"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 14 de junho de 2013

ELES QUEREM SER OUVIDOS

A revista Veja publicou, edições atrás, um artigo mais extenso sobre os objetivos da Comissão da Verdade (?), principalmente mostrando as famílias que estão sendo esquecidas. Propositalmente.

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VINGANÇA É O OBJETIVO
 
A Comissão da Verdade completou um ano sem esclarecer nenhum dos casos a que se propôs e, ao pedir a revisão da Lei da Anistia, perpetua ódios que pertencem ao passado

A Comissão Nacional da Verdade foi instituída em maio de 2012 com um propósito claro: investigar o destino de 150 mortos e desaparecidos políticos no período da ditadura militar e dar às famílias o alento de ao menos saber como morreram e onde foram enterrados seus filhos, pais, maridos e mulheres.
 
“Ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu”, afirmou a presidente Dilma Rousseff no discurso de instalação da comissão. Um ano depois, o balanço dos trabalhos mostra que o grupo passou bem longe de suas metas.
 
Nesses primeiros doze meses de atuação, os sete membros da instituição tiveram acesso a mais de 20 milhões de páginas de documentos oficiais, provenientes de noventa órgãos diferentes. Tomaram pelo menos 300 horas de depoimentos de 268 pessoas — entre civis e militares, vítimas e torturadores.
 
* Peço perdão aos verdadeiros profissionais da prostituição, porque esses são mais honestos. Cobram o preço mas entregam o serviço.
 
14 de junho de 2013
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 (*) Fotomontagem: Atentado terrorista ao aeroporto de Guararapes (Recife) em 1966. Marca o início da violência

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE






14 de junho de 2013

O VAZIO DA FRUSTRAÇÃO


De quando em quando surpreendem-me cobranças de gente séria, amigos e companheiros de longa data, alguns até indignados com comentários de minha lavra, cáusticos para com o ex-presidente Fernando Henrique.

Afinal, durante longos anos admiramos a trajetória do Príncipe dos Sociólogos, personalidade que emergia dos porões da ditadura como esperança bem nascida para o Brasil  superar  os tempos bicudos e obscuros do pensamento único e do enquadramento de nossa sociedade nas jaulas do obscurantismo.

Afinal, de jovem participante da campanha do “Petróleo É Nosso” ao professor universitário que  contestava o modelo imposto pelo capitalismo  selvagem do chamado “Mundo Livre”, sem radicalismos, ele apontava novos rumos para o Terceiro Mundo. Nada de aventuras inspiradas pela justa indignação dos oprimidos de armas na mão, mas um roteiro social aberto à construção do  futuro comum onde a Humanidade prevaleceria sobre o egoísmo das elites ensandecidas pela loucura do lucro a qualquer custo.

Por conta de sua pregação igualitária, foi perseguido, obrigou-se a deixar o país, resistindo no Chile,  na Sorbonne e depois, antes mesmo da anistia, na cruzada pela redemocratização nacional.  Poucos se deram conta de sua enrustida metamorfose financiada pela Ford Foundation, mas nada havia de pecaminoso em dialogar com os contrários.

Mergulhando num oceano que não era o dele, deu a impressão de  buscar apoio no sindicalismo político das madrugadas nas portas das fabricas, junto com o emergente Lula, até tentando atropelar a unidade dos adversários unidos na contestação  ao regime militar. Lançou-se  candidato ao Senado contra a avalancha chamada Franco Montoro, coisa que entendemos.
 
Perdeu, mas encontrou a saída ao  ficar na primeira suplência,  sabendo que dois anos depois o cacique se elegeria governador de São Paulo e abriria espaço para a ascensão do índio emplumado.   Talvez já  tivesse mudado de ideologia, se algum dia teve alguma, mas enganou com maestria,    até apresentando projeto capaz de limitar as grandes fortunas.  Passaram a desconfiar dele luminares como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e o próprio Franco Montoro, mas os tempos ainda eram de união entre os contrários para o enfrentamento do inimigo comum.
 
Veio a democratização, depois a Assembléia Nacional Constituinte. Poucos notaram que o ego  suplantara o ideal das boas intenções.  FHC quis ser líder, relator-geral e o mais que pudesse projetá-lo cada vez sem maiores compromissos com projetos sociais  anteriores. Novamente derrotado nas pretensões, caminhava para candidatar-se a deputado, sem garantia de eleger-se.
 
Aceitou a sondagem do novo presidente da República, Fernando Collor, para encerrar   a carreira publica como ministro das Relações Exteriores. Seu partido, o recém criado PSDB, não deixou, com Mário Covas à frente, ameaçando expulsá-lo. Acomodou-se, até  que a  vida mostrou-se mais intrincada do que a ficção. Itamar Franco convidou-o para Chanceler, imaginando um fim de vida entre  recepções, jantares e viagens pelo mundo.
 
Nova reviravolta na roda da fortuna. Malogrando com dois ministros da Fazenda, obstinado em enfrentar a inflação, Itamar impôs a Fernando Henrique: ou aceitava liderar o combate ao dragão ou deixaria o governo.  Deu certo,  cercando-se de uma equipe mágica. Virou candidato à presidência da República pelo sucesso do Plano Real.
 
Retemperaram-se os  antigos admiradores. Abria-se a oportunidade da recuperação do tempo perdido. Afinal, ainda era a esperança bem nascida de o Brasil encontrar seu caminho para o socialismo democrático. Foi quando atingiu a todos com a deletéria frase do “esqueçam tudo o que  eu  escrevi”.  Não esquecemos. Só  ele  esqueceu, ao imprimir a mais trágica destruição das  estruturas nacionais. 
 
Suprimiu direitos sociais, escancarou a economia à sanha dos predadores   alienígenas. Destruiu boa parte da nova Constituição. Entregou tudo ao estrangeiro, desde o subsolo às garantias constitucionais  de nossa independência.  Distorceu as regras mais elementares do convívio político, impondo a própria reeleição e alterando as regras do jogo depois dele começado. Tornou-se o campeão do massacre da soberania  brasileira.
 
É essa explicação de porque seus  reais admiradores tornaram-se seus adversários. Não  há mais lugar capaz de preencher  o vazio da frustração.   Pior do que o inimigo tradicional é o ex-amigo. Assim estamos na curva final de nossos oitenta anos. Ele, pleno de soberba e jactância. Nós, sentindo-nos traídos pela dedicação tantas vezes expressa a alguém que nos enganou.

14 de junho de 2013
Carlos Chagas

VAI PARAR?

 

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Todo mundo perdeu, por aqui, a oportunidade de tirar lições da Turquia.
Os brasileiros em geral, até aqui excluídos apenas os homossexuais, a de que em se exigindo com veemência suficiente colhe-se o que quer que se queira da autoridade constituída, mesmo da mais surda e mais arrogante.

Dona Dilma a de que popularidade alta nas pesquisas não autoriza o governante a viajar na maionese, se agrandar e sair dizendo e fazendo o que bem entender como se todos os ouvidos que agride estivessem colados em cabeças de jumentos. Recep Edorgan tinha 73% de aprovação, tratou os turcos como idiotas e olha onde é que ele foi parar.

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Alkmin e Haddad a de que conforme a dose da pancadaria ela se transforma na razão suficiente para a próxima pancadaria. É o “efeito Oriente Médio”: rola uma espiral que ninguém se lembra onde começou e ninguém sabe onde vai parar…
Mas como para nós deus só escreve mesmo por linhas tortas, acabou valendo a forçada de barra dos partidecos da esquerda radical em cima daqueles 20 centavos pros quais ninguém, a começar por eles próprios, está ligando a mínima.
Os ventos da incompetência sopraram a brasinha deles e agora a fogueira acendeu.

