"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 26 de julho de 2013

A CONTABILIDADE CRIATIVA E O DEVER DE O HOMEM PÚBLICO DEFENDER AS INSTITUIÇÕES


O jornal “O Globo” publicou, no 16 último, duas matérias, uma a título de editorial (“A destruição da credibilidade das contas públicas”), outra, um artigo (“Desacertos do BNDES”, do professor Rogério Furquim Werneck).

Ambas tratam da grave questão pertinente à “contabilidade criativa”, eufemismo sem criatividade para definir o descumprimento de critérios legais na execução da política fiscal, implantada, na maior parte, no governo FHC.
 
Foi um trabalho hercúleo que a nação tomou para si, depois de anos de esforços sempre frustrados.
O desequilíbrio fiscal-financeiro do setor público, incólume anos a fio, causou danos irreversíveis ao país, já que a sua devastadora sobrevivência sempre impediu a derrubada eficaz da inflação, contra a qual o povo afinal se levantou para dar efetivo combate, após gerações de brasileiros terem sofrido injustos sacrifícios e privações.
 
O ex-presidente Lula e seu primeiro ministro da Fazenda felizmente compreenderam que as conquistas e os benefícios trazidos pelo Plano Real, que não lhes mereceu o apoio, acabaram incorporados ao patrimônio nacional e não podiam mais ser subtraídos do povo, dos pobres e dos humildes, que estavam dispostos a defendê-los a qualquer preço.
Não havia, pois, alternativa, técnica ou populista, a não ser o suicídio político-eleitoral, senão prosseguir.
 
MATRIZ FRACASSADA
 
Exonerado o ministro Palocci, a embarcação parecia adernar. O substituto no comando de uma tripulação intelectualmente medíocre e ideologicamente engajada, desmoralizada pelos sucessivos insucessos a que foram submetidos os seus postulados, inclusive no Brasil, tem sido, ainda, o executor da “nova matriz de política econômica”, aliás também já fracassada.
 
Daí, veio o emblemático nexo financeiro direto entre o Tesouro e o BNDES, desconhecido do Orçamento federal, pelo qual se transferem recursos resultantes da emissão da dívida pública, sem contabilização no resultado primário e sem afetar a dívida líquida do setor.
 
Desde 2007, cerca de R$ 370 bilhões foram injetados pela secretaria do Tesouro na instituição. Dizem que esse gigantesco aporte de recursos, alimentado com endividamento público, tem estimulado, em clima de megalomania, a ideia insana dos “campeões nacionais” e o espantoso voluntarismo em torno do famoso trem-bala.
Conta-se que, após as manifestações populares de junho passado, uma luz de racionalidade passou a atuar sobre esses desvarios.
 
Entretanto, a volúpia dos investimentos subsidiados, repassados pelo BNDES, poderia sobrar também para melhorar as carências do saneamento básico, do transporte de massa, da saúde, da educação e da segurança. Mas aí será esperar demais de um governo desprovido de ideias e fecundo em instrumentos toscos e incapazes de enganar investidores.
Ao cabo, afundam a credibilidade do país, espantam poupanças e capitais para investimentos, e tudo acaba na conta inesgotável da Viúva, como sempre. E sem qualquer responsabilização dos autores.
 
(transcrito de O Tempo)

O HUMOR GENIAL DO DUKE


Charge O Tempo 25/07

O GRITO CALADO DOS QUE FORAM EXCLUÍDOS DOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL


O grito dos ausentes
 
Desconheço os critérios usados para definir o preço dos ingressos no Mineirão, mas sejam lá quais forem, a meu ver, são equivocados. Ingressos que vão de R$ 100 a R$ 600 e ainda camarotes chegando a R$ 2.000 por pessoa são demasiadamente salgados para o bolso do torcedor. Mas, como torcedores são movidos pela paixão e paixão não tem limite, para eles é preferível se comprometer com dívidas ou deixar de adquirir algum outro bem somente para ter suas entradas garantidas em uma final.

Pagamos por 90 minutos de pânico, descargas de adrenalina, coração acelerado e gritos sem censuras. Pagamos para sair vitoriosos, numa alegria contagiante, ou… na pior das hipóteses, para sair cabisbaixos, mudos, sem rumo e sem vontade de nada, afinal, o mundo acabara de cair!!!
Pois é, sou daquelas que pagam pra ver. Espero, sinceramente, sair enlouquecida, gritando a plenos pulmões o que há anos está sufocado dentro de nós, atleticanos: o grito de “campeão”.

Iniciei este texto falando dos preços dos ingressos porque acho uma crueldade negar à grande maioria de nossa torcida a possibilidade de estar no Mineirão. Falo do operário da obra, do zelador do prédio, do gari, da menina da locadora, do caixa do sacolão… Falo do torcedor mais humilde, assalariado, que, por mais que deseje, não consegue arcar com tamanho dispêndio, ou então, movido pela paixão, acaba comprometendo seu orçamento, endividando-se, apenas para estar lá, vendo seu time ganhar ou perder.

Desde os 14 anos frequento o Mineirão. Sinceramente, tenho saudades do tempo em que arquibancadas eram arquibancadas mesmo. Não tão confortáveis feito as atuais cadeiras, mas que nos permitiam uma maior mobilidade e uma maior facilidade para marcar encontros.

“Vou estar atrás do gol do América!”, dizia aos meus amigos. Ou então, “nos encontramos embaixo da charanga!”.
Quando chegavam, bastava um empurrãozinho na hora de se sentar e pronto. Nenhum problema, assistíamos todos juntos à partida. Hoje, isso é impossível. As cadeiras são numeradas, o amigo que foi sozinho não consegue mais sentar-se ao seu lado. Isso para não dizer que a capacidade de público pagante reduziu-se à metade.
O Mineirão, de 110 mil torcedores, hoje comporta pouco mais de 60 mil.

O QUE O TORCEDOR PREFERE?

E me pergunto: o torcedor prefere ter acesso ao jogo, sentado numa arquibancada de cimento, ou ter que enfrentar filas gigantescas para adquirir (quando consegue) um disputadíssimo lugar nas 60 mil cadeiras disponíveis? Torcedores não ligam pra conforto, o importante é ter seu lugar garantido, seja numa arquibancada, numa geral ou numa cadeira numerada.

A cada ano, percebo a elitização das torcidas, naturalmente, devido aos preços salgados dos ingressos. E aquele torcedor mais simples, folclórico, que tem no time talvez a sua única grande paixão, aquele que grita mais alto, que sabe o hino de trás pra frente, que conhece a escalação de cor, que veste a camisa já surrada, que xinga o juiz sem piedade, que vibra mais, que sofre mais, que torce mais, infelizmente, e contra a sua vontade, vem se distanciando cada vez mais dos gramados.

Sei que jogadores são caros. Para se ter um Ronaldinho, além dos patrocínios, muitos ingressos devem ser vendidos e com valores elevados, pois manter jogadores do nível dos nossos times Atlético e Cruzeiro não é fácil.

Segundo reportagem deste jornal, a renda do jogo entre Atlético e Olimpia foi a maior da história do Mineirão, assim também como a de todos os registros do futebol brasileiro. Todos os ingressos esgotados, apesar do preço. Ótimo! Concordo que dará uma boa ajuda ao orçamento do time, mas, por outro lado, fico pensando: será que vale a pena?

