"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

ELEIÇÃO, MENSALÃO, CORRUPÇÃO, APAGÃO...

 

A eleição mostrou o que realmente era esperado. Existem, como sempre, a parte do povo que sabe votar e outra que vota por ser obrigado ou então para atender pedidos de políticos e amigos.

Aconteceram mudanças em todo o país. Mas o que mais chamou a atenção foi o prestígio e o carisma do presidente Lula.
O seu desejo maior era vencer em São Paulo para que o seu partido voltasse ao poder depois de 8 anos. Quem ganhou foi o presidente e não o Haddad. Pesquisa realizada no início do ano mostrou que 57% dos eleitores votariam em quem Lula mandasse, fosse que fosse.

Até mesmo o Tiririca seria eleito. Uma pena ele não usar essas qualidades para o bem fazendo realmente as mudanças que o povo precisa e vem pedindo há tanto tempo. O governo dele teve momentos bons realmente, quando seguiu os princípios do seu antecessor. Mas errou quando não impediu a ação corrupta de companheiros e aconteceu o que ficou conhecido como mensalão.

O mensalão, apurado e comprovado em 2006 , só foi posto em julgamento em 2012 em tempo de pré eleição. Se tal fator contribuiu para os resultados obtidos um dia talvez, saberemos. A verdade é que a maior parte dos réus foi condenada.

Alguns já com penas definidas, entre eles o controlador financeiro com 40 anos de prisão e alguns milhões em multa. Seus companheiros de direção também foram condenados faltando a chamada “dosimetria”, ou seja, quantos anos cada um vai levar na prisão. Mas, como acontece sempre no Brasil fica meio difícil prever as esperadas conclusões.
Uma aparente surpresa acontecerá com um dos condenados que é suplente de deputado federal. Como o titular foi eleito prefeito, ele assumirá a cadeira em janeiro próximo. E como fica a definição e o cumprimento da pena que lhe for imposta? E o tesoureiro que sempre disse que o mensalão acabaria em “piada de salão”, como será castigado? Mais algum tempo e certamente algumas “surpresas” ocorrerão e o povo terá que aceitar. Mas, o que realmente preocupa são as prometidas reações do partido que congrega os corruptos. Já prometem manifestações públicas de repúdio ao STF qualificando-o de praticar justiça política.

A presidente já se manifestou. Orientou seus partidários a respeitarem a corte maior da Justiça. A não ser, disse ela, que pretendam incluir o presidente Lula na vergonhosa história. Ele não deve ser colocado como suspeito de maneira alguma. Se isso acontecer o governo federal usará toda sua força e poder contra. Vamos esperar para ver.

A corrupção, que deveria ser combatida como os próceres petistas prometeram durante décadas e que não cumpriu quando assumiu o governo, parece que vai continuar. Terminado o período eleitoral a CPI do Cachoeira deveria ser recomeçada com prazo suficiente para conclusão.
E um prazo longo de pelo menos mais 6 meses. Mas a “equipe” governamental no congresso já se posicionou contra fazendo com que o processo investigatório termine em 40 dias. E isso tem uma explicação já conhecida, mas que vale lembrar.
A CPI foi criada por determinação de Lula que queria se vingar do governador goiano. Mas, com o início do processo ficou sabendo que seus companheiros do Distrito Federal e do Rio de Janeiro estavam também comprometidos. E aí veio a reação. Mais alguma coisa que vai acontecer para fortalecer a prática corrupta. Vamos esperar.

E o apagão? Estranho o ocorrido já que recentemente a presidente Dilma se manifestou em depoimento público que apagão era característica do governo FHC. Como isso aconteceu? Vamos aguardar melhores explicações.

Para concluir vale levar em conta a reação – um tanto tardia, mas com direito – do Valério, que depondo no Ministério Público Federal, já condenado e procurando diminuição da pena, decidiu finalmente falar ao menos um pouco do que sabe. E começou citando Lula, Palocci e Celso Daniel.

Se isso for levado adiante e com seriedade, o denunciante vai correr risco de vida e, quem sabe, teremos finalmente uma mudança para melhor no sistema político brasileiros. A começar por conhecermos finalmente, os motivos do assassinato do prefeito de Santo André. Vamos continuar esperando.

02 de novembro de 2012
Plínio Zabeu

NOTÍCIA SOBRE A CURA DE LULA É MAIS UM EMBUSTE JORNALÍSTICO ENDOSSADO PELA IMPRENSA AMESTRADA

 



Drible vermelho – Antes de ingressar legalmente na carreira, o médico assume o compromisso de pautar a carreira pela ética. O mesmo faz o jornalista, que de igual modo se compromete a ter a ética como norte profissional. Contudo, em relação à doença que afetou o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, médicos e jornalistas têm deixado a ética à beira do caminho ou jamais procuraram saber o significado de uma palavra que caiu em desuso no Brasil.

Na noite de quarta-feira (31), vários veículos de comunicação informaram que Lula passou por exames na manhã de ontem e que os resultados apontam a total remissão do câncer na laringe do ex-metalúrgico. Na noite anterior, terça-feira (30), o editor do ucho.info esteve com médicos do Hospital Sírio-Libanês que, sob a condição do anonimato, disseram que a situação de Lula não é das melhores.
O que explique a estranha coloração da sua tez e a manifesta papada sob o queixo. Tal declaração confirma o prognóstico dado a este site sobre o câncer de Lula, que de acordo com o médico entrevistado só uma cirurgia resolveria.

A informação divulgada pelo Instituto Lula é dúbia, pois afirma que apesar dos resultados o ex-presidente terá de se submeter a exames periódicos nos próximos cinco anos. Na verdade, os exames mostram que não houve nenhuma manifestação tumoral na área atingida, o que não significa que o petista esteja curado, até porque uma recidiva pode acontecer a qualquer momento, pelo menos nos primeiros cinco anos após a alta médica.

A notícia é tão estranha, que até mesmo os médicos que tratam de Lula não emitiram qualquer boletim, o que é quase uma regra quando o paciente é uma autoridade ou celebridade.

Ética jornalística

Quando a Justiça Federal de São Paulo autorizou o exercício do jornalismo sem a necessidade do diploma universitário, decisão ratificada pelo Supremo Tribunal Federal, os pelegos dos sindicatos passaram a intimidar o editor do ucho.info, sob a alegação de que o fato de não cursar a faculdade impede que o profissional conheça o que é ética. Na verdade, nenhuma faculdade ensinará ao aluno noções de ética, algo que se aprende em casa e no seio da família.

Fazer jornalismo independe do diploma universitário, pois, de acordo com a Constituição Federal, é livre a manifestação do pensamento desde que vedado o anonimato. O que não invalida a importância de um curso de jornalismo.

Esses jornalistas que concordam em mascarar uma notícia, apenas porque o PT não sobrevive sem a figura do ex-presidente Lula, têm diplomas e frequentaram as aulas de ética, mas são vergonhosa e escandalosamente aéticos.

02 de novembro de 2012
ucho.info

"NA DEMOCRACIA, BOM É MANDAR".

 
A condenação de seus principais dirigentes - o chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, o presidente nacional José Genoino, o presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha e o tesoureiro Delúbio Soares, entre outros -, por corrupção ativa e formação de quadrilha, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não foi digerida pelo Partido dos Trabalhadores (PT).


