"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

E AGORA, JOSÉ?!

BALANÇO DO PRIMEIRO ANO DO GOVERNO DILMA (PARTE 3)

Olá amigos! Dando continuidade ao balanço, encerramos esta série com a análise de cada um dos assuntos ligados a investimentos abordados na série “Desafios do pós-Lula”, publicada na época das eleições.

Posts anteriores:
Parte 1
Parte 2

Saúde

Na saúde, nada mudou. Depois de Lula ter diminuído de 60% para 40% a participação federal na saúde, o governo Dilma até agora não mostrou nenhuma ação para reverter o quadro caótico deste que tem sido um dos maiores pesadelos dos brasileiros há décadas. De concreto mesmo só a ampliação do número de farmácias credenciadas ao programa Farmácia Popular. Muito pouco para um governo que se diz popular.

Sem ter o que mostrar, a presidente reconheceu, no dia 5/09, a carência de médicos nos hospitais públicos e anunciou sua intenção de “solicitar aos seus ministros a elaboração de um plano de qualidade da educação médica”. Ou seja, daqui para que o projeto seja elaborado, apresentado, aprovado e finalmente colocado em prática, mais alguns milhões de brasileiros morrerão por falta de socorro. Apesar de não ter nenhum projeto concreto, a presidente já tem um número redondo para mostrar: pretende formar mais 4,5 mil médicos por ano. Com a badalada “Rede Cegonha”, outra promessa de campanha, idem.

Não por acaso, apesar da grande aprovação da presidente nas pesquisas, a saúde aparece na contra-mão, com 11 pontos percentuais a mais de brasileiros que consideram a saúde como o principal problema do país. E qual a solução, segundo o governo? Mais impostos! Contrariando o seu passado de oposição à criação da CPMF no governo FHC, o PT agora joga a culpa pelo estado da saúde na não aprovação da nova CPMF pelo Congresso, desde meados do segundo mandato de Lula.

Saneamento

O ano já estava no fim quando a presidente anunciou mais um plano para melhorar o saneamento. Mostrando que aprendeu com Lula, a presidente discursou dizendo que quando assumiu a Casa Civil, no governo Lula, um auxiliar lhe havia dado uma “boa notícia”: a de que o FMI havia liberado o país para investir R$500 milhões em saneamento. “Hoje, o Brasil investe R$35,1 bilhões para minimizar o problema”, anunciou a presidente com todo o estardalhaço típico do marketing do PT.

Seria muito bom se fosse verdade. O fato é que os R$ 35 bilhões a que a presidente se referiu é todo o investimento PREVISTO pelo PAC 2 até 2014. Ou seja, de “concreto” mesmo, só R$ 3,7 bilhões liberados para saneamento básico de municípios de até 50 mil habitantes, anunciados na mesma cerimônia, no dia 21/12/2011. Ou seja, se R$ 3,7 bilhões é tudo que ela tinha para anunciar para os dois primeiros anos de governo, então o restante dos R$ 35,1 bilhões prometidos até 2014 (R$ 31,4 bilhões) terão que ser investidos nos dois anos finais do seu governo!

Educação

A ação mais importante do governo Dilma nesta área até aqui foi a o lançamento do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego), uma de suas promessas de campanha. É uma espécie de Prouni do ensino técnico, cuja característica principal é a concessão de bolsas em instituições de ensino privado.

Apesar do lançamento do Pronatec, o que mais marcou o governo Dilma em seu primeiro ano foi mais uma sequencia de trapalhadas do ENEM. Mais impressionante ainda é o fato do ministro que comandou três anos consecutivos de trapalhadas finalmente saiu do ministério como o novo bibelô de Lula para assumir o governo de São Paulo, com direito a cerimônia de despedida e palanque oficial, com discurso da presidente.

A principal mudança do governo Dilma neste tema, portanto, foi a revogação do decreto 6571/08 do governo Lula, que determinava a duplicação das matrículas do Fundeb para alunos com necessidades especiais. Em troca, o governo Dilma lançou, no final do ano, o programa “Viver Sem Limites”. Ainda é cedo para aferir resultados. No entanto, a mudança de direção do governo do PT deixa uma questão no ar: errou o governo Dilma ou errou o governo Lula?

Segurança

Assim como no saneamento e todos os demais setores da administração pública, o governo do PT mostra sempre os números finais antes da execução dos projetos. Daí a enorme discrepância entre os anúncios pomposos da realidade. Na segurança não é diferente. Lançado em 2007 por Lula, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), apesar das ótimas intenções, até agora não mostrou a que veio. No governo Dilma não foi diferente. Dos R$ 2,094 bilhões autorizados para ser investidos em 2011, apenas metade foi de fato liberado. Detalhe: quase 40% do valor desembolsado foram de restos a pagar. Ou seja, compromissos firmados no governo Lula, mas não cumpridos. Portanto, no governo Dilma, nenhum centavo novo foi desembolsado ainda para o programa. O porquê do corte? O ajuste fiscal que ela precisou fazer depois da farra de gastos para elegê-la.

Aeroportos

Felizmente a realidade sempre vence o discurso ideológico. O governo Dilma, portanto, começa colocando em prática o plano de privatização dos aeroportos que foi adiado pelo governo Lula por causa das eleições. Devido à urgência, o plano inclui alguns “puxadinhos”, já que não há mais tempo hábil nem dinheiro para construir novos aeroportos até a copa. Antes tarde do que nunca.

Portos

Diante da conclusão óbvia de que não há dinheiro suficiente no setor público para investir nos nossos portos lotados e ultrapassados, a presidente Dilma, depois de um ano de inércia nesta área, finalmente determinou aos seus auxiliares que preparem um “megapacote” de concessão de todos os portos federais, incluindo Santos e Suape, para a iniciativa privada. Amém! Uma preocupação a menos.

Estradas e Ferrovias

Mais do mesmo. Sem ter o que mostrar em seu primeiro ano de governo nestas áreas, a presidente em seu programa “Conversa com a Presidenta” (sim “presidenta”. Lula também mudou a língua portuguesa), Dilma preferiu apostar no futuro, prometendo investir R$ 30 bilhões em obras de mobilidade urbana e R$ 46 bilhões em ferrovias até 2014, como mais uma ação do famoso PAC. O problema é que o PAC não anda, assim como as obras das ferrovias Norte-Sul e Transnordestina que completam mais um ano de aniversário a passos de tartaruga.

De concreto mesmo, tivemos R$ 10 milhões investidos em mobilidade urbana em obras ligadas à copa. Detalhe: o orçamento reservado para 2012 nesta mesma área foi de 650 milhões! Ou seja, para cumprir o programado, o governo terá que investir 65 vezes mais que investiu de fato em 2011.

PAC 1 e 2

Como se não bastasse o PAC 2 ter sido lançado quando o primeiro não tinha sido executado nem a metade, o governo Dilma investiu meros R$ 6,4 bilhões no programa. Ou seja, cerca de 15% do total programado para 2012. Os demais R$ 16,4 bilhões investidos foram de restos a pagar do ano anterior, principalmente do PAC 1.

Pré-sal

Lançado com estardalhaço por Lula como uma cortina de fumaça para salvar Sarney na crise do Senado de 2008, o projeto do Pré-sal até aqui trouxe mais problemas que soluções. Além de uma crise política entre os estados pela divisão dos royalties, a maior interferência política do governo na Petrobrás fez suas ações despencarem 40%, apesar da promessa de futuro glorioso do Pré-sal. Não por acaso, o presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, mais um amigo de Lula a cair, teve que ser substituído por uma gestora com um perfil mais técnico, que assume com a missão de aumentar a produção de petróleo de fato e assim acabar com o pessimismo do mercado financeiro em relação a Petrobrás. Além disso, a nova presidente terá a missão de desencalhar a produção dos estaleiros e plataformas nacionais.

Aliás, até hoje a nova estatal prometida por Lula, a PPSA (Pré-sal Petróleo S.A), ainda não saiu do papel. Criada oficialmente em 2 de agosto de 2010, ainda não tem um só funcionário.

Copa do Mundo e Olimpíadas

Como era previsto, as obras da copa só foram iniciadas por Dilma, já em clima de desespero. Pela primeira vez em anos e anos de copa, a FIFA colocou outro país de standby (a Inglaterra) caso o Brasil se mostrasse incapaz de criar as condições mínimas para a realização do evento. As ameaças surtiram efeito e as obras finalmente começaram a sair do papel. Para isto, o governo fez a festa das construtoras, aprovando uma medida provisória que permite ao governo federal manter em segredo os orçamentos tanto para as obras da copa de 2014 quanto das Olimpíada do Rio em 2016. E, ao contrário do que Lula tinha prometido (que nem um centavo do governo seria utilizado para construir estádios), a maior parte dos recursos estão mesmo saindo dos cofres do governo. E também como já era previsto, os orçamentos iniciais vão aumentados à medida que as obras avançam. O orçamento inicial do Itaquerão que era de R$ 400 milhões já beira a casa de R$ 1 bilhão, o mesmo valor da “reforma” do Maracanã. Diante de um quadro tão desesperador, fica ainda mais difícil entender a obsessão do governo em construir paralelamente um trem bala que não vai servir nem para a copa nem para as olimpíadas ao custo de R$ 50 bilhões!

Vendo tanto dinheiro sobrando para as empreiteiras fica fácil entender o porquê da falta de recursos para a saúde.

Conclusões finais


Como já adiantamos aqui no primeiro post desta série, na minha opinião o balanço do primeiro ano do governo Dilma é positivo, tendo como parâmetro o governo Lula. Apesar dos resultados pífios em diversas áreas (a maioria relacionados à herança maldita do governo Lula), a presidente tem dado algumas indicações de mudança em algumas áreas, como, por exemplo, uma maior responsabilidade fiscal, a abertura para a iniciativa privada dos aeroportos e portos, a mudança na política externa (principalmente em relação ao Irã), uma menor tolerância em relação à corrupção e um menor teor populista.

Apesar dos progressos (ainda que insuficientes), infelizmente o novo governo continua na trilha equivocada da construção de um “estado grande” e com pouca disposição em implementar as reformas essenciais para o nosso crescimento sustentável nas próximas décadas.

Por enquanto, a forte demanda do mercado internacional por produtos primários tem sustentado nosso crescimento, o que nos dá a falsa sensação de que estamos indo bem. A médio e longo prazo, no entanto, assistimos ao processo de desindustrialização da nossa economia e ao agravamento dos déficits previdenciários. Ou seja, não aprendemos nada com a experiência da Europa. Daqui a uma ou duas décadas, quando queimarmos todas as nossa fichas de vantagens competitivas de emergentes e nos aproximarmos dos indicadores sociais europeus, certamente estaremos enfrentando problemas semelhantes. E aí então vamos lamentar muitas coisas que deveríamos ter feito no momento do crescimento rápido e não fizemos.

amilton aquino

COMO O DESMATAMENTO ACELEROU O APOCALIPSE DOS MAIAS BEM ANTES DE 2012


Toda a expectativa em torno de um possível fim do mundo previsto pelo calendário dos antigos maias não deixa de ter alguma razão. De apocalipse, os maias devem entender. Afinal, eles provocaram a própria queda. A exploração insustentável dos recursos naturais não é um privilégio de nossa civilização atual. Embora nós tenhamos elevado essa prática pouco recomendada a um âmbito global, com consequências para todo o planeta, outras sociedades do passado já destruíram suas bases naturais e aceleraram a própria ruína. O caso clássico é o da Ilha da Páscoa. Agora, um pesquisador da Nasa, agência espacial americana, traçou uma nova trajetória de suicídio ecológico: o da civilização Maia.

O pesquisador Ben Cook, da Nasa, usou imagens de satélites e modelos climáticos em computador, para simular o clima na América Central em vários períodos do passado. Ele concluiu que os Maias desmataram tanto a região que intensificaram as secas, com trágicos resultados. A civilização Maia, uma das mais desenvolvidas e mais populosas da América pré-Colombiana, prosperou por centenas de anos. Mas entrou em colapso rapidamente no meio do século 9., antes da chegada de Cristóvão Colombo com os espanhóis. Algumas pesquisas indicam que a crise tenha relação com ondas de seca intensa, que quebraram a agricultura dos maias.