O ARTIGO DE UM JOVEM CINEASTA E A VISITA DO PAPA FRANCISCO AO BRASIL

                
O artigo de um jovem cineasta e a visita do papa Francisco ao Brasil
O recente artigo do jovem cineasta Fernando Grostein Andrade, 32, na “Folha de S.Paulo”, e, agora, a visita do papa Francisco ao Brasil me fizeram refletir mais um pouco sobre o momento complexo e difícil por que passa nosso país atualmente. (Fernando é autor dos documentários “Coração Vagabundo” e “Quebrando o Tabu”).

Fernando iniciou o artigo dizendo que nunca conseguiu se identificar com os conceitos de direita e esquerda: “Como defender um Estado que não dá proteção social a quem nasce em condições injustas? E como defender um Estado inchado, ineficiente e cheio de privilégios?”.
E acrescenta, logo a seguir:
“Da mesma forma, não consigo entender quem qualifica o PSDB ou o PT como o câncer ou a salvação do Brasil. Como não reconhecer os grandes avanços que ambos os partidos promoveram sem deixar de apontar as suas graves falhas?”.

O jovem cineasta soube exprimir, com exatidão, o que reivindicam hoje os milhares de jovens que foram às ruas no mês passado em todo o país. Eles não estão preocupados com nenhuma ideologia, seja de direita, seja de esquerda, responsável, na realidade, pelo aprisionamento da alma e da inteligência. Por isso é que fizeram ecoar pelos céus do Brasil um grito sincero, quase de raiva, contra tudo o que está aí.
Democraticamente, pediram educação de qualidade para todos (pobres, remediados ou ricos), saúde pública decente, mobilidade urbana (ou liberdade de ir e vir), transporte público satisfatório, combate à corrupção, aplicação responsável do dinheiro público, punição ao crime e à violência etc. Exigiram, enfim, que se transformem em bons serviços os pesados impostos que os brasileiros pagam, direta ou indiretamente.

A presidente Dilma Rousseff, querendo se aproveitar das últimas manifestações, mesmo sem ser provocada, respondeu mal à pergunta do cineasta no infeliz discurso político-partidário que pronunciou anteontem, no Palácio Guanabara, na presença do papa Francisco.

É verdade que ela o recebeu com um sorriso de alegria estampado no rosto, mas, ao discursar, depois de dizer que é uma honra para o povo brasileiro recebê-lo, traiu-se ou foi obrigada a trair-se e, finalmente, demonstrou que até agora não entendeu nada do que pretenderam as mencionadas manifestações de rua.

Apenas querendo tirar partido político-eleitoral de tão honrosa visita, a presidente afirmou, como se já estivesse no palanque eleitoral, que o Brasil se orgulha de ter alcançado extraordinários resultados, nos últimos dez anos (referindo-se ao seu governo e ao de Lula), na redução da pobreza.

Depois, dirigindo-se ao papa e tentando explicar o que até agora não entendeu, concluiu: “Democracia gera desejo de mais democracia. Inclusão social provoca cobrança de mais inclusão social. Qualidade de vida desperta anseios por mais qualidade de vida. Fizemos muito e sabemos que há muito a ser feito. Para nós, os avanços que conquistamos são só o começo”.

Um discurso inadequado e, valendo-me de expressão do gosto da presidente, realmente grotesco. O bom é que o papa soube lhe mostrar o que, ao que parece, ainda não soube assimilar: “Aprendi – disse ele – que, para se ter acesso ao povo brasileiro, é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração.
Por isso, permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente nessa porta. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo”.
Será que, afinal, a presidente aprendeu?

26 de julho de 2013
Acílio Lara Resende (O Tempo)

QUEDA DE BRAÇO NA QUESTÃO INDÍGENA


A pressão indigenista recrudesce. O lado nacionalista, sob pressão, dá mostras de fraquejar, mas a população está sendo esclarecida e terminará por colocar um freio nas ações apátridas da Funai.

Apesar de a presidente manter a decisão de rever o processo de demarcação de novas terras indígenas e de acabar com o monopólio exercido pela Funai na atividade,  incluindo outros órgãos (Embrapa e os ministérios da Agricultura e Desenvolvimento Agrário), o Ministro da Justiça  José Eduardo Cardoso afirma que a presidente deixou claro que não pretende esvaziar a Funai, mas fortalecer esse órgão”.

Os indígenas, claro, se posicionaram contrários à inclusão dos outros órgãos e entregaram à Presidente um documento com 11 reivindicações e recebendo a promessa de que os seus pedidos serão atendidos.

À MARGEM DA LEI

Enquanto isto a Funai está promovendo, à margem da Lei, a demarcação de nova Terra Indígena em Santa Catarina e funcionários da Funai estariam empenhados em ampliar a reserva Xapecó e ainda índios de diversas etnias bloqueiam a estrada de ferro de Carajás. Os casos simultâneos de SC e do MA são típicos da questão indígena.

A Funai e o aparato indigenista que a apóia se concentram em demarcações de terras indígenas em áreas mineralizadas ou no mínimo produtivas e habitadas por não índios, fazendo o jogo do estrangeiro ambicioso e solerte. Torna-se evidente que, no Norte da Amazônia, o objetivo é a criação de novas nações dóceis e totalmente controladas, e ao Sul da Amazônia é prejudicar a concorrência agrícola.

Por esses e outros motivos, é mais que urgente uma ampla reformulação na política indígena, para que o Estado brasileiro possa assegurar plenamente os direitos reais, tanto dos índios como dos não-índios.

Algo indica que, enfraquecida, Dilma também cederá nesse importante setor, como já o fez na questão dos juros. Caso continue cedendo, nosso País estará realmente mal. Entretanto, por enquanto, ainda resta uma esperança.

26 de julho de 2013
Gelio Fregapani

PRECIPÍCIO POLÍTICO

Queda na aprovação do governo Dilma indica repúdio de uma população que descobriu a verdade

A queda na popularidade da presidente Dilma Rousseff já é uma certeza, não mais uma tendência.

Essa é a avaliação do deputado federal Sérgio Guerra (PE) sobre a pesquisa Ibope divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na quinta-feira (25).

O levantamento mostra que a aprovação do governo caiu 24 pontos percentuais, passando de 55% para 31% entre junho e julho. Na avaliação do ex-presidente do PSDB, a população está mais consciente em relação aos desmandos da gestão petista.

“Isso tem a ver com o fato de que a população descobriu que a propaganda não confere com a realidade. O resultado da pesquisa reflete um movimento de repúdio em relação à situação real da do povo brasileiro”, adverte o deputado.

Para o tucano, o País passa por uma crise e “seguramente o governo está no centro dela”. Enquanto o percentual dos que consideram o governo bom ou ótimo caiu para 31%, os que o avaliam como “regular” chegou aos 37% e a categoria “ruim ou péssimo” atingiu 31%.

A avaliação pessoal de Dilma também não é das melhores. A petista, que já bateu recorde de popularidade, amarga uma queda de 71% para 45%. O índice de quem a desaprova subiu de 25% para 49%.

“A sociedade tem mais clareza das responsabilidades dos governos, especialmente do governo federal. O povo teve um choque de realidade com os movimentos das ruas”, disse o parlamentar, em referência à onda de protestos ocorrida em junho.

