"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 5 de outubro de 2011

SAÚDE 90, EDUCAÇÃO 60 E O CICLO DA CORRUPÇÃO

Seja você um cidadão brasileiro vivendo aqui ou no exterior; uma certeza é carregada com você aonde você vá: a corrupção é o maior mal do Brasil. A”lei de Gérson”, o “Primeiro o Meu” ou a “Ajudinha Por Baixo dos Panos” (na expectativa de escapar dos efeitos de uma lei); levam o brasileiro a tolerar e até assimilar a corrupção como um comportamento aceitável.

O grande problema, nos últimos vinte anos e mais notadamente na última década, o comportamento corrupto passou de algo escondido e camuflado a todo custo para algo orgulhosamente esfregado na cara dos “otários” que anseiam por um país mais justo para todos.

O corrupto de hoje ri do suicídio de Getúlio Vargas, causado “apenas” pela descoberta de suas atividades antiéticas e dos companheiros que renunciavam aos mandatos nos anos passados ao terem seus nomes listados em alguma matéria da imprensa.

O corrupto de hoje mostra claramente sua face hedionda. Ele se vangloria de sua canalhice e bate no peito com força renovada, ao ver seu nome exposto na imprensa. Preocupado apenas em manter suas fontes de lucro, o corrupto de hoje não foge. Ele abre um dossiê e grita que fará revelações. De imediato ele cria uma cerca protetora em torno de si formada pela união dos inúmeros rabos presos dos canalhas que o circundam.

O brasileiro assiste imóvel, alheio e impassível ao espetáculo dantesco das ameaças (veladas ou não) diante dos impotentes instrumentos legais (criados sob medida para a proteção dos corruptos e tolerados pela população ignorante e atrasada).

Enquanto no passado, ao ter seu comportamento exposto, o corrupto era imediatamente transformado em um pária e todos os “aliados” se afastavam dele, como se este fosse um portador de uma doença mortal e incurável, restando apenas o suicídio físico ou político como saída “honrosa” do lodaçal em que se enfiara. Hoje eles vagam como hordas pelos palácios de mármore e granito, vestidos com ternos caros e com os bolsos bem estufados.

Cantam hinos de louvor, os chamam de “Salvadores”, “Amigos dos Pobres”, “Grandes Líderes”, “Doutores Honoris Causa” e os classificam como “exemplares”. Hoje têm uma sanha muito maior por enriquecer a todo custo e o auxílio valoroso das instituições que deveriam caçá-lo.

O resultado disso é o genocídio de um povo que aplaude seus próprios executores, através do extermínio em massa nos hospitais superlotados e desaparelhados (graças ao desvio sistemático de 90% de tudo o que é aplicado na saúde).

Tudo é garantido pela formação de gerações incapazes de compreender a profundidade dos efeitos da corrupção e enganadas facilmente com esmolas e migalhas, pois os corruptos de hoje sabem a necessidade de uma massa refém permanente de políticas assistencialistas decidindo as eleições a seu favor e, assim, graças ao desvio sistemático de 60% de tudo que é investido na educação, as crianças são treinadas para exercerem sua cidadania como zumbis.

E o ciclo se fecha sem nunca ser quebrado.

Pense nisso.
visão panoramica

DEBOCHE DOS MENSALEIROS

Construtora de Lavras (MG) arrematou em leilão judicial uma casa na QL 10 do Lago Sul com 862 metros quadrados de área construída, em que cada tijolo foi pago com dinheiro de contratos de informática do Governo do Distrito Federal. O imóvel luxuoso pertencia a Durval Barbosa, o delator do maior escândalo político da capital.

A mansão foi a leilão para ressarcir parte do prejuízo causado pelo esquema de corrupção que vigorou no DF por 10 anos. Avaliada pelos peritos judiciais em R$ 4,3 milhões, valia mais, segundo corretores. No entanto, a empreiteira de Minas Gerais pagou R$ 3,5 milhões.

O terreno, uma ponta de picolé, fica ao lado da casa em que Durval viveu com a família antes de se separar de Fabiani Barbosa Rodrigues, em 2009. A intenção do casal era ampliar a residência com uma área para festas, a ponto de a obra ter sido embargada pela Administração Regional do Lago Sul, por configurar uma extensão ilegal da casa.

Para alguns, o confisco e a venda da mansão de Durval podem trazer um sentimento de justiça, pois voltou aos cofres públicos parte dos recursos desviados. Mas está longe de Durval e toda a gente denunciada por ele receber uma punição à altura dos crimes cometidos. Somente o homem que gravava políticos e empresários responde a 23 ações penais movidas pelo Ministério Público, nas quais foram acusadas 35 pessoas por corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e dispensa ilegal de licitação.

Durval se autoincriminou na delação premiada e já está condenado a penas que somam mais de 15 anos de prisão. Mas não passou um dia atrás das grades. Ele tem recorrido e, em alguns casos, por causa da redução da pena, tem conseguido a prescrição. A estimativa do MP é que Durval tenha movimentado mais de R$ 2,7 bilhões, entre 1999 e 2006.

Durval, os homens e as mulheres filmados e citados por ele nos processos debocham de todos nós a cada vez que saem de suas mansões em carros importados, com roupas, joias e sapatos das grifes mais famosas do mundo, para almoçar, jantar ou malhar nos mais caros restaurantes e academias da cidade. Gente que impediu o atendimento médico básico a muito cidadão e milhares de crianças de sonharem com um futuro diferente do miserável lugar onde vivem, ao desviar para seus bolsos, meias, pastas e cofres o dinheiro dos impostos pagos com nosso honesto trabalho.

Renato Alves
CORREIO BRAZILIENSE - 05/10/2011

BRASILLLLL...

É UMA PIADA?!

PESCADORES FANTASMAS

Artigo de Gil Castello Branco, secretário-executivo do Contas Abertas, atenta para mais um foco de corrupção no Brasil.

O gasto do governo com supostos pescadores artesanais (número inchadíssimo) supera o valor das exportações de pescado e crustáceos. Tem malandro que nunca viu peixe se aposentando como pescador. Aí tem boi no anzol...

No Brasil, a multiplicação recente não é dos pães ou dos peixes, mas sim dos pescadores. A Lei 8.287 criou o seguro-defeso, a chamada "bolsa pescador".
A intenção é correta. Para preservar espécies, o governo paga um salário mínimo aos pescadores artesanais por tantos meses quanto dure a reprodução, com base em portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Normalmente, o benefício é pago por 4 meses. Aos pescadores, basta comprovar o exercício profissional da pesca e que não possuem outro emprego, bem como qualquer outra fonte de renda.

Seja pela consciência ambiental, seja pela garantida renda fixa e fácil, o número de pescadores cresceu exponencialmente. Em 2003, eram 113.783 favorecidos. Em 2011, já são mais de meio milhão.
Ou seja, exatamente 553.172 pessoas afirmam viver tão somente da pesca, individual ou em regime de economia familiar, fato que lhes assegura o direito de receber R$545/mês, durante um terço do ano.

Os gastos do governo, obviamente, cresceram na mesma proporção. Em 2003, o Ministério do Trabalho pagou R$81,5 milhões a título de seguro-desemprego aos pequenos pescadores.
Neste ano, a dotação do Orçamento Geral da União (OGU) é de R$1,3 bilhão. Este montante corresponde a mais que o dobro do orçamento do Ministério da Aquicultura e Pesca para 2011 (R$553,3 milhões).

O valor bilionário pago com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador aos que vivem da pesca artesanal é, também, quase 3 vezes maior do que as exportações brasileiras de pescado mais crustáceos em 2009, que geraram US$169,3 milhões (R$318,3 milhões, com o dólar a R$1,88). Os números são tão estranhos que parecem "história de pescador".

É claro que tem boi na linha e no anzol. O procurador da República em Tubarão, Celso Três, afirma: "O pessoal que atua em outras atividades, que nunca viu um peixe na vida, inscreve-se na colônia de pescadores, paga a anuidade, conta como tempo de serviço e se aposenta.

Existem o sindicato e a colônia, quase em disputa para ver quem distribui mais atestados. Na prática, basta não ter carteira assinada. Nós processamos aqui mais de 300 pessoas por fraudes, mas é como secar um oceano." (Na íntegra).

CCJ "DESTIRIRICA" AS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) confirmou hoje - por 14 votos a 3 - a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que proíbe as coligações nas eleições proporcionais. Relatado pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), o texto já tinha sido examinado pela CCJ, mas teve de ser revisto porque recebeu emendas no plenário.

Pela proposta, as coligações serão permitidas unicamente na eleição de presidente da República, senadores, governadores e prefeitos. Tidas como uma aberração pela maior parte dos parlamentares, são as coligações proporcionais que permitem que um deputado bem votado "puxe" para a Câmara candidatos sem representatividade, sem chance de se eleger com os próprios votos.

Os dois exemplos mais notórios são os do ex-deputado Enéas Carneiro (PR-SP) e o atual deputado Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), eleitos com mais de um milhão de votos, que favoreceram candidatos coligados inexpressivos, sem eleitorado suficiente para ocupar um mandato parlamentar.Preocupado com o futuro de seu partido, o líder do PCdoB, senador Inácio Arruda (CE), apresentou voto separado tentando derrubar a proibição.

Se a decisão for aprovada nas duas Casas e virar lei, o PCdoB ficará impedido de se coligar com o PT ou outros partidos maiores para eleger deputados e vereadores.
Arruda chamou o fim das coligações proporcionais de "coisa estranha", que no seu entender dificultará o processo político democrático. "Isso é reacionário, não ajuda o País", alegou. (Do Estadão)

LIÇÃO PERDIDA

ProJovem acumula em seis anos histórico de fracasso e descontrole financeiro

SÃO PAULO - O ProJovem, programa federal de mais de R$ 3 bilhões para o resgate de jovens que estão fora da escola e desempregados, acumula em seis anos um histórico de fracasso e descontrole financeiro.

Seu eixo principal, o ProJovem Urbano, custou R$ 1,6 bilhão em seis anos e diplomou 209 mil alunos, menos da metade (38%) dos participantes.
O programa foi cancelado este ano, a coordenadora demitida, e 87% das prestações de contas já entregues não foram analisadas.
Na sua versão para o campo, em quatro anos, só 1% dos 59 mil jovens matriculados foram diplomados. E o braço "Trabalhador" do programa é alvo de investigações de direcionamentos para ONGs.

OUTRO LADO : Secretarias municipais vão fiscalizar ProJovem, diz MEC

Apesar de evasão, Projovem Urbano forma 400 alunos em Taboão da Serra, SP

Desde 2008, o ProJovem é dividido em quatro modalidades, geridos por órgãos diferentes, e tem como meta ajudar brasileiros de 15 a 29 anos a concluir o ensino fundamental e um curso profissionalizante, com bolsa de R$ 100 por mês.
Segundo estudo recente da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), um em cada quatro jovens nessa faixa etária é o público-alvo do programa.
Só a vertente chamada de ProJovem Adolescente não oferece cursos e bolsas, só atividades socioeducativas para adolescentes em situação de risco social.

Frequência do programa não era controlada

O ProJovem Urbano, comandado pela Secretaria Geral da Presidência, começou em 2005, foi reformulado em 2007 e congelado em 2011. Em 2012, será retomado pelo Ministério da Educação, com novas regras, mas pouco se sabe do destino das centenas de milhões de reais repassadas a estados e municípios. Considerando-se as 246 contas prestadas referentes a 2008 e 2009, 214 não foram analisadas pelo governo, segundo levantamento do GLOBO no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Esse descaso motivou advertência do Tribunal de Contas da União (TCU), que auditou o ProJovem.

Além disso, os auditores descobriram que não existia controle formal de frequência dos alunos no ProJovem Urbano, apesar de o comparecimento ser requisito para receber o auxílio mensal de R$ 100. Por outros mecanismos, descobriu-se que a presença de jovens nas salas de aulas variava de 1% a 10%, na amostra de 14 cidades fiscalizadas.