Para analisar o que aconteceu, Cook fez algumas simulações. A primeira, no mapa em verde abaixo mostra, como foi o desmatamento no auge dos maias, em torno do ano 950.


A imagem indica como sobrou pouca vegetação original (em verde escuro) na região. O desmatamento intenso alterou o clima da região. A vegetação tem um papel fundamental no ciclo de chuvas. Ela aumenta o tempo de permanência da umidade na superfície, ajuda a preservar os solos e contribui para a evaporação que gera as chuvas. O estudo de Cook mostra que o clima estava mais quente e seco na estação chuvosa (de junho a agosto) do que seria de se esperar se a vegetação nativa estivesse bem preservada. Embora o desmatamento não tenha causado a seca, ele a agravou.

O mapa abaixo mostra onde a precipitação estava abaixo do normal para a região naquele período. Os trechos em azul claro mostram onde estava chovendo até 5% mais do que a média do lugar. Em compensação, as áreas em marrom mostram onde chovia abaixo da média. O marrom mais escuro indica onde chovia 20% a menos do que o esperado.


O mapa abaixo mostra as anomalias na temperatura. O vermelho mais escuro mostra onde a temperatura média estava até 0,5 grau acima do normal.


Os efeitos negativos do desmatamento em larga escala para o clima de uma região são bem conhecidos. É o que se teme na Amazônia, onde o desmatamento continua elevado, embora as taxas venham caindo. Alguns países hoje ricos sabem por que preservaram ou recuperaram suas florestas. Com tantos casos históricos de desastres ambientais, a esperança é que nossa sociedade aprenda uma lição ou outra.

01/02/2012
Alexandre Mansur

DIPLOMACIA ALTERNATIVA

O governo brasileiro continua fazendo diplomacia alternativa, como se isso fizesse grande diferença para o mundo ou - mais importante - produzisse algum benefício para o País.

Sábado passado, representantes do Brasil, da Índia e da África do Sul emitiram um comunicado para manifestar sua preocupação diante da crise global e para cobrar a conclusão, no menor prazo possível, da Rodada Doha de negociações comerciais - como se esse projeto tivesse algum sentido prático neste momento.
O fantástico documento foi o resultado de uma conferência entre o chanceler Antônio Patriota, e os ministros indiano e sul-africano do Comércio, Anand Sharma e Rob Davies. O texto foi pomposamente apresentado como Declaração final do Encontro Ministerial Índia-Brasil-África do Sul (Ibas) à margem do Fórum Econômico Mundial.

A criação do Ibas foi uma das muitas manifestações do terceiro-mundismo erigido como orientação da política externa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Político astuto e indiscutivelmente hábil no plano interno, o presidente Lula se comportou, no cenário internacional, como se nunca houvesse deixado o palanque de Vila Euclides.

Sua concepção de diplomacia reflete uma visão muito simples do mundo, temperada pelo esquerdismo provinciano de assessores de sua confiança. Um deles chegou a qualificar a Rússia como um país "geograficamente do Norte e geopoliticamente do Sul". Essa percepção do jogo internacional explica as parcerias "estratégicas" concebidas a partir de 2003. Não por acaso o documento do Ibas termina com uma reafirmação da "fé na cooperação Sul-Sul, uma parceria entre iguais".

Os ganhos políticos e econômicos obtidos com essa parceria são conhecidos. Os africanos votaram no francês Pascal Lamy, quando o Brasil apresentou um candidato a diretor-geral da OMC. O apoio foi mínimo, na vizinhança, quando um brasileiro disputou a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento, conquistada por um colombiano. O governo chinês jamais apoiou a pretensão brasileira a um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU. Latino-americanos também têm recusado esse apoio.
É longa a lista de exemplos semelhantes. Mas a reunião do Ibas no sábado passado fornece elementos suficientes para uma avaliação da diplomacia alternativa.


Em primeiro lugar, as divergências entre Índia e Brasil contribuíram para o impasse final da Rodada Doha. Houve outros fatores, mas as diferenças entre os interesses comerciais do Brasil e de outros emergentes tiveram peso considerável. Só com muita ingenuidade e desinformação se poderia atribuir o fracasso da rodada a divergências entre Norte e Sul. Insistir na ideia de comunidade de interesses dos membros do Ibas é brigar com os fatos.

Em segundo lugar, insistir na retomada urgente da rodada é uma pueril demonstração de irrealismo. No mesmo dia, o Fórum Econômico Mundial realizou um painel intitulado "Depois de Doha: o Futuro do Comércio Internacional". Uma das personalidades mais interessadas na continuação das negociações, o diretor da OMC, Pascal Lamy, negou qualquer possibilidade de um empreendimento dessa envergadura no futuro previsível. Falta, segundo ele, a energia política necessária para isso. Mas é possível, ressalvou, tocar negociações multilaterais menos ambiciosas.

Em terceiro lugar, foi simplesmente grotesca a ideia de realizar em Davos, "à margem da reunião do Fórum Econômico Mundial", um encontro para manifestar preocupação diante da crise. Foi esse o tema dominante da reunião, durante a semana toda, e dezenas de chefes de governo, ministros, acadêmicos, financistas, empresários e sindicalistas discutiram o quadro internacional, principalmente o europeu, debateram soluções e participaram de um intenso e às vezes áspero jogo de pressões. O Brasil, orgulhosamente apontado como a sexta maior economia do mundo, ficou fora desse jogo, envolvido na obscuridade e na irrelevância da diplomacia alternativa. País importante pratica diplomacia de adulto. O Brasil já fez isso em outros tempos.

01 de fevereiro de 2012
O Estado de São Paulo

AS ESQUERDO-PATAS E OS ESQUERDO-PATOS

As esquerdo-patas e os esquerdo-patos grasnam seu misto de burrice e marxismo de boteco

Ui, ui, ui… As esquerdo-patas e os equerdo-patos estão excitados. E grasnam suas ridicularias, naquele misto de burrice e marxismo de boteco que tão bem os caracteriza. Qual é o ponto? Estão zangados porque publiquei aqui esta foto, em que Arielli — O NOME DELA É ARIELLI, ELA FAZ QUESTÃO DE DEIXAR CLARO, E EU TAMBÉM! —, militante do PSTU e membro da diretoria do Centro Acadêmico das Letras, na USP, aparece usando os seus melhores argumentos contra Andrea Matarazzo, secretário de Cultura de São Paulo e pré-candidato à Prefeitura pelo PSDB. O “protesto” se deu no sábado, durante inauguração da nova sede do MAC. Revejam a foto, que marca o encontro do submarxismo com a otorrinolaringologia.

Já escrevi dois posts a respeito. Já contei que pensava tratar-se de Rafaella Martinelli, outra estudante das Letras, que havia convocado a manifestação pelo Facebook. Já desfiz o engano. O NOME DELA É ARIELLI TAVARES MOREIRA, DO PSTU! Rafaella também estava lá no MAC. As duas integram grupos que tentam silenciar aqueles de quem não gostam na base do berro e da baixaria. A tática é antiga. Assim faziam os partidários do tarado de bigodinho e do do tarado do bigodão, Hitler e Stálin, respectivamente. É bem verdade que Arielli se afirma trotskista. Huuumm… A diferença entre Stálin e Trotski não dizia respeito ao que fazer com os inimigos, mas aos métodos para a implementação e consolidação do comunismo. Se Stálin não tivesse dado primeiro um golpe em Trotsky, Trotsky teria dado um em Stálin. O resultado se contaria em milhões de mortos do mesmo jeito. Adiante.

Já corrigi os nomes, mas não tenho como corrigir a prática das moçoilas, ué! Esse é o comportamento dos comunofascistas quando decidem combater seus adversários. Eles fazem questão de divulgar seus feitos heróicos. Eu também! Vamos ver se a população concorda com o modo como agem. Em tempo: nunca afirmei que a tal Rafaella é filiada ao PT. Afirmei, como ela sabe, que uma das páginas que ela acompanha é a da “Esquerda Marxista”, correte do PT. Mas que importância tem a verdade para essa gente?

Nos blogs de extrema esquerda, essa gente me demoniza a valer e pede que eu seja, vejam só, “cassado”. Não vou dizer que é o que entendem por democracia porque, de fato, esquerda e democracia jamais andaram juntas. Esses iluminados querem é “ditadura”. E apelam ao “estado burguês”, com o qual querem acabar, para me “cassar”. Não são mesmo umas gracinhas?

Virei o “judeu” deles, como dizia Goebbels, em discurso tornado célebre, poucos dias depois de Hitler chegar ao poder. Usam contra mim táticas típicas do nazismo, mas, claro, acusam-me de… ora vejam!, nazista. Uma outra facção da turma assegura que sou agente do serviço secreto de Israel!!! Como se pode ser as duas coisas ao mesmo tempo, eis um mistério que só as hordas da desqualificação conhecem. Também mentem sobre o que penso a respeito dos estudantes da USP. Mas isso vai merecer um post à parte.

Atenção! O nome dela é ARIELLI TAVARES MOREIRA, MILITANTE DO PSTU, O PARTIDO QUE MANDAVA NO PINHEIRINHO. Eles querem que isso seja divulgado aos quatro ventos. Eu também!

01 de fevereiro de 2012
reinaldo azevedo

E O EGITO, QUE DESTRONOU O CORONEL-AVIADOR HOSNI MUBARAK, VAI DEMOCRATIZAR, COMO ALGUNS PREVIRAM AÍ NO BRASIL?

Mubarak, de piloto de jato Mig russo na guerra árabe-israelense de 1973, se transformou em Faraó, não apenas no novo Al Rais (O Presidente).
Foi com o Faraó Mubarak que se formaram os dezenove sequestradores suicidas dirigidos por Mohammed Atta, humilhação aos Estados Unidos, em apenas um dia, decorrente da humilhação do Egito na guerra dos seis dias.

Foi no Egito que Mohammed Atta nasceu e se radicalizou. Tanto Ayman Zawahiri, quanto Mohammed Atef, ajudantes de Bin Laden, foram também radicalizados em sua terra nativa do Egito.

Quais serão os que estão agora sendo radicalizados? Se aqueles homens puderam emergir da terra ao longo do Nilo, é imperativo indagar como estão sendo formados os novos radicais após a chamada Primavera Árabe.. E qual a relação com a proliferação de muçulmanos, tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos?

Como observador dos fatos no exterior, eu costumo diferenciar os termos islâmico e islamista. Uso islâmico para descrever algo que brota da religião do Islam. Uso islamista para descrever os muçulmanos que levam em conta o Islam e seus corolários, Sharia, ou Lei Islâmica, como seus principais pontos de referência, procurando restaurá-los no centro da vida muçulmana, por qualquer meio, inclusive o terrorismo. O dossel islamista cobre extremistas violentos e ativistas políticos moderados que rejeitam a violencia.

Inútil tentar entender o Islam, sem entender o que se passa no Egito, onde existe uma verdadeira paixão pelo Islam. Temos que observar como o reavivamento do Islam está reformulando o Egito e outros países árabes no sentido além violência politica, sem contudo eliminá-la.

Mas não se trata de reproduzir Livingstone em busca das cabeceiras do Nilo, nem Gustave Flaubert se instalando no Hotel du Nil no Cairo, 1849, com sua vida boêmia e com suas devassas. Assim como o Nilo corre no Egito por quase mil e trezentos quilômetros, gerando vida, assim é o caminho de Allah, orientando seu povo.

Apesar de não adotar cristianismo ou democracia, excelentes agentes do socialismo, é bom lembrar que o Egito Islâmico já realizou incursão socialista com Gamal Abdel Nasser, que proclamou em 1952 o “Socialismo Árabe”.
Só que Nasser atuou nesse campo de maneira primária, diferente do que os Estados modernos fazem agora.

