"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 15 de abril de 2013

A HISTÓRIA INVERTIDA

   
          Artigos - Cultura 
Os soviéticos foram sempre os campeões absolutos no recrutamento de jornalistas. Nos EUA, hoje conhecem-se um por um os nomes daqueles que, na mídia americana, serviram à KGB e ao GRU (serviço secreto militar).

No Brasil, esse capítulo da história do nosso jornalismo é ainda um tabu.

O confronto entre militares e terroristas na América Latina dos anos 60-70 foi um episódio da Guerra Fria, onde os atores locais, sem prejuízo de suas convicções e decisões próprias, ecoavam, em última instância, as estratégias respectivas das duas grandes potências em disputa: os EUA e a URSS.

Nada do que então se passou no continente pode ser compreendido sem ter isso em conta.
Se perguntarmos qual dos dois protagonistas estrangeiros interferiu mais profundamente no cenário latino-americano, a única resposta honesta é: a URSS.

Do ponto de vista militar, isso é de uma obviedade gritante. Os EUA jamais chegaram a ter, na época, quarenta mil soldados, quinze mil técnicos em armamentos, setecentas baterias anti-aéreas, 350 tanques e cento e tantos mísseis balísticos intercontinentais instalados em nenhum dos seus países aliados na América Latina, como a URSS teve em Cuba já a partir de 1962 na chamada “Operação Anadyr”. (v. Gus Russo and Stephen Molton, Brothers in Arms. The Kennedys, the Castros and the Politics of Murder, New York, Bloomsbury, 2008, p. 158, e http://www.russianspaceweb.com/cuban_missile_crisis.html).

No que diz respeito à espionagem propriamente dita, a superioridade soviética surge ainda mais nítida no caso do Brasil em especial. Nada do que a CIA ou qualquer outro serviço secreto norte-americano possa ter feito aqui se compara às proezas da KGB, que chegou a instalar um grampo no gabinete do presidente João Figueiredo (v. George Schpatoff, KGB. História Secreta, Curitiba, Juruá, 2000, pp. 381 ss.), interceptar 21 mil mensagens sigilosas do nosso Ministério das Relações Exteriores e ter a seu serviço, como agente pago, nada menos que um embaixador brasileiro em Moscou (v. Christopher Andrew and Vasili Mitrokhin, The World Was Going Our Way. The KGB and the Battle for the Third World, New York, Basic Books, 2005, p. 105).

Se daí passamos ao campo das chamadas “medidas ativas” (desinformação, infiltração, guerra psicológica, agentes de influência etc.), a supremacia soviética no Brasil daqueles anos assume as proporções de um poder absoluto e incontrastável. Em 1964, a KGB tinha várias dezenas de jornalistas brasileiros na sua folha de pagamentos (confissão do próprio chefe da agência soviética no Brasil, Stanislav Bittman, em The KGB and Soviet Disinformation: An Insider’s View).

Que o número deles se multiplicou nos anos seguintes não é algo de que se possa duvidar. Muitos jornalistas brasileiros, naquele período, fizeram estágios na URSS, na China, na Tchecoslováquia, na Alemanha Oriental, na Polônia e em Cuba.

Uns poucos gabam-se disso até hoje, seguros de que o público amestrado já não verá aí o menor motivo de suspeita. Mas naqueles países, onde todos os órgãos de mídia nada mais eram do que extensões da polícia secreta, é quase impensável que algum jornalista estrangeiro fosse admitido sem ser em seguida recrutado como agente de influência. Como assinalam John Earl Haynes, Harvey Klehr e Alexander Vasiliev em Spies: The Rise and Fall of the KGB in America (Yale University Press, 2009), os soviéticos foram sempre os campeões absolutos no recrutamento de jornalistas.

Nos EUA, hoje conhecem-se um por um os nomes daqueles que, na mídia americana, serviram à KGB e ao GRU (serviço secreto militar). No Brasil, esse capítulo da história do nosso jornalismo é ainda um tabu, mas é evidente que sem ele nada se compreende do período, principalmente porque em plena ditadura militar os comunistas chegaram a controlar praticamente toda a grande mídia no país 

http://www.olavodecarvalho.org/semana/111124dc.html, http://www.olavodecarvalho.org/semana/111125dc.html  http://www.olavodecarvalho.org/semana/111130dc.html)

e a dominar também o mercado livreiro através das suas grandes casas editoras (Civilização Brasileira, Brasiliense, Vitória etc.). Nem falo, é claro, dos agentes de influência que vindo do bloco soviético se espalharam pelos EUA e pelas democracias européias, forjando aí a imagem demoníaca do governo brasileiro que acabou por se consagrar como dogma internacional inabalável. 
 
O conjunto forma uma orquestra formidável, ao lado da qual a voz do imperialismo ianque mal soava como o miado de um gatinho doente. Ao longo de toda aquela época, e depois mais ainda, tanto os EUA quanto o governo brasileiro se abstiveram de fazer qualquer esforço sério para ganhar os “corações e mentes” dos formadores de opinião neste país. Em plena ditadura, os jornalistas “de direita” nas redações contavam-se nos dedos das mãos e eram abertamente hostilizados por seus colegas.

Por fim, até hoje não se fez uma avaliação razoável da quantidade de recursos mobilizados pelas ditaduras de Cuba, da China, da URSS e seus países satélites para treinar, equipar e financiar não só os terroristas brasileiros mas os militantes encarregados de lhes dar apoio político sem participar dos combates. Foi uma operação de proporções gigantescas, que na imagem pública hoje em dia só aparece sob a forma de menções esporádicas a “exilados”, como se os comunistas só fossem para aqueles países quando obrigados a isso pelo governo militar.

Em comparação com a profundidade e amplitude da intervenção cubano-soviética no continente, e especialmente no Brasil, a ação dos EUA naqueles anos caracterizou-se pela raridade, timidez e omissão, limitando-se no mais das vezes a acordos entre governos. Se a imagem que se consagrou na mídia e no ensino foi exatamente a inversa, isso é mais uma prova do sucesso de uma operação que prossegue ainda hoje, tendo a seu serviço tanto os megafones quanto as mordaças.


15 de abril de 2013
Olavo de Carvalho

Publicado no Diário do Comércio.

EDUCAÇÃO DE QUATRO

   
          Artigos - Governo do PT 
Nova lei vai obrigar os pais a matricularem os filhos nas escolas aos 4 anos.