A pesquisa Ibope confirmou o que já vinha sendo demonstrado nos últimos levantamentos. Pesquisa Datafolha divulgada em 29 de junho, por exemplo, registrou queda na popularidade da presidente Dilma de 57% para 30% em três semanas.

Segundo o instituto, trata-se da maior queda de aprovação de um presidente aferida pelo Datafolha desde Fernando Collor, em 1990. “Isso para mim não é apenas uma tendência, mas sim uma confirmação da opinião pública”, concluiu Sérgio Guerra.

26 de julho de 2013
ucho.info

DILMA COM UM GALO NA CABEÇA


Ainda grogue com a vaia no estádio Mané Garrincha, ainda fingindo que foi por falta de tempo que não viu na tribuna do Maracanã a vitória do Brasil na final da Copa das Confederações, Dilma Rousseff resolveu pegar carona na conquista da Libertadores pelo Atlético Mineiro. E enviou ao time campeão a seguinte mensagem:
 
“O Brasil acordou alvinegro com o título do meu querido Clube Atlético Mineiro de campeão da Taça Libertadores. Aprendi a gostar de futebol indo, ainda criança, ao estádio do Mineirão assistir aos jogos do Atlético. Parabéns aos jogadores, à comissão técnica e a nossa torcida, que conquistou a admiração de todos os brasileiros. Parabéns não apenas pela vitória. Parabéns por, mesmo diante de um resultado adverso, não desistirem, não esmorecerem e, por isso mesmo, se superarem”.
 
O segundo trecho assinalado em negrito foi fulminado pelo nosso Antonio Vieira. “A descarada intenção de querer associar os impasses em que está metida com os obstáculos que o Galo enfrentou é também de incalculável caradurismo”, constatou o comentarista. “A trajetória dos atletas mineiros se deu em escrupuloso respeito às regras do jogo. Perderam e ganharam limpamente. Não houve qualquer violação ao regulamento nem às normas da ética esportiva”.
 
Depois de matar a bola no peito, Antonio Vieira entrou na pequena área em alta velocidade: “Mesmo os tradicionais adversários do Atlético reconhecem os méritos da conquista, e o papel relevante cumprido pela torcida alvinegra, em notável relação de confiança construída ao longo do tempo. Não houve gol de mão, ou gol de impedimento, ou gol ilegal sob qualquer aspecto. Dona Dilma, ao contrário, pauta seu comportamento pela permissão de fazer o diabo para vencer uma disputa”.
 
Quem faz o diabo para levar vantagem em tudo decerto acha que mentir é pecado venial. Ou nem isso, sugere o primeiro trecho em negrito. Releiam: a presidente jura que aprendeu a gostar de futebol “indo, ainda criança, ao estádio do Mineirão assistir aos jogos do Atlético”. Esqueceu de combinar com o calendário gregoriano.
 
Nascida em dezembro de 1947, Dilma estava a dois meses dos 18 anos quando o Mineirão foi inaugurado em setembro de 1965. Deixara de ser criança fazia tempo. E nunca foi vista vibrando nas arquibancadas do Independência, o estádio do Atlético. Desde os 16 passava os domingos não em campos de futebol, mas enfurnada nas reuniões da turma decidida a trocar a ditadura militar pela ditadura comunista.
 
Dilma Rousseff nunca se emocionou com o preto e branco. Sempre deu preferência ao vermelho.
 
26 de julho de 2013
Augusto Nunes

CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE É APARELHADO PELA GANGUE DE LULA

Membros do Conselho Nacional de Saúde denunciam aparelhamento do órgão.  Ex-presidente do CNS diz que, desde que Alexandre Padilha virou ministro, houve perda de autonomia
 
 

Francisco Batista Junior, ex-presidente do Conselho Nacional de Saúde
Foto: Agência Brasil
Francisco Batista Junior, ex-presidente do Conselho Nacional de Saúde Agência Brasil

O Conselho Nacional de Saúde (CNS), órgão federal responsável pelo controle social do setor, está sob suspeita de aparelhamento político por parte do governo. Um ex-integrante do conselho e o atual representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no colegiado afirmaram que o governo tem controle sobre o CNS e que afeta sua autonomia ao não acatar suas decisões.
 
Presidente do CNS em duas gestões, o farmacêutico Francisco Batista Júnior, representante dos trabalhadores da Saúde, disse nesta quinta-feira que, desde que o ministro Alexandre Padilha assumiu o cargo, o Conselho passou a ficar nas mãos do governo.
 
— O Conselho Nacional de Saúde perdeu significativamente sua autonomia, seu papel. É uma clara subserviência ao governo — disse Batista. — O Padilha não respeita as suas resoluções. Por exemplo: o CNS, em duas ou três oportunidades, reiterou posição contrária à (criação da) Empresa Brasileira de Serviço Hospitalar (Ebserh, estatal responsável pelos hospitais universitários), Padilha desconsiderou.
 
Quando o CNS mostra independência e toma decisões que contrariam o governo, elas são ignoradas. Foi o que aconteceu, com a criação da Ebserh. O CNS se posicionou de forma contrária.
 
— Foi só uma posição política do Conselho. Tanto que a Ebserh está em amplo funcionamento — criticou o conselheiro Clovis Adalberto Boufleur, indicado pela CNBB.
 
Boufleur entende que, em alguns casos, há alinhamento de parte dos conselheiros com o governo. Mas o principal problema, na opinião dele, é outro. As próprias entidades com representação no CNS não dão muito valor ao Conselho, e fazem pouco para garantir que suas decisões sejam respeitadas. Segundo Boufleur, as decisões são frequentemente ignoradas pelo Ministério da Saúde, independentemente do titular da pasta. A exceção foi Agenor Álvares, que foi ministro por cerca de um ano, entre 2006 e 2007 — este, segundo Boufleur, costumava respeitar as decisões do CNS.
 
— Pela lei, (o CNS) é deliberativo. Mas, em várias situações, teve suas decisões relegadas ao esquecimento. Elas foram proteladas até cair no esquecimento. Em nenhum momento, (o Conselho) teve atuação mais drástica para que se cumprisse a lei. O Conselho decide e o Executivo segue conforme sua conveniência.
 
Outro crítico é o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira. Ele não é conselheiro, mas a Fenam era suplente do Conselho Federal de Medicina no CNS. Na semana passada, diante do racha entre entidades médicas e governo — provocado pelo programa Mais Médicos e pelos vetos presidenciais à lei do ato médico, que regulamenta o exercício da medicina —, a Fenam e o CFM se desligaram do conselho, e Ferreira saiu atirando, acusando o CNS de ser aparelhado e de estar a serviço do governo. Segundo ele, a maioria das entidades com assento no CNS é controlada por partidos ou movimentos simpáticos ao governo.
 
