"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 4 de junho de 2013

O SILÊNCIO



Minha visão das coisas é fundamental: é não ter qualquer visão básica de nada. Meus dogmas não existem mais".
— Ingmar Bergman —
 

Em meio aos faces, twitters, e outras tantas bobagens da net, mal e porcamente escritas, sem nenhuma acentuação, com um português paupérrimo, resultado de uma humanidade que a cada dia se emburrece mais, o youtube resgata alguns filmes que sempre merecem ser revistos.
No meu caso, foi O Silêncio, do sueco Ingmar Bergman (pronuncia-se Inimár Bériman), que faz parte de uma trilogia do começo dos anos 60s. É bom ressaltar, antes de mais nada, que a escassa tecnologia dos anos 60s, exigia atrizes, atores, fotógrafos e diretores. Isso, no caso de Bergman, quer dizer que ele trabalhou com o mesmo fotógrafo a sua vida inteira, e praticamente com as mesmas atrizes e o mesmo Max von Sydow, que acabou fazendo carreira nos Estados Unidos mas nem por isso abandonou o cinema sueco.
 
Vi O Silêncio pela primeira vez no cine Bijou, na Praça Roosevelt, o primeiro cinema de arte de São Paulo e que hoje já não existe mais. A delicadeza da câmera de Bergman foi a primeira coisa que me chamou a atenção, em contraposição à crueza da mesma câmera. Eu estava muito interessada na sua estética.
Havia acabado de assistir Morangos Silvestres, e esperava algo do gênero, cheio de símbolos intrigantes. Porém, o que veio foi diferente. E a simbologia que eu esperava encontrar caiu por terra. Fiquei fascinada com Ester, que mesmo tendo seguidas crises, que a levaria à morte faltamente, conseguia manter, através da sua postura física, uma dignidade que a sua irmã perdera. Assim me parecia.
 
Depois, muito depois, revendo-o pela segunda vez, ative-me à relação das duas irmãs, Ana e Ester, onde ondas de inveja e ciúme perpassam analogamente os fotogramas. Ficou claro que jamais haveria entre elas uma cumplicidade maior, quer pela situação física, quer pela dureza da alma. Bergman expõe, a olho nu, as precariedades da alma. de todas as almas. Que até hoje existem, em maior ou menor escala, mas que são minimizadas pela loquacidade de seus protagonistas. Porque a linguagem é a melhor forma de defesa que o ser humano possui. Essa loquacidade, desonesta e inútil, acabou levando Bergman para longe da sociedade, como ele mesmo disse em uma entrevista.
 
(acho que me empenho em seguir seus passos, sem a sua genialidade, claro. )
Revendo-o pela terceira vez, fixei-me no tema da morte. A iminência da partida de Ester desencadeia em Ana um desespero para ver-se livre dessa agonia, ou seja, de acompanhar Ester no seu estado terminal. Nove anos depois, em Gritos e Sussurros, volta-me a mesma sensação, quando é a empregada da família que acolhe, abraça e conversa com Agnes, que também vai morrer. E que conversa e abraça Agnes, quando esta já se foi. Não somos as melhores pessoas para nós mesmos. E Bergman aproveita para demolir o sentido religioso das falsas palavras e promessas.
 
Dessa revisão de O Silêncio, pontuada por experiências pessoais, ficou-me a sensação de que Bergman resvalou, não só a morte em si, mas a repulsa que a sua aproximação causa. O seu vestuário de dor afasta e exclui. E ao asco, acrescenta a iniquidade do ser humano.
 
Tenho muito a rever de Bergman e muito a pensar e escrever. Devo dizer que minha formação estética, deve muito a ele, e ele detestaria saber disso, porque dizia que queria exatamente o contrário em seus filmes: quebrar a espinha das pessoas. E agora eu me deparo com outro Bergman: a antítese da solidariedade, e talvez por causa disso, a sua aproximação à ela.

Não devo estar certa. Estou certa apenas quando revejo Bergman. Porque a sua obra possui todas as portas de entrada possíveis. E pretendo transpor cada uma delas. Sem dogmas.
 
04 de junho de 2013
Mécia Rodrigues

RELENDO A HISTÓRIA...


D. Pedro II
 
 
Existem pessoas que passam pelo planeta Terra e não deixam nenhuma marca, isso deve-se à pequenez das suas atitudes, das suas ações e dos seus pensamentos. Outras deixam algum mediano vestígio digno de recordação. E, apenas um pequeno número deixa uma mensagem intensa, forte e vibrante, que é impossível não estar sempre a citá-las como exemplo em nossas próprias vidas. Para mim, entre tantos que poderia aqui destacar positivamente, aponto o nome de Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, conhecido por todas as monarquias do mundo como D. Pedro II.

O Grande Imperador nasceu no Rio de Janeiro, no dia 2 de dezembro de 1825. Filho de Dom Pedro I (Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon), do ramo brasileiro da Sereníssima Casa de Bragança, e da Arquiduquesa Maria Leopoldina (Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena). A 7 de abril de 1831, com apenas 6 anos de idade, o Príncipe Imperial Pedro tornou-se "Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil”.

Esse homem, que assombrou a todos que o conheceram, devido às suas capacidades intelectuais, teve a infância e a adolescência voltadas para o estudo. Dominava a Antropologia, a Geologia, a Medicina, o Direito, a Religião, a Filosofia, a Geografia, a Pintura, o Teatro, a Escultura, a Fotografia (foi o primeiro fotógrafo do Brasil, tendo, inclusive adquirido uma câmera de daguerreótipo, em março de 1840, além de ter criado um laboratório fotográfico em São Cristóvão), a Música, a Poesia, a Química (criou um laboratório no Rio de Janeiro), a Física (também no Rio de Janeiro implantou um laboratório), a Astronomia (mandou construir um observatório no Paço) e a Tecnologia. Poliglota, dominava perfeitamente bem o inglês, o francês, o alemão, o italiano, o castelhano, o catalão, o latim, o árabe, o grego, o hebraico, o sânscrito, o aramaico, o chinês e o tupi-guarani.

A 23 de julho de 1840, com o apoio do Partido Liberal, e colocando fim ao Período Regencial Brasileiro, a Assembleia Geral do Senado declarou que D. Pedro II estaria apto para subir ao trono, apesar dos seus modestos 14 anos de idade. Assim sendo, foi ali preparada e aprovada a Declaração da Maioridade, que, acreditava-se, e veio a acontecer, voltaria a unir o Brasil, acabando com as revoltas: Farroupilha, Sabinada, Cabanagem, Revolta dos Malês e Balaiada, além de retirar do poder a Regência Una do Partido Conservador. O Grande Imperador foi aclamado, coroado e consagrado quase um ano depois, no dia 18 de julho de 1841.

Foi durante o seu reinado que surgiu o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a Imperial Academia de Música, a Ópera Nacional e o Colégio D. Pedro II.