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Como, neste país da roubalheira desenfreada, do tiro na cabeça ao vivo pela televisão, do doente chutado pro chão dos hospitais, das multidões empanturradas de carros mas sem estradas, da inflação comendo solta mas tratada como o sexo dos anjos, da mentira institucionalizada e da putaria sem limites dos políticos que não têm um minuto a perder com nada disso porque estão em imersão profunda no “agarre o que puder enquanto é tempo” todo mundo tem pelo menos 100 motivos pra chutar o balde, a moda tem tudo pra pegar.
O Brasil da Casa da Dilma Melhor pode ser que continue dormindo.
Mas a molecada urbana pós-impeachment, que frequenta a rede e carrega lá no fundo a má consciência da sua atitude bundona, parece que está achando que chegou a vez dela pular pra dentro da História.
E quando a fera acorda…

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AO LADO DE DILMA, LULA QUE A CANDIDATA É ELA. ACREDITE SE QUISER.


Deu no Yahoo

Ao mesmo tempo em que o ex-presidente Luiza Inácio Lula da Silva disse na noite desta quinta-feira ter confiança plena em Dilma Rousseff, a presidente fez questão de colar sua imagem a do companheiro de partido, a quem pretende estar ao lado “pelo resto da minha vida”. Diante das especulações de que seu nome se fortalecera para a próxima eleição por conta da queda na popularidade de Dilma, Lula fez questão de mostrar quem estará na disputa ano que vem:
- Eu não sou o candidato. Existe uma plena confiança entre nós dois, e a candidata é ela (Dilma) – disse Lula, para em seguida afirmar que a presidente não deveria se preocupar com o tema nos próximos meses.
- Você (Dilma) não tem que falar em reeleição, apenas governe. Quem tem que falar em reeleição somos nós, o partido – disse ele, durante o seminário “O Decênio que Mudou o Brasil”, promovido pelo PT em Curitiba.
Dilma, por sua vez, retribuiu os afagos:
- Compartilhamos oito anos. Ficarei com ele pelo resto da minha vida – disse ela, que aproveitou para alfinetar os adversários.
- Quem quer antecipar campanha eleitoral é quem está fora do poder – emendou.
Em seguida, Dilma retomou o discurso de viés econômico.

- Vamos fortalecer um novo ciclo de desenvolvimento, é isso que o governo faz todos os dias.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG

Até a convenção do PT, temos pela frente exatamente um ano de cinismo e de fingimentos, com Lula fazendo campanha para si, mas alegando que é para fortalecer Dilma, e ela fazendo de tudo para desmoralizá-lo nos bastidores e evitar que Lula seja candidato pelo PT, um processo que já está em curso e ganha força a cada dia. Parodiando o mestre Ataulfo Alves, em seu grande clássico “Pois É”, podemos dizer que “o cinismo nessa gente é uma arte”, pois literalmente vale tudo, quando é o poder que está em jogo.

 
14 de junho de 2013

ARMAÇÃO ILIMITADA

Fernando Haddad cumpre o script esquerdista, ameniza as críticas e convida baderneiros para reunião

Armação ilimitada – O degradante espetáculo político em que se transformou a onda de protestos protagonizados pelo Movimento Passe Livre, que depredou o patrimônio público e privado na cidade de São Paulo, ganhou mais um capítulo.

Depois de criticar o vandalismo dos manifestantes e garantir que não recuaria em relação ao valor da passagem de ônibus, o prefeito Fernando Haddad (PT) mudou de ideia e convidou integrantes do grupo para um encontro marcado para a próxima terça-feira (18).

Na verdade, os baderneiros do MPL participarão de reunião extraordinária do Conselho da Cidade, a quem terão de explicar as razões dos recentes protestos, ao mesmo tempo em que conhecerão a metodologia utilizada na composição da tarifa do transporte público.

Em um regime democrático, a sociedade se faz representar por meio do voto. São os eleitos os responsáveis pelas decisões que envolvem o ente público e a sociedade.
A decisão de Haddad de render-se à pressão de um bando de delinquentes é no mínimo um ato de irresponsabilidade, pois a quarta maior cidade do planeta não pode se tornar refém da anarquia, apenas porque um grupelho decide querer isso ou aquilo.

Essa decisão de Fernando Haddad faz parte da ópera bufa criada para o PT nos bastidores da baderna. Depois de muitas críticas aos destruidores do patrimônio público, o prefeito paulistano passou a adoçar o discurso, que nesta sexta-feira (14) passou a mirar os policiais militares que impediram que o estrago fosse maior na noite anterior.

O Estado Democrático de Direito se sustenta sobre os pilares da legalidade, o que vem sendo aviltado de forma incontestável pelos integrantes do movimento.
Não demorará muito para que a presidente Dilma Rousseff surja em cena com uma medida de redução tarifária para solucionar o imbróglio, que pode afetar sua campanha pela reeleição.
Qualquer possibilidade de diálogo só deveria ser anunciada depois de os manifestantes ressarcirem os prejuízos causados. Do contrário, a conta sobrará para todos os moradores da maior cidade brasileira.

O que aconteceu nas últimas quatro manifestações, que deveriam ser pacíficas, resulta de uma operação orquestrada e muito bem ensaiada, inclusive com a participação de integrantes da esquerda ligados ao PT. Só não enxerga o óbvio quem quer ou foi tomado por uma cegueira de conveniência.

14 de junho de 2013
ucho.info

EM SÃO PAULO MANTER A ORDEM É CRIME E DELIQUENTES VIRAM SANTOS DA NOITE PARA O DIA

 


O ucho.info não aderiu ao sensacionalismo barato que ora recai sobre o trágico e violento episódio que marcou a noite de quinta-feira (13) na maior cidade brasileira, São Paulo.

Apenas manteremos o direito de exercer o raciocínio lógico e coerente, como sempre fazemos e que pauta o nosso jornalismo, sem poupar os que cometeram erros ou defender ideologias de ocasião.

A esquerda brasileira é competente quando age nos bastidores para organizar seu marketing de guerrilha. E isso todos deve reconhecer sem qualquer lampejo de dúvida. O objetivo da operação já foi alcançado e a ordem a partir de agora é repercutir o resultado da operação.
A Polícia Militar cumpriu sua obrigação ao manter a ordem e proteger o patrimônio público, apesar de muitas depredações, e por isso pagará uma fatura que foi escrita com antecedência por delinquentes políticos de aluguel.

Em qualquer país minimamente sério a preservação do patrimônio e a manutenção da ordem seria motivo de aplausos por parte da população, mas nessa republiqueta comunista chamada Brasil, que desconhece o mais ínfimo significado de democracia, a PM será levada ao patíbulo da culpa, enquanto os criminosos serão incensados pela população incauta que já os rotula como pessoas de bem.

Não se trata de defender a violência e a truculência, mas, sim, de manutenção da ordem e respeito ao conjunto legal vigente. Uma sociedade organizada vive debaixo de regras e leis, não podendo, portanto, aceitar passivamente a instalação da anarquia pura e simplesmente.

Sempre ávida por uma manchete, a imprensa nacional, assim como a de qualquer parte do planeta, repercutirá o tema à exaustão até que surja um novo fato mais importante e novo. Até lá, a reação dos policiais diante da baderna instalada pelos pseudo-manifestantes será o cardápio midiático dos próximos dias.

Excessos ocorreram de ambos os lados, por isso uma análise parcial do caso é perigosa. Aquele que transgrediu, manifestante ou policial, deve ser submetido à dureza da lei. O que não se pode aceitar é que um grupo que usa a tarifa de transporte público como escudo ideológico deprede a cidade e viole o direito de ir e vir de qualquer cidadão.

