"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

DIREÇÃO DA POLÍCIA CIVIL CONFIRMA QUE ORDENS PARA ATAQUES EM SANTA CATARINA PARTIRAM DE PRESÍDIOS

 

Florianópolis – O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Aldo Pinheiro D’Ávila, confirmou hoje que o comando para os ataques de violência no estado partiu de criminosos encarcerados.

“Não há indícios. Tenho a plena convicção, plena certeza, de que ordem para os ataques desse tipo de modalidade criminosa, que se aproxima do terrorismo, partiram de organizações que atuam dentro dos presídios catarinenses”, disse à Agência Brasil.


Inicialmente, essa relação era apenas uma das linhas de investigação dos organismos de segurança do estado.

Para o delegado-geral, no entanto, a denúncia de tortura no Presídio Regional de Joinville é considerada apenas uma hipótese entre as razões que explicam os ataques, que ocorrem desdo o dia 30, com a prisão de 30 pessoas.

“Essa correlação não se pode afirmar com plena certeza. São várias circunstâncias que nos levam a crer como fatos motivadores.
Por exemplo, a questão da intensificação das prisões em relação tráfico de entorpecentes e o indiciamento de todas as lideranças das facções criminosas em razão da morte da agente prisional Deise [Alves] também podem ser motivos.”

MAUS-TRATOS

A Polícia Civil investiga se houve abuso de agentes penitenciários em uma operação pente-fino no presídio de Joinville, no dia 18 de janeiro. Imagens do circuito interno, divulgadas pela imprensa no último dia 2, mostram que os agentes usavam balas de borracha e gás de pimenta contra os presos mesmo com eles em situação de controle. Joinville é a cidade com maior número de ataques: 14 em oito dias.

Durante os atentados de novembro também surgiram denúncias de maus-tratos na Penitenciária São Pedro de Alcântara, localizada em Florianópolis. Esses ataques ficaram mais concentrados na capital catarinense, de acordo com a Polícia Militar (PM). Na época, equipes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República estiveram no local vistoriar e apurar possíveis casos de tortura.

“Não há nenhuma dúvida de que há uma correlação entre os ataques de novembro e esses ataques atuais. Elas estão relacionadas, no sentido de que se tratam de [ordens] de facções criminosas.”

Ele avalia que os locais escolhidos para os ataques estão relacionados à proximidade com os presídios do estado. “Temos percebido que os ataques ocorrem com ênfase em locais onde há grandes presídios, com grande concentração de presos”. Em oito dias, foram 73 ocorrências, de acordo com a PM, em 23 municípios do estado.

O delegado-geral informou que novas prisões devem ser feitas nos próximos dias à medida que sejam produzidas provas que justifiquem os mandados. “Praticamente todo efetivo dos nossos órgãos de investigação estão voltados para essa modalidade criminosa. Formada a prova, se faz o pedido de prisões. Foi isso que aconteceu em Joinville [ontem]”, explicou.

07 de fevereiro de 2013
Camila Maciel (Agência Brasil)

A LÓGICA DA BUROCRACIA E OS ALVARÁS

 

Lendo as notícias sobre a falta de alvarás em instituições públicas, lembrei-me de um episódio inusitado: estava eu ajudando a administração do Jardim Zoológico do Rio, na Quinta da Boa Vista, quando vimos a possibilidade de receber incentivos de uma destas leis federais, não recordo qual era.

Estávamos na década de 90. Uma das exigências da lei era a apresentação do alvará e descobrimos que o Zoo nunca teve qualquer tipo de licença para funcionar.

Ora, como dependia da prefeitura e a instituição era municipal, o caminho mais fácil era evidente: requisitamos o alvará na Administração Regional de São Cristóvão.

Brilhante, não? Só que o alvará foi negado, a área era urbana e não admitia criação de animais. Juro que é verdade.

(artigo enviado por Mário Assis)

07 de fevereiro de 2013
Zeca Borges (do Blog do Ancelmo Gois)

O QUE APRENDER COM ISRAEL

Há algo que me intriga há algum tempo: o que leva um país com apenas 7,9 milhões de habitantes (o Paraná tem 10,4 milhões), um território minúsculo (menor que o estado de Sergipe), terras ruins, sem recursos naturais, com apenas 64 anos de existência, e em constantes conflitos militares… a ser um dos maiores centros de inovação do mundo; ter 63 empresas de tecnologia listadas na bolsa Nasdaq (mais que Europa, Japão, China e Índia somados), ter registrado 7.652 patentes no exterior entre 2002 e 2005, e ter ganho 31% dos prêmios Nobel de Medicina e 27% dos Nobel de Física?

Em resumo: o que explica o extraordinário desenvolvimento econômico e tecnológico de Israel?

Pela lista de carências e problemas citados no parágrafo anterior, Israel tinha tudo para ser apenas mais um país atrasado e miserável.

Mas, além de não ser, o país transformou-se em um caso único de inovação, tecnologia e desenvolvimento. Muitas das maravilhas que usamos hoje vêm de lá. O pen-drive, a memória flash de computador e muitos medicamentos que salvam vidas estão na lista de patentes de Israel.

Qualquer explicação rápida é leviana. Muitos dirão que é o dinheiro dos norte-americanos e dos judeus espalhados pelo mundo que faz o sucesso de Israel. Não é.

Primeiro, porque nenhuma montanha de dinheiro transforma uma nação de atrasados e ignorantes em gênios da inovação e ganhadores de prêmios Nobel.

Segundo, grande parte do dinheiro recebido por Israel foi gasta em defesa e conflitos militares.

Terceiro, o apadrinhamento militar de Israel nos primeiros anos de sua fundação não foi dado pelos Estados Unidos, mas pela França, cujo apoio cessou somente em 1967, após a Guerra dos Seis Dias.

