"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 18 de março de 2012

QUER CONHECER ALGUÉM QUE AMA O BRASIL ACIMA DE TUDO? CHAME UM MILICO!

Nem no Regime Militar os “milicos” estiveram tão presentes no dia a dia dos brasileiros

Nem durante o regime militar estes que muitos gostam de chamar “milicos” estiveram tão presentes no dia a dia da população. Recebi de um amigo um texto interessante — não estou certo se é um desses que circulam na Internet sem autoria.
O fato é que está cheio de verdades. Como há um trecho na primeira pessoa do plural, deve ter sido redigido por um militar. Leiam! Volto em seguida.

A PF não quer ir pra fronteira porque a diária é pouca? Chamem os milicos.
A PM não quer subir o morro porque é perigoso? Chamem os milicos.
A PM faz greve porque o salário é baixo? Chamem os milicos.
A Anvisa não quer inspecionar gado no campo? Chamem os milicos.
O Ibama não dá conta de fiscalizar os desmatamentos? Chamem os milicos.
Os corruptos ganham milhões e não constroem as estradas? Chamem os milicos.
As chuvas destroem cidades? Chamem os milicos.
Caiu avião no mar ou na selva? Chamem os milicos.
Em caso de calamidades públicas, a Defesa Civil não resolve? Chamem os milicos.
Desabrigados? Chamem os milicos.
A dengue ataca? Chamem os milicos.
O Carnaval, o Ano Novo ou qualquer festa tem pouca segurança? Chamem os milicos.
Certeza de eleições livres? Chamem os milicos.
Presidentes, primeiros-ministros e visitantes importantes de outros países? Chamem os milicos.
Adicional noturno? Não temos!
Periculosidade? Não temos!
Escalas de 24 por 72 horas? Não temos!
Hora extra, PIS, PASEP? Não temos!
Residência fixa? Não temos!
Certeza de descanso no fim de semana? Não temos!
Salário adequado? Não temos!
Acatar todas as ordens para fazer tudo isso e muito mais, ficando longe de nossas famílias, chama-se respeito à hierarquia.
Aceitar tudo isso porque amamos o que fazemos chama-se disciplina.
Quer conhecer alguém que ama o Brasil acima de tudo? Chame um milico!


Voltei

É isso aí! Está em curso, apelando a flagrantes ilegalidades, uma campanha que resulta em óbvia tentativa de desmoralizar as Forças Armadas. Em nome da disciplina, os militares da ativa estão proibidos de se manifestar. Os da reserva, que podem falar (porque amparados em lei), encontram-se sob o assédio de um surto de autoritarismo. De fato, as Forças Armadas estão presentes em todos aqueles eventos, alguns nascidos da mais escancarada incúria de governos civis.

Alguns bobalhões, ao fazer a defesa da revanche, ignorando leis e decisão do Supremo, tentam inculcar nos militares da ativa certa aversão aos da reserva — “afinal, os que estão aí hoje não participaram de 64″, argumentam… É preciso desconhecer o básico da história dos militares do Brasil e do mundo para tornar público argumento tão cretino. Ai do país que tivesse Forças Armadas sem o sentido da lealdade!

Tenho uma idéia melhor: CUMPRIR AS LEIS!

18 de março de 2012
Reinaldo Azevedo

FOI A LIGA BRASILEIRA DE LÉSBICAS QUE FEZ TRIBUNAL GAÚCHO RETIRAR DAS SALAS AS IMAGENS DE CRISTO

A cristianofobia varre o mundo. Em vários países da África e do Oriente nossos irmãos na Fé são mortos. Na maior parte dos países ocidentais, outrora oficialmente cristãos, a perseguição religiosa é menos violenta na aparência, mas muito perversa. Em nome do laicismo do Estado, pretende-se abolir toda forma de expressão religiosa da esfera pública e destruir o que resta da Civilização Cristã.

O exemplo mais recente e chocante ocorreu no sul do país. A pedido da ONG Liga Brasileira de Lésbicas, no último 6 de março, o Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) decidiu retirar crucifixos e símbolos religiosos de todas as salas do Judiciário do Estado.

Em Nota Pastoral, Dom Keller, bispo de Frederico Westphalen (RS), lamentou que o tribunal de Justiça tenha se dobrado “diante da pressão de um grupo determinado, ideologizado e raivoso, contrariando a opinião da grande maioria da população do Estado do Rio Grande do Sul” (1).

Em junho de 2007, como bem lembra Dom Keller, o Conselho Nacional de Justiça já havia rechaçado o mesmo pedido. Naquela ocasião, o conselheiro Oscar Argollo, em seu voto, expressava que “o Estado, que não professa o ateísmo, pode conviver com símbolos os quais não somente correspondem a valores que informam sua existência cultural, como remetem a bens encarecidos por parcela expressiva da sua população – por isso, também, não é dado proibir a exibição de crucifixos ou de imagens sagradas em lugares públicos”.

Seria ingenuidade pensar que os fanáticos do secularismo se contentam com a retirada dos crucifixos expostos em locais públicos. Duvida? Pois, bem, a Justiça da Inglaterra decidiu que portar crucifixos no pescoço pode ser considerado como justa causa para demissão de funcionários (2).

Ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, os prejudicados já recorreram, mas ainda que ganhem, serve de alerta para tantos desavisados que pensam que a sede anticristã dos laicistas é saciável.

18 de março de 2012
Edson Carlos de Oliveira

EM NOME DE DEUS

Durante a 1ª Guerra Mundial, mais de dezoito mil sinos de igreja e inúmeros tubos de órgãos foram doados ao esforço de guerra para serem derretidos e usados na fabricação de armas e munições. Viva la muerte ! Em 1936, a Igreja Católica espanhola, mancomunada com os setores mais reacionários, abençoou a direita fascista, afirmando que votar nela era votar em Cristo.

Não espanta que as massas republicanas e revolucionárias, enfurecidas, tenham matado cerca de 7 mil sacerdotes. Eles representavam o braço “espiritual” do atraso e da repressão. São famosas as cenas de camponeses fuzilando imagens de santos.

Na Argentina, o sacerdote Christian Von Wernich ajudava ativamente os agentes da ditadura nos centros clandestinos de detenção. Foi acusado por 33 sequestros e 19 homicídios. Padres “justificavam” os Voos da Morte e parte do clero confraternizava com os militares, promovidos a guardiães e salvadores do cristianismo contra a “desagregação vermelha”.

Visito essas páginas negras do século passado, uma gota no oceano de sangue que jorrou da aliança entre religião e Estado. Os que defendem o ensino religioso nas escolas públicas com base numa suposta superioridade ética dos valores da religião, deveriam se informar melhor. A invasão dos espaços públicos por grupos, seitas e movimentos religiosos é um desrespeito à memória dos incontáveis martirizados pela intolerância que geralmente acompanha o casamento da fé com o poder político.

Num debate sobre circuncisão, um psicanalista argumentou que não cabia generalizar essa prática em nome de um “pacto com Deus”. Como qualquer procedimento cirúrgico, dizia ele, só devia ser recomendado em caso de indicação clínica. Foi o suficiente para que um ouvinte, por sinal médico, se levantasse e, dedo em riste, desqualificasse a argumentação do debatedor, dizendo que não havia ciência que pudesse abalar um dos “pilares da fé judaica”. É esse tipo de fanatismo, insensível ao conhecimento humano, que me assusta. Imagina quando se dá força e poder a ele !

Nessa área, o Brasil não está bem na foto. Grupos religiosos organizados, com representação parlamentar, usando veículos de comunicação potentes, com recursos financeiros monumentais, operam na sociedade com desenvoltura e pregam valores não raro preconceituosos e arcaicos.

Parlamentares evangélicos estão tentando interferir na legislação que regulamenta o trabalho dos psicólogos. Achando que o homossexualismo é uma doença, pregam a “cura” pela terapia do dr. Freud. Uma profissional da área se definiu como “psicóloga cristã” e disse que seu trabalho “está subordinado à palavra de Deus”. Mamma mia ! Se isso prospera, não demora e os divãs, aposentados, virarão confessionários. O fundamentalismo não tem fronteiras.

Os números da indústria da fé são impressionantes. Uma dissidência da Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, está construindo um templo com capacidade para receber até 150 mil pessoas (um Maracanã das antigas). O dinheiro vem das manjadas promessas de milagres, vendidas sob a forma de “martelinho da justiça”, “toalhinha dos milagres” e carnês variados. Prometem curar qualquer doença e eliminar dívidas (não à toa, não se conhecem casos de banqueiros frequentadores desta igreja).

Têm a cara de pau de dizer que a “toalhinha” já “ressuscitou até morto” ! O alto clero mora num condomínio de luxo em São Paulo, usa helicóptero e avião para se movimentar e, quando um de seus membros precisou de tratamento num joelho, ignorou a “toalhinha” e se operou num dos hospitais mais caros do país.

Ignorância ? Certamente, mas não só. Raposas políticas usam imagens religiosas para cativar públicos conservadores. Ajoelham-se, cinicamente, para ganhar uns votos. O presidente Obama disse que se guia pela fé ao fazer escolhas econômicas. Acrescentou: “Acredito no mandamento de Deus de amar o próximo como a si mesmo”.

É, devia dizer isso para iraquianos, afegãos e outros povos abençoados pela compaixão ianque. Faz diferente o bispo Crivella, queridinho da vez da base governista ? Claro que não. Ao tomar posse no Ministério da Pesca, status de motel de alta rotatividade, fartou-se de jogar nos ombros de Deus a responsabilidade pela multiplicação dos peixes no Brasil.

Na cerimônia de posse, que mais parecia um culto, foi várias vezes interrompido por gritos de “Glória a Deus !”. Quando a espinha se curva a esses personagens, a coluna dorsal da sociedade pede socorro.

Jacques Gruman
18 de março de 2012

O PAPA EM CUBA

Para desgosto e fracasso das pressões diplomáticas da Casa Branca, o papa Bento XVI chega a Cuba dia 26 de março. Fica três dias na Ilha, após entrar na América Latina pelo México. A 28 de março, celebra missa na Praça da Revolução, em Havana.

Bento XVI celebrará, em Santiago de Cuba – histórica cidade do Quartel Moncada, onde Fidel iniciou sua luta revolucionária, em 1953 – os 400 anos da aparição da Virgem da Caridade do Cobre.

Em 1998, logo após o papa João Paulo II encerrar sua visita a Cuba, participei de almoço oferecido por Fidel a um grupo de teólogos. Em certo momento, um teólogo italiano manifestou, do alto de seu esquerdismo, indignação pelo fato de o pontífice haver presenteado a Virgem da Caridade com uma coroa de ouro.

Fidel não escondeu seu desconforto. E reagiu: “A Virgem do Cobre não é apenas padroeira dos católicos de Cuba. É padroeira da nação cubana.” E passou a relatar como sua mãe, Lina Ruz, católica devota, fez ele e Raúl prometerem que, se saíssem vivos de Sierra Maestra, haveriam de depositar suas armas junto ao santuário, para pagar a promessa que ela fizera. Em 1983, ao visitar o santuário pela primeira vez, vi ali as armas.

Por essas “cristoincidências” que só a fé explica e as pesquisas elucidam, a Virgem da Caridade e Nossa Senhora Aparecida têm tanto em comum quanto Cuba e Brasil. Como disse Inácio de Loyola Brandão, “Cuba é uma Bahia que deu certo”. As duas imagens foram encontradas durante a colonização: lá, em 1612, a espanhola; aqui, em 1717, a portuguesa. As duas, na água. As duas achadas por três pescadores. Lá, no mar; aqui, no rio Paraíba. As duas são negras.

O papa chega a Cuba no momento em que o país passa por mudanças substanciais, sem, no entanto, abandonar seu projeto socialista. Há um processo progressivo de desestatização, abertura à iniciativa privada, e mais de 2 mil prisioneiros foram soltos nos últimos meses.

Hoje, as relações entre governo e Igreja Católica podem ser qualificadas de excelentes. Já não há na Ilha resquícios do clero de origem espanhola e formação franquista, que tanto incrementou o anticomunismo nos primeiros anos da Revolução, quando um padre promoveu a criminosa Operação Peter Pan: convenceu os pais de 14 mil crianças de que haveriam de perder o pátrio poder e que seus filhos passariam às mãos do Estado… Carregou as crianças para Miami, sem pais e mães, e o resultado, como se pode imaginar, foi catastrófico. A Revolução não foi derrotada pela invasão da Baía dos Porcos, patrocinada pelo governo Kennedy, e nem todas as crianças escaparam de um futuro de delinquência, drogas e outros transtornos. Milhares jamais foram localizadas depois pelas famílias.