Nasser prometeu a cada um educação gratuita, e emprego para cada graduado universitário. Nasser confiscou terras de ricos fazendeiros, dividindo-as entre fazendeiros pobres. Hoje o socialismo é mais sutil. Nasser não foi nem islâmico, nem isslamista.

Egípcios não mais esperam serviços de seus governantes, tendo desistido das promessas de Nasser referentes à ajuda do berço à sepultura. Estão de olho nos ricos cada vez mais ricos por métodos corruptos: favoritismo, nepotismo e suborno, que atingiram proporções epidêmicas em seu país. É a chamada kossa. E também a wasta, uma conexão-suborno com a burocracia capitalista para tirar vantagem.

Todos os países do Oriente Médio atuam em certo grau sobre a wasta, desde o Kuwait até mesmo Israel.No Kuwait eles falam “tomar vitamina W”.

Quando cidadãos ficam desencantados com seus governantes, e não possuem meios de reforma ou retificação, seus corações e mentes se inclinam para a subversão.

As pessoas que no Brasil ainda falam em “Terceiro Mundo” certamente não sabem o que estão dizendo. Brasil jamais foi Terceiro Mundo. A explicação é a que se segue:

Após derrubar o Rei Farouk em 1952, o coronel Gamal Abdel Nasser elevou seu povo a impensadas alturas no palco mundial. Ainda nos seus trinta anos, ele forçou as tropas britânicas a baterem em retirada do Egito. Quando os Estados Unidos se retrairam de uma oferta de financiar a construção da represa de Aswan, Nasser nacionalizou a companhia franco-britânica que operava o Canal de Suez. Em retaliação, os dois países europeus e Israel (sempre Israel tomando carona) invadiram o Egito em 1956. mas mesmo essa crise abrilhantou a imagem de Nasser, pelo fato de as três nações terem que recuar sob pressão dos Estados unidos.

O termo Terceiro Mundo surgiu de uma resposta a atuação bipolar dos países em Guerra Fria. No Terceiro Mundo o aclamado líder egípcio dividiu status de celebridade com Nehru, Kwqanme Nkruma e outros.

E agora, será que o Egito vai se democratizar?

01 de fevereiro de 2012
Paulo Solon

O ATO FALHO DE DILMA NA QUESTÃO DOS DIREITOS HUMANOS (QUAIS DIREITOS HUMANOS?) EM CUBA.

Fonte: UOL

As violações aos direitos humanos, nos mesmos moldes de Cuba, não são “coisas que ocorrem no mundo inteiro” (como Dilma tentou nos convencer), mas hoje em dia praticamente uma exclusividade de sistemas marxistas, como Cuba, Coréia do Norte, China, etc.
LUCIANO AYAN

A presidente Dilma Rousseff disse em Cuba, nesta terça-feira, que não se pode tratar de direitos humanos como ferramenta ideológica para criticar apenas certos países.

Dilma afirmou que desrespeitos aos direitos humanos ocorrem em todas as nações e citou como exemplo os denunciados na base americana de Guantánamo.

“Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós no Brasil temos o nosso. Então eu concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral”, disse a presidente, em coletiva de imprensa.

“Não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro. Ela serve para nós também.”

A visita da presidente ocorre 11 dias após a morte do opositor cubano Wilman Villar, que morreu em meio a uma greve de fome pela qual protestava por ter sido condenado a quatro anos de prisão.

O governo cubano, porém, diz que Vilar estava preso por ter espancado sua mulher e que ele recebeu tratamento médico adequado na prisão.

Questionada sobre a intenção da blogueira cubana Yoani Sánchez de visitar o Brasil, Dilma afirmou que o país já lhe concedeu o visto e que agora cabe à blogueira obter a permissão de Cuba para viajar.

Yoani Sánchez é uma das mais proeminentes críticas do governo cubano e quer vir ao Brasil para o lançamento de um documentário no qual participou.

Laços comerciais


A presidente disse ainda que sua visita tem como principal objetivo impulsionar as relações econômicas e a cooperação entre Brasil e Cuba.

Em 2011, segundo o Ministério do Desenvolvimento, o intercâmbio comercial entre os dois países atingiu o valor recorde de US$ 642 milhões, crescimento de 31% em relação a 2010. O saldo é amplamente favorável ao Brasil, que tem superavit de US$ 458 milhões.

Dilma mencionou incentivos brasileiros à compra e produção de alimentos no país caribenho e o financiamento de quase US$ 700 milhões concedido pelo BNDES (Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social) para a reforma do porto de Mariel, nos arredores de Havana.

A visita ocorre uma semana após a liberação da última parcela do empréstimo à obra, executada pela empresa brasileira Odebrecht e prevista para terminar em 2014.

O empreendimento inclui uma “zona especial de desenvolvimento” de 400 quilômetros quadrados, que abrigará indústrias voltadas à exportação.

Segundo diplomatas brasileiros, além de ajudar Cuba em sua missão de “atualizar” o socialismo e diversificar suas fontes de receitas, a ampliação do porto abrirá oportunidades de negócios para empresas brasileiras interessadas em se instalar ou expandir as operações na América Central.

A visita ao porto encerra a agenda oficial de Dilma em Cuba. Na manhã desta quarta-feira, ela embarca para o Haiti.

Meus comentários

A cara de pau da presidente Dilma Rousseff cada vez me impressiona mais.

Ela tem plena noção de que muitos de seus militantes atuam na base do “certo é o que está do nosso lado, errado é o que está contra”.
Quer dizer, se o governo cubano é marxista, então para eles está AUTOMATICAMENTE CORRETO mesmo que pratique vários genocídios em seguida. Entender a mente do esquerdista militante é entender uma mentalidade sociopata, na qual todos os atos são justificados a priori somente por que foram feitos em nome “da causa”.


Diante disso, ela sabe que, se criticar a violação dos direitos humanos em Cuba, irritaria os militantes de seu partido, mesmo que o desrespeito pelos direitos humanos em Cuba seja uma constatação óbvia para toda e qualquer pessoa em sã consciência.

É aí que ela dá duas sabonetadas homéricas.

A primeira é tentar a estratégia do discurso sem substância, falando que só discutiria a questão em “perspectiva multilateral”, ou seja, enquanto não se tratar de todas as violações a direitos humanos do MUNDO TODO, encontra-se uma desculpinha para jogar as ações criminosas dos Castro para debaixo do tapete.

A segunda, e mais grosseira, é partir para o relativismo absoluto. Algo como “existem violações a direitos humanos no mundo todo, portanto não há nada que se discutir sobre o caso em Cuba”. O problema não é que se discutiam apenas “violações a direitos humanos”, mas sim esse tipo de violação dos direitos humanos em relação a cidadãos do próprio país, com foco na retirada arbitrária da liberdade, praticada a partir de um regime ditatorial.

O curioso ocorre quando Dilma afirma o seguinte: “Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós no Brasil temos o nosso”, concluindo com: “Não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro. Ela serve para nós também.”

Mas, novamente, essa desculpinha esfarrapada só serviria caso o Brasil, assim como TODOS OS OUTROS países do mundo, se encaixassem em uma situação na qual a violação aos direitos humanos ocorresse na seguinte configuração:
(a) praticada pelo estado contra seus cidadãos
(b) este estado sendo de linha ditatorial
(c) este estado com uma série de mortes nas costas, para a manutenção da ditadura
Realmente, sabemos que de acordo com a estratégia gramsciana o objetivo do PT é chegar em um estágio onde possa deixar o Brasil configurado na situação em que os itens (a), (b) e (c) sejam uma constante, mas felizmente ainda não chegamos lá.

Por enquanto, Dilma não pode dizer que nós temos “telhado de vidro” para eximir Cuba de suas culpas. Recado à presidente Dilma: “não declare suas intenções tão publicamente assim”.

Já ficou claro que Dilma quer chegar ao mesmo estado totalitário em que Cuba está nos dias atuais, mas isso vai levar algum tempo.

Por enquanto, a base de Guantánamo (que nem de longe é feita para barrar a democracia e nem para atacar cidadãos americanos) não serve como comparação a Cuba, um governo totalitário, marxista e que coloca seus cidadãos detrás das grades somente por dissidência política.

As violações aos direitos humanos, nos mesmos moldes de Cuba, não são “coisas que ocorrem no mundo inteiro” (como Dilma tentou nos convencer), mas hoje em dia praticamente uma exclusividade de sistemas marxistas, como Cuba, Coréia do Norte, China, etc.

E a tentativa de Dilma em proteger Cuba é mais uma evidência de que marxismo e totalitarismo caminham de mãos juntas sempre.

Existem dois tipos de líderes marxistas. Aquele que obtém sucesso e lidera o restante sob uma ditadura, que se mantém a qualquer custo. Outro é aquele que não consegue tanto sucesso em sua empreitada e tem que conviver ainda com uma democracia, usando implementações gramscianas para ir chegando lá aos outros.

No primeiro caso, temos Fidel Castro e seu irmão Raul Castro. No segundo, temos Lula e Dilma.

A única coisa que os diferencia é o nível de sucesso na obtenção do totalitarismo.

Publicado por Klauber Pires

1984

No admirável mundo novo da internet, a CIA monitora até as redes sociais.
O comentarista Sergio Caldieri nos envia esse interessante e inquietante artigo, informando que no Centro de Fontes Públicas da CIA já se cruzam mais de 5 milhões de mensagens por dia.

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Os modernos meios de comunicação são uma benção para a espionagem. A CIA quer que cada pessoa no mundo tenha uma conta no Facebook ou Twitter para estender a caracterização e compreensão de cada um de nós.
O que é que estes instrumentos dão à agência de espionagem? Ao abrir suas informações da conta, são passados vários dados pessoais e não apenas o nome, apelido e endereço. Para “facilitar” o poder de expandir seus relacionamentos e encontrar amigos que desde a infância não tenha ouvido falar deles, também devemos informar a escola onde estudamos, os países visitados, gostos pessoais, esportes que você jogar, tipo de literatura que você lê, entretenimento, música e até mesmo a comida que mais gosta.

Você começa a entrar em contato com os amigos, relacionamentos-chave e família. Troca mensagens com eles, fornece mais informações sobre você, seu passado, suas aspirações, e até mesmo critérios e comentários sobre o lugar político, social e econômica em seu país, na pessoa a que você stá escrevendo, ou no mundo.

Uma verdadeira bênção, que facilita o trabalho de caracterização da CIA e coloca em suas mãos um volume de informação impossível de obter por outros meios de inteligência.

O Centro de Fontes Públicas da CIA (Open Sources Center) está localizado em McLean, Virginia. É um edifício de tijolos de vários andares, que não se destaca do resto dos prédios que o rodeiam, muitas características semelhantes. A diferença é que neste edifício são interceptados mais de 5 milhões de mensagens diárias que circulam nas redes Facebook e Twitter.

O Centro, sob a direção de Doug Naquin, analista sênior da CIA, tem mais de 800 empregados, computadores de alta velocidade, grandes servidores para o armazenamento. Existe um corpo de tradutores para aqueles que recebem informações em chinês, árabe ou outra língua que não seja regularmente falada nos Estados Unidos.

Um grupo de trabalho dentro do Centro é responsável por monitorar a imprensa, televisão e rádio, tanto nos EUA como em países prioritários. Este grupo também estuda relatórios de agências internacionais e outros centros de pesquisa sobre questões e situações que foram identificados e fazem parte do acompanhamento a ser realizado.

Embora a maioria do pessoal esteja na Virginia, há muitos desses analistas espalhados pelo mundo e que trabalham em embaixadas dos EUA, especialmente em países prioritários, a fim de estar mais perto da realidade que deve ser relatada.

Os informes mais importantes são incorporados ao relatório diário do Centro (Briefing Intelligence Daily), para que o diretor da Inteligência Nacional repasse ao presidente Obama as informações que tenham maior interesse político-estratégico.

Quando o presidente, em um de seus discursos, fala sobre situações que têm sido priorizadas, o Centro é colocado em alerta para fazer um diagnóstico através do Facebook e do Twitter sobre a reação às palavras de Obama na internet e transmiti-la no dia seguinte. É o admirável mundo novo em ação.

