"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 25 de abril de 2013

ELES DIVERGEM NO CABELO, MAS AMBOS ODEIAM A DEMOCRACIA

Vejam este homem.

 
 
É o deputado Nazareno Fonteles, do PT do Piauí. Ele tem esse ar sério, os cabelos já embranquecidos pela experiência. Mas não gosta de democracia, não! O negócio dele é um regime bolivariano, em que a Justiça se verga às vontades de um partido.
Ele é autor de uma PEC inédita tanto em democracias como em ditaduras: submeter as decisões da corte suprema ao Congresso ou a plebiscito.
Agora vejam este outro.
 
 
É Décio Lima, do PT de Santa Catarina. Seus cabelos não são brancos porque têm aquele acaju escuro quase universal dos políticos de Brasília. O perfil esticado pelo botox sugere uma juventude que não tem. Tudo bem quanto a isso, claro! O que quero dizer é que também não lhe falta experiência para saber o nome das coisas. Lima é presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, aquela que admitiu a PEC 33, de autoria de Fonteles.
 
Despropósito

Muito bem! O presidente da CCJ decidiu emitir uma nota sobre o episódio. O texto nos força a concluir que ou é idiota ou acredita que os outros sejam. Petistas podem ser detestáveis — e muitos são mesmo —, mas os idiotas nasceram mortos. Logo, o valente aposta na estupidez alheia. Leiam a sua nota (em vermelho) absurda, que comento em seguida. Os grifos são meus.
 
NOTA DE ESCLARECIMENTO PEC 33/2011

 Nota da Presidência da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania sobre a votação da admissibilidade da PEC 33/2011

 A polêmica que se estabeleceu depois da aprovação da admissibilidade da PEC 33/2011, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), da Câmara, não passa de tempestade em um copo d’agua. O debate entre os três poderes é normal. Nenhum assunto é proibido de se discutir na democracia e o Legislativo é o poder da República legitimamente constituído para o debate e a formulação da legislação brasileira.

 Admissibilidade não é concordância com o mérito, é preciso que fique claro. Essa incompreensão tornou-se o busílis da polêmica e orienta o debate pelo lado que interessa mais à política.

 Recentemente foi aprovada na CCJC a admissibilidade da PEC 565/2006, que trata do Orçamento impositivo, matéria que desagradou o governo, por retirar do Poder Executivo parte da autonomia sobre o orçamento. No entanto, não houve polêmica no nível que está havendo com a admissibilidade da PEC 33/2011.

 Do ponto de vista político, houve um equilíbrio, uma vez que o autor da proposição é o deputado Nazareno Fonteles, do PT/PI, e o relator, o deputado João Campos, do PSDB/GO, da oposição.

 O projeto foi incluído na pauta da CCJC no dia 12 de dezembro de 2012. A discussão, iniciada em 14 de abril de 2013. Antes, porém, os deputados Alessandro Molon, PT/RJ; Arthur Oliveira Maia, PMDB/BA; Marcelo Almeida, PMDB/PR; Paes Landim, PTB/PI; Ricardo Berzoini, PT/SP; e Vieira da Cunha, PDT/RS, em 27 de março de 2013 pediram vista conjunta para apresentação de voto em separado, mas apenas os deputados Vieira da Cunha e Paes Landim apresentaram voto em separado. No dia 10 de abril de 2013, o deputado Efraim Filho, DEM/PB, solicitou a retirada de pauta tendo em vista a ausência do relator.
 
No dia 24 de abril de 2013 foi discutida a matéria. Na pauta, era o 49º item. O autor, deputado Nazareno Fonteles, pediu inversão de pauta, prevista no Regimento Interno, e o item passou a ser o 4º. Como os relatores dos três primeiros projetos não estavam presentes, passou a ser o primeiro item da pauta, a PEC 33/2011.

 A tramitação e votação da admissibilidade da PEC transcorreu sob rigorosa observação das normas regimentais. Não houve absolutamente nenhum erro no que tange às prerrogativas da zelosa Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Não há, portanto, nenhuma possibilidade de se ter arranhado sequer uma vírgula da nossa Carta Magna.
 
O entendimento da Comissão foi de que a matéria não feriu as cláusulas pétreas da Constituição, sobretudo aquelas que formularam os poderes da República brasileira.

 Brasília-DF, 25 de abril de 2013
Deputado Décio Lima
Presidente
 
Voltei

É um espetáculo de cinismo. Começo pelo menos grave. O presidente da CCJ tenta emprestar um tom meramente burocrático ao texto. Não custa lembrar que o mesmo Nazareno Fonteles já havia apresentado a PEC nº 3 que dá ao Congresso poder para sustar atos normativos do Supremo. Ele é um verdadeiro militante da causa.
De resto, ninguém acusou qualquer erro formal na condução da votação. Lima responde ao que ninguém afirmou para ignorar as questões relevantes.
 
Como? “Nenhum assunto é proibido de se discutir na democracia”? Opa! É mesmo? Então a democracia pode, por exemplo, discutir o fim da democracia, deputado? Ou a volta da escravidão? Ou a instituição da monarquia absolutista no país?
Ou o sacrifício de virgens aos deus Sol? Fiquei interessado no seu pensamento, nobre parlamentar. Diga-me cá: na sua opinião, a democracia se caracteriza por ser um regime sem limites ou por ser um regime cujo limite é uma Constituição elaborada com a anuência do povo?
 
Afirma ainda o presidente da CCJ: “Admissibilidade não é concordância com o mérito, é preciso que fique claro.” Claro que não! Só que a admissibilidade, numa Comissão de Constituição e Justiça, quer dizer que se considerou a proposta CONSTITUCIONAL E JUSTA (isto é, subordinada à ordem legal).
Na hipótese de que a tinta no cabelo e o botox não afetaram o cérebro de Lima (não consta que afetem…), gostaria que ele me respondesse: quem tem a guarda da Constituição, segundo a própria… Constituição? É o Congresso? É a voz das ruas transformada em turba? Se o Parlamento e, no limite, o plebiscito definirão a constitucionalidade ou não de uma emenda ou lei, então Supremo Tribunal Federal para quê?
Organizemo-nos em milícias, e quem pode mais chora menos. Voltemos, pois, ao estado da natureza, a uma sociedade comandada por senhores da guerra.
 
