Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania.
Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos.
Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...) A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
J. R. Guzzo, na Veja desta semana: "O povo está dizendo que este governo de farsa montado por Lula há mais de dez anos rouba, mente, desperdiça, não trabalha, trapaceia, entrega-se a escroques, cobra cada vez mais impostos e fornece serviços públicos vergonhosos."
A situação criada com as numerosas manifestações, no Brasil, nas últimas semanas, não se resolverá com a reunião realizada ontem em Brasília, da Presidente Dilma Rousseff, com governadores e prefeitos de todo o país – embora o encontro seja um importante passo para atender às reivindicações dos que foram às ruas.
Seria fácil enfrentar a questão, se as pessoas que vêm bloqueando avenidas e rodovias – levantando cartazes com todo o tipo de queixas – fossem apenas multidão bem intencionada de brasileiros, lutando por um país melhor.
A Polícia Civil de Minas Gerais já descobriu que bandidos mascarados, provavelmente pagos, recrutados em outros estados, têm percorrido o país no rastro dos jogos da Copa das Confederações, provocando as forças de segurança, a fim de estabelecer o caos. Mensagens oriundas de outros países, em inglês, já foram identificadas na internet, como parte da estratégia que deu origem às manifestações. É preciso separar o joio do trigo. Além do Movimento Passe Livre, com sua postulação clara e legítima, há cidadãos que ocupam as ruas, com suas famílias, para manifestar repúdio à PEC-37, que limita o poder do Ministério Público, ou para exigir melhoria na saúde e na educação.
QUEDA DAS INSTITUIÇÕES
E há outros que pedem a cabeça dos “políticos”, como se eles não tivessem sido legitimamente eleitos pelo voto dos brasileiros. Esses pregam a queda das instituições, atacam a polícia e depredam prédios públicos, provavelmente com o intuito de gerar material para os correspondentes e agências internacionais, e ajudar a desconstruir a imagem do país no exterior.
O aumento brusco do dólar, a queda nos investimentos internacionais, a diminuição do fluxo de turistas em eventos que estamos sediando, como a visita do Papa, a Copa e as Olimpíadas, não prejudicará só o Governo Federal, mas também as oposições, que governam alguns dos maiores estados e cidades do país, e dependem da economia para bem concluir os seus mandatos.
Os radicais antidemocráticos se infiltram, às centenas, no meio das manifestações e nas redes sociais, para pregar o ódio irrestrito à atividade política, aos partidos e aos homens públicos, e a queda das instituições republicanas. Eles não fazem distinção, posto que movidos pela estupidez, pelo ódio e pela ignorância, entre situação e oposição, entre esse ou aquele líder ou partido.
Eles apostam no caos que desejam. Querem ver o circo pegar fogo para, depois, se refestelarem com as cinzas. Não têm a menor preocupação com o futuro da Nação ou com o destino das pessoas a que incitam à violência agora. Agem como os grupos de assalto nazistas, ou os fascistas italianos, que atacavam a polícia e os partidos democráticos nas manifestações, para depois impor a ordem dos massacres, da tortura, dos campos de extermínio, dos assassinatos políticos, como o de Matteotti.
UM AVENTUREIRO QUALQUER
Acreditar que o que está ocorrendo hoje pode beneficiar a um ou ao outro lado do espectro político é ingenuidade. No meio do caminho, como mostra a História, pode surgir um aventureiro qualquer. Conhecemos outros “salvadores da pátria” que atacavam os “políticos”, e trouxeram a corrupção, o sangue, o luto, a miséria e o retrocesso ao mundo.
O encontro entre a Chefe de Estado, membros de seu governo e os governadores dos Estados é o primeiro passo em busca de um pacto de união nacional em defesa do regime democrático, republicano e federativo. A presidente propôs consultar a população e a convocação de nova assembléia constituinte a fim de discutir, a fundo, a reforma política, que poderá, conforme as circunstâncias, alterar as estruturas do Estado, sem prejudicar a sua natureza democrática.
É, assim, um entendimento que extrapola a mera questão administrativa – de resposta às reivindicações dos cidadãos honestos que marcham pelas ruas – para atingir o cerne da questão, que é política.
Há outras formas de ação da cidadania a fim de manifestar suas idéias e obter as mudanças. A proposta popular de emenda constitucional, como no caso da Ficha Limpa. Cem mil pessoas que participam de uma manifestação, podem levantar 500 mil assinaturas em uma semana, a fim de levar ao Congresso uma proposta legislativa.
Não é preciso brincar com fogo para melhorar o país.
É realmente deplorável assistir a atos de vândalos que queimam carros, quebram vidraças, saqueiam lojas e, mais ainda, ver jovens arriscando-se sob chuva de bombas lacrimogêneas, mesmo aqueles pacíficos em seu direito de se manifestar que, atingidos na cabeça, podem ser mortos ou ter um olho esmagado por uma bala de borracha. Balas que se usam apenas em países incivilizados ou ditaduras.
O vandalismo coloca em risco policiais, também insatisfeitos e inocentes, ao soldo de governantes que não elegeram.
O vandalismo mostrado nas telas, e comentado com desgosto e semblante fechado, revolta muita gente em suas casas. Deplorável a quebra de vidraças do Palácio do Itamaraty, em Brasília. Ninguém concorda com isso.
Agredir uma obra de arte projetada por Oscar Niemayer, admirada internacionalmente e que conserva obras de artistas famosos, despertou ao vivo as preocupações de milhões de pessoas. Um prédio tão genial, inspirador de milhares de outros em todo o planeta, palácio que hospeda a câmara dos botões do sistema diplomático do Brasil.
Depois ouvi dizer que vandalismo com o patrimônio e o dinheiro público é ter aberto, nos últimos dez anos, cerca de 50 novas embaixadas que se reportam a esse Itamaraty, a maioria em países exóticos e paradisíacos, dotadas com um mínimo de 25 funcionários. Nelas o embaixador mais simples ganha R$ 50 mil, o mais estrelado, R$ 70 mil, o funcionário de nível inferior, cerca de R$ 25 mil, entre o salário propriamente dito e as “verbas”. O custo de uma embaixada, segundo os dados que se podem encontrar fora da caixa-preta do Itamaraty, aponta um mínimo de R$ 10 milhões a cada ano por uma embaixada de menor porte.