É tarde. Sou a favor de que os filhos sejam matriculados no útero. De preferência, antes da 12ª semana de gravidez. Naquela fase em que, para os médicos do Conselho Federal de Medicina, eles não são filhos ainda. Ou são, ninguém sabe. Ninguém jamais provou a inumanidade ou a ausência de vida de um feto. Na dúvida, o CFM sugere o possível homicídio. Na dúvida, eu sugiro a obrigatoriedade da matrícula.

Antonio Gramsci, o ideólogo comunista italiano que inventou o Brasil petista de hoje, insistia na importância da escola primária.

Quanto mais novas as criancinhas, mais desarmadas intelectualmente para resistir ao adestramento mental. Depois de 40 anos de gramscismo no país, com a etapa de inocular crenças e consolidar reações padronizadas na população já mais do que cumprida, escola primária é coisa do passado e jardim de infância obrigatório é apenas uma etapa transitória desnecessária.
Está na hora de garantir aos fetos o 116º sistema educacional do mundo, com a 132ª posição em matemática e ciências, entre 144 países. Quanto mais cedo nossas criancinhas entrarem na escola, maior a nossa chance de chegar ao 144º lugar. Neste ano, elas já podem ter aulas de tabuada com a molecada da Etiópia. Em breve, poderão ter também com as do Iêmen.

Como nada é de graça neste mundo, nem mesmo a mão de obra infantil etíope e iemenita, teremos de oferecer em troca alguma coisa em que o Brasil é muito bom. Eu sugiro a educação sexual, aquela que consiste em ensinar como as criancinhas devem fazer aquilo que elas não deveriam fazer.
É o único quesito em que temos chances concretas de atingir o primeiro lugar. Depois do “sexo por comida” exigido pelas tropas de paz da ONU em Kosovo, Bósnia, Camboja, Timor Leste, Somália, Congo e toda a África Ocidental, o Brasil dos materiais escolares made in ONU tem tudo para ser pioneiro no “sexo por matemática”.
Já posso até imaginar o diálogo do melhor aluno iemenita com o melhor brasileiro:

— Eu aprendi na escola que 2 + 2 = 4.
— Eu aprendi na escola que ser bissexual é melhor do que ser heterossexual.
— Por quê?
— Porque, “gostando dos dois, a probabilidade de encontrar alguém por quem sentisse atração era quase 50% maior”!
— Opa. 100% maior, você quis dizer.
— Eu quis dizer 50. Está no filminho “
Probabilidade” do kit-gay do MEC, que eu decorei.
— Mas se você agora pode arranjar alguém para namorar na outra metade do público namorável, então a probabilidade de encontrar alguém por quem sinta atração aumentou não 50%, mas 100%, porque o público dobrou.
— Puxa vida! Então ser bi é melhor ainda!
— É melhor ainda!
— Viva!
— Viva!

Em breve, até Uganda — o país onde o número de soropositivos diminuiu graças à política de incentivo à castidade e à fidelidade conjugal — terá de se render ao brazilian way of life. Se aos 15 anos, segundo pesquisa do IBGE, 30% dos adolescentes brasileiros já tiveram relação sexual, sendo 24% sem camisinha na última vez que transaram, a educação ainda mais precoce neste sentido é o que falta para aumentar essas taxas, agilizando a formação de mão de obra tanto para consumo interno quanto externo.

Decerto, não faltarão adultos (nem adolescentes) para consumir criancinhas tão preparadas para o ato. Em vez das malditas “pessoas grandes” que “só sabem abrir a boca para proibir”, como dizia a obra “Mamãe, como eu nasci?”, do professor Marcos Ribeiro, adotada pela rede pública do Recife, teremos um país de pessoas grandes abrindo a boca para algo muito mais “gostoso”.

Para agilizar ainda mais o processo, nada como as cotas para professores gays em escolas de 1º grau, já propostas pela ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a petista Maria do Rosário, no Programa Nacional de DH — professores cuja orientação sexual terá de ser confirmada, suponho, mediante um delicioso teste de sofá com o diretor necessariamente gay ou bissexual da instituição contratante.

Se as organizações gays infiltradas na Igreja Católica tiveram um papel fundamental nos escândalos de pedofilia ao forçar o ingresso em massa de homossexuais nos seminários, como demonstrou o repórter americano Michael S. Rose no livro Goodbye, good men, o ingresso em massa de homossexuais em escolas de 1º grau terá um papel fundamental para a consolidação do suruba escolar brasileiro.

Não que os gays sejam todos pedófilos, claro, mas, como mais de 80% dos pedófilos são gays — e a escola tende a atrair justamente quem gosta da coisa, sobretudo se o ingresso for facilitado pelas cotas —, a simples probabilidade de isso acontecer será maior, segundo me soprou um matemático iemenita.

Assim como o governo fomenta o sexo aleatório com distribuição de camisinha, pílulas do dia seguinte e ataques de todos os lados à moral cristã para depois fazer da infinidade de gravidezes indesejadas uma prova da necessidade de legalização do aborto, também fomenta o sexo precoce nas escolas para depois fazer da infinidade de crianças sexualmente ativas (ou passivas) uma prova da necessidade de legalização da pedofilia — aquele crime carinhosamente chamado de “intimidade intergeracional” pelos ativistas interessados. Afinal, não dará mais para "ignorar a realidade"...

Aos 4 anos, a criançada estará longe da matemática, das ciências e da família, porém perto das tropas de educação sexual do MEC, sob a proteção das leis do PT.

É a educação de quatro.

Matricule seus filhos o quanto antes e coloque o deles na reta também.


15 de abril de 2013
Felipe Moura Brasil

NOVO DICIONÁRIO REVOLUCIONÁRIO - iv


          Artigos - Movimento Revolucionário 
Mudar o significado e o conteúdo das palavras é uma artimanha para que a re-engenharia social seja aceita por todos sem protesto.  (Juan Claudio Sanahuja, na obra Poder Global e Religião Universal.)

9b. Ainda sobre ‘direitos humanos’.

Um amigo e correspondente, Cláudio Peixoto, chamou-me a atenção de que a idéia hoje prevalente sobre os ‘direitos humanos’ não começou como pode transparecer de meu último artigo, com sua entronização na Carta da ONU, é muito mais antigo.
Ele tem razão, e também quando acrescenta que "os ideais cristãos foram reduzidos a tríades como aborto-infanticídio-eutánasia, e promiscuidade-pederastia-pedofilia, revelando o caráter monstruoso dos 'direitos humanos'".
 