No pente-fino feito no convênio de 2005 no Rio de Janeiro, o descontrole foi flagrante. Seis anos após repassar R$ 53,6 milhões para o estado, a capital ainda estava inadimplente.

Os dados foram enviados às pressas, mas não foram analisados, apesar das outras irregularidades encontradas. A verba foi repassada a 75 ONGs. A meta era formar 25,5 mil jovens na capital em cursos de 18 meses. Mas só 10% dos alunos estavam diplomados no fim do segundo ano.

Mais de R$ 130 milhões em cursos no campo
"A presença de alunos em sala de aula vai de 1% a 10% do total de alunos matriculados nos núcleos visitados", diz o relatório do TCU, citando o que foi constatado durante a aplicação de questionários qualitativos pelas universidades federais envolvidas no programa. Foram encontrados indícios de fraude em São Gonçalo, onde diversas folhas de frequência repetiam 100% de comparecimento. Em Olinda (PE), os dados no sistema de controle eram alterados. Foram constatados índices de evasão no ProJovem Urbano que chegavam a 65% em Campo Grande (MS) e 72% em Curitiba (PR).

No ProJovem Campo, só 1% (795) dos cerca de 59 mil jovens cadastrados concluíram o curso, segundo o MEC; 16% desistiram e 40% aguardam pela formação de turmas para o curso, que dura dois anos. Apesar disso, o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) aponta que já foram gastos R$ 138,5 milhões com esse programa, o que cobre integralmente a formação de quase todos os cadastrados, num total de R$ 2,4 mil por aluno.

O gasto dessas verbas tem controle precário. Segundo pesquisa no FNDE, as prestações de contas de 2008 foram analisadas, com reprovação apenas para o estado do Rio de Janeiro. Mas para os repasses de 2009, de acordo com o fundo, quase todas as prestações ainda estão na gaveta.

Os números apresentados pelo governo para o ProJovem Trabalhador, que já gastou R$ 586 milhões desde 2008, mostram um caso de sucesso: 344 mil jovens diplomados, de um universo de 409 mil vagas oferecidas, com 37,6% dos formados inseridos no mercado de trabalho. Mas nenhuma análise de prestação de contas terminou e o Ministério do Trabalho não prestou informações sobre irregularidades.

O ProJovem Trabalhador frequenta o noticiário sobre investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, geralmente por direcionamentos para ONGs e desvios. Em julho, o MP suspendeu R$ 1,5 milhão da Fundação Bioética, no Mato Grosso do Sul, após suspeita de direcionamento do contrato e falsa prestação de serviços. No Maranhão, promotores investigam a Fundação Gomes de Souza, suspeita de irregularidades, que recebeu R$ 13 milhões, sem licitação. Em São Paulo, cinco entidades levaram cerca de R$ 20 milhões, sem concurso.

Superfaturamento atinge o programa
Por amostragem em 14 municípios, o TCU achou no ProJovem Trabalhador os mais altos índices de superfaturamentos, chegando a cerca de 50% das despesas em São Gonçalo (RJ), Maranguape (CE) e Cascavel (PR).

No ProJovem Adolescente cerca de 50% dos jovens de 15 a 17 anos participam dos "coletivos" socioeducativos, que duram dois anos, segundo informação do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que coordena o programa e já repassou cerca de R$ 900 mil desde 2008.


Mas o controle dos recursos foi considerado "precário" pelo TCU. Só este ano o ministério instalou um programa automatizado de monitoramento. O resultado foi o cancelamento de 1.195 turmas. Ainda assim, o ministério depende das informações passadas pelas cidades. Tampouco é informada sobre irregularidades que eram constatadas por autoridades estaduais.

Na prática, houve repasse de recursos em cidades onde "coletivos" não estavam funcionando: Sete Lagoas (MG), Fortaleza (CE), São Vicente (SP), São Gonçalo (RJ) e Goiânia (GO). A falta de acompanhamento sugere que situações semelhantes podem acontecer em várias outras localidades do país.

Publicada em 03/10/2011, Leila Suwwan

HISTÓRIA DE PESCADOR DE R$ 1,3 BILHÃO

Farra com Bolsa Pesca eleva gasto a R$ 1,3 bi

Bolsa Pesca é paga sem controle pelo governo e usada até como moeda eleitoral


Um benefício que este ano consumirá R$1,3 bilhão do Orçamento da União está sendo pago sem qualquer controle pelo governo federal.
O seguro-defeso ou Bolsa Pesca - no valor de um salário mínimo, pago por quatro meses a pescadores artesanais na época da reprodução de peixes e outras espécies, quando a pesca é proibida - é alvo de dezenas de inquéritos do Ministério Público Federal nos estados devido a denúncias dos mais diversos tipos de fraudes. Há estados em que o benefício virou moeda de barganha para compra de votos em eleições.


Em artigo publicado ontem no GLOBO, o fundador da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, expôs o aumento do número de benefícios concedidos pela Bolsa Pesca: em 2003, eram 113.783 favorecidos; em 2011, esse número foi para 553.172 - o que fez aumentar o gasto do governo com o benefício, que foi de R$81,5 milhões em 2003 para R$1,3 bilhão, mais que o dobro do orçamento do Ministério da Pesca (R$553,3 milhões). O Bolsa Pesca é pago pelo Ministério do Trabalho.

O principal problema apontado por profissionais da área e por procuradores que investigam as irregularidades é o controle falho do governo federal. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, hoje o governo nem sabe quantos pescadores artesanais existem no país:

- Começaram um cadastramento no 1º mandato do governo Lula que foi muito malfeito e nem foi concluído. Havia gente que apresentava carteira até com a foto trocada. A fraude está na concessão do RGP (Registro Geral da Pesca, concedido pelas superintendências do Ministério da Pesca nos estados, e necessário para a obtenção do seguro-defeso).

Em alguns estados, como Bahia, Paraíba e Pará, soubemos que usaram o seguro-defeso para pessoas se elegerem - diz. - Muita gente coloca a culpa nas colônias de pescadores, dizendo que elas não controlam a inscrição. Mas há três anos o pescador não precisa mais apresentar declaração de que é de alguma colônia.

Cruz se refere a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, julgando uma ação direta de inconstitucionalidade movida por pescadores, derrubou a exigência de filiação do pescador a sindicato ou a outra entidade para se registrar. Outra lacuna apontada no controle da concessão do benefício é o fato de que a lei 10.779 de 2003 reduziu de três anos para um ano o tempo mínimo que o pescador precisa ter para ter direito ao seguro.

- Outro problema é a falta de transparência. Esses dados não aparecem nos sites do governo federal - diz Gil Castello Branco, citando outras medidas que o governo poderia adotar. - O mínimo seria fazer um recadastramento dos beneficiados. Em 2008, a CGU (Controladoria Geral da União) já dizia que esses dados não eram confiáveis.

- Não tive conhecimento de aumento no número de pescadores. Esse aumento de beneficiários é falta de critérios de controle mesmo - destaca Flavio Leme, secretário-executivo do Conselho Nacional da Pesca.

Deputado teve mandato cassado

Com as falhas no controle, as irregularidades nos estados não param. No Rio Grande do Sul, o MPF investiga mais de 200 pessoas em Rio Grande e São José do Norte. Inquérito apura irregularidades também no Amazonas.

Em Santa Catarina, donos de restaurante e mercearias e até proprietários de casas de veraneio estavam sendo beneficiados e foram alvo de uma ação penal por estelionato proposta pelo procurador Darlan Airton Dias em Criciúma, em 2006. Em Tubarão (SC), o procurador Michael Gonçalves contou que abre uma nova linha de investigação para chegar às fraudes:

- Várias são as pessoas que, empregadas por anos, passam de uma hora para outra a "exercer atividade de pesca". Começamos a pedir à Justiça do Trabalho esses tipos de caso.

Outro caso ocorreu no Pará, onde o deputado estadual Paulo Sérgio Souza, o Chico da Pesca, foi cassado em agosto pelo TRE-PA por abuso de poder político e econômico (em setembro, o tribunal concedeu uma liminar permitindo que o deputado continue no cargo até o julgamento do recurso). Segundo o Ministério Público Eleitoral, Chico da Pesca - que já foi superintentende da Secretaria Federal da Pesca no Pará - incluiu centenas de pessoas irregularmente no RGP em troca de votos.

Segundo o MPF no Pará, entre 2008 e 2010 o número de beneficiários do seguro-defeso no estado cresceu 1.400%. A pedido do MPF, a Polícia Federal investiga, há mais de cinco anos, a chamada "Máfia do Seguro-Defeso" na cidade de São João do Araguaia, no sudeste do Pará.

Já em Nova Ipixuna, também no Pará, em julho deste ano o MPF encaminhou à Justiça denúncia criminal contra o vereador Zacarias Rodrigues da Silva. Junto com a mulher e um pescador, ele é acusado de organizar um esquema que desviava recursos do seguro-defeso. Além deles, seis pessoas foram denunciadas por estelionato. Em troca do cadastramento o vereador solicitaria a transferência de título eleitoral, com o objetivo de angariar votos. O caso foi encaminhando ao MPE, para apuração de crime eleitoral.

O Ministério da Pesca atribui o aumento no número de beneficiários à regularização da situação dos pescadores feita nos últimos anos. "O Ministério da Pesca e Aquicultura tem buscado combater as fraudes na emissão do RGP através de investigação e cruzamento de dados.
Só no ano de 2011, até o mês de junho, foram cancelados 87.160 registros. Desde janeiro deste ano e até dezembro estão suspensas as emissões de novos registros", informou por email.
O ministério diz que não fez recadastramento de pescadores, mas que "constantemente acompanha e revê o Registro Geral da Pesca, através do cruzamento de dados com outros cadastros do governo federal. O MPA estuda a realização de um recadastramento geral dos pescadores em todo o país e o aprimoramento do sistema de registro".

Agência O Globo, Alessandra Duarte, 05/10/2011

VAI REAGIR? ENTÃO, TOMA...


Ninguém é poderoso sempre e em todos os lugares. E quem não se garante, deve calar a boca. De preferência... para sempre. Só que esses políticos, habituados a estufar o peito (de ""silicone"") diante de gente submissa, ainda não perceberam sua incapacidade diante de um povo insatisfeito.

- Rock in Rio -

Sarney tenta reagir à surra moral imposta pela multidão e é nocauteado de novo

Participante involuntário da apresentação da banda Capital Inicial no Rock in Rio, o senador José Sarney desta vez passou recibo: em vez de fingir que não ouviu o que disse o vocalista Dinho Ouro Preto, nem conseguiu decifrar a mensagem berrada pela multidão, Madre Superiora resolveu contra-atacar em duas frentes.

Enviou a Dinho uma carta em que se apresenta como responsável pela promoção do diplomata Afonso Ouro Preto, (pai de Dinho) que se tornou embaixador durante o governo Sarney. E escalou o deputado estadual Magno Bacelar, do PV maranhense, para outro numerito no picadeiro. Num discurso na Assembleia, Bacelar afirmou que “muitos dos metaleiros” presentes ao show do Capital Inicial são “drogados e maconhados”.

A estratégia bisonha resultou em mais dois naufrágios espetaculares. Como até os crachás da portaria do Itamaraty sabem que não cabe ao presidente promover ou rebaixar diplomatas, o palavrório endereçado a Dinho Ouro Preto só serviu para ampliar o vastíssimo acervo de mentiras.

E o falatório do porta-voz da Famiglia foi implodido por Tico Santa Cruz, vocalista dos Detonautas, e pela reapresentação do coro que estreou com o Capital Inicial.
Tico nem mencionou o presidente do Senado. Por decisão da gigantesca plateia do Rock in Rio, o nome de José Sarney foi associado para sempre ao insulto desmoralizante. Depois da tremenda surra moral, o símbolo do país da impunidade foi nocauteado de novo.

O caso ocorrido no Rock in Rio comprovou que a força desses mafiosos se limita a seu curral.

Augusto Nunes, 04/10/2011

DEMOCRACIA NORMAL E PATOLÓGICA - I

Artigos - Cultura

A extrema esquerda se distingue da esquerda por uma questão de grau. Já a extrema direita e a direita acabam se revelando incompatíveis em essência.