01 de fevereiro de 2012
Néstor García Iturbe

CIVILIZAÇÃO E BARBÁRIE NA OCUPAÇÃO DO PINHEIRINHO

Josef Stalin morreu, já não se fala em "centralismo democrático" como antigamente, mas a prática da obediência à palavra de ordem emanada do Comitê Central permanece viva, uma chama acesa a incendiar não mais os corações e mentes dos seres humanos, mas a velha e boa ordem da democracia burguesa. Antigamente o militante recebia o nome do candidato que tinha de sufragar na eleição por baixo da porta, por cuja fresta também chegava a palavra de ordem da ocasião. E a palavra de ordem do momento é "pau neles!" Vale a metáfora e também vale o sentido literal: em artigos em jornais e até no púlpito presidencial, a reintegração de posse do terreno pertencente à massa falida do "megaespeculador" Naji Nahas invadido há oito anos e, desde então, progressiva e definitivamente ocupado por sem-teto é um ato brutal contra um punhado de desvalidos da terra. O discurso é duro, a causa é nobre. Mas a palavra é débil: estamos num ano eleitoral e é preciso partir para o desforço físico, que machuca o adversário e introduz o protesto no noticiário do dia.

"A falta de ação política positiva, capaz de gerar consensos e soluções, ficou evidente no Pinheirinho", escreveu nesta página o professor titular de Teoria Política e diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp, Marco Aurélio Nogueira. Seu artigo publicado sábado 28 de janeiro está carregado de correção política e legitimidade acadêmica. Falta-lhe, contudo, verdade histórica. O professor se condói da situação dos 6 mil desabrigados pela força policial. Qualquer um o faria. É uma terrível injustiça esses trabalhadores não terem onde morar e o Estado brasileiro, representado pelos governos federal, estaduais e municipais, não dispor de nada que se possa chamar de uma política capaz de reduzir nosso vergonhoso déficit habitacional. O mestre relatou que "município, Estado e União assistiram ao crescimento do bairro e nada fizeram para gerenciar o que ali se estava gestando". Apoiado! A omissão da autoridade, contudo, não pode ser corrigida com outra: vige no Brasil o Estado Democrático de Direito, o império da lei. Pratica-se a propriedade privada e a democracia se realiza na obediência à lei interpretada pelo juiz: a Justiça mandou entregar o terreno de volta aos donos. Cabia ao governador mandar cumprir a ordem judicial. Só isso.

A polícia exorbitou? Ninguém percebeu a fotografia publicada nos jornais de uma tropa armada de paus e pedras para defender direitos inexistentes sobre solo alheio? Ninguém, de sã consciência, esperava que tropas policiais enfrentassem esses resistentes levando flores no cano de fuzis, em vez de baionetas. Um crítico isento aplaude o fato de a Polícia Militar (PM) paulista ter conseguido desarmar aquela resistência sem derramar sangue de ninguém e, sobretudo, sem produzir um cadáver. Em ano eleitoral, sangue e cadáveres costumam interferir em resultados de urnas. A invasão sangrenta da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) às vésperas dos pleitos municipais de 1988 ajudou a eleger Luiza Erundina (PT) prefeita de São Paulo, a 400 quilômetros de Volta Redonda (RJ).

Em Porto Alegre (RS) a presidente da República, Dilma Rousseff, manifestou-se uma oitava acima da crítica do professor sobre o assunto. Classificou de "barbárie" a ação policial e garantiu que nunca algo similar será praticado pelo governo federal sob suas ordens. O compromisso é uma tautologia enganadora, mais do que isso, uma verdade óbvia e insidiosa, pois essa não é uma tarefa atribuída pela ordem constitucional ao âmbito federal, mas uma obrigação estadual. A autoridade encarregada de empregar a força para fazer valerem decisões judiciais é da Polícia Militar, subordinada a governadores. Ou seja, Sua Excelência, com a devida vênia, prometeu o que cumprirá porque não lhe diz respeito algum.

Já a definição presidencial da operação ordenada pelo adversário político é simplesmente errada. Bárbara não foi a ação policial que desocupou o terreno, mas a situação social e a omissão governamental (muito bem descrita pelo professor Nogueira) que permitiram sua ocupação sem autorização do legítimo dono. Pode-se discutir se a PM paulista usou mais ou menos violência do que o necessário para fazer a ordem judicial ser cumprida. Mas negar à Justiça, na democracia, o uso do braço forte para obrigar quem viola a lei a se enquadrar em seus cânones é desconhecer o princípio básico da ordem democrática. Se não for um excesso de irreverência, talvez seja o caso de dizer que falou mais alto no coração da chefe (ou ela preferiria chefa?) de Estado seu passado de militante do que seu juramento de fazer cumprir a Constituição.

Agora, já que a presidente falou em barbárie, ou seja, no estágio anterior ao convívio civilizado dos humanos, convém alertá-la de que bárbaros são os militantes que tentaram impedir a saída do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), da Sé, na festa do aniversário da cidade, e do secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo, da nova sede do Museu de Arte Contemporânea (MAC), a pretexto de protestarem contra a desocupação da comunidade. Kassab administra um município a 100 quilômetros de distância do território conflagrado. Foi agredido gratuitamente, portanto, à saída da catedral, e numa praça onde se realizaram grandes encontros cívicos pela conquista da liberdade de pensar, agir e empreender. Matarazzo é titular de uma pasta responsável por teatros, museus, oficinas e salas de espetáculos e tem tanto que ver com o episódio de São José dos Campos quanto o bei de Túnis ou o califa de Bagdá. O desforço físico é a tentativa, essa, sim, bárbara de compensar a influência que a população nega nas urnas aos grupelhos de esquerda que plantam barracos em áreas proibidas para colherem sangue e cadáveres em ano de eleições.

O saber do mestre e a imensa popularidade da presidente não conseguirão atenuar a barbárie de quem, não tendo votos, recorre a paus, pedras e ovos para tentar impor seus argumentos.

01 de Fevereiro de 2012
José Nêumanne
*Jornalista e escritor, é editorialista do Jornal da Tarde

EDUCAÇÃO, CORRUPÇÃO E O SEGREDO DO SUCESSO


Depois de “os livro”, “a gente fomos” e “dez menos quatro é igual a sete”; a revolução educacional do governo continua a todo vapor criando os brasileiros que tocarão o “futuro brilhante” de nossa nação.

Uma prova aplicada pelo pessoal do “Todos Pela Educação” revelou o que todo mundo está “careca” de saber e só o governo finge desconhecer: Nossas crianças estão entregues à própria sorte e são formadas em centros de emburrecimento; verdadeiras fábricas de analfabetos e sequer conseguem fazer operações matemáticas básicas.

A “Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização” é um exame criado para medir a qualidade da alfabetização e a acuidade em matemática dos estudantes que completam o chamado “Terceiro Ciclo” (3º Ano do Fundamental, antigo Primário).

As crianças são avaliadas em sua desenvoltura para ler pequenos textos (dez linhas); escrever redações (também de dez linhas); estruturar e compreender ideias; identificar personagens; entender e reproduzir uma estrutura de texto (começo, meio e fim); assim como a realização de operações matemáticas simples (soma e subtração) com um ou dois algarismos.

Os resultados foram simplesmente dantescos e mostram um Raios-X pavoroso do futuro de nossos cidadãos que, a continuarem sua carreira estudantil nesses moldes, serão incapazes de levar uma vida profissional plena de oportunidades e estarão destinados ao subemprego e a dependência eterna de programas sociais (afinal é isso o que “eles” querem).

Apenas alunos das escolas particulares conseguiram se salvar atingindo e ultrapassando as médias pedidas pela avaliação. Já nas escolas públicas, em especial em matemática, apenas 32,6% dos alunos avaliados conseguiram atingir o mínimo esperado (74,3% nas particulares).

Em português, cuja avaliação foi dividida entre leitura e escrita, só 48,6% dos alunos de escolas públicas conseguiram atingir as notas mínimas na parte de leitura (contra 79% das particulares). Em relação à escrita, dos alunos das escolas públicas somente 49,3% obtiveram a pontuação mínima contra 82,4% das particulares.


As avaliações foram aplicadas em todas as capitais do país e revelam que essas diferenças apenas tendem a se ampliarem ao longo da vida acadêmica do estudante. A conclusão do levantamento é de que uma urgente e imediata mudança na forma como nossas crianças são ensinadas se faz necessária e é preciso corrigir os rumos da educação, o mais rápido possível, sob pena de um futuro de impossibilidades tanto para nossos jovens quanto para o país, que não poderá crescer sem mão-de-obra capaz de assumir os postos de trabalho criados.

O mais dramático é que os alunos formados pelas escolas públicas (a continuar o mesmo ritmo) não estarão apenas fora do mercado de trabalho de alta complexidade e capacitação; mesmo as profissões que não exijam grande conhecimento técnico ou complexidade estarão fora do alcance de uma legião de jovens e adultos incapazes de compreender textos de dez linhas e realizar operações matemáticas básicas como soma e subtração. Seremos uma nação de descerebrados.

Na verdade, esse fenômeno já é visto hoje. Muitas capitais e cidades do interior vivem situação de pleno emprego e, mesmo assim, ainda há um grande número de desempregados. Tal fato se deve a incapacidade dessa mão-de-obra de qualificar-se justamente devido ao seu déficit de aprendizado.

Exigir maior participação das famílias; maior comprometimento e qualificação dos professores; melhor qualidade dos equipamentos escolares e livros; melhores salários e condições de trabalho para diretores, mestres e funcionários; um currículo escolar mais moderno e eficiente; menos doutrinação política e mais preparação para a realidade do mundo competitivo em que vivemos e uma reformulação geral, nos conceitos educacionais que aplicamos até agora, são as formas de libertar nossas crianças das garras do obscurantismo, da apatia intelectual e do ostracismo econômico que advém da miséria e da incapacidade de superá-la por seus próprios méritos.

Manter nossas futuras gerações em condições de déficit intelectual tão acentuado seja o segredo do sucesso de um governo podre (aqui me refiro não só a “Era PT”, mas a qualquer governo que assim atue), corrupto e que se preocupa apenas em jogar esmolas ao povo que carece de formas verdadeiras de melhorar de vida.

Afinal de contas; se tivéssemos cidadãos plenamente capazes de exercer a sua cidadania e formados intelectualmente por escolas de ponta, certamente seria muito difícil algumas personalidades de hoje serem aplaudidas nas praças e nos comícios. Muito mais provável seria que estivessem jantando uma bela “quentinha” (“marmitex”) na cadeia mais próxima.

Pense nisso.

Arthurius Maximus, agosto 26th, 2011

COMENTARIOS: "A VERDADE ESCONDIDA"

Sicário comenta "A verdade escondida"
29 de setembro de 2011

Jaba...

