Até hoje não foi emitido nenhum boletim oficial sobre o real estado de saúdo de Chávez. Não se sabe ao certo em que parte de seu corpo foi atacado pelo câncer.
Nesta quinta-feira o bem informado Nelson Bocaranda também foi econômico em sua análise, enquanto o médico venezuelano Jose Rafael Marquina, que trabalha em Naples, na Florida (EUA), afirmou no Twitter que não tinha mais informações a acrescentar. Como reportei aqui no blog, Marquina tem se notabilizado por revelar detalhes com relação à moléstia que acomete o caudilho venezuelano.
Como o governo permanece hermético sonegando informações, os rumores cada vez aumentam mais e pelas redes social continuam a circular as mais incríveis histórias sobre Chávez e montagens fotográficas que o ridicularizam, como esta que está aí acima, afirmando que Chávez é um experimento da medicina cubana.
16 de março de 2012
aluizio amorim
A última notícia sobre Hugo Chávez nesta quinta-feira foi dada mais uma vez pelo jornalista Nelson Bocaranda que já foi destaque até mesmo no jornal britânico The Guardian. Chávez continua em Havana, a capital cubana, a espera do médico de Lula que decidirá se Chávez pode ou não retornar à Venezuela. Se for liberado, Chávez retorna à Venezuela nesta sexta-feira.
Há mais de 20 dias em Cuba, onde submeteu-se à terceira cirurgia para brecar o que parece ser um processo de metástase, ou seja, o avanço do tumor canceroso para outros órgaos do caudilho, pouco se sabe o que na realidade se passa com o organismo do tiranete bolivariano.
Segundo já informei aqui no blog, Chávez praticamente mudou a sede do governo venezuelano para a capital cubana, de onde despacha com seus assessores e ministros, o que sucitou pesadas críticas por parte da oposição.
Até hoje não foi emitido nenhum boletim oficial sobre o real estado de saúdo de Chávez. Não se sabe ao certo em que parte de seu corpo foi atacado pelo câncer.
Nesta quinta-feira o bem informado Nelson Bocaranda também foi econômico em sua análise, enquanto o médico venezuelano Jose Rafael Marquina, que trabalha em Naples, na Florida (EUA), afirmou no Twitter que não tinha mais informações a acrescentar. Como reportei aqui no blog, Marquina tem se notabilizado por revelar detalhes com relação à moléstia que acomete o caudilho venezuelano.
Como o governo permanece hermético sonegando informações, os rumores cada vez aumentam mais e pelas redes social continuam a circular as mais incríveis histórias sobre Chávez e montagens fotográficas que o ridicularizam, como esta que está aí acima, afirmando que Chávez é um experimento da medicina cubana.
16 de março de 2012
aluizio amorim
AS BRAVATAS DA D.DILMA
O Brasil ficou mal na foto
O governo brasileiro exibe um estranho troféu quando compara o pífio desempenho econômico do País em 2011 com o do resto do mundo e ainda tenta contar vantagem.
No ano passado, o crescimento da economia brasileira foi menor que o do Grupo dos 20 (G-20), sua inflação foi maior e seu investimento continuou muito abaixo do necessário para uma expansão segura e continuada.
No entanto, a presidente Dilma Rousseff aproveitou uma viagem à Alemanha para reclamar da política do Banco Central Europeu e recomendar mais investimentos públicos - como se o seu governo estivesse aplicando montanhas de recursos em estradas, portos, centrais elétricas e outras obras.
As bravatas da presidente e de seus principais ministros ficam ainda mais ostensivas - e indefensáveis - quando se examinam os dados sobre o desempenho do G-20 divulgados nesta semana pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No ano passado, as economias do G-20, as maiores do mundo, cresceram em média 2,8%, pouco mais que a brasileira (2,7%). Aquela média foi obviamente elevada pelo excelente desempenho da China (9,2%) e da Índia (7,3%), mas isso explica só em parte o resultado geral melhor que o do Brasil.
Pelo menos uma economia da zona do euro cresceu mais que a brasileira. Foi a alemã, com expansão de 3%. Também exibiram crescimento maior que o do Brasil a Indonésia (6,5%), a Coreia (3,6%), o México (3,9%), a Arábia Saudita (6,8%) e a África do Sul (3,1%).
O resultado final da Turquia, também membro do grupo, ainda não foi publicado, mas no terceiro trimestre seu Produto Interno Bruto (PIB) foi 8,5% maior que o de igual período do ano anterior.
A OCDE publicou também outros indicadores de desempenho dos países-membros do G-20. A inflação média em 2011 chegou a 6,6% no Brasil.
Só três países tiveram desempenho pior nesse quesito: Argentina, com taxa oficial de 9,5% e taxa real provavelmente acima de 20%, Índia (8,9%) e Rússia (8,4%).
Em todos os demais, incluídos alguns com crescimento acelerado, os preços aumentaram menos intensamente - 5,4% na China e na Indonésia, por exemplo. Na Alemanha, a alta de preços ficou em 2,3%, taxa muito maior que a de 2010, mas sem risco de descontrole.
O levantamento da OCDE inclui também a expansão dos investimentos produtivos, isto é, da formação bruta de capital fixo. Isso engloba os valores aplicados em máquinas, equipamentos, construções de fábricas, de moradias e de outros edifícios e, naturalmente, em obras de infraestrutura.
O desempenho do Brasil foi ruim também sob esse aspecto. No ano passado, o total investido pelo setor público e pelo setor privado brasileiros foi 4,7% maior que em 2010.
O governo apresentou esse resultado como altamente positivo, embora o investimento ainda tenha correspondido a 19,3% do PIB, proporção muito inferior à observada em outras economias.
O contraste é indisfarçável. No ano passado, o investimento aumentou 7,2% na Austrália, 6,9% no Canadá, 6,4% na Alemanha (a presidente Dilma Rousseff não devia saber disso), 8,8% na Indonésia e 5,7% na Holanda, mas esses números mostram apenas uma parte do quadro.
Se a comparação envolvesse também as taxas de investimento, isto é, a porcentagem do PIB correspondente à formação de capital fixo, a desvantagem brasileira seria bem mais ostensiva.
O baixo nível de investimento limita fortemente as possibilidades brasileiras de expansão econômica. O investimento do setor público depende principalmente da Petrobrás. O desempenho das outras estatais é, no melhor dos casos, medíocre. Os programas e projetos inscritos no Orçamento-Geral da União e financiados diretamente pelo Tesouro são executados muito lentamente.
Apesar disso, a tributação brasileira é muito mais pesada que a dos outros emergentes e de boa parte dos países desenvolvidos.
Essa é uma das limitações ao investimento privado. Mas é muito mais simples, para as autoridades federais, protestar contra a expansão monetária na Europa e nos Estados Unidos e atribuir aos outros os males do Brasil. Governar seriamente dá um trabalho terrível.
16 de março de 2012
O Estado de S.Paulo
O governo brasileiro exibe um estranho troféu quando compara o pífio desempenho econômico do País em 2011 com o do resto do mundo e ainda tenta contar vantagem.
No ano passado, o crescimento da economia brasileira foi menor que o do Grupo dos 20 (G-20), sua inflação foi maior e seu investimento continuou muito abaixo do necessário para uma expansão segura e continuada.
No entanto, a presidente Dilma Rousseff aproveitou uma viagem à Alemanha para reclamar da política do Banco Central Europeu e recomendar mais investimentos públicos - como se o seu governo estivesse aplicando montanhas de recursos em estradas, portos, centrais elétricas e outras obras.
As bravatas da presidente e de seus principais ministros ficam ainda mais ostensivas - e indefensáveis - quando se examinam os dados sobre o desempenho do G-20 divulgados nesta semana pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No ano passado, as economias do G-20, as maiores do mundo, cresceram em média 2,8%, pouco mais que a brasileira (2,7%). Aquela média foi obviamente elevada pelo excelente desempenho da China (9,2%) e da Índia (7,3%), mas isso explica só em parte o resultado geral melhor que o do Brasil.
Pelo menos uma economia da zona do euro cresceu mais que a brasileira. Foi a alemã, com expansão de 3%. Também exibiram crescimento maior que o do Brasil a Indonésia (6,5%), a Coreia (3,6%), o México (3,9%), a Arábia Saudita (6,8%) e a África do Sul (3,1%).
O resultado final da Turquia, também membro do grupo, ainda não foi publicado, mas no terceiro trimestre seu Produto Interno Bruto (PIB) foi 8,5% maior que o de igual período do ano anterior.
A OCDE publicou também outros indicadores de desempenho dos países-membros do G-20. A inflação média em 2011 chegou a 6,6% no Brasil.
Só três países tiveram desempenho pior nesse quesito: Argentina, com taxa oficial de 9,5% e taxa real provavelmente acima de 20%, Índia (8,9%) e Rússia (8,4%).
Em todos os demais, incluídos alguns com crescimento acelerado, os preços aumentaram menos intensamente - 5,4% na China e na Indonésia, por exemplo. Na Alemanha, a alta de preços ficou em 2,3%, taxa muito maior que a de 2010, mas sem risco de descontrole.
O levantamento da OCDE inclui também a expansão dos investimentos produtivos, isto é, da formação bruta de capital fixo. Isso engloba os valores aplicados em máquinas, equipamentos, construções de fábricas, de moradias e de outros edifícios e, naturalmente, em obras de infraestrutura.
O desempenho do Brasil foi ruim também sob esse aspecto. No ano passado, o total investido pelo setor público e pelo setor privado brasileiros foi 4,7% maior que em 2010.
O governo apresentou esse resultado como altamente positivo, embora o investimento ainda tenha correspondido a 19,3% do PIB, proporção muito inferior à observada em outras economias.
O contraste é indisfarçável. No ano passado, o investimento aumentou 7,2% na Austrália, 6,9% no Canadá, 6,4% na Alemanha (a presidente Dilma Rousseff não devia saber disso), 8,8% na Indonésia e 5,7% na Holanda, mas esses números mostram apenas uma parte do quadro.
Se a comparação envolvesse também as taxas de investimento, isto é, a porcentagem do PIB correspondente à formação de capital fixo, a desvantagem brasileira seria bem mais ostensiva.
O baixo nível de investimento limita fortemente as possibilidades brasileiras de expansão econômica. O investimento do setor público depende principalmente da Petrobrás. O desempenho das outras estatais é, no melhor dos casos, medíocre. Os programas e projetos inscritos no Orçamento-Geral da União e financiados diretamente pelo Tesouro são executados muito lentamente.
Apesar disso, a tributação brasileira é muito mais pesada que a dos outros emergentes e de boa parte dos países desenvolvidos.
Essa é uma das limitações ao investimento privado. Mas é muito mais simples, para as autoridades federais, protestar contra a expansão monetária na Europa e nos Estados Unidos e atribuir aos outros os males do Brasil. Governar seriamente dá um trabalho terrível.
16 de março de 2012
O Estado de S.Paulo
JUIZ RESISTE À PATRULHA E DECIDE CONFORME A LEI. SALVE!!!
A Justiça Federal recusou a denúncia contra o major Curió. Isso significa que o juiz federal João César Otoni de Matos o considera inocente ou tem simpatia por torturadores? As duas hipóteses são ridículas. Isso significa que a ação proposta por aquele grupo de procuradores amostrados é inepta. Cabe recurso? Cabe. Duvido que sejam bem-sucedidos tais as leis e fundamentos que decidiram ignorar.
A decisão de Otoni de Matos é exemplar. Fico especialmente satisfeito com ela — e isso nada tem a ver com o tal Curió, com quem nunca falei — porque constatei que os argumentos que desenvolvi aqui tinham fundamentação técnica. Se vocês lerem a decisão (íntegra) — não é longa —, encontrarão coisas assim:
“Pretender, depois de mais de três décadas, esquivar-se da Lei da Anistia para reabrir a discussão sobre crimes praticados no período da ditadura militar é equívoco que, além de desprovido de suporte legal, desconsidera as circunstâncias históricas que, num grande esforço de reconciliação nacional, levaram à sua edição”.
Acho que escrevi bastante a respeito dessa questão aqui, não? Enfatizei muitas vezes que é uma estultice confundir “anistia”, que quer dizer esquecimento, com “absolvição”.
O juiz lembra também a Lei 9.140, evocada neste blog: “os desaparecidos mencionados na denúncia do Ministério Público Federal foram oficialmente reconhecidos como mortos pelo artigo 1º da Lei nº 9.140, de 04.12.1995, data que seria, então, o termo inicial do prazo prescricional relativamente ao delito do artigo 148 do CP [sequestro], cuja pena máxima, na forma do seu parágrafo 1º, é de oito anos”.
Até aí, eu diria que o meritíssimo cumpriu a sua obrigação funcional e técnica, que é decidir de acordo com a lei. A sua decisão se torna mesmo maiúscula quando enaltece as circunstâncias histórias em que se deu a aprovação da Lei da Anistia.
Ao ler o que escreveu o juiz Otoni de Matos, paro para pensar um tantinho na realidade destes dias. Os procuradores que moveram a ação sabem que existe um aparato legal no país, no qual se sustenta o estado democrático e de direito, e que seu papel é zelar pela sua integridade. O mesmo vale para a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. E não deveria agir de modo diferente a imprensa. Se as leis que temos não são boas, que se usem os caminhos que a própria democracia faculta para mudá-las. Inaceitável é que se tente ignorá-las, apelando ou ao clamor público — que, nesse caso, nem existe — ou à mobilização de setores ditos formadores de opinião.
Operadores do direito e jornalistas medianamente informados sabiam que aquela ação não poderia prosperar porque ela agride, sob o pretexto de fazer justiça, os fundamentos do próprio direito. Mas a maioria preferiu se calar. Ou por covardia ou porque acreditam que o grande juiz do direito é mesmo a ideologia, para “inocentar os nossos e punir os deles”. São os “tiranos do bem”.
16 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
A decisão de Otoni de Matos é exemplar. Fico especialmente satisfeito com ela — e isso nada tem a ver com o tal Curió, com quem nunca falei — porque constatei que os argumentos que desenvolvi aqui tinham fundamentação técnica. Se vocês lerem a decisão (íntegra) — não é longa —, encontrarão coisas assim:
“Pretender, depois de mais de três décadas, esquivar-se da Lei da Anistia para reabrir a discussão sobre crimes praticados no período da ditadura militar é equívoco que, além de desprovido de suporte legal, desconsidera as circunstâncias históricas que, num grande esforço de reconciliação nacional, levaram à sua edição”.
Acho que escrevi bastante a respeito dessa questão aqui, não? Enfatizei muitas vezes que é uma estultice confundir “anistia”, que quer dizer esquecimento, com “absolvição”.
