"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 21 de julho de 2012

CONTROLE DA VENDA DE ARMAS FORA DA CAMPANHA NOS EUA

Nem mesmo o massacre do Batman faz Obama e Romney criticarem a liberalidade na venda de armas e munições.
O presidente Barack Obama e seu adversário, o republicano Mitt Romney, suspenderam a campanha presidencial nesta sexta-feira, em respeito ao massacre em Aurora, mas em seus discursos às famílias das vítimas, nenhum dos candidatos tocou no tema do controle da venda de armas, um dos mais delicados em ano de eleição.



A voz dissonante foi a do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, patrono da associação Mayors Against Illegal Guns (Prefeitos contra as Armas Ilegais), que cobrou dos candidatos presidenciais clareza na apresentação de suas ideias sobre o controle de armas:

- Palavras tranquilizadoras são uma boa coisa. Mas talvez seja a hora de as duas pessoas que querem ser presidente dos Estados Unidos dizerem o que vão fazer a respeito, porque obviamente esse é um problema de todo o país. E todo mundo fica dizendo:
“Não é uma tragédia?” – disse Bloomberg.
O prefeito tem toda razão. É preciso haver restrições à compra de armas e munições. Por que nos Estados Unidos qualquer cidadão no gozo de seus direitos civis pode ter rifles, escopetas e outras armas. A pessoa ter uma arma para autodefesa é uma coisa, comprar um arsenal é outra coisa, bem diferente. Mas isso os Estados Unidos não conseguem enxergar.


Carlos Newton
21 de julho de 2012

MENINO MALUFINHO...



21 de julho de 2012

BIZARRO...

FOTOGRAFIA DO DIA

Crianças da tribo Yawalapiti preparam flechas para pescar no Parque Nacional do Xingu, Mato Grosso

21 de julho de 2012

SÍRIA - O CONFLITO SE APROXIMA DE SUA CONCLUSÃO


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Chegada do Exército Livre Sírio a Damasco deve resultar na fuga de Bashar Assad do país (eyevine)
Chegada dos rebeldes ao centro do poder em Damasco é o sinal de que o mundo deve se preparar para uma Síria pós-Bashar Assad
Em toda revolução, há um momento em que a maré se volta contra o regime. No Egito, ele veio em 28 de janeiro do ano passado, quando manifestantes ocuparam a Praça Tahrir e incendiaram a sede do partido no poder. Na Líbia, aconteceu em 20 de agosto, quando a população de Trípoli se levantou contra Muammar Khadafi. Na Síria, pode ter acontecido na última quarta-feira, 18 de julho, quando uma bomba atingiu o coração do comando militar da Síria.
 
Se o ataque mudar o equilíbrio de poder decisivamente contra o presidente Bashar Assad, será um feito muito positivo. Mais ou menos um ano após suas revoluções, tanto o Egito quanto a Líbia permanecem instáveis, e a Síria, que faz fronteira com Iraque, Israel, Líbano, Jordânia e Turquia, é uma parte extremamente complexa e crucial do Oriente Médio. Aqueles que desejam o bem aos sírios agora precisam se concentrar não apenas em como trazer a queda rápida de Assad do poder, mas também sobre como poupar a Síria pós-Assad de assassinatos e caos, e como evitar que a violência se espalhe por uma região inflamável.

O bombardeio do quartel-general da segurança nacional em Damasco deve enfraquecer o regime de várias formas. Ele feriu muitos e matou o ministro da Defesa e um ex-chefe militar. Pior ainda para o presidente foi a morte de Assef Shawkat, seu cunhado e uma das figuras mais poderosas do regime.

Assad rapidamente preencheu suas posições, mas em um país governado por um grupo mantido pela lealdade pessoal, os homens mortos não serão facilmente substituídos.

O fato do bombardeio se assemelhar a um trabalho interno, exigindo inteligência e acesso profundo dentro do regime, também irá danificar a estrutura de comando das forças armadas e os serviços de segurança. A lealdade do exército – formado em sua vasta maioria pelos oficiais alauitas de Assad e soldados em sua maioria sunitas – sempre foi uma das fraquezas do regime.
A explosão de uma bomba enorme de alguma forma contrabandeada para dentro do santuário vai semear desconfiança e suspeita em todos os níveis.

Especialmente nas zonas fronteiriças, a insatisfação e discordância são visíveis. Homs e Hama, terceira e quarta maiores cidades do país, são hostis a Assad. Damasco e Aleppo, as duas maiores cidades, têm sido menos explosivas porque muitos abraçaram a visão de que Assad é uma garantia melhor de estabilidade do que a alternativa. Agora que os combatentes rebeldes entraram na cidade, essa garantia já não parece clara.

O ataque também vai alterar cálculos no exterior. Nos últimos meses, a diplomacia tem se concentrado em um plano, supervisionado por Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, para negociar um cessar-fogo eficaz sob o comando de uma equipe de monitores, e criar um governo de unidade interino. Mas, ao longo das últimas semanas, o plano de Annan, junto com muitos milhares de sírios, morreu.
Os rebeldes, que agora se aproximam da vitória, não vão concordar com um cessar-fogo. As atividades dos monitores foram suspensas por causa dos combates.
O país está devastado pela guerra civil, então não há perspectiva de montar um governo de unidade. Após a bomba desta semana, o perigo é que um desesperado Assad recorra a táticas cada vez mais extremas – arrasando bairros inteiros em Damasco com artilharia pesada, ou buscando provocar uma guerra regional, ou mesmo assassinando seu próprio povo com armas químicas.

A enormidade dessa perspectiva faz valer a pena tentar mais uma vez convencer Assad a encarar o desespero de sua posição e aceitar que a fuga da Síria é agora a sua melhor opção. A ameaça da justiça internacional, especialmente as advertências sobre seu status de pária se ele usar armas químicas, poderia ter alguma força. Mas só a Rússia tem grande influência sobre ele.
O desejo de proteger um velho aliado, o medo de seus próprios rebeldes muçulmanos e a hostilidade aos apelos ocidentais para a mudança de regime levaram a Rússia a proteger o regime de Assad da pressão diplomática e das sanções econômicas.

Ao que parece cada vez mais provável que o presidente fuja, crescem também as chances de que a Rússia o abandone em troca de algum papel na Síria pós-Assad. Mas na ausência de uma mudança decisiva diplomática na direção certa, os governos ocidentais devem tentar dar um novo impulso ao esforço militar contra o Assad. A mais rápida maneira de fazer isso seria dar ajuda – como dinheiro e instrumentos de comunicações – à principal força rebelde, o Exército Livre Sírio (ELS).
Os rebeldes já recebem armas e dinheiro do Catar e da Arábia Saudita com cooperação da Turquia, mas precisam de mais ajuda, pois, apesar de seus recentes reveses, o regime de Assad é fortemente armado com as melhores armas russas.

