"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 22 de novembro de 2011

VALE A PENA RIR DE NOVO...

RIR DE QUEM?! DE NÓS?!


UMA CORRUPTOCRACIA DE RABO PRESO


Aquilo que escrevemos no final do primeiro mandato do chefe das gangs da corrupção aconteceu. Na verdade já havia um senso comum de que o Covil de Bandidos, construído pela gang dos quarenta e um, dificilmente seria desfeito, principalmente pelo fato do país não ter mais uma “Justiça” que mereça esse nome levando seus Tribunais Superiores a se comportarem como lacaios dos que indicam seus togados.

O estelionato eleitoral que elegeu a presidente Dilma, com quase todos os ministros escolhidos pelo seu antecessor, entre outras centenas de cargos de confiança, foi uma comprovação final de que o Covil de Bandidos da política prostituída tem um chefe maior, um hábil controlador do jogo de forças para agradar a gregos, bandidos e troianos.

É evidente que a divisão do roubo dos contribuintes está ficando cada vez mais difícil e perigosa fazendo com que essa gente sórdida comece a andar no pântano da desmoralização total dos podres Poderes da República com o aval da “Justiça”.

O caso do Ministro do Trabalho consolida um entendimento, para quem ainda tinha alguma dúvida, de que uma complexa teia de corrupção tomou conta do poder público e das relações público-privadas. Somente a presença desse desqualificado no quadro ministerial já define o poder público como algo que não tenha que ser levado a sério, não fosse o poder de polícia fascista que controla a sociedade, além do suborno, do assistencialismo e da cumplicidade de milhares de esclarecidos canalhas públicos e privados serem os pilares de sustentação de um projeto de destruição do país.

As declarações do ministro bola da vez, e seus discursos eivados de mentiras, leviandades e patifarias – publicamente comprovadas –, sem que o mesmo tenha ainda sido demitido pela presidente – o que não vai acontecer–, mostra como os políticos bandidos sobrevivem e ficam ricos com o usufruto da apodrecida máquina do Estado ao longo de suas carreiras sórdidas.

Como todos os outros, o ministro denunciado pela jornalismo ainda não subornado pelo PT vai acabar pedindo demissão, assim que seus crimes puderem ser postos para debaixo do tapete do esquecimento de uma sociedade feita de idiota e imbecil todos os dias.

Se as ameaças de botar a boca no trombone forem muito latentes sua saída se dará apenas com a reforma ministerial, livrando a presidente de pagar um preço muito alto por desagradar o chefe geral do Covil de Bandidos e provocar um risco de desabamento do castelo de cartas da corrupção petista.

O aparelhamento dos podres Poderes da República do Retirante Pinóquio pelos partidos da base aliada, fundamentado na troca corrupta de favores corporativistas, construiu uma estrutura de poder em que todos protegem todos para que o país não entre em convulsão no momento em que a parcela da sociedade ainda não vendida, não subornada e não corrompida, acordar para o cerne criminoso-genocida do projeto petista de desgoverno.

A rigor a presidente Dilma não demitiu ninguém e foi sempre obrigada a deixar o submundo corrupto-corporativista decidir a hora dos ministros denunciados pedirem afastamento de seus cargos, contando ainda com a manutenção do respeito da presidente sempre publicamente verbalizada a cada queda consumada.

A herança maldita – uma estrutura de ministérios afundados em esquemas de corrupção – que a presidente recebeu por imposição do seu antecessor também a fez de refém da mesma teia de corrupção e tráfico de influência que limita suas supostas ações de moralização do poder público, se é que alguma vez, de fato, essa vontade política existiu.

O jogo ficou difícil, pois a bandidagem da corrupção impera no poder público fazendo com que o controle das ambições ilícitas fique cada vez mais difícil e vai acabar faltando dinheiro roubado dos contribuintes para distribuir para tantos canalhas, provocando o início de um motim no navio dos corruptos com seu capitão tendo um sério risco de ser jogado aos tubarões.

Geraldo Almendra

MENSALÃO 1

MENSALÃO 2

OS 30 MANDAMENTOS DA JUSTIÇA TRABALHISTA


Aqui estão algumas das agruras sofridas pelos que demandam no judiciário trabalhista. Essa matéria só foi possível graças à coleta dos itens sugeridos por renomados advogados militantes neste judiciário. Entre os Mandamentos você vai encontrar o de n° 9, “O juiz do trabalho é um ser superior, intocável e magnânimo”.

1 – Não encontrar juízes de 2ª a 6ª feiras, após as 15 horas e nas segundas e sextas-feiras;

2 – Atender com desdém os advogados e partes que comparecem nos guichês das Varas;

3 – Os serventuários não devem permitir que advogados tenham acesso aos juízes;

4 – Quando abrir exceção e tiver que atender o advogado, não o convide para sentar, devendo permanecer sentado e o advogado em pé;

5 – Colocar o mínimo de informação nos textos de consultas no Push Processual;

6 – Instruir os serventuários para que não prestem informações aos advogados dificultando seu acesso ao processo, mantendo-o constantemente concluso;

7 – Os juízes devem ser grosseiros com as partes, como forma de inibir a atuação dos patronos, para com isso mostrar a supremacia dos magistrados;

8 – Usar toga na primeira instância e exigir ser tratado de juiz-desembargador;

9 – O juiz do trabalho é um ser superior, intocável e magnânimo;

10 – Mostrar postura austera e quando cumprimentado pelo advogado fora da VT ou Gabinete, fingir que não escutou, para não retribuir;

11 – Não dar a menor importância às determinações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ);

12 – Não validar acordos com facilidade a fim de supervalorizar a atividade do magistrado;

13 – Não ter receio de correcional eis que as mesmas são fadadas ao esquecimento;

14 – Alertar testemunhas de forma austera a fim de inibi-las a depoimento, ameaçar de prendê-las é uma forma de constrangê-las em público e diminuir sua importância no processo;

15 – Como forma de mostrar ao advogado a importância do juiz, demorar o máximo para assinar alvará;

16 – Durante a audiência, dar passa-fora nos advogados, como forma de demonstrar a supremacia do juiz;

17 – Organizar sua pauta de audiências sem levar em conta as partes e patronos, de forma atender apenas as suas necessidades sociais e de convívio familiar;

18 – Marcar a primeira audiência em data o mais distante possível para desestimular o ingresso de ações;

19 – Remarcar audiências o mais distante possível a fim de proporcionar ao juiz e servidores melhor conforto e qualidade de vida profissional;

20 – Procurar extinguir a ação, sempre existe algum ponto na petição que vai permitir o ato;

21 – Na execução peça para o serventuário preferido fazer o edital, notificações e escolher os CPFs constantes no contrato social, ignorando o fato se a pessoa tem a responsabilidade com o período relacionado. Uma vez citado, ele vai tomar providencias e indicar o sócio responsável;

22 – Quando atacado pela parte por erro de edital, notificação e escolha do executado (s) na Bacen Jud, e bens, ignorem-o, deixe a questão para ser decidida pelos tribunais superiores, afinal o erro não foi seu, e sim do serventuário, Quem quiser que se defenda, nego na petição, ela se agravada vai para o tribunal e lá eles decidem;

23 – Se possível peça licença para participar de Cursos, Seminários e Congressos fora do País;

24 – Publique um livro, mesmo que seja com poucas páginas e de fraco conteúdo programático, ele lhe será útil no futuro no caso de promoção por merecimento;

25 – Serventuários e juízes, reclamem sempre do seu baixo salário;

26 – A Ordem dos Advogados é entidade privada e deve ser reconhecida dentro da sua limitada importância;

27 – Sempre que possível aplique a multa por litigância de má-fé;

28 – Para obter melhor qualidade técnica, nunca propale sentenças ou tome decisões interlocutórias com celeridade. Lembre-se: a indenização laboral é uma poupança para o trabalhador, enquanto não decide vai rendendo dividendos;

29 – Para driblar o nepotismo, peça para colegas nomearem seus parentes em troca de nomeações dos seus em sua Vara ou Gabinete;

30 – Nas audiências, aproveitando a presença de público, externar sempre que puder suas posições políticas, mostrando sua tendência partidária.�

Se você concorda ou não com esses 30 Mandamentos da JT, dê sua nota de 1 a 10, avaliando.�

Veja como ficou a pontuação da sua resposta:�

Se concordou com 10% das questões (é um cínico e bajulador);�
Se concordou com 30% das questões (está sendo cauteloso);�
Se concordou com 50% das questões (é uma pessoa criteriosa);�
Se concordou com 70% (concorre ao cargo de critico da JT);�
Se concordou com 100% (parabéns, você é um advogado trabalhista militante e sofre as agruras da JT).

Roberto Monteiro Pinho

HAJA GENTE! 7 BILHÕES DE HUMANOS!!!

OUTRO, ORA

HISTÓRIA D' ANTANHO

Pescoço de rosca

Na hora de deixar o governo da Bahia, em 1954, e entregá-lo ao governador eleito Antonio Balbino (pelo PTB, derrotando o candidato do PSD, Pedro Calmon), Regis Pacheco deu um aumento de 25% à polícia estadual. O comandante, coronel Almerindo Rhem, reuniu o Alto Comando:

- Precisamos fazer uma homenagem ao doutor Regis, para provar-lhe nossa gratidão, sobretudo porque ele perdeu as eleições e sai derrotado.

Começaram os palpites. Uns sugeriam o nome em uma ala da Vila Militar, outros um retrato no salão nobre, já outros uma placa na entrada de um dos quartéis. Enfim, por unanimidade, foi aprovada a inauguração de um busto do governador no centro da Vila Militar.

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BAHIA

O coronel Filadelfo Neves, velho e sábio sertanejo, pediu a palavra:

- Está bem o busto. Lá em cima de um pedestal, bem alto. Só que precisamos pensar no futuro. Vai haver, inevitavelmente, outros governos, outros governadores, outros aumentos, outras homenagens.

- Qual é então a sua proposta?

- Busto, mas com pescoço de rosca.

E ficou lá, anos a fio, o busto de Regis Pacheco, com pescoço de rosca.

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PETROBRAS

Há exatos 58 anos, nascia a Petrobras, ao preço de sangue, suor e lágrimas e, logo de saída, um primeiro cadáver, o de Getulio, seu criador. Depois, milhares de técnicos, geólogos, engenheiros, trabalhadores de todos os níveis, a grande maioria jovens, deram vida e alma para o Brasil construir uma poderosa empresa de petróleo, base da sua independência.

Foi o que dizia o “Repórter Esso”: “Testemunha ocular da história”. Jornalista na Bahia no fim dos anos 50 e começo dos 60, vi a Petrobras nascer (e participei) com a primeira grande refinaria pública do País, a de Mataripe, e o primeiro sindicato de trabalhadores do petróleo, o Sindipetro.

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JURACY

Juracy Magalhães, primeiro presidente, em 53 e 54, contratou para chefiar seu Departamento de Pesquisa, por cinco anos, o geólogo-chefe aposentado da norte-americana Standard Oil, Walter Link. Era a raposa no galinheiro. Fez um relatório maroto: não tínhamos petróleo quase nenhum.

Foi então que um grupo de jovens geólogos, dirigentes do departamento de Exploração da Petrobras, passou a pesquisar não apenas as possibilidades em terra, mas também na plataforma submarina, com descobertas surpreendentes. Não por acaso, no golpe militar udenista-americano de 64, foram quase todos eles demitidos da empresa.