— Há uma força muito grande de forças governistas — disse Ferreira, que criticou a atual presidente do CNS, Maria do Socorro de Souza:
 
— As últimas palavras da presidente do Conselho fornecem algumas pistas de que está defendendo os interesses do governo. Como assim? Porque, quando o governo lançou o pacote (do Mais Médicos), e eu suponho que ela (Maria do Socorro) não tivesse conhecimento, ela não se preocupou em levar ao Conselho para discutir, ela não se preocupou em ouvir o que os médicos pensavam. Ela imediatamente caiu no colo do governo para aplaudir.
Maria do Socorro nega que haja alinhamento com o governo, mas reconhece as limitações de poder do CNS.
— O Conselho tem toda a autonomia de ter posição contrária. O ministro homologa ou não essa resolução. O que pode acontecer é o Conselho Nacional de Saúde, para fazer valer (sua posição), recorrer a uma ação ao Ministério Público — disse Maria do Socorro.
 
Segundo ela, a demanda por mais médicos é da sociedade e sempre foi defendida pelo Conselho. A ideia do serviço civil obrigatório para os profissionais da Saúde, em que eles teriam que trabalhar por algum tempo no SUS, é discutida há cinco anos pelos CNS.
 
— Eu não vou defender interesses contrários à população — afirmou a presidente do Conselho, concluindo: — No controle social, o foco é defender o direito dos usuários do SUS.
 
A existência do debate em torno do serviço social obrigatório foi confirmada por Clovis Boufleur. Maria do Socorro representa a Contag, uma confederação aliada ao governo do PT desde o governo Lula, e ganhou a eleição com o apoio do ministro Alexandre Padilha. Ela derrotou Clovis Boufleur em uma eleição acirrada.
 
Um órgão com 48 titulares
 
O CNS é um órgão com pouco poder, cujas decisões o governo pode ignorar e passar por cima como bem entender. É uma das maiores mesas de discussão da Esplanada, com 48 titulares e dois suplentes para cada um, e é assim dividido: 50% de vagas para os movimentos sociais de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), 25% de trabalhadores, 25% de prestadores de serviços e gestores.
 
Há de tudo um pouco no órgão: centrais sindicais (Força Sindical, CUT, CGTB), governo, União Nacional dos Estudantes (UNE), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), entidade indígena, entidades negras, de lésbicas, além das que representam os profissionais de Saúde, como os conselhos federais de Odontologia (CFO) e Psicologia (CFP). Há ainda associações de nutrição, de vítimas de hepatites virais, de autismo, associações renais e transplantados, de ostomizados, organização dos cegos, celíacos, entre outras.
 
Um caso de aparelhamento apontado por alguns integrantes do Conselho se dá na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), ligada ao CNS. Ela foi criada para ser uma instância colegiada, de natureza consultiva, tendo por atribuição o exame dos aspectos éticos das pesquisas que envolvem seres humanos. Como mais importante comissão do CNS, sempre esteve sob a coordenação dos representantes da comunidade científica. Mas, recentemente, foi parar no colo de um sindicalista: Jorge Almeida Venâncio, da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGBT), um absoluto estranho no ninho.
 
O GLOBO pediu um posicionamento do Ministério da Saúde sobre o caso, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.

26 de julho de 2013
André de Souza e Evandro Éboli - O Globo

IMPORTAÇÃO DE MÉDICOS CUBANOS PELO GOVERNO É PREÂMBULO CRIMINOSO DE UMA DITADURA COMUNISTA

 

Golpe baixo – Tão logo o governo de Dilma Rousseff anunciou a intenção de “importar” médicos cubanos – isso se deu antes do lançamento do programa “Mais Médicos” – o ucho.info afirmou, com a antecipação de sempre, que se tratava de um plano para trazer ao Brasil agentes da ditadura sanguinária dos irmãos Fidel e Raúl Castro. Os esquerdistas nacionais se alvoroçaram com a informação, mas não há como contestar o óbvio.
 
Temendo mais uma derrota no currículo d Dilma, os palacianos se apressaram em maquiar o plano, anunciando que médicos de outros países também viriam ao Brasil. Conversa fiada da pior qualidade, pois nenhum profissional da medicina aceitará trabalhar sem condições mínimas. E os locais para onde o governo quer mandar os médicos estrangeiros são desprovidos de infraestrutura de saúde.
 
Na sequência surgiu a informação de que os médicos cubanos não operariam equipamentos sofisticados, mas, sim, trabalhariam para eliminar problemas simples de saúde, como diarreia, por exemplo. Esses pequenos problemas de saúde, que entopem os hospitais públicos, decorrem da falta de investimentos oficiais em saneamento básico, assunto que sempre fica nos palanques eleitorais.
 
Para tentar ajudar a companheira Dilma Rousseff, o Palácio de Miraflores, sede do Executivo venezuelano, escalou o vice-presidente do país para falar sobre os médicos cubanos. Jorge Arreaza, que é genro do finado caudilho Hugo Chávez, lembrou as críticas da “oligarquia” à chegada de médicos cubanos na Venezuela.

“Como foram duras a oligarquia venezuelana e os meios de comunicação privados, com o comandante (Hugo) Chávez, porque (…) decidiu estreitar a sua máxima expressão as relações com Cuba”, disse Arreaza na noite da última quarta-feira (24). “Vocês lembram como falavam da ‘cubanização’ (da Venezuela), como se metiam com os médicos cubanos? Depois eles são vistos indo aos CDIs que ficam perto das urbanizações de classe média, para ser atendidos. E saem felizes, porque são bem tratados”, completou o genro obediente.

O detalhe nessa epopeia esquerdista é que esses médicos são, na verdade, agentes cubanos treinados para disseminar os conceitos obtusos do comunismo que impera na ilha caribenha. Prova maior está nos detalhes dos postos de saúde venezuelanos, onde sobram cartazes com imagens de Che Guevara e Simon Bolívar, como se a dupla representasse a derradeira solução para os problemas do universo. Fosse o modelo político esquerdista eficiente, Venezuela e Cuba não estariam mergulhadas em um misto de crise econômica e caos social, sem contar o regime totalitarista que ceifa a liberdade dos cidadãos.

Dilma e seus seguidores que mudem o palavrório oficial, pois alegar que as inscrições no programa “Mais Médicos” foram fraudadas é desculpa esfarrapada para justificar a importação de agentes da ditadura cubana. E que fique claro, de uma vez por todas, que desistir ainda não é considerado crime no Brasil. Ou será que Fidel Castro dá mais ordens por aqui do que se imagina?

26 de julho de 2013
ucho.info

ONDE ESTÁ O PODER

 

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Em 1965, quando foi criado o Fundo de Participação dos Estados estes detinham cerca de 35% da receita tributária nacional. Hoje, mal conseguem 25%. A União, que detinha 55%, hoje tem 57%. Os municípios saltaram de irrisórios 10% para míseros 18%.

Se houve um instrumento concreto que foi decisivo para ajudar a democracia (moderna) a (re)nascer na Inglaterra setecentista, esse instrumento foi a persistente sabedoria dos britânicos de, ao longo de toda a sua história, manter o rei sempre pobre.

Os reis ingleses nunca tiveram condição financeira sequer para manter um exército em tempos de paz. Assim, sempre que se viam ameaçados por inimigos internos ou externos, tinham de ir aos barões e ao Parlamento de mãos estendidas. E a cada vez o Parlamento trocava a verba para a salvação da dinastia da vez por uns tantos direitos a mais.

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De grão em grão, e com muito menos sangue do que ela custou para qualquer outro, em 1688 o Parlamento inglês já tinha conquistado basicamente todos os poderes sobre o rei que mantém até hoje.