A Imperial Escola de Belas Artes, criada por seu pai, recebeu inúmeros incentivos financeiros.
Preocupado com a educação espalhou escolas por todo o país e ofereceu bolsas de estudo a inúmeros brasileiros, para que estes pudessem frequentar Escolas de Arte, Conservatórios e Universidades em várias partes da Europa. Financiou a criação do Instituto Pasteur e a Bayreuth Festspielhaus Casa da Ópera (de Richard Wagner).

Devido à infância reclusa, o Grande Imperador era tímido, carente e solitário, vendo o mundo pelo prisma da literatura, sendo esta um refúgio, um porto seguro à sua alma. Aqueles que esperavam um imaturo adolescente a assumir o trono enganaram-se, pois a sua dedicação a todos os assuntos do reino, as suas inspeções diárias, as suas visitas repentinas às repartições públicas, mostraram que ele sabia perfeitamente bem o que o povo necessitava e o que o país esperava de si.

D. Pedro II herdou um Império quase extinto, porém, a sua grandeza de espírito, a sua força interior, o seu modo de ser e estar, fizeram do Brasil a grande potência emergente daquela era. A estabilidade política, a liberdade de expressão, o crescimento económico veloz, o respeito aos direitos civis, todo um conjunto de fatores que foi marcando o seu nome na história das Monarquias, fez com que o Brasil fosse catapultado para uma esfera altíssima de respeito e admiração internacional, porém, foi a sua forma direta de governo, uma monarquia parlamentar constitucional, a raiz de todo o sucesso. A Monarquia de Dom Pedro II foi a verdadeira Democracia coroada.

D.Pedro II - cerca de 1887


As dificuldades apresentavam-se a todo o instante, por exemplo: três conflitos internacionais de grande monta: a Guerra do Prata, a Guerra do Paraguai e a Guerra do Uruguai, além de vários “enervamentos” caseiros, sim, por que apesar do sucesso do seu reinado, os insatisfeitos, naturalmente os que ambicionavam o poder e os benefícios deste, estavam sempre a tentar perturbar a paz instalada.

D. Pedro II foi um fervoroso adepto da abolição da Escravatura, logo conquistando muitos inimigos, foi também um incentivador e patrocinador da cultura e da ciência, e com tanto sucesso que recebeu congratulações, respeito, admiração e amizade de ilustres figuras, entre elas: Friedrich Nietzsche, Charles Darwin, Alexandre Herculano, Alexander Graham Bell, Louis Pasteur, Victor Hugo, Henry Wadsworth Longfellow, Arthur de Gobineau, Frédéric Mistral, Alessandro Manzoni, Camilo Castelo Branco, James Cooley Fletcher, Richard Wagner, Louis Agassiz, John Greenleaf Whittier, Michel Eugène Chevreul, e António Carlos Gomes. Foi, deste último, um grande mecenas, bem como de Vítor Meirelles, Pedro Américo, Gonçalves Dias, Gonçalves Magalhães, entre outros, apoiando-os social e financeiramente na carreira que abraçaram.

No ano de 1875, foi eleito com pompa e circunstância Membro da Academie des Sciences de France, é de destacar que somente Pedro, o Grande e Napoleão Bonaparte receberam igual honraria até àquela data.
O Grande Imperador foi um dedicado investigador das novas tecnologias, logo, interessou-se pelo telefone (foi o primeiro brasileiro a falar num aparelho desses, e isso ocorreu numa conversa com Graham Bell, no ano de 1876, na Exposição Universal, em Filadélfia, Pensilvânia, na comemoração do Centenário de Independência dos Estados Unidos, que foi inaugurada pelo próprio D. Pedro II e pelo presidente americano Ulysses S. Grant, nascido Hiram Ulysses Grant), pelo telégrafo, pelo cabo submarino, pela implantação da maior rede ferroviária da América do Sul, pela abertura de vários estaleiros para a construção naval, pela apresentação do comércio brasileiro para o capital externo, pela inauguração da iluminação a gás no Rio de Janeiro, pela permissão e apoio da entrada de europeus no Brasil, sendo também um incentivador e financiador da agricultura, do comércio e da indústria em solo brasileiro.

O povo admirava e respeitava o seu Imperador, mas, os inimigos do reino, acompanhados por um pequeno grupo de militares, desejavam a instalação da República e para ela trabalharam na sombra, minando diversos setores da nação. Inesperadamente um estúpido golpe de Estado retira D. Pedro II do trono. Um final incomum para um homem brilhante.
Com a deposição do Grande Imperador sucederam-se longos períodos de governos fracos, de crises financeiras, culturais e educacionais, além de ditaduras que mancharam o bom nome do Brasil perante o mundo.

Aquele fatídico 15 de novembro de 1889, dia da rebelião que depôs D. Pedro II, é uma mancha na história do Brasil.

Sereno, o Grande Imperador, quando soube da sua deposição, teve a modéstia e a simplicidade a ampará-lo: “Se assim é, será a minha aposentadoria. Trabalhei demais e estou cansado. Agora vou descansar”. Sendo obrigados a exilarem-se, D. Pedro II, a esposa Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias (Teresa Cristina Maria Giuseppa Gasparre Baltassarre Melchiore Gennara Rosalia Lúcia Francesca d'Assisi Elisabetta Francesca di Padova Donata Bonosa Andréa d'Avelino Rita Liutgarda Geltruda Venância Taddea Spiridione Rocca Matilde, 1822 – 1889) e as filhas, princesas Dona Isabel (Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, 1846-1921) e Dona Leopoldina (Leopoldina Teresa Francisca Carolina Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, 1847-1871). A Família Imperial seguiu para a Europa a 17 do mesmo mês e ano (o casal teve outros dois filhos, porém, estes morreram em tenra idade: os príncipes Dom Afonso (1845-1847) e Dom Pedro (1848-1850)). O novo regime político suprimiu com severa brutalidade todas as tentativas de impedir a partida do Grande Imperador. A Liberdade foi tolhida, a voz do povo silenciada.

A Imperatriz Dona Teresa Cristina faleceu poucos dias depois da sua chegada à cidade do Porto, em Portugal.

D. Pedro II refugiou-se em Paris onde viveu dois anos cheios de tristeza e nostalgia. Vítima de uma pneumonia, a 5 de dezembro de 1891, às 00:35 horas, o seu coração parou.
Trezentas mil pessoas, entre elas, quase todos os representantes do governo francês, além de Francisco II, ex-rei das Duas Sicílias, Isabel II, ex-rainha da Espanha, Luís Filipe, Conde de Paris, representantes de outros governos, dos continentes americano, europeu e asiático. A maioria dos membros da Academia Francesa, do Instituto de França, da Academia de Ciências Morais, da Academia de Inscrições e Belas-Artes, da Royal Society, da Academia das Ciências da Rússia, das Reais Academias de Ciências e Artes da Bélgica, da Sociedade Geográfica Americana, compareceram às homenagens fúnebres. Quando estas terminaram, o esquife foi levado em cortejo até à estação dos caminhos-de-ferro, com destino a Lisboa, onde chegaria aclamado pela população e autoridades. A 12 de dezembro foi depositado no Panteão dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora.