O ELS está longe de ser um grupo de anjinhos. Algumas de suas armas, sem dúvida, cairão nas mãos erradas, que possivelmente incluirão grupos de jihadistas. Encher a Síria de armas tornará o país mais difícil de governar quando Assad estiver derrotado. Mas apoiar o ELS é provavelmente a maneira mais rápida de remover Assad do poder.
O que vem depois

Assad pode se manter no poder durante meses, ou o bombardeio pode derrubar o regime em uma queda rápida. De qualquer maneira, agora é a hora de começar a se preparar para o dia em que a Síria finalmente se veja livre dele.

A Síria pós-Assad será um perigo para seu próprio povo e seus vizinhos. O derramamento de sangue motivado pelo sectarismo é um risco; as armas químicas mais soltas serão outro; e as marés de refugiados, um outro. A Síria poderia se tornar o foco de rivalidade entre Irã, Turquia e o Mundo Árabe. A violência pode respingar em Israel ou se espalhar para o Líbano.

O mundo não pode eliminar esses perigos, mas pode amenizá-los. Dinheiro e planejamento são essenciais para ajudar a fundar um novo governo. Diplomacia regional, com a Turquia e a Liga Árabe, serão necessárias para apaziguar os ânimos. Forças de paz e monitores podem ter uma papel nesse processo. Isto exige, acima de tudo, a diplomacia presidencial dos Estados Unidos.
Em temporada de eleição, os pensamentos de Barack Obama podem estar em outro lugar, mas este lugar perigoso precisa de alguma atenção.

21 de julho de 2012

ÂNGELA GUADAGNIN EMBARCOU NA PIZZA, VIAJOU NA MAIONESE E ACABOU VEREADORA



Em 23 de março de 2006, a deputada federal Ângela Guadagnin, do PT paulista, comemorou a absolvição do mensaleiro João Magno pelo plenário da Câmara com um atentado ao decoro, à estética, à moral e aos bons costumes: a Dança da Pizza.
Tape o nariz, feche a garganta e reveja o momento nauseante no vídeo de 29 segundos.

Para felicidade do Brasil que presta, a indecência foi devidamente castigada pelo eleitorado de São José dos Campos, cidade de que já foi prefeita. Tentou a reeleição para a Câmara dos Deputados no mesmo ano da dança. Dançou nas urnas: com pouco mais de 37 mil votos, não conseguiu sequer infiltrar-se na lista dos primeiros suplentes. Em 2008, tentou voltar à prefeitura. Dançou de novo. Teve de conformar-se com uma vaga em outra Câmara ─ a Municipal.

Ângela Guadagnin embarcou na pizza, viajou na maionese e acabou, quem diria, vereadora. A urna pune. Pena que não puna sempre. Pena que não puna todos. Mas pune.

21 de julho de 2012
Augusto Nunes

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Este vídeo é o retrato acabado do Congresso Nacional. Nada se compara ao vergonhoso comportamento de um parlamentar, como o que o vídeo exibe. São imagens indecorosas. Não há como descrever ou criticar. A desfaçatez e falta de compostura transborda das cenas gravadas. Uma vergonha...
Ficamos nós, os brasileiros que ainda acreditamos num futuro melhor, num Congresso melhor, envergonhados. Por essa razão, os blogueiros costumam denominar o Congresso,  de "cãogresso", "casa do espanto", "casa de tolerância"...

Já havia colocado o vídeo dessa 'dança da impunidade' neste blog. Saber que ela não voltou a Câmara, já é um alívio que devemos ao povo de São José dos Campos.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=NWfITQF_3zA

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=MhKhDqptDxA

m.americo

EROSÃO DO SISTEMA PARTIDÁRIO

EDITORIAL DA FOLHA

Se havia necessidade de mais alguma prova da desmoralização do sistema político-partidário brasileiro, a criação do Partido Ecológico Nacional (PEN) resolveu o problema.


A nova agremiação política, que obteve seu registro há um mês no Tribunal Superior Eleitoral, buscava adesões entre parlamentares que desejavam mudar de partido - o prazo final para essa transição era o dia 19 passado, e o PEN havia tido pouco sucesso, com a filiação de um deputado federal e cerca de 30 estaduais. É, em resumo, mais um partido nanico a tomar dinheiro do contribuinte e a obter meios de barganha com tempo de TV.

A lei que dispõe sobre a criação de partidos diz que todas as legendas têm direito a um pedaço do Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, conhecido como Fundo Partidário. Ou seja: não há necessidade nem de ser bem votado para garantir o financiamento. Um partido nanico como o PRTB do notório Levy Fidelix, por exemplo, fez jus a mais de R$ 1,5 milhão no ano passado.

Ademais, se obtiver a votação mínima exigida para continuar a ter existência na Câmara dos Deputados, o partido ganha o direito de veicular, uma vez por semestre, em cadeia nacional de rádio e TV, um programa de 20 minutos. Também tem direito a um programa por semestre em cadeia estadual. A lei dá ainda aos partidos inserções de até 1 minuto em redes nacional e estadual, somando 40 minutos por semestre.

É um patrimônio nada desprezível, considerando-se que a exposição na TV se tornou mais importante do que considerações programáticas - como provou o histórico aperto de mão entre o ex-presidente Lula e o ex-prefeito Paulo Maluf.

O PEN, portanto, fez um negócio de ocasião, recompensando o esforço pessoal de seu criador, o ex-deputado estadual paulista Adilson Barroso Oliveira. Ele chegou a incluir quatro irmãos, sua mulher e um filho no diretório nacional do partido, para "fazer número" e viabilizar a criação da legenda.
Regularizado, o PEN, que terá o número 51 nas urnas a partir da eleição de 2014, agora começa a encerar o balcão onde pretende receber seus fregueses.

Em seu site, o partido diz que vai "preencher um espaço vazio no cenário político brasileiro" e que seus projetos "afastam-se do campo político para aproximarem-se do campo ecológico".
O PEN também diz que ainda não decidiu se fará ou não oposição ao governo federal, mas parece claro que será mais um abrigo para insatisfeitos de partidos da oposição que planejam aderir à base de apoio de Dilma Rousseff.

É um discurso que emula o "idealismo" do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ao criar seu Partido Social Democrático (PSD), aquele que "não será nem de direita, nem de esquerda, nem de centro". Mas as semelhanças acabam aí.

Enquanto Kassab e congêneres almejam participar do Grande Jogo, os nanicos desejam apenas explorar as brechas do sistema para auferir ganhos de outra espécie. Nada que chegue perto do lucro do PP de Maluf, que desde seu embarque na candidatura de Fernando Haddad (PT) tornou-se o segundo partido com mais verbas destinadas pelo Executivo a projetos previstos no Orçamento. O PEN, certamente, será mais modesto.

Tudo isso seria quase nada se não refletisse a erosão do sistema político, que há anos clama por reformas. A lei de criação de partidos diz que eles devem destinar-se a "assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo".

Com seu matagal de siglas e sua leniência jurídica, esse modelo parece ter se tornado refém de oportunistas, que exploram suas falhas e fazem pouco de suas leis - como mostram as autuações por propaganda eleitoral irregular, cujo valor é tão insignificante que os candidatos infringem sistematicamente as normas e pagam as multas como se fossem despesas correntes de campanha.