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O resto da Europa fez a trajetória inversa. Seus reis é que mantinham os barões e o povo sempre pobres e, a cada emergência, vinham em seu socorro mas, antes de abrir a bolsa, trocavam sua assistência por um direito a menos e um poderzinho a mais, até chegar à condição de constituir o absolutismo monárquico.

Nós vamos pelo mesmo caminho.

26 de julho de 2013
vespeiro

40% DOS ELEITORES NÃO SABEM EM QUEM VOTAR PARA PRESIDENTE, E TUDO PODE ACONTECER... (DE PIOR!)



As eleições para presidente da República serão em realizadas em 2014, mas se o pleito fosse hoje, 40% dos eleitores afirmam não saber em quem votariam. Os dados são da pesquisa do Ibope Inteligência, realizada de 11 a 14 de julho, com 2002 eleitores, em 140 municípios do país.

Entre os diversos cenários apresentados  a 2002 eleitores, em 140 municípios do país, entre os dias 11 e 14 de julho de 2013, os resultados indicam que o favorito, disparado, é o ex-presidente Lula (41 pontos). Se ele não for candidato, a preferência é por Dilma Rousseff (30 pontos).

Marina Silva é sempre bem cotada e chega a 22 pontos, deixando Aécio Neves em terceiro, com 13 pontos. Depois, vêm Joaquim Barbosa (6 pontos) e Eduardo Campos (5).

A análise da pesquisa fica prejudicada porque no PT todos sabem que o candidato será Lula. Sabem também que Dilma Rousseff nem disputará eleição, pois teria de se desincompatibilizar em 4 de abril de 2014 para disputar uma vaga no Senado ou na Câmara Federal, mas ela não largará o Planalto de forma alguma. Ficará na História como a primeira mulher a chegar à Presidência da República sem jamais ter disputado eleição nem para síndico de prédio.

De toda forma, os diferentes partidos de oposição estão animados. Como Lula e Dilma estão em queda, é até possível que Joaquim Barbosa se anime a concorrer e assim fica praticamente definido que haverá segundo turno. E aí, meus amigos, segundo turno é outra eleição e tudo pode acontecer. Até mesmo Lula ser derrotado, o que é possível, mas ainda bastante improvável.

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR

                


26 de julho de 2013
Millôr Fernandes

A GUERRA CONTRA OS DESEMPREGADOS




A vida anda fácil demais para os desempregados? Você talvez pense que não, e eu certamente não penso que esteja
Mas é nisso, notavelmente, que muitos –se não a maioria dos– republicanos dos Estados Unidos acreditam. 
E estão agindo com base no que acreditam: há um movimento nacional em curso para punir os desempregados, baseado na proposição de que podemos curar o desemprego causando ainda mais sofrimento aos desempregados.

Considere, por exemplo, o caso da Carolina do Norte. O Estado foi seriamente prejudicado pela Grande Recessão, e o índice de desemprego estadual, de 8,8%, está entre os mais altos do país, superando até o de Estados problemáticos como a Califórnia e o Michigan.

Como é o caso em toda parte, muitos desses desempregados estão sem trabalho há seis meses ou mais, graças a um ambiente nacional no qual existem três candidatos para cada vaga disponível. Mesmo assim, o governo estadual acaba de cortar ferozmente a assistência aos desempregados.

De fato, os republicanos que controlam o governo estavam tão ansiosos para cortar a assistência que não reduziram apenas a duração dos benefícios, mas também seu valor semanal médio, o que torna o Estado inelegível para assistência federal de US$ 700 milhões aos desempregados em longo prazo.

É um espetáculo notável, mas a Carolina do Norte não está sozinha. Diversos Estados reduziram seus benefícios-desemprego, ainda que nenhum outro a ponto de perder a assistência federal. O Congresso vem permitindo que a prorrogação dos prazos dos benefícios adotada durante a crise econômica expire, mesmo que o desemprego continue recorde. O que está acontecendo quanto a isso, portanto? Será só crueldade?

“APROVEITADORES”

Bem, o Partido Republicano, que acredita que 47% dos americanos sejam “aproveitadores” que exploram os criadores de empregos e que em muitos Estados nega assistência de saúde aos pobres só para contrariar o presidente Obama, não está exatamente repleto de compaixão.

Mas a guerra contra os desempregados não foi motivada apenas pela crueldade; em lugar disso, é uma convergência entre espírito mesquinho e má análise econômica. Em geral, os conservadores modernos acreditam que o caráter da nação esteja sendo solapado por programas sociais que, nas memoráveis palavras do deputado Paul Ryan, presidente do Comitê Orçamentário da Câmara, “transformam a rede de segurança em uma rede de varanda, que convence pessoas aptas a trabalhar a optarem em lugar disso por vidas de dependência e complacência”.

Mais especificamente, eles acreditam que o seguro desemprego encoraja os trabalhadores irresponsáveis a se manterem desempregados, em lugar de aceitarem os empregos disponíveis. Há justificativa para essa crença?
O valor do benefício-desemprego médio na Carolina do Norte é de US$ 299 por semana, antes dos impostos: que rede confortável. Assim, quem quer que imagine que os desempregados estejam deliberadamente optando por viver uma vida de lazer não faz ideia do que é experimentar o desemprego, especialmente o desemprego prolongado.

SELETIVIDADE

Ainda assim, há algumas indicações de que os benefícios-desemprego possam tornar os desempregados mais seletivos em sua busca de trabalho. 
Em momentos de expansão econômica, essa seletividade adicional pode elevar o índice de desemprego que serve de limiar para a inflação, o que induziria o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) a elevar as taxas de juros e sufocar a expansão econômica.

Mas nada disso é relevante para nossa situação atual, na qual a inflação não preocupa e o problema do Fed é que não consegue baixar suficientemente os juros. Embora reduzir os benefícios-desemprego cause desespero ainda maior aos desempregados em sua busca por uma vaga, nada fará para criar mais empregos –o que significa que, mesmo que alguns desses desempregados consigam emprego, o farão tirando postos de trabalho de pessoas atualmente empregadas.

Mas espere –e quanto à oferta e procura? Causar desespero aos desempregados não criará pressão de baixa nos salários? E custos de mão de obra mais baixos não encorajarão a criação de emprego?

FALÁCIA

Não –essa é a falácia do efeito composto. Cortar o salário de um trabalhador pode salvar seu emprego, ao tornar seu trabalho mais barato do que o de trabalhadores concorrentes; mas cortar todos os salários só reduz a renda de todos –e agrava o problema do endividamento, uma das principais forças que pesam sobre a economia.

Oh, e não esqueçamos que reduzir os benefícios dos desempregados, muitos dos quais já estão vivendo precariamente, vai reduzir o consumo agregado –uma vez mais agravando a situação econômica e destruindo ainda mais empregos.

O movimento pelo corte dos benefícios aos desempregados, portanto, é tão contraproducente quanto cruel. Vai engrossar as fileiras dos desempregados e tornar suas vidas ainda mais desagradáveis. Há algo que possa ser feito para reverter esse curso político equivocado? As pessoas determinadas a punir os desempregados não se deixam dissuadir por argumentos racionais; acreditam naquilo que acreditam e não há prova capaz de mudar sua opinião.

