"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

APENAS UMA QUESTÃO DE FÉ DE MAIS, OU FÉ DE MENOS...

O Filho do Brasil e os Filhos de Deus


A grande mídia e meio mundo no Brasil estão espantados só porque o Itamaraty concedeu passaporte diplomático ao pastor autodidata da igreja Mundial, Valdemiro Santiago e outro para a sua esposa Franciléia, quase bispa da mesma seita.

Grande coisa. Os filhos de Lula, autodidata na presidência da República e Rose Noronha, amiga do peito do Filho do Brasil, também tiveram os seus por tempo suficiente para levar seus portadores ao paraíso e sem fiscais... Afinal de contas, pastor também é filho de Deus.


*** *** ***

RODAPÉ - Comenta-se que há pelos corredores do serpentário da Esplanada dos Ministérios fortes mumúrios de que, em razão da cassação dos últimos exemplares públicos e notórios, o transporte de valores divinos para o exterior sofreu um baque fortíssimo. Os mais recentes agraciados com o cobiçado salvo-conduto já são cognominados de "mulas" pelo jargão policialesco que ronda as cercanias do Palácio.
 
14 de janeiro de 2013
sanatório da notícia

LÁ DAS BANDAS DO SANATÓRIO

O FAVORITO


Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) tem tudo para presidir a Câmara dos Deputados. Sua ficha é repleta de denúncias. Ele começou a ficar famoso e a ter prestígio junto a seus pares e ímpares quando foi pilhado direcionando os recursos de suas emendas parlamentares para a empresa de um de seus assessores. Só isso já basta para transformá-lo em favorito na disputa pelo cargo.

FHC, O LÚCIDO

Fernando Henrique Cardoso é ainda uma das cabeças mais lúcidas do ninho tucano. Ele comanda a articulação que vai dar a Aécio Neves o comando completo do PSDB. Com o chega pra lá em Zé Serra restará ao bloco serrista, se sobrar, uma vice-presidência. Com isso, Aécio fica blindado contra as tradicionais sabotagens tidas sempre como jogo de cintura dos seguidores de Serra.

CPI DA JOGATINA

Continua instigante a divulgação antecipada de Aparecida de Goiânia como cidade vencedora da Mega Sena da Virada. O "furo"foi dado 16 dias antes no Orkut por um suposto sobrinho de um diretor da Caixa. Logo após o sorteio, o site especializado apostebem.com.br tirou do ar a informação de que a cidade também ganhou a Mega em 2007. Em matéria de jogatina e suas circunstâncias criar a CPI do Cachoeira foi uma barbada; quero ver criar a CPI dos Jogos da Caixa.

PENDURICALHO

O processo de improbidade administrativa contra Lula pode voltar à pauta após o recesso do Judiciário, com novo recurso do Ministério Público Federal.
É um dos penduricalhos que atormentam o ostracismo a que o próprio Lula se condenou quando a coisa começou a ficar feia para o seu lado.
O processo, extinto na Justiça Federal de Brasília em dezembro por “falta de pressupostos processuais”, está pendurado até hoje no Mensalão.
Se você não está lembrado, dá licença vou lembrar: Lula e o então ministro da Previdência, Amir Lando, são acusados de favorecimento ao banco BMG no crédito consignado.
O garanhão de Garanhuns poderá ter seus bens bloqueados até devolver R$ 9,5 milhões. Mas, o que é um boi pra quem tem uma fazenda?
Devolve e pronto. Logo ali, desbanca Dilma Vana e volta ao Palácio. E desta vez, para sempre.

LULA COM DILMA

Gozando as agruras de umas providenciais férias em Angra dos Reis, na casa do empresário Zé Seripieri Júnior, dono da Qualicorp, maior operadora de planos de saúde do país, o ex-farofeiro Lula da Silva tem uma reunião agendada com a presidente Dilma Rousseff, que poderá ser em Brasília ou em São Paulo.
Vai ser daqui a pouquinho, daqui a uns dois ou três dias e Dilma que prepare suas orelhas, pois Lula vai mandar a primeira-presidenta "destravar" o governo.
É que Lula, tanto quanto as elites, estão preocupados com o baixo crescimento da economia. Além disso, Lula vai assustar Dilma Vana com a proximidade da eleição presidencial, período em que há necessidade de mostrar resultados até 2014.
Quer dizer, Lula vai dar um ultimato na primeira-presidenta. Ou "destrava", ou ele acelera e passa por cima. De qualquer maneira, o simples fato de saber dessa pauta e assim mesmo aceitar o tal encontro, faz Dilma Vana voltar ã condição de reles criatura do criador.
Cá pra nós, o que é mesmo que um presidente da República - seja lá quem for - precisa escutar do presidente de um partido político - sejam lá quem forem, o presidente e o partido - para poder governar um País - seja lá qual for?!?

FIUMICINO PARA BATTISTI
 
A assessoria de imprensa da CUT está desmentindo a informação de que Cesare Battisti foi contratado como seu consultor internacional. Isso se deu logo após o criminoso italiano dizer a jornalistas que seu maior desejo era ser assessor do Instituto Lula.
 
O Itamaraty já deveria ter concedido passaporte especial para esse cara. Desde que seu primeiro aeroporto fora do Brasil fosse o Fiumicino, em Roma. Ele seria recebido de braços abertos.
 
14 de janeiro de 2013
sanatório da notícia

OMISSÃO, INÉRCIA, DESINTERESSE: AINDA NÃO É A HORA DOS MOVIMENTOS POLÍTICOS ESTIMULADOS PELAS REDES SOCIAIS

Fiasco do protesto contra a corrupção e o PT, em São Paulo, foi um alento ao acuado Lula


(Foto: Eduardo Knapp - Folhapress)

Sob encomenda – Há situações no Brasil que são absolutamente inexplicáveis. E essa lufada de inexplicabilidades torna-se ainda maior quando o assunto é o combate à corrupção. Onde quer que se vá, há sempre um grande contingente de pessoas indignadas com a atual realidade brasileira.

Os escândalos de corrupção da última década, em sua extensa maioria patrocinados por Lula, foram tantos, que a sociedade está letárgica diante dos acontecimentos ou foi tomada por uma irreversível preguiça.

Um protesto, marcado através das redes sociais, tinha como lema “Mexeu com o Brasil, mexeu comigo. Por um Brasil sem LULA/PT”, associando Lula ao maior escândalo de corrupção da história nacional, o Mensalão do PT.