Nessa categoria se enquadra uma dúzia em paraísos caribenhos cercados de mar azul e fora da rota turística. Hoje o Brasil possui 92 embaixadas megalomaníacas cobiçadas por aliados e partidários que procuram o “dolce” e bem-remunerado “far niente”.
São Vicente e Granadinas (população de 121 mil), Santa Lúcia (162 mil), São Cristóvão e Nevis (51 mil), Barbados (279 mil), Antígua e Barbuda (88 mil) por um total geral de 701 mil habitantes, na mesma região, provavelmente custam mais de R$ 50 milhões por ano.
VANDALISMO DE VERDADE Vandalismo, dizem os vândalos e os despolitizados, é deixar milhões de brasileiros correndo desesperadamente de um posto de saúde a outro sem encontrar atendimento, hospitais lotados em seus corredores, com falta de médicos, leitos e material.
Vandalismo entre esses arruaceiros é considerado deixar um idoso sentado numa cadeira escancarada por 24 horas tomando soro até ruir aos pés dos filhos que choram, apenas choram. Deixar um enfartado morrendo numa maca suja; “internar” pacientes em colchonete estendidos no chão, sem fraldas, lençóis; aguardar 15 dias para recompor uma fratura exposta que leva a amputação. Não ter fio cirúrgico e álcool, remédios e o básico.
Outro vandalismo que as ruas comentam é não ter creches para crianças que vivem em ambientes insalubres e imundos; vandalismo de Estado é prometer 6.300 creches em quatro anos e depois de 30 meses ter apenas um número insignificante e, portanto, não informado.
Barbaridade é ter 39 ministérios inúteis e criar mais um para abrigar Afif Domingos, um dublê de empresário, mas assim mesmo merecer seu kit de jato-executivo, cartão corporativo, residência oficial e um sem números de assessores e serviçais.
DINHEIRO PELO RALO
Vandalismo, insistem esses baderneiros, é jogar dinheiro pelo ralo. Barbaridade é ter uma carga tributária escandinava para manter uma classe de políticos que se trancam dentro do Congresso e votam às pressas, agora, aquilo que era negociado anteriormente por benesses e nomeações. Barbárie, gritam, é deixar escola sem carteiras e professores sem condições de dar aula.
Outro vandalismo seria nomear ministro do STF para dar impunidade a mensaleiros que nunca irão para cadeia; eleger presidente do Congresso que já foi cassado do mesmo cargo por improbidade e corrupção; primitivismo é tratar de cura gay, sem atar a camisa de força para os deputados a favor.
Vândalos são esses gringos que chegam de países ricos e ditam como se gasta R$ 30 bilhões para uma Copa, com um custo médio de R$ 800 milhões por estádio, construídos em apenas 30 meses. Enquanto isso, com creches não se gastou mais que R$ 50 milhões.
Hediondo é permitir que a Fifa, presidida por acusados de ladroagem, chegue a ter importância de papa.
Vandalismo é demolir uma potência como a Petrobras, arrasar o setor de etanol, combustível limpo que poderíamos ter em abundância.
Vandalismo é abandonar estradas e BRs, possibilitando um extermínio nas crateras que se abriram em todo o Brasil.
Enfim, este país tem muitos vandalismos a serem eliminados, para poder escapar do inferno.
É realmente deplorável assistir a atos de vândalos que queimam carros, quebram vidraças, saqueiam lojas e, mais ainda, ver jovens arriscando-se sob chuva de bombas lacrimogêneas, mesmo aqueles pacíficos em seu direito de se manifestar que, atingidos na cabeça, podem ser mortos ou ter um olho esmagado por uma bala de borracha. Balas que se usam apenas em países incivilizados ou ditaduras.
O vandalismo coloca em risco policiais, também insatisfeitos e inocentes, ao soldo de governantes que não elegeram.
O vandalismo mostrado nas telas, e comentado com desgosto e semblante fechado, revolta muita gente em suas casas. Deplorável a quebra de vidraças do Palácio do Itamaraty, em Brasília. Ninguém concorda com isso.
Agredir uma obra de arte projetada por Oscar Niemayer, admirada internacionalmente e que conserva obras de artistas famosos, despertou ao vivo as preocupações de milhões de pessoas.
Um prédio tão genial, inspirador de milhares de outros em todo o planeta, palácio que hospeda a câmara dos botões do sistema diplomático do Brasil.
Depois ouvi dizer que vandalismo com o patrimônio e o dinheiro público é ter aberto, nos últimos dez anos, cerca de 50 novas embaixadas que se reportam a esse Itamaraty, a maioria em países exóticos e paradisíacos, dotadas com um mínimo de 25 funcionários. Nelas o embaixador mais simples ganha R$ 50 mil, o mais estrelado, R$ 70 mil, o funcionário de nível inferior, cerca de R$ 25 mil, entre o salário propriamente dito e as “verbas”. O custo de uma embaixada, segundo os dados que se podem encontrar fora da caixa-preta do Itamaraty, aponta um mínimo de R$ 10 milhões a cada ano por uma embaixada de menor porte.
Nessa categoria se enquadra uma dúzia em paraísos caribenhos cercados de mar azul e fora da rota turística. Hoje o Brasil possui 92 embaixadas megalomaníacas cobiçadas por aliados e partidários que procuram o “dolce” e bem-remunerado “far niente”.
São Vicente e Granadinas (população de 121 mil), Santa Lúcia (162 mil), São Cristóvão e Nevis (51 mil), Barbados (279 mil), Antígua e Barbuda (88 mil) por um total geral de 701 mil habitantes, na mesma região, provavelmente custam mais de R$ 50 milhões por ano.