Quando soube da morte do Grande Imperador, o povo brasileiro cobriu-se de luto (sendo ferozmente combatidos pelos republicanos), fechando as portas dos estabelecimentos comerciais, ostentando tarjas negras nas roupas, colocando bandeiras a meia haste, executando toques de finados, realizando missas solenes por todo o país, pronunciando inúmeros discursos fúnebres em quase todo o território nacional.
Para o povo do Brasil, de Portugal e de muitas outras nações, com a morte de D. Pedro II, desaparecia um governante sábio, austero, honesto, benevolente e caridoso.

Em 1921, os seus restos mortais (bem como os da Imperatriz Dona Teresa Cristina) foram levados para o Brasil. Foi decretado feriado nacional. Uma grande manifestação popular ocorreu nesse momento, com o povo ajoelhando-se perante a passagem das urnas, batiam-se palmas, os mais velhos choravam, os mais novos mantinham a fronte baixa, não se via diferenças de raça, não se sabia quem era monárquico ou republicano, eram todos brasileiros, a clamar pelo seu Imperador.

O maior de todos voltava à sua pátria, para ali ficar para todo o sempre.

E eu, daqui do meu exílio, ofereço a minha mais alta estima e consideração a Sua Majestade Imperial Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.
 
04 de junho de 2013
Rui Calisto
in Jornaleco
 

POR QUE MÉDICOS CUBANOS?!

AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO PARA JUÍZES É EXEMPLO DE PODRIDÃO DA JUSTIÇA



Uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), tomada há duas semanas, abre precedentes para que a Justiça Federal eleve as despesas de seus quase 5.000 magistrados com auxílio-alimentação. A Corte de controle barrou a proibição para o pagamento do benefício, em parcelas correntes e atrasadas, em todos os órgãos da Justiça Federal.

A derrubada dessa restrição vai gerar uma conta de R$ 312 milhões.

 Os ministros do TCU já tinham avalizado, no ano passado, os pagamentos retroativos do auxílio nos tribunais superiores, e, de fato, já receberam ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Segundo “O Globo”, ao tomar a decisão relativa à Justiça Federal, os ministros do TCU também se permitiram receber o extra, calculado inicialmente a partir de 2011 e, em nova decisão, a partir de 2004. Os ministros do TCU receberam R$ 35 mil cada um, em média, a título de auxílio-alimentação referente aos últimos oito anos.

AOS APOSENTADOS

Já o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) se prepara para estancar um vazamento potencial de R$ 100 milhões de recursos públicos para o pagamento retroativo de auxílio-alimentação para juízes de oito Estados. Desse total, R$ 3,5 milhões foram distribuído a juízes que já se aposentaram.
A decisão do CNJ, no entanto, não terá poder de reaver aos cofres públicos quase R$ 250 milhões que os tribunais de outros Estados já pagaram aos magistrados, aposentados ou não.
Os números constam das informações prestadas pelos tribunais ao CNJ em processo movido pela Federação Nacional dos Servidores do Judiciário nos Estados (Fenajud) em que contesta a regularidade do auxílio.


NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGÉ mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um juiz, desembargador ou ministro chegar ao trabalho antes do almoço. É claro que há exceções, mas a grande maioria… Então, por que receberem auxílio-alimentação? É uma Justiça podre, num país idem. A notícia é tão podre que levou duas semanas para ser divulgada pelo TCU. (C.N.)

04 de junho de 2013
Deu no jornal O Tempo

LATIFÚNDIO MULTINACIONAL


Os grandes bancos já controlam, mediante o sistema constituído dos fabricantes de agrotóxicos, como a Monsanto, intermediários, exportadores, importadores e compradores locais,  usinas de beneficiamento, bolsas de futuros, silos e armazéns, o mercado mundial de alimentos.
Agora, associados aos governos dos países centrais, estão avançando sobre as terras onde ainda há áreas férteis disponíveis. Só existem dois continentes com essa possibilidade: a África e a América do Sul.
A China, cujo espaço territorial é quase todo árido e fragmentado em centenas de milhões de áreas reduzidíssimas, exploradas for famílias numerosas, está hoje à frente dessa  conquista territorial nos dois grandes continentes. Seu rival histórico, e que sofre da mesma dificuldade geológica, o Japão, mais antigo nesse movimento, disputa as mesmas áreas. Sobre o assunto, no que se refere à China, vale a pena conhecer o estudo de Dambisa Moyo, Winner Take All ( O vencedor leva tudo).
No caso da  China não se trata só de empreendedores privados, mas de operação conduzida pelo Estado, como controlador direto de toda a economia do país. Muitos se preocupam com a compra, direta, de jazidas minerais pelos chineses, mas se esquecem do mais estratégico bem da natureza, que é a terra e, com ela, a comida. Ao juntar a agricultura à mineração (a China comprou uma serra inteira ao Peru, uma das maiores reservas de cobre) os chineses buscam controlar o solo rico do planeta.
Empresas multinacionais, além das organizações chinesas e japonesas, estão adquirindo as áreas disponíveis nas margens dos rios africanos, onde é fácil a irrigação. O mesmo ocorre na América do Sul, e mais no Brasil, onde segundo informações oficiosas, já foram investidos 60 bilhões de dólares na compra de terras. Os chineses usam argentinos como laranjas, para constituir firmas agropecuárias de fachada. O projeto chinês é importar tudo o que produzir para seu  próprio consumo.
Ainda agora, na discussão, entre o governo e as Farc, na Colômbia,  soube-se que lá na há titularidade regular das terras. Bastou que o governo e os guerrilheiros se dispusessem a discutir, em primeiro lugar, o problema da terra, para que o presidente Santos fosse contestado pelas oligarquias, por meio do ex-presidente Uribe.
No caso da África, os compradores se entendem diretamente com os governantes, muitos deles notórios corruptos. Os pobres não têm como resistir aos governos e são expulsos, dando lugaar a trabalhadores chineses. No mundo neoliberal, esse movimento de ocupação estrangeira, impelido pelo agro-negócio, é a globalização do latifúndio.  Se, no Brasil, não houver uma reação forte e estratégica, seremos,  súditos dos novos donos das terras. E chegará o dia em que só as recuperaremos com sangue.
 
