"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

OS TRAPALHÕES

 

Sou uma pessoa nostálgica. Uma das boas lembranças que tenho de minha infância é ficar no colo do meu falecido avô assistindo “Os Trapalhões”. Eu adorava. É por isso que devo agradecer ao governo Dilma por resgatar lembranças tão doces de minha vida. Acompanhar os atos de seus ministros é voltar no tempo, é como ver as trapalhadas da turma do Didi. 



Comecemos pelos malabarismos contábeis que o governo fez para apresentar o superávit fiscal de 2012. A coisa foi tão primária que faria um mágico de festa infantil ruborizar diante do amadorismo. Poderiam ao menos ter chamado um David Copperfield para ajudar a esconder as peripécias!
 
O ministro Mantega é imbatível. Sua declaração sobre a taxa de câmbio comprova: “O câmbio é flutuante, mas, se exagerar na dose, a gente vai lá e conserta.” Ou seja, o câmbio flutua, desde que na direção do valor que o governo considera “correto”.
 
Na mesma linha, o ministro Lobão (não confundir com o músico inteligente) nos brindou com essa pérola ao falar sobre o aumento da gasolina: “O mercado é livre, mas não deve exceder o limite do razoável.” Traduzindo: o mercado é livre, desde que coloque o preço que eu considero razoável.
 
Quem precisa de preços tabelados quando se tem uma “liberdade” dessas? O governo Dilma demonstra a cada dia seu forte ranço intervencionista. Pretende controlar toda a economia. Triste o país em que os preços mais importantes são todos decididos pelo governo!
 
Mas o nexo causal nunca foi o forte dessa equipe econômica. Eles acreditam que a economia ainda não se recuperou a despeito de suas fantásticas medidas. Não passa por suas brilhantes cabeças que é justamente o contrário: a economia patina e a inflação sobe por causa do governo!
 
Os investidores estão assustados com o grau de intervenção arbitrária. Também, pudera: a presidente usa seu poder para criar “campeões nacionais”, enquanto todos os privilégios e subsídios concedidos acabam prejudicando o restante, longe das graças estatais. O cobertor é curto. Para ajudar os “amigos do rei”, o governo tem destruído setores inteiros.
 
Basta ver o que aconteceu com o setor elétrico. As estatais foram dizimadas em bolsa, pois o governo, com foco no curtíssimo prazo, decidiu dar mais uma ajudinha aos industriais. Quem, em sã consciência, investiria em geração de energia em um cenário desses?
 
Mas isso não impediu a presidente de fazer propaganda eleitoral, anunciando a queda das tarifas e abusando do ufanismo boboca: quem critica a medida está contra o país!
 
A Petrobras tem sido utilizada para fins políticos desde o começo da gestão petista. O governo segura o preço da gasolina defasado para não impactar as taxas de inflação. Faltam recursos para a estatal investir, e sua ineficiência cria a necessidade de importação de combustível.
 
O Brasil perde, mas nunca se esqueçam de que “o petróleo é nosso” e a Petrobras é motivo de “orgulho nacional”.
 
Curiosidade: por que a presidente não fez uso da rede nacional de rádio e televisão para comunicar ao povo o aumento da gasolina, como fez para anunciar a queda das tarifas de eletricidade? Pergunta retórica, claro. Sabemos a resposta.
 
Mas o governo tem cartas na manga para conter a “inflação” (na verdade, o índice oficial, não a inflação verdadeira). A gasolina aumentou? Então basta aumentar a parcela de etanol na sua composição, diluindo o efeito. Se o próximo vilão for o feijão, já sabemos qual a solução: basta acrescentar mais água na feijoada!
 
Não devemos ficar surpresos com tais trapalhadas, quando lembramos que a Argentina é admirada por nosso governo, e que Delfim Netto é bastante influente na economia. Aliás, Delfim influencia nossa economia há décadas, sempre perto do poder. É uma espécie de Sarney da economia. O Brasil idolatra o fracasso.
 
O resumo da ópera bufa? Não temos mais câmbio flutuante, a Lei de Responsabilidade Fiscal foi abandonada, a inflação ameaça sair de controle, os bancos públicos criaram uma bolha de crédito, a inadimplência aumentou, os investimentos não vêm e a economia não cresce. Promissor?
 
O crescimento dos últimos anos, que já foi medíocre, teve boa ajuda externa. Tanto que nossa produtividade não aumentou quase nada. Tivemos um empurrão da alta das commodities. Isso acabou. E agora? Como crescer com esses trapalhões no governo?
 
Eu achava graça nas piadas dos Trapalhões. Elas eram inofensivas, ainda que politicamente incorretas para nossos padrões chatos de hoje. Mas as trapalhadas do governo não têm a menor graça. Elas vão custar muito caro ao Brasil.

05 de fevereiro de 2013
Rodrigo Constantino é economista

DILMA DISTRIBUI ABADÁS PARA A BASE ALIADA

 

Em ritmo carnavalesco, saltitante após assegurar as presidências da Câmara e do Senado para a base aliada, a presidenta Dilma Rousseff enviou medida provisória ao Congresso, determinando novos procedimentos internos para as duas Casas até meados de abril.

"Quem estiver com o governo, vai ganhar um abadá vermelho e circulará pelo Congresso protegido por um cordão de isolamento", disse, em cima de um trio elétrico. "A oposição fica na pipoca, minha filha", asseverou, diante de uma jornalista.