Tanto o Vaticano quanto os bispos cubanos são contrários ao bloqueio que os EUA impõem à Ilha. Pode-se discordar de muitos aspectos do socialismo daquele país, mas ninguém jamais viu a foto de uma criança cubana jogada na rua, famílias morando debaixo da ponte e máfias de drogas. Em Havana, um outdoor exibe um menino sorridente com esta frase abaixo da foto: “Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana”.

Cuba tem muitos defeitos, mas não o de negar a 11 milhões de habitantes os direitos humanos fundamentais: alimentação, saúde, educação, moradia, trabalho e arte (vide o cinema e o Buena Vista Social Club). O que mereceu elogios de João Paulo II durante sua visita de sete dias – uma das mais longas de seu pontificado.

Hoje, Cuba recebe, proporcionalmente, mais turistas que o Brasil. O que é uma vergonha para nosso país de dimensões continentais e com tantos atrativos. A diferença é que Cuba promove não apenas turismo de lazer (suas praias são paradisíacas), mas também turismo científico, cultural, artístico e desportivo.

A Revolução Cubana resiste há 54 anos, malgrado os atos terroristas contra aquele país, descritos em detalhes no best-seller de Fernando Morais, Os últimos cinco soldados da guerra fria (Companhia das Letras, 2011). E o fato de suportar, no seu litoral, a base estadunidense em Guantánamo, que lhe rouba parte do território, para utilizá-lo como cárcere de supostos terroristas sequestrados mundo afora.

Quem sabe a resistência cubana seja mais um milagre da Virgem da Caridade…

18 de março de 2012
Frei Betto

TERCEIRO NEURÔNIO

Vários blogs estão publicando a foto de Dilma Rousseff(PT) exibindo, durante um comício, o seu terceiro neurônio: o ponto eletrônico.

DEMÓSTENES, QUE NADA TEMIA, QUER ANULAR PROVAS

Toicinho tá Fritando em Fogo Brando
Foto: Pedro França/Agência Senado

Senador do DEM agora alega que suas conversas com o “professor” Carlinhos Cachoeira, em aparelhos trazidos dos EUA, foram obtidas ilicitamente; nos meios políticos já circula até um novo apelido para o ex-moralista: Senador Cachoeira

Senador Cachoeira. Este é o apelido que já circula nos meios políticos e diz respeito, obviamente, ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO), ex-Catão da República, que foi desmascarado desde que a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, captou 298 ligações entre o ex-moralista e o mafioso Carlinhos Cachoeira.

A primeira reação de Demóstenes foi dizer que ele e Cachoeira são amigos e que não sabia que o bicheiro mais famoso do País se dedicava à contravenção. A segunda foi afirmar que tantas conversas tinham como pano de fundo a resolução de problemas amorosos – Cachoeira se casou com a ex-mulher de um amigo de Demóstenes. Em seguida, ele afirmou não ter nada a temer.

Agora, depois da descoberta que os dois falavam por meio de rádios Nextel – aqueles da propaganda “este é o meu clube” – trazidos dos Estados Unidos, o senador Cachoeira, aliás, senador Demóstenes tem demonstrado mais preocupação. Por meio de seu advogado, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido em Brasília como Kakay, ele já trata de anular as provas.

Todo o material referente ao senador Demóstenes apreendido na Operação Monte Carlo foi enviado ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para que ele avalie se deve ou não abrir sugerir a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal contra o político goiano. De acordo com o advogado Kakay, se Gurgel denunciá-lo, entendendo haver indícios de crime, isso provaria que o senador teria sido gravado ilegalmente, sem aval prévio do STF.
“Se o procurador-geral entender que as conversas têm de ser investigadas, vamos levantar a nulidade porque essas provas foram colhidas de maneira ilícita”, disse Kakay.

A Polícia Federal, no entanto, irá alegar que o alvo das interceptações era o bicheiro Carlinhos Cachoeira e que não poderia adivinhar que o contraventor fosse tão próximo do senador Demóstenes. No clube Nextel de Cachoeira, que era chamado de 14 + 1, havia 15 pessoas. Demóstenes era o “1”, o que talvez indique sua importância na organização. O senador é também sócio de uma faculdade privada em Contagem (MG), cuja estrutura societária é um mistério.

No Congresso, já há assinaturas suficientes para a instalação da CPI sobre as atividades de Carlinhos Cachoeira. Elas foram recolhidas pelo deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) e Demóstenes Torres certamente será um protagonista da história, se ela vier mesmo a ser instalada.

18 de março de 2012
do blog amoral nato

VEM AÍ O ESTATUTO DA PALAVRA

Para mim, é sinal de atraso, mas acho que sou minoria. Estamos atravessando um interessante processo sociopolítico, em que o comportamento pessoal e particular é cada vez mais controlado, com a nobre finalidade de nos proteger, geralmente de nós mesmos. Já imaginei várias possíveis consequências disso, inclusive a criação das figuras da ortocópula e da cacocópula. Não, o Estado não instalará câmeras de TV nas alcovas para monitorar a intimidade dos casais. Só creio que isso pudesse acontecer, ainda que muito remotamente, em São Paulo, onde hoje é bem mais fácil ser assaltante do que fumante. Se o assaltante estiver fumando, duvido que assalte qualquer coisa em Congonhas, por exemplo, porque, assim que passar por baixo da marquise, um ou dois policiais o pegarão. Já assalto simples, sem cigarro, é outra coisa.

Não haverá necessidade da monitoração, a não ser por ordem judicial. O Estado definiria uma cópula otimizada, numa escala, vamos dizer, de um a cinco. Nessa faixa, teríamos a ortocópula. Passando de cinco, já se começaria a pisar o arriscado terreno da cacocópula. A iniciativa da ação estatal seria nos mesmos moldes da lei da palmada. O cônjuge atingido poderia denunciar o autor da cacocópula, ou isso poderia caber a quem quer que tivesse condição de levantar suspeitas, tais como vizinhos e parentes. Se o casal vizinho tem uma trilha sonora exuberante durante suas conjunções carnais, aludindo, em voz audível através de um copo na parede, a práticas consideradas inaceitáveis pelos padrões oficiais, o longo braço da lei pode alcançá-lo. Mesmo que tanto ela quanto ele garantam que fazem aquilo somente entre os dois e gostam desse jeito, serão classificados como anormais e levados a tratamento psiquiátrico. Não se obtendo êxito, paciência. Compete ao Estado zelar pelo bem deles e, portanto, o divórcio será obrigatório, podendo ambos inscrever-se no programa governamental “Refaça Sua Vida”, que permitirá novo casamento aos que comprovarem ter abandonado atos sexuais ilícitos. Os filhos estarão bem entregues a parentes e, na falta destes, a alguma das exemplares instituições que o Estado mantém para a guarda e educação de menores desamparados.

Todo boçal é uma vítima

Agora há novamente paladinos da sociedade perfeita, o que lá seja isso, que querem censurar dicionários. De vez em quando, aparece um desses. Censurar a lexicografia é uma curiosa inovação. Dicionário é um trabalho lexicográfico, não uma peça normativa. O lexicógrafo não concorda ou discorda do uso de uma palavra ou expressão qualquer. Obedecendo a critérios tão objetivos e neutros quanto possível, constata o uso dessa palavra ou expressão e tem a obrigação de registrá-la. Eliminar do dicionário uma palavra lexicograficamente legítima não só é uma violência despótica, como uma inutilidade, pois a palavra sobreviverá, se tiver funcionalidade na língua, para que segmento seja.

Não se pode legislar o funcionamento da língua. O que se pode, no máximo, é regular a chamada norma culta, que poderia ter qualquer outro nome, porque é destinada apenas a manter um pouco da estabilidade da comunicação necessária à sociedade, desde o convívio interpessoal aos documentos de uso comum, da propaganda às leis. Se não fosse assim, dentro de pouco tempo a comunicação verbal seria quase impossível. De resto, a língua é viva e livre e ninguém manda nela, nem mesmo as ditaduras. E não insulta ninguém, depende para isso de seus usuários, que criam o que é considerado ofensa.

Mas os usuários são renitentes, de forma que, como no caso da cópula, isso tem que ser regulado, não é possível permitir que o dicionário registre termos que poderiam ofender algum indivíduo ou categoria. Acho que tem muita limpeza a ser feita e agora mesmo me ocorrem cretino, imbecil, idiota, boçal e outras palavras muito usadas para insultos, que, ainda por cima, são empregadas erroneamente, pois sabe-se atualmente que o boçal não tem culpa de sua boçalidade. Há muita gente que acha que se trata de um triste problema genético e todo boçal é uma vítima que, assim como o bandido, foi marginalizada (ou excluída, que está mais na moda) e sofreu bullying na infância.

Normas sobre as artes

Urge também o banimento de palavras que agravem povos irmãos, mesmo que hoje seus países não existam mais politicamente, como beócios e capadócios. Os já citados cretinos são outro caso deplorável, pois, para grande vergonha nossa, a palavra vem do francês crétin, a qual, por sua vez – vejam como o mundo dá voltas – se originou de chrétien, ou seja, cristão. Patenteia-se aí um claro insulto a toda a cristandade e cretino merece dupla proibição. Baiano burro (aliás, mentalmente prejudicado, para não ofender o burro e incutir nas crianças desprezo por um animal tão útil à humanidade) nasce morto, bem sei, mas não se fazem mais baianos como antigamente e não duvido que surja um grupo na Bahia, empenhado em abolir termos e expressões como “baianada” e “gelo de baiano”.
E certamente apoiarão seus irmãos paulistas na justa revolta destes, ao serem informados de que lombo de carne de boi é chamado na Bahia de “paulista” e que muitos baianos, a cada dia, dizem casualmente “hoje eu vou comer um paulista lá em casa”.

Com os dicionários expurgados, não mais compreenderemos livros escritos antes desta era. É um preço pequeno a pagar, para nos livrarmos de uma herança maldita e tornar nossa língua própria para os anjos que em breve seremos. Aguardo agora normas sobre as artes. As artes deverão ser obrigadas à imparcialidade e a conceder espaço igual a todos. Assim, se o vilão de um romance for católico e o mocinho evangélico, será exigida, concomitantemente, uma versão com os papéis invertidos. Se um samba falar que “minha nega me traiu”, vai ter que haver outra versão, com a mesma melodia, cantando “minha loura me chifrou”. E por aí vamos, ainda chegamos ao primeiro mundo.

***
João Ubaldo Ribeiro
13/03/2012
[João Ubaldo Ribeiro é escritor e colunista do Estado de S.Paulo]

DILMA MANDA RECADO À BASE: NÃO ACEITA CHANTAGEM

Ao trocar Romero Jucá por Eduardo Braga na liderança do governo no Senado, a presidenta mostra disposição para não ceder à pressão de seus aliados. A liderança da Câmara deve ser a próxima mudança, e a coisa pode não parar aí

As mexidas que Dilma começa a fazer ao tirar Jucá da liderança do governo poderão diminuir a força do PMDB de Sarney e Temer na coalizão - José Cruz/ABr

Será como entrar na jaula dos leões sem ter certeza do potencial de comando do chicote. Ao chegar ao Senado nesta terça-feira (13) para participar da homenagem ao Dia Internacional da Mulher (comemorado no dia 8 de março, última quinta-feira) e receber o Prêmio Bertha Lutz 2012, a presidenta Dilma Rousseff terá uma dimensão sobre se conteve ou não a rebelião da base aliada, especialmente do PMDB.

No mesmo dia em que Dilma estiver sendo homenageada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estará na Comissão de Assuntos Econômicos. Oficialmente, para falar da economia do país. Mas certamente Mantega terá que dar explicações sobre temas polêmicos, como a crise no Banco do Brasil e na Previ.
A soma dos dois eventos será o grande teste do governo. O que vai prevalecer: os aplausos a Dilma ou as perguntas duras a Mantega?

Se vencer, como o Palácio do Planalto acredita, os aplausos à presidenta, Dilma terá vencido na maior demonstração até agora da diferença do seu estilo de governar na relação com os partidos da sua base de sustentação e na forma como ela pensa a coalizão de governo.

A insatisfação dos aliados, em especial os peemedebistas, ficou escancarada na última quarta-feira (7), quando os senadores rejeitaram a recondução de Bernardo Figueiredo para a diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Para Dilma, ficou claro que a derrota na ANTT não foi um acidente, mas algo tramado pelo então líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), e pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Há tempos, o PMDB como aliado trabalha com a estratégia de dar às vezes sustos no governo, quando avalia que não está sendo atendido como gostaria.

Até agora, a tática dava certo. Com Dilma, não surtiu efeito: em retaliação à derrota, ela tirou Jucá da liderança do governo e colocou em seu lugar Eduardo Braga (PMDB-AM).