04 de junho de 2013
Mauro Santayana (HD)

LÁ DAS BANDAS DO SANATÓRIO (2)

O GOVERNO E VOCÊ
Do dia 1º de janeiro deste ano até às 18 horas deste dia 5 de junho de 2013, o governo brasileiro terá arrecadado R$ 700 bilhões em impostos. Os proprietários do Brasil da Silva sabem muito bem o que fazer com a grana. Ela vem sendo usada, desde 2002 quando Lula botou o PT e seus partidos terceirizados no poder, para cobrir os custos daquilo que ele - Lula da Silva - chama de "estratégia de coalizão pela governabilidade". Se você não se dá conta do que é isso, chame apenas de "Toma lá-Dá cá". Na realidade é uma simples tabela do custo operacional da compra e venda de novas amizades; o preço que o dinheiro público paga para transformar adversários em aliados do governo. Essas coisas de saúde, educação, segurança, transportes, qualidade de vida, ficam para depois, quando a democracia da Silva se consolidar definitivamente. Até lá, resta perguntar:

VOCÊ SABIA QUE...

1) Com essa grana o governo poderia comprar 8 milhões e 725 mil ambulâncias completamente equipadas?

 2) O governo poderia contratar mais de 45 milhões de policiais por ano?

 3) Poderia pagar durante 45.600 meses a conta de luz de todos os brasileiros?

 4) Teria condições de construir 20 milhões de casas populares de 40 m2?

 5) Poderia construir sem superfaturamento ao invés de 700 novos Maracanãs 700 hospitais públicos completamente equipados espalhados por todos os estados brasileiros?

Então tá. Agora que você já sabe desses números, passe bem, se tiver com quem.
 
NEYMAR, O ERECTO

 Agora que Neymar já é do Barcelona e não é mais só do Santos, mas de todo torcedor brasileiro, a turma já vê suas qualidades em qualquer besteirinha que ele faça. Bastou dar a volta olímpica no Camp Nou chutando bola para a torcida catalã sem cair uma só vez em campo, para todo mundo achar que ele já não é mais aquele jogador cai-cai que irritava meio mundo e a crônica esportiva brasileira em peso. O futebol é mesmo uma caixinha de surpresas.
 

O Governo e Você

VOCÊ SABIA QUE...
 
1) Do dia 1º de janeiro deste glorioso ano de 2013 o governo brasileiro já arrecadou 680 bilhões 897 milhões 537 mil 838 centavos e não sabe o que fazer com essa grana toda a não ser sustentar a máquina pública mais cara do mundo?
 
2) Que essa grana toda daria para construir mais de 2 milhões 635 mil postos de saúde completamente equipados?
 
3) Que esse montão de dinheiro daria para contratar nada menos do que 51 milhões de professores do ensino fundamental por ano?
 
4) Que a bufunfa que está nos cofres do governo, sob os cuidados de Guido Mantega, daria para comprar 26 milhões de carros populares, ao preço três vezes maior do que os populares dos EUA?
 
5) Que o bolão do governo daria para construir 21 milhões de casas populares, ou para asfaltar mais de 600 milhões de quilômetros de estradas?

Então tá. Fique aí na sua que o governo tá na dele. E bom proveito para 2014.
 
BAND-AID NO CALCANHAR

 Erram de fio a pavio, de cabo a rabo, os que apostam na campanha da Globo para Aécio-Eduardo Campos rumo ao Planalto em 2014. A maior campanha contra Dilma Vana vem das vísceras do PT. O torturante band-aid no calcanhar de Dilma se chama Lula -aquele precisa tanto de imunidade quanto não pode viver longe do poder.

TONTA!

 Não esqueça, jamais: como o "criminoso, absurdo e desumano" que inventou que o Bolsa Famíglia ia terminar foi o presidente da Caixa Econômica Federal, Dilma Vana botou uma pedra em cima. Tonta! Nem se deu conta de que o boato foi plantado pelos lulistas que querem o grande mestre de volta ao seu aconchego. Orra meu, Lula precisa de imunidade jurídica, já que não tem a desejada imunidade nos corredores do Sírio-Libanês.
 
A CARA DA FAMÍLIA

 Mesmo criticado Hulk deve ser mantido por Felipão na Seleção da CBF. Cá pra nós, o futebol de Hulk é a cara da nova Família Scolari. Se alguém espera beleza brasileira na Copa das Confederações, pode ir tirando o Felipão da chuva.

MST GANHA DOS ÍNDIOS

 Em São Paulo, o MST dá um banho de bola nos índios terenas. Em 48 horas os integrantes do Movimento dos Sem Terra - que nunca plantaram um pé de couve - invadiram cinco fazendas. São cerca de 600 militantes. Sabem o que eles estão querendo? Que o governo transforme as terras invadidas em assentamentos. Ninguém fala nada em plantar batata ou coisa assim.

DITABRANDA

 A mais nova garra mostrada pelo governo vem das mãos da ministra Gleisi Offmann, a que desenfurnou de Furnas para ser chefona da Casa Civil de Dilma. Ela quer fazer com a Funai o que nem os governos militares fizeram: enfurnar a Funai. Passar a demarcação de terras no Brasil para os senhores de engenho. O golpe é denunciado em uma carta aberta que começou a circular nesta segunda-feira.
A carta é assinada pelo jurista Dalmo Dallari, da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e muitos conhecidos nomes ligados à defesa de direitos humanos e diz: "A atitude do governo federal de desqualificar, através da Casa Civil, os estudos antropológicos desenvolvidos pela Funai e que servem de base aos processos administrativos para efetivar as demarcações das terras indígenas, gerou uma insegurança jurídica para os interesses dos povos indígenas no Brasil".

Para os assinantes da carta, a forma como será resolvida a questão indígena "dará o tamanho da régua que apontará a medida da evolução democrática de nossa sociedade". Se você pensa que Dilma e Gleisi ficaram meditabundas com esse protesto, estão redondamente enganados. Ditabranda é assim mesmo: uma ditadura cheia de simpatia e riquefafes. E, no mais das vezes, exercida por medidas provisórias e golpes bruscos no próprio arcabouço da máquina pública. Basta acabar com um organismo vinculado e pronto. A Funai hoje se encontra em estado terminal.
 
LULACÁ TRAVEIS

 Está cada vez mais cada vez a candidatura de Lula em 2014. É que a queda de popularidade de Dilma Vana por causa do dragão da inflação está devorando o apetite da primeira-mulher-presidenta pela doce vida no Palácio. Ela diz  à boca pequena que tem engulhos sempre que pensa em mais uma temporada como dona do Brasil que, por baixo dos panos, nunca deixou de ser de Lula. Mais do que simplesmente retomar o cargo de Dilma, a quem nunca deu folga nessa sua temporada de governo, Lula precisa ser presidente para recuperar a imunidade e, na mais previsível hipótese, ganhar foro especial para enfrentar as peças da Justiça que correm contra ele. Há quem diga que tudo também pode ser apenas por uma questão de tempo. Mas aí já é um batproblema para o Sírio-Libanês resolver.
 
04 de junho de 2013
sanatório da notícia

LÁ DAS BANDAS DO SANATÓRIO...