A patologia depende da fisiologia. Não é possível saber se um órgão está doente quando não se tem ideia de como ele deveria funcionar normalmente. O mesmo princípio vigora na análise política. Não se pode falar de uma doença política da democracia quando não se tem uma ideia clara do que é uma democracia normal.

Felizmente para o estudioso, as democracias normais não somente existem, mas são mesmo as nações mais visíveis e influentes do mundo. Malgrado as forças patológicas que permanentemente as assaltam desde dentro e desde fora, e malgrado a inabilidade com que por vezes se defendem, essas democracias ainda exibem uma vitalidade invejável.

A Inglaterra e os EUA são as mais antigas. Alguns países escandinavos consolidaram-se como democracias normais desde a segunda metade do século 19. A Alemanha, a Itália e a França, após várias tentativas falhadas, só conseguiram se estabilizar nessa condição após o término da II Guerra Mundial. A democracia israelense nasceu junto com o próprio Estado de Israel, em 1947.

As democracias normais mais novas são a Espanha, Portugal e alguns países do Leste Europeu libertados do jugo comunista no começo dos anos 90. Material para estudo e comparação, portanto, não falta. Só um cretino ou alguém interessado em confundir propositadamente as coisas pode ignorar o que é normalidade democrática, ou chamar por esse nome algo que não é nem democracia nem muito menos normal.

Que é, no período histórico nascido desde a Revolução Americana, uma democracia política normal no Ocidente? Se o conceito genérico de "democracia" pode ser definido por traços meramente jurídico-formais, como a existência de uma ordem constitucional, partidos políticos, liberdade de imprensa etc., a mera presença desses traços é comum às democracias saudáveis e as doentes. A normalidade do sistema democrático tem de ser aferida por diferenças substantivas que o mero formalismo não apreende.

Normalidade democrática é a concorrência efetiva, livre, aberta, legal e ordenada de duas ideologias que pretendem representar os melhores interesses da população: de um lado, a "esquerda", que favorece o controle estatal da economia e a interferência ativa do governo em todos os setores da vida social, colocando o ideal igualitário acima de outras considerações de ordem moral, cultural, patriótica ou religiosa. De outro, a "direita", que favorece a liberdade de mercado, defende os direitos individuais e os poderes sociais intermediários contra a intervenção do Estado e coloca o patriotismo e os valores religiosos e culturais tradicionais acima de quaisquer projetos de reforma da sociedade.

Representadas por dois ou mais partidos e amparadas nos seus respectivos mentores intelectuais e órgãos de mídia, essas forças se alternam no governo conforme o resultado de eleições livres e periódicas, de modo que os sucessos e fracassos de cada uma, na sua passagem pelo poder, sejam mutuamente compensados e tudo concorra, enfim, para o benefício da população.

Entre a esquerda e a direita estende-se uma zona indecisa de mesclagens e transigências, que podem assumir a forma de partidos menores independentes ou consolidar-se como política permanente de concessões mútuas entre as duas facções maiores. É o "centro", que se define precisamente por não ser nada além da própria forma geral do sistema indevidamente transmutada, às vezes em arremedo de facção política, como se numa partida de futebol o manual de instruções pretendesse ser um terceiro time em campo.

Nas beiradas do quadro legítimo, florescendo em zonas fronteiriças entre a política e o crime, há os "extremismos" de parte a parte: a extrema esquerda prega a submissão integral da sociedade a uma ideologia revolucionária personificada num Partido-Estado, a extinção completa dos valores morais e religiosos tradicionais, o igualitarismo forçado por meio da intervenção fiscal, judiciária e policial.

A extrema direita propõe a criminalização de toda a esquerda, a imposição da uniformidade moral e religiosa sob a bandeira de valores tradicionais, a transmutação de toda a sociedade numa militância patriótica obediente e disciplinada. Não é o apelo à violência que define, ostensivamente e em primeira instância, os dois extremismos: tanto um quanto o outro admitem alternar os meios violentos e pacíficos de luta conforme as exigências do momento, submetendo a frias considerações de mera oportunidade, com notável amoralismo e não sem uma ponta de orgulho maquiavélico, a escolha entre o morticínio e a sedução.

Isso permite que forjem alianças, alternadamente ou ao mesmo tempo, com gangues de delinquentes e com os partidos legítimos, às vezes desfrutando de uma espécie de direito ao crime. Não é uma coincidência que, quando sobem ao poder ou se apropriam de uma parte dele, os dois favoreçam uma economia de intervenção estatista. Isso não se deve ao slogan de que "os extremos se tocam”" mas à simples razão de que nenhuma política de transformação forçada da sociedade se pode realizar sem o controle estatal da atividade econômica, pouco importando que seja imposto em nome do igualitarismo ou do nacionalismo, do futurismo utópico ou do tradicionalismo mais obstinado.

Por essa razão, ambos os extremismos são sempre inimigos da direita, mas, da esquerda, só de vez em quando. A extrema esquerda se distingue da esquerda por uma questão de grau (ou de pressa relativa), pois ambas visam em última instância ao mesmo objetivo. Já a extrema direita e a direita, mesmo quando os discursos convergem no tópico dos valores morais ou do anti-esquerdismo programático, acabam se revelando incompatíveis em essência: é impossível praticar ao mesmo tempo a liberdade de mercado e o controle estatal da economia, a preservação dos direitos individuais e a militarização da sociedade.

Isso é uma vantagem permanente a favor da esquerda: alianças transnacionais da esquerda com a extrema esquerda sempre existiram, como a Internacional Comunista, o Front Popular da França e, hoje, o Foro de São Paulo. Uma "internacional de direita" é uma impossibilidade pura e simples. Essa desvantagem da direita é compensada no campo econômico, em parte, pela inviabilidade intrínseca do estatismo integral, que obriga a esquerda a fazer periódicas concessões ao capitalismo.

Embora essas noções sejam óbvias e facilmente comprováveis pela observação do que se passa no mundo, você não pode adquiri-las em nenhuma universidade brasileira nem na leitura dos comentários políticos usuais, pois praticamente todo mundo que abre a boca para falar de política nesse país, com exceções tão minguadas quanto inaudíveis, é parte interessada e beneficiária da confusão geral, a começar pelos professores universitários e comentaristas de mídia.

No próximo artigo, aplicarei os conceitos aqui resumidos à análise da democracia brasileira.

Publicado no Diário do Comércio.
Escrito por Olavo de Carvalho, 05 Outubro 2011

O ESTRANHO MUNDO POLITICAMENTE CORRETO

Os homossexuais lutaram para “sair do armário”, agora querem ser “invisíveis”. Mas querem criticar o comportamento alheio e limitar a liberdade de expressão.

discriminação | s. f.
discriminação
(latim discriminatio, -onis, separação)
s. f.
1. Acto ou efeito de discriminar (ex.: o exercício envolve discriminação visual). = DISTINÇÃO
2. Acto de colocar algo ou alguém de parte.
3. Tratamento desigual ou injusto dado a uma pessoa ou grupo, com base em preconceitos de alguma ordem, nomeadamente sexual, religioso, étnico, etc.

segregação | s. f.
derivação fem. sing. de segregar
segregação
s. f.
Acto ou efeito de segregar.
segregar - Conjugar
v. tr. e pron.
1. Separar ou separar-se de um todo. = APARTAR, DESMEMBRAR
2. Pôr ou pôr-se de parte. = SEPARAR
v. tr.
3. Lançar para fora (líquido ou secreção). = EXCRETAR, EXPELIR, SECRETAR

Dicionário Priberam:
http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=discriminar

Os estudos sobre como a Cultura é formada indicam que devemos observar certas coincidências ao longo do tempo. Tais coincidências poderiam ser chamadas de Inconsciente Coletivo por Carl Gustav Jung, mas penso que um inconsciente coletivo externo às pessoas é uma idéia um pouco estranha, com suas raízes na metafísica.

Li um texto sobre o pensamento de um autor checo, Ivan Bystrina, em que a Cultura, independente do local onde surja, resulta do exercício de Imaginação do Ser Humano para superar suas angústias existenciais. Como o ser humano é estrutural ou fisiologicamente semelhante em qualquer lugar, a forma de reagir ao meio é muito parecida.

Assim, os raios, os trovões, a noite, o sol, os terremotos, os tsunamis, os sonhos, o sono, os estados alterados de consciência, fenômenos e fatos que hoje os denominamos com tais nomes, no início das culturas não tinham nomes e nem se sabia o que eram.

Já Augusto Comte, quase 150 anos antes de Bystrina, na primeira metade do Século XIX, indicava que as culturas, nascidas sempre do contato do homem com o meio, não tinham como explicar os fatos ao modo moderno, com uma abordagem científica.

Assim, as primeiras explicações seriam hipóteses fantasiosas sobre a “vontade” das coisas (mas não menos verdadeiras para aqueles grupos). As primeiras explicações devem ter sido, sempre, de caráter animista. Isso (o vulcão) está bravo e vomita fogo. Aquilo (a árvore) está agitada e se balança. De fato deveria tratar-se de uma árvore ao vento. Mas quem poderia explicar o vento?

A compreensão do mundo vai se dando, então, e também, pela observação dos fatos externos, com a correspondente criação de nomes. Para Bystrina, as culturas sempre começam a ser articular por meio de polarizações, eixos norteadores, que orientam as pessoas, de onde acabam saindo os valores. Os valores seriam pressões sobre um dos pólos, gerando uma assimetria.

Por exemplo: vida X morte. Vivemos a vida, o que nos chama a atenção é morte, que passa constituir, então, um valor negativo e mais atrativo que a vida no processo de geração de hipóteses explicativas. Isso explicaria as inúmeras abordagens sobre a morte, ao longo dos tempos, nas diversas culturas. Como entender a morte, como conviver com ela, como superá-la.

Certos comportamentos humanos podem ser comparados aos de outros seres vivos.
Ação X descanso; vigília X sono; ataque X fuga. A noite, escura, amedronta; daí a associação entre falta de luz e perigo. O que não conhecemos pode ser perigoso.

Daí vem a discriminação. Originalmente saber distinguir algo e manter separado ou à distância poderia ser a chave entre a vida e a morte. Para que não houvesse dúvidas, os grupos iniciais, certamente, deveriam ter sinais identificadores, para não haver confusão. Este é o povo dos crocodilos (marcas no corpo); aqueles são os filhos do Sol; aqueles outros o povo Tigre.

Quem não faz parte do grupo é discriminado. Separado. Pode oferecer perigo. Separar é, também, segregar (palavra latina originada de carneiro. Carneiros precisam ser separados, controlados).

Provavelmente, das ações da vida pratica surgiram outras mais complexas, de caráter simbólico, associando sinais concretos a marcas especiais (o que significa um albino em algumas culturas africanas? O que significam gêmeos em algumas culturas?).

Tais mecanismos podem atingir alta complexidade e o autor René Girard, profundo estudioso do surgimento de mitos dedica longo tempo à pesquisa que visa compreender, por exemplo, o surgimento e o significado do Bode Expiatório, aquele que tem sinais diferenciados e que deve ser culpado de alguma ruim que acontece para certo povo, cidade ou cultura.

Isto exposto, compreendemos que segregar e discriminar nem sempre tiveram o caráter odioso e criminoso de hoje em dia. Evidentemente, com o conhecimento atual certos comportamentos baseados em algumas explicações tradicionais não são cabíveis.

Entretanto, isso nos faz compreender que certas práticas do campo do chamado Politicamente Correto e Multiculturalista não têm sentido. Dizer apenas que um cego é deficiente visual, como se isso fosse mais respeitoso ou apropriado que dizer “cego” não explica muito, e mostra, apenas, que há grupos que brigam com o significado das palavras, quando deveriam estar preocupados com outras coisas relativas aos cegos.