O atual presidente nacional petista, Rui Falcão, já descartou publicamente a expulsão dos afiliados condenados pelo Supremo dos quadros partidários, embora a punição seja prevista no estatuto do partido para quem cometer "crimes infamantes" ou "práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado". Na festa do lançamento da edição n.º 5 mil do jornal do partido, Falcão decretou: "Nenhum deles está incluído.

Não houve desvio administrativo. Quem aplica o estatuto somos nós. Nós interpretamos o estatuto". E mais: o PT faz questão de que Genoino assuma uma cadeira na Câmara dos Deputados em 2013. Ele não foi eleito, mas ocupa a primeira suplência e um dos membros da bancada petista de São Paulo na Câmara, Carlinhos Almeida, foi eleito e será empossado prefeito de São José dos Campos, abrindo a vaga. "Ele tem o direito de assumir o mandato", pontificou o dirigente.

Genoino já foi condenado, mas o julgamento do mensalão no STF ainda não foi concluído. O Supremo ainda não decidiu se os parlamentares condenados perderão seus mandatos automaticamente ou se deverão ser julgados pelos pares. Além de contrariar a iniciativa do réu de demitir-se do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa para evitar constrangimentos para si próprio, colegas e chefes, a decisão de tornar a posse de Genoino fato consumado antes da decisão do Judiciário desafiaria o Estado Democrático de Direito, que o partido garante defender e jura proteger.

Mas, felizmente, o PT está dividido. A Folha de S.Paulo (pág. A4, 1/11/2012) noticiou que uma divisão interna do partido da presidente Dilma Rousseff forçou o adiamento da divulgação de um manifesto do PT contra a atuação do STF no julgamento do mensalão. A divulgação do texto, que, de acordo com a notícia, atacaria a condenação dos petistas, foi postergada para depois da fixação das penas porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, Dilma Rousseff, não querem que em 2013 PT e governo travem uma batalha campal contra o Supremo. Nem que o partido assuma o ônus de uma eventual mobilização do gênero.

Em 20 de setembro passado, por iniciativa do presidente nacional do PT e com adesão constrangida de dirigentes de bancadas da base aliada, foi divulgado um manifesto em que o julgamento foi descrito como resultado da ação de inimigos do partido: "As forças conservadores não hesitam em recorrer a práticas golpistas, (...) à denúncia sem provas".

A chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, contudo, se opôs à atitude hostil dos petistas ao Supremo e defendeu o respeito à sua decisão. "Nós podemos gostar ou não de como as coisas se dão, mas nós temos de respeitar resultados e instituições", disse. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, publicou artigo na rede mundial de computadores qualificando o julgamento de "devido e legal" e seu resultado como "legítimo", de vez que os acusados tiveram amplo direito de defesa.

Se, de fato, mesmo se solidarizando com os condenados e atacando a "politização" do julgamento, o PT não fizer campanha permanente por eles para não dar impressão de revanchismo, fica patente que o partido de Lula, Dirceu e Dilma ainda não se definiu sobre seu papel na chamada "democracia burguesa". Não há clima para mobilizar a militância contra o Judiciário e Genro tem razão ao afirmar que isso seria inócuo, na prática.

De qualquer maneira, o partido só se une para usufruir benefícios, pompas e glórias do governo no Estado Democrático de Direito, mas ainda abriga revolucionários recalcitrantes que se dispõem a chegar às últimas consequências de uma crise indesejável sob todos os aspectos entre os Poderes da República para satisfazer ambições de mando unívoco e total acima das regras democráticas da impessoalidade da gestão pública e da alternância no poder político.

02 de novembro de 2012
Editorial do Estadão

CPI ENTERRADA EM COVA RASA

CPI da Delta do PACdeDilma enterrada em cova rasa




O vergonhoso arquivamento da CPI do Cachoeira, comprova que tudo não passou de uma pizza encomendada pelo ex-presidente Lula.
 
02 de novembro de 2012

A CRISE DE DILMA! INDÚSTRIA FICA NA LANTERNA ENTRE NAÇÕES EMERGENTES

 
Sob Dilma, indústria fica na lanterna. Nos dois primeiros anos da gestão da presidente, Brasil teve o pior desempenho entre 26 países emergentes. Projeções são da consultoria britânica Economist Intelligence Unit; analistas esperam volta de crescimento
 
A indústria brasileira deve encerrar a primeira metade do governo de Dilma Rousseff com o pior desempenho entre 26 países emergentes.

Projeções da consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit) indicam uma expansão média de 1% em 2011 e 2012.

Isso deixa o país atrás de gigantes como China (9,1%) e Índia (3%), de vizinhos latino-americanos como Peru (5,1%) e México (3,5%), e até de nações emergentes europeias, que enfrentam a grave crise que afeta o continente.

Robert Wood, analista da EIU, diz que o resultado do setor (que inclui indústria de transformação, extrativa mineral, construção civil e serviços industriais de utilidade pública) no biênio poderá ser ainda pior. Segundo ele, a projeção de crescimento de 0,5% da indústria brasileira em 2012 (em 2011 houve expansão de 1,6%) corre o risco de ser reduzida.

Isso porque dados divulgados ontem pelo IBGE revelaram um desempenho da produção industrial em setembro pior do que o esperado por analistas.

"Fatores estruturais, como o real forte, e cíclicos, como a crise externa, causaram essa crise da indústria que perdura desde 2011", diz Wood.

Apesar do resultado fraco da indústria em setembro, economistas esperam que o setor retome a trajetória de recuperação que havia iniciado em junho.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), que tenta prever o comportamento do setor com base em informações como nível de estoques, ritmo de novas encomendas e contratações, indicou modesta expansão da indústria brasileira em outubro.

O indicador, que é calculado pela consultoria Markit e pelo HSBC, revelou tendência parecida para outros emergentes, como a China, cujo setor industrial vinha patinando nos últimos meses.

"Essa aparente recuperação da China tende a beneficiar o Brasil", diz Wood.

Outros fatores como o enfraquecimento do real (que torna as mercadorias produzidas pelo Brasil mais baratas no exterior) e o maior otimismo dos consumidores e dos empresários brasileiros também são citados como motivos para uma possível retomada do setor industrial.

A grande dúvida entre analistas é o quão forte tende a ser essa recuperação.

Os dados divulgados ontem pelo IBGE revelaram recuo na produção de bens de capital (como máquinas) pelo segundo mês consecutivo. Isso pode indicar continuação de investimentos baixos.

"A retomada dos investimentos é fundamental para melhorar a capacidade de competição da indústria", diz Júlio Gomes de Almeida, professor da Unicamp.

Almeida afirma que a lenta retomada da economia mundial também tende a continuar limitando o crescimento da indústria nacional.

Apesar de indicar expansão da indústria de forma geral em outubro, o PMI divulgado ontem revelou que novos pedidos para exportação caíram pelo 19º mês seguido.