Não se pode olhar o fato isoladamente apenas porque o assunto rende dividendos na imprensa. O problema é muito maior e mais complexo e merece a atenção de todos que estiverem dispostos a compreender a situação com visão macro.

As tarifas de transporte foram majoradas em São Paulo, assim como em muitas cidades brasileiras, porque a inflação voltou por incompetência inequívoca do governo federal. Como as empresas de ônibus não abrem as portas para funcionar como casa de caridade, alguém precisa pagar a conta do transporte público.
No caso dos ônibus urbanos, a prefeitura paulistana já arca com caro subsídio, pois do contrário a passagem custaria muito mais. Qualquer governante está sujeito à Lei de Responsabilidade Fiscal, o que significa que é ilegal, além de ilógico, gastar além do que se arrecada.

Os municípios brasileiros vivem debaixo de orçamento aprovado pelo Legislativo (assim acontece nas outras instâncias do Executivo). Aumentar o valor do subsídio significa tirar verbas de outras áreas onde a municipalidade precisa investir. Ou seja, de alguma forma a conta fica para o cidadão.

Quando o então presidente Lula ocupou a rede de rádio e televisão, no final de 2008, para pedir aos brasileiros que mantivessem o consumo em níveis elevados, como forma de minimizar os efeitos da crise internacional, o ucho.info alertou para a necessidade de se pensar o País de forma planejada, principalmente diante da iminência de tempos difíceis. À época, afirmamos que em vez de derramar milhares de carros novos nas grandes cidades, o correto seria, antes de qualquer ação estapafúrdia, investir na mobilidade urbana. Nada disso foi feito e o trânsito na cidade de São Paulo, por exemplo, tornou-se ainda mais caótico, a ponto de o motorista ficar feliz quanto o índice de congestionamento nos momentos de pico chega a 140 km.

Como se sabe, ônibus é movido a combustível, que custa dinheiro. Quanto maior é o congestionamento, maior é consumo de combustível. Isso significa que a conta, de uma forma ou outra, acabará no bolso do usuário. O que não se pode é exigir que as empresas trabalhem de graça. Da mesma forma que o transporte público seja franqueado, como exigem os baderneiros, pois os cofres municipais seriam sangrados anualmente em pelo menos R$ 6 bilhões. Como dinheiro ainda não nasce em árvore, algum setor da cidade ficaria capenga.

O aumento das tarifas de transporte foi adiado por seis meses a pedido da presidente Dilma Rousseff, preocupada com um descontrole ainda maior da inflação. Não por acaso, a presidente adotou nos últimos dias, após a deflagração da baderna, o discurso da inflação sob controle, pois sabia que a verdade surgiria na cena da bandalheira que tomou conta da capital paulista.

Tivessem as tarifas sido majoradas no começo do ano, quando a crise econômica era menor, possivelmente essas badernas não ocorreriam. No afã de colaborar para que a inflação não saísse do controle, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Fernando Haddad decidiram atender ao pedido da presidente. Sem considerar Haddad, que é um estafeta de plantão, Alckmin foi republicano, mas não se lembrou do jogo sujo que emoldura a trajetória do PT.

Como temos afirmado, R$ 0,20 é uma quantia irrisória para justificar uma baderna organizada por descontrolados jovens da classe média que embarcam na arruaça porque nesta fase da vida tal comportamento é rotulado como “politicamente correto”. Há quem diga que os protestos não são contra os vinte centavos, mas, sim, por um direito muito maior. Em questões de direitos, todos têm e devem ser respeitados por isso. Se o caso é protestar porque a economia está cambaleante, o endereço da baderna deve ser outro. Possivelmente a rampa do Palácio do Planalto é o local mais adequado.

Nas últimas horas surgiu a alegação de que o povo não mais suporta o status quo. Tese interessante, porém tardia, mas que não prevaleceu por ocasião do Mensalão do PT e do Rosegate.
Quando muito os indignados com esses dois escândalos de corrupção conseguiram reunir quinhentas pessoas na mesma Avenida Paulista, palco das badernas que têm o transporte público como pano de fundo.

É bom lembrar que R$ 0,20 é muito pouco em uma cidade como São Paulo, onde nem mesmo o mendigo aceito tal valor como esmola. De mais a mais, os trabalhadores têm vale-transporte, os estudantes pagam meia passagem e os aposentados usam o sistema de transporte gratuitamente.

Pois bem, alguém pode explicar quem está protestando? Apenas como balizamento, o salário mínimo deveria valer R$ 2,6 mil ou mais, porém a esquerda, que antes defendia o impossível, hoje acredita que R$ 678 é um descomunal favor de um governo que distribui renda. Até agora não se viu um indignado sequer protestando contra essa fortuna (sic) que é o salário mínimo na era do PT
Lula chegou ao poder como o salvador da humanidade, endossou vários escândalos de corrupção e promoveu uma vasta lambança na economia, mas até agora não foi incomodado por esses revoltosos indignados. Tudo muito bem, pois na ditadura socialista do PT coincidências existem.
 
Fato é que, sem qualquer nesga de necessidade, o governo petista devassou os cofres públicos para torrar R$ 20 bilhões na construção de estádios de futebol, alguns dos quais erguidos desde o primeiro tijolo na condição de “elefantes brancos”. Melhor seria investir essa fortuna em mobilidade urbana, educação, saúde, segurança… Mas não, o negócio é promover baderna, pois é necessária muita fumaça para que o Palácio dos Bandeirantes seja tomado de assalto por criminosos que se escondem sob a sigla de uma legenda.

14 de junho de 2013.
Editorial. Ucho.info
 

DILMA FALA EM "TERRORISMO INFORMATIVO" E "CONTO DO VIGÁRIO" PARA MENTIR SOBRE A INFLAÇÃO

 


Caso de hospício – Agarrada ao tudo ou nada para tentar garantir a reeleição, a neopetista Dilma Rousseff colocou na estrada a Caravana da Cidadania.
Depois de faltar com a verdade em Lisboa, Dilma voltou ao Brasil e mentiu em Brasília, mentiu em Curitiba e mentiu no Rio de Janeiro.
 
Nesta sexta-feira (14), no Rio de Janeiro, onde foi destilar algumas doses do populismo barato que marca o seu governo, assim como era com o antecessor, Dilma reforçou o compromisso do governo de manter a inflação sob controle e disse que o País está sendo vítima do terrorismo informativo.
 
“Críticas, todo mundo tem de ter a humildade de aceitar. Agora, terrorismo, não. Fazer estardalhaço e terrorismo informativo sobre a situação do Brasil, não. E eu vou dar um exemplo do que eu estou falando. Eu estou falando, por exemplo, se vocês lembrarem bem, que eles diziam que no Brasil ia ter racionamento no início deste ano. Agora, não falam mais nada, porque está claro não só que o Brasil tem energia suficiente, mas também que nós fomos capazes de reduzir a tarifa de energia”, afirmou a utópica Dilma Rousseff.
 
“Tem outra coisa que quero dizer sobre inflação: nós jamais deixaremos que a inflação volte a este país. Hoje, ela está sob controle,. Ontem, ela estava sob controle e continuará. Por isso peço quer não deem ouvidos para esses que jogam sempre no ‘quanto pior melhor”, completou.
 
Como sempre acontece quando o governo enfrenta dificuldades decorrentes da incompetência de seus integrantes, a culpa é da imprensa que, na opinião da presidente, faz alarmismo ao noticiar os fatos como realmente são. Dilma deveria se dar por feliz, pois parte da imprensa brasileira aceitada ser pautada por palacianos apenas para ter o direito de passar com regularidade no caixa do Palácio do Planalto.
 