Para uma pessoa comum um cego é quem não vê nada. Quem vê com um olho é caolho. Quem não enxerga bem pode ser chamado, hoje em dia de míope, por exemplo, ou ser dito que tem a “vista cansada” (idoso). Dizer que uma pessoa é deficiente visual não diz muito, pois vários quadros se encaixam nisso. Todo cego é deficiente visual, mas nem todo deficiente visual é cego.

Por er uma expressão vaga não ajuda muito a quem se quer ajudar. E não resolve o problema do cego, concretamente. Tais operações de escamoteamento indicam, apenas, que está em curso um trabalho de tentar reconstruir a realidade, sonho de todos os totalitários.

Isso me lembra um texto que li de Olavo de Carvalho em que ele criticava os que, escudados nas políticas sociais, não dão esmolas aos pobres pedintes que não sendo nem atendidos pelo Estado, e nem pelos outros indivíduos, afundam cada vez mais.

Esta época foi esvaziada de qualquer compaixão pelo próximo. Mas o discurso politicamente corrreto fala cada vez mais no “outro”. Mas é um próximo abstrato, sistêmico, um “outro” invisível, mera conversa de propaganda.

Discriminar e segregar, portanto, são palavras que expressam praticas ancestrais e que permanecem. Obviamente, hoje em dia, conforme a aplicação, podem constituir praticas criminosas. Contudo, o ser humano agrega e discrimina, não no sentido criminal, mas no cultural, numa perspectiva antropológica. Uma torcida organizada não se mistura com a outra; uma tribo urbana se diferencia de outra.

A aceitação dessa evidência não implica justificar crimes de discriminação ou racismo, por exemplo. Mas, por outro lado, a existência da tipificação de crimes de discriminação ou racismo não implica em eliminar a liberdade de expressão. Assim, uma coisa é um ato criminoso de discriminação, outra a expressão de um pensamento sobre um comportamento de alguém.

Não se pode dizer que alguém seja inferior, enquanto ser humano, por ser desta ou daquela raça (como querem alguns) ou etnia. Contudo o cidadão tem o direito de estranhar certos comportamentos destes ou daqueles grupos. Isso é expressão de pensamento. Crime é discriminar ou segregar.

Vemos que os totalitários, na sua tentativa de reconstruir a Realidade ou recriar o Ser Humano, começam por implicar com as palavras. Um das que está em moda é “homofobia”.

O que significa, de fato? Fobia designa doença. Aplicando a palavra a qualquer expressão ou comportamento das pessoas que criticam atos ou atitudes homossexuais, e tentando fazer isso virar lei, os ativistas querem impedir a liberdade de expressão. Se alguém respeita o cidadão homossexual, enquanto cidadão, mas critica algo de seu comportamento, isso por acaso é crime? Ou doença?

Se qualquer critica for taxada de doença e deveria ser “tratada”? Isso levaria aos campos de concentração russos para tratamento de “doentes mentais”. A “doença” era criticar o comunismo. Se homofobia é “doença”, por que tratar como crime? As duas alternativas são idiotas.

Quem critica um comportamento não é doente e nem criminoso, apenas expressa um pensamento. Não sendo um pensamento que se encaixe na definição de discriminação racial ou religiosa, ou injúria, ou calúnia ou difamação ( que são crimes), por que não poderia ser expresso? Aliás, até o pensamento criminoso pode ser expresso, mas aí o
Sujeito autor arcará com as consequências.

Então pelo fato de alguns grupos poderem sacrificar animais em seus rituais religiosos alguém não pode expressar pena pelos animais sacrificados? Alguém não pode ponderar que sacrificar animais para a alimentação é tão ruim como sacrificar para um culto? E alguém não poderia dizer que sacrificar animais para alimentação humana é melhor que alimentar deuses?

E alguém não poderia, como os que defendem que não se matem animais, dizer que ambos estão equivocados? Os que matam animais por razões de culto tem um direito que garante isso; assim como os que matam animais para a alimentação. Todavia, o direito de matar animais não está associado a um direito que proíba a terceiros o exercício da crítica, ou da análise. É isso que faz uma sociedade democrática.

Vejamos. Digo: muitas grã-finas são bastante afetadas. Todo mundo concordará e achará que quem disse está certo. Se alguém disser: certos homossexuais são afetados será logo taxado de homofóbico. Isso é de uma idiotice extrema. Certos homossexuais são mesmo afetados em seu comportamento, como certas grã-finas pernósticas. Isso é uma constatação. Constatar algo da realidade não é crime.

Assinalar que algumas grã-finas são pernósticas é preconceito ou grãfinofobia? Tenham a santa paciência! Grã-finas do Mundo, uni-vos!

E os ativistas dos movimentos ligados ao homossexuais não se cansam de dizer que cristãos são homofóbicos, ou conservadores, ou retrógrados, ou qualquer um que criticar seus valores. Valores e comportamentos são inquestionáveis agora? Então quem criticar certos comportamentos cristãos ou atitudes cristãs é cristianofóbico? Será crime criticar um cristão?

Não é crime ser cristão, assim como não é crime ser homossexual. Mas não é crime expressar o pensamento, desde que não se configure crime já previsto em lei. Isso é muito diferente do que tentar criar um crime, como se faz com a aplicação abusiva do rotulo “homofobia” ou “homofóbico”, quando se tenta cassar a palavra de quem pensa diferente. É curioso, os homossexuais, como se diz, lutaram ao longo do tempo com tanto empenho para “sair do armário”, e agora querem ser “invisíveis”.

Antes não podiam existir, socialmente, por diversas razões. Agora não querem que os outros digam que eles existem; apesar de fazerem todo o barulho possível para mostrarem que existem. Há algo mais barulhento que as marchas e passeatas gays?


Postado por gutenberg

DEUS É BRASILEIRO...

O PAIS MAIS SORTUDO DO MUNDO (DEUS É BRASILEIRO) QUER ENSINAR A ECONOMIA DA CORRUPÇÃO

JÁ NÃO SE FAZEM MAIS CRIANÇAS COMO ANTIGAMENTE


O multiculturalismo deforma a Infância.

Uma das principais obras de Mark Twain e da Literatura Americana realista,
As Aventuras de Huckleberry Finn e seu amigo o ex-escravo Jim.
Fantástico estímulo às aventuras e ao percorrer o mundo.
Obra combatida pelos politicamente corretos que não a entendem dentro de seu tempo, mas querem lê-la com o olhar enviesado de hoje em dia. Jim, como a fantástica Tia Nastácia, de Monteiro Lobato, são personagens maravilhosos, vistos, atualmente, pela lupa da luta racialista e tacanha.

Agradeço profundamente aos meus pais o fato de terem estimulado em seus filhos o hábito da leitura. Mesmo morando no interior distante de São Paulo, nos anos 50, 60. A biblioteca de casa era uma imensa fonte de prazer.
Enciclopédia Jackson, Mundo da Criança, Mundo Pitoresco, Tesouro da Juventude, Monteiro Lobato. Machado de Assis, Maupassant, Tolstói, Dostoiévski, Graciliano, Amado, Seleções Reader´s Digest, Life en Español. Jack London, Twain, Grimm, Esopo, La Fontaine, Coleção Saraiva, Dickens. E outros, muitos outros.

Todos aqueles personagens e histórias povoam, até hoje, a imaginação.

Só conhecíamos o rádio. TV só vi aos 18 anos. Era brincar na rua de terra, descalço, subir em árvores, em muros, jogar futebol, brincar de mocinho e bandido. Andar de bibicleta ,algumas vezes esticando a cidades a 25 quilômetros por estradas de terra com bois, cavalos, árvores frutíferas e os trens de passageiros e de carga que passavam apitando.

Banhos de rio. Boiadas, berrantes. Missas, confissões e sermões dos padres. Cantos em latim, órgão e mistério. As missas de hoje são uma porcaria. E muita, muita leitura. Era um enorme programa.

Assim, aprendi a valorizar o acesso aos bens culturais, aos livros e a liberdade de pensamento e expressão. Jamais tolerei as ditaduras, de qualquer natureza. Autoritários e totalitários, a para mim, são desprezíveis. Ainda não existe “totalitariofobia”, não é?

Não sei como pessoas que estudaram e que têm um certo conhecimento do mundo acabam aderindo ao pensamento totalitário. De fato até sei, pois, conforme alguns autores, como Olavo de Carvalho, a adoção da ciência e da revolução como critérios de “mudança” acabam justificando as maiores barbaridades. Eis um autor para o qual é necessário dispor alguns anos para leitura.

Fico profundamente chocado com a confusão em que o mundo parece mergulhado.
O modo de ver “politicamente correto” e o “multiculturalismo” fazem um imenso estrago hoje em dia. As crianças crescem como idiotas, tuteladas pelo estado em escolas absolutamente vagabundas.
Não sabem o que é respeito ao próximo e nem conseguem observar as próprias barbaridades que cometem, em termos comportamentais.

Não têm a menor noção do fabuloso mundo da Literatura e das Artes, não sabem pensar e mal dominam a língua portuguesa e as operações elementares com os algarismos. Jovens de 17, 18 anos chegam às faculdades achando a leitura de livrinhos da Coleção Primeiros Passos uma coisa muito, mas muito difícil. Talvez até seja um bem, uma vez que tal coleção já apresenta um mundo esquerdizado e deformado pela ideologia.

Num dos livros sobre Educação comparada, de minha mãe, que era professora primária, no tempo em que professores ensinavam e alunos aprendiam, em que os atrasados reprovavam, li sobre as crianças da Alemanha Nazista, da Rússia Comunista e da Itália Fascista.

Não tinha idade para compreender muita coisa, mas, com certeza, compreendi o que é uma fábrica de salsichas: as escolas estatais dos regimes totalitários. Não há coisa mais odiosa do que dissolver o sentido de família e transformar a criança em uma peça para o exército de reposição social, abstraíndo o indivíduo que cada um é. Cada criança transformada em reprodutor de pura ideologia, disposta (sem perceber) pela doutrinação a entregar os próprios pais à policia política.

Isso jamais será tratado hoje em dia nas escolas, ou em seminários de Educação, pois fica a impressão de que a maioria dos professores já não percebe mais o que faz. São agentes totalitários não auto-conscientes. Já sofreram lavagem cerebral anos atrás, durante sua formação, ou infância.

Tratei disso porque me chamou a atenção algo que li sobre a Inglaterra. O curioso é que, ao longo do tempo, imaginei poder conhecer, um dia, alguns dos lugares sobre os quais li. Ó engano! Com o passar dos dias, quanto mais leio mais me convenço de que a realidade de alguns paises mudou tanto que é melhor ficar com a imagem obtida por meio das leituras.

O pensamento politicamente correto deformou de tal modo a cultura em alguns lugares que perdi a vontade de conhecê-los. Um seriam os Estados Unidos, outro a Inglaterra, por exemplo. Pelo visto a Inglaterra não é nem a sobra do que foi há trinta ou quarenta anos. O multiculturalismo está destruindo uma cultura que parecia sólida e estável.

Um dos lugares que deveriam ser interessantes é a Califórnia, mas a impressão que fica é a de um lugar de ranzinzas voltados para si mesmos, politicamente corretos, chatos, para quem não se pode nem olhar caso, contrário chamam seus advogados. A Califórnia já foi um dia o equivalente ao que seria o quinto país do mundo, caso fosse um pais, mas sem a chatice do não pode isso ou aquilo. Perdeu a graça.

Li, no blog do Rui Mig que na Inglaterra “consultores para a diversidade cultural, recomendaram aos professores do ensino primário, que não deixem usar vestidos pretos nas bonecas de bruxinhas, construídos pelas crianças, mas antes cor-de-rosa. Não contentes com tal imbecilidade, os consultores avisaram ainda que, a utilização de papel cavalinho branco nos desenhos das crianças pode ser contraproducente na luta contra o racismo. "Estas medidas, explicaram de cátedra aqueles comissários políticos, são úteis para prevenir o racismo nas crianças desde tenra idade."

Diz Mig, com razão, “Na China de Mao Tsé Tung, o semáforo vermelho, era o sinal para o trânsito avançar e o verde para parar. A revolução cultural na Inglaterra vai longe com os resultados que se conhecem e com outros que se advinham”...