A Revolução Francesa adotou a Déclaration des droits de lhomme et du citoyen em 1789 baseada em conceitos derivados dos princípios filosóficos do Iluminismo, principalmente no Contrato Social de Rousseau e no espírito da chamada Lei Natural, que, para eles, rejeitava qualquer doutrina ou autoridade religiosa.
 
Em princípio reconhecia o direito de propriedade, do direito de expressão e da soberania popular, contrastando com o ‘direito divino’ dos reis. No entanto, em 1793, nos albores do Grande Terror (la Terreur: 5 de Setembro de 1793 – 28 de Julho de 1794), uma nova Declaração foi elaborada, na qual se destacavam a igualdade e a proteção estatal:

‘Todos os cidadãos têm direito à ajuda pública, a sociedade tem uma dívida com cada cidadão e, portanto, tem o dever de ajudá-los. Os cidadãos têm o direito ao trabalho e a sociedade tem o dever de assistir aqueles que não podem trabalhar’.
 
declaração
Declaração de 1793
 
O movimento ateísta iniciava sua campanha anti-religiosa com a finalidade de descristianizar a sociedade. Foi estabelecido o novo calendário e uma nova religião civil. Iniciou-se a destruição em larga escala de monumentos religiosos, foram proibidos os cultos públicos ou privados e a educação religiosa; os padres foram obrigados a abjurar seus votos e forçados a casar, a palavra 'santo' foi removida dos nomes das ruas. Entrou em vigor em 21 de outubro de 1793 um decreto que considerava todos os padres culpados, assim como quem os escondesse.
 
O clímax foi a celebração da ‘deusa’ Razão na Catedral de Note Dame em 10 de novembro. Milhares de pessoas foram guilhotinadas.
 
cutantlebourreau
A Navalha Nacional
 
Robespierre condenou o culto à razão e seus defensores foram também guilhotinados. Tornou-se obrigatório o culto ao seu deístico e austero ‘Ser Supremo’, a ‘Virtude’, como culto oficial da Revolução.
 
É preciso ter sempre em mente que quando se fala de ‘direitos humanos’, está se falando daqueles falsos direitos originários da Revolução Francesa. Fico preocupado quando vejo cristãos liberais ou conservadores caírem na artimanha para a qual nos alerta Monsenhor Sanahuja (em epígrafe) e defenderem estes ‘direitos’.
 
Pois eles começaram exatamente a destruir o direito de cada indivíduo ter suas próprias crenças, cultuar a Deus, principalmente os cristãos. Mudaram o significado e o conteúdo da palavra 'direito’ e quem hoje a usa desta forma, conscientemente ou não, chafurda na podridão deixada pela guilhotina, a ‘Navalha Nacional’ que servia para ‘limpar a Nação’.
 
Isto não significa ser reacionário, como alguns que querem retornar ao Ancien Régime e ao direito ‘divino’ dos reis, enterrando todo o legado do Iluminismo como destrutivo, negando todos os aspectos positivos na modernidade – como o direiro à liberdade de pensamento, que tampouco existia naquele regime antigo, e o conforto que hoje temos com as inovações tecnológicas derivadas da ciência.
 
Estes aspectos positivos se encontram na visão dos Founding Fathers, os pais-fundadores dos Estados Unidos, na qual a razão não é cultuada, mas aceita como parte integrante do ser humano, assim como suas crenças.
 
15 de abril de 2013
Heitor De Paola

A ESTATIZAÇÃO DA INTIMIDADE

    
          Artigos - Movimento Revolucionário 
Ao imitar o casamento natural entre homem e mulher, o casamento gay, mais do que uma farsa, revela-se um retrocesso – ele põe em risco a própria liberdade do indivíduo ao induzir o Estado a policiar a vida íntima.

Um dia
Vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada
Minha porção mulher, que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É que me faz viver.


 Gilberto Gil, “Super-Homem,
a Canção” (Álbum “Realce”, 1979)


“A cantora Daniela Mercury apresenta sua esposa e faz da união homossexual uma questão inadiável no Brasil.” Essa foi a manchete de capa da revista “Veja” da semana passada, que, na abertura da reportagem, reforça ainda mais a defesa do casamento gay e diz que sua discussão tornou-se “obrigatória” a partir da atitude da cantora. A despeito de se imaginar pós-mo­derníssima, essa capa de “Veja” me fez voltar 30 anos no tempo.

A sorridente imagem de Daniela Mercury abraçada à sua “esposa” me lembrou um antigo samba de João Bosco e Aldir Blanc, responsáveis por alguns clássicos da música popular brasileira, como “O Bêbado e a Equilibrista”, de 1979, que se tornou uma espécie de hino da anistia na voz de Elis Regina. “A Nível de...” é o nome da música, que completa 31 anos: foi lançada em 1982, no álbum “Comissão de Frente”, de João Bosco, e conta a história de dois casais de amigos, cujos maridos, Vanderley e Odilon, “vão para o Maracanã todo domingo”, enquanto suas mulheres “se fazem companhia quando os maridos vão pro jogo”.

Uniões homossexuais como a de Daniela Mercury e sua “esposa” foram satirizadas há mais de 30 anos em música de João Bosco e Aldir Blanc, com os casais Vanderley e Odilon e Adelina e Yolanda, que no fim sofrem os mesmos problemas dos heterossexuais.
 
Os dois casais estavam muito descontentes com a relação convencional, machista: marido no futebol, mulher na cozinha. No estádio, Vanderley e Odilon criticavam o casamento, “e o papo mostra”, diz Bosco & Blanc, “que o casamento anda uma bosta”.

Em casa não era diferente: Yolanda, “assim a nível de proposta”, também diz que “o casamento anda uma bosta” e Adelina não discorda. Então, os casais resolveram buscar uma solução e “estruturou-se um troca-troca: Odilon agarrou o Vanderley e Yolanda, ó na Adelina”.


Os novos casais ficaram ainda mais unidos: Vanderley e Odilon montaram um restaurante natural, “cuja proposta é cada um come o que gosta”, enquanto Yolanda e A­de­lina para provar que “viver é um barato” fo­ram “fazer artesanato”.
Não demorou muito e Odilon, com ciúmes, começou a dar sopapos no Vanderley e Adelina dava na cara de Yo­landa. “E o relacionamento continua a mes­ma bosta”, conclui João Bosco, numa interpretação magistral, especialmente a que faz só com o violão, ao vivo, em estilo bossa-novista.