Renan Calheiros exigiu pressa na aprovação de abadás e cordões de isolamento

Fantasiado de Chapeuzinho Vermelho para agradar a presidenta, Renan Calheiros exigiu, em caráter de urgência, que a gráfica do Senado imprima 1,7 milhão de folhetos com as letras das marchinhas que devem ser cantadas pela base governista. Em função do prazo exíguo, Calheiros permitiu o aditamento do custo incial, multiplicando por cinco o valor da ecomenda, além de autorizar que doze competentes parentes de Sarney fossem contratados temporariamente a fim de agilizar o processo.

A marchinha "Mamãe eu quero / Mamãe eu quero / Mamãe eu quero mamar / Dá Ministério / Dá Ministério / Dá Ministério pro PMDB não chorar" caiu na boca dos foliões do Congresso.

Em linha com os festejos momescos, membros da JPPC (Juventude Petista Petista pra Cacete) organizaram um bloco de Carnaval para defender as vítimas do mensalão.

Em resposta, Aécio Neves divulgou uma nota dizendo que está muito ocupado, mas irá se pronunciar depois que o Carnaval passar.

05 de fevereiro de 2013
The i-Piaui Herald

UDENISMO DO SÉCULO 21

 

Em matéria de hipocrisia, 2013 começou farto. Depois da surpresa oficial pelas 235 mortes na arapuca de Santa Maria, a imprensa e instituições públicas desataram mais uma campanha moralista a posteriori e investiram contra as boates Kiss Brasil afora.

Recorrem a uma espécie de udenismo do século 21 para explicar o incêndio criminoso e “descobrem” que apenas 11% dos municípios brasileiros têm seções do Corpo de Bombeiros. Nem a sede da prefeitura do Rio escapou ao surto de ordem pública.

O "Piranhão", como é popularmente conhecido o prédio onde o sempre sorridente Eduardo Paes dá expediente, não possui alvará nem foi vistoriado pelos Bombeiros nos últimos anos.

O alcaide carioca, entretanto, está vigilante. Após o incêndio no Sul, prontamente elevou a multa para os locais públicos que funcionam ilegalmente.

O festival de sem-vergonhice que assola o País manteve-se no Planalto mesmo durante o luto nacional pelos jovens assassinados no Rio Grande do Sul.

De olho na “governabilidade”, Dilma bancou dois conhecidos vestais na chefia do Congresso. Nem se importou de um deles, Renan, apoiado pública ou explicitamente inclusive pelo PSDB e demais partidos de oposição, ser um reincidente que já deveria ter perdido a primariedade após ter sido flagrado agindo na presidência do Senado anos atrás.

Ali e na Câmara, espertamente o governo plantou vices do PT e torce para que a onda moralista atinja seus aliados. Assim, durante o incêndio das instituições, o Partido dos Trabalhadores seria chamado a assumir a presidência do Congresso e resgatar a moralidade da qual os petistas sempre querem nos convencer de que possuem o monopólio.

Nesse ambiente, a esquerda parlamentar cumpriu um papel muito útil. O PSOL lançou candidatura própria e conseguiu dar vernizes de legitimidade ao vestal Henrique Alves. Marcou posição à moda estudantil e angariou substantivos 11 votos.

É o caso de perguntar: não precisamos de movimentos dedicados a fazer política exclusivamente na sociedade para mudar valores e alcançar mudanças objetivas?

Se a política parlamentar convencional é o que é, por que não buscar chamar a atenção para a necessidade de controle social da economia, onde o jogo é realmente jogado?

2013 ainda tem muito a oferecer em termos de desfaçatez. Por exemplo, a Copa se aproxima e a gangue da FIFA volta a cobrar o andamento (será que só o andamento?) das obras nos estádios.

Finge-se de morta diante das sucessivas denúncias (na imprensa estrangeira) de que seus dirigentes são verdadeiros renans e henriques alves do futebol internacional...

Alegrem-se, pois: o ano está só começando e ainda teremos muitas oportunidades de exercitar nosso moralismo de ocasião.

 05 de fevereiro de 2013
Carlos Tautz, é jornalista e coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e controle cidadão de governos e empresas

ISTO NÃO É HUMOR, POR QUE É DESOLADOR!