Nos artigos e livros que pesquisei, não há explicação simplista para o sucesso de Israel. Pelo espaço limitado deste artigo, destaco apenas quatro pontos:

Em primeiro lugar, a história e a cultura. A religião judaica dá ênfase à leitura e à aprendizagem, mais que aos ritos.
A perseguição aos judeus e a proibição, durante a Idade Média, de possuírem terras os levou a estudar e se tornarem médicos, banqueiros ou outras profissões que pudessem ser exercidas em qualquer lugar.

Depois vem o apreço pela tecnologia e pela inovação. Israel gasta 4,5% de seu produto bruto em pesquisa e desenvolvimento, contra 2,61% dos Estados Unidos e 1,2% do Brasil.
Na ausência de recursos naturais e premido pela necessidade, Israel entrou de cabeça numa cultura de pesquisar, descobrir e inovar.

Em terceiro lugar, a estrutura educacional. A crença de que a única saída para o desenvolvimento – mais que os recursos naturais – é a educação de qualidade está na raiz da cultura de Israel. Do ensino básico até a universidade, Israel desfruta de uma educação de nível e acessível a todos.
Se você pensa encontrar um judeu analfabeto, desista. É uma questão cultural: para eles, povo e governo, a educação é o bem maior.

E, por fim, o respeito pelo empreendedor e pelo fracasso.
Em Israel, valoriza-se muito aquele que se dispõe a inventar, inovar ou empreender.
Quem tenta e fracassa é respeitado e apoiado, pois eles acreditam que a falência é um aprendizado e a chance de acertar da próxima vez aumenta. Isso leva a uma ausência de medo do fracasso e é um elemento-chave da cultura da inovação.

No Brasil, o desgraçado que falir uma microempresa nunca mais consegue uma certidão negativa e jamais volta a ser empreendedor.
Não se consegue transpor a cultura de um país para outro, mas há muito que aprender com Israel

(Artigo enviado por Ricardo Sales)
07 de fevereiro de 2013

José Pio Martins (reitor da Universidade Positivo)

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)

 



07 de fevereiro de 2013

QUEDA NA COTAÇÃO DO DÓLAR MOSTRA QUE O GOVERNO DILMA ESTÁ PERDIDO NA ECONOMIA E NA POLÍTICA CAMBIAL

 

Bússola quebrada – Bastou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, externar sua preocupação com a inflação, classificando como desconfortável o mais temido fantasma da economia, para que a moeda norte-americana encerrasse os negócios, nesta quinta-feira (7), valendo R$ 1,972 (queda de 0,8%), a menor cotação desde 11 de maio de 2012.
 
Isso mostra a incerteza que toma conta do governo da presidente Dilma Rousseff em relação à política cambial, como temos noticiado nos últimos meses.

O recuo do dólar é um sinal de que as autoridades econômicas do governo podem usar a moeda ianque como arma para manter a inflação sob controle, repetindo ações anteriores.
 
Com o dólar em baixa, como informamos em matéria anterior, a indústria brasileira sofre em duas pontas. No mercado interno terá de enfrentar a concorrência dos produtos estrangeiros, que chegaram ao País custando menos que os nacionais.
 
No mercado internacional os produtos brasileiros perdem competitividade com a queda da moeda norte-america.
Diante desses dois fatores preocupantes, nenhum empresário tomará qualquer decisão arrojada nos próximos meses, nem mesmo com a redução da tarifa de energia elétrica.
 
O governo tenta levar essa situação até onde conseguir, sendo que o prazo máximo de duração dessa farsa é de três anos, tempo suficiente para a presidente Dilma Rousseff se reeleger e largar o problema para o sucessor.
 
Lula, que continua fugindo da imprensa, é o grande responsável pelo atual momento econômico que enfrenta o Brasil. O ex-metalúrgico, quando assumiu o poder central, encontrou a casa arrumada em termos de economia e teve a seu favor um cenário internacional positivo.
Mesmo assim, Lula conseguiu a proeza de arruinar o País, enquanto vendia ao mundo uma bolha de virtuosismo que começa a estourar e a produzir estragos.
 
Consertar os danos causados por Luiz Inácio da Silva exigirá dos brasileiros pelo menos cinquenta anos de esforço continuado, pois a última década foi pelo ralo emoldurada pela incompetência e o ufanismo petistas.
Como disse certa vez o próprio Lula, um comunista de botequim, “nunca antes na história deste país”.

07 de fevereiro de 2013
ucho.info

INDEFINIÇÃO DO GOVERNO EM RELAÇÃO À POLÍTICA CAMBIAL PODE LEVAR A ECONOMIA MAIS UMA VEZ AO FIASCO

 

Tiro no pé – Os brasileiros não devem esperar qualquer milagre na economia neste ano.

Com a inflação dos últimos doze meses em 6,15%, a situação deve se repetir neste ano, mesmo com a redução da tarifa de energia elétrica, um engodo que o governo continua incensando como se fosse a mais milagrosa das medidas para impulsionar a economia.

Com o pífio crescimento econômico em 2012, o que levou o setor industrial a considerar o ano como perdido, o cenário do primeiro trimestre seria contaminado pelo resultado aquém do esperado do PIB.

A situação de incerteza que domina a política cambial do governo tem levado muitos empresários e investidores a pisarem no freio, à espera de uma decisão oficial mais confiável.
Há dias, o Banco Central adotou uma postura, intervindo no mercado de câmbio, para dias depois o ainda ministro da Fazenda, Guido Mantega, fazer um discurso completamente oposto.

Deixar o real valorizado em relação à moeda norte-americana serve, como serviu até agora, para controlar a inflação, mas prejudica o setor de exportação.
É preciso saber o que de fato o governo de Dilma Rousseff, cada vez mais perdido, deseja fazer, pois a continuar assim, na corda bamba da incerteza, a economia novamente terá um despenho vergonhoso em 2013.

Ou o governo impulsiona a economia e tira a indústria nacional do atoleiro, ou usa o dólar para conter a inflação.