“A Nível de...” é uma bem-humorada crítica de costumes, o que significa que o casamento gay – ainda que como prática privada, entre cidadãos livres, e não como política pública, imposta pelo Estado – já estava em discussão há três décadas, nos estertores do regime militar, especialmente entre as pessoas de melhor nível social, que sempre toleraram a relação homossexual. Não só no Rio de Janeiro e São Paulo, mas até mesmo em Estados como Goiás, sempre houve homossexuais assumidos ocupando postos de relevância social em universidades e no meio artístico, com incursões não tão veladas assim até mesmo na política.


Por isso, é espantoso que a revista “Veja” trate o banal anúncio de ca­samento entre uma artista e uma jornalista – classes que sempre estiveram na vanguarda dos costumes – como se fosse algo revolucionário, digno da genuflexão de todos os brasileiros.
Mesmo criticando a cantora por ter associado o anúncio do casamento ao caso Marco Feliciano, a matéria não deixa de ser ridícula ao começar com uma frase de Daniela Mercury às vésperas de anunciar seu casamento com a jornalista: “Seja o que Deus quiser, Malu”.

Porção do mulher do homem

Até Caetano Veloso deve ter estranhado tanto drama. Afinal, em pleno regime militar, ele e Gilberto Gil já usavam brincos, vestiam saias, beijavam homens na boca e inspiravam outros artistas a fazerem o mesmo pelo país afora, inclusive em Goiás, onde o escritor Leo­nardo do Carmo deixou-se fotografar de saia, todo garboso.
Ao contrário do que insiste em dizer a revista “Veja”, um artista sair do armário há muito deixou de ser ato de coragem – não passa de uma estratégia de publicidade.
Em 1986, por exemplo, o roqueiro galã Paulo Ricardo já saía do armário para todo o Brasil ver, beijando Caetano Veloso na boca em pleno horário nobre da Rede Globo. Nada alimenta mais a carreira de um artista do que se declarar gay.

Daniela Mercury, que sempre foi uma cantora de segundo escalão da MPB e andava musicalmente sumida desde que namorou Chico Buarque, agora dá a volta por cima como celebridade, ao anunciar seu casamento gay, que, obviamente, não choca mais ninguém.
Hoje, isso é papo de crianças do ensino fundamental, que, aos 10 anos, já estão fazendo trabalho escolar sobre transexuais, sexo oral, sexo anal, tro­ca de casais e outros “temas transversais” recomendados pelo MEC, co­mo se viu recentemente numa es­cola de Con­tagem, em Mi­nas Ge­rais, com o apoio da Secre­taria de Edu­ca­ção do município.

A canção “A Nível de...”, de João Bosco e Aldir Blanc, é um contraponto a “Super-Homem — a Canção”, de Gilberto Gil, composta numa madrugada de março de 1979, na casa de Caetano no Rio, onde Gil estava de passagem a caminho dos Estados Unidos.

Ele conta que se inspirou numa narrativa que Caetano fez do filme “Super-Homem”, que tinha acabado de estrear no cinema. E diz, taxativo, sobre a “porção mulher” de que fala a música: “Muita gente confundia essa música como apologia ao homossexualismo, e ela é o contrário.
O que ela tem, de certa forma, é sem dúvida uma insinuação de androginia, um tema que me interessava muito na ocasião – me interessava revelar esse embricamento entre homem e mulher, o feminino como complementação do masculino e vice-versa, masculino e feminino como duas qualidades essenciais ao ser humano.
Eu tinha feito ‘Pai e Mãe’ antes, já abordara a questão, mais explicitamente da posição de ver o filho como o resultado do pai e da mãe. Em “Superhomem – a Canção”, a idéia central é de que pai é mãe, ou seja, todo homem é mulher (e toda mulher é homem)”.

Não foi por acaso que “Su­per-Homem — a Canção” foi en­ten­dida com uma apologia ao homossexualismo. Entre muitos intelectuais de vanguarda da época, o homossexualismo se con­fundia com essa visão an­drógina exposta por Gilberto Gil. Ele era apresentado à sociedade não como o grito contestatório de um terceiro sexo, ou de uma miríade de sexos, como é hoje, mas como a superação do sexo meramente carnal.


As fe­mi­nistas — então aliadas dos ho­mossexuais e não suas escravas, como iriam se tornar depois — viam no homossexualismo uma for­ma de combater a excessiva virilidade do homem, que, sem dúvida, está na raiz da violência. Achavam que se os homens pudessem chorar e mostrar o seu lado sensível (a sua “porção mu­lher”), o mundo seria um pouco melhor.

Para isso, era preciso valorizar mais a alma que o corpo, ou seja, o masculino não devia ser determinado pelo pênis, nem o feminino pela vagina, pois isso era o que chamavam de “sexismo”.
E toda a educação sexual que já começava a ser levada para as es­colas tinha esse propósito na época – superar o sexismo, que punha em conflagração pênis e vagina, para melhor realçar a alma humana, que possibilitava a comunhão de homens e mulheres.


Retrocesso sexista gay

Por isso, era impensável, naquela época, colocar no mesmo patamar o homossexual sensível, que extravasa com delicadeza a sua “porção mulher”, com o travesti violento de ponta de esquina, que encarna o que há de pior no feminino, exercitando a prostituição no fio da navalha.

O travestismo, de um modo geral, é a síntese do que há de pior na natureza humana: ele reúne a tendência natural da mulher para violentar a si mesma com a tendência natural do homem para violentar o outro.
Ou seja, faz justamente o contrário do que propõe “Super-Homem — a Canção”: o travesti, quase sempre, busca na natureza feminina a sua “distorção prostituta”, daí os trejeitos afetados, mas não abre mão de manter a “distorção primata” de sua natureza masculina, daí a agressividade à flor da pele, como a da célebre Madame Satã, que encanta os intelectuais.
Mas, hoje, para o movimento gay, o travestismo — mesmo aquele que se prostitui nas ruas e se comporta de modo agressivo — deve ser socialmente valorizado e até apresentado para as crianças nas escolas como uma “orientação sexual” respeitável.
É a volta do velho sexismo, promovido justamente por quem dizia combatê-lo — os gays e as feministas, suas escravas mentais.