O encontro, que aconteceu no domingo (13) na frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, reuniu vinte manifestantes. Um número pífio de pessoas se considerarmos que o País tem quase 200 milhões de habitantes. Alguns desavisados, diante do fracasso do protesto, alegaram que o movimento dos “Caras Pintadas” começou com doze pessoas.

Mesmo assim, é preciso lembrar que naquela época, em que o escândalo de corrupção foi infinitamente menor que o do Mensalão, tinha o PT empurrando as pessoas para as ruas de todo o País.

Agora no poder, o PT especializou-se em seguidos casos de casos de corrupção, sendo que os ocupantes do governo usam todas as ferramentas para abafar os escândalos.
Não será com essa pasmaceira, que só favorece os corruptos, que a sociedade conseguirá qualquer mudança.
Por um assunto muito menos importante, para não dizer que é utópico, 30 mil parisienses saíram às ruas da capital francesa, debaixo de frio, para protestar contra o projeto do governo que legaliza a união entre pessoas do mesmo sexo.

No Brasil, onde a corrupção está instalada no Estado de forma piramidal, ascendente e capilar, o povo, vítima maior desse crime hediondo, prefere se entregar ao ócio. Enfim…

14 de janeiro de 2013
ucho.info

NOTA AO PÉ DO TEXTO

"O país que pensa exige respeito. Patroa é uma coisa, pátria é outra. Fartos de tanta tapeação, milhões de brasileiros não aceitam ser tratados como se fossem um bando de marisas letícias." Augusto Nunes

Procura-se milhões de brasileiros que possam manifestar-se nas ruas e passeatas organizadas por movimentos cívicos. Vamos acabar com esse fiasco e demonstrar nossa indignação!
m.americo

GOVERNO DO PT ENTRA NA MIRA DAS CRÍTICAS DE JORNALISTAS ALIADOS, O QUE DEVE LEVAR LULA E DILMA À REAÇÃO

 


Castelo ruindo – Como já mencionou o ucho.info inúmeras vezes em suas matérias, de nada adianta combater o governo com ataques que não passam de provocações chulas. Jornalismo opinativo, contundente e preciso, exige análises dos fatos, expondo os erros cometidos pelos donos do poder e mostrando as conexões de um determinado assunto com outros tantos, o que faz com que a opinião pública consiga ter uma visão mais ampliada e cristalina da realidade.
 
Desde que o PT chegou ao poder, o ucho.info jamais deixou de apontar as mazelas do Estado, sem praticar um jornalismo chicaneiro e de encomenda, a troco de dinheiro público e para agradar esse ou aquele partido político. É preciso cada vez mais combater e vigiar o Estado com base em posicionamento lógico e reflexões coerentes sobre os mais variados temas.
 
Há anos que a camarilha petista que atua na internet, regiamente paga pela legenda, acusa este site de integrar o “Partido da Imprensa Golpista”, ao que eles chamam de PIG, mas a verdade não ser escondida o tempo todo, até porque contra fatos não há argumentos.
 
Há alguns meses, jornalistas “chapa branca” começaram a enfrentar incômoda situação, uma vez que é extremamente difícil, para não afirmar que é impossível, defender o indefensável. E as críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff, que sofre de impressionante letargia, agora é alvo de críticas de jornalistas que até pouco tempo se desmanchavam em elogios ao Palácio do Planalto, muitos deles nababescamente remunerados.
 
Essas críticas da imprensa aliada levaram Lula a agendar reunião com a sua sucessora, pois, segundo o ex-metalúrgico, essas notícias negativas e sequenciais comprometem sobremaneira o projeto de poder do PT. O ex-presidente sabe que esse tipo de movimento, se ganhar força na imprensa, é irreversível.
 
O grande problema é que o PT viveu os últimos dez anos entre a pirotecnia palaciana, o ufanismo e escândalos de corrupção. Nada foi feito em prol do País, que já contabiliza uma década perdida, sem qualquer investimento substancial que garantisse o avanço da economia nacional.
 
Com a paralisia que toma conta do governo e as chances de Lula ser investigado nos casos do Mensalão do PT e do Escândalo de Rosemary, o partido perde de forma substancial sua força.
Tanto é assim, que o prefeito Fernando Haddad disse, nesta segunda-feira (14), que o governo federal age como agiota ao cobrar as dívidas de estados e municípios.
Em outras palavras, Haddad, que foi eleito com o apoio de Lula e Dilma, já quer ver sua imagem descolada da dupla.
 
Por isso, reiteramos que é preciso empunhar a bandeira da crítica consistente e lógica, deixando o oportunismo barato e rasteiro a quem está acostumado com esse tipo de reação. O ucho.info, que tornou-se ao longo dos anos em “A MARCA DA NOTÍCIA”, sabe muito bem como fazer críticas direcionadas com começo, meio e fim, sem deixar espaço para contra-ataques covardes.

14 de janeiro de 2013
 ucho.info

"CASCA DE BANANA"

 



O realismo fantástico, na literatura, já deu o que tinha de dar. Na vida real, insiste em não desgrudar do continente latino-americano. Tome-se o que ocorre neste momento na Venezuela. Para além das controvérsias constitucionais e políticas, as questões centrais, para os atuais detentores do poder, são:

(1) como propiciar as melhores condições para que o país seja considerado sob as rédeas de um presidente gravemente doente, hospitalizado e talvez respirando por aparelhos;

(2) no limite, e dando-se uma das evoluções prováveis do caso, como criar as condições para que o país seja governado por um morto.

O primeiro passo para solucionar tais desafios foi tomado na semana passada. Resolveu-se que o presidente Hugo Chávez não precisava tomar posse do novo mandato na data prevista. Ou seja, revogou-se o calendário.
O poder político apropriou-se do tempo, no supremo afã de comandá-lo ─ afinal, é de tempo que se trata quando se depara com questões como doença, invalidez, incapacitação e morte.

A situação do momento já é de si fantástica ─ a um presidente doente, hospitalizado, talvez entubado, e além disso invisível e num país estrangeiro, ainda se pretende incumbir os destinos do país. Mais ainda pode ficar se tal estado de coisas perdura por quatro meses, seis, um ano, e o país continua pendurado na sorte do enfermo.
Não se subestime, no entanto, a possibilidade de mesmo doente mantê-lo politicamente ativo e mesmo morto fazê-lo vivo.
Na Argentina conseguiram. Perón, como se sabe, vive; Evita também vive; e, mais recentemente, Néstor, na contramão dos imperativos biológicos, também vive. Fora da política, Gardel não só vive como canta cada vez melhor.
Na tradição hispânica, El Cid Campeador, depois de morto no campo de batalha, teve o corpo grudado no cavalo e assim continuou a liderar os seus e a espantar os inimigos com a fama de mais valente e mais temível dos guerreiros.