Dilma deveria se envergonhar das afirmações que faz e assumir a de vez a paralisia de um governo que chafurda na vala da incompetência e da corrupção. O Brasil passa por sérias dificuldades porque a política econômica é equivocada e o governo resiste em mudá-la. Acusar a imprensa de “terrorismo informativo” é a forma mais simplista que um governante desqualificado encontra para justificar sua incompetência.
 
A presidente tem o direito constitucional da livre manifestação do pensamento, mas dizer que o retorno da inflação é “conto do vigário” é a prova cabal e definitiva da vigarice reinante em um governo que prefere não reconhecer o óbvio, como forma de manter o status quo. Na prateleira do supermercado não há espaço para “terrorismo informativo”, mas apenas e tão somente para o mais temido fantasma da economia, que ressurgiu em cena no vácuo da fanfarrice do lobista-fugitivo Lula.
 
O mercado financeiro olha o Brasil com desconfiança cada vez maior, não por causa do terrorismo informativo a que se referiu Dilma, mas porque o governo insiste usar contos do vigário para camuflar a dura realidade do cotidiano. A imprensa séria tem não apenas o direito, mas também e principalmente a obrigação de fazer uma análise isenta e sóbria da situação econômica do País, sob pena de em caso de omissão vestir a fantasia da cumplicidade, gostem ou não os golpistas que ora frequentam o Palácio do Planalto.

14 de junho de 2013
ucho.info

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Não é um caso de hospício. É esperteza, malandragem lulopetista. Ou "eu não sabia", ou "é mentira".
Mentir, mentir, mentir, mesmo contra todas as evidências. É uma técnica, cujo resultado sempre surpreende e convence aos mais desavisados, aos ingênuos. É a velha teoria de que uma mentira repetida muitas vezes, termina por se tornar uma verdade. E essa tem sido a prática do PT.
"Eu não sabia" equivale a mentir. Vivemos em uma república de mitômanos.
Quando conseguiremos instaurar a verdade?
m.americo

AIATOLÁ KHAMENEI APROVEITA ELEIÇÕES IRANIANAS PARA DESAFIAR OS EUA

 


Recado de sempre – Mais de 50 milhões de iranianos estavam aptos a votar no primeiro turno das eleições presidenciais, iniciado nesta sexta-feira (14). O pleito decidirá qual dos seis candidatos será o sucessor de Mahmoud Ahmadinejad, que após dois mandatos não pode mais se candidatar.

As autoridades eleitorais prometem os resultados para até 48 horas após o fechamento das urnas – os primeiros números devem sair neste sábado. Nestas eleições, também serão escolhidos os representantes municipais. Na abertura das urnas, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo da República Islâmica, aproveitou para alfinetar os Estados Unidos e urgiu os eleitores, como já fizera na quarta-feira, a votarem.

“Que vão para o inferno vocês que não acreditam em nossas eleições. Se a nação iraniana tivesse que esperar por vocês para ver no que vocês acreditam ou não, então ficaríamos para trás”, disse Khameni.

A declaração foi uma resposta ao secretário de Estado americano, John Kerry, que disse, no mês passado, que não esperava mudanças na política nuclear iraniana por ela ser controlada, justamente, por Khamenei.

“Alguns iranianos talvez não queiram o sistema islâmico, mas certamente querem apoiar seu país. Uma elevada taxa de participação vai preparar uma derrota dos inimigos do Irã e forçá-los a reduzir a pressão internacional”, disse Khamenei na quarta-feira (12) pelo Twitter.

As urnas abriram em todo o país às 8h (hora local). Regularmente, elas passarão dez horas abertas, mas no caso de alta participação eleitoral o período poderá ser estendido até a meia-noite (hora local). Se nenhum dos seis candidatos obtiver a maioria absoluta no primeiro turno, um segundo deverá ser realizado no próximo dia 21 de junho, para decidir entre os dois candidatos mais votados.

Candidato de Ahmadinejad de fora

Observadores políticos haviam previsto, inicialmente, um confronto entre as duas alas conservadoras em torno de Khamenei e Ahmadinejad. Após a desqualificação do aliado de Ahmadinejad, Esfandiar Rahim Mashaei, a ala do atual presidente ficou sem candidato.

A esperança dos reformadores era o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, que foi rejeitado como candidato pelo conservador Conselho dos Guardiões. Rafsanjani passou então a apoiar a candidatura do clérigo moderado Hassan Rowhani. Também o ex-presidente Mohammad Khatami e a grande organização reformista Frente de Participação do Irã Islâmico declararam apoio a Rowhani.

Milhares de apoiadores compareceram aos comícios de Rowhani. Muitos deles usavam roxo, que parece estar substituindo o verde como cor dominante do movimento de oposição do Irã nestes dias.

O lema, porém, continua sendo o mesmo: abertura política e a libertação de oposicionistas e ativistas.
“A mobilização eleitoral veio, provavelmente, muito tarde e uma recomendação de Khatami e Rafsanjani não significa que a população vai apoiar em massa o apelo deles”, avalia o jornalista Morteza Kazemian.

Temores de fraude

Segundo analistas políticos, Khamenei busca um candidato que seja mais sumisso às suas ordens. Pelo lado conservador, de acordo com as pesquisas eleitorais, quem tem as melhores chances para chegar ao segundo turno no dia 21 de junho é o prefeito de Teerã, Mohammad Baqer Qalibaf.
O atual negociador-chefe para a questão nuclear, Said Jalili, e Ali Akbar Velayati, assessor de Khamenei, também possuem chances reais.

“Somente se os conservadores chegarem a um consenso no último momento sobre um candidato, um segundo turno poderá ser evitado”, diz o analista político Abbas Abdi, que aposta numa disputa entre Rowhani e Qalibaf em 21 de junho. “Nenhum dos candidatos possui o perfil necessário para alcançar uma maioria absoluta no primeiro turno eleitoral.”

Kazemian também aposta num segundo turno entre Rowhani e Qalibaf – isso, lembra o jornalista, se não houver fraude eleitoral.

“Se Velayati ou Jalili conseguirem chegar ao segundo turno no lugar de Rowhani, presume-se que um desses dois seja o candidato predileto de Khamenei”, opina. (DW)

14 de junho de 2013
ucho.info

O ESTRANHO MUNDO DE CLARINHA

                        
          Artigos - Aborto        

Gilbert Keith Chesterton – velho Ches para os íntimos –, grande pensador inglês do começo do século XX, disse: “O mundo moderno está mais louco do que qualquer sátira que dele se faça.” Isso pode ser prontamente reconhecido quando se realiza, por exemplo, uma comparação entre os filmes hollywoodianos mais imbecis e algumas notícias que vez ou outra saltam aos olhos em jornais e revistas. O uso da razão, o raciocínio bem estruturado e, acima de tudo, o bom senso são coisas tidas como um conjunto démodé de hábitos e inclinações do homem. O que importa mesmo é vencer e convencer.

Um exemplo bastante ilustrativo disso é
o exercício de ius sperneandi da escritora Clara Averbuck em seu blog a respeito da aprovação do Estatuto do Nascituro pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Efetivamente, não existe problema nenhum em que qualquer pessoa exerça seu direito de achar ruim alguma decisão política – eu faço isso todos os dias –, mas considero essencial fazer de maneira honesta e bem embasada. E disso, efetivamente, Clara Averbuck passa longe.