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GEISEL E FHC

Todas aquelas lutas resultaram na grandiosa empresa que é hoje a Petrobras. E agora, quando ela descobre a bacia do pré-sal (a maior nova reserva de petróleo do mundo), os mesmos que em 53 tentaram inviabilizá-la querem agora fazer dela uma cabeça descartável, um pescoço de rosca.

A operação-traição começou no governo Geisel, com os “contratos-de-risco”, uma maneira disfarçada de quebrar o monopólio da Petrobras pondo as empresas internacionais de petróleo dentro da exploração. Mas elas jamais quiseram investir em risco nenhum e não descobriram nada.

No governo Fernando Henrique, o “mister Lynk da rua Antonia”, tomaram da Petrobras o “monopólio nacional da exploração e do refino”, vendendo a maioria de suas ações e obrigando-a a fazer “parcerias” com as empresas estrangeiras. Mas as “novas parceiras” não puseram um tostão em novas pesquisas. Associaram-se na extração do já descoberto pela Petrobras.

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PRÉ-SAL

Agora, de repente, quando a Petrobras e seus técnicos descobriram as megabacias do pré-sal, com reservas de até 50 ou 100 bilhões de barris, os gangsters internacionais de sempre soltaram seus perdigueiros, seus cães de fila, como se dizia antigamente, nos jornais, revistas, televisões, Congresso, tentando tirar da Petrobras o comando da exploração do pré-sal.

Ora, se foi ela quem descobriu, cabe a ela comandar a exploração. E a primeira medida, evidentemente, tem que ser assegurar que a Petrobras tenha o controle da exploração e da produção. Para isso, é absolutamente indispensável que ela retome, e logo, a posse da maioria de suas ações, através da nova legislação regulatória da exploração do petróleo.

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LULA

Lula tem razão: “O Brasil não é da Petrobras. A Petrobras é que é do Brasil. Enquanto estiver embaixo da terra, o petróleo é da União. 62% do capital da Petrobras são privados e, desses, 50% são de americanos. Ficarão assegurados à Petrobras os megacampos descobertos” (“Globo”). O presidente da Petrobras, o bravo baiano Sergio Gabrielli, garantiu:
“A Petrobras terá condições técnicas de explorá-los sozinha”.

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O “BOLHA”

A TV Globo passou a dividir as pesquisas do Ibope com as do Datafolha. Depois de sócios no “Valor Econômico”, “Globo” e “Folha” cada dia mais se juntam. Pode surgir daí o “Glofo”. Ou, mais propriamente, o “Bolha”.

Sebastião Nery

DILMA, AÉCIO, CIRO E EDUARDO CAMPOS DÃO A LARGADA PARA 2014

Numa entrevista ao Valor, sexta-feira passada, 18, texto de Raquel Ulhôa, foto de Rui Baroni, o ex-ministro Ciro Gomes anunciou sua disposição de ser candidato à presidência da República na sucessão de 2014, pelo PSB, seu partido. Voltou de uma permanência de seis meses nos Estados Unidos e se lançou, penso eu, para neutralizar a movimentação do governador Eduardo Campos, também do PSB, que iniciou articulações visando o plano nacional.

Ou um ou outro. A legenda – aliás nenhuma delas – não pode ter dois candidatos. No PSDB, Aécio Neves iniciou a campanha, livrou vantagem sobre José Serra, duas vezes derrotado, mas hesita em assumir um discurso de oposição ao governo. Falta falar no PT. Ou reeleição de Dilma Rousseff, ou nova candidatura de Lula. De qualquer forma, porém, é natural que a presidente da República se prepare para disputar a recondução ao Palácio do Planalto. Por isso, não pode se distanciar de seu antecessor e taticamente aguarda uma definição a respeito das eleições de 2012 para a Prefeitura da cidade de São Paulo.

Esta provavelmente é a razão que explica tanta protelação em demitir o ministro Carlos Lupi, completamente prisioneiro de uma teia política que ele próprio armou em sua incompetência. Total. Tornou-se quase um ex-ministro na sombra do ridículo. Mas Lula pediu por ele. Mesmo assim será impossível Dilma Rousseff mantê-lo. Cada dia de sua permanência na esplanada de Brasília é, pelo menos, um ponto que a presidente perde junto à opinião pública. O desastre é maior do que Lupi e o pedido de Lula juntos.

Mas, por seu turno, Dilma espera o resultado da candidatura do ministro Fernando Haddad. Ela, que sempre desejou exonerá-lo, apóia sua candidatura, já que esta é a forma mais fácil de vê-lo pelas costas. E se em outubro de 2012 ele perder nas urnas, ainda melhor para ela. A derrota terá sido de Lula, não dela. A estrada do PT fica mais aberta para vencer novamente. O desfecho deixará a sensação de que Luiz Inácio da Silva não é invencível. É invencível, isso sim, quando une sai popularidade à capacidade de quem apóia.

Vamos convir: depois dos desastres das três cartilhas trágicas, uma com erros de português, outra com erros de aritmética, a terceira um pornô contra a homofobia, além da falha do Enem, dificilmente o hoje ministro da Educação poderá resistir à rejeição amanhã.

O caminho de Aécio Neves é fácil: não há, na oposição, obstáculos à sua frente. Mas o êxito nas urnas é difícil. Dilma e Lula têm a seu favor a política salarial incomparavelmente melhor, para os assalariados, que a do governo FHC, cuja imagem está ligada à oposição. Para eliminar tal argumento eleitoral, será necessário a Aécio Neves comprometer-se a ir além do que foi nesse campo a aliança PT-PMDB. E tal engajamento acarretaria a ruptura entre a oposição e as classes conservadoras da sociedade. A estabilidade política e institucional do esquema de poder em vigor baseia-se exatamente em suas coisas: o reajuste dos salários e o freio às privatizações de empresas estatais. São, ambos os temas, amplamente populares.

O PMDB, no plano nacional, não vai romper a coligação. Pelo contrário, se o PSB sair dela, lançando Campos ou Ciro, mais o PT e o governo vão necessitar do partido de Michel Temer e José Sarney. Por que motivo o PMDB deveria romper? Eles não tem votos para vencer sem o PT e o Partido dos Trabalhadores não tem base parlamentar no Congresso sem o PMDB. Não podem brigar entre si. Seria uma luta em que ambos perderiam espaço. E o PMDB não vai querer perder espaço algum. Tampouco o PT. Dentro deste quadro, hoje inevitável, não há como o PSB levantar vôo próprio. Não vencerá nem a lei da gravidade, nem a lei da realidade. Mas o jogo já começou.

Pedro do Coutto

NOTAS POLÍTICAS

Dias de perplexidade e de revolta
Carlos Chagas

Regra fundamental do jornalismo é de que não cabe ao jornalista brigar com a notícia. Basta divulgá-la, desde que acorde com o Código de Ética, ou seja, precisa e verdadeira. A notícia, desde o domingo, é de que a Direita venceu as eleições na Espanha. Não há como contestá-la. O eleitor espanhol preferiu destituir do governo o socialista José Luiz Zapatero e dar o poder ao conservador Mariano Rajoy, do Partido Popular.

Significa o quê, essa reviravolta? Mais, que o cidadão comum mostrava-se insatisfeito com o Partido Socialista Operário. Menos, que empolgou-se com o programa de seus adversários, os conservadores, e por razão muito simples: durante a campanha, Mariano Rajoy manteve-se calado. Pediu votos, mas não apresentou alternativas senão de que a Espanha precisava de austeridade.

Os socialistas já vinham adotando medidas de contenção de gastos, inclusive no plano social. Aumentaram impostos e cortaram salários. É meio fantasioso imaginar que perderam a eleição porque a maioria dos espanhóis insurgiu-se contra os cortes. Seria fazer pouco da capacidade de raciocinar dos peninsulares, porque parecia evidente, mesmo diante do silêncio de seu líder maior, que a segunda receita será ainda mais apimentada, já que a primeira fracassou. Como foi anunciado ontem em Madri, virão mais restrições orçamentárias e aos direitos sociais, assim como reduções nas aposentadorias. E nenhuma iniciativa para superar os 22% de desemprego, a maior taxa da Europa.

Claro que a população espanhola vai aguardar as primeiras iniciativas, depois de janeiro. Mas se já rejeitava a receita socialista, como rejeitou, qual a reação diante do modelo conservador? Dias de perplexidade e até de revolta podem ser esperados na Espanha, em seguida a uma temporada de crédito e confiança no novo governo.

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MANTER O MINISTÉRIO

Reúne-se hoje a cúpula do PDT, ainda que não formalmente. Nem a Executiva nem o Diretório Nacional foram convocados, mas, apenas, as principais lideranças e bancadas analisarão a crise. Carlos Lupi mantém a maioria nas diversas instâncias do partido, só uma razão seus companheiros conseguiriam para que se exonerasse. Preservar o ministério é o objetivo maior dos pedetistas, superior, mesmo, ao de preservar Lupi. Talvez nessa pequena fissura repouse a chave para a superação do impasse que hoje imobiliza o ministério do Trabalho.

Entre ele e o ministro, se a situação chegar a esse ponto, o PDT agradecerá ao líder ainda sobrevivente mas tentará indicar seu substituto.Estaria a presidente Dilma jogando nessa hipótese e, por isso, ganhando tempo mas sofrendo críticas por não se ter livrado ainda de Lupi? Pode ser, porque aí a equação se inverterá: quem garante que com a reforma de janeiro não serão extintos os feudos partidários em que o ministério dividiu-se? Dois coelhos seria abatidos num só golpe: Lupi e a prevalência do PDT no ministério do Trabalho.

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HADDAD NA ENCRUZILHADA

Fernando Haddad sofre pressões do PT paulista e paulistano para pedir imediatamente demissão do ministério da Educação. Sua presença em tempo integral é exigida pelos companheiros para enfrentar a difícil eleição à prefeitura de São Paulo. Esperar janeiro e a reforma do ministério prejudicará sua candidatura, assim como vem tornando difícil explicar como consegue conciliar os dois encargos. Ficar na capital do estado nos fins de semana iniciados nas sextas-feiras para reuniões políticas e comícios, mantendo-se em Brasília no meio da semana, não equivaleria a dar pouca atenção ao ministério? Estaria a presidente Dilma satisfeita com esse regime de trabalho?

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DOIS ELEFANTES

Defronta-se o governo Dilma, como já se defrontava o governo Lula, com dois elefantes postados no meio do caminho, impedindo o tráfego: o desvio das águas do rio São Francisco e o Trem-Bala.
Falta um Juscelino Kubitschek para viabilizar essas duas obras faraônicas ou um Eurico Dutra para interrompê-las. Deixá-las como estão, uma semi-paralisada, a outra no papel mas igualmente consumindo montes de recursos, exprime a certeza do desgaste anunciado.

Notícia não se tem, precisa e verdadeira, da real condição da transposição do rio. Canteiros de obras abandonados ou trabalhando muito aquém da programação fazem supor a impossibilidade de a água chegar ao Nordeste ainda nesta década. Quanto à ligação meteórica do Rio a São Paulo e a Campinas, nenhum dormente foi assentado, quanto mais composta a operação de financiamento e implantação, que pode ser chinesa ou coreana, mas jamais italiana ou francesa, como se pretendeu. Melhor faria o governo se destinasse à recuperação da malha rodoviária posta em frangalhos os recursos de dezenas de bilhões anunciados para essas obras.