O PEN e seus assemelhados não são apenas galhofas inocentes. Eles são um dos sintomas da deliberada desestruturação institucional da democracia brasileira, com vista a manter um arremedo de representatividade que mal esconde projetos de perpetuação no poder de uns e a ganância de outros.

21 de julho de 2012

32,5 MILHÕES DE BRASILEIROS SÃO ANALFABETOS FUNCIONAIS

232 bombas atômicas

Pesquisa divulgada na semana passada pela ONG Ação Educativa, em colaboração com o Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope, indica que 27% dos brasileiros são analfabetos funcionais.
Isso significa que, se quatro brasileiros, cada um com um manual de sobrevivência na mão, têm cinco minutos para lê-lo, num barco que está afundando, um deles morrerá. A pesquisa toma por base os 130 milhões de brasileiros com idade acima de 15 anos.
Caso todos eles se encontrassem na mesma situação, num superbarco, 32,5 milhões morreriam. O cataclismo é de proporções cósmicas. Seriam necessárias 232 bombas atômicas como as que caíram sobre Hiroshima, onde morreram 140.000 pessoas, para chegar a esse total.
O leitor, que é esperto, e tem a sorte de desde a adolescência ter escapado do clube dos analfabetos funcionais, sabe que o superbarco da imagem acima é o Brasil, e o “morrer” não é morrer de verdade, mas ser desclassificado para trabalhos que exijam o domínio de textos e de cálculos com média complexidade.
O resultado continua sendo catastrófico: 32,5 milhões de brasileiros estão de saída desclassificados. O barco Brasil carrega quase dois Chiles de despreparados para tarefas acima de rudimentares.
A ONG Ação Educativa e o Instituto Paulo Montenegro começaram em 2001 a pesquisar o que chamam de Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf). De lá até agora, o índice de analfabetismo puro e simples caiu pela metade no país – de 12% para 6%. O de Analfabetismo funcional também caiu – de 39% para 27%.
Nem por isso os índices são satisfatórios e, em alguns detalhes, a pesquisa revela um quadro ainda mais cruel.
Afora o analfabetismo puro e simples, o Inaf considera três níveis de alfabetização: a rudimentar, a básica e a plena. A rudimentar é a que permite ler um anúncio e operar com pequenas quantias; a básica, a que possibilita ler textos mais longos e vencer operações como as que envolvem proporções; a plena, a que contempla os níveis mais altos de análise de textos e de operações matemáticas.
Da soma dos alfabetizados básicos e plenos resulta o total dos alfabetizados funcionais. Eles são 73% hoje, contra 61% em 2001. Mas, considerados só os alfabetizados plenos, o total não se moveu: eram 26% em 2001 e continuam 26%.
Também é desanimadora a constatação de que, mesmo entre os portadores de diploma universitário, há carências na alfabetização. Trinta e oito por cento deles não alcançam o nível de alfabetização plena. Tal constatação põe por terra o argumento de que o mar de faculdades mambembes espalhado pelo país cumpriria ao menos o papel de suprir as deficiências escolares anteriores do aluno.
A presidente Dilma Rousseff disse outro dia, rodeada pelas crianças que participavam da Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que não é pelo PIB que um país deve ser julgado, mas pela capacidade “de proteger o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e seus adolescentes”.
Foi criticada por vários motivos: porque sem um PIB robusto não há como cuidar bem das crianças; porque suas palavras embutiam a falácia de que o país cuida bem das crianças; porque fez a declaração no mesmo dia em que o Banco Central divulgava mais uma das hoje habituais más notícias quanto à saúde da economia.
As críticas eram justas. Se o PIB anda mal, vamos mudar de assunto – eis o convite com que acenava a presidente. Mas o fato de ela invocar o PIB quando falava de crianças tem a virtude de ressaltar a desproporção da atenção dispensada no país a um e outro.
Os respiros do PIB são acompanhados milimetricamente. Uma notícia negativa, como o recuou de 0,02% em maio em relação a abril, como anunciava o Banco Central naquele dia, provoca a mobilização do ministro da Fazenda.
Já as más notícias na educação, que em última análise é o que mais importa, quando se fala em crianças e adolescentes, não produzem o mesmo efeito. Não há sinal de que o ministro da Educação tenha se abalado com a divulgação da pesquisa sobre o analfabetismo.
Aliás, onde está o ministro da Educação?
Não só o atual, mas seus antecessores, a não ser quando são candidatos a alguma coisa, onde se enfiam? Os ministros da Fazendo, o atual como os antecessores, estão sempre em todas.
Para fazer justiça, o problema não é só o ministro da Educação. Também não é só o governo. A sociedade mostra interesse igualmente apenas relativo pela catástrofe das 232 bombas de Hiroshima sobre a educação brasileira.
As gerações perdidas vão se acumulando umas sobre as outras, num barco Brasil que mal e mal se equilibra, com tanta gente despreparada para decifrar o manual de sobrevivência.
21 de julho de 2012
Roberto Pompeu de Toledo – Veja

MENSALÃO DE LULA: PROCURADORIA DEVE IGNORAR DECISÃO DO TCU

Procuradoria deve ignorar decisão sobre valerioduto. Contrato da DNA com BB, dado como legal pelo TCU, é pilar da acusação no Supremo
Advogados dos réus do mensalão avaliam que a decisão do Tribunal de Contas da União de considerar regular o contrato da agência DNA, do empresário mineiro Marcos Valério de Souza, com o Banco do Brasil deve enfraquecer as acusações de uso de dinheiro público no escândalo. Já o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deve ignorar o voto do TCU, sob o argumento de que ele está desvinculado do processo. O julgamento do caso começa em 2 de agosto.
Para o ministro Eduardo Cardozo, decisão do TCU sobre a agência de Marcos Valério foge à sua alçada - Fabio Motta/AE
Fabio Motta/AE
Para o ministro Eduardo Cardozo, decisão do TCU sobre a agência de Marcos Valério foge à sua alçada
Para o Ministério Público, o TCU analisou o contrato entre a DNA e o BB só do ponto de vista administrativo. Na decisão que beneficiou Marcos Valério, o TCU reconsiderou deliberação anterior, que mandara a DNA devolver ao BB R$ 4,4 milhões – R$ 6 milhões, em valores corrigidos. Aprovado pelo tribunal, o voto da ministra Ana Arraes – mãe do governador Eduardo Campos (PSB-PE), aliado do governo petista – considerou legal o contrato, uma das bases da acusação do Ministério Público contra Valério.
De acordo com integrantes da PGR, o trabalho do procurador é provar que ocorreram irregularidades e crimes – como formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro, entre outros. Por meio do esquema, mesadas milionárias teriam sido pagas a aliados do governo Luiz Inácio Lula da Silva em troca de apoio político.

O escândalo do mensalão, em 2005, levou o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, a denunciar 40 pessoas – 38 são réus. Ele sustentou que só os desvios feitos por empresas de Marcos Valério chegariam a R$ 75 milhões.

Defesa. Advogados de réus do mensalão avaliam que a decisão do TCU reforça suas teses e pode enfraquecer a acusação no Supremo Tribunal Federal. "A defesa de Marcos Valério sustenta, desde o ano passado, que a bonificação de volume é um valor que pertence à agencia de propaganda, não está sujeito a repasse para o cliente, seja público, seja privado", disse o criminalista Marcelo Leonardo, defensor do empresário.