VANDALISMO DE VERDADE
Vandalismo, dizem os vândalos e os despolitizados, é deixar milhões de brasileiros correndo desesperadamente de um posto de saúde a outro sem encontrar atendimento, hospitais lotados em seus corredores, com falta de médicos, leitos e material.
Vandalismo entre esses arruaceiros é considerado deixar um idoso sentado numa cadeira escancarada por 24 horas tomando soro até ruir aos pés dos filhos que choram, apenas choram. Deixar um enfartado morrendo numa maca suja; “internar” pacientes em colchonete estendidos no chão, sem fraldas, lençóis; aguardar 15 dias para recompor uma fratura exposta que leva a amputação. Não ter fio cirúrgico e álcool, remédios e o básico.
Outro vandalismo que as ruas comentam é não ter creches para crianças que vivem em ambientes insalubres e imundos; vandalismo de Estado é prometer 6.300 creches em quatro anos e depois de 30 meses ter apenas um número insignificante e, portanto, não informado.
Barbaridade é ter 39 ministérios inúteis e criar mais um para abrigar Afif Domingos, um dublê de empresário, mas assim mesmo merecer seu kit de jato-executivo, cartão corporativo, residência oficial e um sem números de assessores e serviçais.
DINHEIRO PELO RALO
Vandalismo, insistem esses baderneiros, é jogar dinheiro pelo ralo. Barbaridade é ter uma carga tributária escandinava para manter uma classe de políticos que se trancam dentro do Congresso e votam às pressas, agora, aquilo que era negociado anteriormente por benesses e nomeações. Barbárie, gritam, é deixar escola sem carteiras e professores sem condições de dar aula.
Outro vandalismo seria nomear ministro do STF para dar impunidade a mensaleiros que nunca irão para cadeia; eleger presidente do Congresso que já foi cassado do mesmo cargo por improbidade e corrupção; primitivismo é tratar de cura gay, sem atar a camisa de força para os deputados a favor.
Vândalos são esses gringos que chegam de países ricos e ditam como se gasta R$ 30 bilhões para uma Copa, com um custo médio de R$ 800 milhões por estádio, construídos em apenas 30 meses. Enquanto isso, com creches não se gastou mais que R$ 50 milhões.
Hediondo é permitir que a Fifa, presidida por acusados de ladroagem, chegue a ter importância de papa.
Vandalismo é demolir uma potência como a Petrobras, arrasar o setor de etanol, combustível limpo que poderíamos ter em abundância.
Vandalismo é abandonar estradas e BRs, possibilitando um extermínio nas crateras que se abriram em todo o Brasil.
Enfim, este país tem muitos vandalismos a serem eliminados, para poder escapar do inferno.
Abismo político – A queda de 27 pontos percentuais, em três semanas, na aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff mostra que a voz rouca das ruas tinha como alvo a administração incompetente e corrupta do Partido dos Trabalhadores, que ao longo de dez anos patrocinou a decrepitude do Estado.
Enquanto manifestações pacíficas conquistavam diversas cidades brasileiras, o que mostra a insatisfação popular com o governo petista, a avaliação positiva da gestão Dilma caiu de 57% para 30%, de acordo com pesquisa Datafolha.
No contraponto, subiu de 9% para 25% o contingente dos que consideram o governo ruim e péssimo.
“A pesquisa confirma que o recado das ruas foi para o governo do PT. Um governo marcado pela corrupção e pela incompetência na gestão da saúde, da educação, dos transportes… O povo acordou e percebeu que não é possível fazer o país avançar com o jeito petista de gerir a máquina pública. Não é com 40 ministérios, para acomodar aliados, que se governa um país, mas sim com propostas claras e conectadas com os anseios da sociedade”, afirmou Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara dos Deputados.
Na opinião do parlamentar paranaense, o cidadão que aguardava meses para conseguir uma consulta num hospital público acordou e foi às ruas cobrar o governo. “Isso é muito positivo e nós, da oposição, deixamos de protestar sozinhos contra os desmandos do PT. Também estamos cientes da nossa responsabilidade nesse momento histórico, temos propostas, e estamos ouvindo a população”, afirmou Rubens Bueno.
Reeleição ameaçada O grande equívoco do PT se deu com o ex-presidente Lula, agora foragido da imprensa nacional, que em fevereiro passado começou a defender a reeleição de Dilma Rousseff. Longe de ser um querubim da política, Lula sabia o que estava fazendo e antecipou-se apostando no desgaste da companheira de partido, pois seu grande sonho é retornar ao Palácio do Planalto.
Acreditando que Lula estava a apoiá-la e certa de que sua reeleição era favas contadas, Dilma deu as costas à sociedade e sua popularidade começou a despencar. Cercada por assessores ignaros em termos de análise de pesquisas de opinião, a presidente começou a enfrentar um calvário que cresceu diante da sua demora em responder às manifestações.
Preocupados inicialmente em conter uma crise que pode produzir estragos ainda maiores no PT, os palacianos têm se dedicado a propostas absurdas e que atropelam a democracia de forma acintosa. A realização do plebiscito é a mais absurda de todas as propostas, pois não apenas cria uma cortina de fumaça diante da crise que se instalou no Palácio do Planalto, mas pode se transformar em um cheque em branco nas mãos de um partido que luta para emplacar seu projeto totalitarista de poder. A essa altura dos acontecimentos, a reeleição de Dilma tornou-se assunto segundo, até porque os petistas contrários à presidente operam nos bastidores com todo o estoque de sordidez. O que abre caminho para Lula tentar voltar à cena política fantasiado de salvador da pátria.
Abismo político – A queda de 27 pontos percentuais, em três semanas, na aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff mostra que a voz rouca das ruas tinha como alvo a administração incompetente e corrupta do Partido dos Trabalhadores, que ao longo de dez anos patrocinou a decrepitude do Estado.
Enquanto manifestações pacíficas conquistavam diversas cidades brasileiras, o que mostra a insatisfação popular com o governo petista, a avaliação positiva da gestão Dilma caiu de 57% para 30%, de acordo com pesquisa Datafolha.