Em dois outros episódios recentes, fez-se igualmente valer a infiltração do fantástico na realidade do continente. Pouco antes de ser apeado da Presidência no Paraguai, o bispo Fernando Lugo viu-se assaltado por uma súbita floração de filhos, filhos que não acabavam mais, de diferentes mães.
O fenômeno contribuiu para acelerar-lhe a derrocada. Em Honduras, também deposto e expulso do país, Manuel Zelaya voltou secretamente e ─ surpresa – asilou-se numa embaixada. Até ali, refugiar-se em embaixada era recurso para sair do país, não para entrar.
Ao praticá-lo pelo avesso, Zelaya entrou nos anais mundiais.
O Brasil talvez possua um tantinho a menos de tendência ao inacreditável. Pelo menos, não a tem tão realçada em sua literatura. Não possui menos tendência às trapalhadas, no entanto, e foi assim que adotou o mesmo procedimento, no caso paraguaio como no hondurenho: deixou seu lado da calçada, atravessou a rua e foi pisar na casca de banana do outro lado.

No caso paraguaio, engajou-se num movimento de solidariedade a Lugo no qual o menos interessado parecia o próprio bispo, tão conformado este se mostrou, desde a primeira hora, talvez até aliviado por se ver desobrigado das atribuições presidenciais.
A empreitada do Brasil, secundada pela Argentina, levou crise ao Mercosul e abriu nova ferida nas sempre delicadas relações com o Paraguai.

No caso de Honduras, tal foi o empenho do Brasil, como no caso anterior, no esforço de solidarizar-se com o deposto, que Zelaya escolheu a embaixada brasileira para asilar-se. Lá se arranchou, e suas dependências viraram lugar de pouso e pasto do deposto, da parentela e de um punhado de seguidores.
Por longos quatro meses, os hóspedes disputaram com os diplomatas os banheiros, instalaram camas onde havia mesas de trabalho, gastaram a água, o gás e a luz pagos pelo sofrido povo brasileiro, emperraram a rotina dos serviços e criaram uma situação de constrangimento tanto maior quanto não apontava para fim que não fosse inglório.

O caso da Venezuela oferece novo ensejo ao compulsivo ativismo brasileiro nas questões continentais. Há duas semanas, o governo enviou a Cuba o assessor Marco Aurélio Garcia, com a missão de avaliar o estado de saúde de Chávez.
É preciso cuidado: Garcia tem sido, em casos semelhantes, uma espécie de enviado especial à casca de banana. Nada de comprometedor resultou dessa primeira iniciativa. O alerta deve ser mantido, porém.
O fantástico está à espreita, o caso promete ser longo, e não faltarão oportunidades de atravessar para o outro lado da rua.

14 de janeiro de 2013
ROBERTO POMPEU DE TOLEDO, VEJA

IMAGEM DO DIA

Peregrinos hindus fazem procissão em direção ao Sangham, confluência dos rios Ganges e Yamuna, para se banhar antes do nascer do sol durante o Kumbh Mela em Allahabad, Índia
Peregrinos hindus fazem procissão em direção ao Sangham, confluência dos rios Ganges e Yamuna, para se banhar antes do nascer do sol durante o Kumbh Mela em Allahabad, Índia - Kanojia Sanjay/AFP
 
14 de janeiro de 2013

UMA ESTARRECEDORA DENÚNCIA DE COMO AS ONGS INTERNACIONAIS, ATUANDO A SERVIÇO DE PAÍSES, FREIAM DESEVOLVIMENTO DO BRASIL

 


O antropólogo mestre e doutorando pela Universidade de Brasília, Edward M. Luz, é consultor da Human Habitat Consultoria.
 
Ele atuou como Coordenador de 3 grupos de trabalho para a identificação e delimitação de 8 terras indígenas na amazônia. Hoje presta consultoria para municípios, estados, sindicatos ou associações ameaçadas pela demarcação de terras indígenas.
 
Aqui ele abre um importante debate sobre a demarcação de terras indígenas, comunidades quilombolas e sociedades tradicionais. Por conhecer todo o processo de demarcação, vêm defender a tese de que se nada for feito, ONGs internacionais com claros interesses obscuros, aliados ao sistema demarcatório, irão travar o crescimento do Brasil.
 
Vejamos o que diz em sua entrevista concedida com exclusividade à Revista Infovias.
 
 
14 de janeiro de 2013
in coroneLeaks
 

PT ABANDONA RESPONSABILIDADE FISCAL


Dez anos de partido no poder: governo de petistas não fez reformas estruturais e tem futuro de incertezas


Dilma Rousseff recebe a faixa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (01/01/2011)
Foto: Agência O Globo / André Coelho
Dilma Rousseff recebe a faixa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (01/01/2011)AGÊNCIA O GLOBO / ANDRÉ COELHO
Há pouco mais de uma década, no fim de 2002, o medo de o PT governar o Brasil enlouqueceu o mercado financeiro, fez o risco-país explodir e o dólar romper a barreira dos R$ 4. Foi preciso uma carta aos brasileiros com a promessa de que seria mantida a política econômica para ganhar a primeira eleição. A tranquila transição foi marcada pela continuidade da cartilha. O novo governo pegou
 
Nestes dez anos no poder, o crescimento foi maior do que nas décadas anteriores, os juros se instalaram no piso histórico, a inflação ficou dentro do limite nos últimos nove anos e nunca se criaram tantos empregos.
 
A principal conquista foi a saída de milhões de famílias da pobreza e o surgimento de uma nova classe social. No entanto, o aniversário é ofuscado por um coro afinado de críticas: o PT não aproveitou a bonança para fazer reformas e abandonou o famoso “tripé” econômico — sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal.
 
A crença é que o Banco Central não mira mais o centro da meta da inflação e aceita uma alta de preços maior para não prejudicar o crescimento.
Controla fortemente o câmbio e, para completar, a equipe econômica faz maquiagens nas contas públicas. Essa criatividade do Ministério da Fazenda está na mira dos especialistas.
 