Vejamos alguns exemplos:

Nunca ouviu falar do Estatuto do Nascituro? Basicamente é o seguinte: um ÓVULO FECUNDADO vai ter os mesmos direitos que eu, que a sua mãe, que a sua irmã e que a minha filha e todas as outras mulheres do Brasil.

Mentira. Um embrião – ao qual a escritora se refere meramente como “óvulo fecundado” – não terá exatamente os mesmos direitos que uma pessoa já nascida. Estabelece o artigo 3º do Estatuto do Nascituro que, apesar de ter reconhecida sua natureza humana desde a concepção, o “nascituro adquire personalidade jurídica ao nascer com vida”. Para o olho destreinado (ou pouco afeito à verdade), isso pode parecer um mero detalhe, mas não é. O objetivo do Estatuto do Nascituro é protegê-lo “de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” (art. 5º) ao reconhecer que sua natureza humana advém da concepção e que, portanto, um embrião já é um ser humano.

Se a mãe correr risco de vida e precisar de um tratamento que coloque em perigo a vida do feto, ela será proibida de se tratar.

Mentira. Não há nenhum dispositivo no Estatuto do Nascituro que disponha sobre isso. O estatuto prevê a possibilidade de se processar alguém pela morte culposa do nascituro, algo que deverá ser avaliado cuidadosamente no caso concreto. Não existe qualquer dispositivo vinculante que estabeleça proibição a tratamentos médicos para a mãe que possam colocar a vida do nascituro em risco.

Ao longo de seus comentários a alguns artigos pinçados do Estatuto do Nascituro, o comentário mais recorrente da escritora é: “a mãe que se foda” [sic]. É como se o estatuto procurasse simplesmente proteger o nascituro sem se importar com as condições concretas em que isso se daria. Isso é uma impressão completamente equivocada.

Em casos de gravidez advinda de estupro, por exemplo, o estatuto estabelece “direito prioritário à assistência pré-natal, com acompanhamento psicológico da gestante” (art. 13, I) e “direito prioritário à adoção, caso a mãe não queira assumir a criança após o nascimento” (art. 13, III). Pode-se perfeitamente argumentar que a realidade para a efetivação desses direitos seria bastante difícil, como a própria Clara Averbuck eventualmente faz, mas não se pode daí depreender que a lei deixa a mãe desassistida. Afinal, a própria lei lhe concede atendimento prioritário.

Além disso tudo, a afirmação da escritora sobre a motivação do estatuto é completamente deturpada:

E isso é baseado em que, mesmo? 

Crenças. Crenças de que DEUS mandou essa vida. Gente, olha só, eu sou atéia, eu não tenho DEUS ALGUM. Se você tem um deus e ele não quer que você aborte, apenas NÃO ABORTE. Mas tire as suas idéias, as suas crenças e essa violência toda do corpo das outras mulheres. Das mulheres. De todas as mulheres.

Mentira, mais uma vez. A concretude da natureza humana do nascituro não se infere exclusivamente de uma concepção religiosa – mais especificamente cristã – do homem, mas do uso da mera razão humana. Não fosse assim, o aborto não seria visto com maus olhos desde a Grécia antiga, como podemos supor a partir do Juramento de Hipócrates (“... não darei a nenhuma mulher substância abortiva”). Além disso, uma grande quantidade de cientistas, anônimos ou renomados (como o geneticista francês Jérôme Lejeune, que descobriu na trissomia do cromossomo 21 a causa da Síndrome de Down), defende que a vida humana começa a partir da concepção.

Mas qual é mesmo, no fundo, a razão da revolta com as iniciativas para restringir o aborto? Em que se baseia essa defesa tão grave, tão zelosa dos “direitos reprodutivos” da mulher à revelia do destino da criança por nascer? Clara Averbuck deixa entrever o grave motivo (grifos meus):


Se a mãe correr risco de vida e precisar de um tratamento que coloque em perigo a vida do feto, ela será proibida de se tratar. Afinal, a vida de um amontoado de células que ainda não nasceu, não tem personalidade, não tem consciência, é evidentemente mais importante do que a de uma mulher formada.

O que há aqui é uma profunda e desumana incapacidade de enxergar num ser humano em desenvolvimento a sua natureza humana em virtude de sua parecença com o que é tido como um ser humano pleno. E o que define um ser humano pleno? Nascer, ter personalidade e ter consciência. Como falta ao nascituro as três coisas, ele não pode ser considerado um ser humano.
No entanto, seguindo esse mesmo raciocínio de maneira coerente, podemos igualmente alegar que uma pessoa em estado vegetativo também não é um ser humano – afinal, faltam-lhe a consciência e a personalidade –, ou uma pessoa em estágio avançado de mal de Alzheimer, ou uma criança que sofra de anencefalia. Aliás, neste caso, a pesquisadora Débora Diniz, uma das mais intrépidas amazonas pelo “direito” de abortar, esmiúça melhor o raciocínio que motiva o aborto ao escrever (grifos meus):

A ausência dos hemisférios cerebrais, ou no linguajar comum ‘a ausência de cérebro’, torna o feto anencéfalo a representação do subumano por excelência. Os subumanos são aqueles que, segundo o sentido dicionarizado do termo, se encontram aquém do nível do humano. Ou, como prefere Jacquard (6), aqueles não aptos a compartilharem da ‘humanitude’, a cultura dos seres humanos. Os fetos anencéfalos são, assim, alguns dentre os subumanos - os que não atingiram o patamar mínimo de desenvolvimento biológico exigido para a entrada na humanitude - aos quais a discussão da ISG [interrupção seletiva de gravidez] vem ao encontro.

Um exemplo histórico pode ser posto em paralelo a esse sentimento de “humanitude”: o programa Aktion T4. Em setembro de 1939, o Dr. Karl Brandt, médico pessoal do então chanceler alemão, Adolf Hitler, implementou, com entusiástico apoio do Führer, um programa que visava à eliminação daqueles que, em virtude de sua condição física ou psíquica – idosos, doentes graves, deficientes físicos e mentais –, eram considerados socialmente inaptos a viver e, portanto, subumanos. Até o ano de 1941, mais de 70 mil pessoas foram executadas através do programa Aktion T4.
Em agosto daquele ano, o programa foi publicamente denunciado pelo então bispo de Münster, Clemens August von Galen. Apesar de publicamente desativado, o programa continuou ativo secretamente. Estima-se que 245 mil pessoas tenham sido mortas em virtude do programa Aktion T4.

O mesmo raciocínio que subsidiou esse bem-sucedido programa de assassinato de incapazes na Alemanha subjaz no raciocínio apresentado pela escritora Clara Averbuck – desta vez, não como programa discricionário de um governo totalitário, mas travestido de opção individual plenamente legítima que deve contar com permissão e suporte do Estado.

A incapacidade de enxergar a natureza humana de um embrião é essencialmente igual à incapacidade de enxergar a natureza humana em uma pessoa em estado vegetativo. Apesar de se saber que o nascituro possui uma formação genética distinta da mãe e que a continuidade da gestação gera um ser vivo com funções e formas humanas, ele pode ser abortado porque é tão-somente um “amontoado de células” que não nasceu. Na melhor das hipóteses, isso faz dele um parasita que pode ser eliminado sem maior peso na consciência.

Diante da realidade nua e crua, todos os subterfúgios possíveis e imagináveis podem ser criados. No entanto, ao fim e ao cabo, continuam ecoando aquelas sábias palavras do velho Ches que usei no começo do texto. Quando um ser humano incapaz de se defender a si próprio, com um universo de possibilidades e potencialidades diante de si, é tratado como algo eliminável, chega-se à conclusão que, de fato, o mundo moderno está mais louco do que qualquer sátira que dele se faça.