Carlos Chagas

VALE A PENA LER DE NOVO

Conversa de Helio Fernandes com comentarista, sobre o jornalista Gay Talese e o livro “Gomorra”.

Eis mais uma conversa do mestre Helio Fernandes com comentaristas do Blog. Foi publicada em 21 de julho de 2009, mas vale à pena ler de novo.

Artur Ribeiro Antunes:
Parabéns pela análise do livro do superavaliado Gay Talese, que é “consagrado” pelo fato de ser americano, e escrever sobre o New York Times. (Quando escreveu o livro, o jornal não estava à beira da falência, obrigado a penhorar a própria sede por 374 milhões de dólares, fora outras dívidas).

Meu prazer com o artigo-análise-crítica foi com o trabalho exaustivo que o senhor teve. Confessou (e mostrou) que leu o livro de ponta a ponta, da primeira à última das 512 páginas. Isso não é comum, pelo menos as críticas que saíram aqui, não foram profundas como a do senhor.

Citou as 384 personalidades examinadas por ele e ainda deixou de lado outras 400 sem importância, palavras suas. Muito obrigado por colocar ou recolocar Gay Talese no seu verdadeiro lugar, o “inventor do jornalismo novo”.

Moro em Nova Iorque, vim estudar há 11 anos, (me formei em Harvard) acho que não volto mais. Traduzi seu artigo, e deixei pessoalmente no escritório do escritor. Não foi trabalho e sim satisfação. Acho que ele vai perder um pouco da arrogância.

Comentário de Helio Fernandes:
Obrigado, Artur Antunes, não só por gostar do artigo, mas também e principalmente por fazê-lo chegar ao próprio Talese.

A repercussão aqui foi excelente, não só com o público, mas atingindo diversos jornalistas. Muitos me pediram autorização para reproduzir em seus sites e blogs, estão livres e liberados.

O objetivo principal era precisamente o de lembrar aos muitos que bajularam Talese, que não existe jornalismo NOVO ou VELHO, e sim jornalismo exercido com independência e competência.

Muito melhor (mas melhor mesmo) é o livro de Roberto Saviano, “Gomorra”. São 349 páginas, assustadoras, pela profundidade na qual mergulha, e volta contando os negócios fantásticos, abusivos, desses grupos de Nápoles, a “Camorra”, que inovou e substituiu a “Cosa Nostra”.

Em determinado momento, o estarrecimento do leitor é tão grande que a vontade é deixar tudo de lado, não acreditar em mais nada. Mas volta, puxado ou empurrado pela credibilidade que salta de cada página, de cada período, de cada linha e até de cada frase, pois Saviano escreve de forma sincopada, diretamente para o leitor.

* * *

PS - O extraordinário é que Saviano tinha apenas 30 anos, escrevia de Nápoles, de dentro dos grupos, parece um “boss” (como se intitulam), dá a impressão de que é um dos chefões que transformou a “Cosa Nostra” (um grupo insignificante, uma espécie de jardim da infância do crime) numa sucursal da CIA e do FBI, voltada única e exclusivamente para o faturamento e o enriquecimento marginal, principalmente com drogas.

PS2 – Definição dos chefes de clãs de Nápoles: “As drogas estão sendo consumidas pela elite, temos de levá-las aos pobres”. Multiplicaram os lucros de tal maneira que chegaram a FATURAR 300 milhões de euros (900 milhões de euros) por dia.

GOVERNO SABE DA CORRUPÇÃO

Alertado pela Controladoria-Geral da União, o governo sabe da corrupção, mas nada faz para punir os ministros envolvidos.

Reportagem de Karla Correia no Correio Braziliense, o jornal mais importante de Brasília, mostra que o governo do PT, desde os tempos de Lula, está sendo conivente e leniente com a corrupção. A Controladoria-Geral da União tem feito um trabalho extraordinário para moralizar a administração pública, mas nada acontece.

“Se o governo pudesse voltar no tempo até 15 de julho de 2008, a crise que hoje atinge o Ministério do Trabalho já poderia ser considerada assunto superado. Naquele dia, a Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu relatório, enviado ao gabinete do ministro Carlos Lupi, no qual apontava irregularidades em um convênio firmado entre a pasta e a Fundação Pró-Cerrado na área de qualificação profissional”, narra a repórter Karla Correia.

Da mesma forma, em dezembro de 2010, o secretário de Prevenção da Corrupção da CGU, Mário Vinícius Spinelli, esteve no gabinete do então ministro do Turismo, Luiz Barretto. Tinha em mãos um parecer mostrando falhas graves em contratos assinados para capacitação de mão de obra e realização de eventos. Mas não adiantou nada.

A repórter do Correio mostra que, depois de três anos acumulando poeira, sem que nada fosse feito, o primeiro relatório vem à tona no inferno astral vivido por Carlos Lupi, depois que sua relação com o dirigente da Pró-Cerrado, Adair Meira, foi revelada pela imprensa.

Hoje, Lupi contempla o mesmo abismo no qual o ex-ministro do Turismo Pedro Novais caiu, abatido por uma crise iniciada com uma operação da Polícia Federal sobre os mesmos problemas que já tinham sido detectados pela CGU e encorpada com uma saraivada de denúncias divulgadas no noticiário. O roteiro é o mesmo dos escândalos que derrubaram outros quatro ministros envolvidos em denúncias de corrupção.

“O governo sabia antecipadamente das irregularidades em praticamente todos os escândalos que foram divulgados pela imprensa”, afirma Spinelli, na estratpegica condição de secretário de Prevenção da Corrupção da Controladoria.

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ATÉ AGORA, SÓ SERVIDORES PUNIDOS

A repórter Karla Correia mostra que o problema é que esse conhecimento só resulta em algum tipo de penalidade contra um integrante do alto escalão do governo quando se torna alvo de denúncias apresentadas na imprensa. Equipados com estruturas de peso, órgãos de fiscalização, como a CGU e o Tribunal de Contas da União (TCU), produzem uma profusão de informações sobre irregularidades em obras e contratos que tornam difícil para qualquer governante afirmar que desconhece problemas desse tipo.

Sintomaticamente, um dado que a CGU tem orgulho de divulgar é o número de servidores federais que foram afastados de seus cargos nos últimos oito anos pelo governo, por evidências de envolvimento em corrupção. “São mais de 3,5 mil funcionários”, contabiliza o secretário Spinelli.

Mas as investigações prévias da CGU e do TCU ainda não abateram nenhum ministro.
Tomem-se, por exemplo, as denúncias envolvendo o Ministério do Turismo. Sócio de uma das empresas beneficiadas pelos contratos com irregularidades apontadas pela CGU, a MGP Brasil, o servidor Luciano Paixão da Costa deixou o cargo tão logo o relatório chegou ao conhecimento do ex-ministro Luiz Barreto. Mais de nove meses depois, o ministro Pedro Novais só teve sua posição ameaçada quando o secretário executivo da pasta, Frederico da Silva Costa, foi preso durante a Operação Voucher da Polícia Federal, que prendeu quase 40 envolvidos.

Pedro Novais conquistou uma sobrevida por contar com apoio dentro de seu partido, o PMDB, e por padrinhos como o presidente do Senado, José Sarney, o vice-presidente da República, Michel Temer, e o líder da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). E só foi cair mesmo quando a imprensa divulgou que a mulher dele, Maria Helena de Melo, mantivera irregularmente um funcionário da Câmara como seu motorista particular, vejam a que ponto chegamos.

Carlos Newton

RASCUNHO

Estamos reproduzindo aqui no Blog uma mensagem que o comentarista Martim Berto Fuchs enviou a seu amigo Carlo Germani, a qual pode render polêmica e boas análises.

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REFLEXÕES SOBRE POLÍTICA E RELIGIÃO

1 – Império Romano com paganismo (muitos deuses). Escravatura.

2 - Igreja Católica (paganismo & cristianismo primitivo) com Monarquia. Idade Média. Feudalismo.

3 – Protestantismo com liberalismo.

4 – Comunismo materialista. Neofeudalismo.

5 – Comunismo materialista & capitalismo selvagem, que também tem a
Bíblia como bandeira, em nome de um cristianismo de resultados. China. Materialistas, católicos e protestantes, unidos sob o culto do Poder pelo dinheiro. Os protestantes acusando os outros de anticristos e os jesuítas, católicos, fazendo pacto com os materialistas para erradicar o protestantismo e assumir o Poder sozinhos, que antigamente já detinham.

6 – Capitalismo Social. Estado no tamanho ideal, com suas funções bem definidas e respondendo à sociedade. Liberalismo, só que desta vez com divisão equânime entre capital e trabalho. Capital sem trabalho é papel pintado. Trabalho sem capital não produz.

Diante dessas realidades, pensemos em Deus e no espírito de muita luz que no planeta Terra teve o nome de Jesus. Mas não como filho único e nem como tendo ressuscitado, e sim como o mensageiro escolhido por Deus para trazer as Boas Novas (Evangelho) a este Planeta e cujo espírito que tendo cumprido sua tarefa, inclusive com a morte violenta que lhe deu a sobrevida até hoje, desencarnou e voltou ao seu alto lugar no mundo espiritual.

Mundo espiritual como realidade e mundo material como passagem e aperfeiçoamento. Espiritualismo. O universo é imensurável para que tenhamos a pretensão de que Deus colocou vida inteligente (?) apenas neste grãozinho de areia chamado Terra e que os livros selecionados e traduzidos por ordem de Constantino, somados aos dogmas depois superpostos sejam a palavra final.

Esta é a minha bandeira há muitos anos. Comecei a me interessar pela Doutrina Espírita em 1981. Fui batizado na protestante luterana e casei na católica, tendo batizado os quatro filhos na católica. Também há anos venho estudando não a Bíblia em si, mas sua interpretação, interpretação dada pelas mais diversas correntes filosóficas, inclusive historiadores que defenderam tese sobre o tema religiões.

E não só interpretação, mas também sua montagem. Como se sabe, Bíblia vem do grego, os livros, e os livros selecionados pelos religiosos escolhidos por Constantino, Concílio de Nicéia, 325 DC, e a interpretação dada aos mesmos, pois os que tratavam de reencarnação foram apagados da história, reencarnação professada por muitos dos cristãos primitivos e no Velho Testamento dos judeus, no meio de quem Jesus nasceu normalmente da união de José e Maria.

O que plantastes ontem, colhes hoje. O que plantares hoje, colherás amanhã. É a Lei. Inexorável. Somos “julgados” à cada encarnação. Não precisamos de padres ou pastores para intermediar, nem de Papas brancos ou negros. Basta que os pais ensinem isto aos filhos. Logicamente, o Poder temporal vai sumir. Um encargo financeiro a menos.

Não sei a interpretação de Carlo Germani sobre o que escrevi. Creio que sei a do José Guilherme, que segue a versão protestante ou similar da Bíblia. Ele sempre cita o site “espada.etti”. Combater quem estamos combatendo como sendo os anticristos, e nesses anticristos os protestantes ficariam de fora, não vai funcionar.

Muito do capitalismo selvagem esconde-se sob a bandeira do protestantismo, incluso evangélicos. E o capitalismo selvagem não tem nada de cristão, pois aí o liberalismo foi aviltado. O enfoque anticristo está errado também pelo fato que atinge os espiritualistas. O espiritualismo já ingressou há muito na seara dos cientistas. Esses já admitem Deus, apenas não deram o braço a torcer quanto ao nome.