O juiz lembra também a Lei 9.140, evocada neste blog: “os desaparecidos mencionados na denúncia do Ministério Público Federal foram oficialmente reconhecidos como mortos pelo artigo 1º da Lei nº 9.140, de 04.12.1995, data que seria, então, o termo inicial do prazo prescricional relativamente ao delito do artigo 148 do CP [sequestro], cuja pena máxima, na forma do seu parágrafo 1º, é de oito anos”.
Até aí, eu diria que o meritíssimo cumpriu a sua obrigação funcional e técnica, que é decidir de acordo com a lei. A sua decisão se torna mesmo maiúscula quando enaltece as circunstâncias histórias em que se deu a aprovação da Lei da Anistia.
Ao ler o que escreveu o juiz Otoni de Matos, paro para pensar um tantinho na realidade destes dias. Os procuradores que moveram a ação sabem que existe um aparato legal no país, no qual se sustenta o estado democrático e de direito, e que seu papel é zelar pela sua integridade. O mesmo vale para a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. E não deveria agir de modo diferente a imprensa. Se as leis que temos não são boas, que se usem os caminhos que a própria democracia faculta para mudá-las. Inaceitável é que se tente ignorá-las, apelando ou ao clamor público — que, nesse caso, nem existe — ou à mobilização de setores ditos formadores de opinião.
Operadores do direito e jornalistas medianamente informados sabiam que aquela ação não poderia prosperar porque ela agride, sob o pretexto de fazer justiça, os fundamentos do próprio direito. Mas a maioria preferiu se calar. Ou por covardia ou porque acreditam que o grande juiz do direito é mesmo a ideologia, para “inocentar os nossos e punir os deles”. São os “tiranos do bem”.
16 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
A BOLA DA VEZ: A SIMPÁTICA IDELI SALVATTI...
Relho na baranga: Ala insatisfeita com Planalto intensifica crítica à ação de Ideli
Congressistas do PT e do PMDB dizem que ministra da articulação política tem atuado de forma intransigente. Para desestabilizá-la, deputados e senadores querem colocar em votação temas que não interessam ao governo
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) passou a ser alvo de setores da base governista descontentes com o Palácio do Planalto.
Senadores e deputados, principalmente do PT e do PMDB, planejam nos bastidores ações para desestabilizar a ministra, que é a responsável pela articulação do Executivo com o Congresso.
Os críticos de Ideli, que é senadora licenciada, reclamam do que chamam de estilo "truculento" e "intransigente" que, segundo eles, tenta impor vontades do governo sem permitir o diálogo.
A ideia desse grupo é colocar na pauta de votações assuntos que não interessam ao governo, além de tentar paralisar o andamento de projetos de seu interesse.
Há nove meses no cargo, Ideli assumiu o ministério prometendo diálogo, acesso ao Planalto, liberação de verbas das emendas ao Orçamento e nomeação de aliados a cargos federais. O governo, no entanto, fechou o cofre e fez poucas nomeações.
Sobre o estilo de Ideli, deputados relatam que nas reuniões para discutir o Código Florestal, por exemplo, ela disse que quer ver o "extrato" da votação para saber quem da base está a favor e contra o governo.
Anteontem, a ministra se reuniu com os partidos aliados. Peemedebistas deixaram o encontro dizendo que não há mais diálogo. "A ministra não pode vir impor a sua vontade. Ela disse que só vota o Código [Florestal] se for do jeito que o governo quer. Se não votar, paramos tudo", disse Sandro Mabel (PMDB-GO).
No Senado, a ameaça são as CPIs. Insatisfeito por não ter emplacado um indicado no comando do Ministério dos Transportes, o PR anunciou que esta na oposição.
Caso isso se concretize -o PR já manifestou antes sinais de independência, mas sem que isso ocorresse na prática-, a oposição contará com 25 dos 81 senadores. CPIs precisam de 27 assinaturas.
"Vamos analisar cada caso. Mas não estamos impedidos de assinar", disse o líder do PR, Blairo Maggi (MT).
O anúncio de desembarque foi motivado por uma conversa entre Maggi e Ideli. Anteontem, ela descartou os nomes apresentados para o Transportes, pasta que era comandada por um dos caciques da legenda, Alfredo Nascimento, que caiu sob suspeita de irregularidades.
Ontem o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), retirou da pauta pedido para recondução de um diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Havia temor de nova derrota, como a que impediu Bernardo Figueiredo de se manter na direção-geral da agência.
16 de março de 2012
Folha de S.Paulo
(dp blog abobado)
O SONHO DE TRABALHAR NA CASA GRANDE
Hoje estou curado.
Engrossei o couro. Aprendi que para amar o Brasil é preciso ter alma de mulher de malandro e gostar de apanhar; e que só as lutas que não se pode ganhar é que valem a pena ser lutadas.
Mas nem sempre foi assim.
Seguindo a temporada de concursos públicos que estão acontecendo em todo o Brasil neste momento, as TVs aberta e fechadas da Globo andaram iluminando aspectos desse outro Brasil, nas últimas duas semanas, que fazem a gente pensar.
Outro dia, já não me lembro em qual, assisti a uma longa especial sobe os “concurseiros“.
Trata-se de uma legião de pessoas sem nenhum tipo de qualificação ou vocação especial que, não interessa muito aonde nem para que função, prestam concursos públicos como quem joga na loteria, onde quer que eles sejam oferecidos pelo país afora.
“Um dia eu acabo passando. E aí – tabajara! – meus problemas acabaram. Fico estável e…“.
As entrevistas corriam invariavelmente nessa linha, o que me remetia a um pensamento que, sempre que me assaltava nesses anos todos, jogava-me, entre deprimido e humilhado, para as vizinhanças de uma crise vocacional.
Não sei como anda isso hoje mas, até uns poucos anos atrás, tornar-se funcionário público aparecia no primeiro lugar da lista dos “sonhos de consumo” da juventude brasileira.
Mesmo reconhecendo a possibilidade de haver também aí as famosas exceções que costumam confirmar as regras, não consigo convencer-me de que essa multidão é movida pelo impulso irresistível de servir o povo, especialmente quando olho o vasto retrospecto acumulado nestes quase 40 anos de observação do país da “mamabilidade” institucionalizada.
Vá lá que fosse este o quarto ou o quinto entre os projetos de vida mais sonhados pela juventude brasileira.
Mas o primeiro! É acachapante…
Nascemos para a República e para a Abolição. Vimos lutando ha 137 anos para libertar os brasileiros da escravidão, e não foram poucos os micos que pagamos nem os sapos que engolimos, do primeiro dia até hoje, para levar isso adiante.
E no entanto o que me dizem essas estatísticas? O que me sinalizam os “concurseiros” profissionais, olhados sobre o pano de fundo da eterna coalisão governista que congraça, a esta altura do campeonato, mais de 80% dos nossos representantes em cada Casa do Congresso Nacional?
Que não; que a liberdade não faz parte do sonho do escravo brasileiro. O que ele pede aos santos, disposto a todos os sacrifícios que isso possa custar, é que eles lhe concedam a graça de tornar-se feitor. Ou, quando menos, a de ser aceito para trabalhar na Casa Grande.
Pois é…
Não importa. Vamos em frente. Nós somos poucos mas somos muito!
Um dia ainda chegaremos lá!
16 de março de 2012
vespeiro
CRIANÇAS DO ESTADO
Internacional - Estados Unidos
A esquerda prefere um eleitorado imaturo e medroso, mais interessado em proteção estatal do que na liberdade de procurar oportunidades.
Uma coisa pode ser dita com certeza sobre a infância: ela termina. As realidades que temos sido persuadidos a ignorar estão se impondo a nós.
Não chega a ser uma surpresa o quanto o Grande Governo trata seu povo como crianças, mas é um tanto deprimente que o público tenha crescido tão habituado a tal tratamento.
Dependência é essencialmente infantilidade. Independência e responsabilidade são componentes fundamentais tanto da liberdade quanto da maturidade. Uma nação de assistência social e “bailouts” [1] é uma nação onde a nenhuma criança é permitido cair e se machucar por sua própria conta. Você não pode ter empreendimento sem risco e você não pode ter risco sem consequências. Calcular os riscos é tarefa de adultos.
O governo nos trata como crianças em questões grandes e pequenas. Para dar um pequeno exemplo, considere a saga da “polícia do almoço” na Carolina do Norte [2]. Ao menos dois pais surgiram com histórias de agentes federais inspecionando as lancheiras de seus filhos pequenos, declarando ser o lanche delas deficiente para nutrição e obrigando os pais a pagar pela merenda escolar aprovada pelo governo em lugar do lanche. Uma das crianças teve em mãos um memorando assinado pelo diretor da escola, discutindo as exigências da USDA [3] por lancheiras com um conteúdo aceitável e claramente declarando que “a estudantes que não trouxerem uma merenda saudável serão oferecidas as partes faltantes, o que pode resultar em uma taxa cobrada pelo refeitório”.
Essencialmente, isso quer dizer tratar os pais como se eles fossem crianças caprichosas. Eles não são aptos a decidirem o que seus filhos podem ou não comer, então a Mamãe Estado assumirá a tarefa.
Aos cidadãos – crianças congregadas na “creche católica” não será permitido colocar seus pequenos devaneios religiosos à frente da sabedoria da Mamãe Estado em matéria de contracepção. Quando os católicos fizeram algazarra na sala de aula, a solução do vovô Obama foi declarar que os anticoncepcionais eram um presente das companhias de seguro. Isto supostamente aquietaria o clamor, porque eles não estariam pagando pelos “presentinhos” para o controle de natalidade. É preciso ter a mente de uma criancinha para aceitar este tipo de raciocínio.
Quando lhe foi solicitada a apresentação de um orçamento para o próximo ano fiscal, bem como previsões para o futuro financeiro dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama apresentou um plano com uma pilha de trilhões de dólares em déficits, sem menção a dívida nacional. Só uma nação de crianças estaria disposta a permitir-lhe fugir com raciocínio tão tipicamente adolescente como “o amanhã nunca virá”. A situação de um governo falido no piloto automático rumo a 20 trilhões de dólares em dívida é fundamentalmente infantil. Somente adultos pensam sobre consequências, ou sobre como pagar sua própria vida.
As desculpas do presidente são o tipo de nonsense que só soam razoáveis a ouvidos muito jovens. Todos os seus problemas foram causados por seu predecessor, há muito afastado. Nada é sua culpa, em qualquer assunto. Na última vez que ele ultrapassou o teto da dívida, ele prometeu que não faria isso novamente... mas agora parece que um novo aumento do teto da dívida será necessário antes da eleição de 2012.
Nós aceitamos maciços e insustentáveis déficits em tempo de paz como a “nova normalidade” porque os acólitos do Grande Governo não querem discutir abertamente o nível de impostos que seria necessário para sustentar sua utopia. A fantasia que algum vago grupo de ricaços poderia pagar por tudo isso, se eles estiverem corretamente interessados em “pagar por sua parte”, é um conto de fadas profundamente infantil. Você pode provar que isso é impossível com matemática básica, mas isto não funciona melhor do que qualquer tentativa de usar matemática básica para explicar a uma criancinha histérica porque você não pode se dar ao luxo de comprar o brinquedo que ele mais quer. Criancinhas reunidas ao redor da árvore de natal não perguntam ao papai e à mamãe se eles foram sábios em estourar o cartão de crédito da família para comprar todos aqueles presentes.
O discurso de “falha da liberdade” de Obama é o tipo de história útil para assustar crianças com obediência. Uma nação segura de si tem pouca paciência com um presidente que decide quais companhias deveriam “ganhar” ou “perder”, que explica aos pequeninos quanta ambição eles deveriam ter permissão de conservar, e nos oferece uma escolha entre adotar um planejamento central hiper-regulado ou ser perseguido por lobos na tundra gelada do mercado livre.
A esquerda prefere um eleitorado imaturo e medroso, mais interessado em proteção estatal do que na liberdade de procurar oportunidades. Um mecanismo de controle baseado na inveja só funciona nessas condições. Quem respeita menos os direitos de propriedade dos outros que uma criança desamparada? Quem poderia estar mais ansioso em ouvir falar sobre o que lhe é “de direito”, ao invés de sobre o que ele tem feito por merecer?
Não é por acaso que a cultura popular está passando a venerar a adolescência perpétua. Estudantes de 30 anos e homens de 40 anos vivendo na casa da mamãe estão se tornado cada vez mais comuns. A lei de saúde pública de Barack Obama, o “Obamacare”, recebeu um ultraje relativamente pequeno ao considerar que pessoas de 26 anos são oficialmente “crianças”. Casamento e paternidade estão sendo atacados de várias maneiras. O grande projeto para fazer a maioria adotar hábitos que as antigas gerações teriam considerado vergonhosos está quase completo. Quanto a isso, a própria vergonha tem sido largamente abolida. Nós ouvimos infinitamente que se sentir bem é a maior virtude e que só pessoas reprimidas perderiam tempo sentido vergonhas delas mesmas, qualquer que seja o motivo. Costumávamos ter uma palavra diferente para pessoas assim: adultos.
Uma das características definidoras dos adultos é seu desejo de ser responsável por suas crianças. Somos os guardiões do futuro, que nossos filhos herdarão. Mas os garotos de hoje já nascem com quase 50 mil dólares em dívidas nas costas. Nós estamos contraindo empréstimos que nunca seremos capazes de pagar. Nós escolhemos o caminho de atrelá-los com uma dívida que 100% do dinheiro público será usado apenas para financiar os pagamentos dos juros. Este não é o comportamento de uma nação adulta.
Uma coisa pode ser dita com certeza sobre a infância: ela termina. As realidades que temos sido persuadidos a ignorar estão se impondo a nós. Confrontado com um gráfico que mostrava nosso débito nacional subindo a uma estonteante altura por volta de 2075, o secretário do tesouro Tim Geithner resmungou que o gráfico poderia muito bem ter incluído projeções para o ano 3000. O presidente da comissão de orçamento da Câmara, Paul Ryan, replicou que não havia condições de levar as coisas adiante, porque “a economia, segundo o CBO [4], entrará em colapso por volta de 2027, neste ritmo”. Isso soou como um adulto repreendendo severamente uma criança com nariz sujo. Nós não sobreviveremos por mais quatro anos de “liderança” de crianças de nariz sujo, adequadas apenas para governar infantilizados.
Notas do tradutor
[1] No original a palavra é “bailout” (de bail: fiança, garantia) que, em economia e finanças, significa uma injeção de liquidez dada a uma entidade (empresa ou banco) falida ou próxima da falência, a fim de que possa honrar seus compromissos de curto prazo. Em geral, os bailouts são dados pelos governos ou por consórcios de investidores que, em troca da injeção de fundos, assumem o controle da entidade.