Mario Coelho e Rudolfo Lago
13/03/2012

NOS JORNAIS: BRASIL É O QUE MENOS CRESCE NA AMÉRICA DO SUL

Desaceleração brasileira em 2011 é, em parte, explicada pela forte expansão de 7,5% do PIB em 2010, que levou à alta da inflação e forçou o governo a tomar medidas para esfriar a economia, informa a Folha de S. Paulo.

Brasil é o que menos cresce na América do Sul

As taxas de expansão da economia brasileira perdem para as de outras nações emergentes, como China e Índia, de forma recorrente. Mas, desde 2006, o desempenho do país não ficava aquém do resultado de todos os vizinhos sul-americanos, segundo estimativas recentes.

O fraco desempenho do Brasil, que cresceu apenas 2,7% no ano passado, deve fazer ainda com que o país fique abaixo da média de expansão da América Latina como um todo (próxima a 4%). Isso também não ocorria há cinco anos.

“Estimamos que, de todos os países latino-americanos, só Guatemala e El Salvador cresceram menos que o Brasil”, diz Richard Hamilton, da consultoria Business Monitor International (BMI).

A desaceleração brasileira em 2011 é, em parte, explicada pela forte expansão de 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010, que levou à alta da inflação. Isso forçou o governo a tomar medidas para esfriar a economia.

Mas outros países da região (como Peru e Uruguai) também passaram pelo mesmo processo e registraram desacelerações menos acentuadas no ano passado.

Isso leva alguns analistas a acreditarem que o governo brasileiro exagerou na dose:

“O que derrubou o Brasil em 2011 é que exageraram nas medidas tomadas para conter a inflação”, diz o economista André Biancarelli, professor da Unicamp.

O tombo sofrido pela indústria brasileira também ajuda a explicar o mau desempenho do país, segundo economistas.

Estudo mostra que 7 países têm emprego recorde

Um dos fatores que levaram à desaceleração da economia brasileira em 2011 é resultado de um “bom problema”, que se repete em outros seis vizinhos latino-americanos: taxas de desemprego em níveis historicamente baixos e aumentos mais fortes dos salários.

Embora seja boa notícia para os governantes, esse cenário é combustível para a disparada da inflação.

Estudo feito pelo banco HSBC, obtido com exclusividade pela Folha, mostra que além do Brasil, Argentina, Peru, Chile, Colômbia, Panamá e Uruguai têm hoje taxas de desemprego em pisos recordes.

No ano passado, o governo brasileiro teve de adotar medidas para esfriar a economia a fim de controlar a inflação. Um dos vilões foi o aumento dos preços dos serviços, justamente os que respondem imediatamente a salários mais elevados.

18 de março de 2012
Edson Sardinha
Folha de S. Paulo

DEPUTADO QUER PLEBISCITO SOBRE MAIORIDADE PENAL

Relator de projeto de decreto legislativo aposta em consulta popular para reduzir maioridade de 18 para 16 anos.

O plebiscito sobre a maioridade penal

Avança na Câmara dos Deputados projeto de decreto legislativo que propõe plebiscito nacional sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.

O relator, deputado Efraim Filho (DEM-PB), aposta na aprovação e na realização da consulta durante as eleições municipais, ou ano que vem. Presidente da Comissão de Segurança Pública, o deputado cita o aumento de casos de violência envolvendo menores, cientes da impunidade.
E lembra: na Bolívia, no Chile, na Argentina e em Cuba, a maioridade penal é de 16 anos.

18 de março de 2012
Leandro Mazzini

COMO O BRASIL VAI CONSEGUIR SOBREVIVER SEM OS POLÍTICOS DA "BASE ALIADA"?

Confesso que ontem perdi o sono com essas mudanças que a presidente Dilma está fazendo no cenário político brasileiro.

Fico imaginando como o País viverá daqui para frente sem os relevantes serviços dessas “imprescindíveis” figuras da “Base Afiada”, que para gaúdio do eleitorado brasileiro, nossa presidente vem defenestrando de seu governo.

Como ficarão nossa Educação, nossa Saúde e nossa Segurança Pública sem os relevantes serviços que esses despreendidos políticos prestavam a setores indispensáveis à população?

Esssas “figuras imprescindíveis” são aquilo que costumo chamar de “lacunas impreenchíveis”, ou seja, os coisas algumas, quer dizer coisas nenhumas, os NADA em matéria de servir ao País e principalmente a seu povo.

Não passavam de uma alcatéia faminta, pronta a devorar os cordeiros indefesos,como na fábula de La Fontaine, em que só as razões do lobo eram ouvidas.

Essas tristes e lamentáveis figuras, esses lobos famintos jamais tiveram qualquer tipo de consideração com os indefesos cordeiros, que constituem a imensa maioria da população brasileira, que pena em intermináveis filas dos hospitais, escolas e previdência social, mendigando por uma saúde de péssima qualidade, uma educação que não atende ao mínimo exigível para assim ser chamada e por pensões e aposentadorias famélicas.

Certamente, a presidente pode se cercar de gente melhor, que faça alguma coisa para o povo. Gente que não apresente emendas pedindo verbas para a construção de pontes ligando o nada ao coisa alguma, para estradas que depois ficarão relegadas ao abandono, para hospitais que nunca serão construídos.

Políticos que não se apropriem das verbas destinadas à merenda escolar e aos remédios dos postos de saúde e hospitais públicos. Enfim, de pessoas de melhor gabarito e principalmente honestas.

Presidente, livre-se dos aproveitadores e tenha certeza de que o povo brasileiro estará a seu lado. Hoje e em 2014!

18 de março de 2012
José Carlos Werneck

ROMÁRIO: BRASIL PASSARÁ "VERGONHA", COPA SERÁ UMA "MERDA" E HAVERÁ "O MAIOR ROUBO" EM OBRAS

Ao migrar dos gramados para o tapete da Câmara, Romário trocou os pés pela língua. Mas não perdeu o cacoete de atacante. Neste sábado (17), o deputado pedurou em sua página no Facebook comentários ácidos sobre a Copa de 2014.

“É uma pena ouvir nas rádios, ver na TV, abrir os jornais e ler que o governo federal se uniu à Fifa para que a Copa do Mundo seja a maior de todos os tempos. Uma mentira descabida! Não será a melhor e nós vamos passar vergonha”, anotou.

Queixou-se da ausência de representantes do Congresso na audiência concedida na véspera por Dilma Rousseff ao presidente da Fifa, Joseph Blatter. “Se continuar acontecendo coisas erradas e estranhas como esse encontro do Blatter com pessoas que não são ligadas a Lei Geral da Copa, ela será uma merda.”

Romário (PSB-RJ) foi à canela: “O governo federal está enganado o povo. E a presidente Dilma está sendo enganada ou se deixando enganar.” Convocou as arquibancadas: “Brasileiros, continuem cobrando e se manifestando, porque essa palhaçada vai piorar quando tiver a um ano e meio da Copa.”

Pisou na rótula: “O pior ainda está por vir, porque o governo deixará que aconteçam as obras emergenciais, as que não precisam de licitações. Aí vai acontecer o maior roubo da história do Brasil.”

Romário prosseguiu: depois da violação das arcas, “eu quero ver se as pessoas que apareceram sorrindo na foto durante a reunião de ontem [de Dilma com Blatter] vão querer aparecer. Esse Brasil é um circo e os palhaços vocês sabem bem quem são.”

Deve-se o destampatório de Romário à composição da mesa do Planalto. Referiu-se à reunião como uma dessas “coisas que só acontecem no nosso país”. Percorreu a lista dos presentes: “O presidente da Fifa vem ao Brasil e se encontra com a presidente Dilma. Até ai perfeito!”

“Nesse encontro estão presentes Aldo Rebello, ministro dos Esportes, ok; Pelé, embaixador honorário do Brasil para a Copa do Mundo de 2014, ok; Ronaldo, conselheiro do Comitê Organizador Local (COL), ok. Só uma pergunta: qual dessas pessoas têm a ver com a Lei Geral da Copa? Nenhuma.”

Listou os ausentes: “O presidente da comissão da Lei Geral da Copa, Renan Filho [PMDB-AL], não estava lá. O relator da Lei da Copa, Vicente Cândido [PT-SP], também não. O presidente da Casa onde será votada a lei, Marco Maia [PT-RS], também não estava presente.”

Tomado pelas palavras, Romário avalia que ele próprio deveria ter recostado os cotovelos na mesa de reuniões do Planalto: “Muitos outros que têm muito a ver com a Lei Geral da Copa não estavam presentes.” Voltou a mirar a canela: “Na minha concepção de político, a política vai de mal a pior.”

De novo, foi para a galera: “O povo tem total razão de reivindicar e cobrar principalmente mais seriedade e responsabilidade das pessoas que tem autonomia para decidir coisas importantes como essa (Copa do Mundo).”

Terminado o encontro do Planalto, o ministro Aldo Rebelo levou Joseph Blatter ao encontro de um grupo de deputados. Entre eles alguns dos que Romário gostaria que tivessem participado da reunião do Planalto –o presidente da Câmara Marco Maia, por exemplo.

Rebelo, Blatter e os deputados trocaram afagos e sorrisos ao redor de espetos de picanha. A julgar por sua manifestação radioativa, Romário parece avaliar que a Lei Geral da Copa mereceria um encontro mais formal. Uma reunião em que a conversa não fosse entrecortada pela mastigação do churrasco.

18 de março de 2012
Josias de Souza

BRITÂNICA FAZ DIETA: DE 58 KG A ZERO GRAMA...

Era São Paulo, anos 90. Uma moça bateu cá em casa e ofereceu-me nada menos que uma Britânica. Ora, a idéia de uma enciclopédia sempre me tentou. Mas o preço era salgado. Sem falar no espaço que a obra exigiria em minhas estantes. Não lembro quantos volumes tinha na época, mas era algo perto de trinta. Perguntei:

- Não há uma edição em CD-ROM?

A moça fez uma cara de quem estava ouvindo grego. Nem tinha idéia do que fosse CD-ROM. Mas me prometeu que ia perguntar na empresa. Perguntou e obviamente não tinha. Deixei então de lado a idéia de ser o feliz proprietário de uma enciclopédia.
A Encyclopedia Britannica Inc., alguns anos mais tarde, fez uma edição eletrônica, se bem me lembro custava algo como mil dólares. Achei ainda muito caro. Perambulando um dia pela Santa Ifigênia – obviamente com más intenções – encontrei edição mais palatável: três CDs, “10 real” cada um. A empresa cedera às novas tecnologias e seu produto, aqui em São Paulo, já estava disponível nas boas e ágeis casas do ramo, a preços humanos.

Leio nos jornais que, depois de 244 anos em circulação e dezenas de edições, a Enciclopédia Britânica deixará de ser publicada no papel. A edição de 2010 é a última que vai poder ser guardada nas bibliotecas, já que as próximas publicações serão feitas somente online.

Curiosamente, os jornais não falam da edição on line da enciclopédia. Que, aliás, durante um curto espaço de tempo teve acesso gratuito. Depois, passou a ser cobrado. A vocação da obra era obviamente digital. Sua edição de 2010 tinha 32 volumes e pesava 58,5 quilos. O simples transporte de cem exemplares significava quase seis toneladas. Mil exemplares, quase sessenta mil quilos. Três CDs, alguns gramas. On line, grama nenhum e acesso mais imediato que aos próprios CDs.

A publicação tem atualmente cerca de 120 mil artigos. Hoje, sua versão em DVD custa cerca de 30 libras (85 reais) no site da Amazon, e são cobradas 70 libras (200 reais) para fazer uma assinatura anual. Aquelas famílias que gostam de livros como objetos de decoração e símbolo de status devem estar de luto. Nós, leitores que alimentamos mais a curiosidade que o status, estamos de parabéns.

A Internet há muito destronou as enciclopédias. Sem ir muito longe, o Google é enciclopédico e traz informações práticas que nenhuma enciclopédia traz. Verdade que está longe de ser confiável, mas sempre se pode garimpar na rede boas informações. Além disso, surgiu recentemente a Wikipedia. Melhor que Google, é claro, mas nem por isso muito honesta.

Há muitos verbetes excelentes na Wikipédia. O problema é que esses verbetes podem ser alterados a qualquer momento. Ora, não se pode confiar numa enciclopédia cambiante. Você não pode citar, numa pesquisa acadêmica, uma definição que hoje é uma e amanhã é outra. Para pesquisas rápidas, ela é ótima. Mas há muita distorção quando o assunto é História ou implica ideologias. O mesmo ocorre com religiões. Cada um puxa brasa para seu assado.