egurança


05 de fevereiro de 2013

CÂNCER AVANÇA E CAUDILHO CHÁVEZ ESTÁ MUITO DEBILITADO

EXCLUSIVO! DR. MARQUINA REVELA EM DETALHES O ATUAL ESTADO DE SAÚDE DE CHÁVEZ.
O médico venezuelano José Rafael Marquina
Em entrevista exclusivo para SuNoticiero, portal de notícias da Venezuela, o médico venezuelano assegurou que suas publicações por meio da rede social Twitter, revelando o verdadeiro estado de saúde do caudilho Hugo Chávez, continuam ocasionando polêmica entre os venezuelanos e os porta-vozes do governo chavista. O médico vive e trabalha nos Estados Unidos, na cidade de Naples, Florida.
Segundo o Dr. Marquina, Chávez se recupera do processo pós-operatório, mas segue apresentando problemas após complicações de uma cirurgia que "não teve êxito", "que foi um fracasso". Por outro lado, há ainda o avanço da enfermidade. "Eu sempre tenho dito que há uma probabilidade pequena que se recupere da cirurgia e, certamente, segundo as versões oficiais isso tem acontecido".
Ratificou que Chávez esteve entubado e os médicos praticaram uma traquetomia, mas esclareceu que atualmente "já não permanece entubado e não tem a traquetomia, mas apresenta bastante dificuldade de respirar em razão do avanço do câncer.
Além disso, informou que o o câncer continua progredindo, por isso os médicos tiveram que valer-se da toracocentese, um procedimento invasivo para extrair líquido ou ar do espaço pleural com a finalidades de diagnóstico ou terapêuticas. Explicou que isso se realiza mediante um cateter, ou agulha oca, introduzida cuidadosamente no tórax através da pele, geralmente depois de administração de anestesia local. Isto foi feito - segundo o Dr. Marquina - há 10 dias, o que significa que estão removendo líquido que subiu ao pulmão do paciente".
Esclareceu que a realização desse procedimento é a razão pela qual Chávez nao pôde regressar à Venezuela. "É fundamentalmente por isso - afirma o médico, acrescentando que "Chávez sente falta de ar com qualquer tipo de atividade física e, por isso, requer oxigênio as 24 horas".
Ele disse que o chefe de Estado, apesar de ter sofrido uma traqueotomia, poderia proferir algumas palavras, "pode falar cobrindo o buraco de traqueotomia, isto muitas vezes é feito com curativos, mas não o capacita a falar com a força usada. Isto o impede de aparecer e falar publicamente.
Conhecendo o verdadeiro estado de saúde de Chávez, o médico foi enfático ao assinalar que neste ponto da doença "o Presidente está sumamente debilidade, com uma diminuição na capacidade de oxigenar, em decorrência das metástases em nível pulmonar. Fundamentalmente, essa é a razão pela qual Chávez não irá aparecer em público".
Transcrevo no original em espanhol a primeira parte da entrevista do Dr. Marquina. Vale a pena ler, já que o médico apresenta de forma didática e de alcance para os leigos o verdadeiro estado de saúde de Hugo Chávez, que o governo venezuelano continua escondendo. Até hoje nunca foi liberado um boletim médico oficial. O que se sabe com segurança a respeito deve-se ao esforço pessoal do Dr. Marquina. Leiam:
EN ESPAÑOL - En exclusiva para SuNoticiero, el Doctor José Marquina, aseguró que sus publicaciones a través de la red social Twitter, donde revela el verdadero estado de salud del presidente Chávez, continúan ocasionando polémica entre los venezolanos y los voceros del Gobierno Nacional.
Según el médico intensivista, Chávez se está recuperando del proceso postoperatorio, pero sigue presentando problemas tras las complicaciones de una cirugía que “no tuvo éxito”, “que fue un fracaso”, y por otro lado el avance de la enfermedad, “yo siempre he dicho que hay una probabilidad pequeña que se recupere de la cirugía, y ciertamente según las versiones oficiales la ha habido”.
 
Ratificó que el Primer Mandatario Nacional si estuvo entubado y le practicaron una traqueotomía, pero aclaró que en estos momentos “ya el Presidente no está entubado y no tiene la traqueotomía, pero presenta bastante dificultad para respirar producto del avance de la enfermedad”.
 
Informó además que el cáncer ha continuado su progreso, “en el pasado le han estado haciendo toracosentesis ( procedimiento invasivo para extraer líquido o aire del espacio pleural con fines diagnósticos o terapéuticos. Se realiza mediante una cánula, o aguja hueca, introducida cuidadosamente en el tórax a través de la piel, generalmente después de la administración de anestesia local ), se la hicieron hace 10 días, esto significa que a él le están removiendo el liquido subido del pulmón”. El Doctor Marquina aseguró que la realización del mencionado procedimiento es la razón por la que Chávez no ha regresado a Venezuela, “es fundamentalmente por eso, a él le falta el aire con cualquier tipo de actividad física, está requiriendo oxigeno las 24 horas”.
 
Aclaró que el Jefe de Estado a pesar de haberle practicado una traqueotomía pudiera pronunciar algunas palabras, “puede hablar cubriéndose el agujero de la traqueotomía, esto se hace muchas veces con vendajes, no va a poder hablar con la fuerza acostumbrada, su tono de voz va hacer tal vez ronco”, situación que atribuye a la decisión de no aparecer a la luz pública, “por razones más que todo cosméticas de que no va a tener la fuerza en la voz con la que el regularmente lo hace”.
 
Conociendo el verdadero estado de salud de Chávez el Doctor Marquina fue enfático al señalar que a este punto de la enfermedad “el Presidente está sumamente debilitado, con una disminución en la capacidad de oxigenar producto de las metástasis a nivel pulmonar, fundamentalmente esa es la razón por la cual Chávez no va a parecer en público”.
 
Marquina aseguró que el cáncer le va a seguir creciendo en diferentes partes del cuerpo “pero para crear una difusión orgánica va a tardar meses, si embargo calculando la velocidad de crecimiento del tumor y como le ha continuado creciendo sin ninguna respuesta al tratamiento puedo decir con muchísima certeza que no va a poder tener compatibilidad con la vida más allá del mes de abril”
 
En cuanto al regreso del Presidente a Venezuela Marquina consideró que Chávez va a necesitar un equipo de soporte medico bastante grande que no existe en el Hospital Militar, “existe en las clínicas privadas, pero a la hora de una emergencia el Presidente no tiene un buen soporte como lo tiene en el Centro de Investigaciones Medico Quirúrgica (CIMEQ)”.
 
Afirmó que Chávez puede regresar a Venezuela pero debe estar recluido en un hospital “porque está requiriendo cantidades altas de oxigeno, aun está muy débil y pues a este punto de la enfermedad el no puede estar en su casa con una condición respiratoria tan precaria”.
 
Finalmente fijo posición respecto la posibilidad del Presidente de firmar documentos importantes para el país, consideró que existe inconsistencia en la firma presentada por los voceros del Gobierno, “cuando una persona tiene más de 50 días de convalecencia es bastante difícil que pueda hacer una firma, lo digo por mi experiencia propia, cuando tengo un paciente internado en el hospital 10 días y debe firmar alguna autorización la firma no esta tan fuerte como la debería tener, por lo menos se siente algún tipo de irregularidad, es por ello que esa firma me parece perfecta para una persona que ha estado tanto tiempo enferma”.
 