Minha sensação, porém, é a de que a guerra contra os desempregados está fazendo tanto progresso porque vem acontecendo em surdina, e muita gente não está consciente do que vem ocorrendo. Bem, agora vocês sabem. E deveriam estar zangados por isso.

26 de julho de 2013
Paul Krugman (Folha)

FIM DE LINHA

Empresários condenam a corrupção, mas cruzam o céu do Brasil para participar de festança dos Sarney

É irresponsabilidade imaginar que apenas uma série de protestos é suficiente para mudar o status quo que levou o Brasil à crise que desfila com insistência na passarela do cotidiano.
 
Quando milhares de manifestantes ocuparam muitas cidades brasileiras exigindo o fim da corrupção, entre outras reivindicações importantes, muitos foram os que apoiaram os protestos, começando por empresários que, pelo menos em tese, não mais suportam o caos que se instalou no País.
 
A degradação do Estado, que cresce a cada dia, decorre de uma sequência de desmandos e casos de corrupção, que como tumores consomem a dignidade do cidadão. Entre apoiar os protestos apenas no discurso e largar a rapadura há uma grande distância.
E é exatamente isso que parte dos empresários que se encantaram com a nova geração de “caras pintadas” tem feito. Ou seja, continua mantendo, com antes, as relações canhestras com execráveis figuras da política nacional.
 
Um exemplo de figura execrável é o senador José Sarney (PMDB-AP), que há mais de cinco décadas governa o Maranhão com despotismo nauseante. Sempre adulado por pessoas interessadas na proximidade com o poder, Sarney entrou para história pela porta do fundo e como responsável por transformar o Maranhão no estado brasileiro mais miserável.

Somente isso seria suficiente para que esse caudilho tropical vivesse em completa solidão, mas há pessoas irresponsáveis que por vaidade burra incensam o político que tem garantido a permanência do PT no poder. O que, por questões óbvias, custa muito ao contribuinte, pois na política não se serve almoço de graça.
 
Para reforçar a nossa tese de que é míope e criminosa a adoração que se dá em torno da figura decrépita de José Sarney, nesta sexta-feira (26) é grande o número de empresários que se dirigem a São Luís, capital maranhense, onde no sábado acontece o casamento da filha de Fernando Sarney, filho do caudilho local e alvo da operação Boi Barrica, da Polícia Federal, cujos detalhes o pai conseguiu que a Justiça impedisse a divulgação, consolidando o mais escandaloso ato de censura dos tempos modernos e que teve como vítima o jornal “O Estado de S. Paulo”.
 
Para quem não se recorda da “Boi Barrica” (rebatizada como Faktor), a operação da PF indiciou Fernando Sarney por formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Fernando foi acusado de fazer caixa dois na campanha da irmã Roseana na disputa pelo governo do Maranhão, em 2006. Antes das eleições, o filho “globetrotter” de José Sarney sacou R$ 2 milhões em dinheiro vivo.
 
É para adorar esse tipo de gente é que muitos empresários estão cruzando o céu do Brasil, tendo com destino a festa de casamento de uma integrante do clã que diuturnamente destrói o Maranhão, reduto de um povo bravo e que resiste à longeva onda de desmandos.

26 de julho de 2013
ucho.info

REFÉM DAS SANDICES DE LULA, SP TEM 263 KM DE CONGESTIONAMENTO NA NOITE DESTA SEXTA-FEIRA

 

Nó nas ruas – Fernando Haddad venceu a eleição à prefeitura de São Paulo em outubro de 2012, mas em termos práticos parece que o petista ainda não tomou posse, apesar de legalmente isso ter ocorrido no dia 1º de janeiro deste ano.

Pupilo do lobista Lula, que continua fugindo da imprensa, Haddad continua enfrentando os efeitos da irresponsabilidade que marcou o governo do seu padrinho político.
Fazendo da demanda reprimida de consumo a senha para elevar sua popularidade, o ex-metalúrgico arremessou a parcela incauta da população no universo das compras e deixou o problema para os estados e municípios.

Quando Lula anunciou medidas de incentivo ao consumo, reduzindo o IPI de diversos segmentos, o ucho.info fez vários alertas tendo a decisão presidencial como foco.
Entre os perigos apontados estava o inevitável travamento do trânsito em diversas cidades brasileiras, em sua maioria sofrendo de carência de investimentos no setor de transporte público, por causa da enxurrada de veículos novos em espaço de tempo recorde.

O então presidente se agarrou à teoria irresponsável de que país desenvolvido é aquele em que o menos aquinhoado tem um carro novo na garagem, ao passo que a coerência aponta no sentido contrário. País desenvolvido é aquele em que os abastados usam transporte público. Mesmo assim, Lula não se importou com as consequências da sua irresponsabilidade.

Para se ter ideia do estrago provocado pela sandice de um governo que jamais se preocupou com planejamento, nesta sexta-feira (26), às 18h49, a cidade de São Paulo registrava incríveis 263 km de congestionamento. A situação só não é pior porque o período de férias escolares ainda não terminou. Na próxima segunda-feira (29), quando muitas escolas retomam as aulas, o caos pode ser muito maior.
Lula, o apedeuta, não se importa com esse fato, pois como bem sucedido lobista de empreiteiras segue de um ponto a outro pelos ares, sempre a bordo de algum helicóptero emprestado. Até porque, se circulasse pelas ruas paulistanas a chance de ser apedrejado seria enorme.

26 de julho de 2013
ucho.info

HISTÓRIA DE CRESCIMENTO DOS EMERGENTES MORREU, DIZ FT

Para o jornal britânico, até mesmo as características econômicas e sociais que uniam os países do grupo deixaram de existir

Os países emergentes do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
Brics: expansão dará lugar para desaceleração (Sabelo Mngoma/AP)
 
O desempenho econômico abaixo do esperado verificado nos países emergentes ao longo do último ano coloca em evidência a tese de que a época de crescimento desses países chegou ao fim. Segundo o jornal britânico 'Financial Times', não só "a história de crescimento desses mercados morreu", como também as características econômicas e sociais que os uniam não existem mais.

O jornal não diz que os emergentes passarão por um período de recessão, mas ressalta que o crescimento dos anos anteriores não deve se repetir tão cedo.
 
De acordo com analistas ouvidos pelo 'FT', os emergentes são caracterizados pelo rápido crescimento impulsionado pelas exportações, algo que fez com que acumulassem enormes superávits em transações correntes, o que, por sua vez, os levou a criar grandes reservas internacionais e expandir a oferta de crédito.
Contudo, nenhuma dessas características pode ser usada para descrever os países atualmente, informa o jornal.
 
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Para o 'FT', os protestos que ocorreram na Turquia e no Brasil são efeito dessa desaceleração. "O crescimento dessas economias não acompanha o ritmo das aspirações populares que começaram a surgir justamente antes da crise financeira de 2008-09". 

O mercado de capitais reproduz com certa fidelidade esse declínio, chegando mesmo a antecipá-lo. A BM&FBovespa avançou apenas 7,4% no ano passado, refletindo a queda do interesse no investidor estrangeiro no mercado brasileiro.
Neste ano, acumula queda de 20% até o pregão de quarta-feira, segundo a consultoria Economatica.
 
O Brasil, segundo o 'FT', é o garoto-propaganda da baixa performance dos emergentes na bolsa.