Para o ex-presidente do BC Gustavo Loyola, o tripé está em baixa. O governo não deixa claro qual é a meta de inflação que realmente persegue.
 
Diz que seus sucessores esperam chegar à meta “quando Deus der bom tempo”. Além disso, segundo Loyola, o câmbio é usado como instrumento de competitividade.
 
Ele admite que nunca houve uma flutuação pura, ou seja, o dólar nunca foi realmente livre. No entanto, ataca o intervencionismo atual. E reprova a falta de transparência das contas públicas. O economista resume o “novo mix de política econômica” a juro baixo e câmbio alto:
 
— Essa política não gera equilíbrio sustentável — diz o economista. — Num ou noutro ano pode funcionar, mas em outros anos pode trazer desequilíbrios como a inflação de volta.
 
Uma novidade que incitou acusações mais diversas foi a proposta de alterar a Lei de Responsabilidade Fiscal. O PT ousou tocar num dogma do governo anterior aclamado pelos economistas. No apagar das luzes de 2012, a equipe econômica driblou o Tribunal de Contas da União (TCU) e enviou projeto ao Congresso para usar o que arrecadar a mais para dar benefícios fiscais. O ministro da Fazenda interino, Nelson Barbosa, diz que foi só um aperfeiçoamento.
 
— É uma crítica de uma proposta que não foi lida, sinceramente.
 
Até um dos gurus da equipe econômica, o professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo, concorda que o governo tem errado a mão em medidas na área fiscal. Para ele, não era preciso tanto malabarismo. Seria mais honesto admitir que, nos anos mais difíceis, não é possível cumprir a meta de economia para pagar juros da dívida. O acadêmico considera que o país tem uma boa situação fiscal e exorta os economistas que insistem em discutir superávit primário e se esquecem de questões estruturais: as críticas são exageradas, porque ninguém vai abandonar a política de combate à inflação.
—Tivemos um processo de desindustrialização e o foco das discussões, agora, tem de ser investimento — diz o economista.
 
Belluzzo argumenta que o Brasil perde oportunidades de embarcar em revoluções tecnológicas. Com isso, o país dá adeus à chance de tomar mercado dos protagonistas da economia mundial que estão em crise. E continua a depender de produtos básicos.
 
De acordo com um dos mais ácidos críticos do atual governo, o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman, não há disposição de investir justamente pela falta de regras claras. A seu ver, a atual equipe econômica não consegue fazer um diagnóstico claro e tenta resolver o complexo problema da competitividade com pílulas de incentivos. O economista traça um cenário dramático para os próximos anos: pouco crescimento e inflação alta. Para ele, o maior pecado petista no campo econômico foi não ter feito reformas como a tributária e a trabalhista:
 
— A gente surfou na onda do crescimento mundial e, quando começamos a crescer, nos esquecemos das reformas — constata Schwartsman. — E produtividade não é uma coisa que se resolve de um ano para o outro.
 
— É uma década perdida, já usando um chavão. Até regredimos. As agências reguladoras se tornaram feudos de partidos políticos — completa Loyola.
 
O economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES no governo Lula demitido do cargo em 2004, concorda que reformas poderiam ser feitas e que as perspectivas poderiam ser melhores daqui para frente. Segundo ele, o modelo de crescimento brasileiro baseado no consumo se esgotou, porque as famílias se superendividaram para financiar bens, como automóveis, e isso não veio acompanhado de melhorias na infraestrutura. Ao mesmo tempo, admite que esse consumo pujante está dentro da principal mudança vista com o PT no poder: a distribuição de renda. Com a política de valorização do salário mínimo e com o Bolsa Família, 28 milhões de brasileiros saíram da pobreza absoluta, e 36 milhões entraram na classe média.
— Essa foi, disparada, a melhor política.
 
Obviamente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorda. “O governo dele desmentiu dois dogmas que se tinha no país: que era impossível aumentar salário sem causar inflação e que era impossível ampliar, ao mesmo tempo, o mercado interno e as exportações do país”, disse, em nota, a assessoria de Lula.
 
Nestes dez anos, no cenário econômico internacional, o Brasil ganhou notoriedade. O sistema bancário nacional passou a ser invejado pela solidez. O país mostrou habilidade de dar respostas rápidas quando a grande crise internacional estourou em 2008. Construiu uma barreira contra a crise com a acumulação de reservas. Pagou as dívidas com o Fundo Monetário Internacional e atraiu investimentos recordes.
 
Mesmo com todo esse respeito conquistado e com números que atestam a evolução econômica, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, está sob uma saraivada de críticas. Sua demissão foi pedida até pela imprensa internacional. As previsões dos economistas para a economia brasileira caem na mesma velocidade da queda da credibilidade do ministro.
 
14 de janeiro de 2013
GABRIELA VALENTE - O Globo

SETOR ENERGÉTICO: "UMA VOZ TÉCNICA E INDEPENDENTE" - RISCO DE RACIONAMENTO É REAL E PODE ESTAR SUBESTIMADO

 

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIS1yJUmFCdHCfJsOibC8QZGKpAxN1xV2_GIQbj7qZK7rhhWGAzYJNvPb_NPZKFFbNM9xXPcKg6iROFu7IVkrA839zUdq4G-cW6PEXYdYfmqxZd5SETxyhQu9ZxvkThrSAercgYSNaIA/s1600/amarildo.jpg
Em meio a notícias sobre uma possível crise no setor energético, uma voz técnica e independente fez semana passada um alerta ao mesmo tempo elucidativo e assustador:
a reserva de energia do país está superestimada.
O autor da advertência não é um aventureiro ou um parlamentar da oposição ao governo, mas Mário Veiga, uma das maiores autoridades do setor elétrico nacional, especialista que goza, inclusive, da confiança da presidente Dilma Rousseff.
Em entrevista reveladora ao Valor, Veiga afirmou que, ao contrário do que afirmam as autoridades, há, sim, risco de o governo decretar racionamento de energia neste ano. Ele estima esse risco em 9%, diz que só se vai saber ao certo em maio, mas avisa que seu cálculo pode estar subestimado. A situação é mais séria do que parece.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal criada pelo governo Lula para fazer o planejamento estratégico do setor, calculou que, em 2012, havia folga de 2.500 MW médios na oferta de energia no Brasil. Trata-se de um volume considerável, equivalente a mais da metade da energia a ser gerada pela usina de Belo Monte, em construção no rio Xingu.