07 de fevereiro de 2013
ucho.info

IMAGENS DO DIA

 
Menino afegão vende balões em um dia de frio, em Cabul, Afeganistão
Menino afegão vende balões em um dia de frio, em Cabul, Afeganistão - Shah Marai/AFP


Jacaré é fotografado no rio Myakka no State Park Flórida, nos Estados Unidos
Jacaré é fotografado no rio Myakka no State Park Flórida, nos Estados Unidos - Larry Lynch/Cater News/Grosby Group
 
07 de fevereiro de 2013

A FILHA DO TEMPO

 


Ricardo III, cuja ossada acaba de ser descoberta sob um estacionamento em Londres, é o melhor — ou, no caso, o pior — dos vilões de Shakespeare. Nenhum outro tem, como ele, tanta consciência da própria vilania e a exerce com tanto gosto.

O Ricardo III do Shakespeare e da História é um monstro que manda matar seus pequenos sobrinhos para herdar o trono, seduz a viúva de um homem que acaba de matar e comete um sortimento de maldades para se manter no poder — sempre festejando seu próprio mau caráter.

Foi o último rei da Inglaterra a morrer em combate e, segundo Shakespeare, na véspera da batalha em que perderia a vida (pedindo “Um cavalo, um cavalo, meu reino por um cavalo!”) é visitado pelos fantasmas de suas vítimas, e ouve de todos a mesma imprecação: “Desespere, e morra!”

Mas Ricardo III pode ter sido injustiçado, pela história e por Shakespeare. Uma escritora escocesa de livros policiais chamada Josephine Tey colocou o herói de várias das suas histórias, o inspetor Alan Grant, da Scotland Yard, numa cama de hospital com uma perna quebrada e sem nada para fazer.

Para combater o tédio, Grant resolve investigar, usando apenas livros e documentos que lhe são fornecidos por um amigo pesquisador, a verdadeira história do suposto tirano.

A conclusão do inspetor e da sua criadora é que Richard III não era nada do que diziam dele. Talvez a sua deformidade física — ele era corcunda, o que foi comprovado pela ossada recém recuperada — tenha contribuído para sua fama de monstro.

Mas não há registro histórico da sua monstruosidade.
Nenhum documento da época menciona as pobres crianças presas na Torre de Londres até o tio desalmado mandar matá-las. E, além de tudo, Grant, contemplando um retrato dele pintado na época, deduz que aquela não é a cara de um assassino. Antes é de um doce de pessoa.

O título do livro de Josephine Tey é “A filha do tempo”.
Vem da frase de autor desconhecido “A verdade é filha do tempo”.
Os fatos que geram a História são alterados pela má memória, pela interpretação conveniente, pela ornamentação fantasiosa, por tudo que vem com o tempo depois do fato.

Com o tempo o mito vira realidade e a realidade vira mito. Mas é só dar mais tempo ao tempo que a verdade aparecerá.

O exame dos ossos de Ricardo III não revelará nada sobre sua personalidade, mas é provável que o novo interesse pela sua figura resulte numa correção da injustiça. O que não seria mais do que a História está lhe devendo.


Batalha de Bosworth, 1485, onde Richard III morreu
 
07 de fevereiro de 2013
Luis Fernando Veríssimo

A DESTRUIÇÃO DA SOCIEDADE E DA DEMOCRACIA

 

Tomemos o caso de Portugal. Por conta da má gestão financeira de governos sucessivos e da incúria na administração pública, Portugal quebrou. A receita imposta pelos alemães é dura. Muito dura.

A ponto de alguns, como o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, estar advertindo para o desmantelamento do Estado social em seu país por conta das medidas de austeridade estabelecidas pela Comunidade Europeia.Europa de hoje guarda relação com o que se deu no fim da Primeira Guerra Mundial. As sanções econômicas

Em que pese o eventual alarmismo da denúncia, o que se passa na infligidas pelos aliados aos alemães resultaram em sentimentos que desembocaram no nazismo.

Não creio que Portugal passará por fase semelhante à vivida pela Alemanha nos anos 20. Porém, o que ocorre no país é um imenso retrocesso que irá desembocar, fatalmente, em violência e desigualdade social.

O desemprego em Portugal subiu de 14,1% para 16,3%, de 2012 para janeiro de 2013. O que é mais dramático é a situação dos jovens: o desemprego entre adultos com menos de 25 anos é de aproximadamente 39%! Cinco pontos a mais do que em 2011.

É evidente que Portugal não soube aproveitar a bonança propiciada pela Comunidade Europeia para gerar um modelo de desenvolvimento econômica e socialmente sustentável.

O aumento das despesas públicas pressionou o endividamento, criando um ciclo vicioso que poderá levar o país a dever cada vez mais. Enquanto no Brasil a dívida líquida do setor público fechou 2012 em 35,1% do PIB, a dívida em Portugal ultrapassa os 120% do PIB!

Pior do que a realidade é a forma de enfrentá-la. Um misto de neoliberalismo econômico com fascismo social não é o melhor caminho. Não foi assim, por exemplo, que os Estados Unidos enfrentaram a Grande Depressão nem as crises subsequentes. Um traço comum foi estimular a economia.

O Japão foi tratado no pós-guerra com um regime de estímulos. O assistencialismo norte-americano e, depois, o intervencionismo estatal, mediante políticas industriais, fomentaram o milagre japonês. As duas “Alemanhas” também foram reunificadas à base de muito subsídio.

Não defendo que o caminho para a saída da crise seja mais descontrole de gastos e, sim, uma mirada mais atenta às questões sociais.

Naturalmente, a fórmula para Portugal deve ser adequada ao país, assim como as que deveriam ser aplicadas na Irlanda ou na Grécia. Cada realidade impõe seu diagnóstico. Porém, o que importa são os valores que devem orientar as escolhas e prioridades de uma sociedade em crise.