Os médicos, grande parte não aderiram publicamente por causa das regras ainda existentes para eles desde sua formação, mas no particular admitem o mundo espiritual com a reencarnação. Como se sabe, na física quântica o objeto se modifica dependendo de que lado se posta o observador. Logo, o fundamentalismo não é o mais recomendado para exame de um novo paradigma, pois não admite o contraditório.

Vamos em frente. O debate é salutar.
Martim Berto Fuchs

AS ONGS DO BRASIL OU O BRASIL DAS ONGS?

Era só o que faltava: ministro Gilberto Carvalho tem a desfaçatez de vir a público defender as ONGs

Exatamente quando as chamadas organizações não-governamentais chafurdam num inédito mar de lama, porque nunca na História deste país se viu nada igual, o secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, sai de seus cuidados para dar entrevista e proclamar que a criminalização das ONGs é uma “injustiça” e que é preciso “conhecer o Brasil a fundo” para se ter uma ideia da “importância do trabalho” prestado por essas instituições.

A inacreditável declaração do ministro, que no Planalto funciona simultaneamente como olheiro e porta-voz do ex-presidente Lula, foi uma resposta ao discurso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que disse que há uma “moda” de ONGs arrecadarem dinheiro para corrupção.

“Eu entendo a fala do ex-presidente Fernando Henrique porque de fato houve a incidência de problemas. Agora, nós acreditamos que esses problemas são exceções que estão recebendo o devido combate”, afirmou Carvalho.
“Cada centavo do dinheiro público deve ser fiscalizado, mas isso não quer dizer que nós tenhamos que abrir mão dessa relação [com as ONGs]“, finalizou.

O ministro não quis comentar a situação de seu colega, Carlos Lupi, titular da pasta do Trabalho, que enfrenta uma crise após acusações de corrupção no ministério envolvendo ONGs ligadas ao seu partido, o PDT.
Nem também os casos escabrosos ocorridos também nos ministérios do Turismo e do Esporte, cujos titulares (Pedro Novais e Orlando Silva) foram demitidos justamente por causa de favorecimento a ONGs fajutas.
Portanto, Gilberto Carvalho perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. De boca fechada, não há dúvida, o ministro é um verdadeiro sábio.

Carlos Newton

A CORRUPÇÃO DEPOIS DA CHUVA


O combate à corrupção no Brasil é uma questão de ira santa, de saúde civil, de urgência política. Com um detalhe: também é uma questão de meteorologia

Foi isso que ficou demonstrado no feriado de 15 de novembro. Marcadas para tomar ruas e praças de várias cidades do país no dia da Proclamação da República, as gloriosas passeatas anticorrupção registraram um declínio diluviano em relação às manifestações do feriado do mês anterior, no dia 12 de outubro. É que choveu demais, você sabe.

Em Brasília, os manifestantes minguaram de 20 mil para apenas 30 indivíduos. Em São Paulo, de 2 mil para 200. Os organizadores lamentaram as tempestades e prometeram outra jornada de protestos para 9 de dezembro. Tomara que faça sol.

Para comparar: no mesmo feriado, sob as águas impiedosas de São Pedro, dezenas de milhares de fiéis da Assembleia de Deus lotaram dois estádios de futebol para festejar os 100 anos de sua igreja. Uma das celebrações, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, contou com 30 mil espectadores nas arquibancadas e com vários políticos sorridentes no gramado, entre eles o ex-governador paulista José Serra, o ministro Gilberto Carvalho e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Usavam capas de plástico. A fé é impermeável. Quanto à ira santa dos caçadores de corrupto, bem, esta é mais hidrófoba.

Volátil, o recente movimento contra a corrupção repele políticos e partidos. Declaradamente apartidário, tem uma dinâmica um tanto líquida, apesar da hidrofobia. Sua bandeira, não obstante, é sólida: uma vassoura verde e amarela, bem fotogênica, bem televisiva, que faz boa figura nos telejornais. Feita de fibras sintéticas, a vassoura verde e amarela é, evidentemente, à prova d’água – o que não adiantou muito: vassouras prestam bons serviços à dona de casa, mas ainda não substituem guarda-chuvas.

Fora as precipitações pluviométricas, a vassoura na estética política não constitui propriamente uma novidade: ela nos lembra Jânio Quadros, cuja relação com os líquidos era diversa e controversa e cuja relação com a ética pública era estrepitosa, inócua e inconsequente.
Tão inócua que, de Brasília, Jânio varreu pouca matéria além de si mesmo. Ele não logrou acabar com a roubalheira, apenas nos legou um folclore divertido e esta metáfora persistente: que a improbidade administrativa é uma sujeira, é algo de imundo, um lixo que precisa de uma boa limpeza em regra, de uma faxina.

Palmas para as vassouras. Palmas para as faxinas. Mas só elas não bastam para combater os corruptos.

A metáfora janista é essencialmente moralista. Faz acreditar que o desvio de dinheiro público se deve apenas à falta de caráter dos maus políticos e ponto. Assim mesmo, bem moralista, ela ficou.

A vassoura resiste como símbolo dos honestos contra os salteadores dos cofres públicos. Não por acaso, o termo faxina vem servindo para designar as demissões de ministros acusados de falcatruas, demissões que vão se tornando praticamente mensais.
Essas duas palavras, vassoura e faxina, encerram a promessa de que a administração pública pode ser higienizada, depurada, numa assepsia que a tornará melhor e mais virtuosa.

Corruptos normalmente são comparados a ratazanas e baratas, que proliferam onde há detritos, podridão e esgotos. São beneficiários e agentes do lixo. Daí que, se a faxina for bem feita, os corruptos, como os ratos, tendem a desaparecer.
É essa a fantasia moralista: se varrermos os viciosos das repartições, nada mais de errado será perpetrado contra o povo, pois a eliminação dos criminosos limpará todo o sistema. Nesse ponto, o moralismo pode conduzir às utopias autoritárias. E, aqui, é um perigo.

Não que não seja indispensável punir os ladrões. O problema é que o discurso moralista, sozinho, é simplesmente incapaz de puni-los com eficácia.
A indignação moral, que todos sentimos, é um sentimento justo, mas não é um instrumento justo. Nenhum país que combateu a corrupção com algum sucesso ficou apenas no discurso da assepsia moral. Para prender os ladrões e seus corruptores – e para inibir a prática da corrupção –, é preciso aprimorar a lei, acelerar o Judiciário e assegurar a transparência total da máquina pública.

No mais, assim como o vício dos corruptos não explica todo mal, a virtude dos caçadores de corruptos não conduz a todo bem. Moralistas também têm medo de chuva. Portanto, palmas para as vassouras verdes e amarelas, que elas são boas. Palmas para as faxinas. Mas vamos radicalizar – e institucionalizar – o combate à corrupção. Quanto antes.

22 de novembro de 2011
Eugenio Bucci
Fonte: revista “Época”

ESTAMOS CRIANDO UM CAMPO DE CONCENTRAÇÃO PARA NÓS MESMOS

Artigos - Direito

Passaram-se algumas semanas desde que o PayPal censurou o blogueiro cristão Julio Severo e agora, aqueles que estavam confortavelmente sentados em silêncio estão olhando os censores entrando em seu território.

Julian Assange reclamou quando Julio Severo foi bloqueado de receber doações pelo PayPal para ele e sua família de quatro filhos sobreviverem?

Não o ouvi fazendo nenhum protesto.

Semanas atrás, o PayPal cortou seus serviços para Julio Severo porque Julio diz em seu blog que ele concorda com o Novo Testamento acerca da conduta homossexual. Eles fizeram isso a pedido de um grupo de ativistas homossexuais.

Na prática, o PayPal, como o único serviço de seu tipo, unilateralmente decidiu julgar e banir o blog do Julio, um blog que tem desempenhado um papel chave em impedir uma legislação de estilo totalmente totalitário no Brasil que baniria manifestações de opinião percebidas como ofensivas aos homossexuais.

Considerando o fato de que o PayPal é realmente um monopólio, eles ameaçaram a subsistência do Julio por discordarem da fé dele, que eles querem ver banida em todo lugar do mundo.

O PayPal é pois o que chamo de APNG, ou Agente Policial Não Governamental, obrigando o cumprimento de leis inconstitucionais do que podemos ou não expressar, driblando a lei real usando métodos que seriam politicamente impossíveis um governo usar.

Contudo, você observará que o governo está num silêncio alegre e nada fará para ajudar o Julio. E há muitas dúvidas se nosso judiciário lotado de esquerdistas fará algo para intervir em favor da liberdade de expressão.

Agora, fora dos círculos cristãos, não houve muito rebuliço por causa da situação difícil que o Julio está passando, ao que tudo indica porque a liberdade de expressão está agora sendo suplantada na mente ocidental pela liberdade sexual, uma plataforma favorita para os libertários.

Entretanto, tenho tentado avisar que quando permitimos que o governo (ou seus representantes) diga aos cristãos que eles não têm permissão de se manifestar contra o que eles percebem como mal, o sistema totalitário logo dirigirá sua fúria contra você, ainda que o governo em si não esteja diretamente envolvido nessa agressão.
Pois você vê, a extrema esquerda (conforme exemplificada pela Sociedade Fabiana, que não perdeu tempo em remover furtivamente nossas liberdades desde 1880) sempre usou táticas clandestinas para impor leis, até mesmo leis que não foram aprovadas. Eles acreditam que estão do lado da História, e escrevo com “H” maiúsculo porque para eles a história é deus.

Agora, o Ocidente gradualmente aceitou a mentalidade de que a religião não é nada, a não ser uma regressão ao passado e não tem lugar na vida pública. Aliás, eles retratam o Cristianismo como um sistema sinistro designado para escravizar as pessoas.

Contudo, quando grandes empresas aliadas de um governo corrupto (companheiro capitalismo) abertamente adotam passos para erradicar a liberdade de expressão cristã na esfera pública, então aquela gente defensora da liberdade que geralmente ignora a situação difícil dos cristãos, também considerando-nos como Neandertais, está inconscientemente cortando a própria garganta, pois se os grupos de valentões puderem mandar impunemente os cristãos calarem a boca, então eles poderão mandar você calar a boca também. É só uma questão de tempo.

Passaram-se algumas semanas desde que o PayPal censurou o blogueiro cristão Julio Severo e agora, aqueles que estavam confortavelmente sentados em silêncio estão olhando os censores entrando em seu território. Pois os libertários geralmente acreditam que qualquer censura é ruim e reduz a liberdade.

Entretanto, conforme sugerido acima, eles estupidamente desviam o olhar quando os cristãos são censurados, principalmente cristãos que desprezam propositadamente a Elite Governante que se acha no “lado da história”. O que eles não conseguem ver é que a censura às manifestações dos cristãos é um prenúncio de coisas muito maiores que virão.
Pois a Elite Governante despreza os valores judaico-cristãos (conforme exemplificado por sua conduta na Europa onde eles importam aos milhões muçulmanos que odeiam os cristãos, e no mundo muçulmano, onde cada guerra em que eles se envolvem invariavelmente tem como resultado perseguição aos cristãos e a dizimação das populações cristãs originárias desses lugares).