Em nenhuma situação da vida os fatos podem ser analisados de forma isolada, até porque nada acontece por acaso. A confirmação disto está no enunciado físico que diz que à “toda ação corresponde uma reação”.
Partindo deste princípio, afirmo que nunca entendi 31 de março de 1964 como um golpe militar, como é tão propagado pelos ditos historiadores que se julgam detentores do conhecimento histórico; o que de fato ocorreu foi um contra-golpe da sociedade frente aos fatos que antecederam 1964.
O que vou escrever pode ser facilmente pesquisado na internet.
Em 1961, Jânio Quadros, Presidente do Brasil, renuncia ao cargo.
Constitucionalmente, João Goulart, seu vice-presidente, deveria assumir o posto. Por seu posicionamento e idéias politicas, já que foi criado e aprendeu pela cartilha populista/ditatorial de Getúlio Vargas, a sociedade fardada se posicionou contra sua posse pois, em 1954, com o suicídio do ditador, o país entrou em convulsão, sempre insuflado pelos mesmos agentes. No ano de 1961 governava o RS, Leonel Brizola, também aprendiz da cartilha de Vargas e cunhado de João Goulart. Com a crise da renúncia instalada, para fazer pressão e garantir a posse do vice-presidente, Brizola mobilizou a população gaúcha e a Brigada Militar (Polícia Militar gaúcha) como força de intervenção, inclusive movimentando tropas até Santa Catarina, para se precaver e antevendo um ataque de tropas federais ao território gaúcho. Esta movimentação recebeu o nome de “legalidade” (evento que completou 50 anos agora em setembro).
Para empossar seu cunhado, conforme determinava a constituição, Brizola provocou a ruptura na hierarquia militar e insuflou a população civil e militares a resistir ao que chamava de golpe. Estava certo em garantir que se cumprisse a constituição e estava errado em procurar militarizar uma crise política pq. na sanha de empossar o cunhado Brizola quase levou o país à guerra civil e, se não fosse o espírito democrático de alguns militares, o governador gaúcho teria jogado brasileiros contra brasileiros numa guerra ideológica,imbecil e desnecessária.
Passada a turbulência, com as forças militares aceitando a posse do vice, se plantou a semente de 1964.
Quando João Goulart assumiu o cargo, os fatos que ocorreram no espaço de tempo entre a renúncia do presidente e a posse praticamente se repetiram nos 3 anos de governo de João Goulart, pois uma vez na presidência os planos arquitetados em 1961 e que tiveram uma solução pacífica, tomaram proporções catastróficas. Com a quebra de hierarquia nas FFAA, greves, desobediência civil foi neste ponto que a sociedade realizou um contra-golpe ao golpe que Brizola e companhia ilimitada estavam tentando dar desde a década de 50.
Desconheço que algum historiador entenda 1964 como consequência de 1961. Fica aqui a idéia.
Eu vejo assim.
Quem desejar buscar com seriedade os culpados por 1964, deve procurar as razões junto à esquerda porque nela reside o lixo da história brasileira.

Abs

Sicário

*** *** ***

Olá Sicário,
Como sempre,comentários de primeira.
Quando comentei a estúpida decisão da OEA, em dezembro passado, sobre os acontecimentos do Araguaia, "tracei algumas" linhas, no mesmo sentido dos seus comentários, obviamente não tão brilhantes, mas que, em linhas gerais, falava dos acontecimentos:

"A Guerrilha do Araguaia, ocorrida no início da década de 70, não passou de uma criação do Partido Comunista do Brasil - PC do B que, identificado com as experiências vitoriosas das Revoluções Chinesa (Mao Tsé-Tung) e Cubana (Fidel Castro), e mantendo, desde meados de 1960, militantes guerrilheiros na área do Araguaia, buscava, de dentro para fora, ou seja, a partir do campo, da doutrinação rural, campesina, enfrentar o regime militar, derrubá-lo, tomar o Estado e fazer a revolução comunista tupiniquim.
Já o regime militar no País teve início em 31 de março de 1964 (cinco anos após o alinhamento de Cuba com a União Soviética de Khruschev, líder do PC soviético de 1953 a 1964, e quem instalou uma base de mísseis em Cuba, Presidente do Brasil, João Goulart), com o intuito de se evitar que os encantos autoritários do comunismo, que, igualmente, iluminavam os neurônios de alguns burgueses oportunistas, atingissem o seu objetivo, aquele idealizado pelo PC do B. À ocasião, é mais do que sabido, que os regimes cubano e chinês financiavam e treinavam guerrilheiros brasileiros, e guerrilha urbana e rural corria solta.
Com a renúncia de Jânio, em 25 de agosto de 1961 (efêmero governo), assume a presidência o Deputado Ranieri Mazzilli (presidente da Câmara dos Deputados).
Divididos entre a aceitação ou não da posse de João Goulart como Presidente, que se encontrava em viagem diplomática na China comunista, os militares, conciliando os interesses nacionais, acordaram, com aprovação do Congresso, na implantação do regime parlamentarista, sendo Presidente João Goulart (7 de setembro de 1961) e Primeiro-Ministro Tancredo Neves, que já fora Ministro de Getúlio, no segundo governo deste. O que não durou muito: em janeiro de 1963, por plebiscito, retorna-se ao regime presidencialista, aumentando-se o poder de João Goulart.
No período, direita e esquerda se confrontam, as ligas camponesas são reorganizadas (criação do PC do B, em 1930), Miguel Arraes apóia e incentiva os movimentos estudantis pró comunismo, João Goulart apóia e incentiva o sindicalismo dos sargentos, provocando quebra na hierarquia e na disciplina das forças armadas, realizado Congresso de solidariedade a Cuba, em terras de Araribóia (cacique da tribo dos temiminós, que derrotou os tamoios, que apoiavam os franceses no controle da Guanabara), Prestes defende a transformação do País no primeiro país comunista da América do Sul, à imagem de Cuba, Brizola, de quem Goulart era cunhado, organiza o Grupo dos Onze que tinha por objetivo, segundo o seu organizador, tomar o poder pela luta armada (anseio antigo do PC do B) - “vanguarda avançada do Movimento Revolucionário, a exemplo da Guarda Vermelha da Revolução Socialista de 1917 na União Soviética” (palavras do caudilho) -, entre outros atos de puro banditismo golpista de mudança de regime.
Em 64, 13 de março, João Goulart assina no Rio decretos de encampação das refinarias de petróleo privadas e autoriza a expropriação de terras, precipitando a sua deposição da presidência. A sociedade, entre os regimes de direita e de esquerda, optou pelo primeiro.
Em linhas gerais, os fatos que levaram ao início do regime militar.
Não satisfeita com mais uma derrota, a esquerda insistiu no seu desiderato, chegando-se, para terminar com essas mal traçadas históricas, à guerrilha do Araguaia, precedida de atos inqualificáveis, onde os militantes comunistas foram defenestrados pelo regime vigente, os quais, agora, são objeto de pura demagogia desrespeitosa, por parte da Corte mencionada no início destas linhas, que mais parece derivada do ressurgimento retrógado, na América Latina, da esquerda esquecida no tempo.
A sociedade brasileira optou pelo regime que entendeu melhor para o País; fatos e feitos da época, já foram colocados, de comum acordo, no seu devido lugar na história."

É isso aí Sicário. Dê uma passada no blog Contraponto-Respeito e Honra, e deixe a sua opinião. Seus comentários serão também levados para lá.

Abs.,

A VERDADE ESCONDIDA

Lá no blog Combate Militar, foi postada excelente matéria, em abril passado, com o título "A verdade escondida", que reproduzo logo abaixo.

Ao seu final, se inseriu um vídeo de nome "Revolução de 1964 - A Esquerda Derrotada", que seria o tipo de vídeo, entre outros, que sugeri na matéria "Comissão da Verdade" (e que de resto, ao recordar os fatos desde a década de 30, já vinha sugerindo desde as matérias envolvendo a OEA e a referida ignominia, iniciada com o post "Maria do Rosário), deles se valessem as Forças na ignóbil Comissão, caso instalada ou não nos moldes doentios, retrógados e revanchistas anunciados, de modo a que se resgatasse a verdade da história, desmaracando e mostrando o que estava por trás daqueles movimentos criminosos e traiçoeiros, aniquilando, de vez, os poltrões que hoje governam, roubam e desonram o País.

JabaNews

NOS ÚLTIMOS VINTE ANOS, PARTE DA NOSSA HISTÓRIA, LIGADA À QUEDA DO PRESIDENTE JOÃO GOULART, EM 1964, VEM SENDO DISTORCIDA E MANIPULADA PELOS POLÍTICOS, EM SUA MAIOR PARTE E PELA IMPRENSA QUE NÃO ASSUME OS SEUS ATOS, PERANTE O MOVIMENTO DE 1964, COMO É DE PRAXE. .
SALVO ALGUNS JORNALISTAS, É PASSADO À GERAÇÃO DE HOJE, ATRAVÉS DA IMPRENSA, DOS LIVROS ESCOLARES, DAS NOVELAS E SERIADOS DE TV, UM BRASIL PÓS GOVERNO MILITAR E OUTRO BRASIL ANTES DO GOVERNO MILITAR.
A IDÉIA QUE NOS É PASSADA, SOBRE O BRASIL, ANTES, DE 1964, É SOBRE UM PAÍS ESTÁVEL, COM EDUCAÇÃO E SAÚDE DE QUALIDADE, TRANSPORTE E ALIMENTAÇÃO, SATISFATÓRIOS, OU SEJA UM PAÍS, QUASE DE PRIMEIRO MUNDO, PORÉM, ASSUMIU O GOVERNO MILITAR E ACABOU COM O BEM, ESTRUTURADO, PAÍS QUE TÍNHAMOS, NÃO SENDO POSSÍVEL REESTRUTURÁ-LO, APÓS A "DEMOCRACIA". SERÁ?
A NOSSA IMPRENSA ACREDITA QUE PODE NOS ENGANAR.
A ESQUERDA COMUNISTA NO GOVERNO DE JK INICIOU PLANOS PARA UMA GUERRILHA URBANA E RURAL E DEPOIS, NO GOVERNO DE JÂNIO QUADROS, PASSOU A ENVIAR JOVENS BRASILEIROS PARA CURSOS DE GUERRILHA EM CUBA. TUDO ISSO, BEM ANTES, DO GOVERNO MILITAR. ALIÁS, O GOVERNO MILITAR FOI USADO COMO PANO DE FUNDO, PARA LUDIBRIAR A SOCIEDADE BRASILEIRA, COMO SENDO O MOTIVO PARA A GUERRILHA ARMADA.
A BEM DA VERDADE, O GOVERNO MILITAR ASSUMIU O BRASIL, DA NOITE PARA O DIA, DESARTICULANDO, A ESQUERDA, QUE ACREDITAVA NA DIVISÃO DAS FORÇAS ARMADAS E NUMA GUERRA CIVIL, QUE FACILITARIA O SEU GOLPE DE ESTADO.
COMO NÃO ACONTECEU, NADA DISSO, A ESQUERDA ARMADA PREPAROU-SE PARA LUTAR PELO PODER, NA DÉCADA DE 70, COM O PRETEXTO DE DEFENDER A DEMOCRACIA.
O VÍDEO "REVOLUÇÃO DE 1964 - A Esquerda Derrotada" É UMA TENTATIVA DE FAZER A JUVENTUDE DE HOJE, PENSAR, REFLETIR, SOBRE O QUE CONTAM A ELA.
NÃO É INTERESSE DESTE VÍDEO, FORMAR A OPINIÃO DE NINGUÉM. PEDIMOS, APENAS, QUE LEIAM MAIS LIVROS, VEJAM MENOS NOVELAS E ESCUTEM MENOS OS JORNALISTAS, QUE EM SUA MAIORIA, INTITULAM-SE FORMADORES DE OPINIÃO.
CUIDADO!

RUIM MESMO, É O CHARUTO!

EM 15 DIAS, KASSAB REVITALIZOU A CRACOLÂNDIA

Vejam só como são as coisas. Há 15 dias atrás, o PT organizou um Churrasco com os traficantes da Cracolândia para protestar contra o Kassab. Dias depois, a militância petista jogou ovos e tomates no prefeito na saida de uma missa da Sé.
Uma injustiça e tanto. Em 15 dias o Kassab revitalizou a Cracolândia. Tanto é que o Instituto Lula está indo para lá, em área cedida pelo primeiro mandatário paulistano, na forma da lei.
O PT deveria organizar um Churrasco de inauguração bem bacana, afinal de contas o guru de todos os petralhas está montando o Instituto Lula lá. E fazer uma justa homenagem ao Kassab, que provou que é bom de serviço.

Observação: há certos comentaristas que precisam tirar a faca dos dentes e pensar com a cabeça, não com o fígado.