A Wikipédia não registra as vigarices de Osho, Rigoberta Menchú ou Madre Teresa de Calcutá. E certamente omite também as de muitos outros. É muito fácil condenar Stalin ou Hitler. Quando se trata de revelar os podres de líderes religiosos ou políticos contemporâneos, a enciclopédia se cala. Mas, a bem da verdade, isso ocorre até mesmo em outras enciclopédias em papel, de prestígio. A própria Britânica, ao longo das décadas, foi acusada de imprecisões. Entre muitas outras, a 11ª edição não biografou Marie Curie, apesar de ela ter recebido dois prêmios Nobel, o de Física e o de Química.

A mesma edição via com certa simpatia a Ku Klux Klan, definida como movimento que protegia a raça branca depois da Guerra Civil nos Estados Unidos e controlava os negros para prevenir qualquer combinação de raças e as violações de mulheres brancas por negros. Sobre eugenia, dizia ser irracional "propagar pessoas com baixo grau de inteligência, aumentando as fileiras dos pobres, deficientes e criminosos, que hoje em dia constituem obstáculo a ameaçar o progresso racial."

Humores da época. Sem falar que muitas vigarices só são descobertas séculos após sua ocorrência. "Hoje nosso banco de dados digital é muito maior do que o que pode caber na impressão. E podemos revê-lo em poucos minutos, a qualquer hora", escreveu o presidente Jorge Cauz em comunicado da empresa. Cada edição das Britânica exigia dez ou vinte anos de elaboração. Hoje, a morte de um papa ou presidente, de um Arafat ou bin Laden, não precisa esperar uma década para ser publicada.

Seria interessante reler as edições dos anos 20 e 30 da enciclopédia. Deve ter pérolas sobre Stalin, revolução soviética, comunismo. O fato é que os homens necessitam de distância para julgar as épocas em que viveram. Hoje, sabemos mais sobre a Revolução de 1917 do que se sabia em 1920. A grande vantagem da edição on line da Britânica é que uma revisão histórica pode ser processada em minutos. O que gera outro problema, o de uma enciclopédia tão mutante como os jornais.

Pessoalmente, prefiro a Bompiani. Outro dia falo dela.

18 de março de 2012
janer cristaldo

FIDEL CASTRO SABIA QUE MATARIAM KENNEDY?

Foto tomada durante uma celebração de ano novo em Havana, em 1º de janeiro de 1962 e publicada na revista Bohemia. O ataúde tem escrito:
"Aqui jaz o Sr. Kennedy. A revolução cubana o matou." Foto do site do jornal El Nuevo Herald


Read more here: http://www.elnuevoherald.com/2012/03/17/1154870_p2/sabia-castro-que-iban-a-matar.html#storylink=cpy

As ordens surpreenderam o oficial da inteligência cubana. A maioria dos dias em seu pequeno centro de comunicações, junto ao isolado complexo familiar de Fidel Castro no oeste de Havana, os passava grudado em seus equipamentos de rádio, percorrendo o espectro radioelétrico da Ilha em busca de sinais de espiões e sabotadores da CIA, triangulando sua posição para em seguida entregá-las às forças de segurança.

Mas sua atribuição foi repentinamente alterada, ao menos nesse dia. "A chefia quer que abandones todo o trabalho sobre a CIA, todo", ordenou seu chefe. Em seu lugar, deveria concentrar-se no Texas, "qualquer detalhe, por pequeno que fosse, no Texas". Aproximadamente três horas depois, quase ao meio-dia de 22 de novembro de 1963, o assombrado agente de innteligência teve algo que reportar que era muito mais que um pequeno detalhe: o assassinato em Dallas do presidente John F. Kennedy.

"Castro sabia", disse o agente de inteligência à CIA durante um interrogatório vários anos depois, após desertar para os Estados Unidos. "Eles sabiam que matariam Kennedy."

A história do desertor é contada num livro que chegará às livrarias no próximo mês de abril, de autoria de Brian Latell, analista aposentado da CIA, onde foi diretor de inteligência da América Latina e, agora, é pesquisador adjunto do Instituto de Estudos Cubanos e Cubano-Americanos da Universidade de Miami (EUA).
Fidel Castro na época

CONTEÚDO POLÊMICO

O livro, Castro's Secrets: The CIA and Cuba's Intelligence Machine (Os segredos de Castro: A CIA e a máquina de inteligência cubana), é o primeiro estudo substancial das operações de inteligência de Fidel Castro. Baseado em entrevistas com espiões cubanos que desertaram, assim como documentos da CIA, FBI, Pentágono e outros órgãos de segurança americanos, tem uma boa quantidade de material que provavelmente causará controvérsias, dentre eles relatos de como os espiões cometeram assassinatos políticos, penetraram no governo norte-americano e enganaram seus os agentes.

Mas não há nada mais explosivo que a alegação de Latell, o autor desse livro, de que o assassino de Kennedy, Lee Harvey Oswald, advertiu à inteligência cubana de seus planos de matar o Presidente. Lattell relata que Oswald, um ativista partidário de Castro, se sentiu cada vez mais frustrado quando funcionários da embaixada cubana no México lhe negaram visto para viajar à Ilha, e prometeu matar Kennedy para provar suas credenciais revolucionárias.

"Fidel conhecia as intenções de Oswald e não fez nada para deter o plano", segundo consta no livro. Latell, contudo, sustenta que sua obra não é exagerada, mas reservada. "Tudo o que escrevo está respaldado por documentos e fontes identificadas", disse ao jornal The Miami Herald. "Não há especulação. Não digo que Fidel Castro ordenou o assassinado; não digo que Castro controlava Lee Oswald. Poderia ter feito isso, mas não defendo essa ideia porque não pude encontrar nenhuma prova disso" - pondera.

Mas Fidel queria ver Kennedy morto? indaga o autor para responder afirmativamente explicando o motivo. "Sim. Castro temia Kennedy". Sabia que Kennedy estava apontando os canhões. Na mente de Fidel, provavelmente era um assunto de sua própria defesa".

Lee Harvey Oswald

VENENO MARXISTA

Se a prosa de Latell é sóbria, os acontecimento que descreve não são. Castros's Secrets, que será publicado pela Macmillan, explora um confuso e mortal capítulo dos anos de 1960, quando a Guerra Fria esteve a ponto de esquentar. Os Estados Unidos, temerosos de que a revolução de Castro permitisse à União Soviética por um pé nas Américas, respaldou a invasão da Baía dos Porcos. Os soviéticos colocaram misséis nucleares na Ilha, o que deixou o mundo inteiro à beira de uma catástrofe atômica durante duas semanas.
Com esse cenário, as suspeitas de um vínculo cubano com o assassinato de Kennedy eram tidas como natural. E foram reforçadas pelas erráticas atividades de Oswald, marxista durante toda a vida e que abandonou a Infantaria da Marinha em 1959, desertando para a União Soviética onde tentou renunciar à cidadania americana e se casou com uma russa que era coronel da inteligência militar soviética.

Oswald havia regressado para os Estados Unidos em 1963. Mas vários meses antes do assassinato de Kennedy, num momento em que as tensões entre Havana e Washington ferviam, o enérgico e público apoio de Oswald à Cuba - havia realizado várias manifestações e, inclusive, teve um choque com um grupo anti-castrista - chamou a atenção da imprensa em New Orleans, onde vivia nesse momento.

Também chamou a atenção da CIA, que tinha as embaixadas cubana e soviética na Cidade do México sob forte vigilância. A CIA observou Oswald visitar ambas embaixadas várias vezes entre 27 de setembro e 2 de outubro de 1963, quando buscava visto para viajar aos dois países. Tradução livre do espanhol

18 de março de 2012
aluizio amorim

OS TRUQUES DOS ESQUERDISTAS PARA ILUDIR ELEITORES E DE PARTE DA IMPRENSA PARA ILUDIR LEITORES.

Ou: A Internacional Comunista se funde ao “Freak Le Boom Boom”, de Gretchen, a Marilena Chaui do rebolado! Ou: “Precisamos achar uma pauta para Haddad!”

Queridos, abaixo vai um longo texto sobre o modo como as esquerdas, especialmente a petezada, com a colaboração da imprensa, tentam dar um truque no eleitor — e nos leitores.
Também demonstrarei que os figurões do PT se pelam de medo de que a população se lembre de quem são os petistas e do que é o PT.

A operação para tentar blindar Fernando Haddad dos temas polêmicos é gigantesca e já mobiliza os apparatchiki da academia e do jornalismo.
Uma coisa curiosa: até agora, o pré-candidato tucano à Prefeitura, José Serra, não tocou em temas como o kit gay para as escolas, por exemplo. Os petistas, no entanto, não falam em outra coisa e insistem: tratar do assunto em campanha seria baixaria… Fazem isso agora para mobilizar os “progressistas” do miolo mole e a imprensa, tentado criar precocemente um cordão sanitário em torno do tema, intimidando os adversários. Quem está orientando essa estratégia? João Santana, o publicitário. Chegarei lá. Antes, uma viagem (da razão, é claro, sem matinho…).

O leitor e eleitor que não é de São Paulo não tem como acompanhar no detalhe a realidade que abordo, mas certamente saberá do que falo porque “eles” são iguais em toda parte. Como tratarei do que, de fato, é uma falha — ou uma conformação, se quiserem — de caráter, não há diferença entre “acadêmicos” de esquerda de São Paulo, Salvador, Porto Alegre ou Xiririxa da Serra do Sul…

As editorias de política dos grandes jornais de São Paulo estão um pouco desesperadas, Por quê? Porque é preciso, afinal de contas, noticiar alguma coisa sobre Fernando Haddad, o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Mas o quê? O “nosso” (delas) candidato é ruim de doer! Até Gabriel Chalita parece munido de mais dote… intelectual.
O neopeemedebista é, ao menos, corajosamente cafona para vir com aquela conversa “do amor”. Desassombrado, sem medo do ridículo, conta em entrevistas que bastou uma senhora rica lhe pedir “escreve aí”, e logo nasceu um novo livro. Sem qualquer noção remota de pudor intelectual, conta que pode fundir a perseguição aos albinos da Tanzânia com o poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves, para dar à luz uma nova obra. Chalita não pretende que gente que se leva a sério o leve a sério. Seu mundo é aquele das tias encantadas com o talento dos sobrinhos — pouco importa se o rapaz vira cambalhota ou declina todos os afluentes das margens direita e esquerda do Amazonas… Em qualquer caso, é um prodígio.

Haddad, por enquanto, nem isso. Não desenvolveu essa habilidade pra fingir talento ou esconder a falta dele. Tem-se mostrado — e não foi diferente no Ministério da Educação — um notório trapalhão. Se vai vencer ou não, isso é com o eleitorado. Na democracia, desde que não opte pela destruição das instituições, o povo sempre está certo — o que não quer dizer que sempre acerte. A consideração é mais complexa do que parece. Sigamos.

Como Lula, que o inventou como candidato, está um pouco afastado do dia a dia da política, Haddad não consegue gerar notícia. Então é preciso corrigir, com o, como posso chamar?, enfoque editorial a ausência de lead — e de ideias.

Haddad, mandam avisar os petistas, decidiu que vai agora explorar o que considera as fragilidades da Prefeitura e dos tucanos. Não!!! Que danado e criativo esse moço! Foi num insight como esse que Arquimedes pulou da banheira e gritou: “Eureca!” A primeira ideia bacana ele já teve: vai manter a inspeção veicular, mas não vai cobrar taxa! Vocês acreditam que as redações — aquelas…, loucas para bombar a pauta de Haddad — convocaram politicólogos para saber o que acharam da sugestão. Afetando a gravidade dos pensadores, eles disseram: “Haddad está tentando demonstrar que é contra impostos …” — ou qualquer cerda do gênero. Esses politicólogos, no caso, necessariamente afinados com a esquerdopatia, só se esqueceram de dizer que, nessa hipótese, quem não tem carro pagaria por quem tem. É o que se chama socialismo moderno, que consiste em tirar de quem não tem para financiar quem tem!

Os mesmos “companheiros jornalistas” que não podem ver um ciclista passando maquiagem em outro sem que sintam palpitar seus instintos mais cicloafetivos não disseram uma vírgulazinha, nada!, sobre esse benefício que Haddad quer dar aos carros. Gilberto Dimenstein, que chamou os motoristas de “idiotas sobre quatro rodas” — ele refina seu estilo a cada dia! —, que eu saiba, nada disse sobre a proposta idiota de Haddad. Aliás, chegou a hora de fazer cobranças: pode reivindicar que o Haddad garante. Se ele desconfiar que existe um grupo influente contra a Lei da Gravidade, ele prometerá revogá-la.