No contraponto, subiu de 9% para 25% o contingente dos que consideram o governo ruim e péssimo.
“A pesquisa confirma que o recado das ruas foi para o governo do PT. Um governo marcado pela corrupção e pela incompetência na gestão da saúde, da educação, dos transportes… O povo acordou e percebeu que não é possível fazer o país avançar com o jeito petista de gerir a máquina pública. Não é com 40 ministérios, para acomodar aliados, que se governa um país, mas sim com propostas claras e conectadas com os anseios da sociedade”, afirmou Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara dos Deputados.
Na opinião do parlamentar paranaense, o cidadão que aguardava meses para conseguir uma consulta num hospital público acordou e foi às ruas cobrar o governo. “Isso é muito positivo e nós, da oposição, deixamos de protestar sozinhos contra os desmandos do PT. Também estamos cientes da nossa responsabilidade nesse momento histórico, temos propostas, e estamos ouvindo a população”, afirmou Rubens Bueno.
Reeleição ameaçada O grande equívoco do PT se deu com o ex-presidente Lula, agora foragido da imprensa nacional, que em fevereiro passado começou a defender a reeleição de Dilma Rousseff. Longe de ser um querubim da política, Lula sabia o que estava fazendo e antecipou-se apostando no desgaste da companheira de partido, pois seu grande sonho é retornar ao Palácio do Planalto.
Acreditando que Lula estava a apoiá-la e certa de que sua reeleição era favas contadas, Dilma deu as costas à sociedade e sua popularidade começou a despencar. Cercada por assessores ignaros em termos de análise de pesquisas de opinião, a presidente começou a enfrentar um calvário que cresceu diante da sua demora em responder às manifestações.
Preocupados inicialmente em conter uma crise que pode produzir estragos ainda maiores no PT, os palacianos têm se dedicado a propostas absurdas e que atropelam a democracia de forma acintosa. A realização do plebiscito é a mais absurda de todas as propostas, pois não apenas cria uma cortina de fumaça diante da crise que se instalou no Palácio do Planalto, mas pode se transformar em um cheque em branco nas mãos de um partido que luta para emplacar seu projeto totalitarista de poder. A essa altura dos acontecimentos, a reeleição de Dilma tornou-se assunto segundo, até porque os petistas contrários à presidente operam nos bastidores com todo o estoque de sordidez. O que abre caminho para Lula tentar voltar à cena política fantasiado de salvador da pátria.
Eles são aqueles que acreditam em enfrentar o choque…
A presidente Dilma Rousseff recebeu algumas lideranças “jovens” no Planalto — a juventude chapa-branca, ou chapa-vermelha, alimentada, no mais das vezes, com dinheiro público. No grupo, estavam, por exemplo, representantes da União da Juventude Socialista (UJS), a tropa de choque do PCdoB que comandou a hostilidade à blogueira Yoani Sánchez em sua viagem ao Brasil.
Vejam um vídeo em que um valente da UJS defende as hostilidades a Yoani, acusando-a de receber dinheiro dos EUA, uma mentira cretina, e justifica a ditadura cubana.
Volto em seguida.
Voltei
Havia outros rematados democratas presentes ao encontro, como os companheiros do “Levante Popular da Juventude”. Vocês já ouviram falar dessa turma.
Em março do ano passado, o “Levante” produziu um espetáculo grotesco de agressões e baixaria às portas do Clube Militar, no Rio.
Enquanto os confrontos aconteciam, quem passava casualmente por ali, num passeio aparentemente sem compromisso? Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul! O conjunto me interessou e comecei a pesquisar: quem era e o que queria o tal “Levanta Popular da Juventude”?
Descobri algumas coisas e escrevi um post no dia 4 de abril de 2012.
Vale a pena relembrar. Vocês assistirão, por exemplo, a um vídeo em que um “rapper” canta uma musiquinha bacana, cujo refrão é o seguinte: “Eu sou aquele que acredita em encarar o choque”, numa referência, claro!, às forças da legalidade. Segue o post publicado em 4 de abril de 2012. Volto depois de tudo para encerrar.
*
Vejam esta foto.
Aquele senhor sentado na primeira fileira, com a mão no rosto, com ar vetusto, é Tarso Genro (PT), governador do Rio Grande do Sul.
O que ela faz ali? Vamos ver.
No dia 29 do mês passado, um bando de fascistoides cercou o Clube Militar. A turma xingou e agrediu militares da reserva que participavam de um seminário. A foto de um rapaz dando uma cusparada num idoso tem de se tornar um emblema do que esses caras entendem por democracia e civilidade.
“Descobriu-se”, vejam que coincidência!, que ninguém menos do que Tarso Genro passava por ali, por acaso…
O valente não teve dúvida: “encontrado” por jornalistas, concedeu uma entrevista e acusou de provocação… as vítimas!!! A todos pareceu normal que um governador de estado estivesse passeando, solerte, pelas ruas da capital de um outro estado, topando, de súbito, com um protesto!!!
Pois é…
Aquela manifestação, a exemplo de outras que têm sido feitas em frente à casa de pessoas acusadas de colaborar com a tortura, foi convocada por um certo “Levante Popular da Juventude”.
As ações obviamente ilegais do grupo têm merecido ampla cobertura do jornalismo — E SEMPRE EM TOM FAVORÁVEL! O que antes se chamava “grande imprensa” não se interessou nem sequer em saber quem é essa gente, de onde vem, o que pensa. No dia 27 de março, contei aqui quem são eles.
O tal “Levante” é só uma nova fachada do MST, que anda em baixa. João Pedro Stedile, o nosso leninista do capital alheio — já que seu movimento vive de dinheiro público — resolveu levar a sua “revolução” do campo para as cidades (afinal, ele é, reitero, um leninista).
A cobertura dos jornais tem sido asquerosa. Diz-se que o “Levante Popular da Juventude” luta apenas, que coisa bonita!, pela instalação da Comissão da Verdade. Enquanto isso, sai por aí xingando pessoas, cuspindo nelas, pichando as suas casas. Então agora volto à foto lá do alto.