Sacrificar as políticas sociais é contrariar a essência da existência dos governos, que é proteger os governados de violências internas e externas.

O que acontece hoje na Europa é mais do que a destruição de sistemas sociais que deveriam ser adequados aos novos tempos. É uma ameaça ao sistema democrático, já que rebaixa a qualidade de quem vota.

O preço pelo erro vai ser pago com a degradação da sociedade e a negação de um futuro melhor para uma imensa parcela da população dos países do sul da Europa.

07 de fevereiro de 2013
Murillo de Aragão é cientista político

O PREÇO DA DESCONFIANÇA

 

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Não faz seis meses, o governo federal divulgou um bem-vindo pacote de concessões na área de infraestrutura viária.
O modelo foi anunciado como o suprassumo da engenharia financeira:
obras grandiosas e bilionárias bancadas com tarifas módicas. Acabou, contudo, tendo o mesmo destino das convicções simplistas que costumam acompanhar as ideias do petismo:
o lixo.

Nesta semana, a gestão Dilma Rousseff anunciou que está revendo as condições em que ofertará 7,5 mil quilômetros de rodovias federais. O mesmo deverá acontecer com o pacote de concessões de 10 mil quilômetros de ferrovias e também com o dos portos, como mostra hoje
O Globo.
 
É como numa famosa música de Caetano Veloso:
Aqui tudo parece que ainda está em construção e já é ruína.
Com o PT, está tudo fora da ordem.

Os petistas passaram anos negando o inegável e postergando o impostergável. Nos palanques, demonizaram as privatizações e só tardiamente aderiram a elas, depois de constatar que o
Estado que tanto veneram é incapaz de acompanhar as premências de um país que precisa crescer.

Mas, mesmo depois de uma década no comando do país, miraram o caminho certo e pegaram a estrada errada. Mais uma vez, estão tendo que refazer o que mal fizeram. O governo do PT vive em ziguezagues, cambaleando num eterno ir e vir.
Como é possível demorar tanto para decidir e, logo em seguida, voltar atrás?

Os aprendizes de feiticeiro da gestão Dilma tiveram agora que dobrar-se à constatação de que, da forma como fora anteriormente oferecido, em agosto passado, o pacote de concessões não pararia de pé. Muito menos atrairia o interesse dos empreendedores privados.
Naquelas condições, quem se exporia a assumir investimentos que beiram R$ 130 bilhões ao longo de 25 anos?

Mesmo sabendo que a melhoria da nossa infraestrutura é crucial para que o país não trave de vez, o governo petista só voltou atrás depois que os primeiros leilões baseados no seu modelo de Professor Pardal deram com burros n'água. Na semana passada, fracassou a tentativa de conceder trechos da BR-040 e da BR-116 à iniciativa privada.
Ninguém se interessou em correr o risco.

Anteontem, o ministro Guido Mantega foi obrigado a anunciar que as condições serão modificadas, tornando-se mais amigáveis aos investidores. Sobe o período de financiamento para os projetos, diminuem os juros cobrados nos empréstimos e aumenta o prazo de concessão dos ativos.
A mudança mais relevante, porém, foi a da taxa de retorno dos investimentos, chamada de TIR no jargão do mercado.

Nas condições originais, ela seria de 6% a 7% ao ano, e agora passará a algo como entre 10,8% a 14,6%, segundo a
Folha de S.Paulo. Constata-se que o governo Dilma topou bancar uma taxa de pai para filho. O PT mostra que não apenas privatiza, como o faz como nem o privatista mais renhido jamais ousou fazer.

A TIR agora admitida aproxima-se das que vigoraram nas primeiras concessões rodoviárias federais, realizadas em fins da década de 1990. Ocorre que as condições gerais de mercado de então eram completamente diferentes das de hoje: o crédito era muito mais escasso, os juros básicos muito maiores e o risco de mercado mais alto.
Naquela situação, justificava-se uma taxa maior.

Hoje, não só há crédito abundante em todo o mundo, como os juros estão em níveis historicamente baixos também em todo o mundo. Com isso, a disposição do investidor para assumir riscos e buscar ganhos mais altos naturalmente cresce.
Ou seja, as taxas de retorno também têm como ser, naturalmente, bem mais baixas do que no passado.
Na realidade, a gestão petista está tendo que pagar o preço da desconfiança dos investidores em relação a suas práticas atrapalhadas e intervencionistas. Quem se aventura a pôr dinheiro num país em que o governo é capaz de destruir sua maior empresa, a Petrobras, e implodir a solidez de um setor inteiro, como fez com as empresas concessionárias de energia elétrica?
Quem ousa acreditar em governantes que, a cada seis meses, contradizem tudo o que fizeram nos últimos seis meses?
Quem topa correr o risco Dilma?

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
07 de fevereiro de 2013

FORA RENAN!!!



07 de fevereiro de 2013

ESTAMOS ERRADOS?













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Quem conhece a história do mundo, sabe muito bem que todas
as ditaduras procuram controlar os meios de Comunicação, pois, assim poderá
dirigir a sua propaganda para a direção que lhe seja favorável, e proíbe
que a oposição não tenha o direito de usar dos mesmos meios.
Hitler fez assim e Stalin, também, e todos os governos
comunistas do mundo, assim procederam, pois só sabem governar com as
cadeias cheias e os pelotões de fuzilamento, em pleno funcionamento.

No mundo atual é bom lembrar que, em CUBA, só existe um
único jornal chamado GRANMA que nada mais é do que o jornal oficial da
ILHA. Os mais velhos devem lembrar-se do PRAVDA que era o jornal do Partido
e do governo da URSS.
Na guerra das palavras, ganham os mais inteligentes e os
que lutam pela liberdade. Quando se queimam livros, estamos perto de
fuzilar gente. Uma coisa que nunca deve ser esquecida é que os esquerdistas
prometem tudo, até LIBERDADE, para depois acabarem com ela.