 
14 de junho de 2013
Felipe Melo

TOCQUEVILLE, A DEMOCRACIA E O INDIVIDUALISMO


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tocquevilleAs associações propiciam a aparição daquilo a que Tocqueville chama de liberdade superior que era característica da aristocracia anterior às revoluções burguesas – uma liberdade para fazer grandes coisas e que repudie qualquer tipo de servidão.

«Sabedores os trezentos, ou quem os dirige, que a civilização europeia, pelos seus fundamentos gregos, é radicalmente individualista; que a civilização moderna é, de per si individualista também, pois que avançou para além da fase corporativista que é característica do início de todas as civilizações e do seu estado semi-bárbaro, viram bem que, convertendo em anti-individualista e corporativista o novo monarquismo, conseguiam um triplo resultado, de três modos servidor dos seus fins: nulificar a acção futura profunda desse monarquismo desadaptando-o do individualismo fundamental da nossa civilização; pô-lo em conflito com o individualismo moderno, nascido do progresso das nações e da multiplicação de entre-relações e culturas; atirar com ele contra os princípios helénicos e clássicos.»
Fernando Pessoa, o grupo dos 300 e a sua influência cultural na Europa

Quem ler atentamente meu blog verificará nele uma forte influência ideológica de Tocqueville. Eu sou um “tocquevilliano”, entre outras razões porque Alexis de Tocqueville é hoje muito atual face ao “despotismo democrático” em que vivemos.


Um outro elemento que contraria o “despotismo democrático”, para além das associações, é o Rei. O Rei e as associações de cidadãos livres podem, até certo ponto, sarar as feridas da liberdade, abertas pela erradicação democrática da aristocracia.

O texto de Fernando Pessoa supracitado reflete o problema central da política, que é a relação entre o indivíduo e a sociedade. Em algumas religiões políticas prevalece o interesse do indivíduo sobre a sociedade e noutras a sociedade sobre o indivíduo. E depois, há nuances entre estes dois extremos, mais ou menos legítimas, mais ou menos falaciosas.

Alguns liberais contemporâneos dizem que Tocqueville era liberal. Nada mais errado. Tocqueville dizia de si mesmo que era “um liberal de uma nova espécie”, e era “demasiado nobre no coração e demasiadamente democrata na razão para poder ser burguês” (1).
Ora, um liberal só pode ser burguês, individualista por natureza e essência, que Tocqueville criticou. A crítica de Tocqueville à democracia, ou melhor, a sua crítica à “apatia democrática” e à “patologia da democracia” (para usar expressões de Tocqueville) é dupla:
por um lado, é uma crítica à república tal qual existe hoje, por exemplo, em Portugal: uma república que aprisiona a sociedade civil por intermédio do Estado.
E, por outro lado, é uma crítica da apatia individualista característica do burguês liberal, e do abandono das virtudes públicas. Por outras palavras, se Tocqueville fosse vivo criticaria as atuais esquerda (estatista) e direita (burguesa e individualista) portuguesas.

Portugal é hoje um país onde “já não se escreve tragédia e poesia” (seguem-se, entre aspas e/ou em itálico, citações de Tocqueville), onde as pessoas já não se preocupam nem com a metafísica e com a filosofia em geral, nem com a teologia, que transformam a arte em puros actos de subjectivismo egoísta e narcísico, em que a língua empobrece através de um Acordo Ortográfico imposto pelo Brasil a fim de se colocar a língua ao serviço da indústria e do comércio, em que o espírito do cidadão já não se preocupa senão com o utilitarismo e com o finito. Esta sociedade portuguesa encontra-se à beira de se aniquilar em uma “imobilidade chinesa” e perder a “coragem moral” e “o orgulho ligado à independência”.

A partir do momento em que a modernidade (neste caso, a portuguesa) perseguiu a nobreza aristocrática que fundou Portugal, “fez-se à liberdade uma ferida que nunca sarará”.
A sociedade regride quando “a ambição de enriquecer a todo o custo, o gosto pelos negócios, o amor do ganho, a busca do bem-estar e dos gozos materiais” se tornam em paixões dominantes que degradam a nação inteira. O diagnóstico de Tocqueville está hoje à vista de quem quiser ver, com a degradação ética, moral e cultural das nações ocidentais.

Perante a dicotomia do estatismo republicano, por um lado, e da apatia democrática protagonizada por uma burguesia acéfala que implanta na sociedade uma anomia patológica, por outro lado, Tocqueville propõe a introdução e valoração, no sistema democrático, de uma espécie de componente não-democrática: a associação da sociedade civil. A associação proposta por Tocqueville não é uma corporação à moda do corporativismo medieval ou do corporativismo fascista: antes, é uma nova componente anti-sistema democrático burguês e/ou estatista.
As associações naturais são, em si mesmas, um princípio não-democrático.
“Creio firmemente que não será possível fundar novamente, no mundo, uma aristocracia; mas penso que os simples cidadãos, associando-se, podem constituir-se como seres muito opulentos, muito influentes, muito fortes, numa palavra, pessoas aristocráticas” — (Da Democracia na América, volume II).
As associações, segundo Tocqueville, são elementos aristocráticos, e por isso, não-democráticos, que escapam ao controle do Estado democrático e da acefalia burguesa. A nova aristocracia, da modernidade, são as associações de cidadãos livres, em grande parte independentes do Poder do Estado e do Poder da plutocracia. As associações criam vínculos entre os homens que impedem a absorção da sociedade pelo Estado e a instalação do “despotismo democrático”.
As associações propiciam a aparição daquilo a que Tocqueville chama de “liberdade superior” que era característica da aristocracia anterior às revoluções burguesas – uma liberdade para fazer grandes coisas e que repudie qualquer tipo de servidão.

Um outro elemento que contraria o “despotismo democrático”, para além das associações, é o Rei. O Rei e as associações de cidadãos livres podem, até certo ponto, sarar as feridas da liberdade, abertas pela erradicação democrática da aristocracia.


Nota:

(1) “Tocqueville et les deux démocraties”, Lamberti, 1983

14 de junho de 2013
Orlando Braga

REFERENDUM URUGUAIO: UM "SÁBIO" PRÓ-ABORTO E ANTI-VIDA?

           
          Artigos - Aborto 
Em que pese desilusões e orfandades, os uruguaios anti-abortistas e pró-vida estão dando um exemplo de coragem e de fé ao mundo inteiro, defendendo a vida do ser humano desde o momento da concepção.

1. No domingo 23 de junho os uruguaios participarão de uma consulta popular para decidir se convoca-se um referendum para derrogar a lei do aborto promulgada pelo presidente José Mujica em 23 de outubro de 2012, uma das mais radicais da América Latina junto com a de Cuba e Guiana. 


2. A louvável iniciativa da consulta popular anti-aborto partiu do deputado Pablo Abdala que, com a colaboração de outros legisladores e de movimentos pró-vida, conseguiu as 50 mil assinaturas requeridas pela Corte Eleitoral. A participação na consulta de 23 de junho não é obrigatória, e a legislação requer a participação de 25% do padrão eleitoral, uns 650 mil votantes, para que a Corte Eleitoral dê mais um passo e convoque um referendum para derrogar a lei, que se levaria a cabo em meados de outubro.