De fato, admissibilidade não é juízo de mérito. Desde que o que se admita seja constitucional.
O exemplo do orçamento impositivo é pura vigarice política. Eu, por exemplo, sou contra essa tolice demagógica.
Em todas as democracias do mundo, governos fazem previsão de gastos e provisão para arcar com eles, mas são obrigados a rever estratégias. Estúpido seria impedir um governo de governar.
O Brasil não precisa de orçamento impositivo; tem é de diminuir drasticamente a roubalheira. Ou por outra: eu sou contra essa besteira de orçamento impositivo, mas, evidentemente, reconheço que a proposta não é inconstitucional.
 
Se a CCJ pode admitir qualquer debate, já que admissibilidade não é juízo de mérito, deve-se admitir, por exemplo, uma proposta que proíba os parlamentares de tingir o cabelo?
Ou de exagerar na toxina butolímica, que deixa algumas pessoas com cara de cera — em alguns casos, com cara de pau mesmo? Segundo Lima, isso poderia ser debatido normalmente na CCJ e eventualmente, suponho, admitido. Eu acho que o debate já seria indecoroso e uma agressão à democracia.
 
Se eu achasse que Lima realmente acredita no que diz, eu lhe recomendaria que se instruísse. Mas insisto que ele não é idiota. Ele aposta que os idiotas somos nós, a exemplo da maioria dos petistas.
 
25 de abril de 2013
Por Reinaldo Azevedo

HOMOSSEXUALISMO ESTÁ DANDO PRESTÍGIO E GRANA. VAI NESSA?


São Paulo terá um conselho estadual dos direitos da população LGBT. Os dez integrantes do órgão serão eleitos em votação direta, em junho, em oito cidades.
Eles devem ter mais de 18 anos e se declararem lésbica, gay, bissexual, travesti ou transexual. As inscrições podem ser feitas na Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual, na Secretaria da Justiça.
 
Já Daniela Mercury, saindo do ostracismo, vai captar R$ 1,5 milhão do Ministério da Cultura para turnê com versão acústica de suas músicas.
Dez cidades devem ser visitadas em SP, Rio, Minas, Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, DF, Paraná e Santa Catarina.
 
25 de abril de 2013

PETRALHA AUTOR DA PEC GOLPISTA QUE SUBMETE DECISÕES DO STF AO CONGRESSO É UM PERFEITO IDIOTA


Deu no Globo:

Autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que submete decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) ao Congresso Nacional, o petista Nazareno Fonteles, do Piauí, é inimigo declarado do presidente da Corte, Joaquim Barbosa. No plenário da Câmara, Nazareno já chamou Barbosa de “justiceiro”, qualificou o seu comportamento como “bélico”, e insinuou que ele espancava a sua ex-mulher. Nazareno considera o julgamento do mensalão uma conspiração, mais precisamente um coluio da imprensa com o Judiciário.
 
“Um magistrado que se submete à mídia não pode ser um juiz para fazer Justiça, que é o que o povo quer. Nós, que nos submetemos ao crivo popular periodicamente, até admitimos a influência da mídia em casa política, mas, no Judiciário, jamais! Isso depõe contra a dignidade do magistrado, isso depõe contra o povo e contra a Constituição do País” disse ele no dia 22 de novembro do ano passado.
 
Neste mesmo discurso, o petista diz ser uma afronta ao Congresso a decisão do Supremo de cassar os mandatos de parlamentares depois de condenados. Nazareno também parte para o ataque pessoal, atribuindo suas acusações a terceiros. “A então Ministra Ellen Gracie questionou, inclusive, se ele (Joaquim Barbosa) poderia assumir o mandato no Supremo, porque vivia batendo na mulher, havia esse fato ocorrido. A história com que finaliza a matéria é a de que ele fez um acordo com a ex-esposa, e ela mandou uma carta dizendo que ambos se bateram, para diminuir o caso, e ele poder assumir.”
 
Além de colocar em questão a conduta pessoal de Barbosa, Nazareno pede a cabeça dos ministros do STF ao Senado. Ele apoiou a instauração do processo de impeachment dos magistrados após o anúncio das condenações no julgamento do mensalão, no ano passado. “O Senado não tem a coragem de fazer o impeachment de vários ministros que estão lá, o que já foi pedido não aqui, mas naquela Casa irmã, que se acovarda, baixa a crista, não cumpre o dever constitucional de cassar Ministro que não cumpre a Lei da Magistratura”.
 
Companheiro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos mensaleiros João Paulo Cunha e José Genoino, Nazareno finaliza o discurso do dia 22 de novembro chamando os ministros do STF de “sujos”.“Cristo não aceitou que juízes apedrejassem a pecadora que havia cometido adultério - essa era a lei da época -, e sabem por quê? Porque eles estavam mais sujos do que ela. É o que ocorre hoje: estão mais sujos esses do que aqueles que estão sendo julgados culpados.”
 
Em fevereiro deste ano, na ocasião em que a blogueira Yoani Sánchez esteve no país, Nazareno citou, em um mesmo discurso, o seu apoio ao regime cubano, a necessidade de combater os Estados Unidos, voltou ao exemplo de Cristo - que “enfrentou o Império Romano” - e a submissão do Congresso ao Poder Judiciário. “Para ser democrata de verdade, para acreditar em liberdades, é preciso enfrentar os imperadores. Foi assim que Cristo fez, dando seu exemplo ao enfrentar o Império Romano. Não se dobrou a nenhuma autoridade. Nós, políticos, representantes do povo, não podemos baixar a cabeça. Esta Casa vive baixando a cabeça para um poder nomeado como é o Supremo, vive recorrendo porque não aceita a política, não aceita o voto, não aceita a maioria: desrespeita e rasga a democracia.”
 
Após reclamar do “bloqueio à votação do Orçamento” - quando o STF se pronunciou sobre a tramitação e votação dos vetos presidenciais em ordem cronológica - , Nazareno protestou com indignação: “Isso é violação de direitos, e ninguém protesta. Agora, bajular uma blogueira que não tem biografia nenhuma para estar sendo bajulada aqui, minha gente, isso é que é defesa da democracia? Nós temos é que combater os Estados Unidos, para acabar com o bloqueio.”
 