02 de novembro de 2012
ÉRICA FRAGA - FOLHADE SÃO PAULO

TCU DETECTA FRAUDE EM CONVÊNIOS DA CULTURA COM 28 ONGS

Irregularidades ocorreram nas gestões dos ex-ministros Juca Ferreira e Ana de Hollanda

O Tribunal de Contas da União (TCU) detectou fraudes e irregularidades em convênios do Ministério da Cultura (MinC) com 28 organizações não governamentais (ONGs), firmados nas gestões dos ex-ministros Juca Ferreira e Ana de Hollanda. Conforme auditoria, houve desvio de verba ou falhas na fiscalização em todas as 49 parcerias com as entidades, cujos repasses previstos alcançam R$ 25 milhões. Em decisão, a corte cobra explicações da Pasta e pede que a Polícia Federal investigue o caso.
O tribunal constatou que ao menos sete ONGs existiam de "fachada", apenas para receber recursos públicos, não tinham qualificação técnica e nem capacidade operacional para executar os convênios. Nos endereços declarados pelas entidades Inbraest e Premium Avança Brasil, além dos institutos Educar e Crescer, Renova Brasil, Ideal, Conhecer Brasil e 26 de Outubro de Desenvolvimento Social, havia residências ou empresas sem vinculação com as ONGs.

O relatório diz que as ONGs contratavam as mesmas empresas para executar os convênios. Para isso, forjavam cotações de preços com fornecedoras que não existiam ou tinham ligações com seus dirigentes. "Existem evidências de vínculos entre as entidades mencionadas, o que reforça o indício de atuação conjunta e articulada no sentido de fraudar os convênios", concluem os auditores.

Outras sete ONGs tinham como diretores pessoas ligadas a produtoras de eventos, não raro contratadas para a execução de convênios. Durante fiscalização in loco, os auditores verificaram que os endereços das empresas coincidiam com o das entidades, usadas apenas como mecanismo para carrear verba pública a eventos privados.

Segundo a auditoria, as fraudes poderiam ser evitadas, não fosse a omissão do MinC no acompanhamento e fiscalização das parcerias. Em nenhum caso, a capacidade operacional das entidades foi avaliada. A qualificação técnica foi ignorada em 40 dos 49 convênios. Avisada das irregularidades pela imprensa e o TCU, a Pasta fez vistorias em apenas duas ONGs. Mesmo assim consideradas insatisfatórias. Mas a simples avaliação de documentos apresentados por algumas delas, segundo o tribunal, seria suficiente para a constatação de problemas.

O TCU determinou audiências com o secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, Henilton Parente de Menezes, e seu antecessor no cargo, Roberto Gomes do Nascimento, além de providências para apurar responsáveis e quantificar danos ao erário. O MinC não se pronunciou. Os dirigentes das entidades não foram localizados nesta quinta-feira, 1.

02 de novembro de 2012
Fábio Fabrini, de O Estado de S. Paulo

O QUE MARCOS VALÉRIO CONTOU AO MP E O QUE AINDA RESTA CONTAR

 Reportagem de VEJA desta semana mostra que o operador financeiro do mensalão já começou a falar o que sabe ao Ministério Público. Ele tratou do caso Celso Daniel e avisou que há mais o que contar

NO INFERNO - O empresário Marcos Valério, na porta da escola do filho, em Belo Horizonte, na última quarta-feira: revelações sobre o escândalo
Valério contou ao MP detalhes envolvendo o assassinato de Celso Daniel (CRISTIANO MARIZ)

Em setembro, VEJA trouxe à tona alguns dos segredos guardados por Marcos Valério, operador financeiro do mensalão. Entre eles, a informação de que o ex-presidente Lula teve papel de protagonista no esquema. Pouco depois, o empresário informou o STF, por meio de um fax, que estava disposto a contar o que sabe. Ele também foi ouvido pelo Ministério Público.

Reportagem da revista que chega às bancas nesta sexta-feira revela o que Valério disse ao MP, na tentativa de obter um acordo de delação premiada – um instrumento pelo qual o envolvido em um crime presta informações sobre ele, em troca de benefícios.

À procuradoria o empresário informou, pela primeira vez, ter detalhes sobre outro caso escabroso envolvendo o PT: o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002.

O relato do publicitário é de que Lula e seu braço-direito Gilberto Carvalho (atual secretário-geral da Presidência) estavam sendo extorquidos por figuras ligadas ao crime de Santo André – em especial, o empresário Ronan Maria Pinto, apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura.

Procurado pelos petistas para dar aos achacadores o dinheiro que eles buscavam, Valério recusou: "Nisso aí, eu não me meto", disse ele em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan. Quem relata é o próprio publicitário.

O operador do mensalão afirma que não aceitou entrar no jogo, mas sabe quem acertou as contas com Ronan: um amigo pessoal de Lula, utilizando-se de um banco não citado no esquema do mensalão.

Mais "bombas" – As declarações são apenas parte do arsenal de Valério. Como VEJA havia mostrado já em setembro, o publicitário, que diz temer por sua vida, cogita trazer à luz detalhes sobre o envolvimento de Lula no esquema do mensalão.

Mais do que isso: diz ser capaz de desvendar o mistério sobre a origem do 1,7 milhão de reais apreendidos pela Polícia Federal no escândalo do dossiê dos aloprados, em 2006. E de dar detalhes comprometedores sobre a participação do ex-ministro Antonio Palocci na arrecadação de recursos para o caixa do PT.

Valério foi condenado a 40 anos de prisão. É provável que sua delação tardia não tenha grandes efeitos sobre a pena que terá de cumprir. Mas pode ajudar o país a resolver questões que ficaram sem resposta nos últimos anos.

02 de novembro de 2012
VEJA

IMAGEM DO DIA

Soldados americanos e afegãos durante operação na província de Paktika, no Afeganistão


Soldados americanos e afegãos durante operação na província de Paktika, no Afeganistão - Goran Tomasevic/Reuters
 
02 de novembro de 2012

A NOVELA AVENIDA BRASIL E A PSICANÁLISE DA VIDA COTIDIANA

 

Há tempos uma novela não mobilizava tanto a sociedade brasileira! Avenida Brasil, escrita por João Emanuel Carneiro mostrou durante meses uma característica da alma humana – a maldade.

A Metapsicologia, ou seja, a psicologia freudiana, mostrou a partir de achados clínicos, que nós humanos somos movidos desde o inicio da vida por dois tipos de instintos: o instinto de vida e o instinto de morte.
A saúde mental vai depender da preponderância das forças de vida sobre as pressões psíquicas de morte.



O amor espera-se, deve predominar sobre a destrutividade, a maldade humana, o ódio, enfim todos os sentimentos e desejos homicidas e suicidas. A questão é que amor e ódio são parte intrínseca da realidade psíquica: o amor não é sinônimo de ausência de ódio; nem o ódio anula a presença do amor.

O funcionamento mental de uma pessoa tem uma natureza dialética, pois oscila entre as forças de construção e destruição. Daí, o conflito psíquico ser inerente e, o que nos resta nessa vida é desenvolver uma capacidade para administrar o conflito, e não extingui-lo.

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LADO PERVERSO

Avenida Brasil mostrou de uma maneira clara, objetiva, realística e às vezes cruel, esse lado perverso e mortífero da personalidade humana. Traição, ciúme patológico, ferimentos psíquicos, agressões violentas, crime, sequestro, roubo, intriga, uma série de comportamentos psicopatológicos nas várias classes da sociedade brasileira.
A dramaturgia dos temas exigiu experiência e saúde mental dos atores, além de contaminar os expectadores que se identificavam, amando e odiando os personagens.
Uma bela experiência de um elenco que a cada capitulo crescia, desenvolvia e aprimorava a arte da dramatização.