3. Em 14 de novembro de 2008, uma lei similar à do aborto havia sido vetada pelo então presidente, o médico Tabaré Vázquez. Em mensagem de 15 pontos à Assembléia Geral, o Dr. Vázquez afirmava que nenhuma lei “pode desconhecer a realidade da existência de vida humana em sua etapa de gestação, tal como de maneira evidente a ciência o revela”. Dava o exemplo de novos descobrimentos biológicos que confirmam que “desde o momento da concepção há ali uma uma vida humana nova, um novo ser”. Afirmava que os tratados internacionais assinados pelo Uruguai obrigam o país a “proteger a vida do ser humano desde sua concepção”, e aos que alegam os problemas sócio-econômicos para justificar o aborto, indicava que “é necessário salvar os dois”, a mãe e o filho, rodeando “a mulher desamparada da indispensável proteção solidária, em vez de lhe facilitar o aborto”.

4. Em 7 de maio pp., a Universidade de Montevidéu lançou o livro “Veto ao aborto”, no qual quinze catedráticos e investigadores fundamentam as 15 teses do ex-presidente Vázquez do ponto de vista jurídico, filosófico, científico e médico, e oferece o livro de 232 páginas, em formato pdf, que se pode obter através deste link: http://www.um.edu.uy/docs/veto_al_aborto.pdf.

5. Em 01 de junho pp., em giro pela Europa, o presidente Mujica participou do programa “Los Desayunos de Televisión Española”. Mujica aproveitou a ocasião para defender a radical lei do aborto que ele mesmo se encarregou de promulgar. Tentou se auto-absolver dizendo que era contra o aborto, porém justificou o crime alegando os problemas sócio-econômicos das mães, um argumento que já havia sido refutado por seu antecessor, o Dr. Vázquez, quando deixou claro que a solução não é matar o filho para salvar a mãe, mas ajudar a mãe para que se salvem os dois.

6. Poucas horas depois, Mujica foi recebido no Vaticano pelo Papa Francisco, com mostras de cordialidade e amizade. Na entrevista, a mais longa concedida pelo atual pontífice a um mandatário, Francisco disse a Mujica que estava “encantado” com a visita e lhe deu um caloroso abraço. Em coletiva de imprensa, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, chegou a dizer que o pontífice se encontrava “muito contente de haver se reunido com um homem sábio”. A versão do padre Lombardi ganhou manchetes no mundo inteiro, ao tempo em que provocou perplexidade e dor em inumeráveis anti-abortistas que se perguntaram como um presidente pró-aborto e anti-vida poderia ser qualificado de “sábio” por tão alta autoridade espiritual. Tampouco passou despercebida a constatação de que, no comunicado oficial da Santa Sé sobre o encontro, e a poucos dias da consulta popular no Uruguai, não houve nenhuma referência à defesa da vida (“Audiencia al presidente de Uruguay”, Vatican Information Service - VIS, 01 de junho de 2013).

7. Em que pese desilusões e orfandades, os uruguaios anti-abortistas e pró-vida estão dando um exemplo de coragem e de fé ao mundo inteiro, defendendo a vida do ser humano desde o momento da concepção, e seguindo o exemplo de São Paulo: “Esperando contra toda a esperança”.


- Editorial anterior sobre o Uruguai: “Desconstrucción a la uruguaya”: mujiquismo, tubo de ensaio e grumos (06 de janeiro de 2013) http://www.cubdest.org/1306/c1301uruguaymarihua.html

Destaque Internacional -
Ano XV - nº 378 - 10 de junho de 2013. Editorial interativo. Responsável: Javier González. São bem-vindas sugestões, opiniões e críticas. E-mail de contato: destaque2016@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. . 
 
14 de junho de 2013
Escrito por Cubdest
Tradução: Graça Salgueiro

E O QUERIDINHO DA CANALHA, AQUELE QUE LÊ HOJE OS JORNAIS DE 2015

Império de dívidas. Grupo X já deve mais do que vale
 
O império de negócios criado ao longo de mais de uma década pelo empresário Eike Batista, de 56 anos, que abrange desde o ramo de petróleo e mineração até o mercado de entretenimento, está ameaçado por uma crise de credibilidade que vem contaminando os resultados das companhias do grupo com ações negociadas na Bolsa (OGX, OSX, LLX, MPX, MMX e CCX).

Além de perderem R$ 86 bilhões em valor de mercado desde outubro de 2010, quando viveram seu apogeu na Bolsa, o patrimônio líquido dessas seis empresas X - letra com a qual Eike batiza seus negócios - é insuficiente para cobrir o que as mesmas empresas devem "na praça".

Ou seja, numa situação extrema de falta de crédito no mercado, mesmo se o empresário vendesse por completo suas seis companhias pelo valor do patrimônio, que hoje soma R$ 18 bilhões, o dinheiro recebido seria insuficiente para cobrir as dívidas de R$ 18,8 bilhões com investidores, bancos privados e públicos.

Somente o BNDES concedeu R$ 10 bilhões ao empresário, sendo que, neste caso, uma parte já foi paga.

- Em empresas pré-operacionais, como as do Eike, endividamento alto é comum. Não quer dizer, no entanto, que esteja tudo bem. Ter dívidas altas não é um problema para empresas que têm uma geração de caixa e lucro constantes. Como não é o caso (das empresas do grupo de Eike), acho que elas não poderiam se dar a esse luxo - explica Hersz Ferman, economista da Elite Corretora.

Entre 2006 - quando a MMX lançou ações, a primeira empresa do grupo a abrir capital - e o fim do primeiro trimestre deste ano - e o primeiro trimestre deste ano, as seis companhias acumulam prejuízo de R$ 6 bilhões.

Ontem, numa tentativa de aliviar as preocupações do mercado com o endividamento de suas empresas, Eike anunciou a conclusão da reestruturação da dívida do grupo EBX, holding que controla todas as companhias. Num comunicado assinado pelo próprio Eike, o que não é comum no mercado financeiro, o empresário garantiu que restaram "somente dívidas com vencimento de longo prazo".

Em nota, disse ainda que não pretende mais vender ações da OGX, como ocorreu no mês passado para ajudar a reestruturar a dívida.

De bom vendedor a imagem de risco
Segundo Rogério Freitas, da Teórica Investimentos, a única maneira do grupo retomar a confiança do mercado é fazer com o que Eike saia da frente dos negócios. - É uma pessoa só à frente de vários projetos grandes demais, que exigem investimentos grandes demais. O próprio Eike, no passado, guiou o mercado para uma visão superestimada do grupo. Ele soube vender bem os próprios negócios, como muitos bons empresários. Mas, agora, chegou-se a um ponto em que as ações das empresas são contaminadas por ele próprio. Ele tem que sair - afirma Freitas.

A recente parceria com André Esteves, fundador do BTG Pactual chamado para ajudar na gestão dos negócios, foi vista como uma tentativa de recuperar a credibilidade. Ontem, após o fechamento dos mercados, a MPX informou ainda que fechou um contrato financeiro de R$ 100 milhões com o BTG Pactual. Um analista identificou a operação como um empréstimo do banco à empresa.
Segundo informações no mercado, o empresário começa agora a se desfazer de parte de projetos, como o Hotel Glória, o restaurante Mr. Lam, além de ter já perdido o projeto de revitalização da Marina da Glória. O grupo nega que o Mr. Lam esteja à venda.
O tsunami que varreu as empresas de Eike, por muito tempo considerado queridinho do mercado, começou há um ano. No dia 27 de junho, a OGX, empresa de petróleo do grupo, divulgou ao mercado que a capacidade de produção de dois de seus poços no campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, seria de apenas 5 mil barris diários cada, e não mais 20 mil como se previa anteriormente.

Mais do que uma simples revisão de cenário, a notícia foi recebida como uma quebra de confiança pelo mercado. Muitos dos investidores que aplicaram nas ações das empresas de Eike, em oferta públicas badaladas na Bolsa, começaram a se perguntar se o empresário realmente seria capaz de transformar seus projetos em resultados de fato.