 
05 de fevereiro de 2013
in aluizio amorim

O HEDONISMO SOCIALISTA E A NOSSA ECONOMIA MINGUANTE

    
          Artigos - Movimento Revolucionário
Não há em cena neste momento uma força capaz de interromper essa debacle. Os discípulos de Marcuse estão no poder e não há uma possibilidade imediata de derrotá-los em uma eleição.


Embora os especialistas continuem a escrever como se tivesse havido uma recuperação econômica, os números contam uma história diferente. É a história da falsa recuperação e do contínuo mau investimento. No Business News anuncia-se em manchete: Economia dos EUA encolhe pela primeira fez desde o fim da recessão. Nessa notícia nos é dito que a “economia encolheu inesperadamente no fim do ano passado...” – era assim algo tão inesperado? Nossa sociedade se afastou das antigas regras e das antigas verdades.
 
O hedonismo do mercado agora está junto do hedonismo socialista e, desta forma, nos é dado um novo tipo de sociedade que não entende mais aquilo que é básico na ciência econômica. É uma sociedade que faz empréstimos e se afunda em débito. É uma sociedade que sugere a ideia de tirar algo do nada.


 
E é aí que tem início os nossos problemas. O que vem do nada é o nada. Para que se cresça uma economia é necessário que haja incentivos, especialmente no livre comércio de bens e serviços. Os inimigos do capitalismo e do mercado não gostam desse tipo de liberdade. Melhor condenar essa prática como algo ilusório que não é mais “sustentável”.
Isso explica a ternura dessas pessoas ao falar de “mudanças climáticas, pico do petróleo e contradições internas do capitalismo”. Obstáculos de todos os tipos devem ser colocados no caminho do sistema de mercado. Os homens não devem ser livres para comprar e vender. E, finalmente, quando se obtém a pobreza como resultado desse pisoteio do sistema de livre mercado, este último mesmo assim será culpado.
 
Em conferência proferia na Escola de Frankfurt no dia 28 de julho de 1967, o “filósofo” Herbert Marcuse projetou o futuro caminho da Nova Esquerda. “Estamos lidando com a dialética da libertação”, explicou Marcuse. Essa libertação era de um sistema repressivo. Com efeito, esse sistema havia se tornado opulento, poderoso e funcional; mas o sistema (segundo Marcuse) era moralmente mau e caracterizado pela “servidão voluntária”. Marcuse havia abandonado desde muito as fórmulas estritas do marxismo em favor de uma fórmula revolucionária mais frouxa e hedonista.
É aí a raiz do marxismo cultural que pregava a liberação feminina, o casamento gay e o moderno estado de bem-estar social. E é isso o que o marxismo se tornou no opulento Ocidente.
 
De acordo com Marcuse, “se o socialismo é definido em sua maioria por termos utópicos, nomeadamente (...) a abolição do trabalho (então se pressupõe)... uma transvaloração dos valores, uma nova antropologia”. Nesse caso, o socialismo pressupõe “um tipo de homem que rejeita os princípios vigentes que estabilizaram as sociedades: um tipo de homem que se livra da agressividade e da brutalidade que são inerentes à organização de uma sociedade estabelecida e da sua moralidade hipócrita e puritana...”
 
É aí que Marcuse, como o pai da Nova Esquerda, lega aos seus discípulos o ideal ao qual eles ainda mantém firmemente incorporado nos dias de hoje. É o iceberg em que o navio estatal está se arrebentando. É a ideia do algo por nada – do prazer sem trabalho, da civilização sem moralidade.
Segundo Marcuse, o novo homem não precisa trabalhar. Ele dedica seu tempo “às pequenas alegrias e prazeres sem peso na consciência”. Rejeitando o princípio vigente, ele é incapaz de se superar. Em suma, ele é o homem socialista – e também é o “último homem” do qual Nietzsche falou: “A terra tornar-se-á então menor, e sobre ela andará aos pulos o último homem, que tudo apouca.”
 
Agora vemos como a ética trabalhista se deteriorou. As rebeliões na década de 1960 não se tratavam de uma fase passageira, mas sim a transvaloração como dita por Marcuse. Vemos também como tudo diminuiu. O próprio homem se diminuiu conforme foi se tornando cada vez mais incapaz de cuidar de si mesmo, já que vive sob um inchado estado de bem-estar social.
 
No ano de 1900, boa parte dos americanos nasceu em fazendas. Agora consideremos o que se necessitava para manter uma fazenda naquele ano.
Alguém atualmente trabalha tão duro quanto aqueles americanos? A transição de uma sociedade rural para uma sociedade urbana nos trouxe muitos benefícios. Benefícios esses adquiridos por causa da prevalência da nossa capacidade intelectual.
Ao invés de trabalharmos duro da aurora ao entardecer, somos assistidos por máquinas, astutos engenheiros e organizadores capitalistas que nos salvam de ter de enfrentar a extenuante labuta do dia a dia.
Assim, deveríamos todos nos lembrar que é o capitalismo que mobilizou essa capacidade intelectual. É o investimento e o mercado que nos livrou do trabalho árduo, não o socialismo. Ao contrário, são os socialistas que organizaram um ataque a esse mesmo mecanismo que trouxe a verdadeira libertação para milhões de pessoas.
 