Mário Veiga acredita que essa folga não existe. Ele e sua equipe usaram a metodologia do governo e concluíram que, no fim de novembro, os reservatórios das hidrelétricas estavam, em média, com 55% de armazenamento. No entanto, ao observar depois a operação real dos mesmos, eles constataram que os reservatórios alcançaram nível médio de apenas 33%.

Veiga está analisando as possíveis razões para esse descasamento entre modelo e realidade. Já chegou a algumas conclusões. Uma delas é que as hidrelétricas estão operando com elevado nível de ineficiência (11%). Usinas estão operando com equipamentos descalibrados e os reservatórios sofrem as consequências do assoreamento dos rios.
O especialista aponta um problema institucional para lidar com essas questões:
o Operador Nacional do Sistema (ONS) não tem autoridade para fiscalizar as usinas e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não possui técnicos que entendam tanto do sistema quanto os do ONS.

Uma outra deficiência é o gargalo existente hoje no setor de transmissão - nos últimos anos, o país aumentou a capacidade instalada de geração, mas os projetos de transmissão estão atrasados graças a dificuldades com o licenciamento ambiental.

Há outras explicações para a perda de eficiência, como o fato de a usina de Itaipu, a maior do país, enviar menos energia para o sistema durante períodos de chuva no Paraná, alegadamente por questões de segurança, e a queda da vazão de água no Nordeste, provocada por um possível uso excessivo do rio São Francisco em projetos de irrigação.
Um dado impressiona.
O ano de 2012 começou com o maior nível de armazenamento de água dos últimos 12 anos. Ocorre que, apesar de ter chovido o equivalente a 87% da média histórica, os reservatórios chegaram ao fim do ano com o pior nível de armazenamento desde o período anterior ao racionamento de 2001.
Ninguém sabe explicar ao certo por que os reservatórios esvaziaram tão rapidamente e isso, claro, preocupa. Se o fenômeno se repetir em 2013, a probabilidade de racionamento poderá ser ainda maior.

Valor Econômico
14 de janeiro de 2013

E NO BRASIL MARAVILHA...

"Por que um casal recém-casado precisa de um fogão de seis bocas?". BANCOS REVEEM A OFERTA DE CRÉDITO À BAIXA RENDA

 

Você emprestaria dinheiro para um desconhecido? A resposta não é tão óbvia assim.

De meados de 2005 até o fim de 2012, segundo dados do Banco Central, passaram a fazer parte do sistema financeiro brasileiro 42,5 milhões de novos clientes, um dos processos mais velozes de bancarização de que se tem notícia no mundo.
Foi uma multidão de "ilustres desconhecidos", com demandas reprimidas de consumo e que viu sua renda se multiplicar no espaço de poucos anos, que tomou de assalto os bancos do país. Uma multidão que chegou querendo crédito.
Agora, com a bancarização acontecendo mais lentamente, sobrou no balanço das instituições financeiras a conta desse processo: a inadimplência. Em maior ou menor grau, os bancos estão tendo que reformular os modelos de concessão de crédito ou a estratégia de atuação com as classes de menor renda, recém-chegadas ao sistema bancário.
Até uma das "regras de ouro" da concessão de crédito no país, que prevê um teto informal de até 30% de comprometimento da renda mensal do tomador com dívidas precisou ser revista.
"Há alguns anos, não havia histórico ou o comportamento desse cliente. Agora começamos a separar o joio do trigo", afirma Octavio de Lazari Junior, diretor da área de empréstimos e financiamento do Bradesco. O índice de inadimplência do banco na pessoa física encerrou o terceiro trimestre em 6,2%. "Não tinha outro jeito. Era algo pelo qual tínhamos que passar."
Com mil agências abertas só em 2011, o Bradesco tem na população de baixa renda um público-chave para a concessão de crédito. "É um percentual importantíssimo da população economicamente ativa", afirma Lazari. "Ele pode ser baixa renda hoje, mas há ainda uma janela fantástica de boom demográfico no país para os próximos anos."
O banco foi um dos primeiros a perceber que, na baixa renda, a monitoração do gasto mensal com dívida do cliente precisa ser mais estrita. Enquanto tradicionalmente estima-se de 25% a 30% do orçamento mensal comprometido com dívida como um percentual adequado, para o cliente de baixa renda o "número mágico" é algo entre 10% a 12%, afirma Lazari. Passado esse nível, a oferta de crédito é feita com muito mais cautela.
"A inadimplência ainda elevada no Brasil deve ser traduzida como um "custo social", decorrente da própria velocidade do processo de inclusão bancária", escreveu o diretor do departamento de pesquisas e estudos econômico do Bradesco, Octavio de Barros, em relatório aos clientes do banco.
"Estamos assistindo a um processo de "desbancarização temporária" de segmentos que ainda não estavam preparados em termos de renda para ingressar no mercado de crédito", escreveu ainda.
A inadimplência da pessoa física fechou novembro em 7,8%, apenas 0,1 ponto abaixo da máxima histórica, segundo dados do Banco Central. O índice está praticamente estável nesse percentual desde maio. Já as concessões de crédito à pessoa física acumuladas em 2012 avançaram 8,2% na comparação com 2011.
Boa parte das estratégias adotadas pelos bancos para a baixa renda diz respeito a aumentar a precisão dos modelos estatísticos de concessão de crédito para esse público. Esses modelos usam diferentes informações do cliente (consultas a bancos de dados negativos, ao Banco Central, endereço de residência etc), combinado com o histórico de outras operações semelhantes da instituição, para tentar antecipar a chance de o candidato a devedor não pagar. Com base nesse resultado - e no apetite de risco da instituição - sai a aprovação do crédito.
A arte no meio dessa matemática toda está em calibrar corretamente quais são as informações que o banco coleta e os pesos que o modelo atribui a cada uma delas. Isso explica, por exemplo, o esforço do Banco do Brasil em fazer com que os clientes pessoa física tragam seu salário para o banco, acenando com juros menores.
"Hoje nossa operação é muito focada em correntista. Não operamos no "mar aberto", com clientes que não conhecemos", afirma Marcelo Labuto, diretor de empréstimos e financiamentos do BB. "Os proventos que o cliente traz para o banco enriquecem minha percepção dele e de sua capacidade de pagamento". As dívidas com atraso acima de 90 dias representam 2,17% da carteira do banco, incluindo pessoa física e jurídica.
Para Labuto, além da bancarização, clientes que já tinham algum relacionamento bancário também passaram a tomar financiamentos. "Isso pode ter trazido um efeito estrutural para a inadimplência do sistema, mas não acho que é motivo para sérias preocupações."
No caso do Santander, melhorias nos modelos de concessão vêm sendo feitas desde 2008, mas ganharam um reforço extra no ano passado, quando a inadimplência da instituição começou a piorar. Oscar Herrero, vice-presidente de risco do Santander Brasil, destaca dois esforços feitos pela instituição nessa linha:
primeiro, uma ampliação da equipe de matemáticos e estatísticos que trabalham na operação de varejo, embora não detalhe a magnitude desse crescimento.
Segundo, o banco passou a atualizar mais frequentemente os modelos de concessão de crédito à pessoa física. As atualizações hoje são trimestrais em todos os modelos, sendo que antes alguns ajustes eram feito só semestral ou anualmente. Na linha do que tem feito o BB, o Santander também vem dando prioridade à captura de clientes no ponto de trabalho, onde as informações disponíveis sobre o perfil do tomador são mais amplas.
O Itaú Unibanco fez mudanças na sua estratégia de captura de clientes. Desde o fim de 2010, o banco vem desmontando as parcerias que tinha com varejistas para oferecimento de produtos e serviços financeiros. Foram cerca de 300 acordos encerrados, entre eles Lojas Americanas e a rede de supermercados Sonda. A mudança, segundo pessoas próximas do banco, tem relação com o "perfil" do cliente trazido por essas parcerias e afetou alguns dos principais canais de contato do banco com a baixa renda.
Procurado, o banco não se pronunciou.
Rodrigo Del Claro, presidente da Crivo TransUnion, empresa que desenvolve modelos de crédito para bancos e financeiras, diz que, na ausência de um histórico tradicional, há uma série de outras informações que ajudam numa modelagem mais acurada. "O gasto na conta de luz tem uma correlação altíssima para predizer a inadimplência", afirma.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, combinados com o endereço do cliente e até mesmo sua zona eleitoral também ajudam a compor um quadro mais preciso, diz Del Claro.
Na Losango, promotora de vendas do HSBC que opera financiamentos em parcerias com o varejo, o problema não era tanto o modelo de concessão em si, mas sim a coleta de informações do tomador feita no ponto de venda. A promotora reverteu a piora na qualidade do crédito no começo do ano passado intensificando o treinamento de quem concede o crédito na ponta. "
É isso que explica porque lojas com perfis semelhantes tinham inadimplência tão distinta", afirma Hilgo Gonçalves. "É uma questão de conhecer o cliente e ver se o produto que ele financia está adequado ao seu perfil. Por que um casal recém-casado precisa de um fogão de seis bocas?"