O NÓ BRITÂNICO

 Pense comigo: no novo Maracanã, o time de Scolari jogou bem no primeiro tempo contra a Inglaterra. Você concorda, né não? Aí veio o segundo tempo e os britânicos deram um  nó na euforia brasileira. Concorda, também, né não? Isso quer dizer o quê mesmo? Que o técnico deles, há coisa de mil anos, deve ter sido um lateral direito bem melhor do que o nosso velho zagueirão de granja, o Felipão.

PAZ ARMADA


 Essa coisa de balearem um alemão na Rocinha é só mais uma chance do governo Sérgio Cabral continuar achando que unidade de polícia pacificadora é aquela que, armada até os dentes, sobe os morros e toma conta das favelas cariocas. A paz está aí, vestida de armas de fogo dos pés à cabeça, acomodada em cima de um barril de pólvora. Paz, para a política é isso mesmo. Bala com bala. A munição a gente paga; o alvo é a população.

UM CULPADO, POR FAVOR!


 Daqui a pouco o governo vai descobrir que a culpa dessas invasões dos índios é da CNBB. Quem mandou os padres jesuítas catequizarem os nativos da Terra de Santa Cruz? Se eles não tivessem sido aculturados, já nem estariam mais aí, incomodando desse jeito, portando bordunas e relógios Rolex; vestindo cocares com camisas Lacoste - aquela do jacarezinho de baixa selvageria. Não passa pela cabeça desses burocratas que não sabem nada de reforma rural, urbana ou silvícola que os índios já estavam aqui quando Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil por acaso.
Daniela Mercury e seu novo nicho de sucesso.

Daniela comendo pela boca de Malu Verçosa.

Este foi, até que enfim, o primeiro beijo gay exibido pela TV Globo em horário nobre. Daniela fez furor na Consolação, coração paulistano e palco iluminado da Parada Gay. Desde pequenininha ela sempre foi o que é há pouco mais de dois meses, quando saiu do armário.
 

Você e o Governo

VOCÊ SABIA QUE...

 1) Quando paga dois chopes, o governo bebe um?

 2) A cada litro de leite, um vai para as burras do governo?

 3) Quando você compra um par de tênis, o pé direito é seu e o esquerdo quem usa é o governo?

 4) Ao encher o tanque do seu carro de gasolina, o governo gasta mais da metade do que você pagou para sair de casa para o trabalho?

 5) Quando você fica com sua esposa no hotel, o governo está acomodado a seu lado ocupando um terço da cama?

Pois agora que você sabe que, nessas cinco situações, o governo está a seu lado, numa das maiores e mais escancaradas invasões de privacidade do mundo, procure saber também por que o governo não lhe devolve em serviços essenciais - como saúde, educação, segurança - o que tira do seu bolso e da sua vida.
 
04 de junho de 2013
sanatório da notícia

IMPORTAR MÉDICOS? VÁ LÁ. MAS...

 

As pesquisas deram o alarme de que a qualidade da saúde vai ser uma das grandes pedreiras a serem escaladas para a reeleição de Dilma.
Nem precisava. O problema é eterno nestes Tristes Trópicos.
Mas, vá lá. É assim que a democracia funciona. O sinal é de que é preciso agir.
Entretanto, cuidado! Muito cuidado!

Filme sugerido por Salvador Mazzetto
O truque do mau político, seja ele o traficante de poder que explora engodos ideológicos ou o comerciante de falsos remédios fabricados pela demagogia, é colocar a verdade a serviço da mentira.
É assim que ambos enganam; é assim que um e o outro vendem o seu gato por lebre.
Faltam médicos no Brasil?
 
É verdade. E esperar que o nosso sistema educacional capenga atenda essa carência é condenar gente demais a morrer sem assistência.
Não ha tempo para nos darmos esse luxo.
 
Importá-los de Cuba como querem os traficantes de poder, ou da(s) Bolivia(s) como querem os falsificadores de remédios, no entanto, é trair o povo doente. Um crime contra a vida qualificado por toda a coleção de agravantes do Código Penal: é praticado de forma vil (a exploração da urgência e do desespero de um doente), por motivo torpe e sem dar à vítima oportunidade de defesa.

Filme sugerido por Carlo V.V. Gancia
É preciso importar médicos?
OK. Mas exame neles! Pelo menos tão rigoroso – senão mais – quanto o aplicado aos médicos brasileiros. E a cargo da mesma abalizada instituição a quem se confia essa tarefa aqui hoje e não de mais um órgão público venal e aparelhado ou, muito menos, de alguma ONG chapa branca engolidora de verbas públicas.
 
Deixar essa escolha nas mãos dos MSTs da vida ou do politiquinho cavador de votos ou dos empregados e militantes dos partidos no poder é de uma má fé criminosa pois não ha uma criança já em condições de andar sobre os próprios pés que alimente a menor ilusão de que o que eles esperam dos agentes cujo fervor premiam, só depois do beneplácito do governo cubano, para ir “aprender” no miserável fazendão dos Castro ou ao tecer loas à alta qualificação das escolas de medicina da zona cocaleira boliviana e outros grotões do mundo, seja, de fato, que seus protegidos curem os doentes do Brasil.
 
Ao contrário o que querem é fabricar muito mais desses desesperados para, seja com a moeda da revolta e do ódio, seja com a do tradicional “ajutório” entregue em mãos em véspera de eleição, seguir comprando votos bem baratinho.
 
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TIRANDO COMIDA DA BOCA DE CRIANÇAS


Como muitos observadores, a leitura de artigos sobre os mais recentes fatos políticos geralmente me provoca uma espécie de cinismo cansado. Mas de vez em quando os políticos cometem algo tão errado, substantiva e moralmente, que não basta ter uma atitude de cinismo –é preciso se indignar realmente. É o caso da guerra repugnante e destrutiva contra o auxílio-alimentação.

Nos EUA, o programa de auxílio-alimentação – que hoje em dia utiliza cartões de débito e é conhecido oficialmente como Programa de Assistência à Nutrição Suplementar – visa dar ajuda modesta, mas crucial às famílias necessitadas. E há evidências cristalinas de que a imensa maioria das famílias que recebem esse auxílio realmente precisa dele e que o programa é extremamente bem-sucedido na redução da chamada “insegurança alimentar”, a situação em que famílias passam fome pelo menos parte do tempo.

O auxílio-alimentação vem exercendo um papel especialmente útil –na verdade, quase heroico nos últimos anos. Na realidade, vem exercendo um papel triplo.

Primeiro, quando milhões de trabalhadores perderam seus empregos por motivos que não estavam sob seu controle, muitas famílias recorreram ao auxílio-alimentação para subsistir –e, embora o auxílio não substitua um bom emprego, mitigou a miséria deles consideravelmente. O auxílio-alimentação foi especialmente importante para crianças que, de outro modo, estariam vivendo na pobreza extrema, definida como uma renda que não chega à metade da linha oficial da pobreza.