“Essa é a libertação de um sistema falso, mau e repressivo”, disse Marcuse na conferência de 1967. Mas ele estava errado. O capitalismo é o libertador e o falso sistema é o socialismo. Ironicamente, foi o capitalismo que tornou o socialismo hedonista possível. Foi a abundância do capitalismo que permitiu o advento do estado de bem-estar social que perdura até hoje, cada vez mais forte. Sem abundância não haveria o quê redistribuir.
A conversão para um socialismo hedonista é, portanto, produto de um bem-sucedido – porém pouquíssimo cauteloso – sistema capitalista. O marxismo de hoje não é o marxismo da revolução do proletariado, e sim o marxismo do governo que dá brindes e dos grupos de interesses especiais.
 
Como sugerem as notícias, a economia está encolhendo e assim ela prosseguirá. Não há em cena neste momento uma força capaz de interromper essa debacle.
Os discípulos de Marcuse estão no poder e não há uma possibilidade imediata de derrotá-los em uma eleição.
O estado de bem-estar social continuará a crescer mesmo quando o lado produtivo da economia estiver diminuindo. Tendo em mente que a economia de livre mercado é parte do nosso patrimônio herdado, não há mais o que dizer sobre esse assunto, porém finalizarei com uma citação do livro The Strange Death of Marxism de Paul Gottfried, no qual ele escreve:
“A esquerda pós-marxista vai muito além dos movimentos totalitários do passado (...) ao rejeitar enfaticamente a cultura ocidental e seu patrimônio histórico.”

05 de fevereiro de 2013
Jeffrey Nyquist
Publicado no Financial Sense.

O TOMBO DA GIGANTE

PETROBRAS TEM MENOR LUCRO EM OITO ANOS

 

Lucro da Petrobras em 2012 recua 36%, para R$ 21,18 bi, o pior resultado em oito anos

Defasagem nos preços da gasolina e do diesel, aumento das importações de combustíveis, alta do dólar, queda de 2% na produção e poços secos. Estas são as causas que explicam o menor resultado registrado pela Petrobras nos últimos oito anos. A estatal obteve um lucro líquido no ano passado de R$ 21,18 bilhões, uma queda de 36% em comparação aos R$ 33,3 bilhões do ano anterior.

Foi menor lucro da estatal desde 2004, quando registrou ganho de R$ 17,8 bilhões. Considerando os valores nominais, ou seja, com a inflação do período embutida nos números, a queda percentual é a maior desde a registrada em 1995 (48,7%), ano seguinte à implementação do Plano Real, que estabilizou a moeda. Os números são da base de dados da consultoria Economatica.

No quarto trimestre do ano passado, o resultado de R$ 7,7 bilhões foi 39% maior do que os R$ 5,5 bilhões do trimestre anterior. Os reajustes de 7,83% dado à gasolina e de 3,94% para o diesel em junho, seguidos de mais 6% para o diesel no mês seguinte, contribuíram para a melhoria do resultado da companhia no último trimestre do ano.

No comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirma que o resultado se deveu principalmente ao aumento das importações de derivados a preços mais elevados em relação aos de venda no mercado interno e à desvalorização cambial, que impactou tanto os resultados da companhia como seus custos operacionais.

Graça Foster explica ainda que o resultado também foi influenciado por despesas extraordinárias, como a baixa de poços secos, além da queda de 2% na produção de petróleo em 2%, que ficou em 1,98 milhão de barris por dia.

O resultado do quarto trimestre veio um pouco acima do esperado pelo mercado. Segundo Leonardo Alves, analista da corretora Safra, a Petrobras surpreendeu graças à venda de títulos públicos e à economia com impostos, que contribuíram com R$ 2,78 bilhões para o lucro líquido nos três últimos meses do ano.

- São resultados que não se repetem. É um dinheiro que entrou no caixa da companhia no trimestre passado, mas que não entra mais no futuro - afirma Alves. - Descontado isso, os números de produção vieram dentro do que era esperado pelo mercado.

Alves diz que o dado negativo ficou por conta da relação entre o endividamento e o lucro antes dos impostos (Ebitda) da companhia, que chegou a 2,77 vezes. Segundo ele, um número acima de 2,5 vezes coloca em risco o grau de investimento da Petrobras, o que significa que pode ficar mais caro para a empresa tomar dinheiro emprestado no mercado:

- Mas não quer dizer que a nota de classificação de risco da Petrobras será imediatamente cortada. Só que é algo que se precisa acompanhar.

No ano passado, a Petrobras importou 433 mil barris diários de combustíveis, principalmente gasolina e diesel, volume 12% maior do que os 387 mil barris diários no ano anterior. Isso porque o consumo de combustíveis no país cresceu 8%.
A demanda por gasolina aumentou 17%. Ao todo, incluindo petróleo, as importações totalizaram 779 mil barris diários, 4% a mais em relação aos 749 mil barris diários do ano anterior.
A área de Abastecimento teve um prejuízo em 2012 de R$ 34,5 bilhões, por causa da defasagem dos preços dos combustíveis, representando um aumento de 136% em relação ao prejuízo de R$ 14,5 bilhões no ano anterior.

Já as exportações de petróleo e derivados caíram 13%, totalizando 548 mil barris diários, contra 631 mil barris diários no ano anterior.

No ano passado, a Petrobras investiu R$ 84,1 bilhões, um aumento de 16% em relação aos R$ 72,5 bilhões do ano anterior. Para este ano a companhia prevê investimentos de R$ 97,7 bilhões.
Segundo Hersz Ferman, gestor da Yield Capital, o resultado reflete em parte as intervenções do governo na companhia. Segundo ele, somente num cenário de desaceleração da inflação a Petrobras vai conseguir um novo reajuste no preço dos combustíveis.