Felipe Marques | De São Paulo Valor Econômico
14 de janeiro de 2013

O REAL BRASIL DO BRASIL MARAVILHA

Balança comercial tem déficit de R$ 878 milhões na 2ª semana de janeiro. No acumulado das duas primeiras semanas do mês, o déficit é de US$ 978 milhões


A balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 878 milhões na segunda semana de janeiro, entre os dias 7 e 13, informou nesta segunda-feira o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
 
O resultado vem da diferença entre exportações de US$ 4,027 bilhões e importações de US$ 4,905 bilhões no período. No acumulado das duas primeiras semanas de janeiro, o déficit é de US$ 978 milhões.
Na primeira semana, o déficit era de US$ 100 milhões.No acumulado das duas primeiras semanas, as exportações somaram US$ 6,27 bilhões. A média diária foi de US$ 784,6 milhões, um aumento de 6,9% com relação à média de janeiro de 2012. No que diz respeito às importações, que somaram US$ 7,25 bilhões nas duas primeiras semanas, a média foi de US$ 906,9 milhões por dia útil, aumento de 14,3% com relação à média do mesmo mês de 2011.
No ano passado, o superávit da balança comercial ficou em US$ 19,43 bilhões, o pior resultado em 10 anos. Em 2011, ele havia totalizado US$ 29,79 bilhões.
camuflados
14 de janeiro de 2013

TSE GASTA R$ 3,8 MI EM HORA EXTRA EM UM MÊS E PAGA A SERVIDOR ATÉ R$ 64 MI

POBRE BRASIL ASSENHOREADO! NUNCA ANTES NA HIST.... REPÚBLICA TORPE, POLITICALHA,CANALHICES,"INTIMIDADES", CORRUPÇÕES GENERALIZADAS...

 
Dados inéditos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre os salários de seus funcionários demonstram um descontrole no pagamento de horas extras no período eleitoral de 2012. Só em novembro, segundo dados obtidos pelo Estado, o gasto com esses adicionais foi de cerca de R$ 3,8 milhões para pagamento dos 567 funcionários que alegam ter dado expediente fora de hora.
 
Entre setembro e novembro, essas horas extras totalizaram R$ 9,5 milhões.

Somados aos salários, os valores adicionais permitiram a esse grupo de funcionários receber, no fim de novembro, mais do que os próprios ministros. Apuração feita pelo Estado indica que, naquele mês, 161 servidores do TSE receberam de R$ 26.778,81 a R$ 64.036,74.
 
Uma averiguação preliminar foi aberta por ordem da presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia. Por enquanto, dois assessores próximos à presidente deixaram seus cargos. Há registros de funcionários que tiveram de devolver parte do dinheiro recebido como hora extra. Outros casos estão sob análise.
No topo da pirâmide dos beneficiados pelas horas extras estão 50 pessoas que, só naquele mês, receberam juntas R$ 907,8 mil - um acréscimo médio aos salários de R$ 18,1 mil mensais. Quando se observam apenas os 10 mais bem remunerados, essa média sobe a R$ 23,8 mil.
Os valores foram praticamente os mesmos em outubro.
Há casos em que o servidor contabilizou R$ 29 mil de horas extras num único mês. Embora em alguns casos tenham ocorrido pagamentos eventuais (férias, por exemplo), os valores, de modo geral, crescem sobretudo por causa das horas extras. Superam com folga o teto máximo salarial estabelecido pela Constituição para os Três Poderes, de R$ 26.723,13 - o equivalente ao ganho de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
 
Esse era o valor máximo no ano passado. Agora, subiu para R$ 28.059,29.

Afastados.
 
Há relatos não oficiais sobre servidores que iam ao tribunal no fim de semana de bermuda e camiseta só para registrar o ponto da hora extra. Voltavam no fim do dia para nova marcação. No TSE, o registro é feito por meio do método biométrico, com a digital do funcionário.

