Podemos dizer sem medo de errar que a democracia brasileira é jovem. Mesmo sem levar em conta os quase 390 anos de submissão a um império estrangeiro (Portugal) e de regime monárquico; a vivência do cidadão brasileiro com um regime republicano democrático teve ainda o azar de ser interrompida, por mais de vinte anos, por uma ditadura militar.
Combinados a esses fatores históricos, temos um caldo criado cuidadosamente pelos artífices da ditadura temperado com enormes doses de alienação, desinteresse e de conivência do eleitorado com as más práticas políticas.
Não menos importante, as lideranças políticas surgidas pós redemocratização, preferiram manter e aprofundar essa receita perniciosa; incrementando aquele caldo destruindo o sistema educacional e criando um arcabouço legal anacrônico, mal elaborado e totalmente feito sob medida para dificultar a vida dos bons; facilitando e protegendo os maus políticos.
Assim sendo, mesmo com o peso enorme que a ditadura teve nesse estado de coisas, a redemocratização trouxe muito pouco alento aos que esperavam melhores condições de exercitar a vida política e fomentar a presença de estadistas em nossos quadros partidários.
Como representantes de uma sociedade corrupta ou que tolera enormemente a corrupção, os partidos políticos brasileiros são a encarnação desse terrível mal que atravanca a evolução de nosso país e tem como responsabilidade maior o morticínio e a escravidão dos mais necessitados a toda sorte de práticas criminosas pelos organismos políticos.
O julgamento do Mensalão do PT e a condenação de alguns de seus principais atores expôs com clareza estarrecedora como os partidos políticos brasileiros se converteram em verdadeiras organizações criminosas montadas exclusivamente com o intuito de roubar o contribuinte e garantir aos seus membros a maior permanência possível no poder, como forma de perpetuar suas práticas quadrilheiras e assegurar o acesso de seus filiados as benesses do Tesouro Nacional.
Muitos clamam por uma reforma política que seja capaz de minimizar esse estado de coisas e organizar, de forma mais civilizada, a maneira como os partidos políticos são criados e exercem as suas funções em nossa democracia. Mas, como esperar que a tal reforma venha realmente mudar algo, quando sabemos que tais modificações deverão ser propostas pela mesma escória mafiosa que aí está?
A recente exposição do PT, apanhado de calças arriadas, enquanto montava seu esquema fraudulento (logo depois do PSDB e seguido pelo DEM) parecia trazer uma luz para a escuridão que cerca a vida política nacional e refrear a falta de vergonha na cara que se espalhou pela classe política nacional.
Mas, se imaginarmos que o mesmo partido apanhado e exposto em pleno ato criminoso, continua praticando exatamente as mesmas falcatruas e deslizes éticos Brasil a fora, sem se preocupar sequer em fazê-lo “embaixo dos panos” ou mudar o enredo do golpe, podemos perceber tristemente que nenhuma mudança (para a melhor) pode advir dos elementos que aí estão.
Em mais um escândalo bem semelhante ao do Mensalão e que prova, de uma vez por todas, que o PT vem agindo sistematicamente no país inteiro da mesma forma; o candidato a Prefeitura Municipal de São Caetano (SP) – Edgar Nóbrega – renunciou a sua candidatura ao ter um vídeo divulgado onde fazia uma proposta a um ex-Secretário de Governo do PTB. A proposta era bem simples e, nas próprias palavras de Edgar Nóbrega, consistia da seguinte pergunta: “Quanto custa para ter o PT?”
A pergunta (e a proposta) se referiam a um esquema de pagamentos mensais (ou por proposta a ser votada), realizado pela prefeitura de São Caetano para vereadores petistas como forma de garantir apoio político ou uma oposição “mais construtiva” ao governo de José Aurichio Júnior (PTB). Ao mesmo tempo, o petista pede que viagens ao exterior e outras bondades, destinadas a sua filha e a sua família, sejam pagas pelos cofres da prefeitura como forma demostrar “boa vontade”.
(Veja o vídeo no Último Segundo)
Se mesmo diante dos holofotes e de toda a cobertura da imprensa, dispensada ao caso do Mensalão, a sanha dessa corja não foi detida; como imaginar que simples alterações nas leis (ainda mais propostas e implementadas por eles) poderão ter algum valor?
Mesmo aqui no Rio de Janeiro há inúmeros candidatos e políticos ligados diretamente ao crime organizado e as milícias. Sem condenação legal, as ligações dessas pessoas com o crime são conhecidas do público e das autoridades locais e apregoadas livremente em suas bases eleitorais ou pela imprensa. Portanto, é lícito perguntar como partidos políticos podem ceder sua legenda para que criminosos conhecidos se candidatem a cargos públicos que reforçarão o seu poder criminoso?
A resposta é muito simples: os partidos políticos brasileiros se converteram em verdadeiras organizações criminosas capazes de pensar apenas em si próprios.
Preocupam-se apenas em assegurar sua cota do Fundo Partidário, eleger candidatos de forma aleatória e sem qualquer controle ético, moral e criminal entregam suas legendas para qualquer crápula disposto a usufruir dela.
Preocupados apenas em garantir a permanência no poder ou garantir que isso seja convertido em arrecadação de fortunas, visando assegurar benefícios futuros aos seus dirigentes.
Uma verdadeira reforma política só poderia ser chamada assim se levasse em consideração a responsabilidade do partido na escolha daqueles para quem cede sua legenda.
Eliminando os partidos de aluguel; garantindo que o partido seja corresponsável pelos crimes cometidos por seus integrantes e assegurando que, em caso de improbidade administrativa ou qualquer uso lesivo do dinheiro público, o partido seja igualmente responsável em indenizar o erário e o povo brasileiro.
Mas, quem terá coragem de propor algo assim?
10 de setembro de 2012
Arthurius Maximus