Cada vez que o movimento gay se rende à ilimitada capacidade de invenção do desejo e acrescenta uma sigla a mais ao seu movimento, mais ele se torna sexista. O arcaico patriarcalismo, que impedia o menino de brincar de boneca e condenava a menina por brincar na rua, jamais foi tão sexista quanto essa cultura de gays e feministas a que somos submetidos hoje. As nefastas campanhas de prevenção da aids reduziram os homens a um pênis e as mulheres, a uma vagina.


E o único diálogo possível entre esses seres estanques no próprio sexo é a camisinha. É possível que, em toda a história do mundo, salvo talvez entre os primatas, nunca tenhamos sido tão aviltados em nossa natureza humana, que perdeu qualquer aspiração à transcendência, para se reduzir ao sexo carnal perigosamente reconfigurado em laboratório.

É como se a nossa alma tivesse abandonado o coração e o cérebro para entrincheirar-se no meio das pernas — sem razão nem sensibilidade. Isso é tão evidente que até a celebrada Daniela Mer­cury, mesmo se apresentando como uma espécie de vanguarda comportamental, chamou a sua nova companheira de “esposa”. Ora, Se a jornalista vai ser a “esposa”, então a cantora será o “marido” — e voltamos à velha dicotomia ho­mem/pênis, mulher/vagina (isto é, à sátira de Bosco & Blanc), justamente numa relação que só faz algum sentido se for para superá-la, ao menos em público.

Ao contrário do que a classe letrada tenta fazer crer, o casamento gay é um verdadeiro retrocesso. Ao invés de superar o casamento natural entre homem e mulher, ele tenta imitá-lo. Mas, ao se apresentar como matrimônio, o casamento gay se torna uma farsa, pois lhe falta para tanto não apenas o substrato biológico, mas também a necessidade social.


Afinal, o matrimônio existe não para promover devaneios individuais, mas para garantir a reprodução da sociedade. Prova disso é que o matrimônio nunca amparou o amor romântico, pelo contrário, frequentemente se colocava, de modo pragmático, contra o romantismo do casal, aconselhando a mulher a escolher um homem que pudesse sustentá-la e aconselhando o homem a escolher uma mulher que pudesse lhe dar filhos e cuidar deles.

É a fórmula do Dr. Simão Baca­mar­te ironizada por Machado de Assis, na obra-prima “O A­lienista”. Mas foi sobre essa fórmula, em que pese todos os seus defeitos, que se construiu o mun­do moderno. Sem a família tra­dicional, o Ocidente não teria alcançado o grande desenvolvimento social e econômico que alcançou, e o próprio indivíduo – como “sujeito de direitos”, para usar uma expressão tão cara à pós-modernidade – jamais teria alcançado o estatuto humano que o emancipou de condição de mero súdito apenso ao Estado.

Mulher não é gado

 Em vez de pleitear o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, como quer o deputado do BBB (Jean Wyllys, do PSol-RJ), gays e feministas deviam denunciar o caráter retrógrado do matrimônio convencional, que precisa acompanhar a evolução dos costumes.
Ainda hoje, mulheres e homens continuam casando como se fossem viver eternamente juntos — o que é altamente desejável, mas nem sempre é possível. Prova disso é que as mulheres, em sua esmagadora maioria, continuam adotando o sobrenome dos maridos — um resquício do patriarcalismo mais retrógrado que devia ser proibido por lei.
Mulher não é gado do homem para ser marcada com seu nome, ainda que não mais com ferro e, sim, com tinta e papel.

Os casamentos hoje não costumam durar dez anos e há mulheres que se casam legalmente duas, três vezes. Qual razão de se permitir essa prática arcaica, que não faz nenhum sentido diante da emancipação da mulher moderna e só aumenta a burocracia dos famigerados cartórios?
É certo que o novo Código Civil — ridículo e insano como todas as leis contemporâneas — permite ao homem adotar o sobrenome da mulher. Mas al­guém conhece algum caso do gênero? Melhor era proibir de vez a mudança de nomes para qualquer dos cônjuges.

O casamento tradicional não foi feito para um homem e uma mulher em busca de amor romântico, mas para um pai e uma mãe poderem formar família, criando e educando filhos até sua idade adulta. Se os gays não fazem filhos naturalmente, qual o sentido de pleitearem o matrimônio com todos os direitos a ele inerentes?


Os casais gays podem e devem ter o direito a formalizar contratos de união civil, algo já garantido há muito pelo direito brasileiro, mas não podem se arvorar a ser um casal tradicional, com direito a privilégios que só fazem sentido numa relação em que há filhos naturais que precisam de cuidados.

É um absurdo a falida Previdência brasileira ser obrigada a amparar com pensão um homem gay, sem filhos, capaz de se sustentar, apenas porque ele se julga a “esposa” de seu falecido cônjuge. Em vez de estender aos gays esse abusivo privilégio, a sociedade precisa é tirá-lo das mulheres que se especializam em viver da pensão de ex-maridos mesmo quando não precisam disso.

Infelizmente, o direito de família seguiu o caminho inverso e, de um modo absolutamente esquizofrênico, junta o que há de pior nos dois mundos — o mundo do matrimônio tradicional entre o marido provedor e a mãe dona de casa e o mundo da mulher emancipada em que os filhos são criados por babás. Em vez de suprimir alguns antigos direitos legítimos das mulheres que, com sua emancipação, se tornaram privilégios, o direito de família fez o exatamente contrário — estendeu esses privilégios aos homens, forjando uma igualdade artificial entres os sexos e aumentando a possibilidade de divórcios litigiosos.


Com isso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julga anualmente milhares de casos envolvendo problemas de partilhas e pensões decorrentes de divórcio. Isso significa que esses processos não se resolvem nas instâncias inferiores e se arrastam nos tribunais, atulhando o Judiciário e acarretando dissabores para as partes litigantes, além de muito sofrimento para os filhos.

Policiais do desejo

Há diversos casos de mulheres sendo obrigadas pela Justiça a pagar pensão alimentícia ao ex-marido e, se o caso envolve a guarda dos filhos por parte do ex-marido, elas chegam a ser presas.

Na cidade paulista de Taubaté, uma grávida de nove meses foi presa em maio de 2012 por ter atrasado o pagamento da pensão alimentícia do ex-marido, que ficara com a guarda de sua filha de 4 anos.