Prezado leitor, o que quero enfatizar hoje é o que essa novela nos ensinou: ter consciência da capacidade destrutiva do homem e pensar quais as alternativas em direção ao crescimento psíquico.
Ferimento psíquico (ferida narcísica), dor mental, ódio, ressentimento e vingança compõem uma gradação perfeita na dinâmica psíquica na história que João Emanuel escreveu.

Alguém me falou que o compositor da novela teria se inspirado em textos de Fiódor Dostoievski (1821-1881), escritor russo, um dos ícones da literatura universal, conhecido mais publicamente por seus dois romances: Os Irmão Karamázov e Crime e Castigo.

Pesquisando fragmentos de textos de Dostoiévski, e do belo livro – “Dostoievski, Filosofia, Romance e Experiência Religiosa, do filósofo italiano Luigi Pareyson (1919-1991), vi sentido em pensar que João Emanuel tenha tido familiaridade com a obra do escritor russo.

Escreve Luigi Pareyson: “As páginas que Dostoievski dedica ao ‘Pesadelo de Ivan Fedorovic’ são de um poder extraordinariamente dramático e, ao mesmo tempo, de uma profundidade lucidamente filosófica e religiosa.
Que o Diabo seja a personificação do sósia, isto é, da presença do mal no homem, resulta com dramática evidencia: Sou eu mesmo que falo e não tu… Tu és uma alucinação minha. És uma encarnação de mim mesmo, mas somente de uma parte de mim, de uma parte dos meus pensamentos e dos meus sentimentos, mas daqueles mais asquerosos e mais estúpidos…

Insultando-te, insulto a mim mesmo! Tu és eu, eu mesmo, mas com um outro focinho.
Tu dizes exatamente aquilo que eu penso e não estás em condições de me dizer nada de novo!… Mas tu escolhes os meus pensamentos mais feios… Não, tu não existes, tu és eu, eu mesmo e nada mais! És um zero, és uma fantasia minha”. Eu vejo em ti o canalha que saiu de mim; ele sou eu, eu mesmo: toda a parte baixa, vil e desprezível de mim.” (fragmentos do escrito de Dostoievski em – Os Irmãos Karamazov).

A ideia filosófica do autor russo nem é otimista nem pessimista. Penso que é um realismo forte e cruel, pois mostra as forças do mal e do bem, coexistindo dentro do ser humano.
Somos, ainda que tenhamos dificuldade de admitir: Caim e Abel. A novela trouxe essa luta, mas assim como Dostoievski, a luta interna precisa passar pela consciência e experiência da maldade para chegar ao bem.

A alternativa, tanto na obra Fiódor Dostoievski como na novela de João Emanuel, é a capacidade de perdoar – só o perdão evita uma catástrofe maior: a loucura. Entretanto penso que para poder perdoar, antes é necessário se sentir responsável por essa parte diabólica da pessoa. Assumir a sua parte destrutiva é imprescindível para que se possa cuidar dela.

Nosso poeta Manuel Bandeira, em 1947, denunciou o “animal” que existe dentro do ser humano em seu poema – O Bicho – quem sabe, para poder cuidar dele.

“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.”

Carlos.A.Vieira, médico, psicanalista,
Membro Efetivo da Sociedade de Psicanálise
de Brasilia e de Recife. Membro da FEBRAPSI e da I.P.A – London.
02 de novembro de 2012
Carlos A. Vieira

DANIEL DANTAS TENTA IMPEDIR TRANSFERÊNCIA PARA SP DA INVESTIGAÇÃO SOBRE SUA RELAÇÃO COM VALÉRIO

 

Reportagem de Flávio Ferreira, da Folha, revela que a defesa do banqueiro Daniel Dantas recorreu contra a decisão do Supremo Tribunal Federal de desmembrar para a Justiça Federal de São Paulo a investigação para apurar se o grupo Opportunity, dirigido por Dantas, usou o empresário Marcos Valério de Souza para fazer repasses de suborno ou doações ilegais ao PT.


Dantas está todo enrolado…

O desmembramento foi determinado em agosto pelo ministro do STF Joaquim Barbosa, em um inquérito aberto em 2006 para aprofundar as investigações sobre fatos e pessoas não incluídos no processo do mensalão.
A Procuradoria disse ter encontrado “elementos de prova que confirmam que as empresas Brasil Telecom, Telemig Celular e Anazônia Celular, que pertenciam ao grupo

Opportunity, que era dirigido, à época dos fatos, por Daniel Dantas, aderiram ao esquema criminoso montado pelo empresário [Valério]“.

“As apurações já realizadas no inquérito do STF sobre o Opportunity foram encaminhadas à 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo e ao procurador da República Rodrigo de Grandis, que atuaram na Operação Satiagraha da Polícia Federal.
A Satiagraha levou à condenação de Dantas e de executivos do Opportunity pela suposta prática de crimes financeiros e de corrupção, mas foi anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça)”, lembra o repórter Flávio Ferreira, para destacar a importância da informação.

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POR QUE SÃO PAULO?

No pedido ao STF, a defesa de Dantas pediu que “o inquérito seja julgado pelo plenário do Supremo não pela 6ª Vara Federal de São Paulo”.

“Caso seja mantida a decisão de desmembramento dos autos, a defesa pede que o mesmo prossiga perante uma das varas federais da Subseção Judiciária do Rio de Janeiro”, segundo o Opportunity.

De acordo com o grupo, “o fato é que nenhum dos citados nas ‘descabidas alegações’ possui sede ou residência no Estado de São Paulo, e, portanto, prosseguir o processo na capital paulista viola o disposto no Código de Processo Penal brasileiro”.

O Opportunity afirmou ainda que “não é crível que Daniel Dantas tenha colaborado para financiar um governo que o perseguiu”.

Segundo o repórter da Folha, no pedido de desmembramento da investigação, a Procuradoria-Geral da República não detalhou a razão pela qual as apurações deveriam seguir para a Justiça Federal em São Paulo.

BASE ALIADA CONSEGUE ESVAZIAR A CPI DO CACHOEIRA, LIVRANDO CABRAL E AGNELO

 

Embora dois dos principais alvos fossem da oposição (o ex-senador Demóstenes Torres e o governador tucano Marconi Perillo), a base aliada conseguiu esvaziar a CPI que investiga o bicheiro Carlinhos Cachoeira, salvando o governador do Rio Sergio Cabral, o governador de Brasília Agnelo Queiroz e outros políticos ligados ao PT, além do empresário Fernando Cavendish, dono da Delta.


A CIP não vai ser prorrogada e acaba no final do ano. Os aliados do governo no Congresso barraram a investigação por mais seis meses e o clima esquentou com a oposição falando em pizza e os governistas em trabalho cumprido.

Além disso, a CPI decidiu não votar mais de 500 requerimentos para convocar testemunhas e quebrar sigilos de empresas ligadas a Carlinhos Cachoeira que teriam recebido dinheiro do esquema comandado pelo bicheiro.

Para a oposição, é o fim da CPI, porque nessa época do ano nada se faz no Congresso. “Eu acho que é só marcar a missa de sétimo dia agora. Porque realmente houve uma organização muito forte da base do governo para encerrar a CPI”, afirma o deputado Vanderlei Macris.