- A confiança por parte dos investidores está abalada. A empresa (OGX) tem problema de caixa e precisa rever sua estratégia. A produção ainda está muito abaixo do esperado, e com isso acaba abalando as outras empresas do grupo EBX - destacou Luis Gustavo Pereira, estrategista da Futura Corretora.

De lá para cá, as seis empresas X negociadas na Bolsa viram seu valor de mercado cair de quase R$ 100 bilhões, em novembro de 2010, para R$ 12 bilhões, ontem. O próprio Eike Bastista, que se tornou uma celebridade do mundo dos negócios ao ser apontado como o oitavo homem mais rico do mundo pela revista Forbes, viu o sua fortuna pessoal encolher de US$ 34,5 bilhões para US$ 5,8 bilhões, segundo a agência Bloomberg News.

Para tentar conter o derretimento de seus negócios, Eike demitiu seus principais executivos ao longo dos últimos anos. E buscou até estratégias menos ortodoxas, como a de uma consultora esotérica, que recomendou inverter o sentido em que o sol rodava na logomarca da EBX, o que foi feito mês passado.

Ainda sim, a produção de petróleo da OGX vem caindo mês a mes desde janeiro. Em maio, foi de 6,8 mil barris por dia. Um analista, que prefere não se identificar, diz que com os resultados exploratórios da OGX ruins e caixa baixo, "está ficando difícil Eike encontrar um parceiro estratégico, um investidor para o grupo".

Na OSX, de construção naval, houve uma onda de demissões após a redução nas encomendas da OGX. Entre março e maio deste ano, foram dispensados 1.480 funcionários da Acciona, empresa contratada pelo estaleiro, segundo José Carlos Eulálio, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e do Mobiliário no Estado do Rio de Janeiro (Sticoncimo-RJ). A OSX faz parte do porto do Açu, da LLX, que conta com 5,8 mil funcionários.


Ação da ogx foi negociada por menos de R$ 1

Com menos encomendas, a OSX vem passando por uma redução a ponto de sido obrigada a cancelar a construção de 11 navios-tanque da britânica Kingfish, em contrato conquistado em março do ano passado. A companhia ainda pediu a suspensão, em abril deste ano, do contrato com o Senai para a formação de 3.100 pessoas para trabalhar no Açu. "O cronograma dos novos cursos está sendo adequado às atuais circunstâncias".
Ontem, a MPX, de energia, informou que a sua sócia a alemã E.ON, que tem 24,5% das ações, indicou Frank Possmeier como novo vice-presidente da empresa. Além disso, a companhia afirmou que quatro dos sete diretores foram destituídos.

A holding EBX, por sua vez, já havia extinguido a sua diretoria de Sustentabilidade.


Ontem, as ações OGX ON foram negociadas abaixo de R$ 1 pela primeira vez na história, mas fecharam cotadas acima disso, a R$ 1,05, em leve alta de R$ 1%. Neste ano, essas ações registram baixa de 76%.

Já os papéis da CCX ON subiram 16,74%, a R$ 2,86, recuperando-se do tombo do dia anterior, com rumores de que adiaria seu fechamento de capital. LLX teve leve alta de 0,80%, MPX de 2,17% e MMX de 6,80%


O Globo
14 de junho de 2013

O SHOWROOM DO OTIMISMO

A fórmula é mais velha do que o Velho do Restelo. Quando as coisas vão mal e não há intenção efetiva, muito menos competência para endireitá-las, resta o surrado truque de fazer uma bondade para jogar areia nos olhos dos descontentes e fazer uma maldade para jogar nas costas alheias a culpa pelo descontentamento. Esses foram os movimentos que o preparador político da presidente Dilma Rousseff, o marqueteiro João Santana - o 40.º ministro do atual governo, como é chamado por quem sabe de sua importância junto à titular do Planalto -, a orientou a seguir para reerguer a popularidade abalada.
Nisso, ela foi rápida. Três dias depois da publicação da pesquisa do Datafolha segundo a qual o nível de aprovação do governo caiu inéditos 8 pontos porcentuais e o favoritismo de Dilma para 2014 ficou 7 pontos menor, a presidente já estava a postos para lançar o eleitoreiro programa Minha Casa Melhor. Trata-se da linha de crédito oferecida aos beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, à razão de R$ 5 mil por família, para a compra de móveis e eletrodomésticos. Os juros foram fixados em 5% ao ano. O prazo para a quitação do empréstimo será de 48 meses. Para atender a cerca de 3,4 milhões de famílias, o Tesouro deverá desembolsar R$ 18,7 bilhões, com impacto óbvio sobre as contas públicas.
Montado em palácio o showroom do otimismo, conforme o roteiro traçado pelo marqueteiro da casa, Dilma deu especial atenção às mulheres - a parcela da população que se revelou, como seria de esperar, a mais insatisfeita com o governo por causa da carestia com que se defronta nas gôndolas do supermercado e nas barracas da feira. Caprichando no coloquial, a presidente celebrou a substituição do tanquinho, "que usa a energia braçal das mulheres", pela "máquina de lavar roupa automática". A troca, vai sem dizer, melhora a qualidade de vida das donas de casa. Mais difícil é explicar como isso pode poupá-las do desgastante encontro cotidiano com os preços remarcados.
A experiência própria é que lhes dirá - e a todos os brasileiros - de que valem as enfáticas juras da presidente sobre os rumos do custo de vida. "Não há a menor hipótese de que o meu governo não tenha uma política de controle e combate à inflação", entoou. E caso alguém não tenha prestado atenção, repetiu: "Não há a menor hipótese". Só que o ponto não é bem esse. A realidade - e aí já não se trata de hipóteses - é que aquilo que ela entende por política anti-inflacionária até agora tem sido incapaz de acuar o dragão. O Banco Central aumentou os juros, mas o descompasso entre o que deveria sair e o muito mais que sai dos cofres federais é um breve contra a estabilização dos preços.
Mas, evidentemente, Dilma estava ali para levantar o astral dos pessimistas com a evolução de seus rendimentos e as perspectivas do mercado de trabalho - uma coisa e outra captadas pelas recentes sondagens de opinião - e não para falar honestamente dos problemas e temores do povo.
Nessa hora é que entram em cena, no papel de inimigos do País, os críticos do governo. São os que ficam "azarando", como o Velho do Restelo dos Lusíadas, de Camões, que ao ver zarparem os navios de Vasco da Gama, em busca do caminho das Índias, meneava a cabeça em desaprovação à "vã cobiça". Ou, na paráfrase da presidente, profetizava que "não vai dar certo". À parte a invocação do Velho do Restelo, ela nem sequer foi original. Lula já acusava os adversários de lançar "urucubacas" contra o Brasil.
O que desanima é constatar que esse palavrório desafiador ("O Velho do Restelo não pode, não deve e, eu asseguro para vocês, não terá a última palavra no Brasil.") e a estudada estridência do seu enunciado parecem tudo o que Dilma tem a dizer seja aos eleitores que dela se distanciaram, seja aos que não se deixam levar pela retórica poliana do Planalto. Entre esses se inclui pelo menos um dos interlocutores habituais da presidente. Ela não há de achar, por exemplo, que, aos 85 anos, o economista Delfim Netto seja um Velho do Restelo quando destoa publicamente da linha oficial.
Mas que importa? Bem que ela avisou que, "na eleição, podemos fazer o diabo". E, para Dilma, a eleição está em pleno curso.
14 de junho de 2013
Editorial d'  O Estado de S. Paulo