A propósito do post, uma bela frase:

"A ironia atinge apenas a inteligência. Inútil desperdiçá-la com os que estão longe do seu alcance. Contra estes ainda não se conseguiu inventar nenhuma arma. A burrice é invencível." (Mário Quintana)

01 de fevereiro de 2012
coroneLeaks

KASSAB FAZ LEI PARA DOAR TERRENO PARA INSTITUTO LULA NA CRACOLÂNDIA

Em meio às investidas do PSD para compor uma aliança com o PT para as próximas eleições municipais, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) vai enviar um projeto de lei à Câmara Municipal prevendo a cessão de uma área da Prefeitura ao Instituto Lula. A área fica na Rua dos Protestantes, no centro, dentro do perímetro da concessão urbanística da Nova Luz.

O projeto vai ser apresentado hoje à tarde, em reunião entre o prefeito e vereadores da base aliada. Atualmente, Kassab tem o apoio de 41 dos 55 vereadores e não deverá enfrentar dificuldades em aprovar o projeto, que vai ceder a área por 99 anos para a entidade do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Além de abrigar o acervo documental de Lula, o local vai ser sede do Memorial da Democracia, um espaço de preservação de arquivos políticos e históricos no molde de instituições norte-americanas e de outros países.A contrapartida exigida por Kassab é que o Memorial seja aberto à população, com acesso gratuito aos estudantes da rede pública de ensino e às instituições públicas de todos os níveis de governo. Outra exigência do prefeito é que 20% das turmas do ensino público que passarem por cursos de formação no local tenham isenção de tarifa.

Segundo a Prefeitura, não há incompatibilidade entre a cessão do terreno e a concessão urbanística da Nova Luz, pois o Memorial contribuiria positivamente no processo de requalificação da região. O projeto da Nova Luz está parado por causa de decisão judicial que contestou a falta de participação popular no processo. (Do Estadão)

A ÚLTIMA CHANCE

A chanceler alemã, Angela Merkel, até muito recentemente não escondia sua insatisfação com a maneira descontraída com que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a beijava, e chegou a mandar um recado oficial, por meios diplomáticos, para que o francês evitasse tais mostras de intimidade inexistentes. Chegou a compará-lo com o personagem cômico inglês Mr. Bean.

Mas a crise europeia serviu para aproximar os dois, e antes mesmo que Sarkozy anuncie oficialmente sua candidatura à reeleição em maio, ela comunicou que está disposta a ajudá-lo na campanha.

No mesmo dia, aliás, em que o presidente francês apareceu na televisão em horário nobre para anunciar medidas impopulares, mas, segundo frisou, necessárias para a recuperação da competitividade da economia francesa.

Sarkozy, que, cinco anos atrás prometia criar uma França onde quem trabalhasse mais ganharia mais, a menos de três meses da eleição propôs aumentar impostos com o objetivo de financiar o sistema de proteção social — que já está sendo chamado de IVA social — e flexibilizar as leis trabalhistas para combater o desemprego.

Ele não conseguiu aprovar durante esses quase cinco anos de mandato mudanças na legislação trabalhista, por conta da reação dos sindicatos, e aproveita a crise econômica para mais uma vez tentar fazer essas alterações, especialmente a mais polêmica delas, que era seu carro-chefe na eleição passada: aumentar a carga horária de trabalho, que hoje é de 35 horas, desde que patrões e empregados concordem.

Uma taxação de 0,1% sobre as transações financeiras, a começar em agosto, pode retirar da França muitos negócios e já foi considerada pelo primeiro-ministro inglês, David Cameron, como “uma bobagem”.

Embora tenha em Merkel um suporte de peso, pois a aproximação da França com a Alemanha é fundamental para a União Europeia, é em outro líder político alemão que ele se espelha.

Gerhard Schörder foi chanceler da Alemanha até 2005, quando foi derrotado pela própria Merkel, depois de tomar atitudes corajosas, mas impopulares, que no longo prazo incentivaram a economia e levaram o desemprego a suas taxas mais baixas.

A aparição de Sarkozy na televisão no domingo à noite, se não serviu para oficializar sua candidatura à reeleição, mostrou que ele está disposto a deixar o cargo, se as pesquisas se confirmarem, com a fama de ter tomado atitudes duras em detrimento da própria carreira política.

Sarkozy tenta, na reta final de uma eleição que parece estar perdida, se colocar como um chefe de Estado experiente e ponderado, contra uma suposta arrogância do candidato socialista, François Hollande, o favorito das pesquisas, que já anunciou que vai rever o acordo que está sendo negociado pela União Europeia a partir de hoje em Bruxelas, antes mesmo que ele tenha sido aprovado.

Na televisão, o presidente francês assumiu um ar de político sábio ao dizer que ele também, quando jovem, já fora muito arrogante, mas aprendeu com a experiência e encontra-se mais disposto ao diálogo hoje.

Isso apesar de ambos serem praticamente da mesma idade: Sarkozy fez 57 anos em janeiro, e Hollande fará 58 em agosto.

O candidato socialista deu uma “mancada” recentemente que está servindo de mote para que os apoiadores de Sarkozy ressaltem sua inexperiência.

Num discurso, ele atribuiu a frase “eles fracassaram porque não começaram pelo sonho” a Shakespeare, mas errou por muitos séculos.

Na verdade, o autor da frase é outro Shakespeare, o Nicholas, nascido em 1957. Foi o que bastou para que o primeiro-ministro François Fillon citasse uma frase “do verdadeiro Shakespeare”, tirada da peça Macbeth — “Tenham coragem até o ponto do heroísmo e nós venceremos” —, para tentar animar a campanha de Sarkozy.

A relutância de Nicolas Sarkozy em anunciar sua candidatura à reeleição faz com que muitos de seus correligionários temam até mesmo que ele desista de competir.

Na semana passada, o jornal “Le Monde” publicou um desabafo particular do presidente no qual ele garantia que abandonará a política em caso de derrota em maio, o que provocou uma debandada de suas hostes.

Nos últimos dias, vários servidores saíram de ministérios ou repartições públicas, voltando às funções originais para esperar o novo governo que se formará.

O mesmo “Le Monde” revelou ontem uma reunião do chefe de gabinete de Alain Juppé, ministro das Relações Exteriores da França, com diplomatas que trabalham no Quai d”Orsay (o Itamaraty francês) pedindo lealdade profissional até o fim do governo, mesmo aos que têm posições políticas diferentes.

A última cartada dos apoiadores do presidente francês é justamente contrapor sua liderança na comunidade europeia à inexperiência administrativa de François Hollande, que deveria ter sido seu adversário há cinco anos, mas foi superado dentro do Partido Socialista pela então sua mulher Ségolène Royal.

Separados, agora é a vez de François Hollande concorrer à Presidência da França, e em um ambiente político bastante mais favorável aos socialistas.

01 de February de 2012
Merval Pereira
Fonte: O Globo, 31/01/2012

FILÓSOFO? SÓ SE VOCÊ TIVER A CARTEIRINHA DE FILÓSOFO!

Está tramitando na Câmara um Projeto de Lei do deputado Giovani Cherini (PDT-RS), que regulamenta o exercício da profissão de filósofo em todo o País. A idéia não é nova. Como toda péssima idéia, circula com velocidade de moeda ruim.

Em 2008, comentei um projeto que regulamentava a profissão de astrólogo. Já havia sido aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado e aguardava votação no plenário. De autoria do senador Artur da Távola, a proposta definia quem poderia exercer a astrologia e as atribuições dos profissionais, entre elas, o "cálculo e elaboração de cartas astrológicas de pessoas, entidades jurídicas e nações utilizando tabelas e gráficos do movimento dos astros para satisfazer às indagações do público". Já na época, o velho bolchevique anunciava que pretendia apresentar projeto regulamentando a profissão de filósofo. Filósofo não seria mais quem filosofa, mas quem tem carteirinha de filósofo.

Artur da Távola morreu naquele mesmo ano e não tenho idéia do que foi feito de seu projeto. Mas suponho que astrólogo algum lamentou sua morte. Astrólogos são franco-atiradores. Você está desempregado e não tem habilitação para ofício algum? É só sair a fazer mapa astral para ingênuos. Os ingênuos são legião. Se você tiver boa lábia, pode até fazer uma grana razoável.

Antes do projeto de regulamentação da profissão de filósofo, dois outros tramitavam no Congresso pretendendo regulamentar a de teólogo. Teólogo não seria mais quem cria teologia, mas quem tem carteirinha de teólogo. Pelo jeito, a profissão está se revelando lucrativa, pois os projetos pretendem restringir o livre exercício da parlapatagem. O projeto de lei 114/05, obra do bestunto do senador e bispo evangélico Marcelo Crivella, cria o Conselho Nacional de Teólogos, que seria a representação única dos teólogos do Brasil. Ou você pertence ao Conselho ou não teologiza mais. Ou se teologiza, está exercendo irregularmente a profissão. Este projeto inclusive recebeu parecer favorável do senador Magno Malta, pastor da Igreja Batista. Enviado para a Comissão de Assuntos Sociais do Senado, estava pronto há uns quatro ou cinco anos para entrar na pauta de votação.

O segundo projeto, o 2.407/07, do ex-deputado Victorio Galli, pastor da Assembléia de Deus, é mais bizarro. Diz que “teólogo é o profissional que realiza liturgias, celebrações, cultos e ritos; dirige e administra comunidades; forma pessoas segundo preceitos religiosos das diferentes tradições; orienta pessoas; realiza ação social na comunidade; pesquisa a doutrina religiosa; transmite ensinamentos religiosos, pratica vida contemplativa e meditativa e preserva a tradição”. O projeto soa a samba do crioulo doido: mescla a função de sacerdotes com as de administradores de comunidades e psicanalistas. Só não prevê que o teólogo faça teologia. Nele vê-se mais uma vez o dedo dos pastores evangélicos, que querem promover a teólogos seus camelôs televisivos.

Segundo a notícia, esse perfil abrangeria todos os padres, pastores, ministros, obreiros e sacerdotes de todas as religiões. O número passaria de um milhão, pela estimativa do Conselho Federal de Teólogos (CFT), com base em dados do IBGE. Hoje teólogos devem ser formados em cursos de graduação. Ou seja, no que depender da aprovação do projeto, tanto Paulo, como Anselmo, Orígenes, Tomás de Aquino ou Agostinho, estariam hoje exercendo ilicitamente a profissão.

A profissão parece ser promissora. Tão promissora quanto a destes outros vigaristas, os psicanalistas. Que pelo menos estão de acordo que é melhor não regulamentar a profissão, tantas são as escolas da psicanálise. É claro que a proposta dos pastores vai dar em nada.

Voltemos ao projeto do pedetista Giovani Cherini, que retoma os propósitos do senador bolchevique. Está tramitando em regime conclusivo e tem boas chances de ser aprovado pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público, e de Constituição e Justiça. Se aprovado, vai imediatamente ao Senado – sem que o plenário se manifeste. Se passar, tanto Platão como Aristóteles, Kant como Descartes, não poderiam reivindicar a condição de filósofo neste país incrível. Filósofo, só com diploma de filósofo.

Mas o melhor vem agora. Lê-se no projeto: “De acordo com a proposta, órgãos públicos da administração direta e indireta ou entidades privadas, quando encarregados de projetos socioeconômicos em nível global, regional ou setorial, deverão manter filósofos legalmente habilitados em seu quadro de pessoal ou em regime de contrato para prestação de serviços”.

O texto estabelece que só poderão exercer a profissão os bacharéis em Filosofia. Ou seja, se um Estado quer construir uma ponte, um aeroporto, uma ferrovia, uma estrada, que empregue antes de mais nada um filósofo legalmente habilitado para dar palpites sobre a obra.

Sempre entendi como filósofo o homem que desenvolve um sistema filosófico. Que traz alguma resposta às questões que as épocas impõem. Se não trouxer resposta alguma, é mero solipsista. Filósofos, para mim, são Platão, Aristóteles, Hume, Bergson, Descartes, Kant, Hegel. (Nietzsche, eu o situo mais como poeta. Marx nunca foi filósofo, como pretendem os marxistas. Era jornalista e economista). Hoje, filósofo é qualquer professorzinho de filosofia.