Os falsos defensores da LIBERDADE são mestres em
destruí-la. Quando sentem que estão perdendo, no campo das idéias, pois
para mantê-las precisam mentir, desbragadamente, iniciam uma campanha,
atacando a IMPRENSA de venal, conservadora e por aí continuam até a
destruição da mesma.
Na América Latina, temos os exemplos da Venezuela,
Equador e Argentina que pressionam de toda maneira possível o que ainda
resta para que só sejam publicadas notícias que lhe são favoráveis.

Nesta guerra da Inteligência, pode-se também controlar a
Imprensa de maneira indireta, com a presença de dinheiro do Estado que
controla os meios de comunicação, de maneira disfarçada e sem a necessidade
da força.
Nesta contenda, é preciso que se lute com sinceridade pela
LIBERDADE. Temos que defender os valores que nos garantem a vida livre. O
principal é a DEFESA DA JUSTIÇA, pois, sem Lei e ordem não há liberdade e
sim, sangue.

Na Imprensa livre, podemos expressar nossos pensamentos e
divergir, no campo das idéias. Na Imprensa controlada pelo Estado não há
divergência de idéias, pois eles são os donos da VERDADE, LOGO SÓ PODE SAIR
NOTÍCIAS QUE LHES SÃO FAVORÁVEIS.
Quando estamos numa Imprensa livre, os democratas não
entendem que repetir notícias contra a democracia é UM desastre. Na
Imprensa controlada não se repassam notícias contra o governo.
Elas são escondidas do povo.

O maior escândalo da Imprensa controlada com perfeição, foi quando Nikita
Khrushchov falou ao XX Congresso do PC da URSS colocando aos ventos toda a
desgraça do tempo da ditadura sanguinolenta de STALIN.
Só um pequeno resumo do mesmo:
” Violação por parte de Stalin das normas acerca da liderança coletiva.
Repressão contra os «velhos bolcheviques» e os delegados ao XVII Congresso:
dos 1.966 delegados,
1.108 foram acusados de ser contra-revolucionários e
848 deles foram executados;
dos 139 membros e candidatos ao Comité Central,
98 foram declarados «inimigos do povo».
Depois da brutal repressão, Stalin deixou de considerar as opiniões coletivas.
Exemplos da repressão stalinista:
Criação de provas falsas para acusar seus inimigos.
Exagero de seu papel durante a Grande Guerra Patriótica. Deportação das
nacionalidades.

Guardem:
Eles não repetem o que lhes possa prejudicar.
Usam a mentira e adoram “os fins justificam os meios”.

O MENSALÃO É UMA MENTIRA
- AFIRMAM; E NÓS VAMOS REPETINDO, EM LUGAR DE MOSTRAR A VERDADE DO MENSALÃO.


VAMOS LUTAR PELA VERDADE QUE É O SANGUE DA VIDA. NÃO
REPETIR O QUE ELES ESCREVEM E SIM, ESCREVER NOSSAS IDEIAS.
ALEGRIA!

O PRESIDENTE DA CÂMARA FEDERAL DECLAROU QUE CUMPRIRÁ A DECISÃO DA JUSTIÇA!
MARAVILHA! VOLTAMOS A TER JUIZO!

ESTAMOS ERRADOS?
guararapes
07 de fevereiro de 2013

POBRE BRASIL REAL! PETROBRAS SÓ DEVE SE RECUPERAR DE TOMBO NAS AÇÕES EM 2016

 

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Depois de três dias seguidos de fortes perdas da Petrobras na Bolsa, especialistas recomendam aos investidores manter as ações da empresa e aguardar a recuperação dos preços dos papéis, ainda que isso possa levar até três anos para acontecer.
Segundo analistas, quem investiu, por exemplo, R$ 3 mil nas ações da empresa no fim do ano passado e optar por vendê-las agora vai sair da aplicação com um prejuízo de R$ 296 a R$ 485.
Isso sem descontar os custos de operação da corretora de valores. Essas perdas referem-se ao tombo de 9,84% dos papéis preferenciais (PN, sem voto) e de 16,16% das ações ordinárias (ON, com voto) da companhia no ano.
Para Francisco Cataldo, analista da Ágora Corretora, os investidores que apostarem na Petrobras a médio e longo prazos podem se beneficiar do aumento de produção do pré-sal. Em 2016, o petróleo extraído de águas ultraprofundas vai representar 31% da produção da estatal, resultado de investimentos de US$ 69 bilhões:
Claro que nem todos podem esperar a recuperação da empresa por tanto tempo. E, nos próximos meses, nada impede novas quedas. Mas vender as ações agora vai representar uma perda que pode não ser recuperada.
Cautela também na hora de comprar
 
Também têm recomendação neutra (equivalente a manter as ações) Itaú BBA, GBM e Bradesco.
Para quem acha que as ações ficaram baratas e pretende comprá-las, as analistas do BB Investimentos, Carolina Flesch e Andréa Aznar, sugerem aguardar um pouco mais.
O mercado tem oscilado forte e muitos investidores podem ficar assustados, especialmente nas ações ordinárias, que sofreram corte dos dividendos (lucro distribuído a acionistas) explica Carolina.
Os trabalhadores que destinaram parte do dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para ações da Petrobras também tiveram fortes perdas, de 6,83% no ano até 31 de janeiro. Desde 2002, os fundos acumularam valorização de 265%, menos que os 340% do Ibovespa, o principal índice da Bolsa.
E esse retorno já foi maior.
 