Os “inteliquituais”

Na busca desesperada por uma pauta virtuosa para Haddad, merecem os “inteliquituais” de esquerda, que estariam voltando ao PT. Alguns teriam ficado indignados com o mensalão, mas já passou. Esquerdista com prurido moral é cabeça de bacalhau. Alguém que continua de esquerda depois de Stálin, Mao, Pol Pot e Fidel Castro não dá bola a pelo menos 100 milhões de mortos. Por que se incomodaria com “os recursos não-contabilizados” de Delúbio Soares? Passam a ser até um troco bem-vindo. Aliás, se a gente for investigar alguns dos que saem por aí falando, é quase certo que vamos encontrá-los pendurados em alguma bolsa disso e daquilo, longe da sala de aula e mamando nas tetas do estado — tomando vinho chique com o dinheiro dos desdentados. Mas seu coração palpita pelos pobres. Adiante. No Estado de ontem, Vera Rosa informava o que segue em vermelho - comento em azul.

A campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo vai resgatar intelectuais afastados da política e principalmente do PT desde o escândalo do mensalão, em 2005. O programa de governo do ex-ministro da Educação terá participações especiais de renomados pesquisadores e professores universitários, que se distribuirão em comissões temáticas para discutir os principais problemas da capital paulista.

Bem, o trecho me faz supor que a “dor do mensalão” já passou, certo? Os “renomados pesquisadores e professores universitários” fizeram o seu próprio tribunal e chegaram à conclusão de que operar caixa dois, comprar o Congresso, usar estatais num esquema sujo, pagar campanha eleitoral em dólares, com dinheiro ilícito, no exterior, tudo isso é coisa normal, que merece ser abençoada pela “intelligentsia”.

O diagnóstico será somado a pesquisas encomendadas ao publicitário João Santana, responsável pela propaganda de TV do candidato, com o objetivo de verificar as prioridades da população. “O que se observa, hoje, é um divórcio entre a sociedade e a administração. A ideia é que a campanha de Haddad crie um movimento suprapartidário para um processo de reflexão sobre a cidade”, resumiu o cientista político Aldo Fornazieri, coordenador técnico do programa de governo.

Eba! “Movimento suprapartidário!” Entendi! Tentarão demonstrar que Haddad não é exatamente petista. Parece que alguém roubou do PT as duas ultimas eleições. A tese de fundo é a seguinte: quando a maioria vota no “partido”, há um casamento entre povo e administração; quando não vota, divórcio! De sorte que a democracia só é legítima quando os petistas vencem. Se não é assim, então alguma distorção está em curso. Essa gente tem a coragem de entrar numa sala de aula e falar como especialista, como cientista político!

Há uma semana, cerca de 100 intelectuais - entre pesquisadores e professores da USP, Unicamp, Unifesp e Fundação-Escola de Sociologia e Política - reuniram-se com Haddad. Muitos afastados da política partidária, decidiram colaborar com a campanha e se reaproximar do PT. Na lista constam nomes como Olgária Matos, Ruy Fausto, Leda Paulani, Ricardo Carneiro e Walquíria Leão Rego. O primeiro seminário temático da plataforma de governo, sobre educação, está marcado para hoje e será coordenado pelo professor Mário Sérgio Cortella.

O único aí que não é um petista — ou ainda mais à esquerda! — do calcanhar rachado é Cortella — mas também não está muito distante da turma, não! Algumas de suas generalidades — é, assim, um Chalita com mais leitura — servem para conferir certa aparência pluralista ao grupo. Olgária Matos? Bem, o meu arquivo está aí. Cadê Marilena Chaui, a Gretchen do rebolado petista? Só ela pode unir o pensamento de Spinoza com o caixa dois de Dlúbio; só ela pode cantar o hino da Internacional Comunista ao ritmo do “Freak Le Boom Boom”. Posso imaginar:

De pé, ó vitimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.

Boom boom, freak le boom boom,
Only you, you better all, I shake it up, cause awh!l
I need a man and my body is for you, oh, yes
Oh I, I love you baby, all the time
I want you, baby, in my mind

Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores

Oh, yes
Oh it’s all right, I love you baby, all the time
I want you, baby, in my mind
I need, te quiero, Je t’aime, oh
boom boom, freak le boom boom
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Sigamos com a matéria no Estadão.

“Ponho minha mão no fogo pelo Fernando, mas, se ele estivesse com Kassab e Meirelles no palanque, ia votar quietinha, mas não participaria”, disse Leda Paulani, professora titular do Departamento de Economia da USP, numa referência ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) e ao ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. “Seria contraditório com tudo o que escrevi.”
Esta senhora dá aula de economia? Já ouvi falar porque a reputação precede as aulas. Fazer o quê? Se Haddad estivesse com Kassab e Meirelles, ela votaria quietinha. A professora Leda deve ensinar a seus alunos — tentar ao menos; se a turma da FEA caísse na dela, estaria invadindo reitoria — que a pior parte dos oito anos do governo Lula foi o Banco Central… Mas isso nem é o mais interessante. Boa esquerdista, ela estaria preocupada em não parecer “contraditória”. Fosse dada a ela a tarefa de resumir um lema para a mulher de César, parece que seria este: “Ela não tem de ser honesta, mas tem de parecer…”

Mais: esta senhora alimenta o mito de que tudo o que pode haver de errado nos governos petitas é obra de aliados. Pelos “companheiros”, ela põe a mão no fogo. A síntese moral de pensamento tão elevado é a seguinte: não importa com quantos maus (segundo a ótima esquerdopata) os petistas se unam, eles serão sempre bons.

Integrante do PSD de Kassab, Meirelles chegou a ser cotado para vice de Haddad, mas a aliança com o PT naufragou depois que o ex-governador José Serra (PSDB) entrou no páreo. Paulani respirou aliviada e promete ajudar no programa. Ela se desfiliou do PT depois da crise do mensalão e diz estar feliz por voltar a “lutar de novo” na política.

Ah, entendi. Aquela “coisa” do mensalão já passou, né? Ela deve achar que, agora, está tudo bem. Mais curioso ainda: ela acha que Kassab macularia a honra de seu partido, mas José Sarney e Renan Calheiros, para citar apenas dois patriotas, certamente a dignificam!

“Sabemos como o Fernando pensa e ele tem a capacidade de aglutinar as pessoas. Se fosse outro candidato do PT, seguramente não teria”, afirmou a economista. Para a professora Walquíria Leão Rego, titular do Departamento de Ciência Política da Unicamp, os intelectuais de esquerda estão dispostos a resgatar a militância política.
O “Fernando…” Ah, essa intimidade é tão “cute“, quero dizer, tão cute-cute!!! Opa! Agora veio a Leão do Rego! Preparem-se

“Chegou o momento crucial, e há o sentimento de que temos de fazer alguma coisa, mesmo sem tribuna. Não podemos deixar que o Serra faça com o Haddad o que fez com a Dilma em 2010″, argumentou Walquíria, numa alusão ao confronto religioso que marcou a campanha entre o ex-governador e a petista Dilma Rousseff, eleita presidente. “Para os tucanos, o combate em São Paulo é de vida ou morte”, disse a socióloga, que tem vários estudos sobre o programa Bolsa Família.

***

Oh, coitadinha da Dilma! O que será que o Serra fez com ela? Serra uma ova! Quem cobrou as opiniões da então candidata sobre o aborto foi a sociedade. Aliás, com serenidade, lembro a Vera Rosa que sua síntese do acontecido é imprecisa além do aceitável. Faz supor que o então candidato tucano à Presidência liderou alguma pregação de cunho religioso. E isso é simplesmente falso. Desafio alguém a demonstrar que ele sequer tocou no assunto - só quando foi indagado a respeito. Aliás, foi um erro! Deveria ter tratado do assunto, sim! Quem falta com a verdade nesse assunto pode fazer o mesmo em outros. Aliás, Dilma já desistiu da instalação das UPPs, por exemplo. Também não construiu as creches nem fez as UPAs…

Concluindo…

O cavalo dessa Walquíria não é grande coisa, coitado! Existe, sim, um movimento de “volta ao sectarismo” da esquerda universitária, que está preocupada — como Gilberto Carvalho deixou claro no Fórum Social Mundial — com os valores que considera “reacionários” da classe média, especialmente disso que os deslumbrados chamam “nova classe média” (que é só o pobre que não passa fome, mas que mora mal, por exemplo).

Os filminhos do kit gay de Haddad, se exibidos para essa faixa da população, o liquidariam eleitoralmente. Não porque essa “nova classe média” seja burra, não porque ela seja reacionária, não porque ela seja desinformada, mas porque eles são mesmo absurdos.

Assim, antes que alguém tenha ideia de exibi-los às massas, eles gritam: “Baixaria! Isso não!” GOSTARIA QUE ALGUM COLEGUINHA ESCREVESSE UM TEXTO EXPLICANDO POR QUE “ISSO NÃO”. Quer dizer que o ministro pode preparar aquelas peças para os filhos dos eleitores, mas eles mesmos estariam proibidos de conhecê-los? O pré-candidato já andou se posicionando até sobre o aborto. Apressou-se em dizer que, “como homem”, é contra! Sei. E como vegetal? E como mineral? Se fosse mulher, seria a favor?

Eis aí. O esforço para achar uma pauta virtuosa para Haddad - inclusive nas redações - é imensa. E noto que a mobilização dos ditos “inteliquituais” de esquerda, que já superaram o trauma do mensalão, busca proteger o “Fernando” da obra de “Haddad”. Como disse aquela, “não podemos deixar Serra fazer com Haddad o que fez com Dilma”. O que foi mesmo que ele fez? Ah, disputou com ela a eleição! Onde já se viu uma coisa dessas? Isso é inaceitável!

18 de março de 2012
Reinaldo Azevedo

SÓ A PRODUÇÃO PODE GARANTIR O EQUILÍBRIO ECONÔMICO, FINANCEIRO E SOCIAL

É isso aí. Sinto firmeza no título acima. Só o desenvolvimento econômico levando ao aumento de produção, é capaz de assegurar o equilíbrio financeiro e social das nações.
Sustentar o progresso. O dinheiro é um instrumento seletivo de ação, mas toda vez que é utilizado como objetivo em si mesmo colide com a condição humana.
A especulação financeira restringe o acesso em escala aos bens, principalmente de forma compatível com o aumento da população. Gera o impasse. Um impasse que atravessa os séculos. Às vezes com menos, em outras situações como agora, com maior intensidade.

A excelente reportagem de Deborah Berlinck, enviada especial de O Globo à Feira de Tecnologia de Hannover, enfocando em primeiro plano as posições de presidente Dilma Roussef e da primeira ministra alemã, Angela Merkel, ilumina o panorama 2012. A foto, ótima, é de Jens Schluste. A edição é de 6 de março, terça-feira.

O Banco Central Europeu liberou créditos no momento de 1 trilhão de dólares, e juros subsidiados entre 1 a 2 por cento, ao ano, para que a oferta de crédito na Grécia, Espanha, Portugal, Itália, França e até na Inglaterra, assegurasse o nível de consumo, portanto o de emprego, e fizesse ressurgir uma situação muito melhor e menos tensa do que a atual.

O que aconteceu? Os Bancos receberam as parcelas para que se fizessem girar na economia produtiva, mas fizeram aplicações no mercado financeiro à busca de melhores e mais velozes resultados. Inclusive no Brasil, país que paga juros de 10,5% ao ano.
Várias vezes o que o sistema internacional de remuneração oferece. Inclusive sem impostos, como é o caso dos títulos que lastreiam nossa dívida interna de 2,2 trilhões de reais. A especulação contábil por princípio e o lucro gelado por fim.
Exatamente o efeito oposto àquele que inspire Angela Merkel, principal figura hoje do crédito europeu. Assim não se rompe o círculo de giz que envolve a controvérsia.

Esta controvérsia fica nitidamente consolidada se lermos, paralelamente à matéria de Deborah Marlinck, a reportagem de Vinicius Neder, O Estado de São Paulo também dia 6. Focaliza o reflexo negativo causado nas Bolsas de Valores, como se de Nova Iorque e São Paulo, pela notícia do governo de Pequim informando que o PIB da China, este ano, cresce em ritmo menor do que no ano passado.

Em 2011, o PIB chinês registrou 9,2% em relação a 2010. Agora, a previsão pé de que avance 7,5 pontos em 2012, em relação ao crescimento registrado no exercício que o antecedeu. Qual o motivo da reação e sobretudo da preocupação, inclusive o temor brasileiro?

Simples. Que as importações chinesas diminuam ao longo dos próximos meses e com isso a receita cambial se retraia provocando consequências diretas na produção e no emprego dentro de nossas fronteiras. Claro. Revela, mais uma vez, e de forma definitiva, a supremacia da produção e da produtividade quanto as emissões financeiras. E também sobre as medidas monetárias de controle e incentivo.