[2] Para maiores informações sobre esse caso ver o seguinte link: http://www.carolinajournal.com/exclusives/display_exclusive.html?id=8762
[3] USDA é a sigla para United States Department of Agriculture, órgão público que cuida da agricultura e tenta garantir uma boa alimentação ao povo americano.
[4] CBO é a sigla para Congressional Budget Office. Trata-se de um órgão do poder legislativo dos Estados Unidos que fornece dados econômicos para o Congresso.
John Hayward é colunista do Human Events e autor do recentemente publicado Doctor Zero: Year One.
John Hayward
16 Março 2012
Tradução: Jorge Nobre, estudante de Letras da UnB.
A esquerda prefere um eleitorado imaturo e medroso, mais interessado em proteção estatal do que na liberdade de procurar oportunidades.
Uma coisa pode ser dita com certeza sobre a infância: ela termina. As realidades que temos sido persuadidos a ignorar estão se impondo a nós.
Não chega a ser uma surpresa o quanto o Grande Governo trata seu povo como crianças, mas é um tanto deprimente que o público tenha crescido tão habituado a tal tratamento.
Dependência é essencialmente infantilidade. Independência e responsabilidade são componentes fundamentais tanto da liberdade quanto da maturidade. Uma nação de assistência social e “bailouts” [1] é uma nação onde a nenhuma criança é permitido cair e se machucar por sua própria conta. Você não pode ter empreendimento sem risco e você não pode ter risco sem consequências. Calcular os riscos é tarefa de adultos.
O governo nos trata como crianças em questões grandes e pequenas. Para dar um pequeno exemplo, considere a saga da “polícia do almoço” na Carolina do Norte [2]. Ao menos dois pais surgiram com histórias de agentes federais inspecionando as lancheiras de seus filhos pequenos, declarando ser o lanche delas deficiente para nutrição e obrigando os pais a pagar pela merenda escolar aprovada pelo governo em lugar do lanche. Uma das crianças teve em mãos um memorando assinado pelo diretor da escola, discutindo as exigências da USDA [3] por lancheiras com um conteúdo aceitável e claramente declarando que “a estudantes que não trouxerem uma merenda saudável serão oferecidas as partes faltantes, o que pode resultar em uma taxa cobrada pelo refeitório”.
Essencialmente, isso quer dizer tratar os pais como se eles fossem crianças caprichosas. Eles não são aptos a decidirem o que seus filhos podem ou não comer, então a Mamãe Estado assumirá a tarefa.
Aos cidadãos – crianças congregadas na “creche católica” não será permitido colocar seus pequenos devaneios religiosos à frente da sabedoria da Mamãe Estado em matéria de contracepção. Quando os católicos fizeram algazarra na sala de aula, a solução do vovô Obama foi declarar que os anticoncepcionais eram um presente das companhias de seguro. Isto supostamente aquietaria o clamor, porque eles não estariam pagando pelos “presentinhos” para o controle de natalidade. É preciso ter a mente de uma criancinha para aceitar este tipo de raciocínio.
Quando lhe foi solicitada a apresentação de um orçamento para o próximo ano fiscal, bem como previsões para o futuro financeiro dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama apresentou um plano com uma pilha de trilhões de dólares em déficits, sem menção a dívida nacional. Só uma nação de crianças estaria disposta a permitir-lhe fugir com raciocínio tão tipicamente adolescente como “o amanhã nunca virá”. A situação de um governo falido no piloto automático rumo a 20 trilhões de dólares em dívida é fundamentalmente infantil. Somente adultos pensam sobre consequências, ou sobre como pagar sua própria vida.
As desculpas do presidente são o tipo de nonsense que só soam razoáveis a ouvidos muito jovens. Todos os seus problemas foram causados por seu predecessor, há muito afastado. Nada é sua culpa, em qualquer assunto. Na última vez que ele ultrapassou o teto da dívida, ele prometeu que não faria isso novamente... mas agora parece que um novo aumento do teto da dívida será necessário antes da eleição de 2012.
Nós aceitamos maciços e insustentáveis déficits em tempo de paz como a “nova normalidade” porque os acólitos do Grande Governo não querem discutir abertamente o nível de impostos que seria necessário para sustentar sua utopia. A fantasia que algum vago grupo de ricaços poderia pagar por tudo isso, se eles estiverem corretamente interessados em “pagar por sua parte”, é um conto de fadas profundamente infantil. Você pode provar que isso é impossível com matemática básica, mas isto não funciona melhor do que qualquer tentativa de usar matemática básica para explicar a uma criancinha histérica porque você não pode se dar ao luxo de comprar o brinquedo que ele mais quer. Criancinhas reunidas ao redor da árvore de natal não perguntam ao papai e à mamãe se eles foram sábios em estourar o cartão de crédito da família para comprar todos aqueles presentes.
O discurso de “falha da liberdade” de Obama é o tipo de história útil para assustar crianças com obediência. Uma nação segura de si tem pouca paciência com um presidente que decide quais companhias deveriam “ganhar” ou “perder”, que explica aos pequeninos quanta ambição eles deveriam ter permissão de conservar, e nos oferece uma escolha entre adotar um planejamento central hiper-regulado ou ser perseguido por lobos na tundra gelada do mercado livre.
A esquerda prefere um eleitorado imaturo e medroso, mais interessado em proteção estatal do que na liberdade de procurar oportunidades. Um mecanismo de controle baseado na inveja só funciona nessas condições. Quem respeita menos os direitos de propriedade dos outros que uma criança desamparada? Quem poderia estar mais ansioso em ouvir falar sobre o que lhe é “de direito”, ao invés de sobre o que ele tem feito por merecer?
Não é por acaso que a cultura popular está passando a venerar a adolescência perpétua. Estudantes de 30 anos e homens de 40 anos vivendo na casa da mamãe estão se tornado cada vez mais comuns. A lei de saúde pública de Barack Obama, o “Obamacare”, recebeu um ultraje relativamente pequeno ao considerar que pessoas de 26 anos são oficialmente “crianças”. Casamento e paternidade estão sendo atacados de várias maneiras. O grande projeto para fazer a maioria adotar hábitos que as antigas gerações teriam considerado vergonhosos está quase completo. Quanto a isso, a própria vergonha tem sido largamente abolida. Nós ouvimos infinitamente que se sentir bem é a maior virtude e que só pessoas reprimidas perderiam tempo sentido vergonhas delas mesmas, qualquer que seja o motivo. Costumávamos ter uma palavra diferente para pessoas assim: adultos.
Uma das características definidoras dos adultos é seu desejo de ser responsável por suas crianças. Somos os guardiões do futuro, que nossos filhos herdarão. Mas os garotos de hoje já nascem com quase 50 mil dólares em dívidas nas costas. Nós estamos contraindo empréstimos que nunca seremos capazes de pagar. Nós escolhemos o caminho de atrelá-los com uma dívida que 100% do dinheiro público será usado apenas para financiar os pagamentos dos juros. Este não é o comportamento de uma nação adulta.
Uma coisa pode ser dita com certeza sobre a infância: ela termina. As realidades que temos sido persuadidos a ignorar estão se impondo a nós. Confrontado com um gráfico que mostrava nosso débito nacional subindo a uma estonteante altura por volta de 2075, o secretário do tesouro Tim Geithner resmungou que o gráfico poderia muito bem ter incluído projeções para o ano 3000. O presidente da comissão de orçamento da Câmara, Paul Ryan, replicou que não havia condições de levar as coisas adiante, porque “a economia, segundo o CBO [4], entrará em colapso por volta de 2027, neste ritmo”. Isso soou como um adulto repreendendo severamente uma criança com nariz sujo. Nós não sobreviveremos por mais quatro anos de “liderança” de crianças de nariz sujo, adequadas apenas para governar infantilizados.
Notas do tradutor
[1] No original a palavra é “bailout” (de bail: fiança, garantia) que, em economia e finanças, significa uma injeção de liquidez dada a uma entidade (empresa ou banco) falida ou próxima da falência, a fim de que possa honrar seus compromissos de curto prazo. Em geral, os bailouts são dados pelos governos ou por consórcios de investidores que, em troca da injeção de fundos, assumem o controle da entidade.
[2] Para maiores informações sobre esse caso ver o seguinte link: http://www.carolinajournal.com/exclusives/display_exclusive.html?id=8762
[3] USDA é a sigla para United States Department of Agriculture, órgão público que cuida da agricultura e tenta garantir uma boa alimentação ao povo americano.
[4] CBO é a sigla para Congressional Budget Office. Trata-se de um órgão do poder legislativo dos Estados Unidos que fornece dados econômicos para o Congresso.
John Hayward é colunista do Human Events e autor do recentemente publicado Doctor Zero: Year One.
John Hayward
16 Março 2012
Tradução: Jorge Nobre, estudante de Letras da UnB.
PTBRAS: PETROS SOFRE PREJUÍZO COM CRÉDITO PODRE E PERDE R$ 70 MILHÕES COM MORADA
Quando o pequeno e pouco conhecido banco Morada sofreu intervenção do Banco Central há quase um ano, a Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, amargou um prejuízo de pelo menos R$ 72 milhões.
Um dos maiores fundos de pensão do país, a Petros investia em papéis de alto risco lastreados em créditos podres emitidos por empresas controladas pelos mesmos donos do Morada.
O banco carioca teve a intervenção decretada em abril e, em outubro, entrou em processo de liquidação extrajudicial. Na ocasião, o BC indicou "insolvência do banco e a prática de violação das normas legais disciplinadoras".
Seus controladores estão com os bens indisponíveis desde maio.
Segunda maior fundação de previdência do país, com patrimônio de R$ 55,6 bilhões, a Petros adquiriu títulos conhecidos como cédulas de crédito bancário (CCBs), que tinham como lastro operações de crédito consignado geradas pelo Morada e que haviam sido removidas do balanço do banco.
O Valor apurou que durante a intervenção detectou-se que os créditos repassados pelo Morada às três empresas - Allcred, Secred e Morada SPE - tinham alto grau de inadimplência.
Boa parte deles recebia a classificação "H", a pior na escala do Banco Central, que obriga o banco a fazer uma provisão de perdas equivalentes a 100% do valor dos empréstimos.
O Morada usava as três empresas para limpar o seu balanço, mantendo o grau de inadimplência da carteira de crédito sob controle e reduzindo a necessidade de capital da instituição.
O repasse de crédito do banco para as empresas foi mantido pelo banco de agosto de 2007 a março de 2009. Para quitar com o banco a compra desses créditos, as empresas emitiam as CCBs, que eram, por sua vez, vendidas a investidores.
Os créditos ficaram sob a guarda dessas empresas, que compraram os empréstimos sem coobrigação do banco. Ou seja, agora, o banco Morada não é responsável pelo pagamento das CCBs, que viraram pó.
A Petros e, em menor volume, outras fundações, compraram os papéis de alto risco e receberam uma remuneração alta por isso, até a quebra do banco.
Ao manter os créditos fora de balanço, o Morada acabou - pelo menos por um período - escapando do olhar do BC. O problema, porém, acabou detectado, o que resultou na intervenção.
O investimento da Petros foi feito durante a gestão de Wagner Pinheiro de Oliveira, que agora está na presidência dos Correios. Hoje, o comando do fundo está com Luís Carlos Fernandes Afonso. Procurada pela reportagem, a Petros informou que não se manifestaria.
Além do Petros, ao menos dez fundações e gestoras de recursos tinham CCBs emitidas pelas empresas. Quando o banco sofreu intervenção, o estoque de CCBs somava cerca de R$ 132 milhões.
O instituto Metrus, dos funcionários do Metrô de São Paulo, aplicou R$ 23 milhões no fim de 2008 em CCBs das empresas Allcred e Secred.
Segundo Fabio Mazzeo, presidente do Metrus, o fundo recebeu até abril do ano passado - data da intervenção - R$ 13 milhões, em pagamentos que eram feitos mensalmente e que prometiam uma remuneração equivalente à inflação medida pelo IGPM mais 10% ao ano até 2014.
Nos últimos 12 meses, isso equivaleria a um rendimento de 13,77%.
"O fundo fez o investimento com base na nota atribuída pela agência de classificação de risco", diz Mazzeo. "A operação tinha como garantia créditos consignados, que até agora não foram localizados. Por isso, naquela época, entendíamos que o risco estava mitigado."
As cédulas bancárias receberam da agência de classificação de risco LF Rating a nota "AA+", o que equivale a um risco de inadimplência "muito baixo", segundo a escala de "rating". "Não sei se o crédito era bom. Foi auditado e a inadimplência estava sob controle. Mas somos isentos em relação a fraudes", afirma Joel Santana Junior, gerente-técnico da LF Rating.
O problema do Morada, porém, não se limitou à transferência de créditos para fora do balanço. Grande vendedor de carteiras de consignado para outros bancos, o Morada adotava uma prática também descoberta no PanAmericano.
Quando um cliente pagava um empréstimo antes do vencimento, o Morada retinha esses recursos em vez de repassá-los ao banco que havia comprado sua carteira, como seria correto.
O pagamento antecipado é muito comum nesse segmento, porque os bancos concorrentes costumam oferecer linhas de crédito mais vantajosas para tomar o cliente.
Segundo o Valor apurou, a liquidação antecipada atingia cerca de 30% dos contratos cedidos. Só em 2010 - data do último balanço disponível - o Morada vendeu R$ 761,6 milhões em carteiras para outros bancos.
Com um patrimônio de R$ 69,3 milhões, o Morada registrou um lucro líquido de R$ 13,3 milhões em 2010. Os principais sócios e dirigentes do banco eram Odílio Figueiredo Neto, Luiz Octavio Drummond, Marcelo Claudio Pires Lenz Cesar, Milton Roberto Pires Lenz Cesar e Luiz Paulo de Souza Lobo.
16 de março de 2012
Carolina Mandl e Vanessa Adachi | De São Paulo Valor Econômico
Um dos maiores fundos de pensão do país, a Petros investia em papéis de alto risco lastreados em créditos podres emitidos por empresas controladas pelos mesmos donos do Morada.
O banco carioca teve a intervenção decretada em abril e, em outubro, entrou em processo de liquidação extrajudicial. Na ocasião, o BC indicou "insolvência do banco e a prática de violação das normas legais disciplinadoras".
Seus controladores estão com os bens indisponíveis desde maio.
Segunda maior fundação de previdência do país, com patrimônio de R$ 55,6 bilhões, a Petros adquiriu títulos conhecidos como cédulas de crédito bancário (CCBs), que tinham como lastro operações de crédito consignado geradas pelo Morada e que haviam sido removidas do balanço do banco.