DEPRESSÃO

Mas há mais. Por que a economia dos EUA está deprimida? Porque muitos atores da economia reduziram seus gastos ao mesmo tempo, enquanto relativamente poucos se dispuseram a gastar mais. E, porque a economia não é como uma família comum –seus gastos são minha receita, meus gastos são a sua receita–, o resultado foi uma queda geral nas receitas e no emprego.

Precisávamos desesperadamente (e ainda precisamos) de políticas públicas de promoção de aumentos temporários nos gastos –e a ampliação do programa de auxílio-alimentação, que ajuda as famílias extremamente carentes, permitindo que gastem mais com outras necessidades básicas, é uma política que se encaixa exatamente nesse perfil.

Na verdade, estimativas da firma de consultoria Moddy’s Analytics sugerem que cada dólar gasto com auxílio-alimentação numa economia deprimida eleva o PIB em cerca de US$1,70 –o que, por sinal, significa que boa parte do dinheiro gasto para auxiliar famílias necessitadas acaba revertendo ao governo sob a forma de receita mais alta.

Espere, ainda não terminamos. O auxílio-alimentação reduz em muito a insegurança alimentar de crianças de baixa renda, o que, por sua vez, favorece em muito as chances delas de se saírem bem na escola e crescerem para tornarem-se adultas bem-sucedidas e produtivas. Portanto, o auxílio-alimentação é, em sentido muito real, um investimento no futuro da nação –investimento que, no longo prazo, quase certamente reduz o déficit orçamentário, porque os adultos de amanhã serão também os contribuintes de amanhã.

NOVA LEI

E o que os republicanos querem fazer com este programa governamental exemplar? Primeiro reduzi-lo e depois, concretamente, eliminá-lo.
A parte de reduzir o programa vem com a lei agrícola mais recente proposta pelo Comitê de Agricultura da Câmara (por razões históricas, o programa de auxílio-alimentação é administrado pelo Departamento Agrícola). Essa lei, se aprovada, tirará cerca de 2 milhões de pessoas do programa.

Vale lembrar que um efeito dos cortes orçamentários vem sendo ameaçar seriamente um programa distinto, mas relacionado, que garante auxílio nutricional a milhões de gestantes, bebês e crianças. Assegurar que a próxima geração cresça com deficiências nutricionais –isso sim é o que eu chamo de pensamento voltado ao futuro.

E por que o auxílio-alimentação precisa ser cortado? Não podemos arcar com seu custo, dizem políticos como o deputado republicano Stephen Fincher, do Tennessee, que citou a Bíblia para fundamentar sua posição –e que também, como veio à tona, recebeu pessoalmente milhões de dólares em subsídios agrícolas ao longo dos anos.

Mas esses cortes são apenas o início do ataque frontal contra o auxílio-alimentação. Lembre-se que o orçamento proposto pelo deputado Paul Ryan ainda é a posição oficial do Partido Republicano sobre a política fiscal, e esse orçamento prevê a conversão do auxílio-alimentação em um programa de doações em bloco, com gastos fortemente reduzidos.

Se essa proposta tivesse estado em vigor quando aconteceu a Grande Recessão, o programa de auxílio-alimentação não poderia ter crescido como cresceu, o que teria significado muito mais sofrimento, incluindo muita fome, para milhões de americanos, em especial crianças.

Eu entendo a lógica suposta: estamos virando um país de pessoas que dependem de ajuda, e fazer coisas como alimentar crianças pobres e lhes proporcionar saúde adequada está simplesmente criando uma cultura de dependência –e é essa cultura de dependência que de alguma maneira causou nossa crise econômica, não os banqueiros fora de controle.

Me pergunto, porém, se mesmo os republicanos acreditam realmente nisso –ou se, pelo menos, têm confiança suficiente em seus diagnósticos para justificar políticas que mais ou menos literalmente arrancam comida das bocas de crianças famintas. Como eu disse, há momentos em que o cinismo não é suficiente. Este é um momento para muita, muita indignação.

04 de junho de 2013
Paul Krugman (Folha)

DILMA ENTRE DOIS FLANCOS


                

Na economia, a repercussão frustrante de um crescimento inferior ao esperado no primeiro trimestre. Mais uma vez, o ministro da Fazenda teve que rebaixar suas previsões para o ano, seguindo o que já fizera o mercado.

Na política, finalmente começaram todos a colocar um dedo numa ferida que vem sendo tratada com subterfúgios: a crise de compromisso da base parlamentar.
Paradoxalmente, a presidente que enfrenta esses problemas mantém o mais índice de popularidade da era democrática, segundo as últimas pesquisas a respeito.

Deixemos a economia para os especialistas — que, por conta do “pibinho” e apesar da inflação de alimentos, apostavam ontem em alta mínima dos juros — e fiquemos na política. Por algum tempo, o Planalto fingiu desconhecer os problemas em sua base de sustentação parlamentar.
Por alguns dias, foi mais cômodo apontar o líder do PMDB, Eduardo Cunha, como bruxo da vez. Se criou problemas, foi graças ao problema maior existente. As cúpulas do PT e do PMDB usaram os analgésicos que puderam, esperando uma resposta do governo. Como ela não veio, e a febre continuou subindo, nas últimas horas começaram todos a colocar o dedo na ferida: ou Dilma muda de atitude em relação à coalizão, ou terá problemas pela frente. Já está tendo.

O problema aflorou no jantar da semana passada, entre os senadores petistas e o presidente do PT, Rui Falcão, foi objeto de uma reunião, anteontem, entre líderes governistas e ministros palacianos, e ontem foi escancarado por declarações do líder petista na Câmara, José Guimarães, e pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, direitíssimo ao ponto. “Não adianta tapar o sol com a peneira. Algo não vai bem na base governista.”

VOTAÇÕES

Se, na semana passada, dos 423 deputados que teoricamente integram a base, pelo menos 257 (metade da casa mais um) tivessem comparecido à sessão noturna, teriam sido aprovadas em tempo hábil as medidas provisórias 601 e 605. Mas só havia 210 deputados em plenário, parte deles, da oposição, que aproveitou para obstruir. Às 22h, Alves encerrou a sessão. Os governistas não iriam chegar para votar. Deixaram para pegar o avião para Brasília no dia seguinte. O nome disso é descompromisso.

As MPs foram votadas no dia seguinte pela manhã, mas deixando menos de sete dias de prazo para a apreciação do Senado. E como Renan Calheiros havia se comprometido com seus pares, ao votar a MP dos Portos faltando quatros horas para a perda de validade, que não colocaria novas propostas em votação com prazo de tramitação inferior a sete dias, teve que honrar a palavra, impondo um grande prejuízo ao governo. Uma das medidas trata da redução da tarifa de energia.
Outra da desoneração de encargos trabalhistas para alguns setores empresariais. Vai-se dar um jeito de salvar as matérias enfiando-as como emendas em outras MPs. É analgésico, mas não é remédio.