25 de abril de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE





25 de abril de 2013

QUE ABSURDO! A CÂMARA APROVOU HOJE UM GOLPE DE ESTADO! NADA MENOS DO QUE ISSO!

 

O plenário do Congresso Nacional: os parlamentares decentes dos diferentes partidos precisam barrar a aberração imoral que se quer aprovar contra os direitos dos cidadãos (Foto: Agência Câmara)

É uma barbaridade!

A Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados — justamente a comissão de JUSTIÇA — aprovou hoje um projeto de emenda à Constituição que, se levado adiante, representará nada menos do que um golpe de Estado.

Contrariando uma multissecular tradição profundamente enraizada no Ocidente, contrariando o espírito da Constituição, contrariando o bom senso e as regras elementares da democracia, a emenda à Constituição pretende submeter ao Congresso decisões da Justiça que declare leis como inconstitucionais.

Isso ocorrerá – se essa loucura prosperar – sempre que o Supremo Tribunal Federal julgar procedentes as chamadas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adin) propostas por vários órgãos legalmente autorizados a isso (veja quais na lei que regula as Adins, parágrafo 2º).

Ou seja, deputados e senadores serão quem decidirão, em última instância, se vale ou não vale o que eles próprios aprovaram. Nesses casos, serão os juízes de si mesmos — em detrimento dos direitos e garantias individuais dos cidadãos, cuja garantia é a Justiça.

O Legislativo, sempre controlado, como os demais Poderes, pelo Judiciário nas nações civilizadas e decentes, será seu próprio controlador em determinados casos — e se colocará acima do Poder Judiciário.

É um escândalo, é uma imoralidade.

Se aprovada a emenda, haverá exceções, e exceções gravíssimas, ao princípio constitucional de que todo ato praticado por agente público — e não apenas esses, mas todo ato que gere consequências jurídicas — tem a GARANTIA de ser ou não, em última análise, referendado pelo Judiciário.

É o Judiciário, nos países civilizados, o supremo guardião das garantias constitucionais, que compreendem todos os direitos e garantias individuais — o direito de ir e vir, o direito à livre manifestação, o direito à livre expressão do pensamento, o direito de associação… Todos os fundamentos de uma sociedade livre e civilizada.

É o Judiciário, nos países civilizados, pelo menos desde os primórdios da República fundada nos Estados Unidos no século XVII, quem exerce o controle da constitucionalidade das leis.

Em certos países, como os próprios Estados Unidos, o papel cabe à Suprema Corte. Outras nações democráticas e civilizadas, como a Alemanha ou a Espanha, mantêm um Tribunal Constitucional específico, ao lado de uma Corte Suprema, que determina se leis aprovadas pelo Legislativo estão ou não de acordo com a Carta de Garantias, a Constituição.

O autor da emenda autoritária e imoral é o desconhecido deputado Nazareno Fontenele (PT-PI) (Foto: Beto Oliveira / Agência Câmara)
 
De todo modo, esse papel nobre cabe sempre ao Judiciário, um dos Poderes independentes do Estado.

A emenda propõe mais barbaridades, entre as quais:

* Sobe para quatro quintos o quórum para o Supremo declarar uma lei inconstitucional.
* Proíbe que ministros do Supremo concedam liminares em mandado de segurança para suspender — até o julgamento final pela Corte — a eficácia de emendas constitucionais.

* Determina que as súmulas de jurisprudência vinculantes (mecanismo editado pelo STF que deve ser seguido por todas as instâncias do Judiciário, com base em decisões repetidamente adotadas pela corte — mecanismo destinado a agilizar a Justiça)) também serão submetidas ao crivo do Congresso antes de entrar em vigor.

Como ocorre com muitos dos trabalhos “sujos” no Congresso, a emenda foi originalmente apresentada por um deputado medíocre, obscuro, de quem ninguém nunca ouviu falar — um certo Nazareno Fonteles, do Piauí (e do PT, é claro!). Ele alcançará, agora, seus 15 minutos de fama, exercendo esse triste papel.

Como a base parlamentar aliada ao governo Dilma está apoiando essa monstruosidade, parece, mesmo, ser a retaliação contra o Supremo prometida pelo ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS).

Querem castrar o Supremo!
Querem amordaçar a Justiça!

Querem se vingar pelo fato de a corte ter cumprido a Constituição e as leis e enviado os mensaleiros para a cadeia.

Já dominam o Legislativo com os métodos que todos conhecemos. Agora, querem que esse Legislativo, que controlem, dominem também o Judiciário.

A democracia estará ameaçada com esse golpe de Estado branco se ele seguir adiante no Congresso.

Os homens de bem da Câmara e do Senado, de todos os partidos — e, não tenham dúvida, eles existem — estão com a obrigação cívica de se oporem a esse ato ditatorial.

(LEIA COBERTURA COMPLETA A RESPEITO NO SITE DE VEJA)

25 de abril de 2013
 

ADVERSÁRIOS DE DILMA PREPARAM DISCURSO

O governador Eduardo Campos (PSB-PE) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), os dois principais adversários da presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa eleitoral à Presidência da República no próximo ano, ensaiam em suas movimentações políticas os discursos que poderão ser utilizados no embate de 2014.


O foco do discurso de Eduardo Campos são as questões econômicas. Na avaliação do governador pernambucano, as medidas tomadas pelo atual governo para a retomada do crescimento deram resultados pífios.

“Nós temos visto desde 2008 uma série de medidas por parte do governo federal para garantir a retomada do crescimento. Em 2009 foi baixíssimo. Animamos em 2010, baixou o ritmo em 2011 e mais ainda em 2012. É fundamental nesse instante conter a inflação, é um desafio para manter o consumo e o poder de compra das famílias”, afirmou.

A forma como Dilma governa também foi criticada por Campos. Ele disse na semana passada que a gestão centralizadora da presidente está emperrando o país. E que é uma questão de tempo o estouro de uma crise diante de um cenário internacional em que os investimentos estão voltando para os EUA.

O possível candidato do PSB defendeu que o aumento dos investimentos públicos, a regulamentação de setores estratégicos e o controle inflacionário devem ser prioridades. Em relação ao aumento da taxa de juros, afirmou que “não pode ser visto como um desastre”.