O Valor apurou que durante a intervenção detectou-se que os créditos repassados pelo Morada às três empresas - Allcred, Secred e Morada SPE - tinham alto grau de inadimplência.
Boa parte deles recebia a classificação "H", a pior na escala do Banco Central, que obriga o banco a fazer uma provisão de perdas equivalentes a 100% do valor dos empréstimos.
O Morada usava as três empresas para limpar o seu balanço, mantendo o grau de inadimplência da carteira de crédito sob controle e reduzindo a necessidade de capital da instituição.
O repasse de crédito do banco para as empresas foi mantido pelo banco de agosto de 2007 a março de 2009. Para quitar com o banco a compra desses créditos, as empresas emitiam as CCBs, que eram, por sua vez, vendidas a investidores.
Os créditos ficaram sob a guarda dessas empresas, que compraram os empréstimos sem coobrigação do banco. Ou seja, agora, o banco Morada não é responsável pelo pagamento das CCBs, que viraram pó.
A Petros e, em menor volume, outras fundações, compraram os papéis de alto risco e receberam uma remuneração alta por isso, até a quebra do banco.
Ao manter os créditos fora de balanço, o Morada acabou - pelo menos por um período - escapando do olhar do BC. O problema, porém, acabou detectado, o que resultou na intervenção.
O investimento da Petros foi feito durante a gestão de Wagner Pinheiro de Oliveira, que agora está na presidência dos Correios. Hoje, o comando do fundo está com Luís Carlos Fernandes Afonso. Procurada pela reportagem, a Petros informou que não se manifestaria.
Além do Petros, ao menos dez fundações e gestoras de recursos tinham CCBs emitidas pelas empresas. Quando o banco sofreu intervenção, o estoque de CCBs somava cerca de R$ 132 milhões.
O instituto Metrus, dos funcionários do Metrô de São Paulo, aplicou R$ 23 milhões no fim de 2008 em CCBs das empresas Allcred e Secred.
Segundo Fabio Mazzeo, presidente do Metrus, o fundo recebeu até abril do ano passado - data da intervenção - R$ 13 milhões, em pagamentos que eram feitos mensalmente e que prometiam uma remuneração equivalente à inflação medida pelo IGPM mais 10% ao ano até 2014.
Nos últimos 12 meses, isso equivaleria a um rendimento de 13,77%.
"O fundo fez o investimento com base na nota atribuída pela agência de classificação de risco", diz Mazzeo. "A operação tinha como garantia créditos consignados, que até agora não foram localizados. Por isso, naquela época, entendíamos que o risco estava mitigado."
As cédulas bancárias receberam da agência de classificação de risco LF Rating a nota "AA+", o que equivale a um risco de inadimplência "muito baixo", segundo a escala de "rating". "Não sei se o crédito era bom. Foi auditado e a inadimplência estava sob controle. Mas somos isentos em relação a fraudes", afirma Joel Santana Junior, gerente-técnico da LF Rating.
O problema do Morada, porém, não se limitou à transferência de créditos para fora do balanço. Grande vendedor de carteiras de consignado para outros bancos, o Morada adotava uma prática também descoberta no PanAmericano.
Quando um cliente pagava um empréstimo antes do vencimento, o Morada retinha esses recursos em vez de repassá-los ao banco que havia comprado sua carteira, como seria correto.
O pagamento antecipado é muito comum nesse segmento, porque os bancos concorrentes costumam oferecer linhas de crédito mais vantajosas para tomar o cliente.
Segundo o Valor apurou, a liquidação antecipada atingia cerca de 30% dos contratos cedidos. Só em 2010 - data do último balanço disponível - o Morada vendeu R$ 761,6 milhões em carteiras para outros bancos.
Com um patrimônio de R$ 69,3 milhões, o Morada registrou um lucro líquido de R$ 13,3 milhões em 2010. Os principais sócios e dirigentes do banco eram Odílio Figueiredo Neto, Luiz Octavio Drummond, Marcelo Claudio Pires Lenz Cesar, Milton Roberto Pires Lenz Cesar e Luiz Paulo de Souza Lobo.
16 de março de 2012
Carolina Mandl e Vanessa Adachi | De São Paulo Valor Econômico
DORMINDO COM O INIMIGO, OU A ALIANÇA INESPLICÁVEL
Artigos - Desarmamento
O mínimo que se espera do governo é que, até que surjam as respostas, suspenda as parcerias com a ONG Viva Rio, o repasse de verbas públicas a ela e, principalmente, seu credenciamento para receber armas de fogo entregues na campanha de desarmamento.
Os últimos dias não têm sido fáceis para uma das mais festejadas organizações não governamentais (ONG's) brasileiras. Envolta em acusações de desvio de verbas públicas e flagrada em estreito envolvimento com um acusado de vender um fuzil para o traficante “Nem”, da Rocinha, a Viva Rio parece ter entrado em seu inferno astral. Contudo, espanta que, ainda assim, siga firme como grande – senão a principal – parceira ideológica do Ministério da Justiça, especialmente quando o assunto é o único que dele se ouve: desarmamento.
Só a questão do desarmamento, é verdade, já seria suficiente para tomar de estranheza todos aqueles que acompanham as políticas traçadas pelo Ministério da Justiça – ou a falta delas. Afinal, soa até mesmo surreal que uma entidade envolvida com um traficante de arma, mostrando-se sua maior defensora, habite um setor tão estratégico do Governo Federal, sob a irônica justificativa de buscar desarmar a população. Entretanto, a teia é mais complexa.
As acusações contra a Viva Rio, cujo maior mérito parece ter sido angariar para o seu conselho diretor o mandachuva global José Roberto Marinho(1), tiveram início em outubro, com a denúncia de que, através da subsidiária Viva Comunidade, teria desviado, para a reforma de sua sede, recursos destinados a investimentos na saúde pública. Segundo publicação do jornal O Dia, o Tribunal de Contas dos Municípios já teria comprovado o desvio de mais de R$140 mil para a reforma da sede da entidade, estimando que o montante total desviado supere os R$208 mil(2).
Ainda no mês de outubro, outra acusação. Em meio aos escândalos que levaram à saída do Ministro dos Esportes, Orlando Silva, a ONG viu-se sob a denúncia de também ter desviado recursos do programa Segundo Tempo, vinculado àquela pasta(3). Nesse caso, um rombo ainda maior: 6,1 milhões de Reais recebidos por convênios com o Ministério, firmados desde 2005 e sem prestação de contas ao Tribunal de Contas dos Municípios, que os está cobrando(4).
No último mês do ano, mais um golpe à credibilidade da Viva Rio. Em face de filmagens em poder da polícia, nas quais aparece negociando um fuzil com o traficante “Nem”, o ex-presidente da Associação de Moradores da Rocinha, William Oliveira, foi preso. William, ou o “Prefeito”, como era conhecido na comunidade, é parceiro de longa da data da Viva Rio, tendo, dentre outros eventos de relevância, sido escolhido por ela para premiar destaques na atuação pelo desarmamento civil, como ocorrido em 2004, ocasião em que representou a ONG na entrega de prêmio a Denis Mizne, da também ONG “Sou da Paz”(5).
Não foi a primeira prisão de William Oliveira. Em 2005, ele foi acusado de associação para o tráfico de drogas e acabou detido. E o que fez a Viva Rio naquela época? É constrangedor, mas saiu em fervorosa defesa o acusado, chegando a externar, através de seu diretor executivo, Rubem César Fernandes, leniência no contato entre o líder comunitário e os traficantes(6).
Reunindo tais fatos, seria natural concluir-se que a aludida ONG não poderia contar com credibilidade para tratar de assuntos intrínsecos do governo brasileiro. Não se trata de uma condenação antecipada, mas os indícios de uma conduta irregular e de vínculos espúrios são evidentes, o que, no mínimo, impunha ficasse “sob observação”, afastada das decisões governamentais.
No entanto, o que se vê é o oposto. Mesmo diante de tantas suspeitas, a Viva Rio segue firme parceira de ninguém menos que o Ministério da Justiça, sendo responsável por nutri-lo com estatísticas – sempre muito contestáveis – pelas quais se justificaria a manutenção da campanha de desarmamento, hoje, praticamente a única bandeira do titular da pasta, o Ministro José Eduardo Cardozo.
Essas “estatísticas”, aliás, também revelam um fato bastante curioso derredor da credibilidade da Viva Rio. Seus números simplesmente não batem com nada, e ainda assim são considerados verdades absolutas, tanto pelo Ministério da Justiça, quanto pela grande mídia, em especial aquele veículo comandado por um de seus conselheiros. E isso mesmo quando os números são confrontados por outros também adotados oficialmente.
Para a Viva Rio, por exemplo, as campanhas de desarmamento teriam promovido redução nos índices de homicídio no Brasil, mas os dados do Mapa da Violência 2011 – oficiais para o Ministério da Justiça -, mostram que o patamar de assassinatos no país entre 2003 e 2008 – ano de publicação do Estatuto do Desarmamento e o último pesquisado no estudo, respectivamente – permaneceu exatamente o mesmo, ou seja, superior a 50 mil por ano(7) , isso mesmo com o recolhimento de mais de meio milhão de armas.
Além disso, os dados pontuais, que apontariam redução de tais índices em locais de maior atuação da ONG, como o óbvio exemplo da cidade do Rio de Janeiro, foram contestados pelo próprio IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, com a demonstração de que os homicídios, em verdade, apenas “mudaram de nome” nas estatísticas, passando a se computar como “mortes violentas por causas externas não identificadas”(8). O mesmo crime, mas com outro nome, apenas.
E se não fosse o bastante, a última pesquisa (?) divulgada pela entidade vem causando espécie aos especialistas em segurança pública e à mídia especializada. Justificada sabe-se lá em que, a Viva Rio publicou um estudo no qual avalia, pasme-se, o preço da maconha, num tom quase indignado diante da majoração que sofre entre a produção e o consumidor final (9). A maconha, relembre-se, ainda é uma droga ilegal no país e sua venda, seja lá por qual preço, é crime! (10)
Se esta é, ao menos aparentemente, a real face da Viva Rio, o que justifica sua inabalável credibilidade perante o Ministério da Justiça? Que autoridade tem a dita ONG para se arvorar à condição de parceira de tão relevante pasta governamental brasileira? O que move a sanha desarmamentista nacional, capaz de sobrepujar as já incontestes provas de que não funciona? São inúmeras as perguntas e nenhuma resposta.
Como medida simples, mas de relevância inegável para a sociedade brasileira, o mínimo que se espera do Governo é que, até que surjam as respostas, suspenda as parcerias com a ONG Viva Rio, o repasse de verbas públicas a ela e, principalmente, seu credenciamento para receber armas de fogo entregues na campanha de desarmamento. Afinal, precisamos saber de que lado ela realmente está, para que não tenhamos a nítida sensação de estarmos dormindo com o inimigo. Ou será que nem sabemos quem é o inimigo?
Notas
1 - http://c62tr.tk
2 - http://odia.ig.com.br/portal/rio/html/2011/10/informe_do_dia_dinheiro_da_saude_enviado_para_ong_198375.html
3 - http://200.189.161.92/pt/247/brasil/21283/TCU-cobra-R$-61-milh%C3%B5es-da-ONG-Viva-Rio.htm
4 - http://www.hojeemdia.com.br/claudio-humberto-1.12113/ong-viva-rio-1.362412
5 - http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/ex-lider-comunitario-da-rocinha-recebeu-premio-em-2004-por-atuacao-pelo-desarmamento-20111206.html
6 - http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-dia-em-que-a-viva-rio-de-rubem-cesar-fernandes-protestou-contra-a-prisao-de-william-o-do-fuzil-e-o-que-diziam-os-fatos-relatados-em-veja/
7 - http://www.sangari.com/mapadaviolencia/
8 - http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,rio-manipula-indice-de-homicidios-diz-pesquisa-,789556,0.htm
9 - http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/ah-como-esses-traficantes-sao-gananciosos-que-coisa-feia-gente-e-preciso-criar-urgentemente-a-bolsa-maconha/
10 - Lei nº 11.343/06, art. 33.
16 de março de 2012
Fabricio Rebelo, advogado, é pesquisador em segurança pública e diretor da ONG Movimento Viva Brasil.
O mínimo que se espera do governo é que, até que surjam as respostas, suspenda as parcerias com a ONG Viva Rio, o repasse de verbas públicas a ela e, principalmente, seu credenciamento para receber armas de fogo entregues na campanha de desarmamento.
Os últimos dias não têm sido fáceis para uma das mais festejadas organizações não governamentais (ONG's) brasileiras. Envolta em acusações de desvio de verbas públicas e flagrada em estreito envolvimento com um acusado de vender um fuzil para o traficante “Nem”, da Rocinha, a Viva Rio parece ter entrado em seu inferno astral. Contudo, espanta que, ainda assim, siga firme como grande – senão a principal – parceira ideológica do Ministério da Justiça, especialmente quando o assunto é o único que dele se ouve: desarmamento.
Só a questão do desarmamento, é verdade, já seria suficiente para tomar de estranheza todos aqueles que acompanham as políticas traçadas pelo Ministério da Justiça – ou a falta delas. Afinal, soa até mesmo surreal que uma entidade envolvida com um traficante de arma, mostrando-se sua maior defensora, habite um setor tão estratégico do Governo Federal, sob a irônica justificativa de buscar desarmar a população. Entretanto, a teia é mais complexa.
As acusações contra a Viva Rio, cujo maior mérito parece ter sido angariar para o seu conselho diretor o mandachuva global José Roberto Marinho(1), tiveram início em outubro, com a denúncia de que, através da subsidiária Viva Comunidade, teria desviado, para a reforma de sua sede, recursos destinados a investimentos na saúde pública. Segundo publicação do jornal O Dia, o Tribunal de Contas dos Municípios já teria comprovado o desvio de mais de R$140 mil para a reforma da sede da entidade, estimando que o montante total desviado supere os R$208 mil(2).
Ainda no mês de outubro, outra acusação. Em meio aos escândalos que levaram à saída do Ministro dos Esportes, Orlando Silva, a ONG viu-se sob a denúncia de também ter desviado recursos do programa Segundo Tempo, vinculado àquela pasta(3). Nesse caso, um rombo ainda maior: 6,1 milhões de Reais recebidos por convênios com o Ministério, firmados desde 2005 e sem prestação de contas ao Tribunal de Contas dos Municípios, que os está cobrando(4).
No último mês do ano, mais um golpe à credibilidade da Viva Rio. Em face de filmagens em poder da polícia, nas quais aparece negociando um fuzil com o traficante “Nem”, o ex-presidente da Associação de Moradores da Rocinha, William Oliveira, foi preso. William, ou o “Prefeito”, como era conhecido na comunidade, é parceiro de longa da data da Viva Rio, tendo, dentre outros eventos de relevância, sido escolhido por ela para premiar destaques na atuação pelo desarmamento civil, como ocorrido em 2004, ocasião em que representou a ONG na entrega de prêmio a Denis Mizne, da também ONG “Sou da Paz”(5).