A filosofia estilhaçou-se em mil pedaços e hoje duvido que alguém saiba definir, com precisão, em que consiste a filosofia. Pelo que vejo, filósofo é qualquer acadêmico que fala de maneira obscura sobre o homem e o mundo. O Brasil está cheio deles, todo santo dia surge nos jornais alguém se intitulando filósofo.

Em meus dias de Florianópolis, li uma ementa do curso de Filosofia da UFSC: História da Filosofia Catarinense. Sou um desinformado. Em nem sabia que existiam filósofos em Santa Catarina, quando na verdade já existia, pujante e fecunda, uma história da filosofia catarinense. A UFSC, se alguém não a conhece, é aquela universidade que conferiu um título de Dr. Honoris Causa a Fidel Ruz Castro. Dr. Fidel, portanto.

É possível que a moda tenha surgido na França. Em meus dias de Paris, meus professores, ao examinar meu currículo, exclamavam: “Ah, vous êtes philosophe”. Nada disso, professor, apenas estudei filosofia.

Estudei História da Filosofia por quatro anos. Nestes estudos, considerei que filosofia é isto: alguém diz que o homem e o universo são assim e vão para lá. Surge outro e diz que o homem e o universo são assado e vêm para cá. A filosofia busca abstrações. Quer definir o que seja o Homem, assim com H maiúsculo. Ora, esse homem não existe. É como buscar o terno ideal que sirva a todos os homens e acaba por não servir a nenhum. O que existe é este homenzinho de todos os dias – com h minúsculo mesmo – que vamos encontrar... na literatura.

O saber racional acaba por negar-se a si mesmo. As filosofias se chocam e se destroem umas às outras. Os filósofos acabam se dando cotoveladas nas enciclopédias, em busca de espaço. Só a literatura permanece. Platão, por fascinante que seja, envelheceu. Já a Ars Amatoria, de Ovídio, permanece eternamente jovem. A vida é mais simples do que imaginam os filósofos. O homem nasce e morre e neste interlúdio esperneia. Fim de papo. A filosofia até pode ter pretendido ensinar o homem a viver. Mas a história está repleta de homens que bem conduziram suas vidas, sem nada entender de filosofia.

O filósofo, no fundo, é um palpiteiro. Os senhores deputados estão prestes a regulamentar a profissão de palpiteiro. O projeto do deputado, antes de ser absurdo, é obsceno. Visa empregar essa massa imensa de desempregados gerados pelas faculdades de Filosofia.

01 de fevereiro de 2012
janer cristaldo

A FÁBULA DA GALINHA VERMELHA

Ficou mais conhecida quando foi divulgada por Ronald Reagan, nos anos 70, quando era presidente: reduziu a carga tributária e conseguiu aumentar a arrecadação nos EUA.

Esta é a estória da galinha vermelha que achou alguns grãos de trigo e disse a seus vizinhos:

- Se plantarmos trigo, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar a plantá-lo?
- Eu não. Disse a vaca.
- Nem eu. Emendou o pato..
- Eu também não. Falou o porco.
- Eu muito menos. Completou o ganso.
- Então eu mesma planto. Disse a galinha vermelha.

E assim o fez. O trigo cresceu alto e amadureceu em grãos dourados.

- Quem vai me ajudar a colher o trigo? Quis saber a galinha.
- Eu não.. Disse o pato.
- Não faz parte de minhas funções. Disse o porco.
- Não depois de tantos anos de serviço . Exclamou a vaca.
- Eu me arriscaria a perder o seguro-desemprego. Disse o ganso.
- Então eu mesma colho, falou a galinha, e colheu o trigo ela mesma.

Finalmente, chegou a hora de preparar o pão.

- Quem vai me ajudar a assar o pão? Indagou a galinha vermelha.
- Só se me pagarem hora extra. Falou a vaca.
- Eu não posso por em risco meu auxílio-doença. Emendou o pato..
- Eu fugi da escola e nunca aprendi a fazer pão. Disse o porco.
- Caso só eu ajude, é discriminação. Resmungou o ganso.
- Então eu mesma faço, exclamou a pequena galinha vermelha.

Ela assou cinco pães, e pôs todos numa cesta.

De repente, todo mundo queria pão, e exigiu um pedaço.
Mas a galinha simplesmente disse:

- Não, eu vou comer os cinco pães sozinha.

- Lucros excessivos!. Gritou a vaca.
- Sanguessuga capitalista! Exclamou o pato.
- Eu exijo direitos iguais! Bradou o ganso.

O porco, esse só grunhiu.

Eles pintaram faixas e cartazes dizendo Injustiça e marcharam em protesto contra a galinha, gritando obscenidades.

Quando um agente do governo chegou, disse à galinhazinha vermelha:

- Você não pode ser assim egoísta...

- Mas eu ganhei esse pão com meu próprio suor.
Defendeu-se a galinha.

- Exatamente.. Disse o funcionário do governo. Essa é a beleza da livre empresa.

Qualquer um aqui na fazenda pode ganhar o quanto quiser, mas sob nossas modernas regulamentações governamentais, os trabalhadores mais
produtivos têm que dividir o produto de seu trabalho com os que não fazem nada.

E todos viveram felizes para sempre, inclusive a pequena galinha vermelha, que sorriu e cacarejou:

- Eu estou grata, eu estou grata.

Mas os vizinhos sempre perguntavam por que a galinha, desde então, nunca mais fez porra nenhuma... Nem mesmo um pão

Esta fábula deveria ser distribuída e estudada em todas as escolas brasileiras.
Quem sabe, assim, em uma ou duas gerações, sua mensagem central pudesse tomar o lugar de toda essa papagaiada
pseudo-socialista, que insiste em assombrar nosso país e condená-lo à eterna miséria.

Qualquer semelhança desses bichos com alguns abaixo é mera coincidência:

Sem-Terra,
Sem-Teto,
Quilombola,
Com Bolsa-Escola e Sem Escola, Puxa-sacos,
Cotistas,
Com indenização de Perseguido Político,

Sem Porcaria nenhuma.

*** *** ***

A Fábula da Galinha Vermelha ensina como é fácil ser vagabundo num mundo socialista. Ou 'socialismo e vagabundagem andam de braços dados'. Ou, então, 'a vida fácil de quem vive às custas dos outros. Mais uma: a falsidade de quem cumprimenta com o chapéu alheio.
Ótimo comentário abaixo da imagem

Quando meus filhos eram crianças, contei para eles essa história. Ficaram calados.
Perguntei: o que voces acham? A galinha agiu corretamente?
Um me perguntou: mas por que só ela trabalhava? Os outros estavam doentes?

R: Não, apenas não queriam ajudar.

Perguntou o outro: e eles viviam de quê, quem dava comida para eles?

R: Os donos deles, que os deixavam bem gordinhos para depois comê-los.

E a galinha? Não ia também ser comida pelos donos?

R: provavelmente não, porque ela produzia bastante. Então, mamãe, se todos trabalhassem , talvez durassem mais tempo porque os donos iam querer ver bastante trabalho! É, mamãe, a galinha foi esperta e os outros foram otários.

Mas, meus filhos, a galinha ficou desgostosa porque o dono a obrigou a dar o que ela havia feito com sacrifício para os preguiçosos!

Mãe, quer saber de uma coisa? A galinha é que devia ser dona e os donos os bichos - ela era muito mais inteligente e trabalhadora do que eles e não ia deixar os companheiros preguiçosos, ia botá-los para trabalhar como ela.

Achei a idéia deles interessante.


Hoje, vejo que tinham razão: os papéis estáo invertidos - quem produz é penalizado com impostos escorchantes, o que desanima novos investimentos e aumento de produção; e os que nada produzem são aquinhoados de todas as formas, com todas as benesses, usufruindo o que foi conseguido através do trabalho alheio, sem que contribuissem de alguma forma para obtenção de vantagens e assistencialismo/paternalismo.
A galinha vermelha tinha razão...
Trabalhar pra quê?

PRIORIDADES PARA 2012 NO SENADO FEDERAL

A reforma política, o projeto que transforma em crimes hediondos os delitos de corrupção passiva e ativa na administração pública, a fixação das prerrogativas constitucionais do CNJ, a Lei Geral da Copa e a definição do voto aberto no Congresso especialmente para casos de cassação de mandato são algumas das matérias que o Líder do PSDB, Alvaro Dias, espera que sejam votadas neste ano de 2012.

Para o senador tucano, entretanto, mais importante que essas votações é resgatar a valorização do Legislativo como instituição, recuperando as prerrogativas essenciais e constitucionais do Parlamento.

Leia no site da Liderança do PSDB no Senado matéria sobre as perspectivas de Alvaro Dias para 2012.
(Postado por Eduardo Mota – assessoria de imprensa)

01 de fevereiro de 2012
do blog do senador Álvaro Dias

SALADA À MODA DO SANATÓRIO


Nada a ver

E a Maria do Rosário, ministra de Dilma para assuntos de Direitos Humanos ficou de fora da comitiva que foi encher o fiofó de los hermanos Castro de dinheiro brasileiro.

Não, não é que ela esteja mal na foto com a Dilma; é que lá em Cuba, não há nada que o PCdoB, ou quem quer que seja, possa fazer em matéria de direitos humanos.

Vivendo e aprendendo

Em Havana, antes de levar US$ 683 milhões para salvar a ditadura de Fidel e Raul Castro, Dilma passou meia no Memorial Jose Martí. O lugar é um depósito de cartas, manuscritos, fotos, livros e outras memórias do heroi nacional cubano. De acordo com o roteiro de viagem, a previsão era de apenas dez minutos no museu. Mas daí que a turma entendesse tudo aquilo...

Band-Aid

Dilma faz reforma na marra. Não tem como não dispensar os malfeitores de malfeitos que não acabam mais. Negromonte vai pras cucuias. Entra um belomonte desses que andam por aí. Essa troca de alhos por bugalhos não dá em nada. É como receitar Band-Aid para diarréia.

De SPA a Manicômio

Espernear foi o que sobrou de rebeldia para Marta Sempre Suplicy mostrar que ainda vive no seio do PT. É uma espécie de cilicone do partido no Senado.

Os súditos de Luiz Erário Lula da Silva acham que ela deve levar um corte cirúrgico nas pretensões de continuar como vice-presidente da Casa.

Como não a deixaram ser candidata à prefeitura de São Paulo e como ninguém a tira para dançar na Esplanada dos Ministérios, ela faz do espaço que lhe resta um verdadeiro SPA. O séquito lulático acha que a Casa está virando um manicômio.

Satisfação Garantida

O PT quer presidir a Casa da Moeda. Não vai precisar mais de Caixa-2, nem de doações de campanha. Agora vai.

01 de fevereiro de 2012
sanatório da notícia

MST DIANTE DE UM FUTURO INCERTO

(Editorial)
O Globo


O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, embora há nove anos conte com aliados políticos no poder, continua a reclamar da falta de reforma agrária, de “avanços sociais” no campo. As invasões de propriedades privadas continuam, e a vida segue sem aparentemente grandes mudanças.

Poderia ser que tudo não passasse de tática de organizações políticas que se alimentam da contestação e da cobrança constantes. Porém, parece haver algo mais, e de extrema gravidade para a organização. Sintomático que um dos dirigentes nacionais do MST, Joaquim Pinheiro, tenha reconhecido um “descenso” nas atividades do movimento, e culpe como responsáveis pelo mau momento da organização o crescimento do emprego e programas sociais, em que se destaca o Bolsa Família. Tem lógica a análise, mas ela não explica tudo.

Um aspecto a se destacar é que, se o MST não conseguiu a reforma agrária dos sonhos com Lula no poder, será impossível materializá-la numa outra conjuntura política, a não ser que se rompa o estado de direito, como alguns demonstram desejar.

Afinal, dentro do modelo de puro fisiologismo pelo qual o lulopetismo montou equipes de governo nestes últimos nove anos, coube ao MST o privilégio de atuar dentro da máquina do Estado, em aparelhos montados no Incra e no Ministério do Desenvolvimento Agrário.