Aécio Neves, por sua vez, além de defender o legado do governo FHC, tem criticado a estratégia do governo Dilma de combate à inflação. No seu entendimento, o governo não tem utilizado todos os instrumentos disponíveis para controlá-la. Conforme podemos ver, Aécio também tem optado pelos temas econômicos em seu discurso.

Recentemente, criticou o baixo crescimento do PIB brasileiro dos últimos dois anos. Criticou ainda o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que, a seu ver, funciona mais como “propaganda de marketing”.

Outro alvo de Aécio Neves foi o que classificou de “a derrocada da Petrobras” e “o mito da autossuficiência em petróleo e a implosão do etanol”, além do suposto risco de racionamento energético, que, segundo o governo, não existe. O senador também tem feito críticas à redução dos investimentos públicos em segurança pública e saúde. Temas como “o cerceamento da liberdade de imprensa” e os “desvios éticos” são igualmente utilizados em algumas falas do tucano.

Ao que tudo indica, temas econômicos como o crescimento do PIB abaixo do esperado pelo governo e a inflação, assim como os questionamentos à capacidade gerencial da presidente Dilma Rousseff, devem ser utilizados com frequência por Eduardo Campos e Aécio Neves.

25 de abril de 2013
Murillo de Aragão é cientista político.

O VERNIZ

A dúvida sobre tratar o acusado pelas bombas em Boston como cidadão americano, com todos os seus direitos respeitados, ou como “combatente inimigo” julgado por um tribunal militar, com direitos restritos e, se condenado, execução garantida, e a proposta de se baixar a idade para a responsabilização penal no Brasil são questões parecidas.


Nos dois casos o que se propõe é um retrocesso, a suspensão de conquistas da civilização para enfrentar exigências extremas: no caso americano o combate exemplar ao terrorismo, que não comportaria filigranas jurídicas, no nosso caso a evidência de que cada vez mais crimes são cometidos por menores, inimputáveis segundo a legislação.

A conclusão nos dois casos é que o processo civilizatório que priorizou a proteção dos direitos de todos, inclusive de criminosos, foi uma conquista da retórica dos bons sentimentos, impraticável diante da crua realidade.

Os casos extremos testam a possibilidade de a razão e a ponderação conviverem com o embrutecimento geral da espécie, e para enfrentá-los retrocedemos ao tempo em que não havia proteção alguma contra a prepotência do Estado ou o erro da Justiça. Quando não retrocedemos ao tempo da reciprocidade bíblica, do olho por olho, de uma atrocidade vingando outra. E o verniz da civilização se espedaça.


Nos Estados Unidos, pelo menos em teoria (ou no cinema) todo preso tem direito de saber seus direitos na hora da prisão: de manter-se em silêncio, de não se incriminar e de ter um advogado. Principalmente depois dos atentados de 11/9, quando o Bush declarou guerra ao terrorismo mundial, os Estados Unidos têm enfrentado o dilema de serem — na sua própria avaliação — a única nação moral do mundo, obrigada a recorrer a todos os meios para se defender do terror, inclusive a oficialização mal disfarçada da tortura.

Os presos sem direitos em Guantánamo são um embaraço permanente para os americanos e tornam hipócrita a condenação dos presos políticos em Cuba. O que fazer para satisfazer a revolta nacional com o ataque covarde em Boston é outro desafio moral para a Justiça americana. Parece que escolheram processar o prisioneiro como cidadão do país. Ponto para a civilização, ou o que resta dela.

No Brasil a questão da maioridade penal ainda está para ser decidida. Talvez o verniz ainda resista mais um pouco.

25 de abril de 2013
Luis Fernando Verissimo

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Leia o post do Rodrigo Constantino, postado nesta data VERÍSSIMO STRIKES AGAIN

FRASE DO DIA

"Essa senhora, a Dilma Rousseff, tem a formação pior que de muitos generais da ditadura. É intolerante, tem formação autoritária."

Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), ao criticar o apoio do governo a projeto que dificulta a criação de novos partidos

25 de abril de 2013

MATA MOSQUITO

 

Se o governo é tão popular, tão forte política e eleitoralmente falando, tão bom, eficiente e detentor do monopólio da justiça social; se a presidente Dilma Rousseff está com a reeleição garantida, se os pretendentes à Presidência estão, em verdade, jogando para 2018 como se diz por aí, por que cargas d'água emprega toda sua energia, canaliza todos os seus esforços, ocupa todo o seu tempo com artimanhas eleitorais?

O governo não precisaria cometer a irresponsabilidade de abusar de suas prerrogativas para ficar em campanha diuturnamente, muito menos teria para isso necessidade de flertar com o crime de responsabilidade ao apropriar-se indevidamente da máquina pertencente ao público.

A rigor, não teria razão alguma para a presidente da República se expor ao desmentido dos fatos dizendo que não está em campanha porque a governança lhe ocupa todas as horas do dia, todas as semanas do mês, todos os meses do ano.

Tampouco haveria motivo para o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, lançar mão de cinismo em estado sólido dizendo não enxergar oportunismo no projeto que nega a novos partidos as benesses concedidas pela Justiça ao PSD, depois entronizado no altar do governismo.

Segundo Carvalho, trata-se da mais pura defesa da fidelidade partidária e da moralização do sistema de locação de legendas.
Disse também que o Planalto não se envolveu na tramitação do projeto na Câmara.

Isso a despeito das digitais e do registro da voz da ministra da Articulação Política, Ideli Salvatti, ao telefone orientando as bancadas para a votação.
Mas, se havia alguma dúvida, o fechamento de questão do PT em torno do tema a ser agora examinado pelo Senado cuidou de dissipá-la.

A ordem obviamente veio de cima e com requintes de humilhação para os senadores petistas Jorge Viana, Wellington Dias e Paulo Paim, que na véspera haviam denunciado a manobra como casuística e anunciado a disposição de votar a favor da entrada em vigor da regra só depois da eleição de 2014.

O PT está obrigado a votar em bloco. O "enquadramento" escancara a presença da mão de ferro do governo.

Tudo isso para criar obstáculos a possíveis oponentes oficialmente tratados com menosprezo. Por essa visão, Marina Silva é frágil, Eduardo Campos não vai adiante com seus planos e Aécio Neves padecerá dos males da divisão do PSDB.