Essa falta de compaixão pela manifestação cristã por parte dos que dizem defender a liberdade, inclusive de numerosos cristãos nominais, é um mau sinal, meu amigo.
Você não se manifestou em defesa do Julio porque você veio a acreditar na propaganda da esquerda de que só os homossexuais podem ser vítimas, nunca os cristãos. A extrema esquerda em união com a Nova Ordem Mundial ensinou a você que o Cristianismo é o inimigo da liberdade e da compaixão, quando de fato o Cristianismo representa a única liberdade e compaixão real que poderemos ter.

Aqui temos:

http://www.computerweekly.com/Articles/2011/10/25/248252/Wikileaks-turns-to-fundraising-as-US-finance-companies-cut-off.htm

Ele [Assange] afirma que desde que Wikileaks começou a publicar online milhares de arquivos e cabogramas diplomáticos secretos do governo dos EUA, um “bloqueio financeiro arbitrário e ilegal” foi imposto pelo Bank of America, Visa, MasterCard, PayPal e Western Union.

Cada uma dessas empresas é nada mais do que parceira de uma aliança profana com o mais radical aparato político que já vimos nos Estados Unidos. Junto com muitos outros, eu disse muitas vezes antes que não há mais capitalismo de mercado livre nos EUA.

Mas a perda da liberdade econômica nunca vem sozinha. A perda da liberdade religiosa e a perda da liberdade política nunca estão muito atrás.

Estamos agora oficialmente na fase final, em que o direito à liberdade de expressão vem sendo reduzido e logo será completamente abolido, a menos que você e eu mudemos de atitude.

Assange reclamou quando Julio Severo foi bloqueado de receber doações pelo PayPal para ele e sua família de quatro filhos sobreviverem?

Não o ouvi fazendo nenhum protesto.

E não ouvi o seu também quando WorldNetDaily, um dos maiores sites conservadores do mundo, alertou você sobre essa afronta.

Por isso, não proteste quando amordaçarem você e tirarem seu direito de expressão e voto.

Bem-vindo ao Gulag dos EUA, um campo de concentração que você mesmo está criando, com sua cumplicidade através do silêncio.

Don Hank é dono do site de notícias e opiniões Laigle’s Forum desde 2006. Seu trabalho tem sido publicado por WorldNetDaily, Canada Free Press, Christian Worldview Network, Etherzone, FedUpUSA, Renew America, Desert Conservative e Midia Sem Máscara. De 1971 a 2009 Don foi dono de uma agência de tradução técnica. Ele traduziu profissionalmente de mais de 20 línguas e é o autor do Manual de Tradução Técnica Japonês/Inglês e do Dicionário Francês/Inglês de Termos de Fabricação de Alumínio. Ele agora está aposentado e reside no Panamá com sua esposa Zoila e sua filha Luísa.

21 Novembro 2011
Tradução e adaptação: www.juliosevero.com

BRASIL TEM MAIS DE 23 MIL CARGOS DE CONFIANÇA

Deputado critica o inchaço da máquina pública e diz que muitos cargos são ocupados por pessoas sem qualificação técnica

Dados do Ministério do Planejamento solicitados pelo deputado José Antonio Reguffe (PDT-DF) revelaram que o Brasil tem 23.579 cargos de confiança no governo federal, isto é, que não precisam de concurso público. Esse número é três vezes maior que o dos EUA e quase 80 vezes o da Inglaterra.

Em entrevista ao site da revista Veja, Reguffe critica o inchaço da máquina pública, ressaltando que o excesso desses cargos de comissão “não segue os interesses do contribuinte”.

“É claro que existem exceções, mas boa parcela dos cargos comissionados está mais preocupada em atender o político que o indicou do que o contribuinte, que é a finalidade. Esses cargos deveriam ser reduzidos bruscamente porque muitos são escolhidos apenas pela filiação partidária do indicado e não pela qualificação técnica”, argumentou o deputado.

Deputado José Antônio Reguffe
(Fonte: Reprodução/Agência Câmara)

O BURGUES SEGUNDO MARX

Um dos mais queridos entretenimentos dos marxistas, desde há um século e meio, tem sido defender Karl Marx da acusação de economicismo. Longe de reduzir tudo às causas econômicas, dizem eles, o autor de O Capital enxergava no processo histórico a ação simultânea de um complexo de fatores, incluindo o cultural e o religioso, onde a economia só viria a predominar “em última instância”, cedendo freqüentemente o passo às demais forças. A imagem de um Karl Marx obsediado pela onipotência da economia é, alegam, uma redução pejorativa, criada para fins de propaganda pelos críticos burgueses.

Há alguma verdade nisso. Marx não era nenhum simplório, sujeito a deixar-se embriagar pela obsessão da causa única, mágica, universalmente explicativa.

Acontece, no entanto, que toda a engenhoca explicativa do marxismo não foi concebida como pura filosofia, e sim como instrumento prático de destruição da sociedade burguesa, e há nela uma nítida defasagem entre a teoria geral da História e a sua aplicação ao capitalismo em especial.

Ao descrever o funcionamento da sociedade burguesa, Karl Marx, alegando que assim procede por motivos de ordem metodológica, faz abstração dos demais fatores – culturais, políticos, éticos, religiosos, etc. – e reduz tudo à operação da mais-valia: o truque sujo mediante o qual o “valor” da mercadoria, definido como a quantidade de trabalho necessário para produzi-la, é subtraído aos trabalhadores e embolsado pelo burguês.

Não interessa, aqui e agora, contestar a teoria da mais-valia. Eugen Von Böhm-Bawerk já fez isso melhor do que jamais alguém poderá fazê-lo de novo (V. A Teoria da Exploração do Comunismo-Socialismo, em http://www.olavodecarvalho.org/bbawerk/rosto_bohm.htm).

O importante é notar que, de tudo aquilo que veio ao mundo como elemento constitutivo da sociedade burguesa – o humanismo, a ética protestante, a democracia parlamentar, os direitos civis, a liberdade de imprensa, as eleições, o sistema judiciário independente, a previdência social, as leis de proteção às mulheres e crianças, a escolarização das camadas pobres, a aplicação universal da ciência e da técnica ao melhoramento da vida humana – não sobra, na definição marxista do capitalismo, nada.

Capitalismo é exploração da mais-valia: ponto final. Tudo o mais é elemento acidental e secundário, que a “força da abstração” (sic) deve desprezar para se concentrar no essencial.

Uma vez montado esse recorte metodológico e descrita na sua lógica interna a “essência do capitalismo”, todos os elementos que foram inicialmente removidos para fora do foco são declarados retroativamente irrelevantes de fato e reduzidos a “superestruturas”, aparências ou camuflagens ideológicas do mecanismo central que tudo absorve e explica.

O “burguês” pode então ser desenhado como o usurpador por excelência, o sanguessuga, o vampiro que engorda extraindo as últimas gotas de energia da classe trabalhadora, e que ainda tem o cinismo de adornar esse crime com as belezas enganosas da cultura moderna, da religião e da assistência social.

A obsessão economicista que não se pode imputar a Marx na sua compreensão geral da História é assim restaurada com força total no desenho odiento, monstruosamente unilateral e caricatural, que ele traça do capitalismo e do burguês. Mas, como esse desenho e o rancor que ele despeja sobre a figura do burguês são declaradamente os objetivos finais da obra inteira de Karl Marx, toda a abertura que ele concede à multiplicidade dos demais fatores é apenas uma concessão provisória destinada a camuflar e preparar o economicismo brutal e cru com que ele fomenta a revolta contra a burguesia.

Marx não faz o mínimo esforço para demonstrar que a exploração da mais-valia é a causa substancial por trás de todos os benefícios trazidos à humanidade pela cultura da época burguesa. Ao contrário, ele apela a um expediente que, pelo seu contágio, viria a se tornar endêmico entre hordas inteiras de praticantes das “ciências sociais”: excluir do campo de enfoque pedaços enormes do objeto estudado e depois, sem a mais mínima razão, dar por demonstrado que são irrelevantes, ilusórios ou inexistentes.

O que era pura restrição de método torna-se, por um passe de mágica, uma afirmação objetiva sobre a estrutura da realidade. O efeito persuasivo não se obtém por nenhum acúmulo de provas ou demonstrações, mas pela concentração hipnótica no fator escolhido como “essencial”, cuja longa e exaustiva análise ocupa o horizonte inteiro das consciências, removendo tudo o mais para uma distância onde se torna invisível.

Que a presença histórica de alguns fatores extra-econômicos tenha precedido de séculos o advento do capitalismo industrial é, portanto, algo que não precisa ser levado em conta, nem explicado. Sem o protestantismo e o humanismo, que remontam ao século XVI, nada de sociedade burguesa, mas para que remexer o passado? As provas não apenas ficam ausentes, mas são criteriosamente evitadas: qualquer tentativa de examinar os elementos excluídos terminaria por trazê-los de novo para o centro do quadro, desfazendo em fumaça o efeito da concentração hipnótica.

Não espanta que isso tenha realmente sucedido a vários discípulos devotos, que, no empenho de provar a veracidade do marxismo, acabaram por dissolvê-lo numa variedade de enfoques causais que não têm de marxista senão o nome.

Isso já começa com Lênin: a teoria da “vanguarda” partidária que se antecipa ao proletariado e o cria depois da revolução suprime desde logo a idéia dos proletários como forças primordiais da transformação histórica e, de um só golpe, torna inviável qualquer tentativa de definir em termos econômicos as classes antagônicas.

Por essa via, o historiador marxista inglês E. P. Thompson chegou à conclusão de que é impossível, mediante critérios de pura economia, distinguir um proletário de um burguês.
Herbert Marcuse demite ostensivamente o proletariado da função de classe revolucionária, colocando em lugar dele os estudantes pequeno-burgueses e o Lumpenproletariat que Marx desprezava: bandidos, prostitutas, cantores de boate, drogados, bêbados e malucos em geral.
Antonio Gramsci prefere os intelectuais. E Ernesto Laclau proclama que nem é preciso uma classe revolucionária existente: a mera força da propaganda cria a classe revolucionária do nada.

Uma teoria que, para conservar seu prestígio, tem de ser levada a dizer o contrário do que dizia não é, com efeito, teoria nenhuma: é apenas o símbolo unificador de um grupo de interesses heterogêneos, que se define, se indefine e se redefine conforme bem lhe interessa no momento, com a inventividade insana dos oportunistas, dos mitômanos e dos criminosos pegos em flagrante.

Olavo de Carvalho
22 de Setembro de 2011

PARA MUDAR O CONGRESSO

Não há sistema eleitoral perfeito. Se existisse, todos os paises democráticos teriam adotado as mesmas regras que definem a conversão de votos dos eleitores em representação política de candidatos e partidos.
Nem o voto distrital nem o voto proporcional são capazes de eliminar a corrupção, a imoralidade e o desperdício de dinheiro público que se tornaram endêmicos no país. O único antídoto eficaz contra esses males é a criação de instituições democráticas fortes e confiáveis que garantam a liberdade individual e o respeito ao estado de direito; o resto são eufemismos para diminuí-los, em nome do “bem comum”.
Portanto, quando analisamos reforma política, é fundamental compreender se ela fortalece ou enfraquece as instituições democráticas.

A reforma política que tramita na Câmara vislumbra criar um sistema eleitoral inusitado. Trata-se do voto proporcional misto com lista fechada. Em nome do “bem comum”, caçariam o nosso direito de escolher os deputados, obrigando-nos a votar apenas no partido.
Os candidatos seriam selecionados pela cúpula partidária, o que asseguraria a eleição permanente dos caciques da legenda; eles encabeçariam o topo da lista partidária e teriam cadeira cativa na Câmara.