Que problemas são esses na base? São difusos, mas podem ser resumidos com a palavra insatisfação. A interlocutora oficial, a ministra Ideli Salvatti, nunca foi devidamente empoderada por Dilma para negociar com o Congresso. Quem ocupa o postos precisa ter autonomia para firmar acordos, e tais acordos precisam ser honrados. Os deputados sentem-se como meros apertadores de botão e os líderes como mandaletes do Planalto.

Há demandas não atendidas, seja na liberação de emendas ou no preenchimento de cargos, mas, quando o ânimo subjetivo é bom, problemas desse tipo vão sendo resolvidos sem gerar crise. Eles decorrem, em grande parte, da personalidade altaneira da presidente, de sua falta de familiaridade com o funcionamento do Congresso e seu centralismo, que pode ser benéfico à gestão (num país onde a burocracia impõe o passo de cágado), mas é nocivo à política. Foram agravadas pelas disputas eleitorais antecipadas nos estados, entre o PT e PMDB. Nessas circunstâncias adversas, na política e na economia, a candidatura de Dilma à reeleição passa a depender, cada vez mais, de sua própria popularidade.

04 de junho de 2013
Tereza Cruvinel Correio Braziliense

CIGARRO VIRA HITLER, FIDEL E KIM JONG-IL EM CAMPANHA CONTRA O FUMO

 

Ideia genial – A Dim&Canzian criou para o Bem Ser – Saúde Integrativa – a campanha “Sua saúde merece liberdade”. As peças associam o cigarro a ditadores, mostrando que aqueles que fumam estão presos ao vício.

O objetivo é conscientizar e convidar as pessoas a conhecerem o programa da instituição e, com ele, deixarem de fumar.

Composta por três peças, a campanha apresenta cinzeiros com uma “bituca” de cigarro que trazem os traços dos ditadores Hitler, Fidel Castro e Kim Jong-il.

A ação será veiculada em revistas especializadas em saúde, além de pôsteres que serão expostos em clínicas, hospitais e postos de saúde.

“A campanha tem um forte apelo por levar as pessoas a refletirem sobre os males do cigarro através de personagens conhecido por cercearem a liberdade. Acreditamos que isso pode ser um grande diferencial para ganharmos mídia espontânea”, afirma Marcio Canzian, Chief Media Officer da Dim&Canzian.
“A campanha tem grande apelo, pois representa a sensação do fumante que não consegue largar o vício, ao mesmo tempo em que traz a solução para a liberdade saudável.”, afirma Bruno Salgueiro, Diretor de Criação da Dim&Canzian. (Do AdNews)




04 de junho de 2013
ucho.info

SÃO IDEOLÓGICOS, POR ISSO CORROMPEM

  

Bob Jeff com seu mítico e inexplicado olho roxo
Bob Jeff com seu mítico e inexplicado olho roxo
 
Um dos traços constantes da vida brasileira é a coexistência de dois tipos heterogêneos e incomunicáveis de política: a “profissional”, cuja única finalidade é o acesso a cargos públicos para a conquista de benefícios pessoais ou grupais, e a socialista (ou “capitalismo burocrático-corporativo”, como define o sociólogo Fernando Henrique Cardoso), empenhada na conquista do poder total sobre a sociedade.

A segunda vale-se ocasionalmente dos instrumentos da primeira, mas, sobretudo, cria os seus próprios: os “movimentos sociais” (o adestramento de formidáveis massas militantes dispostas a tudo), a ocupação de espaços na administração federal e em áreas estrategicamente vitais e, por último, mas não menos importante, a conquista da hegemonia cultural.

As próximas eleições vão opor, numa disputa desigual, a política socialista à profissional. Esta emprega os meios usuais de propaganda, enquanto aquela utiliza todos os meios disponíveis (inclusive os heterodoxos).
O político profissional tem a seu favor somente os eleitores, que se manifestam a cada quatro anos e depois o esquecem, enquanto o socialista tem a vasta militância, pronta a matar e a morrer por quem personifica suas aspirações.

O voto, ainda que avassaladoramente majoritário, não afiança ninguém no poder. O que garante a supremacia é a massa organizada, disposta a apoiar o eleito todos os dias e por todos os meios. Vejam a situação da governadora do Rio Grande do Sul: quando a oposição se vangloriou de ter “varrido o PSDB do Estado gaúcho”, não percebeu que tentara expulsá-lo apenas de um cargo público.

O maior erro que as débeis oposições cometem é não saber enfrentar o modelo político socialista.
É de acentuar que a quase totalidade do empresariado nacional já foi cooptada e aceita naturalmente o petismo, que se adonou e faz uso do histórico caráter patriarcal do Estado brasileiro -sedimentado pela ditadura militar- em seu benefício.

O estatismo foi reconfigurado. É mais fácil controlar mecanismos reguladores (em todos os níveis) e instâncias de fomento e financiamento, que tornam reféns de seus interesses os capitães da indústria privada.
Na discussão orçamentária, os políticos profissionais preocupam-se apenas com emendas que podem fortalecê-los em suas bases, proporcionando-lhes benefícios particulares.

Nenhum deles confronta a tradição doutrinária de controle da máquina pública e do exercício do poder, delineada desde Maquiavel.

Seguidor de Lênin, Trótski, Stálin e Gramsci, o petismo, por meio de seu núcleo dominante, abriu mão da luta armada, mas não do objetivo revolucionário. E valem-se da União, a garantidora de empréstimos a municípios e Estados. É o clientelismo, dos quais são porta-vozes os políticos de todos os partidos, que, assim, jogam pelas regras estabelecidas por aqueles que detêm o poder decisório.

A eventual saída do PT da Presidência, porém, não mudará esse quadro. Porque os aparatos administrativo-arrecadadores (Receita Federal, INSS) e fiscalizadores senso estrito (policial e judicial), além da órbita cultural, foram aparelhados.

O PT detém controle também sobre os sindicatos, o funcionalismo público, o aparato repressivo (MPF e PF, usados para destruir seus inimigos, fazendo terrorismo e chantagem política), os estudantes, os camponeses, a igreja, a intelectualidade artística, universitária e jurídica.

Se eleito, portanto, José Serra vai comandar uma máquina estatal dominada por adversários, muitos deles indicados para atuar em tribunais superiores. Sem esquecer o MST, que mantém acampamentos ao longo das principais rodovias (e pode, a qualquer momento, paralisar o país).

No Brasil, hoje, não há mais escândalos. Ficam uma semana nos jornais e na TV, depois ninguém mais se lembra deles. Não produzem consequências judiciais, porque o sistema é pesado e dominado por uma processualística interminável, da qual decorre a impunidade. O caso do mensalão é emblemático.

O PT deu caráter rotineiro a tudo isso na vida brasileira. As oligarquias aliaram-se ao partido pensando que iriam dominá-lo, mas se deu o contrário, porque elas não têm projeto.