Sobre o mesmo assunto, este é um texto de

KATHLEEN GILBERT (19 de setembro de 2011),

O TERRORISMO MORA AO LADO

Está em vários pontos da América. No Brasil fingimos que não é conosco. A revista Veja mostrou, com dados da Polícia Federal, que a AlQaida já está entre nós. E o país ainda não tem lei anti-terror.
Qual será a razão?


Cuba serviu de base para a propagação do comunismo pelo continente.
Agora, no fundo do poço, como um sistema falido, dependente do dinheiro venezuelano, controla o sistema de identificação venezuelano e espalha passaportes venezuelanos a terroristas.


E o Brasil, que nunca critica os terroristas e não tem uma lei que puna atos terroristas específicos, tem bons aliados em Cuba e na Venezuela, além de em outras ditaduras do Oriente Médio (Irã e Síria) e africanas (até pouco tempo, a Líbia). Isso é muito ruim para o nosso País.

Um terrorista ao seu lado, e com passaporte venezuelano.

Estimados ouvintes e leitores, os que conhecemos a infinita tenacidade dos terroristas e a maldade dos que lhes dão apoio, quando repetimos e repetimos que estão ao nosso lado, que os terroristas respiram atrás de nossas cabeças, que nos cercam, que os cremos como inofensivos vizinhos, não é paranóia; é simplesmente o conhecimento de uma realidade tenebrosa em um mundo que parece que espera as ações malfeitoras para depois choramingar hipocritamente pelos mortos destes criminosos.

A respeito, quero responsavelmente compartilhar com todos os que ouvem esta Trinchera diária da Radio Mambí e lêem as transcrições que se fazem delas, que o sinistro grupo Hezbollah abriu uma base de operações em Cuba.
É como ouviram: a 90 milhas, num momento quando todos sabemos que os cubanos castristas dirigem os serviços de identificação da Venezuela, e devem estar cedulando e dotando de passaportes venezuelanos a quantos terroristas o requeiram.

O jornal israelense Yediot Aharonot, publicou ontem em suas páginas que a organização terrorista libanesa xiita Hezbollah (Hizb Allah, ou Partido de Deus) estabeleceu um centro de operações em Cuba, buscando expandir suas atividades terroristas.
Como primeira prioridade está a execução de um atentado contra objetivos israelenses na América do Sul, de acordo com o revelado em um informe do periódico italiano Corriere Della Sera.

De acordo com este aterrador informe, de um jornal tão prestigioso como o Corriere Della Sera, três membros do Hezbollah já chegaram a Cuba para estabelecer na ilha uma célula terrorista.

A célula incluiria 23 operações, eleitas por Talal Hamia, um alto membro da organização terrorista xiita, encarregado da cobertura da operação. Muitos já acreditam que esse primeiro atentado que se preparará desde Cuba terá como objetivo vingar a morte do cabeça do grupo, Imad Mughnyeh.

Mughnyeh, um bestial terrorista responsável por numerosos atentados contra objetivos israelenses, entre eles os mortíferos ataques contra a embaixada de Israel e o centro comunitário judeu AMIA em Buenos Aires, em 1992 e 1994, respectivamente, foi abatido em Damasco no ano de 2008, quando saía da embaixada da Irã.

Esta espécie de escritório terrorista com sede em Cuba já adiantou muito suas operações, e o primeiro plano é o chamado “caso caribenho” que conta com um orçamento de um milhão e meio de dólares, que realmente não custa muito imaginar qual cúmplice os deu...
E algo que não pode passar despercebido, nem cair nessa apatia e nessa irresponsabilidade que está comendo milhões e que são as melhores aliadas dos terroristas, é que a base de operações na ilha de Cuba foi concebida, a princípio, para propósitos logísticos, inclusive a coleta de inteligência, a armação de redes e a falsificação de documentos.

Repito: a falsificação de documentos com a designação de Hugo Chávez para esta ação aos funcionários da tirania castrista, e uma empresa de fachada de nome Albet - do governo cubano [1] -, que levará centenas de milhões de dólares para dirigir toda a data de identificação e estrangeira dos 30 milhões de venezuelanos, onde será tão simples colar uns quantos terroristas que gozarão de documentos tão iguais e legais quanto os meus ou os do resto de nós.

O jornal italiano Corriere Della Sera frente a este caso simplesmente lembra que, desde há bastante tempo detectou-se atividade da organização Hezbollah na América do Sul, principalmente no Brasil, Paraguai e Venezuela.
E junto a esta aterradora notícia temos, estimados ouvintes, que o Comandante da Retaguarda Israelense, general Eyal Eisenberg, advertiu sobre “uma ameaçadora guerra em múltiplas frentes” e “um inverno radical islâmico”.

Eisenberg deu estas declarações no Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Tel Aviv ontem mesmo. Disse o importante militar israelense que “Parece uma primavera árabe, mas também pode ser um inverno fundamentalista islâmico. Isto nos leva à conclusão de que neste processo a longo prazo, a probabilidade de uma guerra total está crescendo”.

“O Irã não abandonou seu programa nuclear. Pelo contrário, continua à toda velocidade”,
assegurou o militar. “No Egito, o Exército está colapsando sob a pressão de freqüentes operações de segurança, e isto reflete-se na perda de controle do Sinai e na transformação da fronteira com Israel em uma fronteira infestada de atividades terroristas, com a possibilidade de que o Sinai caia sob o controle de uma entidade islâmica”.
E agora assumamos com maturidade que, com uma base do Hezbollah em Cuba, já não devemos estar egoisticamente tranqüilos. Já não são israelenses, muito longe de nós, os que vão ser explodidos, desmembrados.

O Hezbollah está a 90 milhas, em Cuba, e se prepara para atacar. Podem entrar no país que quiserem porque têm documentos legítimos que os apresentam como venezuelanos. Podem ir à Miami como qualquer cubano castrista que agora serão bem-vindos lá.
Comecem a se preocupar, porque um terrorista do Hezbollah pode estar a seu lado neste mesmo momento.

Eleonora Bruzual, 03 OUTUBRO 2011.

Nota da tradutora:
[1] A esse respeito, ver meu artigo “Cubazuela ou Venecuba, uma amarga realidade”.
Fonte: Gentiuno
Tradução: Graça Salgueiro (do blog Notalatina).

O MARXISMO E O HOSPÍCIO CULTURAL


Como o marxismo aposentou os proletários e elegeu as minorias como canais da revolução.

A eterna revolução em um manicômio ideológico


Para o marxismo cultural, vale tudo, e os fins da revolução justificam todos os meios. E como o proletariado se tornou obsoleto para a revolução, qualquer bicho-careta serve de meio-objeto para a revolução.

A política da chamada “Terceira Via”, anunciada com pompa e circunstância por Tony Blair em meados da década de 90 do século passado, foi defendida pela primeira vez pelo marxista Merleau-Ponty em 1956, no seu livro “As Aventuras da Dialéctica” (Paris, Gallimard).

Foram precisos quarenta anos para que as ideias da “Terceira Via” de Merleau-Ponty fossem oficialmente assumidas na política europeia; e depois de Tony Blair, seguiram-se uma série de idiotas úteis: Zapatero, José Sócrates, Lula da Silva, e até o Obama nos Estados Unidos.

Através do seu livro supracitado e do seu conceito de “Terceira Via”, Merleau-Ponty afastou-se definitivamente da ortodoxia leninista e adotou, embora de forma ambígua, o marxismo cultural da Escola de Frankfurt.

Os seus discípulos Claude Lefort, Cornelius Castoriadis, e principalmente Alain Touraine, já antes de Maio’68 em Paris mas sob o signo deste movimento, abraçaram definitivamente uma mistura ideológica entre o marxismo cultural e o estruturalismo francês, adotando não só o conceito político de “Terceira Via”, mas também considerando que o movimento de proletarização terminou, e classificando a classe operária como “esclerosada”.

O que verificamos é que o meios-objeto da revolução se foram alterando sucessivamente de um “meio-objeto revolucionário” para outro, mas esses ideólogos não desistiram do conceito de revolução.

Nos seus escritos de ainda antes de Maio’68, Alain Touraine foi muito claro: os interesses de classe já não são predominantes nas lutas pelo controlo da mudança social e da ação histórica (o proletariado está esclerosado), e agora os meios e objetos da revolução passam a ser as mulheres, os jovens, o estudante, o antinuclear, o regionalista e, segundo o marxista Alain Touraine, mais tarde virão novos meios/objeto da revolução: os ecologistas e os homossexuais. Ei-los aí.

Foram precisos trinta anos para que as ideias de Alain Touraine, e seus camaradas marxistas, fossem oficialmente assumidas pela política europeia — e mais grave: assumidas pelos conservadores europeus!
Criou-se, assim, um mito segundo o qual a Esquerda prevê o futuro (os novos profetas), mesmo que esse futuro revolucionário se revele, na prática, catastrófico para a sociedade.
As profecias dos novos profetas marxistas têm que ser, mais tarde ou cedo, inexoravelmente adotadas sob pena de se incorrer em crime de heresia.

O mais perverso, nos novos marxistas culturais, é que não têm problema nenhum em introduzir (enviesando-as) nas suas ideias revolucionárias, as ideias de conservadores como, por exemplo, Tocqueville, e assumi-las como suas. Para o marxismo cultural, vale tudo, e os fins da revolução justificam todos os meios.

E como o proletariado se tornou obsoleto para a revolução, qualquer bicho-careta serve de meio-objeto para a revolução: a mulher, o jovem ou o homossexual, são apenas meios-objeto, instrumentos de uma visão utópica do mundo segundo a qual é possível construir um paraíso na Terra através de engenharias sociais construídas através do divórcio entre Direito (o justo) e ética (o bem).

Quando a mulher, o jovem ou o homossexual passarem a ser “objetos revolucionários esclerosados” (como aconteceu com o “proletariado obsoleto”), os revolucionários concentrarão as suas atenções reviralhas na libertação de dominação, por exemplo, em relação aos imigrantes, à ameba, ao pardal e aos animais domésticos.

Quiçá, as crianças precisem também de ser libertadas da dominação sexual da merda da cultura ocidental e, assim, a pedofilia seja legalizada.
O que é preciso é um eterno e indiferenciado meio-objeto revolucionário para que a revolução nunca acabe

Orlando Braga,05 OUTUBRO 2011

"NADA SE EQUIVALE À UNIVERSIDADE AMERICANA"


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira que o modelo americano de universidade é o melhor do mundo. "Nada se equivale à universidade americana", disse, em palestra organizada pela Fundação Estudar para divulgar Yale a estudantes brasileiros.

Para FHC, a principal vantagem das instituições dos EUA é estarem conectadas a empresas e governos. "Lá, as universidades levantam pontes com o mundo empresarial e com a administração pública, e reconhecem que as boas ideias também podem vir de fora. No Brasil, a universidade é um bunker com medo de ser comprada pela empresa ou cooptada pelo governo", afirmou. "Assim, não cumpre sua função social maior, que é a de formar lideranças."

Pouco antes de fazer a palestra, em entrevista ao Estadão.edu, FHC fez uma avaliação semelhante ao comentar a produção atual da USP. Disse que, ao menos na área de ciências humanas, vê um isolamento "muito grande". "Ficam discutindo livros sobre livros e não os processos reais que estão acontecendo", disse.
"No meu tempo a universidade era mais de elite, mas acompanhávamos mais a vida social, política e cultural. Houve uma volta para dentro. O que é natural, porque a política hoje é de massas, ficou mais complicada", considerou. "A qualidade técnica pode ter avançado, mas a capacidade de produzir interpretações, visões mais globais, acho que não." Confira a seguir os principais trechos da palestra para a Fundação Estudar.