Em nome do “bem comum”, seria instituído o financiamento público de campanha. Seremos convocados a pagar todas as campanhas políticas com o dinheiro dos nossos impostos. Renunciaríamos a parte dos recursos que financiam a saúde, a segurança e a educação pública para custear as campanhas políticas. Não seria uma surpresa se criassem mais um imposto - a CPMF das Eleições.


Mas os defensores desta proposta alegam que a preservação do “bem comum” requer o sacrifício da liberdade de escolha do eleitor e da utilização dos nossos impostos para criarmos um sistema eleitoral capaz de fortalecer os partidos e de diminuir o peso do poder econômico nas eleições.

Na direção oposta, propomos a substituição do sistema atual pelo voto distrital. No novo sistema, cada Estado seria dividido em distritos com algumas centenas de milhares de eleitores; cada distrito elegeria um único deputado pelo voto majoritário de seus eleitores.

Desta forma, o voto distrital prioriza o fortalecimento das instituições democráticas, atacando o problema central que vem corroendo a credibilidade do Poder Legislativo: a falta de responsabilização - accountability - dos nossos deputados.

Hoje, apenas 36 dos 513 deputados federais se elegem com voto próprio; a maioria necessita das artimanhas do voto da legenda, das coligações partidárias e das celebridades que “puxam” votos para conquistar uma cadeira no Congresso.

O voto distrital acaba com o deputado “genérico” que vaga pelo Estado em busca de votos e que prioriza os interesses corporativistas.
Gostaria de ver um parlamentar aumentar o seu próprio salário, ou votar o aumento de imposto e voltar ao seu distrito para prestar contas aos seus eleitores.
O voto distrital permite ao eleitor cobrar e fiscalizar o seu representante e julgar com mais propriedade o seu desempenho no Congresso.
A reeleição do deputado dependerá exclusivamente dos seus feitos; não há coeficiente eleitoral ou legenda partidária que irão livrá-lo da derrota nas urnas se o seu desempenho político for rejeitado pelo eleitor.

Precisamos de uma reforma política que dê mais poder ao eleitor de fiscalizar e cobrar o seu parlamentar e que aumente significativamente a responsabilização individual da atuação do parlamentar.
Esta combinação ajudará a resgatar a credibilidade e o prestígio do Legislativo. Hoje, temos um Congresso submisso aos interesses das corporações e distante da população - 70% dos eleitores não se recordam em quem votaram para deputado.

O sistema atual colaborou para eliminar o equilíbrio constitucional entre os Três Poderes, criando um Poder Executivo anabolizado e um Legislativo atrofiado.

Precisamos de um Congresso forte e independente que represente os interesses dos eleitores e que seja capaz de servir de contrapeso ao Executivo. O voto distrital não é a solução para todos os problemas, mas ele contribuirá para distinguirmos o joio do trigo no Congresso. Isso não é pouca coisa.
O êxito da reforma política depende da pressão e da mobilização da sociedade. Assine e participe do Movimento “Eu Voto Distrital”

Luiz Felipe Dávila
22 de Setembro de 2011

DEMOCRACIA NORMAL E PATOLÓGICA


Parte I

A patologia depende da fisiologia. Não é possível saber se um órgão está doente quando não se tem idéia de como ele deveria funcionar normalmente. O mesmo princípio vigora na análise política. Não se pode falar de uma doença política da democracia quando não se tem uma idéia clara do que é uma democracia normal.

Felizmente para o estudioso, as democracias normais não somente existem, mas são mesmo as nações mais visíveis e influentes do mundo. Malgrado as forças patológicas que permanentemente as assaltam desde dentro e desde fora, e malgrado a inabilidade com que por vezes se defendem, essas democracias ainda exibem uma vitalidade invejável.

A Inglaterra e os EUA são as mais antigas. Alguns países escandinavos consolidaram-se como democracias normais desde a segunda metade do século XIX. A Alemanha, a Itália e a França, após várias tentativas falhadas, só conseguiram se estabilizar nessa condição após o término da II Guerra Mundial.
A democracia israelense nasceu junto com o próprio Estado de Israel, em 1947. As democracias normais mais novas são a Espanha, Portugal e alguns países do Leste Europeu libertados do jugo comunista no começo dos anos 90.

Material para estudo e comparação, portanto, não falta. Só um cretino ou alguém interessado em confundir propositadamente as coisas pode ignorar o que é normalidade democrática, ou chamar por esse nome algo que não é nem democracia nem muito menos normal.

Que é, no período histórico nascido desde a Revolução Americana, uma democracia política normal no Ocidente?
Se o conceito genérico de “democracia” pode ser definido por traços meramente jurídico-formais como a existência de uma ordem constitucional, partidos políticos, liberdade de imprensa etc., a mera presença desses traços é comum às democracias saudáveis e as doentes. A normalidade do sistema democrático tem de ser aferida por diferenças substantivas que o mero formalismo não apreende.

Normalidade democrática é a concorrência efetiva, livre, aberta, legal e ordenada de duas ideologias que pretendem representar os melhores interesses da população:

de um lado, a “esquerda”, que favorece o controle estatal da economia e a interferencia ativa do governo em todos os setores da vida social, colocando o ideal igualitário acima de outras considerações de ordem moral, cultural, patriótica ou religiosa.

De outro, a “direita”, que favorece a liberdade de mercado, defende os direitos individuais e os poderes sociais intermediários contra a intervenção do Estado e coloca o patriotismo e os valores religiosos e culturais tradicionais acima de quaisquer projetos de reforma da sociedade.
Representadas por dois ou mais partidos e amparadas nos seus respectivos mentores intelectuais e órgãos de mídia, essas forças se alternam no governo, conforme as favoreça o resultado de eleições livres e periódicas, de modo que os sucessos e fracassos de cada uma, durante sua passagem pelo poder, sejam mutuamente compensados e tudo concorra, no fim das contas, para o benefício da população.

Entre a esquerda e a direita estende-se toda uma zona indecisa de mesclagens e transigências, que podem assumir a forma de partidos menores independentes, ou consolidar-se como política permanente de concessões mútuas entre as duas facções maiores.

É o “centro”, que se define precisamente por não ser nada além da própria forma geral do sistema indevidamente transmutada às vezes em arremedo de facção política, como se numa partida de futebol o manual de instruções pretendesse ser um terceiro time em campo.

Nas beiradas do quadro legítimo, florescendo em zonas fronteiriças entre a política e o crime, há os “extremismos” de parte a parte:

a extrema esquerda prega a submissão integral da sociedade a uma ideologia revolucionária personificada num Partido-Estado, a extinção completa dos valores morais e religiosos tradicionais, o igualitarismo forçado por meio da intervenção fiscal, judiciária e policial.

A extrema direita propõe a criminalização de toda a esquerda, a imposição da uniformidade moral e religiosa sob a bandeira de valores tradicionais, a transmutação de toda a sociedade numa militância patriótica obediente e disciplinada.

Não é o apelo à violência que define, ostensivamente e em primeira instância, os dois extremismos: tanto um quanto o outro admitem alternar os meios violentos e pacíficos de luta conforme as exigências do momento, submetendo a frias considerações de mera oportunidade, com notável amoralismo e não sem uma ponta de orgulho maquiavélico, a escolha entre o morticínio e a sedução.

Isso permite que forjem alianças, alternadamente ou ao mesmo tempo, com gangues de delinqüentes e com os partidos legítimos, às vezes desfrutando gostosamente de uma espécie de direito ao crime.

Não é uma coincidencia que, quando sobem ao poder ou se apropriam de uma parte dele, os dois favoreçam igualmente uma economia de intervenção estatista. Isto não se deve ao slogan de que “os extremos se tocam”, mas à simples razão de que nenhuma política de transformação forçada da sociedade se pode realizar sem o controle estatal da atividade econômica, pouco importando que seja imposto em nome do igualitarismo ou do nacionalismo, do futurismo utópico ou do tradicionalismo mais obstinado.

Por essa razão, ambos os extremismos são sempre inimigos da direita, mas, da esquerda, só de vez em quando.
A extrema esquerda só se distingue da esquerda por uma questão de grau (ou de pressa relativa), pois ambas visam em última instância ao mesmo objetivo.
Já a extrema direita e a direita, mesmo quando seus discursos convergem no tópico dos valores morais, ou do anti-esquerdismo programático, acabam sempre se revelando incompatíveis em essência: é materialmente impossível praticar ao mesmo tempo a liberdade de mercado e o controle estatal da economia, a preservação dos direitos individuais e a militarização da sociedade.

Isso é uma vantagem permanente a favor da esquerda: alianças transnacionais da esquerda com a extrema esquerda sempre existiram, como a Internacional Comunista, o Front Popular da França e, hoje, o Foro de São Paulo.
Uma “internacional de direita” é uma impossibilidade pura e simples. Essa desvantagem da direita é compensada no campo econômico, em parte, pela inviabilidade intrínseca do estatismo integral, que obriga a esquerda a fazer periódicas concessões ao capitalismo.

Embora essas noções sejam óbvias e facilmente comprováveis pela observação do que se passa no mundo, você não pode adquiri-las em nenhuma universidade brasileira nem na leitura dos comentários politicos usuais, pois praticamente todo mundo que abre a boca para falar de política neste país, com exceções tão minguadas quanto inaudíveis, é parte interessada e beneficiária da confusão geral, a começar pelos professores universitários e comentaristas de mídia.

No próximo artigo, aplicarei os conceitos aqui resumidos à análise da democracia brasileira.

Parte II

Não é preciso dizer que situações especiais podem induzir quaisquer das duas facções maiores a inverter sua política habitual, em vista das conveniências e oportunidades.
O governo petista adotando controles monetários ortodoxos para escapar a uma crise econômica, a administração Bush criando um sistema de vigilância interna quase socialista depois do 11 de setembro, são exemplos notórios.
Fatos como esses bastam para demonstrar que a democracia saudável é a administração bem sucedida de um conflito insolúvel, destinado a perpetuar-se entre crises e não a produzir a vitória definitiva de uma das facções. Desde o início, a democracia tem encontrado no equilíbrio instável a regra máxima do seu bom funcionamento.

Basta compreender essas noções para perceber, de imediato, que a democracia brasileira é um doente em estado quase terminal.
O jogo normal de esquerda e direita, que permite a continuidade do processo democrático e mantém os extremismos sob rédea curta, foi substituído por um sistema de controle monopolístico não só do poder estatal, como da cultura e da mentalidade pública; controle tão eficiente que já não é percebido como tal, de modo que, quanto mais patológica é a situação, mais confortavelmente todos se acomodam a ela, acreditando piamente viver na mais pura normalidade democrática.

A facção que domina o governo controla também o sistema de ensino, as universidades e instituições de cultura, o meio editorial e artístico e a quase totalidade dos órgãos de mídia.
A mais mínima falha nesse controle, o mais leve sinal de descontentamento, mesmo parcial e apolítico, desperta ou alarma as hostes governistas, que então se apressam a mobilizar seus militantes para o combate a “ameaças golpistas” perfeitamente inexistentes.

A facção dominante compõe-se da aliança indissolúvel entre a esquerda e a extrema esquerda, sendo esta última, então, legitimada como parte da esquerda normal, digna do respeito e da consideração dos eleitores.