- O governo não tem deixado a Petrobras atuar como uma empresa voltada ao lucro. Está difícil para a empresa equilibrar assim a necessidade de fazer investimentos gigantes - afirma.

Ontem, as ações da Petrobras fecharam em queda na Bovespa. Os papéis preferenciais (PN, sem voto) chegaram a recuar 3,09%, antes de fechar em baixa de 2,49%, cotadas a R$ 18. As ações ordinárias (ON, com voto) caíram 2,79%, a R$ 18,10. O Ibovespa fechou em queda de 1,29%.

Luis Gustavo Pereira, estrategista da Futura Corretora, diz que, além das expectativa sobre o resultado, a Petrobras foi afetada ontem na Bolsa pela queda de 4,9% da produção de petróleo em dezembro, como informou a ANP.

- No longo prazo, a defasagem dos combustíveis segue pesando.

05 de fevereiro de 2013
Bruno Villas Bôas
O Globo

A PETROBRAS ADERNA

 

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São horrorosos os resultados divulgados ontem pela Petrobras.
Há muito tempo não se via tantos recordes negativos enfileirados como no balanço da companhia referente a 2012.
Sob o peso da má gestão petista, a maior estatal brasileira continua adernando e só não naufragou de vez em razão da musculatura que conseguiu acumular depois da abertura do mercado nacional à concorrência privada, na década de 1990.
Onde quer que se analise o balanço da companhia, os resultados são ruins. O lucro caiu 36% em relação a 2012, na maior queda anual em quase seis décadas de história da empresa, segundo a Folha de S.Paulo:
o valor apurado, de R$ 21,2 bilhões, é o menor desde 2004.
Mesmo o lucro alcançado no quarto trimestre - que foi até comemorado pelos analistas - é o pior desde 1999 para meses de outubro a dezembro, quando corrigido pela inflação.
A produção de petróleo da Petrobras caiu 2% no ano passado.
É apenas a terceira vez que isso ocorre nos 59 anos de história da companhia. Assim, Dilma Rousseff agora faz parte do panteão onde estão Fernando Collor, que levou a empresa a uma queda em 1990, e Luiz Inácio Lula da Silva, que conseguiu a proeza em 2004.
Eles se merecem.
Desde que o PT chegou ao poder, há dez anos, a Petrobras nunca cumpriu as metas de produção a que se propôs. Em 2012, mesmo com a revisão, para baixo, dos objetivos determinada em junho pela nova presidente da companhia, Graça Foster, o resultado não foi alcançado.
Neste ano, a produção da empresa deve manter-se estagnada.
Em decorrência, a despeito das gigantescas reservas do pré-sal - ou até pelas estapafúrdias regras que o governo do PT determinou para sua exploração -, a produção de petróleo no Brasil é cadente:
foram 14 milhões de barris a menos no ano passado, com queda de 2,07% em comparação com 2011, segundo divulgou ontem a Agência Nacional do Petróleo.
Com participação compulsória na operação do pré-sal, a Petrobras paga o pato. Seu nível de endividamento aproxima-se do limite estipulado pelas agências de avaliação de risco para concessão de grau de investimento. A relação entre dívida líquida e geração de caixa da companhia já estourou a barreira de 2,5 observada pelos investidores.
Como consequência, a Petrobras deverá ter crescentes dificuldades para capitar dinheiro para fazer frente a seu bilionário plano de investimentos - são US$ 236,5 bilhões para o período 2012-2016. Só em 2012, a dívida líquida cresceu 43%, para R$ 147,8 bilhões.
A tendência é os empréstimos à companhia ficarem cada vez mais caros e os projetos serem abandonados, como os das refinarias Premium do Maranhão e do Ceará, ou postergados, como o do Comperj, no Rio.
Uma das razões mais evidentes para o mau desempenho da Petrobras é o uso que o governo petista faz da empresa como âncora da inflação. Os combustíveis passaram anos sem sofrer reajuste na bomba, à custa de prejuízos da Petrobras - que paga por eles no exterior mais do que cobra no mercado interno.
Em 2012, o rombo foi de R$ 22,9 bilhões, ou mais de duas vezes os R$ 9,9 bilhões registrados no ano anterior.
No ano passado, a empresa que por décadas foi a maior do Brasil passou a valer menos que a Ambev. É incrível, mas, no país do pré-sal, fabricar cerveja dá mais dinheiro do que produzir petróleo. Recorde-se que, no segundo trimestre, a Petrobras já alcançara a proeza de registrar prejuízo de R$ 1,34 bilhão, o primeiro em 13 anos.
No ranking mundial, a Petrobras também segue mar abaixo. Dois anos atrás, a estatal brasileira chegou a ser a terceira maior petroleira do planeta em valor de mercado; hoje é apenas a oitava, de acordo com O Globo.
Desde outubro de 2010, a empresa perdeu US$ 106,7 bilhões, a maior queda entre as empresas mundiais do setor.
A queda das ações alcança 36% desde então.
Significa dizer que praticamente todo o valor aportado na maior capitalização da história (US$ 120 bilhões) simplesmente evaporou.
A Petrobras vai mal num segmento da economia em que suas concorrentes vão muito bem. No ano passado, o barril de petróleo cotado a mais de US$ 100 permitiu a companhias como Exxon Mobil, Royal Dutch Shell e Chevron apresentarem aumento de lucro de 6%, 3% e 41%, respectivamente.
As perspectivas da estatal brasileira não são boas, penalizando também os pouco mais de 32 mil trabalhadores que ainda mantêm parte do seu FGTS aplicado em ações da Petrobras - em 2000, quando a operação foi realizada, eram 310 mil. O valor aplicado caiu 70% em cinco anos, registra o Correio Braziliense.
A própria empresa admite que a recuperação não virá em 2013.
A Petrobras continuará sujeita aos mesmos percalços que lhe garroteiam o desempenho:
a demanda de combustíveis continuará subindo, forçando mais importações
(a alta em 2012 foi de 12%), com preços no varejo defasados em relação ao exterior para que o governo Dilma segure a inflação.
A Petrobras está adernando porque as políticas adotadas pelas gestões petistas para o setor de petróleo são equivocadas. As regras estatizantes do pré-sal e a exigência de conteúdo nacional impuseram custos adicionais à operação da empresa, além de terem levado a adiamentos de projetos.
A ingerência política atingiu níveis nunca antes vistos, conforme denunciourecentemente o representante dos trabalhadores no conselho de administração da companhia.
Parafraseando o que disse Graça Foster logo depois de ter assumido a estatal há exato um ano, a história recente da Petrobras é algo para ser aprendido e nunca repetido.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
A Petrobras aderna