02 de novembro de 2012
Carlos Newton

VALÉRIO REACENDE O CASO CELSO DANIEL DIZENDO QUE LULA SOFRIA EXTORSÃO

 

Já era esperada a reportagem da “Veja” dando detalhes do novo depoimento do empresário Marcos Valério ao Ministério Público Federal. É claro que a revista está guardando munição para gastar na hora certa. E os primeiros detalhes agora revelados confirmam o envolvimento do PT no assassinato do prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002.


Celso Daniel, arquivo morto

Segundo a reportagem, Valério disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, estavam sendo extorquidos por figuras ligadas ao crime de Santo André.
E apontou que Ronan Maria Pinto, que é apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura, seria um dos suspeitos de chantagear Lula e Carvalho, que foi secretário de governo em Santo André. Outro detalhe: o prefeito petista Celso Daniel era casado com a atual ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

Valério teria negado, segundo a reportagem da Veja. E acrescentou: “Eles achavam que [o pagamento] ia ser através de mim, eu falei assim: ‘Nisso aí eu não me meto, não’”.

Segundo o Ministério Público de São Paulo, durante a gestão do ex-prefeito petista Celso Daniel na prefeitura de Santo André, foi montado um esquema de desvio de recursos públicos.
O dinheiro estava sendo estocado a pretexto de financiar campanhas políticas do PT. Divergências em relação ao esquema teriam levado o empresário Sergio Gomes da Silva, amigo de Daniel, a encomendar o assassinato do então prefeito.

Segundo a “Veja”, apesar da negativa de Valério, o chantagista Ronan acabou sendo pago por um “amigo pessoal de Lula”, por meio de um banco “que não faz parte do mensalão”. Ou seja, não foi o Rural nem o BMG.

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DELAÇÃO PREMIADA

O depoimento de Valério à Procuradoria foi dado na tentativa de conseguir uma delação premiada, mecanismo jurídico no qual alguém que é investigado pode se beneficiar colaborando com a Justiça.
Esse depoimento, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, foi dado no fim de setembro. Nele, Valério teria citado Lula e o ex-ministro Antonio Palocci.

Segundo o jornal, o empresário mencionou outras remessas de recursos para o exterior, além das que foram feitas para o publicitário Duda Mendonça, que trabalhou na campanha de Lula em 2002 e foi absolvido pelo Supremo no processo do mensalão.

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OKAMOTO ENTENDE VALÉRIO

A cúpula do PT procurou desqualificar o novo depoimento que o empresário Marcos Valério teria prestado à Procuradoria-Geral da República sobre o esquema. Saindo em defesa de Lula, os petistas disseram que Valério está tentando se livrar da pena imposta pelo STF e por isso não merece credibilidade.

Segundo a Folha de S. Paulo, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse duvidar que Valério tenha algo a acrescentar ao que já foi dito no julgamento do mensalão e ironizou o novo depoimento: “Se eu fosse condenado a 40 anos de prisão também estaria me mexendo”.

Mas o certo é que, se Valério seguir “se mexendo”, pode balançar a República. Como no célebre filme de Hitchcock, o publicitário mineiro é hoje “o homem que sabia demais”.

OS NAVIOS ENCALHADOS

 

Severo Gomes – sua morte prematura, há 20 anos, ao lado de Ulysses Guimarães, foi lembrada estes dias – era uma inteligência peregrina. Sabia quase tudo do Brasil e não escondia sua ação em favor do golpe em 1964; explicava-a como desvio político equivocado. Mais tarde, conforme dizia sorrindo, transformara-se em um democrata infiltrado no governo autoritário. Ministro de Agricultura do governo Castello Branco e, mais tarde, de Indústria e Comércio de Geisel, tinha uma visão desolada do sistema administrativo brasileiro.


Com Ulysses e Alberto Goldman

Getúlio agira bem, ao tentar construir uma burocracia de Estado, com o Dasp e os concursos públicos – mas se esquecera de que não tínhamos, no subdesenvolvimento de que padecíamos, de onde retirar um corpo de bons gestores da coisa pública.
Bem que ele tentou, mais tarde, suprir essa dificuldade, com a criação da Fundação Getúlio Vargas, mas os seus sucessores não insistiram nessa necessária formação de quadros.

Severo gostava de contar a sua amarga experiência como Ministro da Agricultura e, mais tarde, da Indústria e Comércio. No Ministério da Agricultura, ele levou todos os meses de gestão sem saber exatamente quantos departamentos havia, nem o que realmente faziam os seus funcionários.
Pelo que vira, dizia, o governo se parece a uma frota de navios encalhados, cada um deles preso ao próprio banco de areia, e no meio de denso nevoeiro.
Da nave capitânea à última embarcação, os comandantes gritam, da ponte, as ordens, determinando rumo e velocidade, mas os navios permanecem parados.
Como os tripulantes sabem que os barcos não se movem, jogam cartas e alguns enchem a pança, porque os celeiros estão cheios de ração.

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QUAL O DESTINO?

A imagem é irônica, no estilo de Severo, e exagerada. Há sempre, em qualquer repartição pública, geralmente entre os mais modestos, aqueles que tentam trabalhar com zelo – e, às vezes, com excesso de zelo.
Graças a eles, as coisas funcionam, ainda que devagar. Mas, funcionam em que sentido? Os barcos que avançam, avançam para qual destino? O fato é que temos, hoje, no Brasil, um governo que se identifica na esquerda, mas a máquina administrativa, com seus executivos médios, continua empenhada na prática do neoliberalismo.

O presidente Fernando Henrique Cardoso tratou de colocar, nos postos de decisão (no governo e nas agências reguladoras) homens convencidos de que, fora da submissão à nova ordem internacional, não há salvação. São esses homens que controlam a máquina do Estado. Acusa-se o governo do PT de “aparelhar” o Estado.
A diferença é aquela apontada por Nelson Jobim saudando Fernando Henrique: os apparatchíki de antes – e que, na sombra, continuam mandando – pertencem às elites, conhecem línguas estrangeiras, seguem com atenção os movimentos do mercado, de que são fundamentalistas fanáticos, e se vestem com esmero.

Enfim, esses que remanescem são competentes naquilo que pretendem. Sendo assim, foram eficientes na transferência maciça de dinheiro, pela ponte internacional do Paraná: emitiram, antes, portaria do Banco Central, que isentava da fiscalização da Receita Federal os carros fortes que iam e vinham do Paraguai. Souberam manipular, com as sutilezas das engrenagens financeiras, as contas CC-5, e, mediante fundos marotos, transferir dinheiros mal havidos ao Exterior, a fim de ali serem lavados e aromatizados.

E agora se encontram entre os que aprovam financiamentos do BNDES a empresas estrangeiras, como é o caso da Telefónica da Espanha e perdoam a sonegação bilionária do Banco Santander, calculada em 4 bilhões – cobrada pela Receita Federal.

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SALVAÇÃO ETERNA

Os que conhecem os mecanismos do poder sabem que não é fácil governar. A leitura das melhores biografias de grandes governantes mostra como é difícil tomar decisões das quais depende a salvação ou perdição dos povos. É sempre atual citar Richelieu, quando diz que os homens, em sua vida pessoal, quando erram, podem contar com a salvação eterna.