Tão perfeito é o controle hegemônico que essa aliança exerce sobre a sociedade, que já nem a esquerda, nem muito menos a extrema esquerda, têm de se apresentar francamente como tais: os eleitores tornaram-se como peixes que, jamais tendo estado fora da água, ignoram a existência de algo que não seja água e portanto não distinguem entre a água e o universo em geral.
Nessas condições, está perfeitamente realizado o ideal de Antônio Gramsci, em que o Partido revolucionário desfruta “da autoridade onipresente invisível de um imperativo categórico, de um mandamento divino”.
Tão paradoxal é a situação, que os únicos que insistem em exibir sua identidade de esquerdistas, com muito orgulho disso, são justamente os membros da “oposição”, colhidos entre facções da esquerda moderada ou entre oportunistas sem ideologia nenhuma. Uns e outros têm com o governo divergências pontuais e, é claro, disputa de cargos. Nada mais.

Nesse panorama, a ostensiva colaboração política do partido governante com organizações terroristas, por sua vez associadas a gangues de criminosos locais, é incapaz de provocar qualquer escândalo, pelo simples fato de que não se conseguiu provar nenhuma ajuda financeira vinda dos bandidos aos políticos de esquerda. Isto é, só se concebe uma aliança criminosa sob a forma do financiamento ilegal, da “corrupção” no sentido mais genérico e apolítico do termo.

A articulação de partidos legais com organizações criminosas para fins de vantagem política mútua não é, em si, considerada um crime, ou motivo de alarma. O “direito” à conquista do poder absoluto por quaisquer meios possíveis e imagináveis é aceito como um procedimento democrático normal, desde que não envolva “corrupção”.

Nesse quadro, a direita, como tal, não existe mais. Os ideais que a caracterizavam são cada vez mais criminalizados como extremismo, espalhando entre os políticos o medo de encarná-los em público por um instante sequer, para não ser tachados de golpistas, racistas, nazistas, o diabo.

A anormalidade da situação não deixa de ser percebida pela própria esquerda dominante que, na ausência de uma oposição direitista, tem de inventar uma, toda composta de ficções e de figuras de linguagem, para dar a impressão de que está lutando contra alguma coisa.

Essa necessidade é tanto mais premente porque a esquerda brasileira forjou sua reputação explorando o papel de “minoria perseguida” adquirido no tempo dos militares, e sente a necessidade de continuar a representá-lo em público, quando já não há mais ninguém que a persiga e, ao contrário, só ela dispõe dos meios de perseguir.

A “ameaça direitista” é construída, então, mediante os seguintes expedientes:

1. Explorar, com renitência obsessiva, a recordação dos feitos malignos do regime militar, ampliados até à demência, de tal modo que trezentos terroristas mortos assumam as proporções de um genocídio mais vasto que a matança de cem mil cubanos, dois milhões de cambojanos, quarenta milhões de cidadãos soviéticos e setenta milhões de chineses.

O fato de que aqueles terroristas fossem, em maior ou menor medida, todos colaboradores do genocídio comunista é descontado como se fosse um nada, e os personagens são transfigurados em heróis da democracia.
A menor tentativa de recolocar os fatos nas suas devidas proporções é rejeitada, inclusive nas universidades, como um sinal ameaçador de golpismo iminente. Se isso não é uma psicose, toda a ciência da psicopatologia está errada.

2. Como não é possível, ao mesmo tempo, manter a população sob o temor de um golpe iminente e continuar exibindo como única prova desse risco acontecimentos de meio século atrás, o establishment de esquerda e extrema esquerda tem de produzir constantemente novos indícios da existência e periculosidade de uma direita que ele mesmo conseguiu eliminar por completo.
Um dos recursos usados para esse fim é dar ares de feroz oposição ideológica direitista a qualquer hostilidade pontual e mínima que surja nas hostes da esquerda moderada, que constitui a quase totalidade da oposição presente.
Quando um social-democrata tucano aponta um sinal de ineficiência administrativa ou de corrupção no governo, logo aparece algum Paulo Henrique Amorim bem pago para denunciar aí o golpe de direita que, é claro, se prepara a olhos vistos. A única reação dos acusados, em geral, é exibir sua certidão de bons serviços prestados à esquerda, para eliminar suspeitas.

3. O mais extremo dos expedientes é apontar indivíduos isolados, ou grupos minoritários de dimensões irrisórias, como se fossem forças ameaçadoras que se levantam no horizonte, ameaçando esmagar a esquerda nas eleições, ou fuzilar todos os comunistas.
Organizações ridiculamente pequenas, de trinta ou quarenta membros, sem financiamento, ou qualquer suporte político, são aí tratadas como militâncias multitudinárias, capazes de assombrar as noites dos governantes acuados. Vozes solitárias, amputadas de qualquer possibilidade de ação política não só pela completa falta de recursos, como também pelas divergências insanáveis que as isolam umas das outras, são tratadas como se constituíssem um bloco único e temível, a “direita” ressurgente, pronta, como em 1964, para dar um golpe e anular maldosamente todas as ”conquistas populares”.

Não é preciso dizer que, nessas circunstâncias, grupos ultraminoritários de extrema direita, como a Resistência Nacionalista, inflados pela propaganda negativa que recebem da esquerda, passam a se sentir mais importantes do que são e vislumbram, excitados, as mais belas oportunidades de futuro, sem perceber que elas, tanto quanto eles próprios, só têm a existência fantasmal das sombras de um delírio.

Como a existência de uma direita é um requisito estrutural da normalidade democrática, sua supressão faz com que as formas patológicas de direitismo se sintam chamadas à missão sagrada de recolocar as coisas em seus lugares, como se sua própria existência não fosse baseada na desordem.
Também não é de espantar que o medo auto-alimentado que viceja na alma da esquerda a leve a não contentar-se com o combate verbal mas, num paroxismo de temor paranóico, a tomar medidas práticas para defender-se de adversários microscópicos, tomando coelhos por leões e julgando que privar um Júlio Severo dos meios de sustentar sua mulher e filhos é um feito heróico, uma vitória espetacular contra a ameaça reacionária rediviva.
Também não é de estranhar que os descalabros cometidos nessa luta contra fantasmas acabem produzindo no povo alguma hostilidade real contra o governo, extravasando em movimentos repentinos e sem nenhum conteúdo político-ideológico substantivo, como a Marcha para Jesus ou a Marcha Contra a Corrupção, e fazendo com que a esquerda creia ter encontrado – por fim! – a prova da realidade de seus piores pesadelos, sem notar que ela própria os produziu por excesso de precaução louca.

A coexistência pacífica das instituições democráticas formais com a total supressão da concorrência ideológica, que define as democracias saudáveis, eis precisamente o que caracteriza a situação brasileira atual. É um quadro nitidamente psicótico, onde tudo é mentira, fingimento e pose.

A farsa existencial com que a esquerda governante inventa inimigos para camuflar seu controle hegemônico tornou-se a norma e padrão para o país inteiro, invadindo as consciências e expelindo cada pensamento para longe da realidade.
Quem quer que, num momento de sanidade, ouse enxergar as coisas como são, sente-se imediatamente aterrorizado, ansioso para mergulhar de novo no oceano turvo de alucinações que assumiu o nome de “normalidade”.

Olavo de Carvalho,
18 de Novembro de 2011

A HISTÓRIA CONTADA ÀS AVESSAS

Desentortando a versão apresentada pelo jornal O Globo sobre a tentativa de assassinato do Papa João Paulo II, Olavo de Carvalho esclarece fatos a respeito do episódio e da infiltração comunista na Igreja Católica nas últimas décadas.

Se você lê com a dose esperada de ingenuidade as declarações de Mehmet Ali Agca na versão que O Globo publicou no último dia 11, fica com a nítida impressão de que descobriu finalmente a verdade sobre o atentado que quase matou o Papa João Paulo II em 13 de maio de 1981. Quem encomendou o crime, diz Agca, não foi a KGB, mas o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Agostino Casaroli.

O jornal carioca descreve Agca como "membro de um grupo de extrema-direita" e Casaroli como "uma das figuras centrais do esforço do Vaticano para defender a Igreja nas nações do bloco soviético."

A conclusão, implícita mas nem por isso menos eloquente, só pode ser uma: a maldita direita católica tramou o assassinato para frustrar a abertura diplomática do Vaticano para com o governo soviético.

Se ainda restasse um pingo de consciência jornalística no Globo, uma breve pesquisa teria bastado para informar ao autor da matéria que:

1) O cardeal Casaroli pode ter escrito no seu livro de memórias umas coisinhas quanto ao sofrimento dos cristãos na URSS, mas, no campo da ação prática, muito mais decisivo para
o conhecimento das intenções humanas do que meras palavras, foi ele próprio o grande articulador da "abertura para o Leste", um dos maiores responsáveis pelo ingresso em massa de comunistas no clero e, last but not least, o cérebro por trás da grande operação de engenharia política destinada a esvaziar a Igreja da sua missão espiritual tradicional e transformá-la numa agência da Nova Ordem Mundial.

Nos escalões superiores da hierarquia vaticana, ele era o protetor por excelência da Companhia de Jesus, criadora da "Teologia da Libertação" e quartel-general dos comunistas infiltrados na Igreja. De todos os altos dignitários da Igreja Católica na época, nenhum teve mais contatos com os governos comunistas do que ele. Se algo ele fez em favor dos católicos perseguidos, muito mais fez para submeter a Igreja Católica ao jogo comunista.

2) Embora Mehmet Ali Agca tivesse realmente participado de uma organização de extrema-direita, os "Lobos Cinzentos", nos meses que precederam o crime ele esteve em intenso contato, não com a KGB diretamente, mas com o serviço secreto da Bulgária comunista. Contratar assassinos que serviram ao outro lado é prática quase obrigatória de organizações desse tipo, quando desejam matar um personagem famoso. O envolvimento búlgaro no atentado foi abundantemente provado pela repórter Claire Sterling no livro The Time of the Assassins (Henry Holt & Co., 1983), e uma negativa genérica de participação "da KGB"" sem qualquer menção à Bulgária, é com toda evidência mera desconversa.

3) O estado de guerra entre Casaroli e João Paulo 2º, durante todo o reinado deste último, é fato universalmente conhecido, e nessa guerra a "maldita direita" era representada pelo Papa, não pelo cardeal, que o grande conhecedor de intrigas vaticanas, Malachi Martin, no roman à clef que publicou sob o título Windswept House ("A Casa Batida pelo Vento") retrata - sob o nome de Cosimo Maestroianni - como um ateu puro e simples.

Mesmo admitindo-se que a denúncia de Mehmet Ali Agca contra o ex-secretário de Estado seja verdadeira, coisa que não tenho a menor condição de afirmar ou negar, resta o fato de que o crime foi cometido a favor dos interesses comunistas e não contra eles. Com ou sem Casaroli, a mão assassina atacou pelo lado esquerdo. Mais uma vez O Globo brinda seus leitores com uma história contada às avessas.

Olavo de Carvalho, 22 Novembro 2010 O Globo

PT, FARC E A IMPRENSA

Ora, a manchete relevante é que o partido governante está mancomunado e associado aos maiores produtores e traficantes mundiais de cocaína.
Nossos jornais, todavia, ignoraram o tema por anos a fio. São parte do problema.

