"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 19 de agosto de 2012

OS DIAS EM QUE TEMOS MAIS CHANCES DE MORRER


Estudo feito por pesquisadores suíços mostra algumas maneiras de driblar os dias mais perigosos do ano

Você provavelmente espera bolo e presentes no dia de seu aniversário, mas existe uma grande chance de “bater as botas”. Após analisar 2,4 milhões de mortes nas últimas quatro décadas, pesquisadores suíços descobriram que existem 14% a mais de chances de morrer no dia do aniversário do que em qualquer outro dia do ano.

“Os homens apresentam um aumento no risco de cair ou cometer suicídio no dia do aniversário devido ao consumo de bebidas alcoólicas”, diz o autor do estudo Vladeta Ajdacic-Gross. A pesquisa foi realizada em parceria com a Universidade de Zurique.

Mas não é apenas durante a bebedeira do aniversário que a sua vida corre perigo. Abaixo, uma lista para se proteger de outros dias do ano que são igualmente perigosos.

1) O mês de julho

Se você irá se submeter a uma cirurgia, não a faça no mês de julho. Médicos residentes recém formados começam a trabalhar no dia primeiro de julho, o que aumenta em quatro por cento a incidência de mortes no mês, segundo um estudo conduzido pela Universidade de Harvard. Outro estudo, feito pela Universidade da Califórnia, aponta que médicos inexperientes estão mais propensos a administrar a medicação errada. Espere alguns meses para fazer sua cirurgia. Porém, se tiver de fazê-la em julho, marque para as nove horas, horário que registra menos complicações durante a cirurgia.

2) Horário de verão

O primeiro dia de trabalho após adiantar o relógio traz conseqüências para nosso corpo. Segundo um estudo do New England Journal of Medicine, a mudança de horário causa um aumenteo de cinco por cento de chances de infarto durante a primeira semana devido à inflamações causadas pela falta de sono. O que fazer? Tomar vitamina C um dia antes da mudança de horário reduz as chances de inflamação.

3) Feriados

Durante os feriados aumenta o número de motoristas que dirigem embriagados. A noite em que mais ocorrem acidentes fatais de carro varia, mas sempre está relacionada a algum feriado. O melhor é terminar a festa um pouco mais cedo: 66% dos acidentes fatais durante os feriados ocorrem entre meia noite e três horas da manhã.

19 de agosto de 2012
opinião&notícia

O BODE NA SALA

Todo mundo conhece a história do bode na sala.

Sua conclusão é que, às vezes, para resolver um problema, é preciso criar artificialmente outro maior. Como o da família que vivia apertada em uma casa minúscula. Ela foi se aconselhar com um sábio e ouviu a recomendação de colocar na sala um bode.

A vida tornou-se insuportável. Voltaram ao ancião, que mandou tirá-lo de lá.
Ficaram tão contentes livrando-se do problemão que o anterior virou um probleminha. Pararam de lamentar o desconforto da casa acanhada e festejaram.

Uma parte das oposições brasileiras parece estar raciocinando dessa maneira em relação ao julgamento do “mensalão”.

Não é que inventaram um bode, talvez imaginando que ganhariam alguma coisa retirando-o?
É o que parece quando se vê a ânsia com que alguns colunistas e comentaristas se puseram a elucubrar sobre um fato até ontem inexistente.

O pretexto foram as declarações do advogado do ex-deputado Roberto Jefferson perante o Supremo Tribunal Federal ao defendê-lo.

Como se não bastasse a histrionice de seu cliente - notável, entre outras coisas, por já haver apresentado meia dúzia de versões contraditórias sobre algo que batizou e depois assegurou que nunca existira - o personagem aproveitou seus minutos de visibilidade nacional para “denunciar” o ex-presidente Lula.

É evidente que Lula pode ser questionado, como qualquer cidadão, independentemente do cargo que ocupou. Tanto que já o tinha sido, nessa mesma Corte. Que havia avaliado a consistência do que fora alegado contra ele e deliberado que não justificava qualquer providência.

O disparate do gesto é evidente. O que o advogado fez foi apenas exibir sua ignorância a respeito das regras do julgamento de que participava - e com retórica medíocre.
Pior, no entanto, foi perceber como algumas redações receberam seu rompante.

Os defensores dos demais réus, que cumpriram seu papel com respeito ao Tribunal e aos compromissos profissionais básicos, foram ridicularizados quase unanimemente, como se fosse absurdo que lutassem pelos clientes.

O único advogado que resolveu jogar para a plateia teve um dia de herói. Fez a pauta de muitos “analistas sérios”.

Quem se ancora em gente desse calibre mostra que anda pobre de argumentações.
Mas a extemporânea volta da discussão a respeito de Lula acaba por revelar outra coisa. Que aqueles que apostavam que o julgamento do “mensalão” o desgastaria, assim como a Dilma e a seu partido, agora temem pela fragilidade da denúncia.

Nas pesquisas eleitorais disponíveis, não se percebe prejuízo para os candidatos petistas - ou vantagem para os adversários - causado por esse motivo, passadas já três semanas do início. Como se vê, por exemplo, em São Paulo, onde, por enquanto, Serra míngua e Haddad cresce.
Se a denúncia da Procuradoria-Geral só fica em pé graças a muito anabolizante de mídia, se nada indica que afete grandemente as eleições municipais, o que resta?

Pôr um bode na sala. Reaquecem uma acusação contra Lula, imaginando que, para “protegê-lo”, o “lulopetismo” ofereça a cabeça dos acusados.
Duplo erro. Nem Lula precisa disso, nem existe alguém que queira fazer a negociação.

19 de agosto de 2012
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

O RISCO DE BANALIZAR O ILEGAL

 

Todo caixa dois tem um crime antecedente. Um dos piores resultados possíveis do julgamento do mensalão seria a aceitação do caixa dois como fato da vida ao qual deveríamos nos resignar. Aceitá-lo como espécie de subcrime porque “política é assim mesmo”. Empresa que doa de forma clandestina tem propósito inconfessado ou dinheiro de origem criminosa.

Tempos atrás, quando surgia denúncia de que havia caixa dois numa campanha política a notícia ocupava espaço nos jornais e o país se indignava. Agora se infiltra uma cultura de aceitação resumida na frase “isso foi só caixa dois”.

Se isso ficar confirmado em sentenças amenas para esse crime, o Brasil estará abrindo uma enorme brecha para que o crime de corrupção se alastre.

O que levaria uma empresa a preferir a doação de campanha não declarada? Vários motivos, nenhum deles lícito.

Pode estar imaginando auferir vantagens num possível governo futuro e por isso não quer deixar rastro. Pode ser um dinheiro não declarado que está em caixa por negócios escusos anteriores. Pode ser pela exploração de algum ramo de negócio ilegal.