Encontro
Entre os dias 1º e 5 de fevereiro, o grupo promoveu o “1º Acampamento do Levante Popular da Juventude”.Aconteceu em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, e reuniu, segundo os próprios organizadores, 1.200 pessoas, vindas de 17 estados.
Isso explica, por exemplo, por que ações de vandalismo contra as respectivas casas de supostos torturadores aconteceram em vários estados, ao mesmo tempo, numa coordenação que a imprensa chamou de “surpreendente”.
“Juventude” não é categoria social, política ou de pensamento. O “jovem” por trás do movimento é João Pedro Stedile — com suas ideias do fim do século 19. Na fotos abaixo, ele aparece dando a sua “aula” de levante.
Muito bem! Tarso Genro foi um dos convidados de honra do “acampamento”. É o que mostra aquela primeira foto. Isso significa que ele tem intimidade com o “Levante Popular da Juventude” e conhece, então, a sua agenda.
Parece-me que o fato põe em dúvida a coincidência entre o protesto no clube militar e a sua estada no Rio — justamente nas imediações do Clube Militar.
Abaixo, seguem algumas fotos do evento. Ao fim de tudo, um vídeo que chega a ser engraçado de tão patético.
Aqui, em círculo, os camaradas expõem os seus anseios, numa espécie de dinâmica revolucionária de grupo
A revolução social requer preparo intelectual, né? Aqui, uma aula sobre os caminhos da libertação
É preciso curtir a natureza: moças e moços da cidade conhecem os prazeres de uma vida mais agreste. É a burguesia experimentando o paraíso do povo
Também há espaço para a burguesia consciente se misturar ao povo e celebrar a cultura popular. É o que se chama “possibilidade de intercurso de classes”
Agora vejam este vídeo, em que um sujeito, por assim dizer, canta um rap sobre as ocupações promovidas pelo MST. Volto para encerrar.
VolteiA apresentação foi feita durante a “II Feira e Festa da Agricultura e Agroindústria Camponesa”, evento paralelo ao 1º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude. O refrão é claro: “Eu sou aquele que acredita em encarar o choque”. É uma conclamação em favor do confronto com as forças da legalidade.
O vídeo é um troço patético. Um coroa, com a máscara revolucionária — que tira ao menos para cantar — se fantasia de cantor de rap para passar mensagens revolucionárias…
Eis aí: revelado, agora com imagens, o grande mistério do “Levante Popular da Juventude”. É só o velho leninista João Pedro Stedile brincando de fazer revolução. Mas Tarso, um governador de estado, assistiu a tudo atentamente, no acampamento e nas imediações do Clube Militar.
Que futuro nos aguarda quando um governador de estado participa de uma patuscada como essa? Não muito bom! De toda sorte, é um comportamento compatível com o ministro da Justiça que levou o Brasil a abrigar um assassino, condenado em seu país à prisão perpétua.
Voltei
Dilma levou essa gente para dentro do palácio como sinal de seu esforço de “dialogar com a sociedade”. A presidente, em suma, quer dialogar com quem não acredita em conversa.
SÃO PAULO - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, recebeu vaias neste sábado, 29 durante a 21ª Marcha para Jesus, em São Paulo, ao anunciar que participava do megaevento evangélico em nome da presidente Dilma Rousseff.
Após a fala do ministro, o apóstolo Estevam Hernandes, líder da Igreja Renascer em Cristo, tomou a palavra para tentar aplacar o mal-estar. Carvalho considerou a vaia uma "coisa normal".
Outras autoridades também estiveram no evento evangélico. Marcaram presença o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), acompanhado da primeira-dama, Lu Alckmin; o ex-prefeito da cidade, Gilberto Kassab (PSD) e do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado Marco Feliciano (PSC).
SÃO PAULO - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, recebeu vaias neste sábado, 29 durante a 21ª Marcha para Jesus, em São Paulo, ao anunciar que participava do megaevento evangélico em nome da presidente Dilma Rousseff.
Após a fala do ministro, o apóstolo Estevam Hernandes, líder da Igreja Renascer em Cristo, tomou a palavra para tentar aplacar o mal-estar. Carvalho considerou a vaia uma "coisa normal".
Outras autoridades também estiveram no evento evangélico. Marcaram presença o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), acompanhado da primeira-dama, Lu Alckmin; o ex-prefeito da cidade, Gilberto Kassab (PSD) e do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado Marco Feliciano (PSC).
Diego Ramalho, membro do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), conta ao Instituto Millenium como tem sido a aplicação da Lei da Ficha Limpa. Assista.
Quando escrevi o artigo anterior, como de costume na sexta-feira, ainda não ocorrera a vaia olímpica à senhora presidente da República no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, e naquele momento ainda incorrera o desconsórcio entre a presidente e a popularidade, já com menos oito pontos, de 65% caíra a 57%, mas ainda com a maioria, porém um fato novo em gestação sob o governo insosso e paralítico que dormitava.
O fato é que, sob o falso pretexto do aumento de R$ 0,20 no preço das passagens urbanas, ou não, começou o movimento de proporções sísmicas e não cessou de crescer.
O ministério, antes de acordar, entrou em delíquio; se existia em letargia deixou de existir. A presidente andou de ceca a meca e, após ouvir os doutores da casa, fez o elogio da rebelião.
Depois, suspendeu uma viagem ao Japão e, sem reunir o seu ministério composto de 39 sumidades e ainda um consagrado marqueteiro, nem o Conselho da República, que se compõe de membros de nacional representatividade; acompanhada do marqueteiro, já denominado de 40º ministro, voou a São Paulo para entrevistar-se com seu antecessor.
Desde então, o país rigorosamente está sem governo, ou melhor a televisão, por horas a fio, como uma espécie de sucedâneo, vem ocupando a seu modo o espaço vazio. Para encerrar este resumo, observo que depois de tornado sem efeito o aumento de R$ 0,20 nas passagens urbanas, causa declarada da rebelião, o movimento se ampliou e especialmente se agravou a violência, definida como vandalismo.