Para fazer o cálculo da hora extra, o salário do servidor deve ser dividido por 175 e acrescido de 50% se for dia útil e sábado - ou 100% em domingo ou feriado. Ou seja, um funcionário que recebe um salário de R$ 5 mil terá uma hora extra de R$ 42,8 nos dias úteis e R$ 57 nos fins de semana. Para esse servidor conseguir dobrar o salário são necessárias 116 horas extras em dias úteis num mês - ou 88 horas extras aos domingos e feriados.

Descontrole.
 
O pagamento de horas extras a funcionários do TSE é autorizado no período eleitoral, que compreende os meses de julho a dezembro. Mas a partir de 2012, por ordem da cúpula da Corte, além de o trabalho extra ter de ser autorizado previamente pelo superior, quem recebeu o adicional teve de justificar posteriormente em relatório detalhado.

Esse descontrole nos pagamentos de horas extras e penduricalhos diversos é generalizado no serviço público federal. Cada departamento, autarquia, fundação, ministério, tribunal - e até mesmo o Congresso Federal - tem um sistema remuneratório particular.

A entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação, em maio de 2012, ajudou a desvendar um pouco as anomalias nas folhas salariais do funcionalismo.
 
No caso do TSE, depois de o Estado requerer, as informações e os dados com os nomes e valores recebidos foram postos à disposição na internet no endereço:
www.tse.jus.br/transparencia/remuneracoes-e-beneficios.

MARIÂNGELA GALLUCCI /BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
14 de janeiro de 2013

QUANDO A MEMÓRIA COLETIVA FALHA, AS NULIDADES TRIUNFAM

 


Manter a sanidade às vezes é difícil. A gente gosta de acreditar que sucesso e mérito são diretamente relacionados. Que a informação leva a correções de rumo. Que saber das coisas é necessariamente o primeiro passo de mudanças positivas. Que o futuro é necessariamente melhor. Enfim, acreditar nas coisas necessárias à manutenção da sanidade.

A realidade, entretanto, frequentemente parece desafiar não somente essas crenças, mas também o bom senso.

Todos os dias, as notícias bombardeiam os valores com a trajetória triunfante de nulidades. Com a ressurreição de coisas, pessoas e assuntos que o bom senso indicaria já estarem há muito superados.

Com uma frequência maior que o desejado, o sucesso das nulidades parece ser permanente e inevitável. A informação não parece se acumular na forma de memória ou história.

Na falta de memória, as nulidades chegam a altos lugares que não merecem. O fato é que a ausência crônica de memória coletiva é combustível importante para o sucesso das nulidades.

Frequentemente, parece que as informações e notícias que povoam os jornais todos os dias são tantas, tão graves e tão desagradáveis que acabam não tendo o efeito da indignação. Talvez o volume de más notícias seja tão grande que o seu efeito não mais seja a correção de rumos ou a melhoria da consciência.

Neste conflito entre realidade e valores, tantos fatos, tão numerosos, podem levar à aceitação das coisas como elas são. À percepção de que nada muda ou mudará.

Que tudo é a mesma coisa. Que o melhor remédio é substituir a indignação pela acomodação. Talvez a sensação de impotência esteja institucionalizada. Espero que não.

O fim da indignação leva somente à construção de um mundo mais medíocre, mais injusto, e menos nobre. É aceitar a morte dos valores o que acaba por dar sentido e sanidade à existência do vazio. É aceitar que o bovino adentre de maneira lenta, mas inevitável, o lamaçal.



14 de janeiro de 2013
Elton Simões mora no Canadá. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria).

FRANCESES NAS RUAS, BRASILEIROS DEBAIXO DA CAMA.

Quando os verdadeiros progressistas são os conservadores. Ou ainda: Reacionário é o silêncio!

Pois é… A França assistiu neste domingo à maior manifestação popular em 20 anos, segundo avaliação da imprensa do país. Milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra a proposta do governo socialista de François Hollande, que transforma a união civil de homossexuais — que é legal no país — em casamento propriamente dito, o que implica, entre outras consequências, a legalização da adoção de crianças por parceiros do mesmo sexo.
 
O governo foi surpreendido pelo tamanho do protesto. As estimativas mais modestas falam em pelo menos 350 mil pessoas. Os organizadores, como sempre, vão bem além do dobro e chegam a um milhão.
No máximo ou no mínimo, o fato é que ninguém esperava tanta gente na rua por causa de um tema ligado ao que se convencionou chamar “costumes”.
A Igreja Católica, os partidos conservadores e outras correntes religiosas, como evangélicos e islâmicos, apoiaram o protesto contra a proposta do governo, que muda, é evidente, o conceito de família.
 
Atenção, meus caros! Não vou aqui debater se é positivo ou negativo haver casamento, se a adoção é moralmente lícita ou não. Todos sabem o que penso. Já escrevi diversos textos a respeito. Se há tema em que as posições se extremam, com ignorâncias vazando para todos os lados, é esse. O debate se perde em impressionismos sobre o caráter congênito ou não da homossexualidade, e não se se chega a lugar nenhum. O ponto que me interessa é outro.
 
Em qualquer democracia do mundo, mesmo naquelas consideradas mais “avançadas”, temas relativos a costumes e comportamento — sexualidade, constituição da família, aborto — são objetos de disputas políticas, como tenho insistido aqui há muito tempo. Não se demonizam, por princípio, correntes de opinião porque pensam isso ou aquilo.
O debate não é interditado. Ao contrário: ele vai para a praça pública. E há partidos políticos, como há na França, nos EUA e em toda parte, que se engajam na defesa de pontos de vista que podem não ser considerados os “corretos” pela “imprensa progressista”.
A razão para isso acontecer é simples e plenamente explicável pelo regime democrático: há pessoas na sociedade que pensam exatamente aquilo, que estão na contracorrente do que é considerado influente e certo em determinadas áreas do pensamento.
 
Faço aqui uma nota à margem antes que continue: o governo Hollande está metendo os pés pelas mãos em diversas áreas. Intuo que uma manifestação contra o casamento gay não assumiria aquela dimensão se não houvesse um descontentamento mais geral com o governo.
De todo modo, foi o tema que levou as pessoas à praça, e partidos políticos não tiveram nenhum receio de assumir a defesa da chamada “família tradicional”. Mais: isso não foi considerado um pecado de lesa-democracia.
Também a militância gay francesa sabe que se trata de uma questão política e está preparada para enfrentar o debate.
 