Um dinheiro que circula fora do sistema bancário em espécie, em grandes volumes, está correndo um risco óbvio. Só pode estar fugindo do perigo maior que é ser detectado pela estrutura de controle dos meios de pagamento.
Lícito não é.

A atitude implícita na naturalização do crime de caixa dois é o maior perigo que está surgindo no julgamento do mensalão. Desde que Delúbio admitiu “o dinheiro não contabilizado”, e após o ex-presidente Lula ter dito a famosa frase de que “o PT fez o que é feito sistematicamente neste país”, construiu-se a convicção de que é aceitável o que não é.

O advogado de Delúbio Soares, Arnaldo Malheiros Filho, ao falar no Supremo admitiu que seu cliente quando tesoureiro do PT distribuíra dinheiro de caixa dois. E por isso é que o fez pelas vias tortuosas descritas nos autos. “O procurador pergunta: por que não se faziam transferências bancárias? Porque era ilícito. Deram despesas sem nota. Quem tem uma vivência de eleições no Brasil sabe que o que circula é a moeda sonante. Era ilícito mesmo. Delúbio é um homem que não se furta a responder por aquilo que fez. Ele fez caixa dois de campanha, isso ele não nega. Agora, ele não corrompeu ninguém.”

O primeiro ato não tem sujeito. Ele diz que “deram” dinheiro sem nota. O raciocínio oficializa o divórcio entre caixa dois e corrupção. O problema é que aceitando-se isso e transformando o caixa dois numa espécie de crime tolerável, inúmeros outros podem estar sendo encobertos e oficializa-se o manto protetor ao corrupto.

Já é difícil combater o dinheiro ilegal na campanha, ficará impossível se ele for tratado como parte da paisagem da política no país, uma espécie de efeito colateral inevitável.

A proposta de solução leva ao risco de aumentar a prática. O financiamento público exclusivo de campanha pode levar, diz Cláudio Abramo, da Transparência Brasil, a um aumento das doações clandestinas. Se proibidas essas doações, os partidos continuarão indo nas grandes empresas e todo o caixa um virará caixa dois.

O problema pode acontecer em qualquer país e já houve muitos escândalos no mundo por doações não contabilizadas. Um deles colocou Helmut Kohl no eterno ostracismo.

O que difere um país de outro é o rigor da punição que recai sobre esses políticos. É esse o momento em que estamos decidindo: se aceitaremos mais rigor nas punições ou se vamos tratar com leveza um crime que é a ponta do iceberg de outros crimes.

19 de agosto de 2012
Miriam Leitão, O Globo

FRASE DO DIA


"Você veja como o Ayres [Carlos Ayres Britto, presidente do STF] está mudado. Ele está se mostrando um outro juiz. Ele não está guardando a postura que sempre teve no tribunal, que é a do entendimento."


Marco Aurélio Mello, ministro do STF, criticando o ritmo do julgamento e contrariado com o apoio de Ayres às iniciativas do relator do caso, Joaquim Barbosa

19 de agosto de 2012

O FIO DA MEADA

 

O relator Joaquim Barbosa, no seu voto em tese condutor do julgamento, avançou em algumas questões até então em aberto: levou em conta as investigações da CPI, foi além da versão do crime eleitoral e mostrou que a dúvida sobre se havia pagamentos mensais ou não a parlamentares em troca de apoio ao governo Lula pode ser secundária.

O ministro condenou o deputado João Paulo Cunha, o publicitário Marcos Valério e dois sócios dele na agência SMP&B por peculato, corrupção e lavagem de dinheiro pelo uso da Câmara dos Deputados como instrumento de desvio de recursos públicos mediante contratação de serviços cuja prestação não correspondia aos pagamentos recebidos.

No período em que João Paulo foi presidente da Câmara, a empresa recebeu quase R$ 11 milhões pela execução de trabalhos no valor de apenas R$ 17 mil. Segundo o entendimento do relator, o deputado direcionou a licitação em favor de Marcos Valério, que o remunerou por isso.

A evidência seriam os R$ 50 mil recebidos pela mulher de João Paulo no caixa de uma agência do Banco Rural em Brasília, pagamento autorizado mediante fax pela empresa de Marcos Valério. Se a pedido do tesoureiro Delúbio Soares ou não, se para pagar dívida de campanha eleitoral ou não, o relator repetiu: pouco importa, pois o essencial é a caracterização da troca de favores.

Daí a corrupção, daí a infração do princípio da impessoalidade previsto no artigo 37 da Constituição. Da tentativa de ocultação (a primeira versão era a de que a mulher de João Paulo teria ido ao banco pagar uma fatura de TV a cabo) decorreria a lavagem de dinheiro e do uso das prerrogativas de presidente da Câmara para favorecer a SMP&B, o peculato.

Um episódio síntese, a partir do qual Joaquim Barbosa parece pretender desvendar a trama toda arquitetada pela organização cujos participantes cometeram o que o relator entendeu terem cometido os primeiros condenados por ele: corrupção, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e, por óbvio, formação de quadrilha.

A contabilização ou não de recursos nesse quadro, convenhamos, é o de menos.

À míngua. Houve um tempo em que as comissões de inquérito emitiam ordens de prisão, faziam operações de busca e apreensão e não davam trégua aos convocados para depor.

Cometeram-se muitos abusos, humilhações, sem contar memoráveis chamamentos ao "teje preso".
Da exorbitância caiu-se no terreno oposto da completa inação em decorrência dos sucessivos habeas corpus concedidos pelo Supremo nem sempre interpretados em sua real dimensão pelos parlamentares que, no lugar de encontrar um caminho adequado para fazer valer suas prerrogativas, preferiram abrir mão delas.

Chegou-se agora ao clímax da interpretação de que nada valem e podem muito pouco com o pedido de Fernando Cavendish ao STF para não atender à convocação da CPI do Cachoeira. O pedido em si é uma impertinência.
Se atendido, terá se configurado um desacato ao Congresso.

Lições do abismo. A três fatores o tucanato atribui a queda de José Serra nas pesquisas e o empate com Celso Russomanno: o peso da rejeição a Gilberto Kassab, a desconfiança do eleitorado de que Serra não cumprirá o mandato até o fim e o gosto por uma nova experiência, também conhecido pelo nome de fadiga de material.
Deixam de lado, contudo, outros dois: o desacerto interno do PSDB - nacional e regionalmente falando - e o "incentivo" de Kassab e companhia à candidatura de Russomanno na expectativa de tirar Fernando Haddad do segundo turno.
O último partido (PT) que tentou esperteza dessa natureza elegeu Severino Cavalcanti presidente da Câmara dos Deputados.
Agora a esperança dos tucanos é o pouco tempo de televisão do candidato do PRB e a preferência dos petistas por Serra na hora do vamos ver.