Não foi a primeira prisão de William Oliveira. Em 2005, ele foi acusado de associação para o tráfico de drogas e acabou detido. E o que fez a Viva Rio naquela época? É constrangedor, mas saiu em fervorosa defesa o acusado, chegando a externar, através de seu diretor executivo, Rubem César Fernandes, leniência no contato entre o líder comunitário e os traficantes(6).
Reunindo tais fatos, seria natural concluir-se que a aludida ONG não poderia contar com credibilidade para tratar de assuntos intrínsecos do governo brasileiro. Não se trata de uma condenação antecipada, mas os indícios de uma conduta irregular e de vínculos espúrios são evidentes, o que, no mínimo, impunha ficasse “sob observação”, afastada das decisões governamentais.
No entanto, o que se vê é o oposto. Mesmo diante de tantas suspeitas, a Viva Rio segue firme parceira de ninguém menos que o Ministério da Justiça, sendo responsável por nutri-lo com estatísticas – sempre muito contestáveis – pelas quais se justificaria a manutenção da campanha de desarmamento, hoje, praticamente a única bandeira do titular da pasta, o Ministro José Eduardo Cardozo.
Essas “estatísticas”, aliás, também revelam um fato bastante curioso derredor da credibilidade da Viva Rio. Seus números simplesmente não batem com nada, e ainda assim são considerados verdades absolutas, tanto pelo Ministério da Justiça, quanto pela grande mídia, em especial aquele veículo comandado por um de seus conselheiros. E isso mesmo quando os números são confrontados por outros também adotados oficialmente.
Para a Viva Rio, por exemplo, as campanhas de desarmamento teriam promovido redução nos índices de homicídio no Brasil, mas os dados do Mapa da Violência 2011 – oficiais para o Ministério da Justiça -, mostram que o patamar de assassinatos no país entre 2003 e 2008 – ano de publicação do Estatuto do Desarmamento e o último pesquisado no estudo, respectivamente – permaneceu exatamente o mesmo, ou seja, superior a 50 mil por ano(7) , isso mesmo com o recolhimento de mais de meio milhão de armas.
Além disso, os dados pontuais, que apontariam redução de tais índices em locais de maior atuação da ONG, como o óbvio exemplo da cidade do Rio de Janeiro, foram contestados pelo próprio IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, com a demonstração de que os homicídios, em verdade, apenas “mudaram de nome” nas estatísticas, passando a se computar como “mortes violentas por causas externas não identificadas”(8). O mesmo crime, mas com outro nome, apenas.
E se não fosse o bastante, a última pesquisa (?) divulgada pela entidade vem causando espécie aos especialistas em segurança pública e à mídia especializada. Justificada sabe-se lá em que, a Viva Rio publicou um estudo no qual avalia, pasme-se, o preço da maconha, num tom quase indignado diante da majoração que sofre entre a produção e o consumidor final (9). A maconha, relembre-se, ainda é uma droga ilegal no país e sua venda, seja lá por qual preço, é crime! (10)
Se esta é, ao menos aparentemente, a real face da Viva Rio, o que justifica sua inabalável credibilidade perante o Ministério da Justiça? Que autoridade tem a dita ONG para se arvorar à condição de parceira de tão relevante pasta governamental brasileira? O que move a sanha desarmamentista nacional, capaz de sobrepujar as já incontestes provas de que não funciona? São inúmeras as perguntas e nenhuma resposta.
Como medida simples, mas de relevância inegável para a sociedade brasileira, o mínimo que se espera do Governo é que, até que surjam as respostas, suspenda as parcerias com a ONG Viva Rio, o repasse de verbas públicas a ela e, principalmente, seu credenciamento para receber armas de fogo entregues na campanha de desarmamento. Afinal, precisamos saber de que lado ela realmente está, para que não tenhamos a nítida sensação de estarmos dormindo com o inimigo. Ou será que nem sabemos quem é o inimigo?
Notas
1 - http://c62tr.tk
2 - http://odia.ig.com.br/portal/rio/html/2011/10/informe_do_dia_dinheiro_da_saude_enviado_para_ong_198375.html
3 - http://200.189.161.92/pt/247/brasil/21283/TCU-cobra-R$-61-milh%C3%B5es-da-ONG-Viva-Rio.htm
4 - http://www.hojeemdia.com.br/claudio-humberto-1.12113/ong-viva-rio-1.362412
5 - http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/ex-lider-comunitario-da-rocinha-recebeu-premio-em-2004-por-atuacao-pelo-desarmamento-20111206.html
6 - http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-dia-em-que-a-viva-rio-de-rubem-cesar-fernandes-protestou-contra-a-prisao-de-william-o-do-fuzil-e-o-que-diziam-os-fatos-relatados-em-veja/
7 - http://www.sangari.com/mapadaviolencia/
8 - http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,rio-manipula-indice-de-homicidios-diz-pesquisa-,789556,0.htm
9 - http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/ah-como-esses-traficantes-sao-gananciosos-que-coisa-feia-gente-e-preciso-criar-urgentemente-a-bolsa-maconha/
10 - Lei nº 11.343/06, art. 33.
16 de março de 2012
Fabricio Rebelo, advogado, é pesquisador em segurança pública e diretor da ONG Movimento Viva Brasil.
TEORIA DA PURA COINCIDÊNCIA
Artigos - Globalismo
A experiência me ensinou que, quando a maioria bem-pensante aposta que dois mais dois são cinco, é mais prudente nadar contra a maré e ser apontado nas ruas como louco.
Quando surgiu um zunzum de que a avó de Barack Hussein Obama dizia ter assistido ao parto dele em Mombasa, o governo queniano mandou investigar e descobriu que, no arquivo do hospital, faltavam justamente os registros da semana de agosto de 1961 em que teria ocorrido o nascimento da criatura.
Agora, a comissão nomeada pelo xerife Joe Arpaio constatou que, nos arquivos da Imigração, onde são guardadas em microfilme aquelas fichas que os passageiros de viagens aéreas preenchem antes do desembarque, faltam as fichas das pessoas que chegaram do Quênia naquela mesma semana. No Arquivo Nacional de Washington, a mesmíssima coisa. E, por incrível que pareça, os registros daquele período estão ausentes, também, dos arquivos das companhias aéreas que em 1961 tinham voos entre o Quênia e os EUA.
Ver nisso tudo algum indício de ocultação proposital é, na opinião bem-pensante, pura "teoria da conspiração", mas tentar atribuir essa quádrupla convergência de sumiços a um acúmulo fortuito de coincidências é forçar a pobre lei das probabilidades até o último grau da inverossimilhança concebível.
Mesmo esse grau, porém, é manifestamente ultrapassado quando alguém pretende que foi também por pura coincidência que essas coincidências aconteceram não a um cidadão qualquer, nem mesmo a um presidente qualquer, mas logo àquele que recusa mostrar seus passaportes, seus registros escolares, seus trabalhos acadêmicos e outros documentos que seus antecessores sempre abriram à inspeção pública.
Entre a Teoria da Conspiração e a Teoria da Pura Coincidência, a primeira, a esta altura, já se tornou muito mais razoável. Por fim, se esse presidente exibe um certificado de alistamento militar com carimbo grosseiramente falsificado e, mandando publicar uma cópia eletrônica de sua certidão de nascimento, gasta um milhão de dólares com advogados para impedir o acesso ao original do documento, o teórico da pura coincidência, que se pretende a encarnação máxima da sanidade, já começa a parecer aquilo que sempre foi: um louco, um idiota completo ou parte interessada na ocultação do óbvio.
A experiência me ensinou que, quando a maioria bem-pensante aposta que dois mais dois são cinco, é mais prudente nadar contra a maré e ser apontado nas ruas como louco. A opinião respeitável pode ser muito respeitável, mas a matemática é mais. Afinal, essa gente toda apostou que o Foro de São Paulo não existia, que o PT não tinha nada a ver com as Farc nem estas com o tráfico de drogas, que a ascensão do petismo acabaria com a era da corrupção na política e que a China se tornaria democrática tão logo adotasse a economia de mercado.
Em todos esses casos me chamaram de louco porque eu dizia que não. E em todas essas ocasiões preferi antes ganhar a aposta sozinho do que perdê-la mal acompanhado.
Que Obama seja o "Presidente da Manchúria", que por trás da súbita e misteriosa ascensão de um ilustre desconhecido ao comando da nação americana haja um vasto esquema de ocultação e manipulação, a maior fraude política de todos os tempos, é coisa que, no meu modestíssimo e louquíssimo entender, já nem se discute. Quem quer que ainda tenha dúvidas a respeito sofre de Síndrome do Piu-Piu em estado terminal.
Só o que resta é sondar melhor as finalidades da operação. Não posso crer, razoavelmente, que o objetivo de tão complexo, trabalhoso e arriscado empreendimento fosse apenas a conquista da presidência, nem que os planejadores da coisa imaginassem poder manter os fatos encobertos e invisíveis para sempre.
Ao contrário: a operação deve ter como objetivo último o efeito psicossocial traumático, devastador, que a revelação da fraude, mais dia menos dia, virá a ter sobre todo o eleitorado que se rendeu ao engodo com paixão e entusiasmo, cedendo à chantagem racial ostensiva, confiando cegamente nos inimigos e expondo à perseguição e à zombaria os mais sinceros patriotas.
Induzir toda uma população a apostar contra si mesma, a ajoelhar-se ante o altar de um ídolo postiço com identidade falsa, é sem dúvida a vitória mais admirável que alguém já obteve no campo da guerra psicológica. Nesse sentido, a própria revelação da verdade contribuirá para a derrocada dos EUA, criando uma crise constitucional e social num momento em que o país, em estado de estupor, estará atolado num desastre econômico sem precedentes e metido ou em vias de meter-se em mais uma guerra.
É impossível que essas linhas de consequência não tenham, desde o início, entrado nos cálculos dos planejadores. Quem são eles possivelmente, é o que tentarei sondar num artigo vindouro. P. S. – Mal havia eu acabado de escrever essas palavras, quando chegou pelo http://www.wnd.com/2012/03/pravda-asks-what-happened-to-american-media/ a notícia de que o jornal oficial russo, Pravda, estava denunciando alto e bom som a conspiração geral da mídia americana para ocultar a fraude documental de Obama. Pode parecer uma ironia que as funções tradicionais respectivas do jornalismo americano e russo tenham se invertido, mas também aí, se me permitem, não há nenhuma coincidência.
A mega-operação simplesmente passou à segunda fase: do ludíbrio geral está saltando para a revelação brutal de uma obviedade tanto mais desmoralizante quanto mais longamente, obstinadamente rejeitada. Os americanos, uma vez demonstrado ante a Schadenfreude da humanidade inteira o quanto é fácil ludibriá-los, fazê-los de palhaços e jogá-los contra si próprios, precisarão de muita ajuda divina para, depois de tamanha humilhação, poder conservar ainda algum espírito patriótico.
Olavo de Carvalho
16 Março 2012
A experiência me ensinou que, quando a maioria bem-pensante aposta que dois mais dois são cinco, é mais prudente nadar contra a maré e ser apontado nas ruas como louco.
Quando surgiu um zunzum de que a avó de Barack Hussein Obama dizia ter assistido ao parto dele em Mombasa, o governo queniano mandou investigar e descobriu que, no arquivo do hospital, faltavam justamente os registros da semana de agosto de 1961 em que teria ocorrido o nascimento da criatura.
Agora, a comissão nomeada pelo xerife Joe Arpaio constatou que, nos arquivos da Imigração, onde são guardadas em microfilme aquelas fichas que os passageiros de viagens aéreas preenchem antes do desembarque, faltam as fichas das pessoas que chegaram do Quênia naquela mesma semana. No Arquivo Nacional de Washington, a mesmíssima coisa. E, por incrível que pareça, os registros daquele período estão ausentes, também, dos arquivos das companhias aéreas que em 1961 tinham voos entre o Quênia e os EUA.
Ver nisso tudo algum indício de ocultação proposital é, na opinião bem-pensante, pura "teoria da conspiração", mas tentar atribuir essa quádrupla convergência de sumiços a um acúmulo fortuito de coincidências é forçar a pobre lei das probabilidades até o último grau da inverossimilhança concebível.
Mesmo esse grau, porém, é manifestamente ultrapassado quando alguém pretende que foi também por pura coincidência que essas coincidências aconteceram não a um cidadão qualquer, nem mesmo a um presidente qualquer, mas logo àquele que recusa mostrar seus passaportes, seus registros escolares, seus trabalhos acadêmicos e outros documentos que seus antecessores sempre abriram à inspeção pública.
Entre a Teoria da Conspiração e a Teoria da Pura Coincidência, a primeira, a esta altura, já se tornou muito mais razoável. Por fim, se esse presidente exibe um certificado de alistamento militar com carimbo grosseiramente falsificado e, mandando publicar uma cópia eletrônica de sua certidão de nascimento, gasta um milhão de dólares com advogados para impedir o acesso ao original do documento, o teórico da pura coincidência, que se pretende a encarnação máxima da sanidade, já começa a parecer aquilo que sempre foi: um louco, um idiota completo ou parte interessada na ocultação do óbvio.
A experiência me ensinou que, quando a maioria bem-pensante aposta que dois mais dois são cinco, é mais prudente nadar contra a maré e ser apontado nas ruas como louco. A opinião respeitável pode ser muito respeitável, mas a matemática é mais. Afinal, essa gente toda apostou que o Foro de São Paulo não existia, que o PT não tinha nada a ver com as Farc nem estas com o tráfico de drogas, que a ascensão do petismo acabaria com a era da corrupção na política e que a China se tornaria democrática tão logo adotasse a economia de mercado.
Em todos esses casos me chamaram de louco porque eu dizia que não. E em todas essas ocasiões preferi antes ganhar a aposta sozinho do que perdê-la mal acompanhado.
Que Obama seja o "Presidente da Manchúria", que por trás da súbita e misteriosa ascensão de um ilustre desconhecido ao comando da nação americana haja um vasto esquema de ocultação e manipulação, a maior fraude política de todos os tempos, é coisa que, no meu modestíssimo e louquíssimo entender, já nem se discute. Quem quer que ainda tenha dúvidas a respeito sofre de Síndrome do Piu-Piu em estado terminal.
Só o que resta é sondar melhor as finalidades da operação. Não posso crer, razoavelmente, que o objetivo de tão complexo, trabalhoso e arriscado empreendimento fosse apenas a conquista da presidência, nem que os planejadores da coisa imaginassem poder manter os fatos encobertos e invisíveis para sempre.