Foi preciso que José Serra e seu vice, Índio da Costa, fizessem declarações peremptórias sobre a ligação do PT com as FARC para que a notícia finalmente ganhasse a página principal dos grandes jornais paulistas.
O segredo de Polichinelo foi finalmente revelado. Até o Foro de São Paulo foi comentado pelo Estadão de hoje. Não dá mais para a imprensa mentir descaradamente sobre esse fato maiúsculo.

Sublinho, caro leitor, que ambos os jornais paulistas ─ Folha de São Paulo e Estadão ─ ainda assim fizeram das falas dos políticos a manchete, como se estes faltassem com a verdade ou estivessem fazendo escândalo por pouca coisa.
Ora, a manchete relevante é que o partido governante está mancomunado e associado aos maiores produtores e traficantes mundiais de cocaína, que fazem também uma guerra civil na Colômbia e provocam um morticínio monstruoso associado a essa indústria da morte.
Só no Brasil as estatísticas revelam 50 mil homicídios por ano. O PT tem dado apoio diplomático e logístico aos facínoras das FARC. Pela lei cúmplices de criminosos são também criminosos.

Não por acaso o Brasil virou um dos maiores consumidores mundiais de cocaína durante o governo Lula e seu território tornou-se corredor de passagem para a exportação da droga em larga escala para o resto do mundo.

Bem fez o candidato José Serra ao propor um ministério da Segurança Pública, dispondo de uma força policial bem armada e fardada com as mesmas atribuições da Polícia Federal.
É preciso evitar, a todo custo, que os governos regionais do Brasil sejam tomados pelos traficantes, como aconteceu com o México, cujas dramáticas conseqüências têm sido noticiadas pela imprensa internacional. O banditismo em larga escala tomou conta das ruas mexicanas.

Acredito que a campanha do PSDB/DEM fez muito bem em salientar o tema. Os brasileiros têm o direito de saber que Lula, o PT e demais partidos da corriola governante são cúmplices de traficantes e servem de aparato diplomático que limita ou impede um combate mais eficaz às FARC, notadamente por parte da Colômbia e dos EUA.

Esse tema, sozinho, é capaz de mobilizar o eleitorado contra a candidata do PT, Dilma Rousseff. Serra poderá ganhar as eleições se for implacável na denúncia desse conluio espúrio, que tem determinado a ação de nossa diplomacia em todos os fóruns mundiais.

Nossos jornais, todavia, ignoraram o tema por anos a fio. São parte do problema, viraram os grandes eleitores de Lula nas duas últimas eleições, escondendo o fato mais relevante.

São também cúmplices da aliança PT/FARC. Ainda na edição de hoje podemos ver o fato nas manchetes escrito com má fé. Os suspeitos são os políticos que falam do assunto, não aqueles que praticam o mal feito, ou seja, o PT e sua laia.

Nivaldo Cordeiro, 21 Julho 2010
O Estado de São Paulo

REFORMA POLÍTICA: O PRINCÍPIO DO FIM DA IMORALIDADE PARLAMENTAR

Reforma Política - INSISTÊNCIA DO REPETECO


A Constituição Brasileira é bem clara. O poder é do povo, e os políticos são eleitos PARA REPRESENTÁ-LO. Como disse o grande jurista Fábio Konder Comparato, há um tempo atrás, ao entrar com uma ação popular contra um dos indecentes aumentos pretendido: "Eles (os parlamentares) jogam a ética por água abaixo. Entrar com uma ação popular é uma forma pedagógica de mostrar que eles estão há anos luz da moralidade.
Eles SÃO NOSSOS EMPREGADOS, E DEVEM NOS SERVIR, E NÃO A ELES PRÓPRIOS." ***

Portanto, deve ser feita urgentemente uma reforma política, como dizem que vão fazer há décadas e não fazem. Porém a mudança que DEVE SER FEITA é completamente diferente do que eles apresentam. As alterações abaixo são necessárias e quem tiver mais alguma sugestão é só 'falar'. Se tiverem, também, alguma idéia de como enviar nossa colaboração em bloco aos nossos empregados, seria excelente, ao menos para que saibam qual é (ou deveria ser) o seu verdadeiro lugar.***


– O voto parlamentar só pode ser em aberto.
O voto secreto serve apenas para esconder interesses escusos, e o os parlamentares têm obrigação de dar satisfação a seus eleitores. ***


- Fim de vantagens e mordomias
Congressistas não podem receber nada além do seu subsídio.


- Diminuição da quantidade de parlamentares
Não precisamos de quantidade, mas de qualidade. Já vimos diversas vezes o Congresso às moscas, sem que nenhum deles se interessasse em ir até lá nem que fosse, ao menos, para se mostrar presente. O plenário vive vazio, comprovando que é desnecessário tão grande número de parlamentares. ***


- Cargos devem ser mantidos até o final do mandato
Deve ser proibido largar o cargo, para o qual foram eleitos, antes do término do mandato com o objetivo de concorrer a outro. Esse "pula-pula" convém à eterna permanência no poder. Convém a eles, não a nós. ***


- Voto distrital
O eleitor tem o direito de controlar quem elegeu e a quem delegou a tarefa de representá-lo. O voto distrital permite contato mais direto com seu candidato e facilita a cobrança do programa prometido (e geralmente não cumprido). ***


- Envolvidos em escândalos/processos Deve ser PROIBIDA a candidatura de quem estiver envolvido em algum escândalo ou processo, mesmo que ainda não julgado. Essa exigência, feita àqueles que passam em concursos públicos, deve ser imposta, principalmente a deputados, senadores e congêneres. ***


- Fim da aposentadoria após oitos anos de mandato.
A idade para aposentadoria dos trabalhadores já foi aumentada por lei. Portanto, deve ser extinto o direito - escuso - de aposentadoria após apenas oito anos de mandato a esses parlamentares que 'trabalham' apenas três dias por semana e poucos meses por ano. ***


- Congresso não é oligarquia. Filhos e netos de políticos 'em ação' devem ser proibidos de concorrer a cargos eletivos, como nos casos da família de Tancredo Neves, ACM, Cesar Maia, Sarney e dezenas de outros, que usam seu poder (que deveria ser nosso) para se eternizarem na política. ***


- Assinatura de compromisso com os eleitores
Quando eleitos, os parlamentares terão que assinar um contrato de responsabilidade com suas promessas de campanha, em que será exigida uma porcentagem a ser cumprida. Caso não seja cumprido o compromisso assinado até o final do mandato, não poderá se candidatar outra vez por um tempo determinado. É UMA QUESTÃO DE LÓGICA QUE NÃO PODE SER RECUSADA POR ELES: se não cumpriu seu compromisso eleitoral, não é digno de confiança - se não merece confiança, não pode se candidatar . ***

NA REFORMA POLÍTICA DEVEM CONSTAR INTERESSES BRASILEIROS, NÃO POLITIQUEIROS

(casa da mãe joana)

***

REFORMA POLÍTICA

1. O contribuinte não deve pagar pela subsistência do parlamentar em Brasília ou nas capitais do estado. Do subsídio parlamentar, o mesmo deve pagar o seu próprio aluguel, alimentação e transporte. Eles já recebem um 'subsídio' bem gordo. Caso, mesmo assim, não possam se manter em Brasília, então não se candidatem e continuem com seu empreguinho de origem, de acordo com sua capacidade.

2. O presidente da república, ministros e assessores também devem morar por conta própria. O palácio presidencial é apenas o seu local de trabalho. E ainda têm a Granja do Torto!

3. Quando viajando a serviço os parlamentares devem utilizar aviões de carreira em classe econômica. Vendam o Aerolula e dediquem a farta verba para ajudar na saúde ou educação.

4. Deve ser instituído o sistema parlamentarista, com a possibilidade de voto de desconfiança do governo, e dissolução do congresso e convocação de novas eleições.

5. Deve haver o recall. Dependendo da assinatura de 55% dos eleitores, o parlamentar perde o mandato e novo parlamentar é eleito para o distrito.

6. O parlamentar só tem imunidade para os atos praticados dentro do congresso e relativos ao desempenho de seu mandato. Pode ser preso e processado sem autorização do congresso por crimes comuns, como assassinatos, corrupção etc. (Seria necessário abrir um ENORME PRESIDIO para caberem tantos bandidos e malandros que andam pelo congresso em Brasilia).

7. Os parlamentares que estiverem respondendo a processos ficam com seus mandatos suspensos, sem vencimentos, assumindo em seu lugar o suplente, até que seja inocentado no processo.

8. Serão dois senadores por estado em lugar de três, com mandatos de quatro anos.

9. Os congressistas terão mandatos de dois anos.

SERIA A ÚNICA REFORMA POLÍTICA ACEITÁVEL.

(SUGESTÕES DO LAGUARDIA)

PT MONTA UM ONGÓDROMO E AGORA CHAMA A "SOCIEDADE" PARA RESOLVER O PROBLEMA

Onde é que está a oposição para botar o dedo na cara do Gilberto Carvalho, secretário-geral da Dilma? Ontem ele convocou a "sociedade" para corrigir as falhas do PT, do governo petista, que montou um Ongódromo no Brasil por onde escorreram bilhões em corrupção, para financiar campanhas políticas e a manutenção de uma base aliada corrupta. A matéria abaixo é do Valor Econômico. (coroneLeaks)


Responsável pelo contato do governo federal com os movimentos sociais, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, reconheceu ontem que a administração falhou na fiscalização de contratos com o terceiro setor.

Segundo o ministro, o controle dos recursos aplicados pelo Executivo é "muito difícil". "Efetivamente houve problemas, sim, na nossa capacidade de fiscalizar lá na ponta", disse Carvalho. "Por isso que nós estamos convocando a sociedade.
Sem a participação da sociedade é muito difícil o governo conseguir fiscalizar cada centavo que é aplicado", declarou o ministro, depois de participar de um evento, em São Paulo, promovido pelo Ministério Público Estadual para debater o papel de entidades sociais e fundações.


Ao comentar as denúncias de desvio de recursos em convênios e contratos dos ministérios do Trabalho e do Esporte, Carvalho afirmou que é "injusto" o "processo de criminalização" do terceiro setor, com a divulgação de irregularidades.
"Não é justo com as organizações. As pessoas precisam conhecer o Brasil a fundo para saber quanto o trabalho junto aos excluídos, às vítimas das drogas, aos idosos, crianças", disse.
"Houve incidência de problemas, mas acreditamos que seja exceção, que tem recebido o devido combate".


No mesmo evento, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou o uso político de Organizações Não Governamentais (ONGs) por partidos, como forma de desviar recursos públicos.
Segundo o tucano, "está na moda" usar o terceiro setor para fins ilícitos. Fernando Henrique defendeu a independência das ONG em relação aos partidos.
O ex-presidente sinalizou apoio à eventual saída do ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), do governo federal. Segundo o ex-presidente, ministros devem deixar o cargo quando perdem a sustentação política no governo.

"Depois de certo ponto, queira a presidente ou não, o ministro passa a ser um peso", disse FHC, evitando citar o nome do ministro Lupi. "Não quero particularizar, mas vocês sabem o que eu quero dizer. Os próprios ministros deveriam entender que quando perdem condições de permanência o gesto da retirada é o gesto mais construtivo para eles próprios do que a insistência em ficar quando não tem mais condição", comentou o tucano.

Lupi é alvo de denúncias de supostas irregularidades envolvendo convênios do Ministério do Trabalho com ONGs ligadas ao PDT.