19 de agosto de 2012
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

IMAGEM DO DIA


Dendrobates azureus possui cores chamativas que advertem os possíveis predadores. Contém um potente veneno neurotóxico na pele
Dendrobates azureus possui cores chamativas que advertem os possíveis predadores. Contém um potente veneno neurotóxico na pele - Brando Alms/Getty Images/iStockphotos

19 de agosto de 2012

BRASIL DE DILMA E LULA É LIDER MUNDIAL EM TRIBUTAÇÃO DE REMÉDIO

Brasil é líder mundial em tributação de remédio. Entre 38 países, produto nacional tem a maior alíquota, de 28%. Sem subsídios do governo para comprar medicamentos, o brasileiro sofre com o impacto da taxação


Entre 38 países, o Brasil é hoje recordista no nível de tributação sobre os medicamentos vendidos nas farmácias sob prescrição.

A somatória das alíquotas de impostos federais e estaduais incidentes sobre o produto, de 28%, é três vezes maior que a média obtida entre os países do estudo.

Alguns, como Canadá, México e Reino Unido, têm alíquota zero sobre os remédios.

A constatação é de um estudo inédito elaborado pelo pesquisador Nick Bosanquet, professor de políticas de saúde do Imperial College, em Londres, que considerou os impostos sobre consumo em cada um dos países.

No Brasil, foram contabilizados o ICMS, imposto cobrado pelos governos dos Estados, e o PIS/Cofins, cobrado pelo governo federal.

O ranking faz parte de uma publicação da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), que será divulgada amanhã.

GASTOS PESSOAIS

O nível recorde de tributação tem impacto direto no bolso dos consumidores, uma vez que, no mercado brasileiro, os gastos com remédios não são reembolsados pelo Estado ou pelos planos de saúde, como ocorre em países desenvolvidos.

No mercado farmacêutico brasileiro, cujo faturamento somou R$ 42,8 bilhões em 2011, segundo dados do instituto IMS Health, 71,4% do desembolso é realizado diretamente pela população.

Nos países europeus, de 10% a 15% dos gastos são assumidos pelo consumidor.

"O consumidor tira do próprio bolso para financiar seu tratamento e ainda paga o maior tributo do mundo", diz Antonio Brito, presidente da Interfarma. "A soma das duas situações é explosiva."

A eliminação de tributos sobre medicamentos prescritos pode aumentar as vendas em 2,5% a 5%, diz o estudo.

Esse impacto ocorreria sobretudo entre os consumidores de menor renda.

Dados do IBGE mostram que o desembolso das famílias de classe E em medicamentos é de R$ 7 por mês.

Os mais ricos gastam por mês R$ 97, enquanto a média nacional é de R$ 38,60.

"Esses números mostram que o acesso aos medicamentos depende exclusivamente da renda do brasileiro", afirma Brito.

ICMS

Segundo o tributarista Bruno Coutinho de Aguiar, do escritório Rayes e Fagundes, o grande vilão da tributação no setor farmacêutico é o ICMS. A alíquota do imposto dos Estados é de, em média, 17%.

"Um produto essencial como o medicamento tem uma alíquota maior que a de automóveis, por exemplo."

Marcelo Liebhard, diretor de assuntos econômicos da Interfarma, diz que, em muitos Estados, o valor arrecadado com o ICMS sobre medicamentos é superior à quantia gasta pelo governo na distribuição de medicamentos.

"Isso ocorre em São Paulo, onde são recolhidos R$ 3 bilhões de imposto."

Segundo os especialistas, o preço impeditivo faz com que cresçam as demandas na Justiça pedindo o fornecimento de medicamentos pelo governo. Estima-se que existam 200 mil processos na Justiça brasileira com esse tipo de solicitação.

19 de agosto de 2012
CLÁUDIA COLLUCCI e MARIANNA ARAGÃO - Folha de São Paulo

LÁ DAS BANDAS DO SANATÓRIO

 

A arte da escolha
Ei, paulistano! Se lhe dessem o direito de escolher livremente, sem coerção e indução partidária, um candidato a prefeito de São Paulo, você escolheria algum desses? São Paulo não tem mesmo nada melhor para cuidar do seu destino?!?
 

Aécio - O Amarelão

Aécio Neves, O Amarelão, está mais para governador outra vez das Minas Gerais do que para vice de Eduardo Campos na corrida para o Palácio do Planalto em 2014. Candidato a presidente da República é que ele não se anima a ser
 
O mundo dá cada volta... Naquele tempo, quando Zé Dirceu era chefe da Casa Civil, ele sugeriu que a então ministra de Minas e Energia, Dilma Vana, tomasse conhecimento dos negócios de Colin Foster, marido de Graça Foster, na Petrobras.
Div/PR

Porque sabia de quem se tratavam - tanto o conselheiro quanto o gracioso marido - Dilma Vana fez ouvidos moucos e cara de paisagem. A amiga Graça Foster foi nomeada dona da Petrobras, Lula deu a volta ao mundo em oito anos e Graça continua no poder. Já os amigos de Dirceu foram todos demitidos

Isso é o de menos. O demais é que a Petrobras desanda, a Graça manda e desmanda, e o marido ainda anda por aquelas bandas.
19 de agosto de 2012
sanatório da notícia

REPUBLICANAGENS

 

JACK & ELIZE

Ministro Joaquim Barbosa venceu a quebra de braço com Lewandowski e o melífluo Marco Aurélio Mello e o julgamento dos mensaleiros será fatiado. Os ministros do STF entraram em acordo para pôr fim à briga do relator com o revisor e o agregado sobre como deve sr o julgamento dos réus do Mensalão.
Pronto, Barbosa é o Jack Estripador do Supremo. Vai adotar o método Elize Matsunaga - que cortou em picadinho o seu marido, Marcos Kitano, empresário da Yoki - e fatiar a pandilha dos propineiros. A diferença é que, em vez de escondê-los em uma mala, vai colocá-los dentro de uma Caixa-2.



 
 
SONHO E PESADELO
Ibope: Celso Russomanno venceria as eleições para prefeito paulistano no 2º turno. No primeiro turno, para que acredita em pesquisa eleitoral, ele está empatado com o tucano Zé Serra, ambos com 26%. A polarização sonhada por Lula virou pesadelo. Fernando HaHaHaddad ainda sonha com Marta Suplicy gastando sola de sapato na sua caminhada sem rumo.