Ao contrário: a operação deve ter como objetivo último o efeito psicossocial traumático, devastador, que a revelação da fraude, mais dia menos dia, virá a ter sobre todo o eleitorado que se rendeu ao engodo com paixão e entusiasmo, cedendo à chantagem racial ostensiva, confiando cegamente nos inimigos e expondo à perseguição e à zombaria os mais sinceros patriotas.
Induzir toda uma população a apostar contra si mesma, a ajoelhar-se ante o altar de um ídolo postiço com identidade falsa, é sem dúvida a vitória mais admirável que alguém já obteve no campo da guerra psicológica. Nesse sentido, a própria revelação da verdade contribuirá para a derrocada dos EUA, criando uma crise constitucional e social num momento em que o país, em estado de estupor, estará atolado num desastre econômico sem precedentes e metido ou em vias de meter-se em mais uma guerra.
É impossível que essas linhas de consequência não tenham, desde o início, entrado nos cálculos dos planejadores. Quem são eles possivelmente, é o que tentarei sondar num artigo vindouro. P. S. – Mal havia eu acabado de escrever essas palavras, quando chegou pelo http://www.wnd.com/2012/03/pravda-asks-what-happened-to-american-media/ a notícia de que o jornal oficial russo, Pravda, estava denunciando alto e bom som a conspiração geral da mídia americana para ocultar a fraude documental de Obama. Pode parecer uma ironia que as funções tradicionais respectivas do jornalismo americano e russo tenham se invertido, mas também aí, se me permitem, não há nenhuma coincidência.
A mega-operação simplesmente passou à segunda fase: do ludíbrio geral está saltando para a revelação brutal de uma obviedade tanto mais desmoralizante quanto mais longamente, obstinadamente rejeitada. Os americanos, uma vez demonstrado ante a Schadenfreude da humanidade inteira o quanto é fácil ludibriá-los, fazê-los de palhaços e jogá-los contra si próprios, precisarão de muita ajuda divina para, depois de tamanha humilhação, poder conservar ainda algum espírito patriótico.
Olavo de Carvalho
16 Março 2012
BARRIS DE PETRÓLEO OU DE PÓLVORA?
Está, de novo, vazando petróleo no litoral brasileiro.
No país do pré-sal, derrames de óleo e outros materiais poluentes usados na exploração estão se tornando rotina. O Brasil não tem dado mostras de que está preparado para ser um superprodutor petrolífero, apesar do discurso ufanista do governo.
A Chevron - que se envolvera num vazamento de 3,4 mil barris de petróleo em novembro passado - ontem relatou um novo incidente e decidiu interrompeu suas operações no país. Segundo a companhia, teriam escapado 5 (cinco!) litros de óleo, ao longo de uma fissura de 800 metros de extensão.
É difícil crer que, pelo lançamento de óleo equivale a duas garrafas e meia de refrigerante no oceano, uma empresa do porte da norte-americana tenha suspendido um negócio bilionário. No acidente de cinco meses atrás, para ficar na mesma medida, o vazamento somara 272 mil garrafas de guaraná - ou 544 mil litros. Há algo turvo neste mar.
É mais que sabido que a indústria do petróleo é uma das atividades econômicas de maior potencial poluente. Por isso, os cuidados precisam ser multiplicados. No caso brasileiro, em que se ingressa num ambiente nunca antes explorado no mundo (o das águas ultraprofundas), o risco aumenta bastante.
Nossa estrutura de prevenção, inclusive a da Petrobras, não parece, porém, à altura. Só neste ano, a estatal já registrou cinco acidentes em suas plataformas. No total, cerca de 130 mil litros de óleo foram derramados. Em janeiro, 25 mil litros escorreram na Bacia de Santos, marcando o primeiro vazamento do pré-sal - o que rendeu multa de R$ 50 milhões à empresa.
No início da semana, 28 mil litros de fluido de perfuração - um material poluente - vazaram de uma plataforma da estatal em Campos. Quase ninguém soube, porque a Petrobras omitiu. "Tem algo muito errado acontecendo, porque os acidentes estão se repetindo e nem a ANP nem o Ibama estão repensando a estratégia de prevenção de acidentes no país", afirma o oceanógrafo David Zee, da Uerj, a O Globo.
A rotina de acidentes de trabalho nas atividades da Petrobras também é assustadora. Segundo o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, a média é de quatro por dia, e somente na Bacia de Campos. Nos últimos 15 anos, 119 profissionais morreram em atividade por lá; só em 2011, foram 17 -contra cinco nos EUA e nenhum na Noruega ao longo de dois anos.
O Brasil sonha com a riqueza de ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo, mas ainda não acordou para os riscos e desafios que isso implica. O pré-sal foi anunciado com pompa pelo então presidente Lula há mais de quatro anos. Até hoje, contudo, suas reservas dormitam a mais de 7 mil metros abaixo da superfície. A exploração segue lenta.
Pelas regras estipuladas pelo governo petista, a Petrobras será, necessariamente, operadora de todos os poços, com participação de pelo menos 30%. Como a empresa tem um megaplano de investimentos (US$ 224,7 bilhões até 2015) para cumprir, toca a empreitada do pré-sal em banho maria, e, com isso, segura os demais interessados.
A estatal também se vê obrigada a honrar outras incumbências que o governo federal lhe impôs, numa sobrecarga que atravanca seu crescimento. Um destes fardos são as contratações de sondas de exploração no país, com exigência de conteúdo mínimo nacional. O problema é que ainda não há aqui quem as construa.
O governo Lula gabou-se de ter ressuscitado a indústria naval no país, mas quase tudo o que se vê no setor ainda é virtual. O Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, não conseguiu pôr um equipamento no mar - apesar de Lula ter "lançado" um navio, o João Cândido, na campanha eleitoral de 2010.
O Jurong Aracruz, no Espírito Santo, só tem mato. "Não adianta sonhar, sonho não constrói sonda", admite Graça Foster ao Valor Econômico hoje.
Petróleo é coisa séria.
Seja pelas riquezas e pelo rumo decisivo que pode dar a uma nação, seja pelas gravíssimas ameaças que pode trazer ao meio ambiente.
Na ânsia de ser um novo superprodutor, o Brasil brinca de ser gente grande, enquanto o óleo vaza e espalha sujeira - e não apenas no mar.
16 de março de 2012
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Barris de petróleo ou de pólvora?
LULA REAPARECE MAIS ABATIDO, MAS DEVE RETOMAR SUAS ATIVIDADES DENTRO DE 30 DIAS
Apesar do sorriso estampado no rosto, ao receber a visita do novo líder do governo no Senado, o ex-presidente Lula aparece muito mais abatido do que sugerem imagens anteriores.
Sua assessoria informou que ele deve retomar "o ritmo normal de suas atividades" em trinta dias.
O ex-presidente trata um tumor na laringe, descoberto em outubro. Desde então, já perdeu doze quilos, a barba e a coloração do rosto.
Na semana passada, ele recebeu alta após uma internação de oito dias para tratar de uma pneumonia, que é considerada uma doença comum na fase de recuperação, quando o paciente está com a imunidade baixa, segundo informou a equipe médica.
Na próxima sexta-feira (23), Lula fará uma série de exames para a avaliação final do tratamento contra o câncer. Esses exames vão dizer se o tumor sumiu completamente.
16 de março de 2012
claudio humberto
Sua assessoria informou que ele deve retomar "o ritmo normal de suas atividades" em trinta dias.
O ex-presidente trata um tumor na laringe, descoberto em outubro. Desde então, já perdeu doze quilos, a barba e a coloração do rosto.
Na semana passada, ele recebeu alta após uma internação de oito dias para tratar de uma pneumonia, que é considerada uma doença comum na fase de recuperação, quando o paciente está com a imunidade baixa, segundo informou a equipe médica.
Na próxima sexta-feira (23), Lula fará uma série de exames para a avaliação final do tratamento contra o câncer. Esses exames vão dizer se o tumor sumiu completamente.
16 de março de 2012
claudio humberto
(P)artido (T)orpe: REPÚBLICA FEDERAL VIGARISTA. CACHAÇADAS E TÍTERES
À medida que o governo avança, vão tombando pelo caminho promessas de campanha da então candidata Dilma Rousseff.
As vítimas mais recentes foram as creches e, agora, as unidades de polícia pacificadora (UPP).
Neste ritmo, a presidente pode chegar ao fim do seu mandato com um enorme passivo a descoberto.
Dilma terminou a campanha de 2010 tendo apresentado ao eleitorado um rosário de promessas. Na época, O Globo deu-se ao trabalho de listá-las:
somavam 190.
Decorridos 15 meses de governo, a maior parte do imenso rol permanece intocado, quando não engavetado.
Segurança,
saúde
e educação foram os principais temas da última eleição presidencial.
Continuam sendo, mais ou menos nesta ordem, as maiores preocupações dos brasileiros.
Mas, embora tenham servido de matéria-prima para Dilma em palanques, não têm ocupado o centro das atenções da gestão petista.
Tome-se o caso das UPP.
Estavam no auge do sucesso no Rio de Janeiro quando Dilma disputou a eleição e foram alçadas pela candidatura petista à condição de panaceia contra a criminalidade.
A promessa:
espalhar 2.883 unidades pelo país.
A realidade:
nenhum centavo investido até hoje e o arquivamento do compromisso.
"Segundo o Ministério da Justiça, técnicos avaliaram o cálculo do projeto apresentado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva e encampado por Dilma na campanha como 'superdimensionado'. Não haveria sequer efetivo policial suficiente em algumas cidades para instalar as UPPs", informou a Folha de S.Paulo ontem.
Segurança pública já tinha saído das prioridades do governo de Dilma; as UPPs são apenas o tiro de misericórdia. No ano passado, dos R$ 2,1 bilhões destinados ao Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) só metade foram executados, deixando no papel medidas como a construção de postos de polícia comunitária e a modernização de prisões.
Sem combate, o crime organizado também continuou correndo solto - do que a inundação de drogas, especialmente o crack, no território nacional é prova inconteste - e o prometido apoio federal às polícias estaduais e às guardas municipais não chegou.
No governo Lula, dera-se o mesmo.
Os níveis de violência continuam tão altos quanto antes:
para cada grupo de 100 mil brasileiros, 26 morrem assassinados, embora Lula tivesse prometido cortar a média à metade.
É mais que o dobro do máximo admitido pela OMS.
Esta, portanto, a dura realidade do governo petista na área da segurança.
Outro fiasco são as creches.
Foram igualmente transformadas em vistosa promessa de campanha em 2010: 6 mil unidades seriam construídas, conforme afirmou a então candidata no palanque da convenção em que o PT oficializou o seu nome.
O compromisso foi, inclusive, reiterado nas mensagens ao Congresso enviadas pela Presidência da República no início dos anos legislativos de 2011 e 2012.
A realidade:
até agora, só 292 creches foram postas em funcionamento pelo governo do PT, admitiu ontem Aloizio Mercadante em depoimento na Câmara.
Nenhuma delas, porém, foi erguida na gestão Dilma.
O ministro da Educação culpou a morosidade das licitações e dificuldades com as empreiteiras para tentar justificar por que há mais de 4 mil contratos de creches assinados desde 2007, mas quase nada construído.
Neste aspecto, como em muitos outros, o PT continua agindo como se só ontem tivesse ascendido ao poder...
Antes de admitir o fracasso, o MEC havia tentado inflar os números.
Anunciara que o ProInfância, programa responsável pela ampliação do número de creches, entregara 633 unidades, quando a realidade era bem mais feia:
menos da metade haviam sido efetivamente abertas à comunidade, descobriu O Globo.
A falta de creches penaliza, essencialmente, a população carente.
São mães que não têm onde deixar seus filhos, e acabam levadas a sacrificar sua experiência profissional. São crianças que, sem acesso à pré-escola, correm risco de ter toda sua trajetória de aprendizado e de vida comprometida.
O desmazelo no trato da segurança pública e a pouca atenção à primeira infância denunciam a ausência de cuidados dos governos Lula e Dilma Rousseff com a melhoria da vida cotidiana dos brasileiros.
A desgraça alheia é pródiga para palanques, mas enfrentá-la é algo rarefeito na gestão do PT.
16 e março de 2012
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Promessas pelo caminho
As vítimas mais recentes foram as creches e, agora, as unidades de polícia pacificadora (UPP).
Neste ritmo, a presidente pode chegar ao fim do seu mandato com um enorme passivo a descoberto.
Dilma terminou a campanha de 2010 tendo apresentado ao eleitorado um rosário de promessas. Na época, O Globo deu-se ao trabalho de listá-las:
somavam 190.
Decorridos 15 meses de governo, a maior parte do imenso rol permanece intocado, quando não engavetado.
Segurança,
saúde
e educação foram os principais temas da última eleição presidencial.
Continuam sendo, mais ou menos nesta ordem, as maiores preocupações dos brasileiros.
Mas, embora tenham servido de matéria-prima para Dilma em palanques, não têm ocupado o centro das atenções da gestão petista.
Tome-se o caso das UPP.
Estavam no auge do sucesso no Rio de Janeiro quando Dilma disputou a eleição e foram alçadas pela candidatura petista à condição de panaceia contra a criminalidade.
A promessa:
espalhar 2.883 unidades pelo país.
A realidade:
nenhum centavo investido até hoje e o arquivamento do compromisso.
"Segundo o Ministério da Justiça, técnicos avaliaram o cálculo do projeto apresentado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva e encampado por Dilma na campanha como 'superdimensionado'. Não haveria sequer efetivo policial suficiente em algumas cidades para instalar as UPPs", informou a Folha de S.Paulo ontem.
Segurança pública já tinha saído das prioridades do governo de Dilma; as UPPs são apenas o tiro de misericórdia. No ano passado, dos R$ 2,1 bilhões destinados ao Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) só metade foram executados, deixando no papel medidas como a construção de postos de polícia comunitária e a modernização de prisões.
Sem combate, o crime organizado também continuou correndo solto - do que a inundação de drogas, especialmente o crack, no território nacional é prova inconteste - e o prometido apoio federal às polícias estaduais e às guardas municipais não chegou.
No governo Lula, dera-se o mesmo.
Os níveis de violência continuam tão altos quanto antes:
para cada grupo de 100 mil brasileiros, 26 morrem assassinados, embora Lula tivesse prometido cortar a média à metade.
É mais que o dobro do máximo admitido pela OMS.
Esta, portanto, a dura realidade do governo petista na área da segurança.
Outro fiasco são as creches.
Foram igualmente transformadas em vistosa promessa de campanha em 2010: 6 mil unidades seriam construídas, conforme afirmou a então candidata no palanque da convenção em que o PT oficializou o seu nome.