O advogado Marthius Sávio Lobato, que representa o ex-diretor do BB Henrique Pizzolato, disse que "(a decisão do TCU) reforçou a tese de defesa", mas "como o julgamento está próximo, não iria se manifestar".

"Vamos requerer ao ministro relator (Joaquim Barbosa) que requisite esse acórdão (do TCU) para os autos", afirmou o criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende o deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Para o advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende o ex-deputado José Genoino, a decisão "é uma notícia boa no plano geral, mas em particular nada tem a ver (com Genoino)". "Genoino nada tinha a ver com as tratativas financeiras do PT."

21 de julho de 2012

Mariângela Galucci e João Domingos, de O Estado de S. Paulo

COLABOROU FAUSTO MACEDO

CHANTAGEM NA RETA FINAL

Às vésperas do julgamento do mensalão, Valério ameaça revelar encontros com Lula

Às vésperas do julgamento do mensalão, o empresário Marcos Valério ameaça de novo revelar detalhes de encontros secretos que teria mantido com o então presidente Lula antes do escândalo
Pouca gente tem mais intimidade com o ex-presidente Lula do que o ex-metalúrgico Paulo Okamotto. Além de amigo pessoal, ele sempre atuou como uma espécie de assessor de luxo do ex-presidente, principalmente em assuntos que envolvem dinheiro.
No Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Lula foi presidente e Okamotto, diretor de finanças. Na primeira campanha presidencial disputada pelo petista, em 1989, Okamotto era o tesoureiro.
Essa relação de confiança ganhou outra conotação quando se soube, durante o escândalo do mensalão, que Okamotto pagara do próprio bolso uma dívida do presidente.
A operação levantou uma série de dúvidas, principalmente porque a dívida foi saldada em dinheiro vivo e não havia registro algum do responsável pela quitação.
Coube ao próprio Okamotto esclarecer o mistério: ele tinha em mão uma procuração do presidente que lhe dava poderes para atuar em seu nome.
O polivalente Okamotto anda às voltas com uma missão político-financeira muito mais complicada: foi encarregado de manter sob controle – e acima de tudo em silêncio – o empresário Marcos Valério.
Às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, Valério está chantageando o ex-presidente Lula e o PT.
Denunciado pelo procurador-geral da República como operador do maior esquema de corrupção da historia, Marcos Valério era dono de duas agências de publicidade que escondiam uma câmara de compensação.
Em 2002, na campanha que elegeu o ex-presidente Lula, a agência, entre outras coisas, providenciou o envio ao exterior de mais de 10 milhões de reais para pagar as despesas de campanha do PT – dinheiro arrecadado no Brasil, provavelmente de corrupção, e remetido para fora do país de maneira ilegal.
No governo Lula, o esquema ganhou sofisticação. A agência passou a receber recursos diretamente dos cofres públicos, simulava prestação de serviços e subornava congressistas e partidos políticos.
Segundo o Ministério Público, 74 milhões de reais foram desviados.
Encarregado da contabilidade da “organização criminosa”, Valério responde pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas.
Somadas, as penas podem chegar a 43 anos de prisão. O empresário se diz guardião de um valioso e delicado segredo.
Em maio, quando os ministros do STF já debatiam a data do início do julgamento, petistas influentes foram mobilizados para conter a ofensiva de Marcos Valério.
De Belo Horizonte, onde mora, o operador do mensalão fez chegar à cúpula do PT a ameaça: depois de refletir muito, teria finalmente decidido procurar o Ministério Público para revelar alguns segredos – o principal deles, supostos detalhes de suas conversas com Lula em Brasília.
O ex-presidente sempre negou a existência de qualquer vínculo entre ele e o operador do mensalão antes, durante e depois do escândalo.
Para mostrar que não estava blefando, como já fizera em outras ocasiões, o empresário disse que enviaria às autoridades um vídeo com um depoimento bombástico, gravado por ele em três cópias e escondido em lugares seguros.
Seria parte do acordo de delação premiada com os procuradores. Seu arsenal também incluiria mensagens e documentos que provariam suas acusações.
Paulo Okamotto, que hoje é diretor-presidente do Instituto Lula, foi um dos que receberam o recado – prontamente decodificado por um grupo de assessores próximos ao ex-presidente, que entrou em ação para evitar turbulências na reta final do processo.
Desde as primeiras chantagens de Valério em 2005, o ex-tesoureiro era incumbido de intermédiar as conversas com o empresário, que cobrava proteção e dinheiro.
O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, petista histórico e também integrando do círculo íntimo de Lula, foi destacado para descobrir se as ameaças, desta vez, procediam. Ele procurou pessoas próximas a Marcos Valério, advogados, integrantes do Ministério Público, políticos e empresários.
Ouviu a história sobre o depoimento em vídeo, mas não encontrou uma evidência de que ele realmente existia. Greenhalgh, há mais de um ano, é um dos encarregados de conversar com Marcos Valério. Ele se reuniu com o empresário algumas vezes em seu escritório em São Paulo.
“O Greenhalgh é o pacificador, é quem sempre dá as garantia a ele”, disse a VEJA uma fonte de confiança de Valério.
O advogado não sabe se o vídeo existe ou não, porém descobriu que o tal acordo de delação premiada era mais um blefe do empresário. Um blefe calculado para gerar calafrios e advertir os petistas sobre antigos compromissos assumidos.
Segundo um assessor do empresário, a cúpula do partido prometeu que lançaria mão de todos os instrumentos possíveis para livrá-lo da cadeia.
Procurado, o advogado Greenhalgh não retornou as ligações. Paulo Okamotto admitiu ter participado de reuniões com Marcos Valério, mas disse que isso nada tem a ver com ameaças ou chantagens: “Ele queria me encontrar porque às vezes queria saber das coisas. Em geral, ele quer saber como está a política, preocupado com algumas coisas”.
O mensaleiro escolheu como consultor o melhor amigo do ex-presidente, que chantageia há sete anos. Indagado se a consultoria também envolvia assuntos financeiros, Okamotto explicou:
“Ele tem uma pendência lá com o partido, uma pendência lá de empréstimos, coisa do partido”, referindo-se ao processo em que Valério cobra judicialmente 55 milhões de reais do PT, como pagamento dos empréstimos fictícios que abasteceram o mensalão.
E concluiu em tom enigmático: “O Marco Valério tinha relação com o partido, ele fez coisas com o partido. Eu nunca acompanhei isso. Então, quem pariu Mateus que o embale, né, meu querido?!”
Não é a primeira vez que o operador do mensalão ameaça envolver o ex-presidente Lula no caso. Em 2005, quando começaram a surgir provas contundentes do envolvimento de Marcos Valério no esquema, e suas ligações umbilicais com o PT, o empresário ligou para o então presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha, disse que faria um acordo de delação premiada e advertiu:
“Avisa ao barbudo que tenho bala contra ele”.
Ameaçou, também, revelar o nome das empresas que abasteceram o caixa dois da campanha de Lula em 2002 e fulminar ministros que haviam recebido parte do dinheiro.
Pelo seu silêncio, Valério impôs algumas condições. Queria garantia de que não seria preso e uma bolada de 200 milhões de reais. As denúncias nunca se materializaram.
Em 2010, Marcos Valério fez uma confidência no gabinete de uma autoridade de Brasília: “O Delúbio (Soares) me levou para um futebol no Palácio”.
A autoridade tentou mostrar indiferença diante do que acabara de ouvir, mas sabia mito bem o que aquilo significava. O objetivo era apenas enviar mais um recado. Delúbio garantiu que essa visita nunca existiu.
Pouco antes de deixar a Presidência, Lula disse que se dedicaria a provar que o mensalão não existiu. Mas, em flagrante contradição, em 2005, no ápice do escândalo, o então presidente se penitenciou:
“Eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos de pedir desculpas. O PT tem de pedir desculpas”.
Apesar de reconhecer o crime, a estratégia já naquela época era afirmar que toda a fraude aconteceu sem que o líder máximo do partido soubesse.
Teoria que o próprio Lula acabou por fragilizar em depoimento ao Supremo Tribunal Federal, quando confirmou que realmente fora advertido pelo deputado Roberto Jefferson sobre a existência do mensalão antes de o escândalo eclodir.
Segundo o próprio Lula, na ocasião estavam presentes os ministros Aldo Rebelo e Walfrido Mares Guia e o deputado Arlindo Chinaglia – o mesmo que Jefferson acusou na semana passada de ter lhe oferecido vantagens para que ele não denunciasse a fraude.
Arlindo Chináglia disse que isso não é verdade
Na reta final, blefando ou não, é no mínimo estranho que, sete anos depois do mensalão, Marcos Valério continue ameaçando o PT – e o PT continue assombrado com as ameaças de Marcos Valério.
21 de julho de 2012
Rodrigo Rangel – Veja