O que leva tão poderosos chefões a usar tiros de canhão para matar mosquitos? Difícil saber, mas vai ver não os consideram tão inofensivos assim, ou talvez seja um caso de ambição desmedida pelo poder eterno.

25 de abril de 2013
Dora Kramer, O Estado de S.Paulo

EDUARDO CAMPOS: DILMA GOVERNA MAL!

A ditadura instalada no Brasil em 31 de março de 1964 dava sinais de esgotamento 19 anos depois quando o então senador alagoano Teotônio Vilela aproveitou uma entrevista que concedia ao programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes de Televisão, para lançar a ideia de uma campanha a favor do restabelecimento das eleições diretas para presidente da República.
Organizada por membros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), foi no município pernambucano de Abreu e Lima, no dia 31 de março de 1983, que ocorreu a primeira manifestação pública a favor das "Diretas, Já". Reuniu pouca gente. A segunda manifestação atraiu uma pequena multidão ao centro de Goiânia, capital de Goiás, Estado governado pelo PMDB.
O movimento só fez crescer desde então até culminar no dia 10 de abril do ano seguinte com o comício da Candelária, no Rio. Ali esteve cerca de 1 milhão de pessoas para ouvir os nomes de maior peso da oposição. No dia 25 daquele mesmo mês, a emenda à Constituição que restabelecia a eleição direta não alcançou no Congresso o número mínimo de votos para ser aprovada.
Hoje, a partir das 20h30, irá ao ar em cadeia nacional de televisão o programa de 10 minutos de propaganda do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Parte do programa lembrará a passagem dos 30 anos do início da campanha pelas "Diretas, Já". E exaltará os que mais batalharam por elas - Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Miguel Arraes, Brizola, Fernando Henrique e Lula, entre outros.
"O programa servirá para que o PSB renove seu compromisso com a democracia", justifica Eduardo Campos, presidente do partido, governador de Pernambuco, neto de Arraes e aspirante à vaga de Dilma Rousseff na eleição do próximo ano. O que Eduardo não diz: haverá uma parte do programa dedicada a tecer duras críticas ao governo Dilma.
Salvo se o acaso aprontar alguma surpresa, Eduardo já foi longe demais para desistir de concorrer à sucessão de Dilma. A um amigo, outro dia, confidenciou sem pedir segredo: "Vou disputar para vencer - e não para marcar posição ou me tornar conhecido apenas. Posso até não vencer, mas anote e me cobre depois: Dilma não se reelegerá. Não se reelegerá mesmo."
E por que não? Eduardo economiza na resposta, mas é contundente: "Ela governa mal. E está levando o país para o buraco".
Por ora é só.
25 de abril de 2013
 Ricardo Noblat, O Globo

O PACOTE DE MALDADES NA COMUNICAÇÃO DO GOVERNO DILMA

 

Nem o lendário Dr. Jekyll imaginaria um cenário destes para a comunicação no Brasil
Nem o lendário Dr. Jekyll imaginaria um cenário destes para a comunicação no Brasil
Quando o tema é comunicação, o governo Dilma, tão progressista em algumas áreas, converte-se no Dr. Jekyll de si mesmo. Se a metáfora de O Médico e o Monstro pode ser aplicada a qualquer indivíduo ou instituição, em virtude da inevitável dialética do ser, o problema das políticas públicas de comunicação social é que elas agem sobre o que há de mais nobre e mais duradouro numa sociedade: o espírito, a cultura, os valores, a moral.
A noção de que o Estado não deve participar do complexo processo político da comunicação embute a grande farsa liberal do Ocidente, que protege (hoje, nem tanto) as liberdades domésticas mas patrocina guerras e golpes em outros países para impor sua própria agenda de comunicação.
É o caso do Brasil.
O golpe de Estado de 1964 foi preparado com recursos financeiros, apoio logístico, suporte político e diplomático, do governo americano. Os estudos sobre seus preparativos junto à opinião pública, como o que fez René Armand Dreifuss (em “1964, A Conquista do Estado”), incluem sempre, além disso, as agências de publicidade norte-americanas.
Terminado o golpe, as empresas de mídia, pequenas, médias e sobretudo, as grandes, que o apoiaram, estavam mais fortes, mais ricas, mais influentes, e com grande público. As que se insurgiram contra a ditadura, destruídas. A mesma coisa vale para o concentrado setor de publicidade. As agências que protegiam os interesses norte-americanos expandiram-se durante a ditadura. As que não o defenderam, deixaram de existir.
Daí vem a democracia, trazendo com ela uma profunda crise econômica. Os anos 80 foram chamados, no Brasil, de década perdida. Os anos 90, por sua vez, começam num pesadelo e terminam com uma ilusão. A “estabilidade” do Plano Real vem junto com explosão dos juros, da dívida pública, da carga tributária, do desemprego; redução brutal das exportações; e desmantelamento da indústria. Um ambiente não muito propício, como se vê, para o florescimento de novos empreendimentos de mídia.
Em virtude desse histórico, é uma afronta ao bom senso que a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) pretenda instaurar critérios puramente “técnicos” na distribuição dos recursos federais. Ou seja, todos aqueles gigantes que se deram bem na ditadura, silenciaram sobre a tortura e sambaram sobre o cadáver da nossa democracia, ganham um troféu do governo.
É como se, terminada a II Guerra, o governo alemão resolvesse distribuir suas verbas publicitárias para o canal com maior público, ou seja, independente se fosse nazista ou não.
Não quero rechaçar os critérios técnicos. Entendo perfeitamente que a Secom precise deles. Mas eles precisam ser equilibrados pelo bom senso, pela compreensão das circunstâncias históricas, e pelo princípio do pluralismo. É preciso entender qualquer órgão de mídia como um agente político. O mito da imparcialidade deve ser enterrado bem fundo, porque é a maior mentira do pós-modernismo brasileiro.
Não é justo que o governo direcione mais da metade dos recursos publicitários para asOrganizações Globo. E não só isso. É uma questão de acúmulo. Se uma empresa recebe R$ 500 milhões num ano, isso a ajuda a se fortalecer e se posicionar no mercado, facilitando a captação de anúncios privados. Se a mesma empresa recebe R$ 500 milhões durante um longo período de tempo, ela se torna uma potência, com poder de engolir seus concorrentes menores. A própria Secom informa que a Globo recebeu mais de R$ 6 bilhões em publicidade federal apenas nos últimos 10 anos.
Eu moro no Rio de Janeiro, onde o Globo, além de quebrar seus concorrentes locais, também engoliu todos os jornais de bairro. Ou seja, a segunda maior cidade do país vive o mais absoluto monopólio midiático no segmento de jornalismo de opinião, o que evidentemente nos causa um enorme dano cultural. Mesmo São Paulo vive uma situação melhor, porque tem dois jornais. Os dois são conservadores, mas são dois, concorrentes entre si, e um sempre pode divulgar uma atividade cultural com receio de que o outro o faça antes. Aqui no Rio, nem isso.
As maldades na área de comunicação, porém, vão além do cínico tecnicismo da Secom. Um amigo que trabalha no Senado me liga para pedir auxílio numa quixotesca luta para salvar a Voz do Brasil, o programa radiofônico público mais antigo do país. Senado e Câmara aprovaram a flexibilização do seu horário, o que, na prática, o jogará para as horas mais vazias da noite, esvaziando-o completamente. Mais uma vez, o lobby dos grandes grupos de mídia venceu. O meu amigo informa, contudo, que há uma chance: a equipe do senador Roberto Requião (sempre ele) escreveu um Projeto de Lei “tombando” a Voz do Brasil, incluindo aí o seu horário. Essa lei anularia a outra.
O projeto foi parar nas mãos da senadora Ana Rita (PT-ES), mas esta foi orientada, segundo meu amigo, pelo Ministério das Comunicações, a bloquear o projeto como inconstitucional. A equipe do Requião insiste com ela de que o projeto é perfeitamente constitucional, e a situação agora está nesse impasse. Segundo minha fonte, a maioria dos deputados, sobretudo do baixo clero, é a favor da Voz do Brasil, porque é o único meio pelo qual podem expor seus projetos ao grande público nacional, mas têm medo de se manifestar em virtude do lobby dos grandes grupos. Mas se o projeto – de tombamento da Voz do Brasil – for a votação, ele tem chances de ser aprovado, e teremos salvo um bem público.
Por fim, há ainda uma outra “maldade” em curso: o Ministério das Comunicações tenta acabar com as rádios AM. Como todas as rádios serão digitalizadas, Paulo Bernardo defende a conversão de todas para FM, ao invés de criar também uma faixa digitalizada para AM, como existe em tantos lugares do mundo. A medida, porém, significaria o fim da maioria das pequenos rádios AM, em função da necessidade de equipamentos mais caros. Será mais um golpe contra a pluralidade informativa no país.
25 de abril de 2013
Miguel do Rosário é jornalista
Correio do Brasil