O compromisso foi, inclusive, reiterado nas mensagens ao Congresso enviadas pela Presidência da República no início dos anos legislativos de 2011 e 2012.
A realidade:
até agora, só 292 creches foram postas em funcionamento pelo governo do PT, admitiu ontem Aloizio Mercadante em depoimento na Câmara.
Nenhuma delas, porém, foi erguida na gestão Dilma.
O ministro da Educação culpou a morosidade das licitações e dificuldades com as empreiteiras para tentar justificar por que há mais de 4 mil contratos de creches assinados desde 2007, mas quase nada construído.
Neste aspecto, como em muitos outros, o PT continua agindo como se só ontem tivesse ascendido ao poder...
Antes de admitir o fracasso, o MEC havia tentado inflar os números.
Anunciara que o ProInfância, programa responsável pela ampliação do número de creches, entregara 633 unidades, quando a realidade era bem mais feia:
menos da metade haviam sido efetivamente abertas à comunidade, descobriu O Globo.
A falta de creches penaliza, essencialmente, a população carente.
São mães que não têm onde deixar seus filhos, e acabam levadas a sacrificar sua experiência profissional. São crianças que, sem acesso à pré-escola, correm risco de ter toda sua trajetória de aprendizado e de vida comprometida.
O desmazelo no trato da segurança pública e a pouca atenção à primeira infância denunciam a ausência de cuidados dos governos Lula e Dilma Rousseff com a melhoria da vida cotidiana dos brasileiros.
A desgraça alheia é pródiga para palanques, mas enfrentá-la é algo rarefeito na gestão do PT.
16 e março de 2012
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Promessas pelo caminho
"QUER CONHECER ALGUÉM QUE AMA O BRASIL ACIMA DE TUDO? CHAME UM MILICO!"
A PF não quer ir pra fronteira porque a diária é pouca?
Chamem os milicos.
A PM não quer subir o morro porque é perigoso?
Chamem os milicos.
A PM faz greve porque o salário é baixo?
Chamem os milicos.
A Anvisa não quer inspecionar gado no campo?
Chamem os milicos.
O Ibama não dá conta de fiscalizar os desmatamentos?
Chamem os milicos.
Os corruptos ganham milhões e não constroem as estradas?
Chamem os milicos.
As chuvas destroem cidades?
Chamem os milicos.
Caiu avião no mar ou na selva?
Chamem os milicos.
Em caso de calamidades públicas, a Defesa Civil não resolve?
Chamem os milicos.
Desabrigados?
Chamem os milicos.
A dengue ataca?
Chamem os milicos.
O Carnaval, o Ano Novo ou qualquer festa tem pouca segurança?
Chamem os milicos.
Certeza de eleições livres?
Chamem os milicos.
Presidentes, primeiros-ministros e visitantes importantes de outros países?
Chamem os milicos.
Adicional noturno? Não temos!
Periculosidade? Não temos!
Escalas de 24 por 72 horas? Não temos!
Hora extra, PIS, PASEP? Não temos!
Residência fixa? Não temos!
Certeza de descanso no fim de semana? Não temos!
Salário adequado? Não temos!
Acatar todas as ordens para fazer tudo isso e muito mais, ficando longe de nossas famílias, chama-se respeito à hierarquia.
Aceitar tudo isso porque amamos o que fazemos chama-se disciplina.
Quer conhecer alguém que ama o Brasil acima de tudo?
Chame um milico!
Original/Íntegra
Reinaldo Azevedo
16 de março de 2012
POLÍTICA E NAUFRÁGIO
Um traço essencial do naufrágio no mar é a perda da linha do horizonte.
Nesse sentido, a política brasileira naufragou, pois seus principais movimentos não apontam para lugar algum, exceto a luta por espaço no governo.
O ex-ministro José Dirceu afirmou que coexistem unidade e luta na base do governo. Numa visão consensual na esquerda, esses elementos existem em qualquer estrutura política e, para alguns, até na matéria física.
Mesmo adotando a visão de unidade e luta para explicar o que se passa no governo, não se consegue explicar o sentido dessas lutas.
Em outros momentos históricos os confrontos se davam em torno de ideias e os protagonistas tratavam de difundi-las para ganhar apoio.
A simpatia popular era vista como essencial para definir o vencedor.
Com o naufrágio da política, as lutas tornaram-se subterrâneas, quase clandestinas. A imprensa, que no passado difundia as ideias dos atores, hoje se conforma em descrever seus movimentos e analisar os resultados.
O PMDB usa uma simples votação para mandar seu recado à presidente.
Não está satisfeito.
A cobertura da imprensa torna-se uma forma mais ampla de transmissão do recado.
O governo entra em cena dizendo-se preocupado com a tensão na sua base aliada e promete fazer tudo para atenuá-la. Com esse movimento passa um recado ampliado à base. Políticos competem entre si, via recados, mas nunca fica claro o que cada parte quer.
Por trás de tudo, nada mais que cargos, poder e dinheiro.
Os rumos do País não interessam, nem estiveram na mesa de debates.
Ninguém ascende ao governo porque teve ideias específicas, ninguém sai porque discordou politicamente dele.
Ao sair um ministro, entra outro do mesmo partido para reafirmar que a mudança das peças não altera o rígido jogo de xadrez. E la nave và, mas para onde, se não há mais horizonte?
São poucos os discursos interessantes, quase nenhum projeto, ainda que polêmico, emerge desse barco afundado.
A imprensa sumiu do plenário, vai pouco às comissões: não acontece quase nada lá.
Há sempre uma ou outra gafe, uma intervenção pitoresca, mas isso acaba repercutindo logo; é fácil recuperar as imagens nas gravações oficiais.
Grande parte da energia é gasta nos bares e nos corredores, onde circulam queixas, ameaças e recados.
Ficamos sabendo que Sarney tem o Ministério de Minas e Energia, que Renan Calheiros luta desesperadamente para não perder o cargo na Transpetro, onde colocou um aliado.
É possível fazer um amplo mapa de quem domina o quê, quem é padrinho de quem. Não e possível saber que conjunto de ideias está em jogo, porque simplesmente não há conjunto, só uma ideia fixa de ocupar espaços rentáveis.
A política fechou-se nela mesma, despojou-se de suas características históricas e virou uma corporação que cuida dos próprios interesses.
Sua única vulnerabilidade é o intenso trabalho investigativo da imprensa, que revela os episódios de corrupção e desata um drama cujo andamento todos conhecemos.
Caíram tantos ministros por corrupção que o governo derrubou um por incompetência para transmitir diversidade.
Num amplo debate internacional sobre os rumos da política (Making Things Public, Atmospheres of Democracy), o editor dos ensaios, Bruno Latour, usa os astrólogos para definir certos momentos históricos: algumas conjunções dos planetas são tão negativas que o melhor é ficar em casa até que os céus mandem mensagem mais animadora.
Ele se pergunta se o presente político não é tão desolador a ponto de termos de esperar a passagem dos líderes e todos os atores que se movem no palco para voltarmos a nos interessar pela cena política.
Não, não e não, como diria Amy Winehouse.
A cena política demora mais a mudar se nos desinteressamos.
É necessário ficar o mais próximo que o estômago possa tolerar.
As coisas não mudam rapidamente sem luta, não o tipo de luta interna no governo, mas a que tenta levar adiante algumas ideias que parecem corretas a seus defensores.
É uma ilusão achar também que as coisas não mudam de maneira alguma, que isso só acontecerá quando o Sargento Garcia prender o Zorro, conforme a frase de Andrés Sánchez.
Há 15 dias, eu combatia essa visão de imobilidade expressa pelo ex-presidente do Corinthians, que previa longa vida para Ricardo Teixeira na presidência da CBF. Pois bem, Teixeira caiu.
O futebol brasileiro, ao contrário da economia, está em decadência e foi claramente superado pelo avanço tático e pelo profissionalismo de alguns países europeu. Ninguém vivia no futebol a euforia de progresso.
E ninguém acreditava que tantas denúncias de corrupção fossem infundadas, com Teixeira movendo, às pressas, sua fortuna para Miami.
Resta saber se, como na fórmula política mais ampla, Teixeira se fará suceder por alguém do mesmo partido. O movimento inicial vai nessa direção.
José Maria Marin parece ser não só do partido de Teixeira, como representar sua ala mais radical: foi filmado furtando a medalha de premiação de um torneio sub-20.
(...)
Entre a frase de Andrés Sánchez e a queda de Ricardo Teixeira se passaram três semanas. O Sargento Garcia prendeu o Zorro. As coisas mudam e sua dinâmica acabará sacudindo uma vida política naufragada na ausência de horizonte.
O pequeno mundo acabará sendo implodido por ondas eleitorais.
Quando se der o momento
Fernando Gabeira
O Estado de S. Paulo
16 de março de 2012
GOVERNO TRUCULENTO RACHA A BASE
A rebelião na base aliada do governo no Congresso pode ganhar adesões na seara petista. Descontentes com o que chamam de 'descoordenação política' do Palácio do Planalto, deputados e senadores do PT pedem mais 'atenção' da presidente Dilma Rousseff e preveem 'dias difíceis' pela frente, com focos de incêndio por todos os lados, depois da troca repentina de líderes do governo na Câmara e no Senado.
'Quem é da base aliada tem de votar sob orientação do governo. Se não for assim, que saia da base e entregue os cargos. Isso serve para o PT também', disse o líder do partido na Câmara, Jilmar Tatto. Apesar de admitir divergências entre o PT e o governo, porém, Tatto avalia que as maiores dificuldades estão no relacionamento com o PMDB e cobrou fidelidade.
'O PMDB tem de tratar o PT com mais carinho, se quiser o nosso apoio na eleição para a presidência da Câmara, em 2013. Nós temos acordo para apoiar o deputado Henrique Eduardo Alves, mas o PMDB não pode ficar batendo assim, lançando manifesto contra a gente', insistiu Tatto, numa referência ao texto assinado por 53 dos 79 deputados do PMDB, com críticas à hegemonia petista no governo.
O motim do PMDB, a crise que levou a bancada do PR no Senado a romper com o Planalto e a destituição do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, preocupam a cúpula do PT. No intervalo da reunião da Executiva Nacional do partido, ontem, petistas se queixaram da forma como Vaccarezza foi substituído pelo deputado Arlindo Chinaglia - que também é do PT, mas integra uma corrente menor no mosaico ideológico da legenda - e escancararam a insatisfação com a articulação política do Planalto.
'Nós vamos trabalhar para manter o equilíbrio na base aliada e evitar desgaste para o governo, mas política é também aritmética', afirmou o deputado André Vargas, secretário de Comunicação do PT. 'Se o governo orientar que temos de votar o Código Florestal, vamos votar, mas a pergunta é: tem voto para isso?'
Adiada pelo governo por falta de acordo, a reforma do Código Florestal é outro tema que divide o PT. O Planalto avalia que corre o risco de ser derrotado pelos ruralistas e decidiu segurar a votação até que seja construído um acordo em torno do projeto de lei. Na prática, o governo teme o impacto da desfiguração do código na Rio+20, a conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. O vaivém sobre a venda de bebidas nos estádios durante os jogos da Copa de 2014 também é citado pelos petistas como exemplo da 'descoordenação' política do governo.
Nos bastidores, deputados e senadores do partido criticam a titular das Relações Institucionais Ideli Salvatti (PT) e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que é do PC do B.
'A presidente acertou nas mudanças no Congresso, mas precisa ficar mais próxima dos parlamentares', observou o senador Lindbergh Farias (PT). Com receio de que o rompimento do PR com o Planalto interfira em votações no Senado, a cúpula petista prega a reaproximação com o partido do senador Blairo Maggi.
'O PR sempre apoia o PT nas eleições e, nesse ponto, é até mais generoso do que nós', disse Tatto. 'Então, mesmo se o PR não ficar com o ministério (dos Transportes), acho que deve levar diretorias de estatais.' Foi justamente essa oferta feita por Ideli ao PR e rejeitada por Maggi. 'Cansei dessa novela. PT saudações', devolveu ele.
16 de março de 2012
(Estadão)
coroneLeaks
'Quem é da base aliada tem de votar sob orientação do governo. Se não for assim, que saia da base e entregue os cargos. Isso serve para o PT também', disse o líder do partido na Câmara, Jilmar Tatto. Apesar de admitir divergências entre o PT e o governo, porém, Tatto avalia que as maiores dificuldades estão no relacionamento com o PMDB e cobrou fidelidade.
'O PMDB tem de tratar o PT com mais carinho, se quiser o nosso apoio na eleição para a presidência da Câmara, em 2013. Nós temos acordo para apoiar o deputado Henrique Eduardo Alves, mas o PMDB não pode ficar batendo assim, lançando manifesto contra a gente', insistiu Tatto, numa referência ao texto assinado por 53 dos 79 deputados do PMDB, com críticas à hegemonia petista no governo.
O motim do PMDB, a crise que levou a bancada do PR no Senado a romper com o Planalto e a destituição do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, preocupam a cúpula do PT. No intervalo da reunião da Executiva Nacional do partido, ontem, petistas se queixaram da forma como Vaccarezza foi substituído pelo deputado Arlindo Chinaglia - que também é do PT, mas integra uma corrente menor no mosaico ideológico da legenda - e escancararam a insatisfação com a articulação política do Planalto.
'Nós vamos trabalhar para manter o equilíbrio na base aliada e evitar desgaste para o governo, mas política é também aritmética', afirmou o deputado André Vargas, secretário de Comunicação do PT. 'Se o governo orientar que temos de votar o Código Florestal, vamos votar, mas a pergunta é: tem voto para isso?'
Adiada pelo governo por falta de acordo, a reforma do Código Florestal é outro tema que divide o PT. O Planalto avalia que corre o risco de ser derrotado pelos ruralistas e decidiu segurar a votação até que seja construído um acordo em torno do projeto de lei. Na prática, o governo teme o impacto da desfiguração do código na Rio+20, a conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. O vaivém sobre a venda de bebidas nos estádios durante os jogos da Copa de 2014 também é citado pelos petistas como exemplo da 'descoordenação' política do governo.
Nos bastidores, deputados e senadores do partido criticam a titular das Relações Institucionais Ideli Salvatti (PT) e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que é do PC do B.
'A presidente acertou nas mudanças no Congresso, mas precisa ficar mais próxima dos parlamentares', observou o senador Lindbergh Farias (PT). Com receio de que o rompimento do PR com o Planalto interfira em votações no Senado, a cúpula petista prega a reaproximação com o partido do senador Blairo Maggi.