INDIGNAR-SE OU ACEITAR?

Olhem que coisa: para mudar para pior o Congresso brasileiro demonstra uma capacidade enorme de atuar e agilidade.
É insuperável. O dito cujo aproveitou a Rio+20, quando as atenções estavam voltadas para ela, e as escondidas votou a autorização para que funcionários públicos ganhassem mais que o teto permitido que é do Supremo Tribunal Federal e que hoje é de 26. 400, 00 (vinte e seis mil e quatrocentos reais).

Esta conduta me parece e torço muito para que eu esteja certo, não causa mais tanta admiração, pois a sociedade brasileira já conhece o baixo nível moral da classe politica brasileira.
Qualquer pessoa de bom senso compreende que um cidadão que ganha salário mínimo não pode ter como empregados políticos com os salários atuais como os propostos pela gangue aliada.
É inconcebível que o conjunto da sociedade mantenha uma classe politica com o nível de mordomia e salários que eles possuem. É inconcebível.
A “cachoeira” tão comentada e explorada para desviar a atenção de outros escândalos, termina encobrindo situações muito mais danosas para a sociedade, e, no final das contas e diante da CPI do Cachoeira termina que essa coisa abominável do aumento dos salários mais parecendo um filete d’água no bolso do contribuinte.

Impressiona-nos como os deputados que votaram uma imoralidade desta não pensem que o contribuinte não tem mais capacidade de gerar dinheiro para alimentar esta bandidagem acobertada por mandatos parlamentares.
Em suma – os maus feitores da lei não conseguem se sensibilizar com a pobreza do Brasil nem com a falta de todos os serviços públicos; isso sem falar na nossa infraestrutura que está em níveis alarmantes de ineficiência, mas isto, claro, não passa de pequenos males dessa classe politica que infelizmente dirige o Brasil e se locupleta em todos os níveis.

21 de julho de 2012
Adauto Medeiros
Engenheiro civil e empresário.

BIBOCA


Como sou habitante de um país onde TODOS os políticos são “incomuns”, estou habituado a ver como eles se tratam, com o dinheiro que pagamos de impostos.
 E temos que ver alguns paralamentares justificarem o mundaréu de dinheiro que precisam para se “deslocarem”, por exemplo, um do Amazonas que, por conta de ter que visitar suas bases, gasta os tubos em aluguel de hidravião. Verba de representação! Sabem o que é isso? Eu não.

Terei o desprazer de mostrar aos nossos leitores que existem países que podem ser chamados de bibocas, em comparação com o nosso, um gigante pela própria natureza, e deitado em berço esplêndido. Os leitores sabem que as palavras não são minhas.

Não tem cabimento um país tratar seus pobres políticos como o que vão ver, no link abaixo:


(*) Fotomontagem: O deputado piauiense Frank Aguiar e casa de um deputado suéco.

21 de julho de 2012
magu
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Nada ilustra melhor a vida nababesca que proporcionamos aos nossos políticos, do que o vídeo abaixo, que tenho colocado repetidamente neste blog, para demonstrar em que país vivemos.
Quando somos informados da farra nos gabinetes parlamentares, com um sem número de secretários e assessores, moradias suntuosas, criados, automóveis, honorários incríveis, ficamos sem entender como é possível tanta falta de vergonha. De ambos os lados: dos parlamentares que não se fazem de rogado e usam e abusam do poder que lhes conferimos, e do lado dos eleitores, nós, os idiotas, que elegemos a 'zelite' para gastar à vontade o nosso dinheiro, inclusive com poder de dá-los a outros países, enquanto agonizamos com a ausência de saúde, educação, segurança, saneamento... Daí então, descobrimos que o planalto nada tem a ver com a planície. E descobrimos, ainda, que respeito e ética nada tem a ver com política.
Depois, eu nunca entendi bem essa história de que o país está deitado em berço esplêndido. No meu curto entender, quem está deitado - e sempre esteve, desde que me entendo por gente - não é bem o país, que afinal somos nós, mas esses parlamentares que vivem no melhor dos parlamentos possíveis...
O país está pendurado nos coletivos lotados. O país está maltratado pelo desemprego. O país está ferido pelo abandono das políticas públicas. O país agoniza com bolsas miseráveis para encobrir a desdita. O país está com seus filhos subnutridos e sem escola. O país está com seus filhos na droga e no crime.
O país é esse povo, que de berço esplêndido sequer ouviu falar...
Vejam de novo...

O SENADOR QUE VIVE SUPLICIANDO BOB DYLAN É CAPTURADO POR CELSO ARNALDOI DEPOIS DE ASSASSINAR CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Para melhorar o fim de semana dos amigos da coluna, nada melhor que um texto de Celso Arnaldo sobre o inverossímil Eduardo Suplicy. Confira. (AN)

TINHA UM SUPLICY NO MEIO DO CAMINHO

Em 2004, a revista Rolling Stones fez uma lista dos 100 maiores nomes da música pop em todos os tempos, à qual deu o nome de “Os Imortais”. Em primeiro lugar, The Beatles. Em segundo, Bob Dylan.