VOLTA LULA
"A entrada de Lula na campanha terá o seu preço". Foi com esta ameaça simples assim que Fortunati, candidato à reeeleição em Porto Alegre, prenunciou a saída do PDT da base do governo Dilma Vana, se o Voz Rouca das Ruas se meter lá pelos Pampas.
Isso é tudo que a campanha "Volta Lula" mais deseja e quer. Não é por nada mais que a banda larga do Cara que saiu do Palácio mas não larga o osso, está usando um laranjão sem chance nenhuma de chegar ao Piratini. Quanto menos aliados Dilma Vana tiver em 2014, mais chance tem Lula de tomar o seu lugar.
O jornal Estado de S. Paulo fez o que qualquer um pode fazer com base na Lei de Acesso à Informação: pediu e levou informações sobre as andanças e contradanças da Casa Civil nos bons tempos de Zé Dirceu. E agora pode editar o que constatou: Documentos do Planalto expõem ações de Zé Dirceu no comando da Casa Civil

O então homem forte do início da gestão Lula está no olho do furacão de uma montanha de documentos que mostram a troca explícita de cargos por apoio parlamentar, intervenção para audiência com empresa privada e investigações internas de integrantes da máquina pública. Saiba mais a respeito desse desrespeito todo clicando www.estadao.com.br .
A verdade é que Dirceu sabia de tudo, só não sabia que os seus contatos de todos os graus recebiam 30 dinheiros para dar em Lula - que também não sabia de nada - uma "punhalada pelas costas".
19 de agosto de 2012
sanatório da notícia

GURGEL JOGA NOVO MEMORIAL NOS TELHADOS DE VIDRO

 

O procurador-geral Roberto Gurgel, alvo principal das pedradas dos advogados de defesa dos mensaleiros, tirou uma carta da manga e apresentou um novo memorial que reafirma a culpa de Zé Dirceu. Os defensores dos réus batem pé e reclamam.

Reprodução

A prática não é novidade no Supremo. É até muito comum naquela corte. Os próprios advogados dos réus também podem apresentar memoriais a qualquer momento.

O pulo do gato é que esses documentos não podem trazer fatos novos; devem apenas reafirmar o que já foi sustentado ao longo do processo.

Bem feito. Os emplumados causídicos dos mensaleiros - exceção ao advogado de Jefferson, Luiz Francisco Barbosa que se apresentou como se estivesse em casa - todos se dedicaram a confessar caixa-2 ou a jogar bosta em Gurgel como se fosse a Geny do Mensalão, agora estão se dando conta de que seu telhado é de vidro.
 
19 de agosto de 2012
sanatório da notícia

HANTONIOS, HARMANDOS, JOZÉS ETC ETC ETC

 

Quando vi a imagem da chinesa Miss Universo na internet, a ficha caiu: eles dominaram tudo, até o besteirol da Miss Universo. Antes desse feito “memorável” os chineses já dominavam a tecnologia espacial, a nuclear, a energética, a militar. Seus engenheiros hoje fazem obras fantásticas, seus cientistas brilham em todos os campos. Seus atletas são ouro Olímpico. A China em dez anos será uma potência mundial sem igual. A China já tem até uma Miss Universo.
Mas ela começou comunista, me refiro à China do século XX. Depois, seus líderes inteligentes, que desconfiavam dos ensinamentos de Mao Tse Tung, os quais levaram a China moderna ao atraso mais cruel - tudo em nome da fantasia sangrenta do comunismo -, decidiram que o comunismo ou o socialismo ficaria vivo apenas no domínio político e militar. À sociedade foi dado um ar de liberdade econômica e até foram permitidos devaneios pessoais. A economia e a indústria chinesas se modernizaram aos moldes capitalistas. As novas lideranças políticas pós-Mao decidiram anos atrás que os melhores alunos chineses iriam buscar conhecimento e tecnologias em países como os EUA, Inglaterra, Alemanha, etc, e que voltariam ao seu país de origem para construir uma novíssima China. Nessa nova China desenvolvida 2 +2 passou a ser sempre 4.
No Brasil, ao contrário, o caminho foi inverso. Nossas últimas luzes no campo da Educação duraram até o fim do ciclo militar de 1964-1984, depois disso, temos exatos 38 anos de domínio ideológico socialista, com algumas práticas comunistas, e como não poderia deixar de ser, com práticas corruptas como as que hoje se vê em escala antes desconhecida. Descemos ao fundo do poço. Depois de 1984 fomos vítimas de Sarney, Itamar, FHC, Lula, Dilma; a nossa Educação virou farelo, ou água e, aos nossos alunos tornou-se permitido concluir que 2+2 é qualquer coisa, inclusive 4. Os chineses comunistas não cometeram este erro; nós, brasileiros socialistas, sim.
O resultado está aí para quem quiser ver. Mas, lamento dizer: nada mudará. Há vinte anos diagnostiquei um câncer pedagógico letal na Educação. O câncer se alastrou por toda a sociedade. Ao caso gravíssimo da Educação seguiu-se a degeneração de toda a sociedade. Hoje se reconhece o diagnóstico, mas os “doutores pedagogos” chamados trazem de novo os mesmos venenos que levaram a Educação à morte. O modelo deletério de Paulo Freire está entranhado na Educação e nos hábitos brasileiros.
No Rio Grande do Sul, um governante inepto e malicioso criou um sistema infalível do qual a Educação gaúcha, uma das melhores do país há alguns anos, será liquidada de vez. As mentes degeneradas eleitas pelo povo já não mais se escondem. O Brasil desconhece como ficou a Educação Média no Rio Grande do Sul. Os socialistas aqui tem pressa pelas mãos criminosas do seu governador. O currículo escolar estadual criará números muito maiores do que os números nacionais de gente “formada” e amplamente analfabeta. Segundo recente pesquisa os semi-analfabetos já são no Brasil uma legião: 54% dos alunos que têm o Ensino Médio completo são semi-analfabetos. Nas universidades é pior: 36% dos formandos e recém formados são semi-analfabetos. Para esses todos 2+2 é qualquer coisa. O importante na visão do Estado é que eles sejam cidadãos completos, isto é, que votem em candidatos socialistas, ou seja, 100% dos candidatos, e que engulam goela abaixo os slogans degenerados do regime.
As instituições do país estão podres em todos os graus. Nossa Justiça é o que se vê: acovardada e pautada por milícias comunistas que agem em jornais, internet, e em movimentos “sociais” de rua, organizados por jornalistas, sindicatos, e financiados por líderes políticos e econômicos comandados por advogados corruptos milionários. Saúde, Segurança, tudo isso está no domínio de lideranças socialistas onde 2+2 é 5, ou 6, ou 3, e até 4.
Não canso de bater nesta tecla. O Brasil foi deixado assim de propósito. Foi caso pensado. Isso não é aleatório; isso cumpre um cronograma desenhado nos idos de 50 nos gabinetes globalistas da América e da Europa e que preconizavam que a Educação deveria ser deixada no seu nível mais baixo possível. Comunistas como Darcy Ribeiro, Leonel Brizolla, Cristóvão Buarque defenderam e ainda defendem hoje esse modelo diabólico de controle social através do emburrecimento geral. A deseducação hoje é maior do que a educação. A população brasileira mais velha voltou a ficar analfabeta, e as gerações mais novas jamais se alfabetizarão, segundo esse modelo perverso. A ordem foi cumprida com êxito; a deseducação em massa em países atrasados como o Brasil e todo o terceiro mundo é uma realidade. Lembram da expressão Terceiro Mundo? Foram eles que a criaram. Hoje, até nos EUA o processo de emburrecimento é geral e eficiente.
Ontem, assistindo a um jogo de futebol na TV percebi a surpresa do narrador quando entrou em campo um jogador chamado HIGOR. Isso mesmo! Higor, com agá! Fico imaginando como esse rapaz veio a se chamar Higor. Mas já sei a resposta: os analfabetos tomaram conta de tudo: dos Cartórios de Registro de Nascimentos ao Ministério Público. Se o pai analfabeto quiser chamar seu filho de Hantonio, ou Jozé, ou Eloyza, o Estado não poderá impedir. O “cidadão” analfabeto é uma arma letal. O Ministério Público teme essa arma mortal. Não admiraria que alguns promotores estejam na faixa dos 36% de semi-analfabetos. Duvidam? Vejam quantos juízes passam nos concursos, quantos bacharéis de Direito passam no exame da Ordem, etc.
 