Quando a estatal fez sua megacapitalização, em 2010, os ganhos eram de 690%, mais que o dobro do atual.
Segundo Fabio Gallo, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), pode valer a pena sacar os recursos do FGTS se o objetivo for comprar um imóvel e escapar do aluguel.
Nesta quarta-feira, as ações PN da Petrobras caíram 2,65%, a R$ 17,60, e as ON perderam 1,25%, a R$ 16,39. O Ibovespa fechou em baixa de 0,83%, aos 58.951 pontos. No câmbio, o dólar comercial avançou 0,10%, a R$ 1,988.
O ano começou com saída líquida de dólares do país, segundo o Banco Central. Em janeiro, a saída da moeda estrangeira superou o ingresso em US$ 2,4 bilhões. Foi o segundo mês seguido de déficit. Em dezembro, saíram do país US$ 6,7 bilhões, enquanto em janeiro de 2012 tinham entrado US$ 7,3 bilhões, descontadas as saídas.
O fraco desempenho do comércio exterior em janeiro foi determinante: a conta comercial teve déficit de US$ 4,7 bilhões. Para o economista Bruno Lavieri, da Tendências, o fluxo deverá se manter no atual ritmo.
 
Bruno Villas Bôas/O Globo
(Colaboraram João Sorima Neto e Geralda Doca)
 
07 de fevereiro de 2013

INFLAÇÃO DE DILMA É A 6a. MAIOR DA AMÉRICA LATINA. EM 2006, BRASIL ERA A 15a.

 
A inflação no Brasil, que atingiu 6,15% nos últimos 12 meses, é atualmente a sexta maior da América Latina, entre 19 economias analisadas.

Em 2006, quando foi de apenas 3,14%, o indicador brasileiro era o 15º entre 18 países (o Panamá foi excluído por sua série histórica não remontar àquele ano), acima de Equador, Chile e Peru.

Hoje, o país com maior inflação na América Latina é a Venezuela, onde os preços subiram mais de 20% em 12 meses. Em seguida, aparecem a Argentina (cujos indicadores oficiais são questionados por entidades como o Fundo Monetário Internacional) e o Haiti.
O México, segunda maior economia da América Latina e muitas vezes concorrente do Brasil na tentativa de atrair investimentos externos, teve uma inflação de apenas 3,6%.
O Chile, de 1,5%.


Inflação na América Latina

PAÍSINFLAÇÃO EM 12 MESES (%)
Venezuela20,1
Argentina10,8
Haiti7,5
Uruguai7,5
Nicarágua6,6
Brasil6,15
Honduras5,4
Bolívia4,9
Costa Rica4,6
Panamá4,6
Equador4,1
Paraguai4,1
República Dominicana3,9
México3,6
Guatemala3,5
Peru2,6
Colômbia2,0
Chile1,5
El Salvador0,8
  • Fonte: Escritórios oficiais de estatística


Não custa lembrar que os dados acima se referem a quanto os preços subiram na moeda local de cada país. Não servem, por exemplo, para saber se ficou mais caro ou mais barato viajar para esses países (para isso, seria necessário considerar também a variação do câmbio).

Brasil

A meta de inflação do Brasil é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Alguns economistas têm acusado o governo de abandonar a tentativa de atingir o centro da meta, concentrando-se em simplesmente não superar o teto (de 6,5%). O governo nega.

O gráfico abaixo mostra o índice oficial de preços desde janeiro de 2011. Desde junho do ano passado (o ponto mais baixo da linha, com inflação de 4,92% em 12 meses), os preços vêm acelerando, ainda sem atingir o pico de 2011, que foi de 7,31% em setembro daquele ano.

Entre os produtos que mais impulsionaram a inflação no país estão os alimentos, que subiram 9,86% no ano passado e mais 1,63% em janeiro de 2013.



Histórico

Desde o Plano Real, a inflação já teve tempos melhores, mas também piores. Abaixo, a variação do IPCA, ano a ano, desde 1995.



07 de fevereiro de 2013
Sílvio Guedes Crespo - UOL

CUBA ESTÁ PRONTA PARA O FUTURO, AFIRMA A BLOGUEIRA YOANI SÁNCHEZ

 
Com os cabelos até a cintura, envolvida num xale necessário para a manhã cinza e de muito vento em Havana, Yoani Sánchez chegou ao consulado do Brasil na cidade.

O visto brasileiro, que deve sair em até sete dias, é o único que a separa do país que ela escolheu como primeira parada internacional e onde pretende desembarcar em 18 de fevereiro.

Alejandro Ernesto/Efe
Yoani Sánchez mostra seu passaporte, em mensagem no Twitter; blogueira viajará ao Brasil e à Europa
Yoani Sánchez mostra seu passaporte, em mensagem no Twitter; blogueira viajará ao Brasil e à Europa

Após 20 tentativas frustradas de deixar a ilha, a blogueira finalmente conseguirá viajar, graças à reforma migratória em vigor desde 14 de janeiro.

A mudança eliminou a "autorização de saída", mas deixou aberta a possibilidade de veto político. O regime comunista, porém, resolveu não aplicá-lo contra Sánchez dessa vez.

"Só vou gritar aaaahhh! quando tiver no avião. Mas a essa altura me impedir teria um custo político alto demais", comemora a blogueira à Folha, que a acompanhou durante quase duas horas para completar os trâmites do visto para o Brasil.

No país, seu primeiro compromisso é participar, na Bahia, do lançamento do documentário "Conexão Cuba > Honduras", de Dado Galvão. "Se há alguém que lutou até quando eu não tinha mais esperança foi ele", agradece.

Além do Brasil, ela está pedindo simultaneamente visto ao EUA, a União Europeia e deseja ainda fazê-lo nas representações de Argentina e Peru.

A agenda é extensa. A ideia é passar pela Bahia, por São Paulo, ir ao Peru e a Praga, voltar ao México para a reunião da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa). A última parada da primeira turnê deve ser Miami, onde mora sua irmã.

"Ela tem de sair daqui com todos os vistos. Vai que ela sai volta e não deixam ela sair de novo por ter se comportado mal?", pondera o marido de Sánchez, jornalista Reinaldo Escobar.