Os Estados, que só têm vida temporal, não dispõem desse consolo: eles se salvam ou se perdem na decisão de um segundo. É sobre esse fio de navalha que devem caminhar todos os dias os governantes.

Para chegar ao poder, Lula teve que negociar com os empresários, e contou com a ajuda inteligente de José Alencar. Com isso, elegeu-se e empossou-se, mas ele e sua sucessora não conseguiram que o governo assumisse o pleno controle da máquina administrativa.

É inegável que houve avanços consideráveis no caminho da emancipação de milhões de famílias, mediante as políticas compensatórias do governo, e que essas ações favoreceram a economia como um todo, e que – apesar de sua fragilidade essencial – a educação deu grandes passos, com o Enem, o Prouni e o programa nacional de formação técnica.
Mas são apenas algumas naves que, com a tripulação mudada em boa parte, conseguem avançar no rumo escolhido, vencendo os encalhes e devassando o nevoeiro. As outras avançam com as luzes apagadas, na rota contrária ao interesse nacional.

REFLEXÕES SOBRE O BLOG DA TRIBUNA E O JORNALISMO INDEPENDENTE NA INTERNET

 

Esta semana um dos comentaristas, Francisco de Assis, enviou a seguinte mensagem: “Agora é bom vocês pararem com mentiras, pois o Congresso acaba de aprovar crimes na Internet”. Certamente ele está se referindo à chamada Lei Carolina Dieckmann, e julga que esse tipo de ameaça possa pautar esse Blog.



No mesmo dia, soubemos que o jornalista Fábio Pannunzio teve de fechar seu Blog, devido à perseguição judicial que lhe tem sido movida.

Passei a responder a uma enxurrada de processos movidos por pessoas que se sentiram atingidas pelas críticas aqui veiculadas. Alinho entre os algozes o deputado estadual matogrossense José Geraldo Riva, o maior ficha-suja do País; uma quadrilha paranaense de traficantes de trabalhadores que censurou o Blog no fim de 2009; e o secretário de segurança de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, cuja orientação equivocada acabou por transformar a ROTA naquilo que ela era nos tempos bicudos de Paulo Maluf”, explicou Pannunzio, que mantinha um dos espaços mais independentes da rede.

No caso do Blog da Tribuna, até agora não tivemos nenhum processo. Todas as vezes em que fui processado, venci na Justiça. No momento, respondo apenas a um processo, movido pela diretora jurídica do PV, já venci na primeira instância e agora estou aguardando julgamento no Tribunal de São Paulo.

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UMA UTOPIA VÁLIDA

Manter na internet um espaço independente pode ser utopia. É muito mais fácil ter um blog atrelado à facção que esteja no poder ou à oposição, porque rapidamente ele se torna auto-sustentável.

Pode-se dizer que no Blog da Tribuna tudo é permitido em matéria de opinião, menos ofensas pessoais. Vez por outra, temos de moderar algum comentário, para manter a oponião, apenas excluindo a parte mais ofensiva. Alguns reclamam que foram censurados, porque o comentário não chegou ou foi publicado em outro artigo, por engano do próprio comentarista.

Tirando os mais sectários, os comentários são de tal nível que me vejo levado a transformá-los em artigos, para que tenham mais visibilidade. A esse respeito, lamento muito que alguns comen

Cito alguns comentaristas extraordinários, como “All”, “Juquinha”, “Dorothy”e “Cao Zone”, por exemplo, que deixam de ter seus textos postados como artigos por falta de assinatura. Há muitos outros que também enviam comentários admiráveis, mas infelizmente também não se identificam. É pena. Deviam participar mais diretamente.

02 de novembro de 2012
Carlos Newton

BRASIL, COM A SEXTA MAIOR ECONOMIA DO MUNDO, OCUPA O 84o. LUGAR EM MATÉRIA DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

 

Embora o Brasil já seja a sexta maior economia do mundo, só atrás de Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França, pois acabamos de passar o Reino Unidos, ainda temos uma renda per capita muito baixa de US$ 15 mil.



Os USA tem US$ 60 mil. Noruega, Suécia, Suíça, cerca de US$ 90 mil. Mas em matéria de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), somos 84º, atrás de Cuba (IDH 48º), por exemplo. Ou seja, temos muito o que fazer ainda. Mas sendo a sexta maior economia, é muito mais fácil começar a arrumar a casa, do que se fôssemos a 100ª.

Para aumentar bastante a nossa produtividade, que é o que interessa, temos que colocar toda criança brasileira numa escola tipo CIEP de 2 turnos, com nutrição, estudo, esporte e saúde).
Precisamos também subsidiar fortemente uma casa ou apartamento de dois quartos com garagem para toda família necessitada, desfavelizando assim o Brasil.

02 de novembro de 2012

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)

 


CURIOSIDADES LITERÁRIAS

Goethe só escrevia em pé; Gilberto Freyre, a bico de pena

O escritor Wolfgang Von Goethe escrevia em pé. Ele mantinha em sua casa uma escrivaninha alta.


Goethe tinha lá suas manias…

O memorialista Pedro Nava aparafusava os móveis de sua casa a fim que ninguém os tirasse do lugar.

Gilberto Freyre nunca manuseou aparelhos eletrônicos. Não sabia ligar sequer uma televisão. Todas as obras foram escritas a bico-de-pena, como o mais extenso de seus livros, Ordem e Progresso, de 703 páginas.

Euclides da Cunha, superintendente de Obras Públicas de São Paulo, foi engenheiro responsável pela construção de uma ponte em São José do Rio Pardo (SP). A obra demorou três anos para ficar pronta e, alguns meses depois de inaugurada, a ponte simplesmente ruiu. Ele não se deu por vencido e a reconstruiu. Mas, por via das dúvidas, abandonou a carreira de engenheiro.

Machado de Assis, nosso grande escritor, ultrapassou tanto as barreiras sociais bem como físicas. Machado teve uma infância sofrida pela pobreza e ainda era míope, gago e sofria de epilepsia. Enquanto escrevia Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado foi acometido por uma de suas piores crises intestinais, com complicações para sua frágil visão. Os médicos recomendaram três meses de descanso em Petrópolis. Sem poder ler nem redigir, ditou grande parte do romance para a esposa, Carolina.

Graciliano Ramos era ateu convicto, mas tinha uma Bíblia na cabeceira só para apreciar os ensinamentos e os elementos de retórica. Por insistência da sogra, casou na igreja com Maria Augusta, católica fervorosa, mas exigiu que a cerimônia ficasse restrita aos pais do casal. No segundo casamento, com Heloísa, evitou transtornos: casou logo no religioso.

Aluísio de Azevedo tinha o hábito de, antes de escrever seus romances, desenhar e pintar, sobre papelão, as personagens principais mantendo-as em sua mesa de trabalho, enquanto escrevia.

José Lins do Rego era fanático por futebol. Foi diretor do Flamengo, do Rio, e chegou a chefiar a delegação brasileira no Campeonato Sul-Americano, em 1953.