"O governo brasileiro fez com que os investidores acreditassem que o enriquecimento do país nos últimos 15 anos foi resultado de uma transformação estrutural que sedimentou terreno para baixa inflação, boa governança e crescimento estável (...).
Ele tem sua parcela de mérito.

Agora, analistas dizem que o crescimento do Brasil foi causado pelo boom dos preços das commodities (...). Mais recentemente, as políticas (do governo) têm sido muito menos amigáveis com o investidor", diz o jornal.
 
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A revista 'Economist' também deu destaque aos emergentes em sua reportagem de capa da semana. Segundo a publicação britânica, o mundo vivencia um período de "grande desaceleração" propiciado, sobretudo, pela nova realidade econômica dos quatro maiores emergentes: Brasil. China, Índia e Rússia.
A reportagem também atribui à alta dos preços das commodities o avanço da economia brasileira. A combinação da "inflação teimosa com o lento crescimento mostram que a velocidade-limite da economia é muito menor do que a maioria das pessoas pensava", informa a revista.
 
Segundo a 'Economist', o crescimento dos emergentes, a partir de agora, será mais gradual. Essa desaceleração deverá trazer, inclusive, benefícios para o comércio mundial. A revista acredita que o aumento do peso desses países na economia global fez com que houvesse um recuo da abertura comercial, de forma generalizada.
 
"A desaceleração pode trazer um novo foco para as negociações comerciais globais. Um acordo que aborde as barreiras comerciais não-tarifárias e especialmente o comércio de serviços poderia render grandes benefícios", diz a revista.

26 de julho de 2013
Veja

PAPA CHICO SUPERSTAR!


 
Apesar de responsável por pelo menos metade da desorganização da sua própria recepção no Rio de Janeiro, Chico mostrou que nasceu para ser um superstar. E bota super nisso. Sua própria estrela brilha tão intensa que sou capaz de afirmar que nem juntando todos os popstars de hoje e do passado em um mesmo pacote haveria uma alegria coletiva da magnitude da que estou tendo o prazer de presenciar na minha cidade, entupida de gente de todo o planeta.


E não é histeria. Está muito longe disso.

O melhor de tudo é que não há nada de artificial nesse homem, que não olha as multidões como uma massa amorfa como se fosse uma vedete preparada para o sucesso e sim procura encarar o máximo possível das pessoas que as compõem. Procurem reparar.

A todos, os que como eu não acreditam em Deus ou não professam o catolicismo, recomendo deixar de lado os preconceitos e prestar atenção em Chico, na sua atitude, nos seu gestos e principalmente nas suas palavras suaves, mas de uma grande importância política, à maneira que  Mario Vargas Llosa usou ao retratar Nelson Mandela e que “roubei” para definir o Papa:

“Política não é apenas a tarefa suja e medíocre que tantos imaginam, da qual os malandros se valem para enriquecer e os vagabundos para sobreviver sem fazer nada, mas uma atividade que pode também melhorar a vida, substituir o fanatismo pela tolerância, o ódio pela solidariedade, a injustiça pela justiça, o egoísmo pelo bem comum, e que alguns políticos, como o Papa, tornam o mundo, muito melhor do que como o encontraram.”
 
26 de julho de 2013

O VELHACO E SEUS SENTIMENTOS


Ele me provoca os instintos mais primitivos

Ele é agressivo, mas nem por isso tem coragem; não sabe o que é afetividade, nem efetividade; ele causa aflição em vez de simpatia quando sorri de soslaio;

De altruista não tem nada, mas sobra-lhe ambivalência; confunde amizade com camaradagem e companheirismo bom e batuta;

Amor para ele é angústia, ansiedade; sua empatia logo se transforma em antipatia; o arrependimento não é jamais pela sua apatia; cobre-se de autopiedade para esconder a arrogância; mistura bondade, carinho, compaixão com ciúme, inveja e constrangimento;

Sua coragem disfarça a culpa; curiosamente seu contentamento causa depressão e rima com desapontamento; seu deslumbramento desperta menos dó que decepção; sua verdade é dúvida; seus acenos de esperança são a linha do egoísmo; seu entusiasmo é euforia que beira o fanatismo que leva à sua fajuta epifania;

Sua felicidade tem o preço da frustração que remete à frieza da gratificação e à dureza da ingratidão; ingratidão lhe desperta a histeria da gula que leva ao mau-humor e à hostilidade; acha que humildade é humilhação e curte um tipo de incômodo diante de quem tenha inspiração;

Há dentro dele uma permanente indecisão entre interesse, inveja, a ira, o ódio; vai ao isolamento e, por luxúria, deixa-se no ostracismo até que lhe passe a mágoa, e melancolia e o medo; faz do nojo a face do seu orgulho que quase não o deixa esconder a ostentação;

Não tem paciência com as paixões, nem pena, nem piedade; seu prazer é fingir que não tem preguiça; qualquer preocupação se traduz em pânico disfarçado de falsa resignação; não guarda remorso e tem raiva de sobra; só a solidão lhe causa sofrimento;

Uma surpresa fora do roteiro que seu ghost writer escreve o deixa coberto de susto, banca o tímido e cai prostrado em profundo tédio;

Sua indisposição para com a verdade não surpreende mais ninguém, ele é capaz de tudo e mais um pouco para manter sua soberba, sua pretensão de superioridade sobre todos e acima de tudo; e aí então não tem a menor vergonha de suas ostensivas manifestações de arrogância.

É assim tão sem vergonha que não se furta de apresentar esse perfil como cartão de visita e como uma espécie de salvo-conduto para subir a rampa de um palácio, ou as escadarias da presidência de uma dessas republiquetas de banana que infestam o Cone Sul do Mundo.

Esse tipo de oportunista manhoso, velhaco, safo, biltre, poltrão, me provoca os instintos mais primitivos. É quando saio de mim mesmo e posso assumir até a personalidade de um mensaleiro que apunhala mensaleiros pelas costas. É quando, então, acordo com indisposição estomacal. Bendita liberdade para vomitar tudo que me fez tanto mal!
 
26 de julho de 2013
sanatório da notícia

HUMILHANTE E RIDÍCULO

Dilma deixar que Lula mande em seu governo é inédito — e também humilhante e ridículo. É útil um presidente avistar-se com antecessores — mas não receber ordens de um deles



Dilma em mais uma "consulta" ao co-presidente Lula, em Salvador (Foto: Margarida Neide / Agência A Tarde / Agência O Globo)

Como sabem os leitores mais assíduos, venho há algum tempo chamando Lula de ex-presidento.
Na verdade, o correto seria designá-lo pelo que, na prática, é: co-presidente.

Nunca, em quase 124 anos de República — “nuncaantezneztepaiz”, portanto, pelo menos no já longo período republicano — se viu nada igual: uma presidente, como Dilma Rousseff, que, a cada passo mais importante, a cada crise mais aguda, sai correndo se consultar com seu guru e antecessor.

Às vezes, em postura que já passa do respeito à auto-humilhação, pegando o avião presidencial em Brasília para ir ao beija-mão em Lula em São Paulo, em vez de convocá-lo para o Palácio do Planalto.