"Aprender não é memorizar. É despertar a curiosidade e a capacidade de perguntar de maneira correta, o método. Quando me perguntam o que vale a pena ler, respondo: 'Qualquer um que seja grande'. E vejam como ele desenvolveu o raciocínio. Se sabe alemão, vá ler Kant, que é muito complicado. Senão, vá ler Descartes, é mais fácil. Ou então, vá ler os modernos, vá ler Popper.
Leia e veja o percurso que o autor faz. O aluno precisa perguntar de forma sistemática e ter método, ter disciplina."
"Outra coisa fundamental na vida é imaginação, produzir o que ninguém produziu porque juntou o que não estava junto antes. São fundamentais na formação: disciplina, capacidade de fazer perguntas, buscar métodos para respondê-las e ter imaginação."

"Não adianta chegar e dizer: 'Fiz isso'. A experiência de liderança não pode ser de imposição. No mundo de hoje, ela envolve compreender, entender, motivar e ir junto com as outras pessoas. E vai ser crescentemente assim."

"A produção de conhecimento é cooperativa. Daí a imensa vantagem da universidade americana. Não há nada que se equipare à instituição 'universidade' nos Estados Unidos. Porque ela não está isolada nem da empresa nem do governo. Ela levanta e suspende pontes com o mundo empresarial e o governo. Ela inova, cria, transmite essa criatividade e sabe que a criatividade também pode vir de fora. No Brasil, a universidade é um bunker com medo de ser comprada pela empresa ou cooptada pelo governo. E assim a universidade não cumpre sua função social maior, que é a de formar lideranças, formar modelos de conduta que são assimilados pela sociedade."

"No Brasil, a hierarquia [nas universidades] dificulta muita ver o que está acontecendo e inovar."

"O líder tem que discernir várias coisas ao mesmo tempo, tem que julgar. Ver o que está em jogo e é capaz de levar a reações em cadeia. Ninguém nasce com essa capacidade; é desenvolvida na escola. E quanto mais uma escola treinar isso, melhor." Do portal do Estadão

MEU COMENTÁRIO: O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não está dizendo nenhuma novidade. Mas é importante que isto seja dito pelo ex-Presidente por ser ele um intelectual reconhecido e respeitado internacionalmente. Além disso tem autoridade e conhecimento no que se refere à educação já que dedicou sua vida ao magistério.

Faltou apenas que FHC acrescentasse ao seu discurso aquilo que é mais deletério, para não dizer criminoso, que é o fato das escolas e universidades brasileiras terem se transformado em centros de lavagem cerebral dos jovens pela idiotia esquerdista que faz da cátedra um palanque para o proselitismo político.
Nunca, em momento algum da história da Educação no Brasil, se formou tantos estúpidos e boçais com títulos de mestres e doutores. Especialmente na área das ciências ditas humanas que, a rigor, não são ciência.

Todavia, insistir nesse aspecto relevante fundado na distância abissal que separa o Brasil dos Estados Unidos no que tange à educação e à qualidade das universidades, já é o começo de um bom e necessário debate.
Mesmo assim sou completamente cético em relação a qualquer possibilidade de que o Brasil se torne uma Nação civilizada.
Por inúmeras vezes já revelei aqui no blog a minha intuição, segundo a qual a maior parte do planeta é habitada por uma variante do homo sapiens, que denomino homo botocudus. Essa espécie, por razões que ciência poderá explicar num futuro breve, é dotada de um cérebro prejudicado por uma ou mais variáveis que tiveram e continuam tendo impacto no processo a evolução que, é bom frisar, não tem solução de continuidade. O Brasil e toda a América Latina é povoada de forma majoritária pelo homo botocudus.

blog do aluizio amorim

GUERRA


Segunda Guerra Mundial: a tomada de Berlim pelo Exército Vermelho

Entrevista prévia para o Programa Caleidoscópio, da TV Horizonte, sobre o tema “Guerra”. Minha participação no programa foi cancelada após essa prévia: “Prezado Luiz Nazario, conforme conversamos, sua participação no programa do dia 05/05/2010, quarta-feira, sobre “Guerra”, foi cancelada. Agradeço pela atenção e disponibilidade. Att, Larissa Souza, Produção Caleidoscópio, TV Horizonte.” Motivo: a produção não teria encontrado nenhum pacifista em Belo Horizonte para “ir contra” as opiniões expressas na minha entrevista. Assisti ao programa: os debatedores convidados eram todos pacifistas e não havia ninguém para “ir contra” as opiniões deles.

Paz é utopia?

Sim, a paz é uma utopia no sentido de ser uma meta a ser alcançada, e uma utopia no sentido de que ela jamais será alcançada. Há períodos de paz e períodos de guerra, como há regiões mais ou menos pacíficas durante séculos e outras regiões conturbadas constantemente. A paz depende de inúmeros fatores, mas o principal deles é a alegria de viver. Um povo que, por qualquer motivo, perde a alegria de viver tende a culpar outros povos por sua infelicidade, e logo se orienta para a guerra.

Qual sua opinião em relação aos grupos pacifistas?

Não reconheço nenhum grupo pacifista no mundo atual, pois nenhum está agindo no sentido de ampliar o sentido da vida. Nem mesmo os artistas são hoje pacifistas, já que a arte contemporânea tende a deprimir e não a aumentar nas pessoas a alegria de viver. Os que se dizem pacifistas hoje são em geral guerreiros disfarçados, cheios de ódio e de desejos assassinos, aliados de regimes fascistas e grupos terroristas.

O presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, ao receber o Nobel da Paz, declarou que prega a guerra justa. É possível pregar a guerra para atingir a paz? Existe guerra justa?

Barak Obama foi eleito brandindo a promessa do pacifismo: ele garantiu ao povo americano cansado de guerra que assim que chegasse ao poder acabaria com a guerra no Afeganistão e no Iraque. Provou que o discurso pacifista sempre rende votos. Mas uma coisa é ter um discurso pacifista, outra mais difícil é obter a paz sem massacrar os inimigos. Outra ainda é ser um pacifista até os ossos, chegando aos extremos do masoquismo, não reagindo quando se é atacado por todos os lados, até a morte. Quanto à guerra, ela é justa quando feita com o objetivo de defender uma população civil desarmada que se encontra sob ataque inimigo.

Por que o homem sempre guerreou?

Alguns homens fazem a guerra pelo prazer de guerrear; outros a fazem pela necessidade de guerrear. É a diferença entre um Hitler e um Churchill, entre um Stalin e um Roosevelt.

Guerra só traz prejuízos ou traz benefícios também?

No plano físico e material, a guerra só traz prejuízos, estragos, desastres e sofrimentos, mas no plano político ela pode trazer benefícios incalculáveis, como a libertação de povos inteiros que antes se achavam oprimidos, a redemocratização de um país que vivia sob uma ditadura sangrenta, com o fim das salas de tortura, dos campos de concentração e de extermínio, dos parques de treinamento de terroristas, das usinas produtoras de armas de destruição em massa, etc.

Foram veiculados vídeos pela WikiLeaks mostrando civis sendo mortos no Iraque, entre eles, jornalistas da Reuters. Imagens chocantes como essas podem servir de apelo para o fim de uma guerra ou pelo menos que outras não ocorram?

As imagens de guerra são sempre usadas com fins de manipulação política, como mostrou Susan Sontag em Diante da dor dos outros. Os regimes totalitários gostam de mostrar suas criancinhas (que eles colocam sem piedade na situação de serem atingidas) mortas pelos bombardeios inimigos para desmoralizar os que os atacam e arrebanhar aliados ao seu regime hediondo junto aos pacifistas, poupando o público das imagens das torturas horrorosas que infligem e pelas quais são justamente bombardeados.

Os grupos pacifistas possuem força para impedir que uma guerra não ocorra?

O objetivo dos grupos ditos pacifistas atuais não é impedir a guerra, uma vez que eles não se levantam quando ela começa, e sim contribuir para que a guerra tenha apenas um lado, impedindo o outro lado de se defender dos ataques de que é vítima.

A intervenção dos pacifistas pode piorar as conseqüências da guerra? Na Segunda Guerra Mundial os pacifistas não queriam que os EUA entrassem na guerra, mas o país acabou entrando devido ao ataque japonês. Nesse caso, seria melhor que os EUA já tivessem entrado na guerra?

Os pacifistas que agem apenas contra um dos lados do conflito têm a clara intenção de defender a causa do lado oposto ao lado que desejam paralisar. Durante a Segunda Guerra, os pacifistas eram colaboradores do nazismo, agentes da quinta coluna que não desejavam que a Alemanha nazista fosse atacada. Em outros conflitos, são os comunistas externos que usam a máscara do pacifismo, tentando impedir intervenções dos aliados dos países que os comunistas internos estão tomando de assalto. Raramente um pacifista é realmente um pacifista, na maioria das vezes é um guerreiro disfarçado.

Na época do 11 de setembro, os pacifistas não queriam que os EUA atacassem o Afeganistão. Podemos dizer então que eles são contra a guerra, mas a favor do terrorismo?

Em parte. A maior parte dos pacifistas era de comunistas que defendiam a não reação diante do terror, ou seja, eles consideravam o terror (e a morte de milhares de civis) uma reação justa e maravilhosa contra o “imperialismo americano”. Mas havia pacifistas sinceros que condenavam o terror e ao mesmo tempo acreditavam que atacar o Afeganistão não resolveria o problema, uma vez que não havia alvos claros e bem definidos a serem atingidos.

A guerra é inevitável? Ela sempre vai existir?

A guerra não é inevitável, mas a paz permanente depende de tantos fatores que dificilmente será atingida, sobretudo depois do advento do terrorismo de massa e da proliferação sem controle dos artefatos nucleares.

LUIZ NAZARIO

FOTOS REVELAM INTIMIDADE DA VIDA DE EVA BRAUN, MULHER DE HITLER

RIO - Fotos que aparecem na edição deste mês da revista "Life" mostram a vida de Eva Braun desde a época em que ela era uma criança gordinha até chegar ao posto de esposa do ditador nazista, Adolph Hitler. Segundo o jornal britânico "Telegraph" , as fotos foram recuperadas da casa de Eva pelo Exército americano e, mais tarde, tornadas públicas pelo colecionador Reinhard Schulz.

Eva conheceu seu futuro marido depois de começar sua carreira de modelo, quando ela tinha 17 anos, e foi convidada a posar no estúdio em Munique de Heinrich Hoffman, o fotógrafo oficial do Reich. Foi em 1929 que, por meio de Hoffman, conheceu "Sr. Wolff", que crescia em influência junto ao Partido Nazista. Seu nome verdadeiro era Hitler.

As fotos da vida do casal mostram festas e férias no retiro de Hitler nos Alpes da Baviera, juntamente com algumas das mais proeminentes figuras do Terceiro Reich. Eva aparece como uma personagem vaidosa: adorava se arrumar para carnavais na Alemanha e sua coleção de fotografias inclui muitos registros de suas fantasias.

Ela também posou frequentemente em seu traje de banho. Em uma das fotos, chega a posar nua atrás de um guarda-chuva aberto. No entanto, é sabido que o ditador nazista não aprovava alguns hábitos de Eva, como fumar, usar maquiagem e nadar e tomar sol nua. Mas ela parece não ter ligado para ele. Em outra imagem, está fantasiada de cantor de jazz americano - vestiu roupa de homem e se pintou de preto.

Mesmo que o objeto principal das fotos seja Eva, ela mesma gostava de fotografar com sua própria câmera. Hitler aparece em algumas das fotos. Ela também possuía uma filmadora de 16mm e seus vídeos se provaram inúteis aos historiadores que procuravam uma ponto de vista mais íntimo do ditador e dos seus seguidores mais próximos.

Muitas das fotos foram tiradas quando a Segunda Guerra Mundial atingia seu clímax, no inícios dos anos 40, e retratam Eva relaxada e despreocupada, de férias.