(Texto enviado por Mário Assis)

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 


PT, PSDB E PSB JÁ COMEÇARAM A DISPUTA PELO PODER EM 2014

 

Com o resultado das eleições, PT, PSDB e PSB se credenciam para a disputa da Presidência em 2014. Petistas e tucanos comandarão quatro capitais cada. O PT cresceu em número de prefeituras – passou de 558, em 2008, para 636 – e o PSDB, apesar de ter reduzido no total de cidades, governará 15 com mais de 200 mil eleitores, duas a mais do que conquistou há quatro anos.



O PSB, por sua vez, foi o partido que mais cresceu. Os 443 municípios em que foi eleito representam aumento de 42,9% em relação ao último pleito. Além disso, a sigla comandará cinco capitais e passou de quatro para 11 à frente das cidades com mais de 200 mil eleitores.

Com o feito, o partido, mais do que antes, é o fiel da balança para 2014 e tem três caminhos a seguir: apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), lançar a candidatura de seu presidente, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ou romper em definitivo com o PT e se aliar ao PSDB do senador Aécio Neves, que, com a derrota de José Serra em São Paulo, tornou-se o principal nome tucano.

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SEM ROMPIMENTO

Pelo menos até a véspera da disputa de 2014, PT e PSB continuam aliados no plano nacional. Esse tem sido o discurso dos dirigentes dos dois partidos, que não veem correlação entre os resultados municipais e a eleição presidencial. Eduardo Campos desconversou sobre a possibilidade de se lançar ao Planalto e reiterou o apoio ao governo. “Já tem muita gente querendo criar problemas para a presidente Dilma”, afirmou.

Campos afirmou que o caminho do PSB, depois do bom desempenho nas urnas, “será o de cada vez buscar mais o que une e relevar o que separa”, e que “2014 é em 2014″.

O PSB enfrentou e bateu o PT em quatro capitais: Belo Horizonte, Recife, Cuiabá e Fortaleza. Em três delas, os partidos compartilhavam a administração e, após o rompimento, lançaram concorrentes próprios. Dirigentes das duas siglas vêm minimizando a “quebra” e jogam para o período pré-eleitoral de 2014 uma definição sobre o cenário.

O primeiro-secretário nacional do PSB, Carlos Siqueira, entende que as eleições municipais não têm ligação direta com a presidencial. “Não há rompimento, o que houve é que o PSB teve ousadia de lançar candidatos onde o PT também tinha. Tivemos embate em Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Cuiabá, Campinas. A decisão foi do eleitor, pelo PSB”, disse.

Lideranças petistas fazem a mesma leitura. “Fazemos a avaliação maior de que não perdemos para a oposição, perdemos para um aliado”, justificou o presidente nacional do PT, Rui Falcão. Já para o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), o fato de o PSB ter enfrentado o PT em várias cidades é natural porque o aliado está em crescimento.

(Transcrito do jornal O Tempo)
 
02 de novembro de 2012
Lucas Pavanelli 

PAUSA PARA UM "MEA CULPA"

Fim de semana prolongado dá um certo alívio a Lula, mas hoje começam a circular as revistas semanais...

Há ocasiões em que um final de semana prolongado é providencial. Especialmente para o ex-presidente Lula, pois os três maiores partidos de oposição se mobilizam para pedir à Procuradoria-Geral da República que investigue se ele teve participação no esquema do mensalão. Em função do feriado de hoje, só poderão apresentar o requerimento na próxima semana.



O documento será assinado pelos presidentes do PSDB, Alberto Goldman (em exercício), do DEM, José Agripino Maia (RN) e do PPS, Roberto Freire (SP) e será protocolado terça-feira, em Brasília.

Como se sabe, no inquérito do mensalão, a própria Procuradoria-Geral da República já se recusou a investigar o ex-presidente, por considerar que não havia provas contra ele. Por isso, a oposição agora argumenta que surgiram novos elementos que recomendariam uma investigação por parte do Ministério Público, como o mais recente depoimento de Marcos Valério, as declarações da ex-mulher de José Dirceu etc.

O documento vai citar também reportagem da revista “Veja” de duas semana atrás, segundo a qual o empresário Marcos Valério afirmou a interlocutores que Lula era o chefe do esquema.

Os três partidos vão pedir a abertura de uma nova ação penal, caso fique comprovado que Lula tinha ciência do esquema do mensalão, conforme denunciou na época o influente ex-deputado petista Helio Bicudo, em entrevista ao programa Sábado Especial, da Rede Vida, apresentado por Luiz Nogueira.

02 de novembro de 2012
Carlos Newton

VEJA NO YOUTUBE

Carlos Newton, seria importante divulgar diretamente no artigo os links para a entrevista do jurista Helio Bicudo ao programa Sábado Especial, de 10/6/2006, pela Rede Vida.

Parte 1:
http://www.youtube.com/watch?v=O5x4xkkKvOo
Parte 2:
http://www.youtube.com/watch?v=gXmpaD2oWkM
Parte 3:
http://www.youtube.com/watch?v=Kxq3ilGA8pU
Parte 4:
http://www.youtube.com/watch?v=IyLQTOto_gw
Parte 5:
http://www.youtube.com/watch?v=qJfgvcueXxg

Marcelo Mafra

É PRECISO HAVER SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO NO ATENDIMENTO MÉDICO

 

São tantas as falhas no sistema de saúde pública do país que têm que ser tomadas providências urgentes para reduzi-las substancialmente e evitar de forma total erros como os das aplicações de injeções de sopa e café com leite em veias de pacientes. Tal coisa é inadmissível.



Uma ideia de Elena, minha mulher, creio ser um passo básico. Todos os que trabalham em hospitais e postos de saúde, inclusive particulares, devem ser obrigados a terem fixados crachás nas vestes informando a profissão efetiva, com o registro no Conselho próprio (Conselho de Medicina ou Conselho de Enfermagem) CRM ou COREM. A classificação visa também a distinguir se o profissional que está prestando atendimento é ou não estagiário.

Este aspecto é de fundamental importância, sobretudo no sistema de emergência quando um imponderável número de casos alunos ainda em formação são colocados para substituir profissionais formados.
Nos casos de seguro ou plano de saúde, os contratantes dos planos pagam a mensalidade para poderem receber atendimento médico, e não serem socorridos por aqueles que se encontram em período de formação. Os estagiários (médicos enfermeiros, auxiliares ou técnicos de enfermagem) podem intervir desde que supervisionados por profissional qualificado, isto é já com formação plena.

Com esse sistema muitas vidas seriam salvas e também preservada a integridade de milhares de pacientes. O número de atendimentos pelo menos cresce em ritmo do aumento do número de habitantes. Mas ultrapassa tal ritmo, pois tem de se levar em conta o aumento da violência.
A Folha de São Paulo publicou em sua edição de quarta-feira reportagem de Clara Roman e Valmar Hupsel Filho revelando que, no estado de São Paulo, este ano um policial foi morto a cada 32 horas.

Imagine-se por aí quantos são feridos. Não somente policiais. A violência, nos dias de hoje, não escolhe rumo ou vítimas. Veja-se a incidência de casos no Rio. Observe-se o atendimento do Hospital Souza Aguiar, que, segundo a última estatística, atende diariamente a média de 2 mil pessoas.
São os que não possuem plano ou seguro de saúde particular. Some-se a isso os atendidos na rede particular. As condições urbanas conduzem à necessidade de também uma assistência crescente. Os controles e medidas de segurança têm que acompanhar a demanda, cada vez mais elástica.