Mas tinha um Suplicy no meio do caminho. Foi um crime gratuito, despropositado, a troco de nada, com a inconfundível marca da inimputabilidade de seu intérprete: a tortura de sua versão para Blowin´ in the Wind, assassinada à capela no púlpito do Senado pouco depois da divulgação da lista da Rolling Stones, instantaneamente arranhou a imortalidade de Bob Dylan.

Que nunca mais foi o mesmo depois que um amigo brasileiro enviou-lhe a versão-suplício desse que era até então um dos hinos universais da música pop e um momento sublime do sacro movimento da contracultura.

Quem assistiu a um dos shows de Dylan no Brasil no ano passado deve ter notado seu alheamento, seu aparente desligamento das coisas deste mundo – sobretudo cantando Blowin´ in the Wind, ele se esforça muito para não parecer Bob Dylan e para Blowin´ in the Wind não soar como Blowin´ in the wind.

Dizem que Dylan, nascido Robert Zimmerman, até pensou em sumir no vento e assumir de vez sua identidade judaica — שבתאי זיסאל בן אברהם, ou Shabtai Zisel ben Avraham – para se livrar sabaticamente do trauma.

O fato é que, desde aquele dia infame, Blowin´ in the Wind está morta – é hoje um fantasma constrangedor, que ainda vaga (veja vídeo) na voz do serial killer que já trucidou Cat Stevens, Geraldo Vandré e até os Racionais Mc´s.
Aliás, muitos senadores prefeririam dar de cara com um atirador de elite disparando a esmo um fuzil automático de verdade do que ouvir de novo o assustador “pá-pá-pá” de Suplicy quando interpretou Homem na Estrada, na tribuna. Foi um dos últimos momentos de ACM (veja o vídeo).

Bem, ninguém deteve Suplicy. E esta semana ele matou de novo, na Casa do Espanto. Supliciou até a morte outro legítimo imortal. Havia um Suplicy no meio do caminho dos 110 anos de nosso maior poeta, Carlos Drummond de Andrade. A propósito de homenagear a efeméride, atacou-o pelas costas, massacrando seus versos mais conhecidos. Na voz soluçante e trepidante de Suplicy, a antologia drummoniana ressoa como se tivesse sido escrita por José Sarney.

Para ouvir isso, quisera o poeta nunca ter saído de Itabira do Mato Dentro e nunca ter cometido um único verso — neste vasto, vasto mundo em que uma pessoa com a sem-noção de Eduardo Suplicy tem a profissão de senador vitalício da República.

Vale a hipótese: Suplicy talvez seja eleito, sucessivamente, para cumprir a cota de honestidade do Senado, hoje resumida a dois, três cases de marketing. Mas é um retrato trágico, não fosse cômico, do destino que a história reservou ao PT.

O único nome do partido não envolvido em negociatas e maracutaias é um anjo torto, que foi ser bobo na vida.



BATTISTI: VISTO CONCEDIDO PELOS COMPANHEIROS É ILEGAL


O visto de permanência aprovado pelo Conselho Nacional de Imigração, notório cabide de empregos para a companheirada, afronta a lei que criou o próprio Conselho, conforme evidencia editorial publicado hoje pelo Estadão:
Por 14 votos a 2, 1 abstenção e 3 ausências, o Conselho Nacional de Imigração – vinculado ao Ministério do Trabalho e integrado por 9 representantes de Ministérios, 5 de sindicatos, 5 de entidades patronais e 1 da comunidade científica – concedeu visto de permanência ao ex-terrorista italiano Cesare Battisti. Com isso, ele poderá viver e trabalhar por tempo indeterminado no Brasil.
Pela ordem jurídica vigente, a decisão do Conselho Nacional de Imigração é ilegal. Ela colide com a Lei 6.815/81, que criou o órgão e define a situação jurídica dos estrangeiros no Brasil. O inciso IV do artigo 7.º dessa lei proíbe taxativamente a concessão de visto “ao estrangeiro que foi condenado ou processado em outro país por crime doloso, passível de extradição segundo a lei brasileira”.
É justamente esse o caso de Battisti. Ele foi condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, quando integrava a organização terrorista Proletários Armados para o Comunismo. No momento em que Battisti foi processado, julgado e condenado, a Itália vivia em plena normalidade política e constitucional, ou seja, sob democracia plena.
Battisti também já foi condenado no Brasil pela primeira instância da Justiça Federal à pena de dois anos em regime aberto, convertida em pagamento de multa e prestação de serviços à comunidade, por usar passaportes franceses falsificados, encontrados quando foi preso pela Polícia Federal, em 2007, a pedido do governo italiano. Ele recorreu, mas a decisão foi mantida há cinco meses pelo Tribunal Regional Federal da 2.ª Região. No inciso II do artigo 7.º, a Lei 6.815 também proíbe a concessão de visto “ao estrangeiro considerado nocivo à ordem pública”.
Por mais que se apresente como perseguido político, Battisti, do estrito ponto de vista técnico-jurídico, não preenche os critérios previstos pela legislação para a obtenção de visto de residência. Por isso, a Procuradoria-Geral da República – o órgão encarregado pela Constituição de “defender a ordem jurídica” – não tem outra saída a não ser contestar judicialmente a decisão do Conselho Nacional de Imigração e exigir o cumprimento do direito positivo.
Foi com base nessa legislação que, em 2009, a Procuradoria-Geral da República emitiu um parecer contrário à concessão de asilo a Battisti – posição que foi endossada pelo Comitê Nacional para os Refugiados, uma comissão interministerial encarregada de receber os pedidos de refúgio e determinar se os solicitantes reúnem as condições jurídicas necessárias para serem reconhecidos como refugiados. Surpreendentemente, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, desprezou as duas decisões e concedeu o status de refugiado político a Battisti.
Classificando a iniciativa de Genro como “grave e ofensiva”, o Ministério de Assuntos Estrangeiros da Itália recorreu ao Supremo Tribunal Federal, acusando o governo brasileiro de não cumprir o tratado de extradição firmado pelos dois países em 1989. Mas, em vez de dar uma solução clara e objetiva ao caso, em 2010 a Corte, numa decisão ambígua, autorizou a extradição, mas deixando a última palavra ao presidente da República. Pressionado pelo ministro da Justiça, por um lado, e pelo governo da Itália, por outro lado, Lula deixou claro que concederia asilo a Battisti – o que só fez no último dia de seu mandato – e pediu à Advocacia-Geral da União um parecer que fundamentasse sua decisão. Cumprindo a determinação, o órgão desprezou a legislação e preparou um parecer político, dando as justificativas “técnicas” de que o presidente precisava para decidir pela permanência de Battisti no País, com o status de imigrante.
O governo italiano voltou a recorrer e o Supremo, para perplexidade dos meios jurídicos, também agiu politicamente, ignorando tanto o tratado de extradição firmado entre o Brasil e a Itália quanto a própria legislação brasileira sobre estrangeiros. Essa desmoralização das instituições jurídicas foi aprofundada ainda mais com a concessão do visto de permanência a Battisti, pelo Conselho Nacional de Imigração.
(grifos nossos)