Pois se alguém, como tantas vezes se tentou no Brasil, pudesse, com a caneta mágica, resolver dificuldades milenares, não haveria problema no mundo. E, como dizia Antonio Houaiss, até hoje nenhum problema sequer foi resolvido no mundo. De todos os não resolvidos, ecentue-se o da fome cujo espectro atinge diretamente 20% da população do planeta. Algo em torno de 1 bilhão e 500 milhões de seres humanos.

Sem produção não há solução. Não há emprego na escala adequada. Torna-se impossível redistribuir-se a renda de forma cristã e possível. O Banco Central da Europa emitiu montanhas de dinheiro para redistribuí-lo pela economia, através de produção. Que fizeram os agentes financeiros? Concentraram os recursos ainda mais em busca do ouro, para citar famoso título de Chaplin. Assim é impossível.

18 de março de 2012
Pedro do Coutto

HISTÓRIAS DO SEBASTIÃO NERY

Não se aprofundem

Fahd Jamil, chefe do contrabando em Ponta Porã, fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, condenado a 20 anos por narcotráfico em 2005, solto em 2007 por um habeas-corpus concedido pelo ministro trambiqueiro do Superior Tribunal de Justiça, Paulo Medina, e depois foragido, deu uma grande festa, anos atrás, tempos da ditadura, no casamento do irmão.

Estava lá o mundo político, inclusive o general comandante do pedaço. Ficou impressionado com o fausto da festa, chamou o deputado Levi Dias:

– Deputado, me diga uma coisa. Qual é o forte dessa gente? É a pecuária?

– General, se o senhor se aprofundar, sai da festa.

Daí a pouco o general saiu. Tinha se aprofundado só um bocadinho.

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VERISSIMO

Nosso Luis Fernando Verissimo, sempre fino, sibilino e aquilino, às vezes dá uma de mais ingênuo do que a sua Velhinha de Taubaté. Disse ele, em 2007:

“Transcrições de conversas em telefones grampeados têm sido publicadas com tanta freqüência que já merecem ser consideradas um gênero literário… Quem não se lembra de grampos do passado, como os que gravaram as negociações para as privatizações das teles? Mas era mais raro vê-los publicados e eram conversas entre pessoas mais finas do que os grampeados de agora, portanto muito menos divertidas. Especula-se que as gravações do governo anterior circularam tão pouco e tiveram tão pouca conseqüência não porque as maracutaias fossem menores, mas porque eram mais aborrecidas”.

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JORNALÕES

É melhor o Verissimo não se aprofundar. Se ele quiser mesmo saber a razão verdadeira, vai acabar nas direções dos jornalões onde escreve. “As gravações do governo anterior circularam tão pouco e tiveram tão pouca conseqüência”, como ele bem diz, porque os jornalões, grandes revistas, TVs, eram sócios, ou parceiros, ou associados, ou aliados das grandes empresas, nacionais e estrangeiras, que ganharam de graça as bilionárias estatais das telecomunicações e de energia. E daí toda a cobertura que lhes deram.

Verissimo deveria ler a revista Piauí. À época, ela contou essa história muito bem.

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PIAUÍ

A Piauí (na média da praça, mais para boa do que para ruim) é uma revista de banqueiros, por banqueiros, para banqueiros, paga por banqueiros. E quem melhor entende de banqueiro é mesmo banqueiro.

O número 9 (de junho de 2007) trouxe longa, minuciosa, excelente matéria da Consuelo Dieguez sobre o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Ela contou:

1. “A desestatização das teles contrariou as expectativas de que os negócios entre o Estado e a iniciativa privada inaugurariam uma era de transparência republicana. Foram os Fundos de Pensão das estatais que entraram com grande parte dos recursos para a compra das empresas, enquanto os investidores privados eram financiados pelo BNDES”.

2. “Foi também o Estado, através do Banco do Brasil, que forneceu as garantias, ou seja, o avalista do negócio foi o próprio vendedor. Alguns integrantes do governo de Fernando Henrique se comportaram como manipuladores (sic). Outros agiram como fantoches (sic) de grandes empresas. Empresários, por sua vez, atuaram como gangsteres (sic) trocando golpes baixos e grampeando-se uns aos outros”.

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DANIEL DANTAS

3. “No começo do ano passado (2006), a Procuradoria italiana começou a investigar uma vasta rede de espionagem montada pela Telecom Itália. Os envolvidos na espionagem confessaram que a Telecom Itália pagou gente no Brasil para subornar políticos, juízes, gente da Polícia Federal e do Executivo, com intuito de arregimentá-los para uma ação contra o Oportunity”.

4. “Hoje está claro que a Telecom Itália resolveu corromper o Brasil inteiro. Não sou eu que estou dizendo, é a imprensa italiana”, afirmou Daniel Dantas. Ele acreditava que, “quando a procuradoria italiana divulgar o nome dos brasileiros subornados (sic), a República (brasileira) tremerá”.

É esse “gangsterismo” confesso que Fernando Henrique insiste em chamar de “processo limpo de privatização” e quer que todo o PSDB defenda. Tudo isso foi mil vezes denunciado. E os tucanos defendendo o indefensável.

18 de março de 2012
Sebastião Nery

A SÍNDROME DO RABO COMIDO

Tomara que o Supremo Tribunal Federal reafirme, mais uma vez e definitivamente, na próxima quinta-feira que a Lei de Anistia de 1979 tem validade e alcance amplo. Tomara que o STF também julgue, assim que entrar na pauta, a inconstitucionalidade flagrante de dois artigos da lei que instituiu a tal “Comissão da Verdade” – cujo distorcido propósito é desvendar apenas as supostas verdades contra um lado ideológico da História (os militares), preservando, como pretensos heróis, aqueles que perderam a guerra para implantar um regime totalitário-comunista no Brasil.

Tomara que os 11 ministros do STF (incluindo os oito indicados por Lula & Cia) tenham a sabedoria institucional de perceber que, se for quebrado o complicado pacto da anistia, a decisão deles recolocará o Brasil, explicitamente, no cruel octógono de uma guerra ideológica de prejuízos incalculáveis. Afinal, o mais provável resultado de um radical conflito ideológico será a instauração de (mais um) regime autoritário ou totalitário em nosso País historicamente acostumado a sobreviver sob ditaduras – explícitas ou disfarçadas.

A quem interessa um Brasil permanentemente dividido sob a ilusão das ideologias – tal como uma fanática turba de torcedores fanáticos de times de futebol? Interessa à Oligarquia Financeira Transnacional que patrocina seus lacaios e marionetes para manter o Brasil como uma mera colônia de exploração. Aos controladores globalitários interesse uma nação dividida, sem soberania, sem projeto nacional, mas com uma oligarquia política local que enriquece na base do roubo e da especulação do juro alto, enquanto a massa de “torcedores do futuro”, cada vez mais sem educação de verdade, sobrevive com salários ridículos e sob a ilusão do crédito (caro) para o consumismo.

O Brasil é um país Capimunista. Do capitalismo, temos um sofisticado sistema financeiro e um mercado de capitais que segue regras de primeiro mundo, concentrando renda na mão de poucos para fabricar cada vez mais mi ou bilionários. Do comunismo, temos um arcabouço legal excessivamente autoritário que permite ao Estado agir como constante interventor na sociedade. O capimunismo se complementa com o Governo do Crime Organizado – a associação entre políticos, servidores estatais e criminosos para usurpar a coisa pública.

Via Capimunismo (ou Capitalismo de Estado), o método de colonização no globalitarismo é mais que manjado. Em países sem soberania, autodeterminação e independência como o nosso, a Oligarquia Financeira Transnacional patrocina seus ideólogos ou ideocratas para que promovam pelo menos quatro instrumentos básicos de controle, dominação ou manipulação. 1) A oferta de dinheiro (via monetarismo) 2) Os meios de comunicação de massa. 3) O “crime organizado formal” (sinônimo de violência, terrorismo e corrupção). 4) As “legislações” globais padronizadas.

Só a Velhinha de Taubaté não enxerga que o Brasil está em franco processo de destruição institucional, seja pelo sistemático desrespeito às Leis em vigor ou pela malandra e conveniente interpretação dada às leis conforme a vontade dos detentores eventuais do poder político-econômico. Tal processo destrutivo interessa ao globalitarismo – cujo objetivo principal e imediato é inviabilizar nossa soberania para que jamais tenhamos liberdade para o real desenvolvimento.

As Forças Armadas brasileiras são vítimas permanentes de uma suja guerra psicológica para que não tenham condições de cumprir seu papel de guardiãs da Pátria e da Democracia. Cumprindo sua missão de correia de transmissão dos padrões globalitários, a ONU usa seu Alto Comissariado para os Direitos Humanos e seu Tribunal Penal Internacional para se meter em nossos assuntos internos, sempre que convém aos interesses da Oligarquia Financeira Transnacional.

O mais grave de todo este processo é que sofremos da Síndrome do Rabo Comido. Tal doença exterminou os mais poderosos dinossauros da face da Terra. Ela consiste em sermos destruídos sem que percebamos ou não demos importância para a destruição gradual. Já abordamos tal anomalia na distante edição deste Alerta Total em 7 de setembro de 2008, no artigo “Dependência e Morte da Classe Mérdia”.

Era uma vez um dinossauro chamado Diplodoco. O poderoso monstro viveu 150 milhões de anos atrás, no período Jurássico. O bicho era um dos dinossauros mais conhecidos e temidos. Pesava umas 38 toneladas. Tinha 45 metros de comprimento. Um rabo enorme! Pelo menos 5 metros na altura dos quadris. Seus pés eram largos e gigantes. O herbívoro que viveu na América do Norte parecia um elefante. Só que era burro!

Por causa de sua burrice, o tal bichão levava uma enorme desvantagem tática na luta pela sobrevivência. Seu tamanho lhe tornava muito lento nas reações. Seu reduzido cérebro (lhe confere uma triste ignorância ou incapacidade de pensar a própria realidade existencial). O curioso é que o gene do Diplodoco parece inoculado na maioria dos brasileiros otários.

O ilustre saurópode em formato de dupla viga vivia um drama moral. Pequenos predadores comiam o imenso rabo do Diplodoco. E o idiota do bicho nem sentia ou percebia. O rabo era sua arma letal. Quando os predadores maiores apareciam, ele lhes dava uma “chicotada fatal”. Até que, uma hora, devorado pelos bichinhos, na hora da reação, lhe fazia falta o rabo comido. Resultado: o Diplodoco acabou extinto.

O Governo do Crime Organizado, com a conivência dos Diplodocos Tupiniquins, pratica sua ideocracia contra as expressões do poder político, econômico, jurídico, militar, científico-tecnológico, cultural e psicossocial do Estado brasileiro. Aos brasileiros diplodocos são impostas (e aceitas pela maioria néscia), idéias, conceitos, ideologias e ideocracias fora do lugar – que afrontam nossa realidade objetiva e atrasam nosso desenvolvimento como Nação.

Vamos nos curar da Síndrome do Diplodoco. Ou vamos deixar comerem nosso rabo até a destruição final?

É cura ou curra... Decida o que você prefere, antes que seja tarde demais...

18 de março de 2012
Por Jorge Serrão
Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor

PARECE BRINCADEIRA, MAS GOVERNO INVESTIGARÁ 28 MIL SERVIDORES SUSPEITOS DE ACUMULAR CARGOS

Para quem é jornalista há várias décadas, essa notícia não traz a menor novidade. É a mesma coisa que anunciar que haverá problemas nos aeroportos e terminais rodoviários na época do Natal e Ano Novo, ou prever muito engarrafamentos e acidentes nas estradas durante os fins de semana prolongados.

Agora, quem chove no molhado da administração pública é a repórterAna D’Angelo, do Correio Braziliense. Ela anuncia que o governo federal está atrás dos servidores que acumulam mais de um cargo público indevidamente e daqueles que já recebem aposentadoria ou pensão que, somada à remuneração do trabalho, ultrapasse o teto do funcionalismo, de R$ 26,7 mil.

Para isso, o governo estaria concluindo a implantação de um sistema nacional de cruzamento da base de dados dos 11 milhões de funcionários ativos e inativos da União, estados e municípios dos três poderes — Executivo, Judiciário e Legislativo. E o projeto-piloto começará pelo Distrito Federal, a partir de julho.

Um primeiro levantamento feito como teste pelo Ministério do Planejamento, em 2009, com dados da União e de 14 estados, detectou 198 mil servidores ativos das três esferas acumulando cargo ou benefício previdenciário. Desses, o governo concluiu que 28 mil recebiam duas ou mais remunerações da administração pública irregularmente, diz a bem-intencionada reportagem de Ana D’Angelo.