A identificação profissional é um passo positivo. Sozinha não vai solucionar todos os problemas, a começar pela falta de médicos em número adequado às exigências do atendimento. Mas reduz o volume. Será um passo decisivo inclusive para que o sistema de saúde possa ter um controle real do efetivo de que dispõe.

Estamos falando do atendimento urbano, esta é a visão imediata. Mas e quanto ao meio rural?
O problema da saúde é maior do que se pensa à primeira vista. Alguma coisa tem de ser feita. Deve começar pela classificação da procura, sobretudo para que as intervenções cirúrgicas não fiquem para as calendas gregas.
O Ministério da Saúde poderia entrar em ação concreta e montar uma rede geral no país. Afinal foi para isso que foi criado o SUS: Sistema Único de Saúde. O doente ou o acidentado não pode ser assinalado como federal, estadual ou municipal. São seres humanos.

02 de novembro de 2012
Pedro do Coutto

DENÚNCIAS DE MARCO VALÉRIO AMEAÇAM LULA

Assassinato de Celso Daniel. Marcos Valério denuncia que PT queria que ele arranjasse dinheiro para pagar chantagem feita por envolvidos contra Lula e Gilberto Carvalho.

Reportagem da revista "Veja" desta semana informa que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza revelou em depoimento ao Ministério Público Federal ter detalhes envolvendo o PT no assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002. Valério, apontado como o operador do mensalão, foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a mais de 40 anos de prisão por crimes cometidos no mensalão.
 
Segundo a reportagem, Valério disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, estavam sendo extorquidos por figuras ligadas ao crime de Santo André.Ronan Maria Pinto, que é apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura, seria um dos suspeitos de chantagear Lula e Carvalho.
A revista diz que Valério foi procurado por petistas para pagar o dinheiro da chantagem, mas que ele teria se recusado. Segundo ele, quem teria ficado com a missão seria um amigo pessoal de Lula, que utilizou um banco não citado no mensalão.
 
O depoimento de Valério à Procuradoria foi dado na tentativa de conseguir uma delação premiada, mecanismo jurídico no qual alguém que é investigado pode se beneficiar colaborando com a Justiça.Esse depoimento, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", foi dado no fim de setembro. Nele, Valério teria citado Lula e o ex-ministro Antonio Palocci.

Segundo o jornal, o empresário mencionou outras remessas de recursos para o exterior, além das que foram feitas para o publicitário Duda Mendonça, que trabalhou na campanha de Lula em 2002 e foi absolvido pelo Supremo no processo do mensalão.
 
A cúpula do PT procurou ontem desqualificar o novo depoimento que o empresário Marcos Valério teria prestado à Procuradoria-Geral da República sobre o esquema. Saindo em defesa de Lula, os petistas disseram que Valério está tentando se livrar da pena imposta pelo STF e por isso não merece credibilidade. O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse duvidar que Valério tenha algo a acrescentar ao que já foi dito no julgamento do mensalão e ironizou o novo depoimento: "Se eu fosse condenado a 40 anos de prisão também estaria me mexendo".
 
02 de novembro de 2012
in coroneLeaks

DENÚNCIA DE MARCOS VALÉRIO SÓ SERÁ USADA EM OUTROS PROCESSOS

Réu teria citado Lula, Palocci e novas remessas para o exterior


Sem prêmios. Novas denúncias de Valério não reduzem a pena pelas condenações no mensalão
Foto: O TEMPO
Sem prêmios. Novas denúncias de Valério não reduzem a pena pelas condenações no mensalão
O TEMPO

BRASÍLIA - Está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Ministério Público Federal decidir como serão investigadas as novas denúncias feitas pelo operador do mensalão, Marcos Valério. Ele prestou depoimento ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em setembro, incriminando pessoas que não estavam incluídas na ação penal. As revelações não terão efeito prático no processo em julgamento no STF, mas podem ser inseridas em novo inquérito judicial ou ser apuradas inicialmente pelo Ministério Público.

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O teor do depoimento está sob sigilo. Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, Valério citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e outras remessas de dinheiro para o exterior no esquema do mensalão. Além disso, falou sobre o assassinato, em 2002, de Celso Daniel, então prefeito de Santo André.

Para se ver livre da cadeia, Valério pediu para ser incluído no programa de proteção à testemunha e, em troca, daria mais detalhes sobre as novas acusações. Ele foi condenado a 40 anos, um mês e seis dias de prisão. No fim de setembro, Valério encaminhou fax ao STF formalizando o pedido de inclusão no programa de proteção à testemunha. Depois, ofereceu-se para prestar o novo depoimento ao Ministério Público.

Delação não interfere na pena anterior

Como foi condenado a mais de oito anos de prisão, Valério terá de cumprir a pena em regime inicialmente fechado. Caso seja incluído no programa de proteção, o poder público terá de providenciar condições para resguardar a vida dele. Para um ministro do STF, isso significaria cumprir a pena fora da prisão. Mas outros ministros pensam diferente. Um deles é Marco Aurélio Mello:

— Quanto ao processo em curso, isso (o novo depoimento) não tem repercussão maior. A lei que versa a delação é para esclarecer autoria e materialidade dos crimes. Agora, os fatos já estão julgados. A delação premiada teria repercussão em nova possível persecução criminal — explicou Marco Aurélio.

Segundo ele, a delação em um processo não pode interferir no cumprimento de pena fixada em processo anterior:

— A proteção à testemunha exige parâmetros que visem à forma de cumprimento da pena, mas não afasta a execução da pena. O estado tem que providenciar cela especial em que ele fique sozinho, sem contato com outros custodiados.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quinta-feira ao site G1 que eventuais informações que Valério pudesse fornecer não poderiam mais ser utilizadas no processo do mensalão, em julgamento no STF. Gurgel não confirmou se, de fato, o MP voltou a ouvir Valério em setembro, mas disse que depoimentos decorrentes de eventual benefício de delação premiada poderiam ser utilizados somente em processos em tramitação, que ainda não foram a julgamento.

— Haverá a possibilidade — e isso será examinado em relação a outros processos que tramitam na Justiça Federal —(em casos de) processos que estão em andamento ainda, em que não há julgamento. Aí sim, haveria a possibilidade de examinar a viabilidade de uma delação premiada — disse Gurgel.
Em caráter reservado, outro ministro do STF concordou que o novo depoimento de Valério não vai influenciar no processo em julgamento, pois as investigações já terminaram. O ministro afirma que o Executivo tem meios de garantir a proteção física de Valério.

Marco Aurélio informou que, antes de terminar o julgamento do mensalão, vai questionar a pena imposta a Marcos Valério. Isso porque o relator adotou o método do concurso material para calcular a pena. Esse instrumento permite somar as penas de cada um dos crimes cometidos pelo réu. Marco Aurélio defende a adoção da continuidade delitiva, método pelo qual o STF consideraria a pena mais severa atribuída por um crime e, depois, aumentaria o tempo de prisão como expresso no Código Penal.

— A pena pode descer substancialmente. A virtude está no meio termo, não em posições extremadas. Não cabe o rigor excessivo. Ou seja, esse julgamento ainda promete — disse Marco Aurélio.

02 de novembro de 2012
Carolina Brígido