Comentários

  • É impressionante a quantidade de leis que foram ignoradas por todas essas instâncias do Executivo e Judiciário, apenas com o intuito de proteger um criminoso com “pedigree ideológico” e agradar setores da extrema-esquerda.
  • Nos últimos dias, houve uma pequena polêmica sobre como a imprensa denomina Battisti: alguns veículos o chamam de “ex-ativista”, outros de “ex-terrorista”. Que tal deixar de chamá-lo pelo que ele não é mais, e começar a chamar pelo que ele será para sempre: “assassino” ou “homicida”?
  • A Procuradoria-Geral da República, que seria responsável por contestar judicialmente a decisão do Conselho Nacional de Imigração, é aquela mesma comandada pelo sósia do Jô Soares, que praticamente garantiu sua recondução ao cargo após não ter visto nenhum indício de irregularidade na evolução patrimonial do ex-ministro Palocci, e decidiu não investigá-lo.
  • Outro aspecto interessante é a formação do tal Conselho Nacional de Imigração: um balaio com sindicalistas, representantes do governo e de entidades patronais para decidir sobre vistos de imigração. Se alguém souber a lógica por trás disso, favor nos informar na caixa de comentários.
21 de julho de 2012
implicante

SOBRE ARMAS, LEIS E LOUCOS


          Artigos - Desarmamento 
Mais um massacre justamente numa "área livre de armas de fogo". A Cinemark se notabiliza pela imposição de uma severa política antiarmas para suas salas.

Como sempre acontece, o mais recente ataque contra um grupo de vítimas indefesas, desta vez em um cinema nos EUA, onde 12 pessoas foram mortas, reacende a sanha dos desarmamentistas americanos, dentre os quais o prefeito de Nova Iorque, Mike Bloomberg, um dos expoentes políticos americanos que acham terem nascido com o dom de saber o que é melhor para mundo todo.

No Brasil, via de regra, aqueles que pregam o desarmamento como forma de impedir tais massacres se assanham rapidamente ao sentirem o cheiro de sangue inocente, impelidos quase sempre pelo antiamericanismo tupiniquim, mas invariavelmente esquecendo - ou fazendo questão de esquecer - que tais acontecimentos não são, nem de longe, exclusividade norte-americana.

Em 1999, um louco invadiu um cinema de São Paulo e abriu fogo usando uma submetralhadora comprada poucos dias antes em uma favela da capital – arma ilegal, evidentemente.
Matou três pessoas e feriu outras 5; e Só não houve mais vítimas porque um herói anônimo pulou sobre ele e o desarmou antes que recarregasse sua arma. Em 1997, Fernando Henrique Cardoso havia transformado o porte ilegal de armas em crime, aumentando muito as restrições relativas à posse e ao porte de armas no Brasil.

Japão, 2001. Um homem com problemas mentais invade uma escola, mata oito crianças e fere outras 13 usando uma faca. O massacre que assustou o Japão não foi o primeiro e não seria o último. A posse e o porte de armas para civis são proibidos no Japão desde o século XV.

Em 2010, em Naping (China), um desequilibrado mental invadiu uma escola primária e, também usando uma faca, matou oito crianças e feriu gravemente outras cinco.
Entre 2010 e 2011, outras 116 crianças e adultos seriam vítimas de ataques semelhantes na China Comunista, fazendo com que o governo proibisse a divulgação de outros ataques para evitar os chamados “copiadores”. Na China, as armas de fogo são terminantemente proibidas para os cidadãos.

Cumbria, Inglaterra, 2010. Um homem, durante um surto psicótico, mata aleatoriamente 12 pessoas e fere outras 11. Foi acompanho por quilômetros por uma viatura de polícia, cujos policiais estavam também desarmados e não puderam fazer nada. Em 1997, a Inglaterra praticamente proibiu as armas particulares para seus cidadãos.

Em 2011, mais um massacre. Desta vez um louco invadiu uma escola no Rio de Janeiro e assassinou friamente 12 adolescentes. A carnificina só parou quando ele foi baleado por um policial que invadiu a escola. Sete anos antes era aprovado o chamado “Estatuto do Desarmamento”, que proibia o porte de armas e criava restrições quase intransponíveis à compra de uma arma legal.

Casos semelhantes aconteceram em diversos outros países, entre eles os pacíficos Canadá e Finlândia. Em todos, houve premeditação e, como autores, viram-se pessoas com distúrbios mentais, que utilizaram as armas que tinham à disposição ou foram capazes de colocar às mãos.
Também em todos os casos, a lei, mais ou menos restritiva, de acesso às armas não foi capaz de impedir as mortes, simplesmente porque nenhuma das armas foi usada legalmente.

Recorrer ao desarmamento quando um caso assim acontece é fugir para o simplismo, é apelar, muitas vezes, para o confortável discurso fácil que joga nas armas o poder sobrenatural de agir por conta própria.
Ao mesmo tempo, é enterrar a cabeça no chão e negar a existência de pessoas más e insanas, capazes de matar crianças inocentes sem qualquer remorso ou arrependimento.
É negar a maldade, negar a existência de lobos no meio das pacatas ovelhas.
É, em última análise, balir discursos pacifistas, na defesa pueril de leis restritivas, enquanto os lobos-loucos ignoram sua existência e se preparam para o banquete sangrento.

O primeiro ministro inglês, após o citado ataque de Cumbria, resumiu magistralmente sua posição ao ser inquirido sobre mais restrições às armas: “não é possível legislar sobre a loucura”. E não é, mesmo.

SE POLITIZAREM JULGAMENTO, LULA PAGARÁ A CONTA, DIZ JEFFER SON. FOI UM 'GRANDE EQUÍVOCO' DEIXAR LULA FORA DO PROCESSO

 
Antes mesmo de o Supremo Tribunal Federal (STF) dar início ao julgamento do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson mostra que está disposto a arrastar com ele, ao banco dos réus, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Reeleito presidente nacional do PTB pela quarta vez consecutiva, Jefferson diz que foi "um grande equívoco" deixar Lula fora do processo e ameaça:
"Se tentarem politizar esse julgamento, Lula vai pagar a conta. Vou à tribuna do Supremo".


O que deixou o autor da denúncia do mensalão furioso esta semana foi a informação de que os advogados do ex-ministro José Dirceu, apontado por Jefferson como "o chefe da quadrilha", referem-se a ele como "pessoa de abalada credibilidade" no memorial de defesa entregue ao STF. Tudo para desacreditar aquele que, segundo a defesa de Dirceu, teria criado o termo "mensalão".
"Qualquer ataque a mim será respondido no mesmo tom", avisa o ex-deputado. Embora tenha se surpreendido com um diagnóstico indicativo de câncer no pâncreas e já tenha agendado uma cirurgia para o próximo sábado, 28, Jefferson aposta que estará recuperado até o dia do julgamento de seu processo.

Se os demais réus fizerem uma "defesa técnica e jurídica", seu caso será conduzido pelo advogado Luiz Barbosa. Se politizarem o processo, ele faz questão de fazer pessoalmente sua defesa, como advogado que é, da tribuna do STF.

Não por acaso, Luiz Barbosa tem dito que vai usar metade da uma hora a que tem direito na sustentação oral do STF para bater na Procuradoria-Geral da República e desqualificar a denúncia, por não ter incluído o ex-presidente Lula.