Em síntese, o movimento que partira de uma reivindicação concreta tomou outras dimensões que podem ser difíceis de acolher e as correntes até aqui vencedoras difíceis em transigir e compor boas soluções.
Como notei, fazia-se praça de que o movimento era pacífico e só uma minoria exasperada cultivava a violência e em menos de semana tomou conta dos acontecimentos, basta dizer que em três grandes jornais que tenho sob os olhos, vejo que todos apontam a violência dominante em suas manchetes.
“Mais de 1 milhão vai às ruas no país; violência marca protestos” – “Estado de S. Paulo”; “Manifestações se espalham com violência e morte pelo país” – “Folha de S. Paulo”; “Confronto e depredação, a violência se repete” – “Zero Hora”.
Não surpreende, é de ver-se que, em três dias, entre 17 e 19, US$ 628 milhões saíram do país, nem que, “mesmo com forte atuação do Banco Central”, dólar sobe 2,45% e fecha em R$ 2,25.
A eleição do prédio do Itamaraty para ser danificado é de superlativa estupidez, na medida em que escolhe um dos prédios mais originais sob o ponto de vista arquitetônico em toda a capital da República.
Outrossim, feri-lo, enquanto corresponde à continuidade do histórico palácio da Rua Larga, no Rio, atinge simbolicamente a tradição diplomática nacional, iniciada quando o Brasil recém saíra do regime colonial, inexistia o serviço diplomático e, não obstante, não faltaram pessoas que iniciaram o que veio a ser motivo de desvanecimento internacional, quanto à qualificação do serviço das nossas relações externas.
Se assim foi a primeira semana após a vaia, não saberia responder como seriam a segunda e as sucessivas. Nessa altura, o regime não é autoritário nem democrático, enquanto flutua ao sabor da viração das ruas. O que espanta é que a senhora presidente não tenha reunido o seu ministério, a menos que também não acredite nele, nem se lembrado de convocar o Conselho da República para ouvir de seus 14 conspícuos integrantes.
Parece que o governo foi substituído pela publicidade televisionada. E isso pode não ser bom. Contudo, a mudança foi salutar a partir da denúncia quanto ao estigma da corrupção, sem falar que num instante o Brasil mudou de cara.
29 de junho de 2013
Paulo Brossard
Fonte: Zero Hora
Motivo para revolta é o que não falta. Aquele cenário maravilhoso que o governo pintava não existe. Nossos pilares são de areia, e o inverno está chegando. O descaso com a população por parte das autoridades é enorme, as prioridades são todas desvirtuadas, e o rumo precisa mudar radicalmente.
Mas confesso não compartilhar da euforia que tomou as ruas das principais capitais do país. Há uma insatisfação generalizada e difusa, sem foco. Não adianta ser contra “tudo que está aí”. É preciso compreender melhor o que nos trouxe a esse quadro, e como mudá-lo. Temos que gerar mais luz e menos calor.
Além da grande cacofonia nas ruas, cada um com uma demanda diferente, há grupos radicais de esquerda tentando se apropriar dos protestos. Afinal, isso é o que eles sempre fizeram: incitar as massas e criar baderna. Separar o joio do trigo é crucial. Vândalos devem ser contidos, saques e agressões aos policiais devem ser reprimidos com todo o rigor da lei. Manter a ordem é fundamental.
O clima anárquico só interessa aos golpistas de plantão. Uma turba descontrolada é um convite a uma intervenção estatal rigorosa. A Revolução Francesa sofreu desse mal, levando ao Terror de Robespierre, e depois à ditadura de Napoleão. Maio de 68 foi outro exemplo de caos produzido pela juventude entorpecida por utopias revolucionárias.
Consigo entender perfeitamente o desespero de muitos, cansados de nossa política podre, da ausência de alternativas sérias, da impunidade, do transporte caótico, a saúde pública em frangalhos. Tudo isso é totalmente legítimo. Mas precisamos canalizar essa energia toda para forças construtivas, e não destrutivas.
Sou bastante crítico a este governo. Meu julgamento da era petista é o pior possível. Nunca antes na história deste país se viu tantas trapalhadas conjuntas, tanta incompetência, tanta mediocridade e safadeza. O PT segregou o país, comprou votos com esmolas estatais, aparelhou a máquina do Estado e demonstra forte viés autoritário.
De nada adianta rugir feito um leão nas ruas, e depois votar como um burro nas urnas
Estamos pagando um alto preço por essa inoperância, agora que os ventos externos pararam de soprar na nossa direção. Dilma não fez uma única reforma estrutural importante, exagerou no populismo e permitiu inclusive a volta da alta inflação. Meu veredicto é o mais duro possível contra a presidente e sua equipe.
Dito isso, não consigo mergulhar com muito otimismo nas manifestações das ruas, até porque tenho sérias dúvidas se este é também o diagnóstico dessas pessoas. Muita gente acaba demandando mais intervencionismo estatal como solução. Querem mais do veneno! Bandeiras demagógicas, como “passe livre”, também abundam. Esse, definitivamente, não é o caminho.
O que fazer então? Sei que a nossa democracia é muito falha. Quem pode ficar feliz com esse Congresso? Mas não acredito muito em revoluções populares, que costumam sair do controle. Prefiro apostar na evolução de nossas instituições, hoje capengas e ameaçadas. Precisamos lutar dentro da própria democracia, com as armas da legalidade, respeitando o império das leis.
Essa via leva mais tempo, tem solavancos, exige concessões, demanda paciência, aquela que está prestes a se esgotar. Mas ela é mais sólida, mais sustentável, mais pacífica. O principal valor da democracia representativa não está em suas “fantásticas” escolhas (Lula?), mas em sua capacidade de eliminar grandes erros de forma pacífica.
Conquistamos a duras penas o regime democrático, e criamos algumas instituições republicanas importantes, como a liberdade de imprensa e a independência dos poderes. Não foi no ritmo que desejávamos, tampouco da qualidade que almejamos. Mas precisamos preservá-las. Hoje mais do que nunca, justamente porque elas estão em xeque, sob constante ataque de minorias organizadas e barulhentas.