Mas tudo isso é só para constar. Alguém deveria informar ao governo que já estamos na era do computador. Não existe a menor dificuldade em saber quem acumula cargos indevidamente. Dizer que em 2009 o governo descobriu que havia acumulações chega a ser um escárnio. Estamos avançando em 2012 e nenhuma providênia foi tomada. Por quê. Ora, é que esses privilegiados que acumulam cargos públicos (e geralmente não trabalham em nenhum) são todos apadrinhados de algum político. Simples assim.

18 de março de 2012
Carlos Newton

A HORA DE ACABAR COM A VIGARICE

Agora que o Brasil tenta rejeitar nova invasão especulativa internacional, é bom lembrar um alerta do economista Paulo Rabello de Castro, feito há mais de um ano. Sem ser radical, muito menos sem pertencer à corrente esquerdista de alguns de seus companheiros, ele denunciou uma das mais abomináveis heranças do governo Fernando Henrique Cardoso, mantida pelo governo Lula e sem ter sido até agora corrigida pelo governo Dilma Rousseff.

Quando um especulador estrangeiro procura o Brasil, formando no grupo dos tais investidores responsáveis pelo apregoado sucesso de nossa economia, recebe de 25 a 30% de lucro sobre o seu capital, tanto faz o tempo em que permaneça aqui. Podem ser meses ou até um simples fim de semana, compondo o chamado capital-motel, aquele que chega de tarde, passa a noite e vai embora de manhã depois de haver nos estuprado um pouquinho mais.

O diabo, para nós, é que o especulador estrangeiro não paga imposto de renda. Sem mais aquela, leva o seu dinheiro de volta acrescido da maior taxa de juros do planeta, muitas vezes sem ter contribuído para criar um emprego ou forjar um parafuso.

Podemos acrescentar que quando o investidor é brasileiro, preferindo aplicar aqui o seu capital, vê-se atropelado pelo imposto de renda, na base dos 20%. Se for malandro, dá um jeito de primeiro mandar o dinheiro para fora, repatriando-o depois para especular como se estrangeiro fosse, ou seja, sem pagar imposto de renda, estabelecendo uma ciranda cruel para nossa economia.

O sociólogo criou essas e outras aberrações, como a de liberar plenamente as multinacionais para quantas remessas de lucro pretendam fazer. O que chama a atenção e, mais do que ela, a indignação, é que o presidente Lula não se moveu para conter tamanho crime de lesa-pátria, como também não se move a presidente Dilma.

Antônio Palocci e Henrique Meirelles, antes, como Guido Mantega, agora, mantiveram os privilégios dos tempos do neoliberalismo mais descarado, apesar de a imensa maioria dos países em desenvolvimento ter criado mecanismos de defesa de seus interesses.

A pergunta é até quando se manterá essa vigarice.

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DO TORTO OU DO DIREITO?

Quando estava para tomar posse, nos idos de 1979, o general João Figueiredo avisou que continuaria morando na Granja do Torto, que já ocupava como chefe do Gabinete Militar e como chefe do SNI.

Guilherme Figueiredo, irmão do presidente, reconhecido poeta, intelectual e dramaturgo, saiu-se com uma das mais belas exortações do período: “Quem sabe ele troca o nome da residência e passa a chamá-la de Granja do Direito?”

Até que o conselho continua aplicável, apesar de a democracia haver sido instalada no país, justiça se faça, graças a certas medidas adotadas pelo último general-presidente, como a anistia para presos políticos e para exilados e o retorno integral à liberdade de imprensa.

Ocupando a residência alternativa nos fins de semana, a verdade é que Dilma Rousseff ainda teria condições de homenagear Guilherme Figueiredo. Algumas correções fazem-se necessárias para que as instituições democráticas venham a funcionar em sua plenitude, completando o Estado de Direito entre nós.

Para começar, a reforma política, em condições de afastar de uma vez por todas a sombra do poder econômico no sistema eleitoral.
E o restabelecimento dos direitos trabalhistas surripiados no governo Fernando Henrique Cardoso. Como a própria presidente já declarou, também o fim da impunidade que assola o Brasil em progressão geométrica.

18 de março de 2012
Carlos Chagas

ATÉ NANICOS ESTUDAM PULAR FORA DA BASE DA DILMA

O Palácio do Planalto terá que administrar na próxima semana a ameaça de um novo foco de rebelião entre os partidos que apoiam o governo na Câmara dos Deputados. PTB e PSC estão insatisfeitos com o espaço que têm no governo, e suas bancadas se reunirão na terça-feira para avaliar a conveniência de permanecer na base de apoio à presidente Dilma Rousseff.

Os deputados do PR também vão discutir se acompanham a decisão da bancada do partido no Senado, que na semana passada anunciou que irá para a oposição.
O PTB tem 21 deputados e o PSC tem 17. Nenhum dos dois tem representante no primeiro escalão do governo, mas ambos fazem parte da coalizão que apoia Dilma.

Se romperem com o Planalto e se unirem ao PR, que tem 36 deputados, eles terão controle sobre 74 dos 513 integrantes da Câmara, o suficiente para criar embaraços e impor derrotas ao governo.
Dilma tem indicado que não está disposta a fazer concessões aos rebeldes. Na semana passada, ela substituiu os líderes que fazem a interlocução entre o Planalto e as duas casas do Congresso.
A presidente deve indicar nesta semana o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) para o Ministério do Trabalho. O PDT manteve o apoio a Dilma enquanto negociava a nomeação, em vez de fazer ameaças ao governo como os rebeldes.

A movimentação do PTB e do PSC é interpretada por interlocutores do governo como uma resposta à decisão de Dilma de manter com o PDT a pasta, que os outros dois partidos cobiçavam.
Embora não tenha nenhum ministério, o PTB controla a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e a Susep (Superintendência de Seguros Privados).
O estopim da crise entre Dilma e seus aliados foi o veto do Senado à recondução de Bernardo Figueiredo à direção da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), há duas semanas.

A rejeição fez a presidente trocar seus líderes na Câmara e no Senado, o que alimentou o clima de revolta nos partidos e expôs falhas na articulação política do governo.
São duas as preocupações mais imediatas do Planalto. A primeira é apaziguar a ala petista inconformada com a destituição de Cândido Vaccarezza (PT-SP) da liderança do governo na Câmara. São 40 dos 86 deputados do PT.
A segunda é impedir que os rebeldes ajudem a instalar CPIs com potencial para criar constrangimento para o governo, como uma que a oposição quer criar para examinar os empréstimos do BNDES a empresas privadas.
(Folha de São Paulo)

18 de março de 2012
coroneLeaks

LEI DA ANISTIA: PROCURADORES DE FAMA DO MPF TENTAM CRIAR "INSEGURANÇA JURÍDICA" GOLPEANDO A DEMOCRACIA

A tentativa do Ministério Público Federal (MPF) de punir agentes de Estado que cometeram crimes de sequestro e ocultação de cadáveres durante a ditadura militar, sob a alegação de que seriam crimes permanentes, não ajuda a causa dos direitos humanos. Quem faz essa avaliação é o jurista Miguel Reale Junior, titular da cadeira de Direito Penal da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Para o jurista, a investida dos procuradores é nula do ponto de vista jurídico e temerária. 'Dar andamento a essa ideia significaria criar uma imensa insegurança jurídica', disse ele em entrevista ao Estado.

Além de professor titular da USP, Reale Junior foi ministro da Justiça no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso em 2002 e também presidiu a Comissão de Mortos e Desaparecidos. Antes disso, no final da década de 1970, participou, como conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), dos debates que levaram à criação da Lei da Anistia, em 1979. O debate em torno dos crimes de sequestro e ocultação de cadáver ainda está no início. Na semana passada, após a rejeição da primeira denúncia contra o major da reserva Sebastião Curió, os procuradores da República anunciaram que vão recorrer ao Tribunal Regional Federal da 1.ª Região. O assunto deve acabar no Supremo Tribunal Federal (STF).

Frases da entrevista do jurista ao Estadão, publicada hoje:

A Lei 9.140, que criou a comissão, estabelece em seu primeiro artigo que se reconhece, para todos os efeitos legais, a morte das pessoas desaparecidas. Foi em decorrência dessa determinação que houve a emissão de certidões de óbito pelos cartórios e a abertura de processos de sucessão, que eram reivindicações dos familiares. Diante disso, fica absolutamente sem sentido estabelecer agora que os desaparecidos continuam vivos.

Eles faziam parte da guerrilha e as eventuais prisões que ocorreram colocavam-se dentro do nível da legalidade. O ilegal, evidentemente, seria torturá-los e matá-los. Portanto, se alguém fosse encaminhar um processo criminal, se tivesse elementos para isso, seria em relação a tortura e homicídio - jamais por sequestro.

Onde é que existe algum indício, alguma ação que demonstre que, ao longo desse período de quase 40 anos, essas pessoas foram impedidas de recuperar a liberdade e continuam encarceradas?

Todos os casos estão sob o manto da Lei da Anistia de 1979. E não se pode falar em sequestro e crime continuado, porque ninguém ficou sequestrado. Com o fim do AI-5 e o início do governo de Tancredo Neves e José Sarney, ninguém mais ficou encarcerado por crime político.

É uma contradição falar em proteção dos direitos humanos sem o respeito aos princípios básicos do Estado democrático. Forçar uma interpretação, que permita moldar o que aconteceu a um determinado tipo penal, é um desrespeito aos princípios básicos do direito.

18 de março de 2012
coroneLeks

O PEREGRINO E O PARLAPATÃO

Dai-me senhor o poder de síntese! Afastai para longe de meus ouvidos, senhor, os parlatatões!
Eu quero apenas responder as três indagações herméticas e saber quem sou de onde venho e para onde vou!
Ouço sempre uma voz que me diz: “se você ficar feliz diante de uma criança sorrindo; se pela manhã a luz do sol traz alegria e contentamento, começou o processo de saber quem você é!”

Quando penso que essa voz se calou, ela torna: “se você ficar feliz ao ver as pessoas rindo, alegres, já não precisará compreender a natureza do sol nem das estrelas, pois as suas essências já vibram em sua alegria!”

E então eu me pergunto: o que é sagrado e em que língua o sagrado nos fala? Sagrado há de ser tudo que pessoalmente consagro, e todo sagrado que eu não profano é a língua pela qual o sagrado me fala.

Conquanto estando certa feita ouvindo um paralapatão discorrendo sobre as bananas que eu trazia da feira, de tanto ele falar até me sentei, pra que os ouvidos aturdidos não causassem o meu desequilíbrio, enquanto o parlapatão prosseguia falando da teoria das bananas, a única palavra que se podia entender em meio a tantas inúteis palavras que o parlapatão falava sem dizer nada.

Levantei-me de pronto e retomando o leme mental peguei as bananas, segui meu destino e sem jogar a cascas das bananas no chão, que nem as descasquei, ainda assim o parlapatão escorregou nelas, depois de uma tremenda derrapada pelas palavras que despejava boca afora!

Não sabe certamente o que é sagrado, nem tampouco a sacralidade da língua!

Hoje, passados aqueles tempos repito a voz e vos digo: “se sois capazes de vos alegrar com as crianças felizes; se sois capazes de vos alegrar com a felicidade alheia; se sois capazes de vos indignar com os exterminadores de insetos, sem necessidade de nos livrarmos de insetos; se vos alegrais com o canto dos passarinhos; se fordes capazes de com lágrimas nos olhos sorrir de puro sentimento de amor ao mundo...

Não tendes mais necessidade de desvendar as estrelas, nem as galáxias, nem o próprio universo, pois estarão convosco conspirando pela harmonia da síntese e sentindo o pulsar do coração cósmico, dentro de vós.

Mas, todavia graças a já terdes viajado pelas galerias profundas do saber, pois é desse conhecer que tendes agora o sentir, quando aflora vivo, consciente e amoroso o Ser Real .

18 de março de 2012
postado por julio

QUE DEMOCRACIA?

O estado democrático é uma falácia, um engodo, uma farsa, uma fraude.
É a ditadura do poder econômico, o domínio das estruturas sociais pelo mercado financeiro e pelas grandes empresas.
A administração pública, a começar pelos três poderes, executivo, legislativo e judiciário, está dominada pela influência de uma minoria ínfima da população, desviando as prioridades do estado para os seus interesses econômicos, negligenciando as funções principais de servir à coletividade como um todo.

Mantém-se o povo ignorante, desinformado, desmoralizado e amedrontado. Ignorante, negando-lhe uma educação que mereça esse nome; desinformado, controlando a mídia e as comunicações, deturpando informações, omitindo, distorcendo, de acordo com o interesse dos poucos que dominam; desmoralizado, criminalizando qualquer movimento que agregue, esclareça, conscientize e defenda a maioria, dividindo e isolando os indivíduos com a ideologia da competição e do consumo compulsivo através de uma publicidade massacrante, repetitiva, insidiosa, desonesta; amedrontado, entre a exclusão social e o aparato da “segurança pública”.