O PT, contudo, tem, e o põe em prática planejadamente, sistematicamente, em todos os níveis. Segue a lógica da revolução, quer construir o socialismo (quem sabe à maneira de Fidel, que Lula e sua turma tanto incensam?). Os petistas acreditam nisso.

Não são apenas corruptos, são ideológicos e, por isso, corrompem. E, no processo de destruição, vale tudo.
Para combater a hidra, é preciso conhecê-la, armar-se e propor um projeto diferente de país. Não se enfrentam tanques com bodoques, mas com mísseis. E, se vierem mísseis em represália, joga-se a bomba atômica.

Quem vai fazer isso?

04 de junho de 2013
Leonardo Lopes

FHC E AÉCIO FORAM APROVADOS NO TESTE DO MARACANÃL. LULA E DILMA SUMIRAM DE NOVO

 

Uma foto publicada nesta terça-feira na coluna do Ancelmo Gois mostra Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves aguardando o começo do jogo de domingo no Maracanã. Ambos dispensaram esquemas de segurança e tratamento privilegiado para assistir à partida que terminou em empate.

Tanto na chegada quanto na saída, torcedores anônimos saudaram efusivamente o ex-presidente da República e o presidente do PSDB, que não viram nem ouviram uma única manifestação de hostilidade.
Tudo somado, FHC e Aécio foram aprovados com distinção num teste de popularidade muito mais confiável, rigoroso e transparente do que pesquisas encomendadas a comerciantes de estatísticas.

Com a vaia que engoliu na abertura do Pan-2007 ainda ecoando na memória, Lula preferiu passar o domingo contando vantagem no Peru. A inflação em alta e o pibinho em baixa recomendaram a Dilma Rousseff que ficasse em Brasília, pensando nas promessas que faria no dia seguinte em Natal e tentando botar na cabeça que o Rio Grande do Norte não é o Rio Grande do Sul.

O padrinho e a afilhada se gabam de meia em meia hora de terem parido a Copa de 2015. Mas nenhum deles tem coragem de dar as caras no grande tempo de futebol. Para gente que só cria coragem diante de plateias amestradas, o teste do Maracanã é muito perigoso.

04 de junho de 2013
Augusto Nunes

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE





04 de junho de 2013

DE COSTAS PARA O MUNDO



O déficit comercial recorde é mais um dos itens da safra de más notícias que o governo Dilma Rousseff vem produzindo. 
O comércio exterior brasileiro sofre as consequências de uma política externa que se fechou em copas, perdeu o bonde da história e hoje purga resultados desastrosos. 
 

Com o PT, o Brasil deu as costas para o mundo.
A balança comercial acumula rombo de US$ 5,4 bilhões neste ano até maio, conforme divulgou ontem a Secex. Trata-se do pior resultado em 20 anos, isto é, desde que a série histórica passou a ser tabulada pelo governo. 

Para se ter melhor noção do desastre, um ano atrás o país exibia superávit acumulado de US$ 6,3 bilhões. É preciso registrar que o déficit atual está fortemente influenciado por uma manobra contábil urdida pelo próprio governo. Para impedir que o superávit de 2012 não caísse mais do que caiu (35% em relação a 2011), o registro de operações de compra e venda externa de combustíveis pôde ser postergado. Como maquiagens nunca terminam bem, desde janeiro a balança brasileira vem sofrendo impacto de negócios com petróleo e derivados que, na realidade, aconteceram no ano passado. No total, US$ 4,6 bilhões foram sendo contabilizados ao longo destes cinco primeiros meses do ano - o estoque se encerrou em maio.
Mesmo sem estas operações, a balança brasileira estaria deficitária em US$ 800 milhões. Ou seja, com ou sem manobras, o país teria produzido seu primeiro resultado negativo para o período de janeiro a maio desde 2001 e a pior marca desde 1998.
 
O resultado de maio, embora superavitário (US$ 760 milhões), foi o menor para o mês em 11 anos.

O Brasil sofre a síndrome da perda de competitividade. Nossas exportações encolhem, ao mesmo tempo em que as importações não param de subir. O produto nacional não tem fôlego para concorrer com o que vem de fora. No ano, as exportações caem 2,8% na comparação com janeiro a maio de 2012; as importações, em contrapartida, aumentam 9,8%.


Bens made in Brazil estão perdendo espaço no exterior. 

 O Estado de S.Paulo informa hoje que entre 2008, a partir do início da crise internacional, e 2011, o país perdeu US$ 5,4 bilhões em vendas para Argentina, 
México, 
Peru, 
Colômbia, 
Chile, 
Equador, 
Venezuela, 
Paraguai e Bolívia. 

De lá para cá, deve ter ficado sem mais outro naco.

A participação em mercados mais ricos, como o norte-americano, e mais robustos, como o chinês, também está em queda. "Nos EUA (tradicional destino de itens manufaturados), a fatia do país caiu cerca de um terço, para 1,1% de tudo que os americanos importaram de janeiro a março", registra a Folha de S.Paulo.

Nos negócios com os norte-americanos, saímos de um superávit de US$ 5 bilhões em 2002 para um déficit de US$ 5,6 bilhões em 2012. Já o comércio com os europeus, superavitário ao longo de uma década, passou ao vermelho, numa virada que começou em 2011 e vem se aprofundando: 
nossas exportações para lá caíram 7% neste ano até maio.

O país colhe os frutos podres de uma opção equivocada - mais uma - adotada em sua política externa. Presos a ideologias ultrapassadas, os governos petistas desdenharam a aproximação com nações mais desenvolvidas e orientaram seus esforços para mercados inexpressivos do mundo em desenvolvimento.
Fechamos apenas três acordos comerciais nos últimos dez anos.
O Brasil fez justamente o contrário do que estão fazendo nações que estão dando muito mais certo que nós. É o caso de Chile, Colômbia, México e Peru, que se juntaram num mercado de US$ 2 trilhões e população de 209 milhões de pessoas em torno da Aliança para o Pacífico.


O quarteto - cujo acordo que isenta de tarifas 90% dos produtos comercializados entre si entra em vigor no fim deste mês - concentra, ainda, 35% do PIB e 49% dos investimentos diretos estrangeiros da América do Sul. 


Cada um deles cresceu em 2012 acima de 3,1%, a média do PIB na região e muito mais que nosso pibinho de 0,9%. 

É de se perguntar: 
quem está fazendo a coisa certa? A atitude dos governos do PT isolou o Brasil do resto do mundo. Alijou nossas empresas das cadeias produtivas globais. Apequenou nossa pauta exportadora e empobreceu nosso parque industrial.
 

O erro perpetrado por Lula e mantido pela presidente Dilma prejudica a inserção do país no mundo, nos tolhe a competitividade e atrasa nosso desenvolvimento.

O Brasil precisa de mais e não de menos comércio com o mundo
.
 
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
04 de junho de 2013