Nenhum partido atual representa minha visão liberal de país. São todos eles intervencionistas, depositando no Estado um papel demasiado de controle sobre nossas vidas e recursos. Mas nem por isso penso que a solução é uma espécie de “revolução apartidária”. Em política não há vácuo; ele logo é preenchido por alguém. Que não seja um aventureiro, um “messias” salvador da Pátria. Ou salvadora.
Eis minha sugestão aos brasileiros cansados dessa situação: indignai-vos, mas nas urnas! Não será a escolha ideal, mas o ideal existe somente em nossas ilusões. E elas são perigosas quando passamos a acreditar que são viáveis. Façamos aquilo que for possível, mantendo nossa frágil, porém necessária democracia. De nada adianta rugir feito um leão nas ruas, e depois votar como um burro nas urnas.
29 de junho de 2013
Rodrigo Constantino
Fonte: O Globo
A presidente Dilma está tentando aproveitar-se de momento delicado das relações partidárias com a opinião pública para passar por cima do Congresso, tão desprezado pelas vozes das ruas, e assumir uma proposta de Constituinte exclusiva para reforma política que não é nova e, sendo lançada pelo Executivo, cria um clima de suspeição.
A ideia já chegou a ser lançada tempos atrás pelo próprio PT, através do então presidente Lula, e com o apoio da OAB, e fracassou por falta de apoio. Sempre pareceu a muitos – a mim inclusive – ser uma saída para a efetivação de uma reforma que, de outra forma, jamais sairá de um Congresso em que o consenso é impossível para atender a todos os interesses instalados.
O deputado Miro Teixeira defende de há muito a tese de que a Constituinte poderia, além da reforma política, tratar de dois assuntos polêmicos: pacto federativo e reforma tributária. Há diferenças básicas, no entanto, pois, além de ser uma proposta de um deputado, a de Miro não foi feita em tempos de crise como o atual e era um instrumento para evitar a crise, que acabou chegando pelas ruas.
A convocação de uma Constituinte restrita, ou um Congresso revisor restrito, para tratar da reforma política, segundo Miro, daria oportunidade de tratar de forma mais aprofundada esses temas, com discussões estruturais que se interligariam, com a redistribuição das atribuições e verbas entre os entes federativos, temas que, aliás, estão na ordem do dia com a disputa pela distribuição dos royalties do petróleo.
A convocação dessa Constituinte, porém, ficaria dependendo da aprovação da população através de um plebiscito, o que torna a tarefa muito difícil de ser concluída: uma proposta de emenda constitucional (PEC) nesse sentido, além das dificuldades inerentes ao quorum qualificado nas duas Casas do Congresso, precisaria também ter o aval do povo para valer e, mesmo assim, certamente seria acusada de inconstitucional, indo parar no Supremo Tribunal Federal (STF), onde há uma opinião predominante de que Constituinte exclusiva é inconstitucional.
Mas toda essa teoria fica anulada pelas experiências na América Latina, onde vários governos autoritários utilizaram a Constituinte para aumentar o poder do Executivo, como ocorreu na Venezuela de Chávez, na Bolívia de Evo Morales, no Equador de Correa.
Toda essa teoria fica anulada pelas experiências na América Latina, onde vários governos autoritários utilizaram a Constituinte para aumentar o poder do Executivo
Tem sido politicamente inviável tentar levar adiante a proposta devido ao uso distorcido das Constituintes em países da região, que acabaram transformadas em instrumentos para aumentar o poder dos governantes de países como Bolívia ou Equador, seguindo os passos da “revolução bolivariana” de Chávez.
A base teórica da manipulação dos referendos e do próprio instrumento da Constituinte para dar mais poderes aos presidentes da ocasião, como já foi dito aqui, é o livro “Poder Constituinte – Ensaio sobre as alternativas da modernidade”, do cientista social e filósofo italiano Antonio (Toni) Negri.
O filósofo italiano diz que “o medo despertado pela multidão” faz com que o poder constituído queira impedir sua manifestação através da Constituinte: “A fera deve ser dominada, domesticada ou destruída, superada ou sublimada.” Negri considera que o “poder constituído” procura tolher o “poder constituinte”, limitando-o no tempo e no espaço, enquanto o dilui através das “representações” dos poderes do Estado.
Em uma definição mais popular, Evo Morales diz que se trata de uma nova maneira de governar através do povo. Defende, na prática, a “democracia direta”, o fim das intermediações do Congresso, próprias dos sistemas democráticos. Esse é o tipo de ação basicamente antidemocrática, pois uma coisa é criticar a atuação do Congresso e exigir mudanças na sua ação política para aproximar-se de seus representados, o povo. Outra coisa muito diferente é querer ultrapassar o Poder Legislativo, fazendo uma ligação direta com o eleitorado através de um governo plebiscitário, que leva ao populismo e ao autoritarismo.
O cientista político Bolívar Lamounier considera que a possibilidade de manipulação é inerente ao instrumento do plebiscito, “pois a autoridade incumbida de propor os quesitos pode ficar muito aquém da neutralidade”.
Quem circulou pelas demonstrações de rua que tomam conta do país observou que são dominadas por jovens, gente sem filiação partidária. São jovens que resolveram “levantar do sofá”, na expressão de um cartaz, e lutar por um futuro melhor. Por isso reclamam de absurdos como a “cura gay” e a decisão de investir dezenas de bilhões de reais em estádios de futebol, quando a infraestrutura e os serviços públicos no país são o que são. E, acima de tudo, reclamam da corrupção impune, sobre a qual leem diariamente nos cadernos de política.
Talvez as manifestações tenham surpreendido o país, pois essas coisas acabaram se tornando “normais”, não surpreendem mais ninguém. Mas, quando se dá um passo atrás e se pensa que o dinheiro do contribuinte está financiando a farra da corrupção e do desperdício — e a alta carga tributária é um tema dos cartazes —, a surpresa é como isso pode ter se tornado tão normal. Isso ajuda a entender por que o ministro Joaquim Barbosa surge como principal modelo de homem público nas pesquisas com manifestantes.