Depois disso encham o peito triunfantes e corram para as arenas do pão e do circo, ou, como dizia Nelson Rodrigues, sentem no cordão da calçada e derramem lágrimas de esguicho pela desgraceira nacional.
 
19 de agosto de 2012
Charles London

REPORTAGEM-BOMBA REVELA DOCUMENTOS DO PLANALTO EXPONDO AÇÕES DE JOSÉ DIRCEU QUANDO ERA MINISTRO DE LULA


Documentos oficiais obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo - entre correspondências confidenciais, bilhetes manuscritos e ofícios - revelam os bastidores da atuação de José Dirceu no comando da Casa Civil, entre janeiro de 2003 e junho de 2005. Liberados com base na Lei de Acesso à Informação, os papéis enviados e recebidos pelo homem forte do governo Luiz Inácio Lula da Silva explicitam troca de favores entre governo e partidos aliados, intervenções para que empresários fossem recebidos em audiências e controle sobre investigações envolvendo nomes importantes da máquina pública.
 
Dirceu deixou o governo em meio ao escândalo do mensalão, acusado de comandar uma "quadrilha" disposta a manter o PT no poder via compra de votos no Congresso - ele é um dos 37 réus do julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal. Desde a saída do governo, mantém atuação partidária e presta serviços de consultoria a empresas privadas no Brasil e no exterior.
 
Uma centena de ofícios dos primeiros anos do governo Lula agora tornados públicos trata quase exclusivamente da ocupação dos cargos públicos por partidos aliados. Sob a "incumbência" de Dirceu, Marcelo Sereno, seu chefe de gabinete e braço direito, despachava indicações de bancadas, nomeações e currículos para os mais variados cargos federais.
 
A troca de ofícios com o então presidente do PL (hoje PR), deputado Valdemar Costa Neto, não esconde os interesses de cada um. O assunto é a negociação de cargos-chave na Radiobrás. Em ofício arquivado na Presidência com o número 345/Gab-C.Civil/PR, Valdemar indica nomes à estatal federal de comunicação e acrescenta: "Certo de que V.Exa. poderá contar com apoio integral desta Presidência e da Bancada do Partido Liberal no Congresso."
 
Em 27 de fevereiro de 2003, Dirceu ordena que a demanda seja encaminhada ao então presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci.
 
Valdemar viria a ser denunciado mais tarde sob a acusação de integrar a "quadrilha" do mensalão por ter recebido dinheiro do valerioduto. Hoje deputado pelo PR, o parlamentar também aguarda a sentença do STF.
 
Os documentos liberados também mostram pedidos de colegas de partido de Dirceu. Em 11 de fevereiro de 2003, por exemplo, a deputada estadual petista Maria Lúcia Prandi envia mensagem onde diz tomar "a liberdade de estabelecer contato no sentido de solicitar audiência para tratar de questões referentes à condução de articulações no sentido de consolidar a relação partidária com as ações governamentais, em especial assuntos relativos à atuação desta parlamentar na Baixada Santista".
 
Outro ofício recebido pelo Planalto mostra o então presidente do Diretório Regional do PT em Sergipe, Severino Oliveira Bispo, pedindo a Dirceu para tratar da seguinte pauta: "1) Apresentação da relação dos nomes dos indicados para os cargos federais no Estado; 2) O que mais ocorrer".
 
A documentação liberada revela uma ordem da Casa Civil a favor de uma empresa. Em 13 de março de 2003, a pedido de Dirceu, Marcelo Sereno intermedeia pedido de audiência de representantes da Ondrepsb Limpeza e Serviços Ltda. no Ministério da Justiça. Naquele ano, a empresa de Santa Catarina recebeu R$ 2,9 milhões do governo federal. Em 2004, ganhou R$ 3,9 milhões. Segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), a média de pagamentos dos três anos posteriores ao ofício foi 100% maior em comparação ao mesmo período que antecedeu a intervenção.
 
ControleOs registros mostram ainda que Dirceu mantinha uma rede de informações que extrapolava os órgãos federais de investigação. O serviço era tocado pela Secretaria de Controle Interno. Vinculado à Casa Civil, comandado à época por José Aparecido Nunes Pires, celebrizado em 2008 por ter sido apontado como um dos autores do dossiê com dados sigilosos sobre os gastos com cartões corporativos no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
 
Os documentos indicam, por exemplo, que Dirceu teve acesso - antes do ministro da Justiça da época, Márcio Thomaz Bastos - às gravações de um encontro entre o assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no Aeroporto Internacional de Brasília. Fitas e documentos relacionados ao assunto chegaram ao ex-ministro pelo então chefe da Polícia Civil do Distrito Federal, Laerte Bessa.
 
As imagens foram gravadas pela segurança da Infraero atendendo a uma solicitação da polícia de Brasília, em uma investigação sigilosa. Só após passar pelo crivo de Dirceu é que a investigação foi remetida a Thomaz Bastos, hoje advogado de um dos réus do mensalão, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, e ex-defensor de Cachoeira. Questionada pela reportagem, a Casa Civil confirmou que dois agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) faziam na época parte da estrutura da Casa Civil e estavam subordinados ao então ministro.
 