'O PR sempre apoia o PT nas eleições e, nesse ponto, é até mais generoso do que nós', disse Tatto. 'Então, mesmo se o PR não ficar com o ministério (dos Transportes), acho que deve levar diretorias de estatais.' Foi justamente essa oferta feita por Ideli ao PR e rejeitada por Maggi. 'Cansei dessa novela. PT saudações', devolveu ele.
16 de março de 2012
(Estadão)
coroneLeaks
DEMOCRACIA DOENTE
A visita de Eduardo Braga (PMDB-AM), novo lider do governo no Senado ao Sírio-Libanês, mostra que Lula está bem, quem está doente é a nossa democracia.
Por qual motivo um político iria visitar um ex-presidente que não pode receber visitas? Dar uma prova de prestígio ou recebê-la?
Bastou que a crise se instalasse no governo para que Lula pudesse correr o risco de pegar uma catapora, uma malária ou uma dengue trazida pelo ilustre visitante, algo inimaginável alguns dias atrás.
Se este governo de merda depende tanto de um ex-presidente para funcionar, é porque a nossa democracia anda mal das pernas. Afinal de contas, com Dilma o novo lider não esteve. E ele é o líder dela, não dele.
16 de março de 2012
coroneLeaks
Por qual motivo um político iria visitar um ex-presidente que não pode receber visitas? Dar uma prova de prestígio ou recebê-la?
Bastou que a crise se instalasse no governo para que Lula pudesse correr o risco de pegar uma catapora, uma malária ou uma dengue trazida pelo ilustre visitante, algo inimaginável alguns dias atrás.
Se este governo de merda depende tanto de um ex-presidente para funcionar, é porque a nossa democracia anda mal das pernas. Afinal de contas, com Dilma o novo lider não esteve. E ele é o líder dela, não dele.
16 de março de 2012
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LEI DA ANISTIA: JUSTIÇA DESQUALIFICA PROCURADORES DE FAMA DO MPF
A Justiça Federal no Pará rejeitou denúncia do Ministério Público para prender o agente militar da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura pelo desaparecimento de cinco guerrilheiros do Araguaia, em 1974.
Com base na Lei de Anistia, de 1979, o juiz federal João César Otoni de Matos considerou um "equívoco" o pedido dos procuradores.
Em nota divulgada à tarde, Otoni de Matos diz que o Ministério Público não apresenta elementos "concretos" na denúncia contra Curió. "Pretender, depois de mais de três décadas, esquivar-se da Lei da Anistia para reabrir a discussão sobre crimes praticados no período da ditadura militar, é equívoco que, além de desprovido de suporte legal, desconsidera as circunstâncias históricas que, num grande esforço de reconciliação nacional, levaram à sua edição", diz o juiz.
O Ministério Público apresentou à Justiça o argumento de que o desaparecimento dos guerrilheiros é um sequestro qualificado e um crime continuado, pois os militantes não apareceram.
Os procuradores argumentaram que o crime, por ter "caráter permanente", não estaria coberto pela Lei de Anistia, de 1979. Em 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu que a anistia foi ampla, geral e irrestrita, perdoando agentes do Estado que cometeram crimes.
Ao rejeitar o pedido, o juiz Otoni de Matos afirma que, em 1995, o Estado reconheceu as mortes dos guerrilheiros que estiveram no Araguaia e, para qualificar um crime de sequestro, não basta o fato de os corpos dos militantes não terem sido encontrados.
"Aliás, dada a estrutura do tipo do sequestro, é de se questionar: sustenta o parquet (Ministério Público) que os desaparecidos, trinta e tantos anos depois, permanecem em cativeiro, sob cárcere imposto pelo denunciado? A lógica desafia a argumentação exposta na denúncia", diz o juiz federal.
16 de março de 2012
coroneLeaks
Com base na Lei de Anistia, de 1979, o juiz federal João César Otoni de Matos considerou um "equívoco" o pedido dos procuradores.
Em nota divulgada à tarde, Otoni de Matos diz que o Ministério Público não apresenta elementos "concretos" na denúncia contra Curió. "Pretender, depois de mais de três décadas, esquivar-se da Lei da Anistia para reabrir a discussão sobre crimes praticados no período da ditadura militar, é equívoco que, além de desprovido de suporte legal, desconsidera as circunstâncias históricas que, num grande esforço de reconciliação nacional, levaram à sua edição", diz o juiz.
O Ministério Público apresentou à Justiça o argumento de que o desaparecimento dos guerrilheiros é um sequestro qualificado e um crime continuado, pois os militantes não apareceram.
Os procuradores argumentaram que o crime, por ter "caráter permanente", não estaria coberto pela Lei de Anistia, de 1979. Em 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu que a anistia foi ampla, geral e irrestrita, perdoando agentes do Estado que cometeram crimes.
Ao rejeitar o pedido, o juiz Otoni de Matos afirma que, em 1995, o Estado reconheceu as mortes dos guerrilheiros que estiveram no Araguaia e, para qualificar um crime de sequestro, não basta o fato de os corpos dos militantes não terem sido encontrados.
"Aliás, dada a estrutura do tipo do sequestro, é de se questionar: sustenta o parquet (Ministério Público) que os desaparecidos, trinta e tantos anos depois, permanecem em cativeiro, sob cárcere imposto pelo denunciado? A lógica desafia a argumentação exposta na denúncia", diz o juiz federal.
16 de março de 2012
coroneLeaks
A IMUNIDADE CRIMINOSA
Nos cinemas ou na televisão, milhares de pessoas assistiram os dois filmes Tropa de Elite, nacionais com qualidade rara em nossa história cinematográfica onde, durante seu depoimento na CPI da Corrupção realizada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o personagem em torno do qual se desenrola a trama, Capitão Nascimento, declarou que entre todos os deputados daquela casa, somente seis ou sete tinham ficha limpa.
E que tanto o Secretário de Segurança Pública quanto o Governador estavam envolvidos com as milícias que dominavam as comunidades faveladas, fazendo vista grossa para os crimes por elas cometidos para, em troca, receberem milhares de votos dos moradores nas próximas eleições. O filme termina questionando quem seriam os verdadeiros interessados naquele sistema e mostrando a imagem do Congresso Nacional em Brasília.
Quem vive em outro país e os assistisse, certamente pensaria que a história foi criada na mente do autor e transportada para as telas por diretores, elenco e equipes especializadas, como normalmente ocorre nas mais diversas tramas, policiais, românticas ou de suspense, mas quem vive no Brasil sabe que aqueles enredos estão tão próximos da nossa realidade, que se enquadram melhor como documentários.
Raros são os dias em que os meios de comunicação não mostram casos de corrupção nos mais diversos setores da administração pública, em todos os três Poderes Constituídos da República.
Em qualquer país razoavelmente sério, casos como o do juiz que ficou conhecido como Lalau, condenado por superfaturamento na construção do Tribunal de Justiça de São Paulo, provocaria a condenação e prisão tanto o corruptor como os corrompidos e a devolução integral do dinheiro roubado seria incansavelmente buscada, mas não é o que ocorreu ou ocorre no Brasil, onde juízes são flagrados vendendo sentenças e o máximo que lhes ocorre é serem aposentados compulsoriamente, mas com direito ao salário integral e sempre atualizado com os mesmos índices dos que estão na ativa.
Nas mais diversas áreas do governo federal pessoas que ocupam cargos elevados, inclusive Ministros e Chefes de Casa Civil da Presidência da República, diretamente ligados à Presidente da República, são acusadas de corrupção e só após muita pressão e divulgação dos fatos algumas são destituídas.
Deputados adicionam ao Orçamento da União emendas de interesse exclusivo de empresas que lhes retribuem com enormes quantias, posteriormente cobradas do contribuinte com o superfaturamento das suas obras, muitas vezes sequer realizadas ou suplementadas constantemente antes de sua conclusão. Outros, filmados recebendo a propina não são condenados, pois seus pares não dão sequer a autorização para que sejam julgados.
O enriquecimento exponencial de membros do governo jamais é questionado e, mesmo quando a corrupção é comprovada, nada ocorre efetivamente, pois a população nunca vê qualquer providência ser tomada para que os recursos públicos roubados sejam devolvidos.
Recentemente a Ministra Eliana Calmon, Corregedora Nacional de Justiça provocou enorme tumulto nos Tribunais de Justiça de diversos estados ao declarar que existiam bandidos de toga. Juízes e associações de magistrados tentaram diminuir os direitos investigativos do Conselho, o que só não ocorreu em decorrência da enorme repercussão do caso e do enorme apoio recebido pela juíza nas mais diversas redes sociais e em todos os meios de comunicação do país.
Como se fossem seres superiores, os que exercem altos cargos públicos e cometem crimes comuns, como roubo, falsidade ideológica, formação de quadrilha e até crimes, são julgados por Tribunais Especiais, com acesso público negado mesmo que para simples informações sobre o andamento do processo.
A imunidade parlamentar, criada para proteger atividades exclusivamente políticas, está sendo utilizada para acobertar ações criminosas.*
16 de março de 2012
João Bosco Leal-Jornalista, escritor, articulista político e produtor rural.
E que tanto o Secretário de Segurança Pública quanto o Governador estavam envolvidos com as milícias que dominavam as comunidades faveladas, fazendo vista grossa para os crimes por elas cometidos para, em troca, receberem milhares de votos dos moradores nas próximas eleições. O filme termina questionando quem seriam os verdadeiros interessados naquele sistema e mostrando a imagem do Congresso Nacional em Brasília.
Quem vive em outro país e os assistisse, certamente pensaria que a história foi criada na mente do autor e transportada para as telas por diretores, elenco e equipes especializadas, como normalmente ocorre nas mais diversas tramas, policiais, românticas ou de suspense, mas quem vive no Brasil sabe que aqueles enredos estão tão próximos da nossa realidade, que se enquadram melhor como documentários.
Raros são os dias em que os meios de comunicação não mostram casos de corrupção nos mais diversos setores da administração pública, em todos os três Poderes Constituídos da República.
Em qualquer país razoavelmente sério, casos como o do juiz que ficou conhecido como Lalau, condenado por superfaturamento na construção do Tribunal de Justiça de São Paulo, provocaria a condenação e prisão tanto o corruptor como os corrompidos e a devolução integral do dinheiro roubado seria incansavelmente buscada, mas não é o que ocorreu ou ocorre no Brasil, onde juízes são flagrados vendendo sentenças e o máximo que lhes ocorre é serem aposentados compulsoriamente, mas com direito ao salário integral e sempre atualizado com os mesmos índices dos que estão na ativa.
Nas mais diversas áreas do governo federal pessoas que ocupam cargos elevados, inclusive Ministros e Chefes de Casa Civil da Presidência da República, diretamente ligados à Presidente da República, são acusadas de corrupção e só após muita pressão e divulgação dos fatos algumas são destituídas.
Deputados adicionam ao Orçamento da União emendas de interesse exclusivo de empresas que lhes retribuem com enormes quantias, posteriormente cobradas do contribuinte com o superfaturamento das suas obras, muitas vezes sequer realizadas ou suplementadas constantemente antes de sua conclusão. Outros, filmados recebendo a propina não são condenados, pois seus pares não dão sequer a autorização para que sejam julgados.
O enriquecimento exponencial de membros do governo jamais é questionado e, mesmo quando a corrupção é comprovada, nada ocorre efetivamente, pois a população nunca vê qualquer providência ser tomada para que os recursos públicos roubados sejam devolvidos.
Recentemente a Ministra Eliana Calmon, Corregedora Nacional de Justiça provocou enorme tumulto nos Tribunais de Justiça de diversos estados ao declarar que existiam bandidos de toga. Juízes e associações de magistrados tentaram diminuir os direitos investigativos do Conselho, o que só não ocorreu em decorrência da enorme repercussão do caso e do enorme apoio recebido pela juíza nas mais diversas redes sociais e em todos os meios de comunicação do país.
Como se fossem seres superiores, os que exercem altos cargos públicos e cometem crimes comuns, como roubo, falsidade ideológica, formação de quadrilha e até crimes, são julgados por Tribunais Especiais, com acesso público negado mesmo que para simples informações sobre o andamento do processo.
A imunidade parlamentar, criada para proteger atividades exclusivamente políticas, está sendo utilizada para acobertar ações criminosas.*
16 de março de 2012
João Bosco Leal-Jornalista, escritor, articulista político e produtor rural.
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA IRÁ INVESTIGAR AS LIGAÇÕES DE DEMÓSTENES COM CARLINHOS CACHOEIRA
Reportagem de Diego Abreu e Edson Luiz, no Correio Braziliense, anuncia que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, vai analisar documentos produzidos pela Polícia Federal, durante a Operação Monte Carlo, para verificar se há irregularidades envolvendo o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Escutas revelam trocas de telefonemas entre Demóstenes e outros parlamentares, com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Gurgel disse ter recebido da PF, na última sexta-feira, uma grande quantidade de áudios, que ainda não começaram a ser analisados.
Cachoeira, que está preso em Mossoró (RN), mantinha uma série de negócios e planejava agir no exterior no ramo de jogos. Ontem, a Polícia Federal indiciou 82 pessoas por envolvimento no esquema de jogos de azar e jogo do bicho, desvendado pela investigação, desencadeada há mais de um ano.
“A coisa não diz respeito apenas ao senador Demóstenes. Há outros parlamentares de Goiás. São pessoas que estão sujeitas à jurisdição da Procuradoria-Geral da República, mas isso realmente tem que analisar. Eu não vi nada e é muita coisa. Vou examinar”, afirmou Gurgel.
Entre os parlamentares que fizeram ligações e receberam chamadas telefônicas de Cachoeira, estão o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), e o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Mas o recordista é o senador Demóstenes, com quase 300 telefonemas em menos de um ano.
16 de março de 2012
Escutas revelam trocas de telefonemas entre Demóstenes e outros parlamentares, com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Gurgel disse ter recebido da PF, na última sexta-feira, uma grande quantidade de áudios, que ainda não começaram a ser analisados.
Cachoeira, que está preso em Mossoró (RN), mantinha uma série de negócios e planejava agir no exterior no ramo de jogos. Ontem, a Polícia Federal indiciou 82 pessoas por envolvimento no esquema de jogos de azar e jogo do bicho, desvendado pela investigação, desencadeada há mais de um ano.
“A coisa não diz respeito apenas ao senador Demóstenes. Há outros parlamentares de Goiás. São pessoas que estão sujeitas à jurisdição da Procuradoria-Geral da República, mas isso realmente tem que analisar. Eu não vi nada e é muita coisa. Vou examinar”, afirmou Gurgel.
Entre os parlamentares que fizeram ligações e receberam chamadas telefônicas de Cachoeira, estão o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), e o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Mas o recordista é o senador Demóstenes, com quase 300 telefonemas em menos de um ano.
16 de março de 2012
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