Periodicamente, alimenta-se a farsa, simulando-se eleições “democráticas”, obrigando à votação em massa, após campanhas publicitárias milionárias, mentirosas, onde o único compromisso que se pensa em honrar é com os financiadores dessas campanhas, esquecendo-se os eleitores. São estatísticas.

O povo, sabotado em instrução, em informação, em consciência, em dignidade, não consegue discernir para escolher, não percebe o jogo de interesses ao qual é submetido.
Muitos entram no jogo, negociam vantagens, migalhas... e sustentam o controle do jogo. Outros, não querem “nem saber de política”, querem é consumir, desfrutar, possuir, ostentar, ainda que seja sua própria miséria, sua própria pobreza mal disfarçada, sua média classe, sua mediocridade.
São os prisioneiros da publicidade, dependem de estímulos externos para sentirem alguma razão no existir. São a grande maioria das pessoas.

Há outros e muitos tipos, mas poucos interessados no que fazem nossos empregados – os políticos, executivos e funcionários públicos em cargos de chefia - e como controlá-los e mantê-los a serviço da coletividade como um todo, priorizando as situações de fragilidade e não os interesses dos mais ricos entre os mais ricos. Que não me venham falar em democracia. A ditadura se impõe, insidiosa ou descarada, sobre a ignorância onde é mantida a maioria. O resto é jogo de cena.

18 de março de 2012
Eduardo Marinho

PETRÓLEO: VERDADES E MENTIRAS

O Petróleo não é de origem fóssil, continua a ser gerado ininterruptamente pela Terra e é inesgotável.

Foi-nos sempre dito que o petróleo é um combustível fóssil, que surgiu há 500 milhões de anos, tendo por origem a decomposição de plantas e animais mortos. Restos de organismos teriam sido aprisionados no fundo dos oceanos numa camada de lama e cobertos por outras camadas de solo, formando ao longo do tempo o petróleo.

Foi-nos sempre dito que a energia do sol é captada pelos seres vivos e que podemos libertar novamente essa energia armazenada há centenas de milhões de anos através da combustão do petróleo.

É-nos dito que as reservas de combustíveis fósseis, especialmente o petróleo, duram, no máximo, até cerca de 2060.

Outro factor, para além da extinção das reservas petrolíferas, é o momento em que a produção de petróleo atinge o seu cume, começando então a decrescer. Este ponto máximo da extracção petrolífera é chamado de "Peak-Oil" [Pico Petrolífero]. Como é em função deste pico que varia a oferta e a procura, este pode ter um papel crucial nos preços do petróleo.

O ponto máximo da extracção petrolífera ou "Peak-Oil" é o instante em que a taxa de extracção petrolífera atinge o seu máximo absoluto em todas as bacias petrolíferas. Este momento é alcançado quando tenha sido extraído metade de todo o petróleo passível de ser explorado.

É afirmado que o ponto de extracção máximo já foi alcançado no passado e que vamos de encontro a uma crise energética. A prova desta afirmação, dizem-nos, é o aumento contínuo da cotação do petróleo, de 25 dólares o barril em 2002 para 134 dólares em 6/6/2008 (este artigo foi escrito nesta data).

Por este motivo, dizem-nos que a esperada lacuna energética deve ser suprida através de menor consumo e pela procura de outras alternativas, tal como energias renováveis. Devemos abandonar o petróleo o mais rapidamente possível, pois ele irá acabar em breve.

É-nos afirmado que o petróleo se formou há centenas de milhões de anos, que existe em quantidade fixa, e que quando tivermos extraído a última gota, terá acabado para sempre a era do petróleo.

Mas o que é que aconteceria se toda esta história não tiver nenhum fundamento e tudo não passar de uma lenda? O que seria se o combustível petróleo não fosse de origem fóssil, não proviesse de organismos extintos, mas fosse de outra natureza? E se o petróleo, afinal, existe em abundância e continua a ser formado ininterruptamente pela Terra? E se não existir nenhuma crise energética e nenhum "Peak-Oil"?

A afirmação de que haveria um ponto máximo na extracção do petróleo foi divulgada em pânico, já em 1919, embora nesse tempo ainda não se chamasse "Peak-Oil" (este é somente um novo rótulo). Naquele tempo, foi afirmado pelos "especialistas" que o petróleo só chegaria para os próximos 20 anos. O que aconteceu na realidade? Desde então, a data do fim do petróleo foi sempre impelida para o futuro, e hoje, 90 anos depois, temos ainda petróleo, embora a extracção e o consumo tenham vindo a aumentar todos os anos …


De onde veio, no fim de contas, a história de que o petróleo teria surgido de fósseis de organismos vivos e seria, portanto, biótico? O geólogo russo Mikhailo Lomonossov teve esta ideia pela primeira vez em 1757: "o petróleo surge de pequenos corpos de animais e plantas, enclausurados em sedimentos sob alta pressão e temperatura e transformam-se em petróleo após um período inimaginável". Não sabemos que observações o levaram a afirmar isso, simplesmente esta teoria nunca foi confirmada e é aceite sem provas à mais de 200 anos e ensinada nas universidades.
A teoria da origem do Petróleo como resultado da decomposição de restos de plantas e animais

Porém, nunca foram encontrados fósseis de animais ou plantas nas reservas de petróleo. Esta falta de provas mostra que a teoria do combustível fóssil é unicamente uma crença sem qualquer base científica. Os geólogos que espalham a teoria do combustível fóssil, não apresentaram ainda qualquer prova da transformação de organismos em petróleo.

Um dos elementos mais presentes sobre a Terra no nosso sistema solar é o carbono. Nós, seres humanos, somos formados em grande parte por carbono, assim como todos os outros seres vivos e plantas do planeta. E em pelo menos 10 planetas e luas de nosso sistema solar foram observadas grandes quantidades de hidrocarbonetos, a base para o petróleo.

A sonda espacial Cassini descobriu, ao passar próximo de Titan, a lua de Saturno, que ela está repleta de hidrocarbonetos líquidos. Mas não havendo lá vida para produzir os hidrocarbonetos, estes devem ser fruto de alguma outra transformação química. Devido à sua particular configuração atómica, o carbono possui a capacidade de formar moléculas complexas e apresenta, entre todos os elementos químicos, a maior complexidade de ligações químicas.

Aqui na Terra, as placas continentais flutuam sobre uma inimaginável quantidade de hidrocarbonetos. Nas profundezas do manto terrestre surgem, sob determinada temperatura, pressão e condições adequadas, grandes quantidades de hidrocarbonetos. A rocha calcária anorgânica é transformada num processo químico. Os hidrocarbonetos que daí resultam, são mais leves que as camadas de solo e rocha sedimentares, e por isso sobem pelas fendas da Terra e acumulam-se sob camadas impermeáveis da crosta terrestre.

O magma quente é o fornecedor de energia para este fenómeno geológico. O resultado dá pelo nome de petróleo abiótico, porque não surgiu a partir da decomposição de formas biológicas de vida, mas antes por um processo químico no interior da Terra. E este processo acontece ininterruptamente. O petróleo é produzido continuamente.

Eis alguns dos argumentos mais relevantes que comprovam que o petróleo é de origem abiótica (não fóssil):

- O petróleo é extraído de grandes profundidades, ultrapassando os 13 km. Isso contradiz totalmente a tese dos fósseis, pois os restos dos seres vivos marinhos nunca chegaram a tais profundidades e a temperatura (elevadíssima) teria destruído todo o material orgânico.

- As reservas de petróleo, que deveriam estar vazias desde os anos 70, voltam a encher-se novamente por si mesmas. O petróleo fóssil não pode explicar este fenómeno. Só pode ser explicado pela produção incessante de petróleo abiótico no interior da Terra.

- A quantidade de petróleo extraída nos últimos 100 anos supera a quantidade de petróleo que poderia ter sido formado através da biomassa. Nunca existiu material vegetal e animal suficiente para ser transformado em tanto petróleo. Somente um processo de fabricação de hidrocarbonetos no interior da Terra pode explicar esta quantidade gigantesca.

- Quando observamos as grandes reservas de petróleo no mundo é notório que elas surgem onde as placas tectónicas estão em contacto uma com as outras ou se deslocam. Nestas regiões existem inúmeras fendas, um indício de que o petróleo provém do interior da Terra e migra vagarosamente através das aberturas para a superfície.

Placas Tectónicas

 - Em laboratório foram criadas condições semelhantes àquelas que predominam nas profundezas do planeta. Foi possível produzir metano, etano e propano. Estas experiências provam que os hidrocarbonetos podem formar-se no interior da Terra através de simples reacções anorgânicas - e não pela decomposição de organismos mortos, como é geralmente aceite.

- O petróleo não pode ter 500 milhões de anos e permanecer tão "fresco" no solo até hoje. As longas moléculas de carbono ter-se-iam decomposto. O petróleo que utilizamos é recente, caso contrário já se teria volatilizado há muito tempo. Isto contradiz o aparecimento do petróleo fóssil, mas comprova a teoria do petróleo abiótico.

Em 1970, os russos começaram a perfurar poços a grandes profundidades, ultrapassando os 13.000 metros. Desde então, as grandes petrolíferas russas, incluindo a Iukos, perfuraram mais de 310 poços e extraem de lá petróleo. No último ano, a Rússia ultrapassou a extracção do maior produtor mundial, a Arábia Saudita.

Os russos dominam a complexa técnica de perfuração profunda há mais de 30 anos e exploram inesgotáveis reservas de petróleo das profundezas na Terra. Este facto é ignorado pelo Ocidente. Os russos provaram ser totalmente falsa a explicação dos geólogos ocidentais de que o petróleo seria o fruto de material orgânico decomposto.

Nos anos 40 e 50, os especialistas russos descobriram, para sua surpresa, que as reservas petrolíferas se reenchiam por si próprias e por baixo. Chegaram à conclusão que o petróleo é produzido nas profundezas da Terra e emigra para cima, onde se acumula. Puderam comprovar isso através das perfurações profundas.

Entretanto, nos anos 90, a Rússia estava de tal modo à frente do Ocidente na tecnologia de perfuração profunda, que Wall Street e os bancos Rockfeller e Rothschild forneceram dinheiro a Michail Chodorkowski com a missão de comprar a empresa Iukos por 309 milhões de dólares, a fim de obter o know-how da perfuração a grande profundidade.

Pode-se agora perceber por que é que o presidente Wladimir Putin fez regressar a Iukos e outras petrolíferas novamente para mãos russas. Isso era decisivo economicamente para a Rússia, e Putin expulsou e prendeu alguns oligarcas russos.

Entretanto, os chamados "cientistas", os lobistas, os jornalistas a soldo e os políticos querem que acreditemos que o fim do petróleo está a chegar, porque supostamente a produção já atingiu o seu pico e agora está a decrescer. Naturalmente, a intenção é criar um clima que justifique o alto preço do petróleo e com isso obter lucros gigantescos.

Sabe-se agora que o petróleo pode ser explorado praticamente em toda a parte, desde que se esteja disposto a investir nos altos custos de uma perfuração profunda. Qualquer país se pode tornar independente em matéria de energia. Simplesmente, os donos das petrolíferas querem países dependentes e que paguem caro pelo petróleo importado.

A afirmação de que existe um máximo na extracção de petróleo é, de facto, um golpe e uma mentira da elite global. Trata-se de construir uma escassez e um encarecimento artificial. Tudo se resume a negócios, lucro, poder e controle.

Aliás, é absolutamente claro para todos que o Iraque foi invadido por causa do petróleo. Somente, não foi para extrair o petróleo, mas, pelo contrário, para evitar que o petróleo iraquiano inundasse o mercado e os preços caíssem. Antes da guerra, o Iraque extraía seis milhões de barris por dia, e hoje não chega a dois milhões. A diferença foi retirada do mercado. Saddam Hussein ameaçou extrair quantidades enormes de petróleo e inundar o mercado.

Soldado americano guardando poços de petroleo no Iráque

Tal significou a sua sentença de morte, e por esse motivo o Iraque foi atacado e Saddam enforcado. Agora os EUA têm lá tropas permanentemente. Ninguém tem licença para explorar o petróleo do país com a segunda maior reserva petrolífera do mundo. Por isso, o Irão, com a terceira maior reserva petrolífera do mundo, é agora também ameaçado por querer construir «armas de destruição massiva».

Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que às vezes fico pensando, se a burrice não será uma ciência.

18 de março de 2012
António Aleixo