PROIBIR O MP DE INVESTIGAR "É UMA INSANIDADE", AFIRMA ROBERTO GURGEL

 
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta quarta-feira que será uma “insanidade” proibir integrantes do Ministério Público de participar de investigações criminais. “Num país em que a impunidade é imensa e a corrupção grassa por todos os lados, querer concentrar o poder investigatório numa instituição [polícia], não há outra palavra, é uma loucura, é uma insanidade”, disse.

Gurgel é contra a proposta de emenda constitucional em tramitação no Congresso Nacional, a chamada PEC 37, que concentra a atividade investigatória na Polícia Civil e Federal. Para Gurgel, o ideal é que o maior número possível de instituições do Estado possa investigar.

“É preciso que a polícia continue investigando, que o Ministério Público investigue, o Banco Central, a Receita Federal, a Previdência Social, a Controladoria-Geral da União. Enfim, que as instituições atuem em regime de cooperação, com o objetivo maior de minimizar esse mal terrível que é a corrupção e essa realidade, também terrível, que é a impunidade”, afirmou o procurador.

Gurgel fez comentários à proposta de emenda constitucional durante a sessão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Os integrantes do órgão observaram que ocorreram alguns abusos por parte da instituição. O procurador-geral contestou.

Leia também: Querem calar o Ministério Público

25 de abril de 2013
Veja
(Com Estadão Conteúdo)

"CAMPEÕES DE FAVOR"

BNDES faz bem em rever a política de selecionar grupos próximos do governo para competir no mercado global com recursos subsidiados
A recuperação do grupo X, do empresário Eike Batista, não deveria envolver dinheiro público novo, além dos auxílios obtidos do governo no passado. Seria o mais coerente, para alguém que já criticou os empresários brasileiros por falta de uma cultura de risco.

Se a Petrobras tomar parte num eventual socorro --o porto de Açu estaria em cogitação, investimento da estatal que suscita dúvidas--, o negócio precisará seguir critérios de mercado e transparência.

Afinal, estima-se que o volume de crédito público já carreado ao grupo X esteja perto de R$ 10 bilhões, principalmente do BNDES. Além de empréstimos, o banco tem participação acionária pequena numa empresa do grupo (MPX).

O caso X é mais um entre os muitos de empresas brasileiras apoiadas com dinheiro do contribuinte que têm resultados insatisfatórios na competição mundial.

A despeito do volume de crédito público, o grupo X não é tradicionalmente incluído entre os "campeões nacionais" eleitos pelo BNDES. Nos últimos anos, o banco foi o principal artífice dessa política, sob a premissa de que tais empresas teriam potencial para conquistar o mercado global. Daí todo o apoio à internacionalização dos grupos, que consumiu R$ 18 bilhões em seis anos, entre empréstimos e aportes de capital. Só no grupo JBS, a exposição do BNDES em ações ronda R$ 5,5 bilhões.

A prática agora será revista, segundo afirmou o presidente do banco, Luciano Coutinho, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo". Ela já estaria esgotada nos poucos setores em que Coutinho enxergava oportunidade (petroquímica, celulose, frigoríficos, siderurgia, cimento e suco de laranja).

Todos esses setores são de commodities ou assemelhados. Se o país já era competitivo nessas áreas, qual seria o ganho de verter bilhões subsidiados em frigoríficos, para citar apenas o mais controverso dos casos?

O foco do banco, agora, se volta para segmentos mais promissores para inovação tecnológica. Desde sempre deveria ter sido esse o objetivo. Para Coutinho, o complexo de saúde e a indústria farmacêutica estão entre os elegíveis.