Nota

Em outro caso, conforme os documentos, a atual presidente da Petrobrás, Graça Foster, foi alvo de investigações tocadas pela estrutura de Dirceu. Na época, ela ocupava o cargo de secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia. Adversária do grupo político do então ministro, Graça foi questionada sobre contratos da empresa do marido, Colin Foster, com a Petrobrás.
 
A nota técnica 23/2004, encaminhada para a então ministra da pasta, Dilma Rousseff, levanta detalhes da atuação da empresa, contratos e considera "prudente" que Dilma, hoje no comando do País, tomasse conhecimento das denúncias. O documento com timbre de "urgente" ressalta que Graça Foster participava, inclusive, do Grupo de Trabalho, instituído pela Casa Civil, encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade de utilização do biodiesel como fonte alternativa de energia. Do site do jornal O Estado de S. Paulo
 
19 de agosto de 2012
in aluizio amorim

ENFIM, UM DIAGNÓSTICO LÚCIDO SOBRE O DESASTRE DO ENSINO PÚBLICO FUNDAMENTAL E MÉDIO NO BRASIL

Ou: Reformando o ensino com parede cor-de-rosa, teatro e tablets… Funciona? É claro que não!


O governo divulgou na semana passada o resultado do Ideb, que avalia o ensino fundamental e médio. Comentei o desastre aqui em alguns posts. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, no entanto, comemorou. Compreendo.

A presidente Dilma Rousseff, como sabem, está prestes a endossar uma lei verdadeiramente criminosa aprovada pelo Congresso: a reserva de 50% das vagas das universidades federais para alunos egressos da escola pública, segundo a cor da pele dos estudantes.

Pesquisa recente demonstra que nada menos de 4% dos universitários brasileiros são semialfabetizados, e escandalosos 38% não são plenamente alfabetizados. É a tragédia da escola pública fundamental e média se alastrando célere no terceiro grau. Sancionada a lei — Dilma e Mercadante a aprovam —, a universidade pública estará condenada a funcionar como curso supletivo, destinado a suprir as deficiências do ensino nas etapas anteriores. Pior: diminuirá enormemente a pressão em favor da melhoria da escola pública.

Muito bem! As Páginas Amarelas de VEJA desta semana trazem uma entrevista com João Batista Araújo de Oliveira, especialista em educação que põe os pontos no “is”. Voltarei a este assunto (espero que Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio de Mello não abusem excessivamente da nossa paciência) para discutir por que, afinal de contas, o Brasil tem feito tudo errado nessa área. Destaco algumas frases de Oliveira:
Qualidade do professor:
“Desde a década de 60 há um rebaixamento do nível do pessoal, e a qualidade do ensino depende essencialmente do professor.”

Palavrório pedagógico
“As escolas têm um punhado de papéis reunidos sob o nome de ‘proposta político-pedagógica’, seja lá o que isso queira dizer: começa com uma frase do Paulo Freire e termina citando Rubem Alves.”

Programa de ensino
“É preciso ter um programa de ensino: afinal, se você não sabe o que ensinar, como vai saber o que avaliar?”

Premiar e punir
“É preciso premiar quem faz direito e punir quem não faz. Hoje, o único punido no sistema de ensino brasileiro é o aluno reprovado. Isso é covardia.”

Pedagogos demais, gestores de menos“O problema é que as escolas e as secretarias de Educação estão povoadas de pedagogos, e não de gestores.”

Idiotia deslumbrada
“Porque no Brasil o que importa é acessório. O legal é colocar xadrez na escola, é ensinar teatro. O brasileiro vai à Finlândia e acha que o sucesso da educação daquele país se deve ao fato de que as paredes das escolas são pintadas de rosa.”

Enem
Ficamos com esse troço que ninguém sabe o que é. O Enem não tem a menor importância.”

Tablets nas escolas
Nenhum país conseguiu melhorar a educação a partir do uso da tecnologia. (…) Não adianta colocar ingredientes certos na receita errada.”

Verba para educação
“Desde 1995, o salário do professor quintuplicou no Brasil, mas não houve avanço no de­sempenho do ensino. Então, aumentar uma variável só não vai mexer no resul­tado.”

Educação em 2021

Estaremos no mesmo patamar. Não há nenhuma razão para pensar que será diferente.”
Leiam trechos da entrevista. A íntegra está na revista. Por Nathalia Goulart:
 Há décadas governos estaduais, municipais e federal se vangloriam de suas escolas-modelo, unidades que recebem toda a atenção da administração de plantão e que, por isso, se destacam dos demais colégios públicos pela excelência.
Os governantes deveriam, na verdade, se envergonhar da situação, afirma o educador João Batista Araújo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, ONG dedicada à educação.

O argumento do especialista é simples: “As escolas-modelo são exceções.
 A regra, como sabemos, são as demais escolas do Brasil”. Para incentivar governos a corrigir a distorção.
Oliveira criou, em parceria com a Gávea Investimentos e a Fundação Lemann, o Prêmio Prefeito Nota 10, que vai dar 200 mil reais a administradores municipais cuja rede de ensino fundamental obtenha a melhor avaliação na Prova Brasil, exame federal que mede a qualidade do ensino público no ciclo básico. Escola-modelo, portanto, não conta. “Não adianta o prefeito falar que tem duas escolas excepcionais se as demais não acompanham esse nível.
Queremos premiar o conjunto.” Confira a seguir a entrevista que ele concedeu a VEJA.

O MEC divulgou nesta semana os resultados da Prova Brasil, que mostra o nível de aprendizado das crianças no ciclo fundamental das escolas públicas. Como o senhor avalia os resultados?
Eles foram divulgados com grande fanfarra, mas não há nenhuma justificativa para isso. Se você analisa a questão no tempo, percebe que existe estagnação. Há um ponto fora da curva, os resultados divulgados em 2010. Mas eles não foram corroborados neste novo exame, e já esperávamos isso.
Estamos onde estávamos em 1995. Há uma melhora bem pequena nos anos iniciais da escola, e pouquíssima variação nas séries finais e no ensino médio.
Os gastos em educação aumentaram — e muito — e foram criados muitos programas, mas isso não tem consistência suficiente para melhorar a qualidade do ensino. Então, temos duas hipóteses para a estagnação: ou os programas criados são bons, mas não foram bem executados, ou são desnecessários e não trouxeram benefício algum.

Especialistas, entre os quais o senhor, pregam que uma reforma educacional eficaz se faz com receitas consagradas — ou seja, sem invencionices. Quais são os ingredientes para o avanço?
O primeiro é uma política para atrair pessoas de bom nível ao magistério. Desde a década de 60 há um rebaixamento do nível do pessoal, e a qualidade do ensino depende essencialmente do professor.