E com todas as benesses disso derivadas, como a fartura de dinheiro público para financiar, inclusive, ações de atropelamento da própria Constituição. Cenas de Lula com o chapéu da organização e a bandeira do MST desfraldada no gabinete presidencial eram mais que um símbolo. Retratavam uma situação real: o MST, em alguma medida, estava no poder.

Mesmo assim, a reforma agrária não andou, denunciam os militantes sem terra. Mas a desmobilização do MST não foi apenas devido a efeitos colaterais de uma conjuntura de virtual pleno emprego vivida até há pouco tempo pelo Brasil, nem pela conhecida generosidade do assistencialismo público.

A própria modernização da agricultura subtraiu do MST e satélites áreas de “latifúndios improdutivos”, e com isso começou a erodir a razão de ser da proposta de reforma agrária, tema cativo de programas de sucessivos governo há décadas.

Começaram a faltar terras para o MST — que radicalizou ao se voltar contra propriedades produtivas — e a escassear massa de manobra. O próprio esvaziamento do campo, decorrente da modernização da economia, atua contra o MST. Restou-lhe mobilizar o lumpesinato de cidades médias e pequenas.

Mas a ampliação da oferta de empregos e as bolsas assistenciais completaram o cerco à organização, cuja razão de viver é a crise social. E para alimentar ainda mais os pesadelos de dirigentes sem terra, o crescimento da classe média, conhecida por rejeitar rupturas, conspira contra projetos de poder mais ambiciosos da organização política.

O MST, então, se defronta com um dilema: insiste num projeto de tinturas revolucionárias e antidemocráticas, de execução impossível, e para o qual depende de ter amigos no Planalto; ou se assume como uma força política legal, sai da semiclandestinidade consentida e tenta obter apoio para seu modelo de Brasil junto ao eleitor. A terceira hipótese é a marginalização, em vários sentidos.

NOTÍCIAS DO SANATÓRIO

01/02/2012

AUTORIDADE

O governo agora quer mudar a lei seca para acabar com essas história de que o motorista pode optar por não fazer teste do bafômetro, sob alegação de não produzir prova contra si, como está na Constituição. A lógica será invertida: caso o policial identifique os sinais de embriaguez, o condutor do veículo terá de provar que não bebeu e soprar o equipamento do guarda. |Como de bêbado não tem dono, já tem uns bebuns bem intencionados que estão loucos para começar os testes. De resto, fica assim comprovado que o guarda da esquina é a maior autoridade do país.

CALMON FOI ARQUIVADA

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, arquivou nesta terça-feira o pedido de investigação feito pelas três principais associações de juízes do país contra Eliana Calmon, corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Isso quer dizer o seguinte, ela vai ser massacrada pelos honoráveis supremos que se cobrem de capinhas de Batman.

CAIXA DE LULA

Se quem não deve, não teme, por que os supremos não querem ser investigados? A sorte deles é que Luiz Erário da Silva já trocou o Palácio pelo Instituto Lula, do contrário ele poderia - como fez no seu primeiro mês de primeiro governo - voltar a ameaçar que mandaria "abrir a caixa preta do Judiciário".

01/02/2012
sanatório da notícia

A GRANDE FOME DE MAO


Internacional - China

“Mas não é simplesmente a extensão do número de mortos que conta, mas também como essas pessoas morreram. Não é que as pessoas morressem de fome porque não havia comida disponível. A comida era na verdade usada como uma arma para forçar as pessoas a cumprirem as tarefas atribuídas pelo Partido.”

UnMondeLibre:
Estamos felizes em publicar hoje (7 de outubro de 2010) uma entrevista que o professor Frank Dikötter da Universidade de Hong Kong concedeu a Emmanuel Martin, que acaba de publicar um livro intitulado “Mao’s Great Famine : The History of China’s Most Devastating Catastrophe” (“A Grande Fome de Mao: A história da catástrofe mais devastadora da China”- 2010, Bloomsbury, Londres; Walterbook, New York).

Emmanuel Martin: Professor Dikötter, sua obra trata das conseqüências do “Grande Salto Para Frente”, iniciado por Mao na China. Qual era a idéia, o objetivo deste “Grande Salto Para Frente”?

Frank Dikötter: O “Grande Salto Para Frente” começou em 1958 e terminou em 1962. Foi uma catástrofe enorme. Por que ele foi feito? Em 1958, Mao estava há quase dez anos no poder e crescia sua impaciência diante da falta de desenvolvimento econômico e da resistência dos agricultores à coletivização. Mas, acima de tudo ele desejava assumir a liderança do campo socialista.

Sua idéia, portanto, foi superar os seus concorrentes usando o que ele considerava a verdadeira riqueza do país: uma força de trabalho de centenas de milhões de homens e mulheres. Ele achava que, usando todos os agricultores do país, agrupando-os em comunas gigantes, e transformando-os em soldados de um exército industrial da revolução, ele poderia transformar simultaneamente a agricultura e a indústria, catapultando assim o país para além do desempenho da União Soviética e talvez mesmo da Inglaterra em quinze anos. Na verdade, este era o slogan: superar a Inglaterra em quinze anos.
Então, o que ele fez foi coletivizar praticamente tudo. As pessoas do campo foram amontoadas em comunas populares, as cantinas eram os únicos lugares onde a comida era distribuída, e a colheradas, por assim dizer. As pessoas viram as suas terras confiscadas, como suas casas e seu estilo de vida. Tudo foi coletivizado. A única maneira de fazer os camponeses famintos trabalharem no campo foi o uso da força. Muito rapidamente o paraíso utópico provou ser um enorme quartel militar. A coerção e a violência eram as únicas formas de garantir que as pessoas executassem as tarefas que lhes eram ordenadas pelos membros locais do Partido.

EM: Quais fatos históricos você descobriu sobre esse episódio trágico?

FD: Em primeiro lugar, este é o primeiro livro baseado nos enormes arquivos do Partido. Até agora, os historiadores têm utilizado como fontes publicações não oficiais ou semi-oficial para determinar o que se passou. Desta vez, tivemos acesso a relatórios, inquéritos, sondagens extremamente detalhadas, bem como aos relatórios da vigilância da polícia de segurança sobre o desenvolvimento da fome, ou seja, milhares de documentos escritos pelo partido na época. O livro lança então uma luz inteiramente nova sobre o que aconteceu.

E depois, a fome tomou dimensões muito além do que se pensava anteriormente. Os especialistas estimavam a catástrofe demográfica entre 15 e 30 milhões de mortes. Com as estatísticas compiladas pelo próprio Gabinete de Segurança Pública na época descobre-se uma calamidade muito maior: pelo menos 45 milhões de mortes prematuras entre 1958 e 1962.

Mas não é simplesmente a extensão do número de mortos que conta, mas também como essas pessoas morreram. Não é que as pessoas morressem de fome porque não havia comida disponível. A comida era na verdade usada como uma arma para forçar as pessoas a cumprirem as tarefas atribuídas pelo Partido. E as pessoas que eram consideradas como de direita ou conservadoras, as pessoas que dormiam no serviço, que estavam muito doentes ou enfraquecidas serem obrigadas a trabalhar se viram sem acesso à cantina e morriam mais rapidamente de fome. Pessoas fracas ou os elementos considerados como inaptos pelo Partido foram, portanto, deliberadamente levados à fome.

Mas também devemos ressaltar a violência do sistema. Entre dois e três milhões de pessoas foram sumariamente executadas ou torturadas até a morte. Alguns foram torturados por roubar uma batata. Em um caso, que foi relatado no alto da cadeia de comando, um homem teve, por roubar uma batata, suas pernas amarradas com arame, atadas sobre as costas, uma das orelhas cortadas e, em seguida torturado com brasas. A tortura foi generalizada. Outro homem, por exemplo, foi obrigado a enterrar seu próprio filho vivo porque este tinha roubado um punhado de grãos da cantina.

EM: Isso tinha sido planejado por Mao e os dirigentes comunistas?

FD: Não foi planejado no sentido do Grande Timoneiro ter dado alguma ordem específica para torturar e matar. Mas isso não foi totalmente imprevisto, pois Mao tinha especificado que o exército representava a moral a seguir, que as pessoas de direita e conservadoras deveriam ser eliminadas, e muitas de suas mensagens eram suficientemente vagas para que os de “boa vontade” instalassem um regime de terror sobre os aldeões. Um pouco como Hitler, que não deixava suas ordens sempre claras: seus subordinados interpretavam.

Mas uma coisa é certa: Mao sabia exatamente o que se passava. Ele recebia relatórios e cartas escritas por pessoas comuns. Seus próprios secretários iam aos locais para ver o que lá se passava. Além disso, nós sabemos, e o livro lançou uma luz sobre esse fato graças aos memorandos secretos, que em março de 1959, em meio à fome, o presidente disse a alguns altos dirigentes que metade do país poderia muito bem morrer da fome enquanto que a outra metade poderia comer até se fartar. Ele deu a ordem para levar até um terço da safra de cereais, decididamente mais do que tinha sido levado até então. Ele enviou uma equipe adicional para arrancar essas reservas de cereais dos aldeões.

EM: O economista e filósofo austríaco Friedrich Hayek escreveu extensamente sobre o planejamento central e o socialismo. Ele foi uma inspiração para o historiador que você é?

FD: Um dos principais capítulos, intitulado “The End of Truth”, descreve como, no verão de 1959, Mao voltou-se contra alguns líderes que tinham manifestado sua insatisfação com o Grande Salto Para Frente. Ele os anulou, os expulsou do Partido, aplicando assim um expurgo. O título “O fim da verdade” foi com certeza diretamente inspirado no título de um capítulo da grande obra de Hayek “O Caminho da Servidão”. Eu considero “O Caminho da Servidão” um clássico, e qualquer um que queira entender como funcionam um Estado de partido único e uma economia planejada deve lê-lo. O livro já descrevia, antes que Mao chegasse ao poder, o que se passaria na China. Todo o livro conta a história das conseqüências da coletivização radical. Não só o que ela provoca em termos de destruição de seres humanos, mas também em destruição do conhecimento, da infra-estrutura de transporte, das casas, ou da natureza. Tudo cai e se paralisa quando os que estão no topo da pirâmide de poder pensam que pode dirigir toda a economia numa direção ou noutra.

EM: Parece-me que o comunismo foi também uma catástrofe moral, reduzindo seres humanos à condição de animais em luta pela sobrevivência. Nesta situação, estamos prontos para fazer coisas que não estaríamos dispostos a fazer em um contexto normal.

FD: Decididamente. Primo Levi descreveu isso muito bem quando ele narra como sobrevivia em Auschwitz. Ele diz como as pessoas devem fazer todo tipo de compromissos morais o objetivo de sobreviver, como, por exemplo, não compartilhar alimentos que eles descobrissem. Isso é o que ele chamava de “a zona cinzenta”. Eu acho que o Grande Salto Para Frente, entre 1958 e 1962, é uma enorme “zona cinzenta” durante a qual não foram apenas os carcereiros que sustentavam a violência contra as pessoas comuns, mas também as próprias pessoas comuns que deveriam fazer coisas terríveis a seus vizinhos, às vezes a membros da própria família, apenas para sobreviver: mentir, trapacear, roubar, dissimular... Às vezes, vendem seus filhos por alguns grãos, comer lama ou mesmo restos humanos para ter energia suficiente.

EM: Tais coisas são muito difíceis de entender. Também é difícil acreditar que ainda possa haver partidos comunistas atualmente. Parece que alguns não têm conhecimento do passado e da aplicação de suas idéias à realidade. Haverá uma versão chinesa do livro?

FD: Muitos chineses, da China ou do exterior, enviam-me mensagens todos os dias. Eles me dizem que estão felizes por este livro ter sido publicado. Eu tenho a impressão que muitos leitores na China querem saber o que se passou durante este período da história maoísta.

Entrevista para Emmanuel Martin em 19 de setembro de 2010. Você pode ouvir o áudio original em inglês.

Emannuel Martin, 01 Fevereiro 2012
Do site UnMondeLibre.
Tradução: Jorge Nobre