Seria ótimo o Brasil deixar de ser apenas o fornecedor de processos e produtos consagrados, sempre a pagar por propriedade intelectual gerada fora do país. Para isso, no entanto, é preciso dar atenção também às empresas médias e pequenas e à sua interação com entidades de pesquisa de excelência.

As garantias exigidas para financiar empresas médias contrastam com a facilidade com que bilhões são concedidos ao grande capital amigo do governo de turno. Destinar recursos para criar institutos de tecnologia de classe mundial, por exemplo, traria ganhos perenes ao país e sairia mais barato que cevar pretensos campeões.

25 de abril de 2013
Editorial da Folha

"ROLO COMPRESSOR"

 
Olho vivo, porque estão votando restrições ao partido de Marina Silva e duas emendas constitucionais intrigantes. Uma retira o papel de investigação do Ministério Público e outra dá poderes ao Congresso para vetar algumas decisões do Supremo Tribunal Federal!

Quem são "eles", o sujeito oculto da frase --ou os sujeitos mesmo-- no parágrafo anterior? Deduza o que quiser. O fato é que o Congresso, onde o governo, o PT e o PMDB têm imensa maioria, dá corda a projetos que prejudicam adversários ou têm caráter óbvio de retaliação.

Procuradores reagem à mudança no Ministério Público e os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio reagiram duramente à proposta, aprovada na CCJ da Câmara, de submeter ao Legislativo as súmulas vinculantes e as ações de inconstitucionalidade da corte.

Marco Aurélio classificou de "retaliação" e não é exagero, depois do mensalão e da impressão digital do projeto: o autor é o deputado Nazareno Fontes, do PT do Piauí. Só não se sabe se é coisa da cabeça dele ou se ele só deu o nome a uma emenda feita pelo partido ou por partidários. De toda forma, é uma guerra inglória.

Sem oposição e alternância de poder, a democracia esmaece.

Sem a mídia, a sociedade brasileira não ficaria sabendo desde mensalão (revelado pela Folha) a salários de R$ 15 mil de garçons apadrinhados no Senado ("O Globo" de ontem).

Sem os procuradores, o senhor e a senhora não teriam ideia do que ocorre por aí, desde a denúncia do mensalão à mais alta corte até as contas atribuídas a Maluf em paraísos fiscais.

Sem o Supremo, não haveria a condenação de reluzentes mensaleiros do Executivo, do Legislativo e do setor privado, num enredo, aliás, que ainda não está concluído.

O ex-presidente Lula, a presidente Dilma, o PT, principalmente, e o PMDB, acessoriamente, devem ser mais cautelosos e evitar essa sofreguidão contra adversários e críticos. A ideia que fica é de desespero.

25 de abril de 2013
Eliane Cantanhêde, Folha de São Paulo

"VIÉS OPORTUNISTA NUM PROJETO DE LEI ELEITORAL"

 
Exercícios autoritários do governo parecem indicar que as avaliações para 2014 não são exatamente o que mostram os números atuais das pesquisas


A Câmara concluiu terça-feira a votação do projeto que restringe o acesso de novos partidos ao tempo de propaganda eleitoral na TV e aos recursos do Fundo Partidário. Foi rejeitada, por 158 votos a 74, a emenda do líder da Mobilização Democrática, Rubens Bueno (PR), que adiava para 2015 a entrada em vigor das novas normas. Tenta-se agora aprovação imediata no Senado.

A ex-senadora Marina Silva, que articula a criação de um novo partido, o Rede Sustentabilidade, uniu-se ao PSDB, PSB e MD visando a barrar, no Senado, o pedido de urgência na votação do projeto. Mas perdeu a corrida contra o tempo. Marina chamou a proposta de autoritária, e a comparou ao Pacote de Abril do regime militar. O que pode ser excessivo. Mas a pergunta é: por que tanta pressa na aprovação de um projeto que já interfere com as eleições de 2014?

A dúvida, no caso, chegou a instalar-se dentro do próprio PT. A votação final do projeto, na Câmara, ocorreu um dia depois de o senador Jorge Viana (PT-AC), com o apoio do líder do PT no Senado, Wellington Dias (PT-PI), ter afirmado que apoiaria a entrada em vigor das novas medidas somente em 2015.

“Temos que mudar a legislação eleitoral para todos, e não com o jogo andando, e para alguns”. No dia seguinte, a direção nacional do PT fechou questão a favor do projeto, e o senador Viana enquadrou-se. Mas não escapou do bombardeio da ala jacobina do PT, representada pelo vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), que defendeu a expulsão de Jorge Viana e a troca de liderança do partido no Senado.

O projeto, de autoria do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), impede a transferência do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão e dos recursos do Fundo Partidário relativos aos deputados que mudem de partido durante a mesma legislatura.

Conceda-se que a pulverização partidária é nociva, e precisa ser corrigida. Mas o traço de oportunismo no projeto de agora é indisfarçável, e despertou a ira do senador Aécio Neves (PSDB-MG). “Garantir que os mandatos pertençam aos partidos é saudável. O inaceitável é que, numa mesma legislatura, determinada regra só tenha validade quando funciona a favor do governo”.

(A lei atual facilitou a criação do PSD, em 2011, que, ao atrair filiados do PSDB e do DEM com mandato, e ao mostrar-se sensível à oferta de cargos em troca de apoio político, enfraqueceu a oposição).

Casuísmos e oportunismos fazem parte da política. O que é de estranhar, no caso, é a aflição que o governo parece exibir em relação a 2014 num momento em que a popularidade da presidente Dilma atinge níveis estratosféricos. De que avaliações disporá o governo para tentar matar pela base eventuais candidaturas de oposição?

25 de abril de 2013
Editorial de O Globo
 

BC PROJETA INFLAÇÃO DE DILMA AINDA MAIS DISTANTE DA META EM 2014

Ata da reunião em que Copom elevou taxa de juros fala sobre necessidade de políticas monetárias para neutralizar risco de alta dos preços no ano que vem
 

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central
Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, votou a favor da elevação dos juros (Ueslei Marcelino/Reuters)

Depois de ter perdido a chance de controlar a inflação em 2013, o Banco Central está alerta para o risco de alta dos preços no ano que vem. É o que indica a ata da reunião em que os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiram elevar a taxa básica de juros a 7,5% ao ano, na semana passada.