O segundo ingrediente é a gestão do sistema. Uma boa gestão produz equidade: todas as escolas de uma mesma rede funcionam segundo o mesmo padrão. Hoje, unidades de uma mesma rede estadual ou municipal apresentam desempenhos díspares.

O terceiro é a existência de um programa de ensino estruturado, que falta ao Brasil. As escolas têm um punhado de papéis reunidos sob o nome de “proposta político-pedagógica”, seja lá o que isso queira dizer: começa com uma frase do Paulo Freire e termina citando Rubem Alves.

Os governos de todos os níveis abriram mão de manter uma proposta de ensino, detalhando o que os alunos devem aprender em cada série. O quarto ingrediente é um sistema de avaliação que possa medir a evolução do aprendizado. Para isso, porém, é preciso ter um programa de ensino: afinal, se você não sabe o que ensinar, como vai saber o que avaliar?
De posse de bons profissionais, gestão, programa de ensino e métodos de avaliação, acrescenta-se o último ingrediente, um sistema de premiação e punição. Algumas redes começam a pensar em um sistema de premiação, mas não adianta só dar incentivo. É preciso premiar quem faz direito e punir quem não faz.

Hoje, o único punido no sistema de ensino brasileiro é o aluno reprovado. Isso é covardia. Nada acontece com professor, diretor, secretário de Educação, prefeito ou governador quando eles falham.

(…)

Por que é tão difícil levar a qualidade das escolas-modelo para toda a rede de ensino?

Porque no Brasil o que importa é acessório. O legal é colocar xadrez na escola, é ensinar teatro. O brasileiro vai à Finlândia e acha que o sucesso da educação daquele país se deve ao fato de que as paredes das escolas são pintadas de rosa. Na volta ao Brasil, ele quer pintar todas as escolas daquela cor. Depois, ele vai à Franca, onde vê um livro que julga importante e decide introduzi-lo nas escolas daqui… Em vez de olharmos o que os sistemas de ensino daqueles países têm em comum, olhamos exatamente para o que há de diferente neles, como se isso fosse a bala de prata da educação. Por isso gestão é tão importante: é preciso focar o DNA da escola e deixar de lado o que é periférico. O problema é que as escolas e as secretarias de Educação estão povoadas de pedagogos, e não de gestores. Não conheço uma Secretaria de Educação no Brasil que tenha um especialista em demografia, que saiba quantas crianças vão nascer nos próximos anos e, portanto, quantas escolas precisam ser abertas ou fechadas.


Há alguns meses, o MEC anunciou a aquisição de milhares de tablets para professores. O senhor vê isso com bons olhos?

É mais confete. O bom professor vai se beneficiar; o mau, não. E nem o benefício ao bom professor justifica o custo. Quando a tecnologia está atrelada ao professor, ele, o ser humano, vai ser sempre o fator limitante. Nenhum país conseguiu melhorar a educação a partir do uso da tecnologia. Não estou dizendo que a tecnologia seja ruim. Ela tem potencial, desde que seja usada no contexto apropriado. Não adianta colocar ingredientes certos na receita errada.

A sensação generalizada é que o ensino público nacional é um desastre. É uma visão errada?

É uma visão correta. Sobretudo para as crianças pobres, que teriam na escola a única chance de ascensão social. A escola é um desastre quando analisada pela ótica das avaliações internacionais, e um desastre também do ponto de vista pessoal, individual. A única chance que um cidadão tem de melhorar de vida no Brasil é’ por meio da educação de qualidade. E ela não tem qualidade para a maioria das pessoas. O número de jovens que chegam ao ensino médio é baixíssimo, e, entre estes, a evasão é uma calamidade. E o governo é incapaz de entender que há um modelo errado ali, que penaliza jovens justamente quando eles atravessam uma fase de afirmação.

O Enem foi criado como ferramenta de avaliação e aprimoramento do ensino médio. Porém, vem sofrendo mudanças para atender a outro fim: a seleção de estudantes para universidades públicas. Qual a avaliação do senhor a respeito?

Ninguém consegue servir a dois senhores. O Enem nasceu com um formato, mas transformou-se em outra coisa. Ele nasceu para ser uma prova de avaliação das competências dos jovens, mas não deu certo. Em seguida, tentou-se vender a ideia de que é uma prova seletiva, um vestibular barato. E ficamos com esse troço que ninguém sabe o que é. O Enem não tem a menor importância. A ideia de ter uma forma simplificada de ingresso à universidade é bem-vinda, mas isso não serve para todos os estudantes do ensino médio.
(…)

Tramita no Congresso o Plano Nacional de Educação, que prevê aumentar o porcentual do PIB destinado à área de 5% para 10%. A falta de dinheiro é a razão de crianças não saberem ler ou operar conceitos fundamentais de matemática?

O país deve investir em educação, mas colocar dinheiro na equação atual é jo­gá-lo fora. O problema mais importante é a gestão. Não adianta pôr mais dinhei­ro no sistema atual porque ele vai ser malgasto. É como pagar dois professo­res que não sabem ensinar: melhor é pagar somente um bom mestre. Temos problemas estruturais muito graves: se eles não forem resolvidos, não haverá financiamento que baste. Desde 1995, o salário do professor quintuplicou no Brasil, mas não houve avanço no de­sempenho do ensino. Então, aumentar uma variável só não vai mexer no resul­tado. A equação é mais complexa. Além disso, 10% é uma cifra descabida do ponto de vista da macroeconomia.

O país estabeleceu metas para o ensino básico até 2021. Como estará o Brasil, do ponto de vista da educação, às véspe­ras do bicentenário da Independência?

Estaremos no mesmo patamar. Não há nenhuma razão para pensar que será diferente. Não se muda a educação, estabelecendo metas, mas a partir de ins­tituições. Não há milagre. Uma vez que não existe investimento nas políticas corretas, não há por que achar que tere­mos uma situação melhor no futuro.

19 de agosto de 2012
Por Reinaldo Azevedo

UMA QUEDA PARA O ALTO - UM LIVRO PARA COMPRAR HOJE, AGORA!

 

Diogo Mainardi está no Brasil. Participamos, diga-se, de um evento no Clube Hebraica, em São Paulo, neste domingo (veja post a respeito). Acaba de chegar às livrarias A Queda – Memórias de Um Pai em 424 Passos, publicado pela Editora Record.

É o melhor livro de Diogo, um grande, um estupendo escritor! É o melhor porque é obra vivida? Sim, a gente poderia sustentar isso. E também é o melhor porque é invenção rigorosa — mas aí há um porém que põe esse livro num grupo muito restrito: sem o que Diogo viveu e vive, esse texto jamais teria sido escrito. Ainda voltarei a ele.

Reproduzo abaixo trechos da resenha escrita por Mario Sabino na VEJA desta semana. Acreditem: há muitos anos não se publica no país um livro com tal força, com tal qualidade, com tal… dureza! Volto para encerrar.