Para a defesa do presidente do PTB, Lula que será apontado como comandante do esquema. A outra meia hora, Jefferson reserva para que ele mesmo possa se defender, partindo para o ataque.

O presidente do PTB lembrará que o Ministério Público sustenta a tese de que houve corrupção para favorecer o governo. E dirá que ministros são meros auxiliares, uma vez que a Constituição confere apenas ao presidente, chefe do Executivo, o poder de baixar decretos e propor projetos de lei autorizando ministros a fazer pagamentos e gastos. "O governo era o Lula, e não o Zé Dirceu", argumenta.
Ele quer rebater pessoalmente os argumentos do memorial de defesa de José Dirceu. Diz o documento que "a acusação de compra de votos é sustentada por um único e frágil pilar:
Roberto Jefferson".

Em seguida, os advogados do ex-ministro afirmam que Jefferson estava "no foco de graves acusações relacionadas com a gravação de Maurício Marinho recebendo dinheiro nos Correios".

A defesa de Dirceu acrescenta, ainda, que foi esse contexto que levou Jefferson "a buscar o palanque da mídia e a inventar que parlamentares vendiam votos por uma mesada de R$ 30 mil.Assinam o memorial entregue ao STF os advogados José Luís Oliveira Lima e Rodrigo Dall'Acqua.

Estadão
21 de julho de 2012

NOVA CÉDULAS DE R$ 10 E R$ 20 COMEÇAM A CIRCULAR NA SEGUNDA-FEIRA



Na segunda-feira (23) o Banco Central faz o lançamento das novas cédulas de R$ 10 e R$ 20 da segunda família do real. As notas entram em circulação no mesmo dia, mas ainda não há informações sobre o tamanho do primeiro lote.
O lançamento dos novos modelos foi feito em 2010 e, naquela ocasião, a meta do governo era iniciar a substituição dos atuais modelos de R$ 10 e R$ 20 em 2011. Mas, segundo o BC, houve a necessidade de fazer ajustes técnicos para a fabricação, o que atrasou o início da circulação.
Com isso, também foi postergado o início da circulação das novas notas de R$ 2 e R$ 5 – que passou de 2012 para 2013.

21 de julho de 2012
camuflados

GABRIEL GARCIA MARQUES. O TRISTE OUTONO DE UM GÊNIO

Entre outras dívidas que tenho para com a memória de Jorge Amado está a de ele me ter apresentado, em 1972, em Bad Godesberg, a Gabriel Garcia Márquez. Era um encontro de escritores latino-
americanos, patrocinado pelo governo alemão, que eu cobria para este JB, e pude conhecer, também ali, o genial gualtemateco Miguel Angel Astúrias. Dissera a Jorge de minha admiração por “Cién años de soledad”, ao manifestar a minha timidez diante do gênio.

Jorge sorriu e me confidenciou: “O escritor escreve para ser admirado. Vamos conversar com ele”. Assim, conversamos algum tempo com Garcia Marquez. Ele já se encontrava no planalto de sua glória. Era ainda muito jovem, e exibia, aos 44 anos, o bigode um pouco grisalho.

Gabriel foi extremamente amável e me disse que éramos colegas. Colegas no jornalismo, o que o autorizava a ver-me também como escritor. O bom jornalismo é sempre boa literatura, disse. E quem não sabe escrever, não faz literatura, nem jornalismo. Só pode ser considerado jornalista ou escritor aquele que vive do que escreve.

Ele me surpreendeu pelo bom humor. Antes Astúrias me impressionara pela sobriedade. Enfim, entre um e outro, havia quase trinta anos de diferença.

Não o vi em Praga, quando ali encontrei, em dezembro de 1968, Carlos Fuentes e Julio Cortazar. Ele, naquela noite – que foi a do AI-5 no Brasil – era convidado especial de Milan Kundera. Eles, juntamente com Jean Paul Sartre, haviam sido convidados pelos intelectuais tchecos, para assistir à premiére de Les Mouches, a peça do escritor francês.



Leio, agora, em El País, que seu irmão mais moço, Jaime Garcia Márquez, que vive em Cartagena de Índias, conversa com o escritor, pelo telefone, quase todos os dias. A pedido de Gabriel, fala do passado que o irmão está perdendo. O escritor transita em seu labirinto, e o tênue fio de Ariadne é a voz do irmão. Não teremos mais notícias novas do mundo fabuloso que ele criou, tendo como centro a instigante Macondo.

Gabriel está com demência senil, um dos sinônimos da Doença de Alzheimer. Com a memória, ele perdeu também as letras. Não escreverá mais – de acordo com a dolorosa conclusão do irmão. Mas ainda o teremos com vida: é o consolo que nos dá Jaime Garcia Márquez. Enquanto procurar o passado, Gabriel, de um mundo que se esvazia, estará voltando ao mundo que criou.

Em Roma, em 1987, José Saramago, outro que deixou o jornalismo pela literatura, me disse que gostaria de morrer quando estivesse buscando a frase ideal para colocar na boca de um personagem estúpido:
“Quando não conseguir mais isso, estará na hora de morrer”. Mas Saramago era homem de uma Europa sempre angustiada. Gabriel é homem de nossa América, e, por isso, insiste em recuperar a vida que se esmaece, porque na vida, em nossa geografia humana, sempre habita a alegria da esperança.

Mauro Santayana
21 de julho de 2012

SERRA E RUSSOMANNO EMPATADOS NA DISPUTA PELA PREFEITURA DE SÃO PAULO. ENQUANTO ISSO, HADDAD...

O candidato do PSDB, José Serra, e o candidato do PRB, Celso Russomanno, estão tecnicamente empatados na disputa pela Prefeitura de São Paulo, segundo pesquisa Datafolha divulgada neste sábado. O empate técnico ocorre em função da margem de erro da pesquisa, de três pontos para cima ou para baixo.

Serra continua em primeiro lugar, com 30% das intenções de voto, e a surpresa foi a subida de Russomanno, que agora soma 26% das intenções de voto.portanto, a distância entre os dois candidatos caiu três pontos porcentuais desde a última pesquisa, divulgada em 27 de junho, quando Serra tinha 31% das intenções de voto e Russomanno, 24%.

No segundo pelotão, aparecem também tecnicamente empatados Fernando Haddad (PT) e Soninha Francine (PPS) com 7%, além de Gabriel Chalita (PMDB) com 6% e Paulinho da Força (PDT), com 5%.

Segundo o levantamento, Serra lidera as taxas de conhecimento e rejeição dos candidatos. O tucano é conhecido por 99% dos eleitores e rejeitado por 37% – seu maior índice negativo desde setembro de 2011.

Traduzindo tudo isso: as pesquisas só valem mesmo depois de iniciada a campanha eleitoral pelo rádio e televisão. Por enquanto, Haddad segue empacado e tudo indica que haverá segundo turno em São Paulo. Serra não deve cair dos 30%, mas Haddad deve subir (nas costas de Lula) e Russomanno pode cair, porque dispõe de pouco espaço na televisão.