Estamos num "centro de negócios" de um hotel a estatal, onde uma atendente que ajuda Sánchez com um formulário online está excitada: "Tu eres letal, hem?" Gargalha a mulher, relembrando um vídeo, distribuído pela blogueira como um viral de pendrive em pendrive, em que Sánchez pergunta à funcionária de migração que lhe negava mais uma vez a autorização de saída: "Que você dirá para o seus netos?"

Agora nos deslocamos no carro soviético da família, enquanto a blogueira ignora chamadas e preenche mais um papel: "Devo ser a campeã mundial em preenchimento de fichas de visto".

A URSS voltaria à tona. Em um momento, a filóloga tomou seu novo passaporte azul, o do último reduto comunista do Ocidente, e disse: "'Versos sobre o Passaporte Soviético'... Esse era um poema de Maiakóviski que líamos no colégio, do orgulho de ser soviético". Riu.

Desmond Boylan/Reuters

Em 14 de janeiro, dia em que Cuba flexibilizou as leis migratórias, Yoani pediu seu novo passaporte
 
Leia a seguir trechos da entrevista
*
Folha - Com o passaporte na mão, qual o seu sentimento?
Yoani Sánchez - É uma sensação agridoce. Não deveria ser notícia que uma pessoa tem um passaporte e que pode embarcar em um avião. Me entristece a anomalia que é meu país, o regularmente irregular que é Cuba. Me entristece muito que há pessoas que não o terão, como os dois prisioneiros de consciência a quem negaram o passaporte.


Por que te deixaram sair agora?
A pressão, dentro e fora, era insustentável, e minha tenacidade legal também. Apesar que alguns até diziam que eu estava fazendo papel ridículo insistindo em meu direito de sair. Transformei meu caso em emblemático da limitação de movimento dos cubanos. A visibilidade ajudou. Também o fato que eu não tenho antecedentes penais, não estou em nenhum dos incisivos da nova legalidade: não sou atleta de alto rendimento, não sou imprescindível na minha área. O único que restava é o que inciso que diz que é possível negar o passaporte quando for de "interesse público".
Mas, neste caso, eles teriam que explicar muito bem porque não era de interesse público que eu viajasse...


Crê que sua viagem pode ser uma propaganda para o governo de que as reformas são verdadeiras e avançam?
É uma propaganda perigosa, se essa é a ideia, porque eu vou me comportar com uma pessoa livre, dizer tudo o que penso. Vou tratar de ser uma embaixadora do desejo de liberdade de cubanos no mundo. Se o pensamento foi "deixe-a sair para ver se se cala", foi uma má jogada política.


Por que o Brasil? E o que espera encontrar?
Não quero fazer estereótipos antes de chegar. Quero ir com a cabeça aberta. Vou à Bahia porque se alguém fez mais do que o possível --fez o impossível-- para eu sair do país foi Dado Galvão. Desde que ele filmou uma entrevista comigo em Havana para seu documentário, ele tem sido incansável. Inclusive, mesmo nos momentos em que me faltava esperança, ele a tinha.
Alguém se propôs com essa força a defender meu direito de viajar. Sei que vai ser uma viagem cheia de emoções, gostaria de conhecer o Brasil profundo. Quero ir às ruas também. Quero viver o Brasil com suas luzes e sombras


Que mensagem você vai levar?
Quero levar uma mensagem de futuro, porque já olhamos demais para o passado e o próprio presente me absorve muito. Então, minha mensagem é: Cuba está pronta para entrar no século 21. Há desejo de liberdade, desejo de mudança. Essas pequenas flexibilizações de corte econômico que Raúl Castro introduziu não são suficientes e trazem também frustação porque não trazem reforma polítca. Apesar disso, elas abriram o apetite das pessoas: queremos mais. Eu sinto agora uma efeverscência, de "que já basta". Vivo numa ilha diversa e maravilhosa que tem direito ao futuro também. Uma ilha que não é nem vermelha nem verde-oliva. É de muitas outras cores.


07 de fevereiro de 2013
FLÁVIA MARREIRO - UOL
ENVIADA ESPECIAL A HAVANA

ROTINA NO PT: ROUBAR DINHEIRO PÚBLICO E CORROMPER-SE GERA FIGURAS "HERÓICAS"

Existe um lugar no Brasil em que roubar dinheiro público, corromper e corromper-se transformam as pessoas em heroínas. E não é no PCC!

Existe um lugar no Brasil em que roubar dinheiro do Banco do Brasil, comprar a consciência alheia, vender a própria consciência, usar dinheiro público em benefício pessoal e formar uma quadrilha para cometer crimes transformam as pessoas em guias morais, em celebridades, em referências positivas.
E não é numa das “comunidades” a que as UPPs ainda não chegaram. Nada disso!
O lugar em que o crime compensa e em que criminosos já condenados pela Justiça são disputados para uma fotografia é o PT.
Não fosse a sujeição, nesse caso, voluntária e não fossem os fãs e seus ídolos formados pela mesma têmpera moral, eu juro que iria sugerir a Dilma que mandasse uma UPP para o partido.
O objetivo seria libertar aquela pobre gente de seus algozes espirituais. Mas não há inocentes por ali. Todo mundo sabe o que todo mundo sabe. E, mesmo assim, o clima é de festa, de euforia, de algazarra.
A Folha informa que lideranças do partido fizeram em São Paulo, nesta quarta, uma festa em homenagem aos 78 anos de Ricardo Zarattini.
 