*

Um dos desenhos mais célebres do mundo faz pane do acervo da Accademia de Veneza. Trata-se do Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, em que a única figura humana é retratada em duas posições, como se houvesse fotogramas sobrepostos — dentro de um círculo (com os braços esticados à altura da cabeça e as pernas afastadas) e dentro de um quadrado (com os braços abertos na altura dos ombros e as pernas juntas), círculo e quadrado porque tidos como as formas geométricas perfeitas.
O “Homem Vitruviano” parece fazer um polichinelo, aquele exercício físico banido da ginástica escolar depois de arrebentar os joelhos das gerações com mais de 40 anos. Da Vinci concebeu o desenho em tomo de 1490, a partir das considerações do arquiteto romano Vitrúvio. Um milênio e meio antes, em seu tratado De Architectura, Vitrúvio estabelecera quais seriam as proporções exatas do corpo humano, por meio de uma série de correspondências matemáticas entre as suas diversas partes.

O desenho de Da Vinci é acompanhado, na parte superior e inferior, de explicações sobre tais correspondências, a demonstrar com mais ênfase a intenção do artista de apresentar o modelo de harmonia que deveria servir de base a pintores, escultores e arquitetos.

O Homem Vitruviano é raramente exposto. A última vez foi em 2009. Já sua antítese está em exposição permanente pelas vias e pontes de Veneza: Tito Mainardi, hoje com quase 12 anos, primogênito de Diogo Mainardi. Portador de paralisia cerebral, é como uma espécie de “Menino Antivitruviano” que ele protagoniza A Queda — As Memórias de um Pai em 424 Passos (Record: 152 páginas; 29,90 reais), de autoria do ex-colunista de VEJA. O livro, que chega às livrarias com uma tiragem inicial de 20.000 exemplares, é comovente pelo tema, extraordinário na forma e esplêndido como reflexão sobre a arrogância humana.

Tito é personagem conhecido dos leitores que acompanhavam semanalmente a coluna de Diogo, a mais lida da revista de 1999 a 2010, quando o escritor e jornalista resolveu encerrar espontaneamente a sua colaboração. Ele começou a pensar em escrever o livro sobre a paralisia cerebral de seu primogênito em 2008, ainda no Rio de Janeiro, para onde se mudara quatro anos antes, a conselho de médicos americanos.
O veneziano Tito deveria viver num ambiente quente, onde pudesse exercitar mais as pernas. As areias de Ipanema foram seu primeiro — e ideal para quedas — campo de provas, complementadas pelas garagens térreas dos prédios da orla, nas quais o menino se esbaldava com seu andador, observado do carrinho por Nico, seu irmão carioca, hoje com 7 anos.
Depois que Tito, em férias na cidade natal, alcançou 359 passos sozinho, Diogo decidiu concretizar seu projeto. Diz ele: “Só consegui, contudo, dedicar-me seriamente ao livro a partir de setembro de 2010, na volta definitiva a Veneza. Tive de renunciar à coluna em VEJA, por causa da minha cabeça limitada: sou incapaz de pensar num José Dirceu e, ao mesmo tempo, num Tintoretto. O José Dirceu emporcalha o Tintoretto”. Uma das glórias de Veneza, o pintor é um dos artistas abordados por Diogo em A Queda.

A paralisia cerebral de Tito foi causada por uma obstetra que apressou o parto de maneira desastrada. O dia em que ele veio à luz — 30 de setembro de 2000 — caiu num sábado, e a médica encarregada do procedimento queria terminar seu turno de trabalho mais rápido. Para tanto, decidiu estourar a bolsa com líquido amniótico que protege o bebê. Só que, ao fazê-lo, contrariando todos os manuais de obstetrícia, Tito teve o cordão umbilical esmagado e ficou sem oxigênio.
A saída, nesse caso, era realizar uma cesárea de urgência. A obstetra outra vez errou ao demorar demais para abrir o ventre de Anna, mulher de Diogo, e Tito permaneceu asfixiado por 45 minutos. O resultado foi uma lesão no cérebro que o impede de falar, andar e pegar objetos com as mãos como se faz normalmente. A lesão é tão pequena que é invisível aos exames de imagem mais modernos. Assim, não comprometeu a capacidade intelectual de Tito (…)

Em torno da paralisia cerebral de seu filho, orbitam duas narrativas que se imbricam uma na outra: a do drama familiar e a da história das ideias e de seu corolário, a arte que se quer ex­pressão da Verdade — com “v” maiús­culo —, seja filosófica, religiosa ou ideológica.

(…)

Diogo só poderia escrever esse livro em Veneza, ainda que José Dirceu não emporcalhasse Tintoretto. Foi nessa cidade sem paralelo, que coroa a vaidade do pensamento e da arte, que Diogo se refugiou para escrever seus quatro romances. Foi nessa cidade diferente de todas as outras que ele conheceu a sua queda particular — e, nela, reconheceu as nossas aspirações evanescentes que insistem em sobreviver em quaisquer latitudes.
No livro, Veneza continua a ser extraordinária, como na época de Goldoni, mas não como um tributo ao engenho humano, e sim à sua prepotência, da qual Diogo se despiu existencialmente.

Diz ele a VEJA: “O nascimento de Tito me fez deixar os romances de lado porque mudou o narrador. Em meus romances, eu era o narrador onisciente, que comandava o destino de um bando de personagens idiotas. Depois de Tito, eu me tornei o personagem idiota, e meu destino passou a ser narrado por um menininho de pernas tortas que nem sabia falar. Morreu a minha soberba autoral e, sem ela, era impensável continuar a escrever romances.
Dito de outra maneira: eu sempre imaginei que saberia manter um razoável controle sobre os fatos de minha vida. Tito me mostrou, porém, que eu nunca controlei porcaria nenhuma, e que a única possibilidade de livre-arbítrio ao meu alcance estava na leitura dos fatos, e não nos fatos em si”.

(…)

Voltei

Caros, encerro por aqui a transcrição de trechos da resenha de Sabino. Leiam a íntegra na revista. Transcrevo o passo 82 e assim encerro este post.
Passei o dia na UTI.
Acariciei o rosto de Tito. Ele permaneceu morto. Acariciei o peito de Tito. Ele permaneceu morto. Acariciei a perna de Tito. Ele permaneceu morto. Acariciei as costas de Tito. No momento em que acariciei suas costas, deu-se o inesperado. Subitamente, ele contorceu o corpo e arqueou a coluna.
Tito ressuscitou.
Chorei por meia hora. Depois de ter chorado por meia hora, chorei por uma hora. Depois de ter chorado por uma hora, chorei por duas horas.

19 de agosto de 2012
Por Reinaldo Azevedo