QUEDA NA PRODUÇÃO DE BENS DE CAPITAL NÃO É BOM SINAL

 

Apesar dos estímulos distribuídos pelo governo, a indústria teve um desempenho decepcionante em 2012. A produção industrial caiu 2,7%, o pior resultado desde o tombo de 7,4% em 2009, ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,6%, no auge do impacto da crise internacional na economia brasileira.
 
A desoneração da folha de pagamentos, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o corte dos juros, o aumento da oferta de crédito e a desvalorização cambial não foram suficientes para reanimar a indústria, que havia crescido apenas 0,4% em 2011.
 
Nos raros setores em que ocorreu, a recuperação foi errática e não contagiou outras áreas.
 
Estoques elevados, dificuldade para exportar, queda na confiança do empresariado, além do alto endividamento e da inadimplência das famílias afetaram a produção industrial. O desempenho decepcionante da indústria em 2012 alimentou as previsões pessimistas para a economia daquele ano e também as deste ano.
 
A indústria tem um peso de 27,5% no PIB.
 
A indicação mais negativa foi a queda de 11,8% na fabricação de bens de capital, o que aponta investimentos fracos pela frente, embora tenha havido alguma importação. Os investimentos não mostram sinais de retomada e devem ter completado em 2012 seis trimestres seguidos de queda.
 
A queda de 36,2% na fabricação de caminhões e ônibus, que fazem parte dos bens de capital, teve grande influência. A produção de caminhões despencou com a introdução obrigatória de novos motores com tecnologia menos poluente e mais cara a partir de 2012, o que levou a uma onda de antecipação de compras no fim de 2011, criando uma base mais elevada de comparação e esvaziando a demanda do ano passado.
 
A fim de reativar a demanda, o governo baixou os juros da linha do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o financiamento de caminhões e permitiu sua depreciação acelerada, reduzindo o imposto a pagar. Mas o resultado desses incentivos foi fraco.
 
Houve também recuo na produção de outros tipos de bens de capital, como material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicação, 13,5%; e de máquinas e equipamentos, 3,6%. A única exceção foi nos bens de capital para a agricultura, que fechou o ano com crescimento de 3,5%.
 
O desastre no setor de caminhões também foi responsável pela queda de 13,5% da produção de veículos automotores - setor que tem peso de 11% na indústria -, o pior resultado desde 1998, quando desabou 19,3%. Fazem parte desse grupo os automóveis, cuja produção fechou o ano em queda de 1%, apesar da reação no segundo semestre, após a redução do IPI e a facilitação do financiamento.
 
A fabricação de automóveis aumentou 8,5% no terceiro trimestre e 11,4% no quarto, mas não compensou o mergulho do início do ano, de 18,6% no primeiro trimestre e 2,9% no segundo.

Há o receio, com fundamento, de que a retirada gradual do benefício fiscal e o endividamento elevado das famílias possam levar a nova desaceleração na fabricação de veículos, o que também pode acontecer com os eletrodomésticos da linha branca. Ruim com eles, pior sem eles.

Um fato positivo é a redução dos estoques elevados, que influenciaram negativamente o desempenho de vários setores em 2012. De acordo com levantamento da FGV, os estoques caíram no segmento de bens duráveis, mas estão ainda elevados em bens de capital. Outro fator positivo é o aumento das consultas por crédito junto ao BNDES.

O consumo doméstico continua avançando, com emprego e salários elevados. Mas isso não é garantia para a indústria nacional porque a demanda tem sido em parte atendida pelos importados dada a baixa competitividade nos produtos domésticos causada pelas distorções tributárias, logísticas e mão de obra cara.
 
O desempenho deste ano vai depender da solução de vários desses problemas antigos. A desoneração da folha de pagamento e a redução do custo da energia vão nessa direção, mas estão longe de representar uma solução definitiva para os problemas de competitividade da indústria nacional.
 
Setores pioneiros na desoneração da folha tiveram desempenho ruim, como demonstram a indústria de vestuário, cuja produção diminuiu 10%, e o de calçados, que caiu 3,6%.