Em abril de 1945, quando os Aliados alcançaram Berlim, sua vida com Hitler chegou a um fim de forma abrupta. Os dois se casaram com pressa e fugiram para um bunker subterrâneo. Historiadores acreditam que ele atirou em si mesmo, e sua esposa de 33 anos tomou uma cápsula de cianureto.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/03/10/fotos-revelam-intimidade-da-vida-de-eva-braun-mulher-de-hitler-923983885.asp#ixzz1ZutV3PD3
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RIO - Fotos que aparecem na edição deste mês da revista "Life" mostram a vida de Eva Braun desde a época em que ela era uma criança gordinha até chegar ao posto de esposa do ditador nazista, Adolph Hitler. Segundo o jornal britânico "Telegraph" , as fotos foram recuperadas da casa de Eva pelo Exército americano e, mais tarde, tornadas públicas pelo colecionador Reinhard Schulz.

Eva conheceu seu futuro marido depois de começar sua carreira de modelo, quando ela tinha 17 anos, e foi convidada a posar no estúdio em Munique de Heinrich Hoffman, o fotógrafo oficial do Reich. Foi em 1929 que, por meio de Hoffman, conheceu "Sr. Wolff", que crescia em influência junto ao Partido Nazista. Seu nome verdadeiro era Hitler.

As fotos da vida do casal mostram festas e férias no retiro de Hitler nos Alpes da Baviera, juntamente com algumas das mais proeminentes figuras do Terceiro Reich. Eva aparece como uma personagem vaidosa: adorava se arrumar para carnavais na Alemanha e sua coleção de fotografias inclui muitos registros de suas fantasias.

Ela também posou frequentemente em seu traje de banho. Em uma das fotos, chega a posar nua atrás de um guarda-chuva aberto. No entanto, é sabido que o ditador nazista não aprovava alguns hábitos de Eva, como fumar, usar maquiagem e nadar e tomar sol nua. Mas ela parece não ter ligado para ele. Em outra imagem, está fantasiada de cantor de jazz americano - vestiu roupa de homem e se pintou de preto.

Mesmo que o objeto principal das fotos seja Eva, ela mesma gostava de fotografar com sua própria câmera. Hitler aparece em algumas das fotos. Ela também possuía uma filmadora de 16mm e seus vídeos se provaram inúteis aos historiadores que procuravam uma ponto de vista mais íntimo do ditador e dos seus seguidores mais próximos.

Muitas das fotos foram tiradas quando a Segunda Guerra Mundial atingia seu clímax, no inícios dos anos 40, e retratam Eva relaxada e despreocupada, de férias.

Em abril de 1945, quando os Aliados alcançaram Berlim, sua vida com Hitler chegou a um fim de forma abrupta. Os dois se casaram com pressa e fugiram para um bunker subterrâneo. Historiadores acreditam que ele atirou em si mesmo, e sua esposa de 33 anos tomou uma cápsula de cianureto.


Publicada em 10/03/2011
O Globo
O GLOBO, 03/10/2010

HACKEANDO O CÉREBRO: A NOVA ARMA DOS EUA

Vi no UOL que o Pentágono apresentou publicamente uma nova arma chamada ‘Active Denial System’ ou ADS, cujo efeito não é letal, mas causa uma forte sensação de dor. Trata-se de um curto raio de microondas que provoca intenso calor na camada superficial da pele, enganando o sistema nervoso, que acredita estar em chamas. O Pentágono afirma que submeteu a testes mais de 10 mil pessoas, e nenhuma delas suportou a ação dos raios por mais de 5 segundos. O sistema funciona até uma distância de 500 metros, por enquanto.
O ADS é uma tecnologia – concebida, a princípio, com fins bélicos – que afeta diretamente o sistema nervoso de um indivíduo sem agredi-lo fisicamente, mas psicologicamente, visto que os efeitos são inofensivos. Equivale a hackear o cérebro do inimigo. O objetivo inicial dos militares é executar missões complexas sem necessidade de baixas. Mas quem pode garantir que tal tecnologia não poderá ser aplicada com outras intenções?

É certo que o sistema ADS funciona como um potente mecanismo de controle através da possibilidade de provocar dor à distância, sem causar danos reais. É o sonho de qualquer déspota ou tirano psicótico. É um sistema de segurança eficaz em presídios ou mesmo em condomínios privados, uma vez que pode limitar os movimentos ou impedir a aproximação de quem quer que seja.

O ADS pode, sim, evitar mortes num conflito quando substitui granadas e fuzis por microondas e anula o inimigo sem a necessidade de matá-lo ou nem mesmo de feri-lo.

O que nos preocupa é: quanto tempo levará para que a nova arma caia em mãos erradas? Ou será que já caiu?

pensador selvagem

ÚLTIMA INDIGNAÇÃO CONTRA O MINISTÉRIO DA CULTURA DO GOVERNO DILMA

Uma coisa é a Cultura e outra é o mercado, não obstante todas as interseções que se possa fabricar entre essas duas esferas.

Ademais, Cultura e Arte, no sentido estrito, não são assuntos dos Governos. A Arte quem a faz são os artistas, a cultura se faz nas ruas, nas comunidades, nas interações humanas. Aos Governos cabe apenas o controle da Arte e da Cultura e se necessário, para melhor controlá-las, suprimem o artista – já vimos disso. A Cultura e a Arte só podem ser livres.

Chega, por fim, o dia em que um punhado de comerciantes e industriais podem se dizer os possibilitadores, os donos, da Cultura, desfigurando-a, explorando-a, extorquindo-a, corrompendo-a e violentando-a. Esse dia, que é o que estamos vivendo, deveria nos inspirar ao menos uma atitude firme de afirmação da Cultura Livre, e até um sentimento de compaixão contra a pobre e inofensiva Ministra Ana de Hollanda, fantoche que não é capaz de articular uma ideia sequer, vítima de suas debilidades. Não é ela a inimiga, embora seja ela um torpe sintoma das atuais circunstâncias.

A palavra asco resulta aqui muito débil para exprimir a inteligência e o realismo da presidenta Dilma Roussef, suficientes para vermos ela prescindir da Cultura e transformar a pasta num incipiente banquete para comerciantes autoritários da indústria cultural e da economia criativa, termo que a própria Ministra da Cultura não sabe o que significa. São as honras de um Ministério que opera claramente, quase declaradamente, como uma quadrilha de burocratas a serviço da ganância de grupos de poder incompetentes para enxergar o futuro. É um Governo que diz defender a Cultura atuando ao lado dos assassinos da Cultura, realizando transações em forma de políticas públicas, regateando atrás dos biombos institucionais.

Parece inútil manifestar uma vez mais a nossa indignação, mas como se não bastasse, a resistência contra a política do Minc de Dilma, embora quase insignificante, suscita preocupações: baseia-se no discurso duvidoso de intelectuais e de pessoas ligadas à produção cultural e ao mercado de música alternativa que exploram coletivos culturais e marchas. Tais discursos partem do impulso irracional e comodista de pessoas decentes que se dizem parte da esquerda, mas separam-se, em termos práticos, daqueles que lutam. Utilizam jargões e frases feitas mal encaixadas como recursos para fazer as suas falas parecerem profundas e importantes, quando não se tem nada a dizer. Como diz Chomsky, “o saber convencional mantém seus méritos como arma ideológica para disciplinar os indefesos” – mas não a nós…

Ainda Chomsky:

“Essas são as formas pelas quais os intelectuais contemporâneos, inclusive os da esquerda, criam grandes carreiras, conseguem poder, marginalizam as pessoas, intimidam etc. (…) muitos jovens militantes sentem-se simplesmente intimidados pelo jargão incompreensível que vêm dos movimentos intelectuais da esquerda, impossível de entender, e que faz com que as pessoas sintam que não podem fazer nada porque, a não ser que de algum modo entendam a última versão pós-moderna disso e daquilo, não podem sair as ruas e organizar as pessoas, pois não são suficientemente inteligentes”. In “Notas sobre o anarquismo”, Editora Hedra, 2011. Pg 103.

O atual estado do Ministério da Cultura revela o caráter do Governo Dilma: nos permite julgar a sinceridade da política democrática constituída a partir de Partidos que se tornam burocracias verticais e necessitam reafirmar as práticas do clientelismo e do autoritarismo programático.

Mas, como disse, a Cultura que nos interessa é a que fazemos, é a que somos e a que nos constitui enquanto comunidades, coletividades, nação e seres humanos políticos, racionais e espirituais.

O que temos hoje é um MinC tutelado por um Governo que atua como uma associação de políticos e empresários a serviço de qualquer política excludente que favoreça interesses financeiros de grupos de poder em cega agonia.

Contra isso, cada um de nós a partir de seu lugar – e sobretudo das ruas – lutaremos sempre frontal e firmemente – fortalecidos inclusive pelo descaso que o Poder Político instituído tem dedicado à Cultura. O resultado da luta veremos em breve nas ruas, nas redes… Aliás, já o estamos vendo.

pensador selvagem

ESQUERDA x DIREITA (Parte 6)


O início da decadência norte-americana

Desde o fim da II Guerra Mundial, quando ficou estabelecida a conversibilidade 35 dólares por uma onça de ouro (cada onça equivale a 28,349 gramas), os EUA tornaram-se os credores do mundo. No entanto, o ápice dos EUA paradoxalmente marca também o início do seu declínio. O aumento constante dos gastos do estado, especialmente com armamentos, com o financiamento de guerras em diversos continentes e, posteriormente, com a corrida espacial, começou a minar a saúde da economia norte-americana.

Aos poucos, os EUA começaram a financiar os seus crescentes déficits fabricando moeda sem lastro. Enquanto isso, a economia e a sociedade norte-americana foram se acostumando ao dinheiro fácil, tanto que, já na década de 60, passaram a consumir mais do que produzir de fato. Os EUA, que ficaram ricos exportando, aos poucos, foram transformando-se em meros importadores, o grande shopping center do mundo, para onde todos os países queriam exportar. A nova situação acelerou ainda mais o ritmo do crescente déficit norte-americano, o que, por sua vez, fez com que o governo fabricasse ainda mais dólares, sem lastro em ouro.

Os bancos de vários países, mas principalmente europeus, também foram coniventes com o “vício” norte-americano de fabricar moeda do nada, pois começaram a aceitar depósitos em dólares como se fossem ouro. E como parte do dinheiro sem lastro ficava retido nos bancos, o impacto inflacionário decorrente da falsificação era atenuado.

Foi esse acúmulo de dólares nos bancos europeus que criou as facilidades de crédito para os países emergentes no final dos anos 60. E aí começou a festa dos governos “desenvolvimentistas”, que intensificaram ainda mais as medidas keynesianas através dos mega-projetos estatais.

Mas como (quase) sempre acontece, um dia a mentira é descoberta. Tardou, mas no final dos anos 60 os franceses, desconfiados da farsa norte-americana, começaram a exigir o cumprimento do acordo da conversibilidade ouro-dólar.

Os EUA resistiram em mostrar o lastro de sua moeda, mas finalmente, em 1971, o desastrado presidente Nixon chutou o pau da barraca e recusou-se a pagar 280 milhões de onças de ouro. Em outras palavras, os EUA decretaram moratória. Não eram mais capazes de converter em ouro todos dólares espalhados pelos bancos do mundo todo.

E, surprendemente, ficou por isso mesmo. Os EUA continuaram exportando sua inflação para o mundo, situação que viria piorar ainda mais com uma nova crise, dois anos depois, agora com o “ouro negro”, o petróleo.

A era da “estagflação”

Embora o ano de 1973 tenha entrado para a história como o ano da primeira grande Crise do Petróleo, na verdade já tinha ocorrido um grande choque anterior, em 1956, quando o Egito nacionalizou o Canal de Suez, uma estreita passagem marítima entre a África e a Ásia que permite que embarcações naveguem do Mediterrâneo ao Pacífico sem terem que contornar a África. Com o fechamento temporário do canal, os preços tiveram um súbito aumento, mas logo voltaram aos patamares anteriores.

Com os preços achatados pelo cartel formado pelas sete maiores companhias petroleiras ocidentais (conhecidas até então como “as sete irmãs”), os países produtores de petróleo reagiram criando como contraponto a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em 1960.

Sete anos depois, com a guerra dos Seis Dias (entre Israel e vários países árabes), o preço do petróleo teve um novo repique, mas nada comparável aos 300% de aumento que viria a ocorrer em 1973, quando um novo conflito entre israelenses e árabes levou a OPEP a boicotar a produção de petróleo, como protesto ao apoio norte-americano a Israel.