Como em outras manifestações dos últimos 30 anos, e ao contrário do que ocorre na Europa, a situação da economia não é o foco dos protestos. O aumento da tarifa dos ônibus foi o estopim, mas a revolta de fato é com a piora da qualidade do transporte público. Com um modelo econômico que estimula a compra de automóveis e subsidia a gasolina, mas nada faz pela infraestrutura, não surpreende que as pessoas se revoltem.
Apesar de não diretamente relacionadas, chama a atenção que as manifestações coincidam com o quadro de agravamento da economia. Esse vem em curso há algum tempo, refletindo a queda do potencial de crescimento e erros de política econômica. Isso faz com que, mesmo com o PIB crescendo pouco, a inflação permaneça bem acima da meta.
Como dizem os jovens nas redes sociais, a revolta não é pelos centavos, mas pelos nossos direitos
Mais recentemente, a situação da economia agravou-se, por conta da piora das contas externas. A queda do crescimento da Ásia emergente, como já discuti neste espaço, tem afetado as exportações, derrubando o saldo comercial. Não será surpresa se esse ficar perto de zero este ano e virar negativo em 2014. O deficit em conta corrente aumenta em ritmo acelerado, batendo em 3,2% do PIB nos 12 meses encerrados em maio.
A confirmação, semana passada, de que o FED, o banco central americano, deve começar a desmontar o programa de afrouxamento monetário ainda este ano derrubou o preço dos ativos brasileiros. Com isso, o real desvalorizou-se e os juros longos subiram. O preço das commodities caiu ainda mais. É notável a magnitude dessas variações, considerando-se que o FED sinalizou que tudo será feito devagar e que só deve começar a elevar os juros em 2015.
A desvalorização do real não deve ser transitória, como em 2008. Há, de fato, uma mudança na situação externa, em que bens e ativos brasileiros ficaram menos valiosos. A forma mais saudável de a economia processar isso é via a desvalorização do câmbio.
A boa notícia é que isso tornará a indústria mais competitiva e o crescimento mais equilibrado. A má notícia é que as pressões inflacionárias aumentarão e que o ajuste a essa nova situação vai exigir uma queda dos rendimentos reais. Caberá à política econômica fazer com que esse ajuste ocorra com o menor custo possível em termos de aceleração inflacionária e queda do nível de atividade.
O que não é possível, porém, é achar que tudo poderá continuar como antes. Em especial, o mercado de trabalho, que já vem piorando, deve passar por um ajuste mais forte. Dessa forma poderá processar a perda de renda decorrente da piora das condições externas, sem a necessidade de uma alta muito grande na inflação.
Dois outros mercados vão passar por ajustes: o de crédito e o imobiliário. O primeiro sofrerá com a deterioração do mercado de trabalho. Felizmente, o crédito ao consumo cresceu pouco no último par de anos. A situação dos bancos públicos é, porém, menos robusta. O mercado imobiliário deve sofrer, pois os imóveis devem se desvalorizar, como já ocorreu com outros ativos mais líquidos.
Nesse quadro, deve-se observar para onde andará a onda de protestos. As últimas grandes manifestações no país — 1992, 1984, 1968, 1962-64 — se deram em momentos em que a situação econômica tinha piorado. Se o cenário traçado acima se confirmar, o número de manifestantes vai aumentar e a pauta de reivindicações pode se ampliar. Como dizem os jovens nas redes sociais, a revolta não é pelos centavos, mas pelos nossos direitos.
29 de junho de 2013
Armando Castelar Pinheiro
Fonte: Correio Brasiliense
Pelé não irá ao Maracanã para a final da Copa das Confederações
EFE/Antonio Lacerda
Ausente na abertura da competição, no último dia 15, em Brasília, Pelé também não estará presente na final da Copa das Confederações, neste domingo, no Maracanã, quando Brasil e Espanha decidem o título do evento teste do Mundial. O jogo, que começa às 19h, terá acompanhamento pelo Placar UOL Esporte.
Embaixador da Copa do Mundo pelo Governo Federal, Pelé havia informado à Fifa (Federação Internacional de Futebol) que estaria na decisão. Mas mudanças na agenda profissional e pessoal do "Rei" fizeram com que ele se ausentasse novamente do cerimonial da competição.
OUOL Esporteapurou que o cancelamento de um compromisso no Rio de Janeiro com um patrocinador, a marca de relógios Hublot, junto da vinda para o Brasil de familiares que moram nos Estados Unidos fizeram Pelé desistir de acompanhar in loco a final.
Embaixador da Copa do Mundo pelo Governo Federal, Pelé havia informado à Fifa (Federação Internacional de Futebol) que estaria na decisão. Mas mudanças na agenda profissional e pessoal do "Rei" fizeram com que ele se ausentasse novamente do cerimonial da competição.
Na abertura, a ausência de Pelé causou desconforto no estafe presidencial, segundo apurou o UOL Esporte. Ele havia sido escolhido pela presidente Dilma Rousseff para representar o Governo Federal na programação referente ao Mundial.
Como se não bastasse ter sido vaiada no estádio Nacional, Dilma preferia ter sido fotografada ao lado de Pelé a ser clicada com José Maria Marin, presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo de 2014.
Com a ausência de seu embaixador no Estádio Nacional de Brasília, Dilma ficou isolada na tribuna entre Joseph Blatter, presidente da Fifa, e Marin. A presença do mais famoso camisa 10 da seleção em todos os tempos não mudaria a ordem dos assentos, mas diminuiria o impacto do encontro entre ela e Marin, na opinião do estafe presidencial.
A justificativa para a ausência na abertura foi uma cirurgia feita por Pelé no quadril, no final do ano passado. A intervenção havia atrasado a agenda comercial do "Rei", que precisou daquele sábado, data da abertura da Copa das Confederações, para colocá-la em dia.