Os convidados de honra eram José Dirceu, Delúbio Soares e os deputados José Genoino e João Paulo Cunha. Quando estão juntos, os patriotas somam exatos 36 anos de cadeia.
Mesmo assim, conta a reportagem, os quatro eram muito assediados para tirar fotografias. Imagino. Uns queriam sair ao lado do condenado a 10 anos e 10 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha — Dirceu. Outros, quem sabe não se sentindo à altura do chefe do grupo, escolhiam a corrupção passiva, o peculato e a lavagem de dinheiro e reservavam seu melhor sorriso para posar ao lado dos 9 anos e 4 meses de João Paulo.
Delúbio rivalizava nos crimes com Dirceu, mas sua pena foi menor: 8 anos 11 meses. É o bastante para deixar honrado quem posa a seu lado.
Genoino, com os mesmos crimes desses dois, levou apenas 6 anos e 11 meses. Sabia de tudo, participou de tudo, mas parece que o STF não o considerou esperto o bastante para estar no comando — embora fosse presidente da legenda.
No morro, os bandidos provam o seu poder, impõem a ordem e mobilizam um séquito de admiradores exibindo suas pistolas e seus fuzis. Os mensaleiros, em pleno regime democrático e de direito, exibem suas penas quase como galardões conquistados por seu amor à causa.
Não é de espantar que os valentes agora comecem a mobilizar a delinquência política latino-americana para vir em seu socorro, a exemplo do embaixador da Venezuela no Brasil, o tal Maximilien Sánchez.
Na festa, João Paulo aproveitou para desfilar seu humor inteligente e sua picardia, dando uma pista de qual será seu destino quando for oficializada a cassação de seu mandato e a suspensão dos direitos políticos: “Dirceu, Genoino e Delúbio foram condenados sem provas. Eu fui condenado contra as provas. Isso não é mensalão, é ‘mentirão’”.
O piadista, nesse momento, acusava o Supremo Tribunal Federal de promover uma mentira. Até Marcola é mais respeitoso com a Justiça, não é mesmo?
 
07 de fevereiro de 2013
Por Reinaldo Azevedo - Veja Online

O LIMITE DA PROPAGANDA

 

Na Câmara dos Deputados foi retomada a discussão a respeito do projeto de lei nº 5.921/2001, que proíbe qualquer comunicação mercadológica destinada a crianças. De acordo com o projeto, entende-se por comunicação mercadológica: “toda e qualquer atividade de comunicação comercial para a divulgação de produtos e serviços independentemente do suporte, da mídia ou do meio utilizado”, o que abrange “a própria publicidade, anúncios impressos, comerciais televisivos, ‘spots’ de rádio, ‘banners’ e ‘sites’ na internet, embalagens, promoções, ‘merchandising’ e disposição dos produtos nos pontos de vendas”.

Há mais de onze anos pendente no Legislativo, o resgate do projeto reacende a polêmica em torno da questão: de um lado, a defesa de um marco legal para a proteção da infância; por outro, o repúdio à intervenção estatal em nome da autorregulamentação do setor da publicidade dirigida ao público infantil.

Na falta de legislação específica, a fiscalização da propaganda endereçada às crianças cabe ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).



Qual seria o regime mais adequado à proteção da infância? Seria razoável a imposição de limites à publicidade infantil? Isto significaria uma restrição arbitrária à liberdade de comércio? Como equilibrar os direitos das crianças com a liberdade empresarial?

A comunicação mercadológica dirigida às crianças é aquela que faz uso de cenários fantasiosos, cores, músicas, personagens infantis e crianças modelos protagonizando os filmes publicitários.
Pesquisas comprovam o impacto da propaganda endereçada à criança: contribui para a obesidade infantil (e outros distúrbios alimentares e doenças associadas); a erotização precoce; o estresse familiar; e a violência.

Dados do Painel de Televisores do Ibope de 2007 revelam que as crianças brasileiras, entre 4 e 11 anos, passam em média 5 horas por dia em frente à TV — mais tempo do que passam na escola (em média 4 horas). O desafio é evitar que a publicidade tenha mais influência no desenvolvimento infantil do que a própria educação.

Em países desenvolvidos com forte tradição democrática — como a Suécia e Alemanha —, a restrição à publicidade que se dirige às crianças não contou com a resistência das empresas, sob a alegação de suposta afronta ao direito à liberdade de expressão do setor econômico.

Na Suécia não é permitida a propaganda direcionada ao público infantil. Já na Alemanha os programas infantis não podem ser interrompidos por publicidade.

Não há que se confundir a publicidade e a liberdade de expressão. A liberdade de expressão é direito consagrado no âmbito internacional e interno, enunciado em instrumentos de proteção de direitos humanos, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção Americana de Direitos Humanos.
Abrange a livre manifestação do pensamento político, filosófico, religioso ou artístico. O alcance de tal direito não compreende a publicidade — atividade que utiliza meios artísticos visando essencialmente à venda de produtos.

Ao contrário de matérias jornalísticas, veiculadas nos mais diversos meios de comunicação, a publicidade requer necessariamente um espaço na mídia para se alojar. A sua lógica é a mercantil, orientada pela equação de compra e venda de produtos.

Os parâmetros internacionais e constitucionais endossam a absoluta prevalência dos interesses da criança, seu interesse superior e a garantia de sua proteção integral, na qualidade de sujeito de direito em peculiar condição de desenvolvimento.

Neste sentido, destacam-se a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança (ratificada por 193 Estados), a Constituição Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ademais, organismos internacionais, como a OMS (Organização Mundial de Saúde) e o SCN (Comitê Permanente de Nutrição) reconhecem que a publicidade tem um papel central no desencadeamento de problemas alimentares, como a obesidade infantil.

Por estar em processo de desenvolvimento biopsicológico, a criança não tem o discernimento necessário para compreender a mensagem publicitária, o que torna o seu direcionamento às crianças abusivo.

A proteção da criança merece prevalecer em face do ilimitado exercício da atividade comercial envolvendo a propaganda destinada às crianças. Restringir a publicidade endereçada às crianças não é ato de censura e tampouco ofensa à liberdade de expressão. É um imperativo ético em defesa da infância.

07 de fevereiro de 2013
Flávia Piovesan é procuradora do Estado de São Paulo e professora da PUC-SP.
O Globo