Embora os historiadores não relacionem a crise de 1973 ao fim do padrão ouro-dólar, dois anos antes, me parece óbvio que o fato contribuiu muito para a crise, pois, na prática, os produtores de petróleo estavam trocando sua riqueza (esgotável) por moeda sem lastro. Isso não poderia durar eternamente.

Depois de estourada a crise de 1973, o novo cenário levou os norte-americanos a um acordo com os produtores de petróleo para cotar o produto exclusivamente em dólares. Em troca, os EUA dariam apoio militar a vários ditadores árabes contra qualquer ameaça de invasão ou golpes internos. Lembram do Mubarak, Ben Ali e outros ditadores árabes que hoje estão sendo destituídos pela população? Está aí a explicação da suas longas permanências no poder.

O dólar ganhava então um novo “lastro”: o ouro negro. Começava a era dos “petrodólares”, como ficaram conhecidos os bilhões e bilhões arrecadados com o aumento do preço do petróleo e investidos em diversos bancos europeus e norte-americanos.

E aí aconteceu uma nova onda de keynesianismo, pois os países em crise (principalmente do 3º mundo) a abundância de petrodólares era um convite irrecusável para dar mais uma “injeção de ânimo” nas economias combalidas com o inusitado misto de inflação e estagnação. Digo “inusitado”, porque até então, na história do capitalismo, não se conhecida este fenômeno contraditório: inflação (que significa excesso de demanda) com estagnação (queda na demanda). Começava a era da “estagflação”.

Apesar do aumento expressivo da inflação gerada em todo mundo, já que o preço do petróleo tem influência direta na cadeia produtiva (assim como o dólar sem lastro), a situação viria a piorar ainda mais em 1979, ano da revolução iraniana que colocou no poder o xiita aiatolá Khomeini. O barril, que custava US$ 3,29 antes da crise de 1973, chegou a incríveis US$ 35,69, em 1980.

As pressões inflacionárias decorrentes da combinação do excesso de dólares (sem lastro) no mercado com o preço do barril elevado as alturas, provocou também uma escalada dos juros nos países centrais.

E aí não teve jeito. Mesmo com o novo fôlego que o dólar ganhou com a vinculação ao petróleo, os EUA tiveram que elevar seus juros para 21% em 1979! O aumento deu mais fôlego ao “sistema” norte-americano, mas tornou a situação insustentável nos os países subdesenvolvidos, agora totalmente endividados com os empréstimos contraídos nos anos de ouro do keyensianismo. O lado bom da história é que o novo cenário decretou o fim de todos os regimes ditatoriais da região.

E quando o preço do barril finalmente parecia que iria se normalizar, estoura, em 1980, a guerra entre o Irã e o Iraque, do ditador Sandan Hussein, na época apoiado pelos EUA que, por sua vez, cumpriam o acordo de “proteger seus aliados de ameaças externas”.

A situação foi ficando cada dia mais insustentável, até que em 1982 o México decreta a moratória de sua dívida externa. Preocupados com um efeito em cascata, os credores internacionais deixam de financiar novos empréstimos para rolagem das dívidas dos subdesenvolvidos. Neste mesmo ano, o Brasil e vários ouros países, tiveram que recorrer aos empréstimos do FMI.

Neste cenário de “salve-se quem puder”, um país da América Latina, o Chile, começa a chamar a atenção de alguns ingleses (entre eles Margareth Thatcher) por alguns experimentos de alguns ex-estudantes da Universidade de Chicago, que testavam algumas fórmulas de Milton Friedman, o guru de uma das vertentes atuais do neoliberalismo: o monetarismo.

Mas este já é assunto para o nosso próximo post.

amilton aquino

CÂMARA LANÇA FRENTE PARLAMENTAR PELA DEFENSORIA PÚBLICA

A Câmara dos Deputados lança amanhã, quarta-feira, dia 5 de outubro, das 14h às 17h, no Auditório Freitas Nobre, a Frente Parlamentar de Apoio, Defesa e Fortalecimento da Defensoria Pública.

De autoria da Deputada Federal Antônia Lúcia (PSC-AC), a Frente Parlamentar da Defensoria Pública foi a segunda com o maior número de adesões da Câmara Federal.

Segundo Antônia Lúcia, a Frente vai atender as necessidades da instituição em todo o país, fortalecendo-as para o pleno exercício da ampla defesa e acesso à Justiça da população carente. ”O trabalho desses profissionais é extremamente importante, pois além de representar a busca pelo Direito, auxiliam a parcela da população brasileira que mais sofre nesse país, exercendo um papel humano, de ajuda aos necessitados.”

Para o Presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP), André Castro, "além de contribuir para o melhor trâmite e encaminhamento das ações e projetos da Defensoria Pública no Congresso Nacional, a Frente será um importante instrumento de articulação e defesa do fortalecimento de Defensoria Pública".

De acordo com o Presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (ANADEF), Gabriel Faria Oliveira, “a Frente Parlamentar representa a preocupação dos parlamentares com a Defensoria Pública e os cidadãos necessitados. Tenho certeza de que a Frente Parlamentar e o instrumento político que ela representa permitirá o avanço da Defensorias Pública como instrumento de democratização do Estado, de igualdade social e da construção de um país sem miséria”.

Frente Parlamentar é uma associação suprapartidária de pelo menos 1/3 dos integrantes do Poder Legislativo Federal destinada a aprimorar a legislação referente a um tema específico.

Raio X da Defensoria Pública no Brasil

Defensoria Pública da União


A Defensoria Pública da União conta com apenas 470 Defensores Públicos Federais em contraposição aos 2 mil Juízes Federais, 7 mil Juízes do Trabalho, 8 mil Advogados da União e 1,8 mil membros do Ministério Público Federal. Em 2010, a DPU realizou um milhão de atendimentos, acompanhando 305 mil processos na Justiça Federal.

Um estudo realizado pelo Governo Federal (Grupo de Trabalho Interministerial), elaborado há seis anos, estabelece que o número mínimo de Defensores Federais seria de 1.280 e 4.660 servidores de apoio.

Defensoria Pública Estadual

A Constituição Federal de 1988 determinou que o Estado tem o dever de prestar assistência jurídica integral e gratuita a todos os cidadãos que não têm dinheiro para pagar um advogado particular e as custas de um processo judicial. E determinou que essa assistência jurídica fosse feita pela Defensoria Pública.

O III Diagnóstico da Defensoria Pública (Ministério da Justiça/PNUD) indica que, em 2009, a instituição atendeu 10 milhões de pessoas em todo o país. O estudo também revela que apenas 42% das 2.600 cidades brasileiras contam com os serviços da Defensoria Pública e que para prestar atendimento integral e gratuito a dois terços da população brasileira – potencial usuária da Defensoria Pública – o Brasil conta com 5.200 Defensores Públicos. A média nacional é de um defensor para cada 32 mil usuários potenciais.

Estudos realizados pela ANADEP indicam que o ideal é que essa relação seja de um defensor para cada 10 mil pessoas que fazem parte do público alvo da Defensoria Pública, tendo como público alvo as pessoas maiores de 10 anos de idade que ganham até três salários mínimos.

A ANADEP e a ANADEF reivindicam que todas as comarcas brasileiras e juízos da Justiça da União sejam atendidas por Defensores Públicos, para cumprir o direito constitucional da população à assistência jurídica integral e gratuita prestada pelo Estado.


Evasão

A Constituição Federal também estabelece tratamento simétrico para as carreiras que integram, em pé de igualdade, as funções essenciais à Justiça. No entanto, a remuneração paga aos profissionais dessas carreiras jurídicas, em termos nacionais, está longe de respeitar o princípio da isonomia.

No Estado de Pernambuco, por exemplo, os Defensores Públicos percebem a remuneração mais baixa do país. Por mais que se realizem concursos e sejam nomeados mais Defensores Públicos, o quadro nunca está completo e, conforme dados divulgados pela Associação dos Defensores Públicos de Pernambuco, dos 220 defensores que ingressaram na carreira nos últimos quatro anos, apenas 80 ainda permanecem no quadro da Defensoria Pública.

Defensoria Pública não pode ser carreira de passagem

As diferenças remuneratórias entre as carreiras jurídicas de Estado, além de não terem fundamento político ou jurídico, resultam na evasão dos profissionais de uma carreira para outra, o que significa inegável prejuízo para os usuários da Defensoria Pública.

23 anos de descumprimento

Santa Catarina é a única unidade da federação que continua a descumprir a Constituição, negando ao cidadão pobre catarinense o direito efetivo de ter acesso à Justiça.

Por não ter criado a Defensoria Pública, um convênio muito pouco transparente entre o Governo do Estado e a seccional catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil faz com que a entidade retenha 10% do dinheiro repassado a título de taxa de administração. O modelo é conhecido como advocacia dativa, por meio do qual o advogado é nomeado pelo Estado para fazer a defesa de um cidadão pobre.

Lei Orgânica

Um estudo desenvolvido pela ANADEP para analisar a aplicabilidade e executoriedade da Lei Complementar nº 132/2009, que reformou a Lei Orgânica da Defensoria Pública, apontou que na maioria dos estados foi efetivada a democratização do Conselho Superior, com nova composição e atribuições; a participação do presidente da associação nas sessões do Conselho, com direito a voz e igualdade de condições com os conselheiros; e as eleições para Defensor Público Geral através de lista tríplice.

Para o Presidente da ANADEF, em razão da ausência de autonomia orçamentária e financeira não há para a DPU as mesmas perspectivas de igualdade. “A DPU ainda não saiu do estado de emergencialidade. Não há carreira de apoio e o número de defensores é ínfimo. Creio que com a Frente Parlamentar em breve a DPU em conjunto com as Defensorias Estaduais poderão alcançar o mesmo patamar, seja no aspecto estrutural, seja no aspecto remuneratório para que assim o necessitado possa gozar de um efetivo e igualitário acesso à Justiça”.

A Lei Complementar 132/09 regulamenta a autonomia da Defensoria Pública e prevê novas atribuições dos Defensores Públicos, como convocar audiências públicas e estimular a promoção da educação em direitos, entre outras inovações. De acordo com André Castro, “hoje estamos em melhores condições para continuarmos lutando por uma estrutura melhor de trabalho e pelo tratamento isonômico entre as funções essenciais à Justiça”.

Orçamento

O III Diagnóstico da Defensoria Pública no Brasil registrou o percentual orçamentário recebido pelo Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública nos estados. De acordo com o estudo, em média o Poder Judiciário dos Estados absorve 5,34% dos gastos totais do estado, enquanto que o orçamento do Ministério Público é em média de 2,02% do orçamento do estado e o da Defensoria Pública em média de 0,40% do total de gastos.

A previsão orçamentária para a Justiça da União em 2012 é de 29,7 bilhões de reais e para a Defensoria Pública da União de apenas 131 milhões de reais, o que representa 0,056% do orçamento da União.

Organização dos Estados Americanos

A 41º Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), realizada no período de 5 a 7 de junho de 2011, em El Salvador, aprovou, por unanimidade, a Resolução AG/RES. 2656 (XLI-0/11), que trata das "Garantias para o acesso à Justiça". O documento é o primeiro ato normativo aprovado pela OEA que aborda o tema do acesso à Justiça como um direito autônomo, que permite exercer e proteger outros direitos, além de impulsionar o papel da Defensoria Pública como ferramenta eficaz para garantir o acesso à Justiça das pessoas em condição de vulnerabilidade.

A Resolução reconheceu que o acesso à Justiça como direito humano fundamental e que esse direito não se esgota com o ingresso na instância judicial, se estendendo ao longo de todo o processo, que deve ser instruído segundo os princípios que sustentam o Estado de Direito, como o julgamento justo, e se prolonga até a execução da sentença.

Fonte: Assessoria de imprensa da Associação Nacional dos Defensores Públicos – ANADEP -
04 Oct 2011