É interessante, útil e produtivo para o país que o presidente de turno se consulte com ex-presidentes, uma prática democrática raríssima em estas paragens. (FHC chamou os candidatos à sua sucessão, um por um, em 2012, para explicar em detalhes o acordo com o FMI que o governo estava prestes a assinar. É uma das poucas exceções em muitos anos.)

Em países civilizados, chefes do governo, em determinadas circunstâncias, se avistam, trocam ideias, buscam a experiência de antecessores, mesmo que, politicamente, sejam adversários ferrenhos.

Não só em ocasiões, digamos, sociais, tal como ocorreu logo após a posse de Barack Obama, em janeiro de 2011, quando todos os ex-presidentes vivos dos Estados Unidos — Jimmy Carter e Bill Clinton, democratas, e os republicanos George H. Bush e o filho, George W. Bush, antecessor de Obama — conferenciaram cordialmente com o novo presidente e posaram para fotos.


Na posse, Obama com os ex-presidentes George H. Bush, George W. Bush, Bill Clinton e Jimmy Carter: encontros entre presidentes e antecessores não apenas em ocasiões sociais, como era o caso (Foto: The White House)

Ficou célebre a reunião do então jovem presidente John F. Kennedy, democrata, com o antecessor republicano, Dwight D. Eisenhower, em abril de 1961, quando a remessa de mísseis soviéticos para Cuba quase provoca um confronto nuclear entre as duas então superpotências.

Eisenhower não apenas era um ex-presidente, mas, como general de cinco estrelas, havia sido o comandante supremo das forças dos Aliados na II Guerra Mundial (1939-1945). Tratava-se de uma experiência imensa que não poderia ser descartada naquele momento. Depois do encontro, ambos trocaram vários e longos telefonemas.


22 de abril de 1961, na Casa Branca: com semblante sério, Kennedy recebe o ex-presidente Eisenhower para consultá-lo sobre a crise dos mísseis de Cuba (Foto: AP)

Na França, para ficar em mais um exemplo, todos os presidentes depois do general Charles de Gaulle (1959-1969), que não consultava ninguém, mantiveram reuniões com antecessores. Eram fatos corriqueiros, com resultados positivos para os interesses gerais do país.

Jacques Chirac, conservador, que devido a peculiaridades da Constituição francesa fora primeiro-ministro sob o presidente socialista François Mitterrand (1981-1995), reuniu-se várias vezes com ele durante sua própria presidência de dois mandatos (1995-2007).

Nicolas Sarkozy (presidente de 2007 a 2012), ex-ministro do Interior de Chirac, manteve linha direta com o antecessor até romperem politicamente.


 Chirac, presidente, conservador, com o antecessor, Mitterrand, socialista: reuniões e encontros corriqueiros e produtivos (Foto: AFP)

Na Espanha, chefes de governo de um lado e outro do espectro político não apenas se consultaram, mas adotaram posições conjuntas, especialmente na questão gravíssima do combate ao terrorismo da organização separatista basca ETA.

Nenhum deles, porém, ia receber ordens. No caso da presidente Dilma, a impressão que cada encontro com Lula transmite é exatamente essa, indesejável e humilhante: ela vai a Lula, escuta as opiniões de seu tutor e, sem que jamais se tenha sabido de uma única discrepância real, segue as diretrizes emitidas.

Vejam o que acaba de acontecer na Bahia, notem o título (“Dilma decide com Lula…”) da reportagem do Estadão.

26 de julho de 2013
 

DILMA DECIDE COM LULA NÃO MEXER NA GESTÃO

Após longa conversa com ex-presidente, ela pediu ajuda para conter o racha entre PT e PMDB e concluiu que não fará mudanças sob pressão


BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff não cortará nenhum dos 39 ministérios nem pretende mexer no primeiro escalão agora. Em conversa de três horas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira, em Salvador, Dilma mostrou preocupação com a queda de popularidade do governo, registrada após as manifestações de rua de junho, mas disse que não vai ceder, nesse momento, a pressões por mudanças na equipe.


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A portas fechadas houve muita reclamação sobre o comportamento do aliado PMDB e também do PT. Não foi só: Dilma pediu ajuda a Lula para “enquadrar” o PT, que, no seu diagnóstico, não está colaborando como deveria para defender o governo e o plebiscito da reforma política. Para a presidente, divisões na seara petista e o coro do “Volta Lula”prejudicam a governabilidade.

Embora os números da pesquisa CNI/Ibope só tenham sido divulgados ontem, Dilma e Lula sabiam na reunião que a rejeição aos políticos afetaria a avaliação não só da petista, mas também dos governadores. Apreensiva, a presidente chegou a perguntar a auxiliares qual seria a repercussão na mídia da má avaliação do governo, em meio à visita do papa Francisco ao Brasil.

O levantamento do Ibope mostra que o porcentual dos que consideram o governo Dilma “ótimo” ou bom” caiu de 55% para 31% em um período de um mês, após as manifestações de rua. Outros números indicam que a avaliação pessoal da presidente despencou de 71% para 45% e que metade dos entrevistados não confia nela.

Segundo o Estado apurou, Dilma e Lula expressaram contrariedade não só com o racha no PT, mas também com a atitude do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pregou publicamente o corte de ministérios como solução para a crise política. A avaliação reservada é a de que o PMDB quer “surfar” na onda dos protestos.

Cortes. A proposta de Alves prevê o corte de 14 dos 39 ministérios. Sem mencionar o número de pastas que deveriam ser extintas e ressalvando que a decisão é de Dilma, o vice-presidente Michel Temer considerou “razoável” a ideia de diminuir o tamanho da Esplanada.

Menos de uma semana depois, porém, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) afirmou que seu partido deveria entregar os cinco ministérios que ocupa (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Turismo e Secretaria da Aviação Civil) para dar o exemplo. “Há uma grande desfaçatez de líderes do PMDB, que exigem o enxugamento da máquina, mas não abrem mão de seus postos”, criticou o senador capixaba.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse que o corte linear de cargos não é solução. “Não é reduzindo ministério que se dá eficiência à máquina pública. É preciso saber para que cada ministério foi construído, e isso todos nós sabemos. Quando criamos a Secretaria para Mulheres, por exemplo, é porque sabíamos que era preciso ter foco no que foi abandonado ao longo da história”, argumentou o governador.

Wagner e o presidente do PT, Rui Falcão, participaram de um pedaço da reunião entre Lula e Dilma. O ex-presidente contou como foi sua conversa, no fim de junho, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível adversário de Dilma na disputa de 2014. Na avaliação de Lula, Campos só não lançou ainda a candidatura ao Planalto para não ficar com uma “flecha” sobre sua cabeça, sendo alvo de ataques.

Apesar das queixas recebidas nos últimos dias a respeito de problemas na articulação política e na comunicação do governo, Dilma avisou que não fará mudanças sob pressão. Na prática, ela não quer mostrar fragilidade num momento em que a própria base aliada está conflagrada. Lula apoiou a decisão.

Em conversas reservadas, porém, petistas próximos a Lula dizem que Dilma “passou do prazo” para promover uma reforma ministerial. Agora, a presidente planeja trocas na equipe no fim do ano ou até mesmo no início de 2014, pouco antes do prazo estipulado pela Lei Eleitoral para quem for candidato deixar o Executivo.

26 de julho de 2013
Vera Rosa e Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
COLABOROU RAFAEL MORAES MOURA