O documento, divulgado nesta quinta-feira, mostra que a decisão de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual tem como objetivo neutralizar os riscos de alta da inflação, principalmente em 2014. Segundo as projeções do Copom, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode se distanciar ainda mais da meta no ano que vem.

Mesmo considerando o cenário de referência, que leva em conta dólar a 2 reais e taxa Selic a 7,25% ao ano, o BC admite que, para 2014, “a projeção de inflação aumentou em relação ao valor considerado na reunião do Copom de março e se encontra acima do valor central da meta”.

A ata mostra que a mediana das projeções coletadas pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) no cenário de mercado passou de 5,50% para 5,70% em 2014, enquanto que, em 2013, desacelerou para 5,68% ante 5,7% em março.

O Copom também avalia que "o nível elevado da inflação e a dispersão de aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência e ensejam uma resposta da política monetária". Diante disso e da perpectiva de um cenário externo nebuloso, o BC ainda pondera que é necessário cautela.

"O Comitê pondera que incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela". Ainda assim, o Copom prevê uma melhora no crescimento econômico do país tanto em 2013 quanto em 2014.

O BC também admitiu que, a despeito do poder que têm as políticas macroeconômicas de mudar a trajetória dos preços, é a política monetária que deve ficar "vigilante" para "garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos".

A decisão de elevar em 0,25 ponto percentaul (p.p.) os juros básicos na semana passada controu com os votos de seis diretores, de acordo com a ata. A Selic, então, passou para 7,5%.

Dois membros do BC queriam a manutenção dos juros básicos. Votaram pela elevação da taxa Selic: Alexandre Antonio Tombini (presidente do BC e do Copom), Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 7,25% a.a.: Aldo Luiz Mendes e Luiz Awazu Pereira da Silva.

25 de abril de 2013
Veja

NA TV, EDUARDO CAMPOS CRITICA DILMA E DIZ QUE É HORA DE AVANÇAR

 
Governador de Pernambuco pretende ser candidato a presidente da República em 2014.

Na propaganda de seu partido, o PSB, ele diz que contraria os “interesses da velha política”.

O programa partidário do PSB neste semestre é a aposta mais alta do partido para fazer deslanchar a pré-candidatura a presidente do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Ele é a estrela principal da propaganda de 10 minutos de duração à qual o Blog teve acesso. O filme vai ao ar em rede nacional de TV a partir das 20h30 de hoje (25.abr.2013). O vídeo está publicado neste post.

O programa do PSB reforça o discurso de Eduardo Campos nos últimos meses. Há no filme várias críticas ao governo de Dilma Rousseff, mesmo sem citar o nome da petista.

Campos aparece sempre em supercloses –uma mensagem subliminar para enfatizar a juventude do político pernambucano, que tem hoje 47 anos. Em três trechos do filme, o foco fica apenas nos olhos claros do pré-candidato.

Eis uma das falas de Campos: “Avançamos [no Brasil], mas deixamos de fazer mudanças fundamentais. Temos um Estado antigo, quer seja na esfera municipal, estadual ou federal. Ainda traz as marcas do atraso e do elitismo (…) Ou avançamos agora, ou corremos o risco de regredir nas conquistas do nosso povo. Temos que ter a humildade de admitir e a coragem de enfrentar os problemas que estão aí, batendo à nossa porta. O Brasil precisa dar um passo adiante. E nós do PSB vamos dar esse passo junto com o Brasil.”


O governador é popular em seu Estado, Pernambuco, e entre os políticos de todos os partidos. Mas é ainda pouco conhecido do grande eleitorado do Sul e do Sudeste. Na última pesquisa Datafolha sobre a eleição presidencial, Eduardo Campos apareceu como preferido de 6% do eleitorado. Dilma teve 58%; Marina Silva, que tenta fundar um novo partido chamado “Rede”, ficou com 16%; Aécio Neves (PSDB), com 10%.

O filme do PSB faz uma opção pela politização do discurso. Começa com um texto e imagens em preto e branco falando da redemocratização. São citados políticos de todos os partidos.

Esse tipo de discurso é correto do ponto de vista histórico, pois dá crédito a todos que ajudaram a construir a atual democracia brasileira. Mas marqueteiros em geral fogem desse assunto como o diabo da cruz –sob o argumento de que a maioria do eleitorado rejeita esse tipo de abordagem.

Em certa medida, portanto, o filme do PSB para promover Eduardo Campos contém uma dose razoável de risco. Não há como saber como será a reação dos telespectadores-eleitores.

Em um dos trechos do programa, por exemplo, Eduardo Campos relata que é herdeiro da “esquerda democrática” de seu avô, Miguel Arraes, e que é fiel a seus aliados, mas que faz críticas quando necessário. A mensagem implícita: o PSB participa do governo do PT, mas quer mudanças.

“Somos um partido [o PSB] que defende as suas alianças, mas seremos sempre um aliado participante, propositivo, crítico quando a crítica é necessária. Mudanças fundamentais continuam sendo adiadas hoje como sempre foram no passado. A reforma fiscal, a revisão do pacto federativo, a reforma politica. Para avançar não temos outra escolha. É preciso contrariar os interesses da velha politica, que está instalada na maquina pública. Cargo público tem que ser ocupado por quem tem capacidade, mérito, sobretudo espirito de liderança. E não por um incompetente que é nomeado só porque tem um padrinho político forte.”

Também aparece no vídeo o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, do Rio Grande do Sul. Ele exalta feitos dos governos do PSB no Ceará, em Belo Horizonte e em Pernambuco.

A fala de Beto Albuquerque tem um endereço óbvio. Ao afagar a administração do PSB no Ceará sua intenção é agradar ao governador daquele Estado, Cid Gomes, que tem dado a entender que prefere apoiar a reeleição de Dilma Rousseff em 2014.

No caso do prefeito de BH, Márcio Lacerda, a tendência mais natural é que se desgarre do PSB e dê apoio ao tucano Aécio Neves na corrida pelo Planalto.

O líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg, que pretende disputar a eleição para governador do Distrito Federal, também aparece, mas por pouco tempo. Ele fala sobre o apoio que o PSB deu no Congresso à aprovação da PEC das Domésticas, que estendeu benefícios da CLT à categoria.

25 de abril de 2013
Rodrigues - UOL