No Brasil…

A França tem 66 milhões de habitantes, pouco menos de um terço da população brasileira. Vamos supor, pela estimativa menor, que houvesse no domingo 350 mil pessoas na praça. É como se 750 mil brasileiros decidissem marchar contra o casamento gay em Banânia, com o apoio de eventuais partidos de oposição. Seria um deus nos acuda. Analistas alarmistas logo enxergariam, sei lá, o risco de “fascistização” do Brasil. Houvesse o apoio da Igreja Católica e dos evangélicos ao protesto, como houve na França, seríamos confrontados com tratados sobre o caráter laico do estado, a influência do fundamentalismo cristão na política e bobagens congêneres.
 
Dei uma passeada pela imprensa francesa. Nem as esquerdas embarcaram nessa porque, afinal, se reconhece o direito que têm as pessoas que discordam de dizer “não”. E NOTEM, LEITORES, COMO OS QUE SE OPÕEM AO PARTIDO SOCIALISTA NÃO TÊM RECEIO DE DIZER O QUE PENSAM E DE OCUPAR A PRAÇA. Atenção: pesquisas de opinião indicavam uma maioria folgada em favor do projeto do governo. O apoio caiu bastante, mas, consta, ainda é majoritário.
A oposição ocupou as ruas contras um real — ou suposto — pensamento majoritário.
 
Aborto e kit gay

Lembrem-se o que se deu por aqui em 2010 e em 2012 com os debates sobre, respectivamente, o aborto e o kit gay. O PT sabia que, se explorados com eficiência pelos adversários (o que não aconteceu nem num caso nem em outro), a defesa que Dilma fizera da legalização do aborto e o desastrado material didático autorizado por Fernando Haddad poderiam render prejuízos eleitorais. Fez o quê?
 
Com a colaboração de amplos setores da imprensa, recorreu a ações preventivas e acusou os adversários de estarem explorando de maneira “indevida”, “antidemocrática” e “fascista” temas que, diziam, nada tinham a ver com eleição. NÃO TINHAM? Como assim? Então governos e governantes não devem responder por suas escolhas? Ora, é claro que tinham!
 
Em vez de os petistas serem confrontados com suas opiniões, como estão sendo os socialistas franceses, os adversários é que se viram na contingência de se defender. Haddad autorizou a produção de um material que sustentava ser a bissexualidade superior à heterossexualidade, mas seu adversário é que ficou sob acusação.
Ditadura de opinião e oposição banana

O nome disso é ditadura de opinião, que só se instala quando se tem uma oposição meio banana, não é? Vejam lá: os partidos e grupos que se opõem a Hollande não tiveram receio de convocar um protesto contra uma medida do governo — que, reitero, tinha o apoio folgado da maioria. Alguém se lembra de as oposições, no Brasil, convocarem alguma manifestação em 10 anos de governo petista, fosse para protestar contra a corrupção, o aborto, o casamento gay ou a rebimboca da parafuseta?
 
Ao contrário! Os nossos oposicionistas fazem questão de tentar provar o seu credo politicamente correto. Se vocês procurarem, encontrarão entrevistas de FHC e de Aécio Neves censurando a suposta abordagem — QUE, REITERO, NÃO FOI FEITA — de temas como aborto e kit gay em campanhas tucanas. A nossa oposição mais organizada não consegue ir além do administrativismo e do economicismo. Quantos se deixam mobilizar por esse discurso?
 
Não! Não estou afirmando que se devam transformar temas relativos a costumes em cavalos de batalha eleitorais. Mas sustento, sim, que alternativas políticas têm de ser construídas também com valores alternativos — alternativos à força dominante da política num dado momento. É assim no Chile. É assim nos EUA. É assim na França. É assim na Alemanha. É assim em toda parte em que vigora o regime democrático.
 
No Brasil, até os flagrados com a mão na massa são tratados com deferência pelos oposicionistas. Por incrível que pareça, o petista Olívio Dutra conseguiu ser mais duro com José Genoino, que teve a cara de pau de assumir uma vaga na Câmara mesmo condenado a mais de sete anos de cadeia pelo Supremo, do que os tucanos. Sempre que coube a um deles se manifestar, lá vieram os salamaleques aos passado “nobre” do militante comunista… Parece que temos uma oposição vocacionada para pedir desculpas.
Caminhando para a conclusão

Entenderam o meu ponto? A realização plena da democracia só se dá com o confronto de ideias e de posições.
Não existe uma política que se exerça negando a política. A menos que o governo Dilma se desconstitua em meio a uma crise que não está no horizonte, será muito difícil às oposições construir um discurso alternativo.
E olhem que o governo é ruim pra chuchu. Uma coisa é certa: com conversa econômico-administrativista, não se vai muito longe.

 
As democracias, reitero, costumam exacerbar, nos limites da legalidade e da institucionalidade, as divergências porque isso é próprio do sistema.
No Brasil, a regra tem sido a acomodação. Não é por acaso que, por aqui, alguns bananas demonizem os republicanos nos EUA porque, dizem, eles tentariam impedir Barack Obama de governar, chantageando-o com o abismo fiscal. Errado! É o contrário!
Eles obrigam o governo a negociar e exercitam a democracia. Em Banânia, sem dúvida, faz-se o contrário: o STF decide que o a atual distribuição do Fundo de Participação dos Estados é inconstitucional, por exemplo, e o Congresso não vota nada no lugar na certeza de que se dará um jeitinho…
 
É assim que se fabrica uma das piores escolas do mundo, uma das piores saúdes do mundo, uma das piores seguranças do mundo, uma das maiores cargas tributárias do mundo. E, sem dúvida, uma das maiores desigualdades do mundo. Tenta-se viver, no país, uma política que é, de fato, a morte da política. Trata-se de uma condenação ao atraso.
 
Concluo

Volto à França. Pouco importa se você é favor do casamento gay ou contra; a favor da adoção de crianças por homossexuais ou contra.
O fato é que o protesto dos “conservadores” franceses foi uma evidência de que a França ainda respira; de que ainda há por lá uma sociedade “progressista”, que aposta no confronto de ideias.

Reacionário é o silêncio das falsas conciliações.
 
14 de janeiro de 2013
Por Reinaldo Azevedo

NOTA DE ESCLARECIMENTO DAS PROSTITUTAS COLADA EM UM POSTE DE OLINDA

 

 
14 de janeiro de 2013