Na época, o presidente da seccional da OAB em Taubaté, Aluísio Nobre, disse que a gravidez não é um impedimento para o cumprimento da ordem judicial de prisão e que o juiz pensou apenas na “sobrevida” da filha que estava esperando a pensão alimentícia.

Ora, quem corre mais riscos: a criança que está sob a guarda do pai e apenas teve sua pensão atrasada ou a criança que pode até ser abortada num flagrante de prisão ou pode ficar, no mínimo, com sequelas psicológicas diante desse ato traumático envolvendo sua mãe?

Os casos de prisão de mães por falta de pagamento de pensão alimentícia já estão ficando corriqueiros.

É preciso discutir a forma draconiana com que os juízes aplicam essa previsão legal. Muitos homens — e, agora, também mulheres — são atirados na cadeia sem nem mesmo ser ouvidos pelo juiz, apenas com base nas queixas do ex-cônjuge, muitas vezes movido pela raiva. Pai que não cuida do filho merece ser preso?
Eu digo que nem deveria ter tido filho, mas, já que teve, não adianta transformá-lo num presidiário, como se não pagar pensão fosse o pior dos crimes num País que deixa soltos estupradores, assassinos e latrocidas.

Além disso, pai que não presta dificilmente é preso por não pagar alimentos. Bandidos costumam ter filhos com mais de uma mulher e ai delas se ousarem reclamar da falta de pensão alimentícia: serão espancadas, ameaçadas de morte ou mortas.
O pai que costuma ser preso é justamente aquele trabalhador honesto que tem dificuldade de pagar a pensão porque constituiu nova família e, ao se ver mandado pa­ra a cadeia, aí é que não consegue pagar mes­mo, pois o que seria para os filhos da antiga e da nova relação acaba indo para o bolso do advogado.

São essas mazelas do casamento tradicional — agravadas por leis esquizofrênicas — que esperam o novo casamento gay, cantado em prosa e verso pelos intelectuais. E, aí, os litígios judiciais na área do direito de família serão ainda mais difíceis de resolver, pois, em muitos casos, nem envolvem pais de carne e osso e, sim, sêmens anônimos de bancos de esperma.

Os Estados Unidos já são pródigos em ações judiciais bizarras envolvendo essas pobres cobaias de laboratório, filhas tanto de casais homossexuais quanto de casais heterossexuais.
O Brasil segue por esse caminho, com um agravante — como aqui o Estado é ainda mais gigantesco e invasivo, a saga do movimento gay no sentido de se apropriar do casamento tradicional representa um perigo para toda a sociedade.
Como o casamento gay não se sustenta na necessidade concreta de reprodução social, como o antigo matrimônio, e, sim, nos desejos subjetivos de indivíduos sexualmente cambiantes, ao querer transformá-los em direitos garantidos por lei, o movimento gay coloca em risco a própria liberdade — pois o Estado será chamado não apenas para proteger a família concreta, mas para policiar a concretização dos desejos, estatizando perigosamente a intimidade.

15 de abril de 2013

José Maria e Silva
Publicado no Jornal Opção.

REMÉDIO MAIS CONSUMIDO NO PAÍS, PARA DOR DE CABEÇA, PAGA IMPOSTO DE 27%

Levantamento feito a pedido do ‘Estado’ mostra a carga fiscal nos 10 medicamentos mais consumidos pelos brasileiros; fabricantes se unem para pedir desoneração do setor




Bianca Pinto Lima - O Estado de S.Paulo


O analgésico Dorflex, remédio mais vendido no Brasil segundo a consultoria IMS Health, tem 27% de imposto embutido no seu preço. Do valor de R$ 12,10, teto estabelecido pelo governo federal, R$ 3,30 são tributos. Levantamento feito a pedido do Estado pelo advogado tributarista e professor de direito tributário em São Paulo Adolpho Bergamini mostra que a carga fiscal existente no preço dos 10 medicamentos mais consumidos no País varia entre 18% e 27%.
Motivadas pelas políticas de desoneração do governo Dilma Rousseff, as empresas do setor se uniram e lançam nesta quarta-feira, 17, a Frente Parlamentar para Desoneração de Medicamentos.
O benefício fiscal ao segmento, contudo, divide especialistas e pode enfrentar um longo caminho no Congresso.
"Se a cesta básica foi desonerada, por que não os medicamentos, que são essenciais? Muitos brasileiros não têm acesso a remédios e a carga tributária é um dos impeditivos", defende Geraldo Monteiro, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Abradilan).
Atualmente, os remédios são tributados na esfera estadual pelo ICMS e na federal pelo PIS e Cofins, mas as cobranças variam de acordo com o tipo de medicamento e algumas desonerações já estão previstas.
Em São Paulo, cuja área foi considerada para o estudo, a alíquota do ICMS para medicamentos é de 18%, mas os oncológicos, por exemplo, são isentos. Já a União beneficia alguns fármacos de tarjas preta e vermelha, ao incluí-los na chamada Lista Positiva, em que não há a cobrança de 12% de PIS e Cofins.
 
Essa intricada e complexa legislação fiscal faz com que o consumidor não tenha ideia do quanto paga de impostos nesses produtos. Os anti-hipertensivos Diovan HCT e Diovan Amlo Fix, que ocupam respectivamente a quarta e a nona posição no ranking brasileiro, são vendidos apenas sob prescrição médica e fazem parte dessa Lista Positiva. O peso dos impostos em ambos é de 18%. O primeiro tem o preço máximo de R$ 108,35, sendo que R$ 19,50 são tributos. O segundo sai por R$ 127,91, sendo R$ 23,02 referente a impostos.
"A existência de uma tributação sobre medicamentos é, por si só, algo tortuoso. O brasileiro já paga uma alíquota elevada de Imposto de Renda, então seria obrigação do Estado subsidiar esses itens", afirma Bergamini.
O tributarista não propõe uma isenção total, como defende parte da indústria, mas diz ser fundamental a atualização da Lista Positiva, o que não ocorre desde 2007. Em relação aos Estados, ele sugere uma política fiscal social que reduza o ICMS de todos os medicamentos para a menor alíquota, de 7% no caso de São Paulo.
Margem de lucro. O professor da GV Administração Fernando Zilvetti tem outro olhar sobre a questão. Para ele, os remédios não são as grandes vítimas do sistema tributário e o mais importante seria desonerar a produção nacional, e não reduzir os impostos de consumo. "O medicamento, como qualquer outro produto, tem de ser tributado, porque é daí que o governo tira dinheiro para investir. O remédio já não paga tributo como pagam cosméticos, bebidas ou cigarros."
Ele destaca que os tributos não são os maiores componentes do preço dos medicamentos no Brasil. "Então, qual é o maior custo? Logística? Papel? Duvido. Está na margem de lucro (das empresas)", diz Zilvetti.
Segundo estudo do Ibope Inteligência, o comércio de medicamentos no País deve movimentar R$ 70 bilhões este ano, 12% a mais do que em 2012. O gasto anual por brasileiro será de R$ 430,92 e a classe C será responsável por quase metade do consumo, com um potencial de gastos estimado em R$ 32 bilhões.
Para Zilvetti, uma das possibilidades seria desonerar a produção diretamente pelo Imposto de Renda das empresas, condicionando o benefício à produção local e à geração e manutenção de empregos. "Ao mexer nos impostos de consumo gera-se mais consumo e não aumenta a oferta. Se a produção não acompanha, o resultado é mais inflação ou mais importação."
Entenda o estudo. O levantamento realizado pelo tributarista Adolpho Bergamini teve como base o Preço do Fabricante e o Preço Máximo ao Consumidor segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) 2012. Os valores de venda nas farmácias, portanto, podem ser inferiores aos preços máximos utilizados na pesquisa. Também não foram considerados os valores do programa Farmácia Popular, que possuem cálculos diferenciados.
O estudo teve como premissa a fabricação e venda do medicamento no Estado de São Paulo, cujo ICMS cobrado é de 18%, salvo desonerações de itens específicos. O Estado também conta com porcentuais próprios de cálculo do ICMS-ST. Por fim, a pesquisa considerou as bases de cálculo diferenciadas para medicamentos, previstas no Regulamento do ICMS. Já os dados da consultoria IMS Health, sobre o ranking de vendas no Brasil, consideram o acumulado em 12 meses, de fevereiro de 2012 a janeiro de 2013.
 
15 de abril de 2013

Bianca Pinto Lima - O Estado de S.Paulo

 

AFINAL, POR QUE OS JUÍZES E TRIBUNAIS NÃO SÃO OBRIGADOS A CUMPRIR PRAZOS JUDICIAIS?

 




A Tribuna da Imprensa precisa continuar nesse tema da “Injustiça Brasileira”, pois trata-se de um dos nossos maiores dramas. Só os advogados são obrigados a cumprir os prazos processuais; caso descumpram por qualquer motivo, seus clientes podem até perder as ações propostas. Já os demais operadores do Direito não são obrigados a nada. Por isso, as ações se eternizam ad infinitum.

Existem processos em andamento por mais de 30 anos devido à falta de cumprimento dos prazos por quem verdadeiramente deveria decidir e pelos infinitos recursos protelatórios aceitos docemente constrangidos por suas excelências togadas – salvo, lógico, por uma minoria de servidores da Justiça, que cumprem seus prazos na íntegra. Acredito que não são mais céleres propositadamente, e sim pela quantidade absurda de processos nas Varas.

No fundo e na forma, trata-se de uma farsa geral, pois os próprios advogados e suas OABs pouco fazem para mudar o quadro de insegurança jurídica reinante em todos os Fóruns do país.

PASMACEIRA

A Reforma do Código de Processo Civil, destinada a reduzir a pasmaceira de recursos meramente protelatórios no ordenamento jurídico, me parece que ainda não saiu das gavetas para a deliberação do plenário, porque nossos representantes no Legislativo também não são obrigados à celeridade e à eficiência, atributos cobrados somente dos trabalhadores.

Quanto ao Executivo, a quem caberia liderar o processo destinado às mudanças de comportamento dos outros dois poderes, também nada faz, pela simples razão de que é o maior beneficiado pela eternização dos processos. Só do INSS, pilhas de processos entulham as Varas da Justiça Federal, em todos os Estados a espera de decisão.

Assim, fica muito mais fácil descumprir as Leis e Regulamentos, apostando nos bons advogados e na morosidade da Justiça. Os maiores prejudicados de todo esse arrazoado são os menos afortunados da sociedade, os indivíduos relegados ao segundo plano da riqueza nacional, os bóias frias, os aposentados, os que vivem de salários, os pobres, enfim os que não podem pagar os honorários advocatícios.

E a geléia geral permanece intocável.

15 de abril de 2013
Roberto Nascimento

ESQUENTA A BRIGA DOS PARLAMENTARES RURALISTAS CONTRA A FUNAI


Deputados da bancada ruralista prometem apertar o cerco contra a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a atribuição do órgão de auxiliar na demarcação de terras indígenas no Brasil. Entre as estratégias para pressionar o governo por mudanças, integrantes da Frente Parlamentar da Agricultura dizem já ter assinaturas suficientes – mais de 180 – para protocolar um pedido de criação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar a Funai, mas ainda não há definição sobre quando isso será feito.

Na semana passada o grupo contabilizou duas vitórias. Na primeira, conseguiu convocar a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para prestar esclarecimentos na Comissão de Agricultura da Casa sobre as questões indígenas. A data da ida da ministra ao Congresso deve ser definida ainda esta semana pelo presidente comissão, deputado Giacobo (PR-PR).

Os ruralistas conseguiram ainda, na última quarta-feira o apoio que faltava para a criação de uma comissão especial para apreciar e dar parecer à Proposta de Emenda à Constituição (PEC 215) que inclui, nas competências exclusivas do Congresso Nacional, a aprovação de demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, a titulação de terras quilombolas, a criação de unidades de conservação ambiental e a ratificação das demarcações de terras indígenas já homologadas, estabelecendo que os critérios e procedimentos de demarcação serão regulamentados por lei.

RETRIBUIÇÃO
A comissão foi criada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PMDB-RN), em retribuição ao apoio que recebeu dos ruralistas para comandar a Casa.

"Nós estamos criando uma série de injustiças para aqueles que são proprietários de terras, independentemente do tamanho. O que nos preocupa é a falta de critérios e de uma condição de defesa dentro dos processos de homologação conduzidos pelos antropólogos [da Funai]", diz o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) que integra a Frente Parlamentar da Agricultura.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG  Seria interessante a ministra Gleisi Hoffmann esclarecer por que o Brasil assinou na ONU a Declaração Universal dos Direitos das Nações Indígenas, que estabelece a independência territorial, política, econômica e cultural de todas as reservas indígenas, criando dentro do Brasil mais de 200 novos países – um deles, maior do que Portugal. Seis anos depois de assinar o importantíssimo tratado internacional, até hoje o governo brasileiro ainda não enviou o documento ao Congresso Nacional, para ser ratificado, na forma determinada pela Constituição. A ministra precisa explicar essa delicada e vexaminosa situação. (C.N.)

15 de abril de 2013
Karine Melo (Agência Brasil)

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)



 




15 de abril de 2013

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)



 




15 de abril de 2013

A ELEIÇÃO QUE NÃO ACABOU: SECRETÁRIO=GERAL DA OEA APOIA PEDIDO DE RECONTAGEM DE VOTOS NA VENEZUELA

 

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, apoiou hoje o pedido de recontagem de votos na Venezuela, após o presidente interino, Nicolás Maduro, ter sido declarado vencedor da eleição presidencial.


Maduro aceita auditoria

“Com relação à necessidade de se conduzir uma auditoria e uma recontagem completa dos votos, Insulza expressou seu apoio a essa iniciativa e colocou à disposição da Venezuela a equipe de especialistas em eleições da OEA”, diz comunicado da organização.

Segundo colocado na eleição, Henrique Capriles exigiu a recontagem dizendo que os opositores não reconhecerão a vitória de Maduro até que todos os votos sejam conferidos.

Nicolás Maduro, que ocupava a Presidência venezuelana interinamente desde a morte de Hugo Chávez, ressaltou que sua vitória foi “justa, legal e constitucional”, mas disse que aceita a realização de uma auditoria.

15 de abril de 2013
(Da BBC Brasil)

SANATÓRIO DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

Recruta doidão

“O Brasil é um país mais normal hoje. Isso significa que, se precisar subir os juros, não é necessário um tiro de canhão. Pode ser um tiro de metralhadora”.

Guido Mantega, ministro da Fazenda, que até agora só conseguiu dar tiros na própria testa ou no pé.

Economia é isso aí

“O uso de aeronaves da FAB, nos casos em que ocorreu, não ofende a lei e a moralidade. Até porque os aviões necessitam voar determinadas horas para sua correta manutenção”.

José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça, explicando que foi para economizar dinheiro público com manutenção das aeronaves, que gastou dinheiro público ao retornar a Brasília em um jatinho da FAB depois de participar, em São Paulo, da festa que celebrou os 10 anos do PT no poder.

Neurônio acolhedor

“E nós seremos capazes de construir um Brasil que caiba, e caiba com espaço, cada um dos brasileiros e das brasileiras”.

Dilma Rousseff, no fecho do pior discurso da História, tentando provar que, no Brasil de Dilma Rousseff, sempre cabe mais um — com exceção do pronome relativo certo.

Neurônio implacável

“É muito importante num país como o Brasil que nós ataquemos com educação todas as faixas etárias”.

Dilma Rousseff, ainda no famigerado discurso de Porto Alegre, internada por Celso Arnaldo ao defender o ataque indiscriminado a crianças, homens, mulheres e idosos — mas sem bater.

Neurônio conselheiro

“A gente, em qualquer idade, sempre, tem de estudar e se aperfeiçoar. Homens e mulheres. Vale também para presidentas da República. A gente sempre, sempre, tem de estudar, tem de ler, tem de discutir, tem de ter uma vida ativa e tem de ser capaz, sempre de perceber que nós podemos, enquanto estamos vivos, melhorar”.

Dilma Rousseff, sexta-feira passada, em Porto Alegre, naquele que já é considerado um dos piores discursos da história da oratória humana, internada por Celso Arnaldo depois de dar um conselho que só vai valer para a próxima presidenta da República

Ministro da Inflação (2)

“O que está na boca do povo é o tomate, não a inflação”.

Guido Mantega, ministro da Fazenda, fingindo não saber que o tomate saiu da boca do povo desde que a inflação o transformou em artigo de luxo.

Besta quadrada (47)

“Não vamos jogar fora o maior avanço recente, que é não ter desempregados”.

Guido Mantega, ministro da Fazenda, informando que, depois de Dilma Rousseff acabar com os miseráveis por decreto, o Brasil acaba de transformar-se no único país do mundo com desemprego zero.


15 de abril de 2013
in Augusto Nunes

O CASO FUX-DIRCEU NÃO CHEIRA BEM...


É uma coisa muito estranha para mim toda essa polêmica em torno da declaração do quadrilheiro Zé Dirceu de que o ministro do Supremo Luiz Fux o procurou, quando em campanha para sua nomeação para o STF, prometendo sua absolvição no caso do mensalão.
 
Primeiro que Dirceu - que já deveria estar preso faz tempo, não fosse a complicação do nosso sistema judiciário e a leniência de alguns ministros do STF que atrasaram a entrega dos seus votos por escrito - está desesperado, morrendo de medo de ser preso e, nessa situação, é capaz de qualquer coisa - sem estar em desespero já fez pior - para sair desse buraco. Portanto esse tipo de acusação, normalmente, seria irrelevante. Apenas os estertores de um bandido tentando se livrar da cadeia.
 
O problema é que como nesse Brasil de petralhas tudo que há de pior é passível de acontecer, Fux não só confirmou ter estado com Dirceu não só uma, mas seis vezes, além de mais umas dez com Evanise, mulher de Dirceu. Todas as vezes em campanha para sua nomeação como ministro do STF. É aí que a coisa começa a feder.
 
A troco de quê um sujeito que pleiteia ser membro da mais alta corte do país vai procurar um acusado prestes a ser julgado por essa mesma corte? Seria somente para pedir uma mãozinha ou para propor uma troca de favores?
 
Para mim, bastaria essa confissão para que Fux fosse defenestrado do seu cargo, exatamente por não atender a uma das (poucas) exigências para a sua aprovação como ministro: reputação ilibada. Mesmo que a versão de Dirceu não seja verdadeira - a promessa de absolvição -, ao procurá-lo e à sua esposa, Fux cometeu um grave assédio moral que dá margem a entendimentos nada recomendáveis.
 
O que será que Joaquim Barbosa tem a dizer sobre o assunto?
 
15 de abril de 2013