Valor Econômico
05 de fevereiro de 2013

E NO "CONGREÇU" DA REPÚBLICA DOS TORPES, AS NULIDADES SAÍRAM DO ARMÁRIO

 

 
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O congressista bateu no peito e me disse, em alto e bom som:
Vocês não sabem o que é a mente de um deputado ou senador.
Durante muito tempo, fomos criticados como os mais corruptos soldados do atraso nacional, porque os brasileiros vivem angustiados, com sensação de urgência. Problema deles:
apressadinhos comem cru.
Nosso conceito de tempo é outro.
E doce morar lentamente dentro dessas cúpulas redondas, não apenas para "maracutaias" tão "coisas nossas", mas porque temos o direito de viver nosso mandato com mansidão, pastoreando nossos eleitores, sentindo o "frisson" dos ternos novos, dos bigodes pintados, das amantes nos contracheques, das imunidade s para humilhar garçons e policiais.
Detestamos que nos obriguem a "governar".
Inventaram as tais "fichas limpas", nos xingavam de tudo, a ponto de nossa credibilidade ficar realmente abalada.
Pensamos muito no que fazer para limpar o nome do Congresso.
Mas a pecha de traidores colou em nós.
Não podíamos ficar expostos à chacota da opinião pública, nem ser admoestados pelo Supremo Tribunal Federal, que resolveu se meter em política, principalmente depois que aquele negão pernóstico (bons tempos em que chamávamos mulatos cultos de "pernósticos"), resolveu pegar em nosso pé.
Tivemos então a grande ideia, graças a nosso eterno líder Sarney, de fazer algo impensável! Ele já tentara votar 3.000 MPs em um só dia, lembram?
Aquilo nos inspirou e resolvemos então:
vamos sair do armário! Resolvemos assumir o que dizem de nós.
Vocês não imaginam o alívio que isso despertou em todos nós.
A gente andava cabisbaixo nos corredores, humilhados nas ruas, vaiados em restaurantes, até que veio a ideia genial.
A vitória de Renan e Henrique Alves será uma bofetada na cara dos moralistas de direita, essa UDN difusa como bem denunciou nosso companheiro Dirceu. Como foi simples a ideia!
Foi oriunda do próprio Renan, e apoiada pelos companheiros peronistas do PT.
É isso mesmo, qual é?
Não somos santos coisa nenhuma.
Somos cobras criadas.
Nós somos escolhidos entre os mais espertos dentre os mais rombudos.
A estupidez nos fornece uma estranha forma de inteligência, uma rara esperteza para golpes sujos e sacos puxados. Nós somos fabricados entre angus e feijoadas do interior, em favores de prefeituras, em pequenos furtos municipais, em conluios perdidos nos grandes sertões.
Nós somos a covardia, a mentira, a ignorância.
Nós somos a torta escultura feita de gorjetas, de sobras de campanha, de canjica de aniversários e água benta de batismos.
Somos mesmo, e daí?
Para nós, "interesse nacional" não existe.
Estamos aqui para lucrar - se não, qual a vantagem da política?
Vocês não imaginam a delícia de sermos chamados de "canalhas", o prazer de se sentir acima da ridícula moralidade de classe média.
O PMDB está de parabéns - assumiu que nossa bandeira eterna é a visão de mundo do Sarney, nosso guia.
Vocês viram como ele chorou no dia em que passou a presidência para o Renan?
Ele chorou por sua vida de lutas para manter nossa doce paralisia, a cordial tradição de patrimonialistas e oligarcas.
Ele não chorou pelo Maranhão, que domina há 60 anos - chorou por si mesmo. Que alívio!
Não lutaremos mais para demonstrar boa conduta.
Ao contrário, queremos o descrédito popular para sempre.
Assim, esses jornalistas metidos a vestais terão o que merecem, pois o povo vai desistir de nós. Não julgarão mais nossos atos, pois saberão que é inútil.
Queremos que o público perca qualquer esperança de mudanças.
Queremos a desesperança do povo, queremos uma opinião pública angustiada e enojada de nós. Assim, teremos o sossego da irresponsabilidade total!
E o inesperado poder que isso nos deu?
É maravilhoso.
Estamos unidos por nossa verdade, como um movimento de minorias, como gays, sei lá. Podemos apoiar e bloquear o Executivo sem hesitar, principalmente porque contamos com o apoio incondicional de nossos companheiros peronistas do PT. Como não pensamos nisso antes?
Por exemplo, outro dia, o companheiro Gilberto Carvalho, da Casa Civil de d. Dilma Rousseff disse:
"Em 2013, o bicho vai pegar!"
Que será que ele quis dizer?
Vai pegar em quem?
E que bicho?
A cobra urutu-cruzeiro, o bicho de sete cabeças ou o chupa-cabras?
Eu acho que ele deu uma dica de que o bicho vai pegar na liberdade de expressão... Por quê?
Porque nos últimos dias, houve indícios de um desejo antigo dos companheiros do PT:
o controle da mídia.
Isso.
Para eles é uma questão "ideológica", mas, para nós, um feriado luminoso. Imaginem o descanso de Jucá, Lobão Pai e Filho, Renan - que brilhantemente glosou a máxima de que "fins justificam meios" com a frase imortal:
"Ética é um meio, não um fim" ou a bela bravata do Lobinho:
"O último que quis serves- tal aqui foi desossado!"
(assim como os bois imaginários do Renan e Jucá).
Eles querem a imprensa?
Nós topamos tudo.
Podem levar.
Aliás, houve várias mensagens cifradas do PT.
Em Cuba, o nosso Lula, que foi lá para ver se o Chávez ainda está vivo, declarou na ilha que a imprensa é inimiga do povo, que ele é atacado pelos capitalistas do mal, etc...
O Rui Goethe Falcão repetiu a lengalenga. No outro dia, o Dirceu fez um discurso conclamando a "militância" a lutar contra a direita da imprensa e o heróico ex-jornalista Franklin Martins está se encontrando com a presidente.
Se for esse o bicho que vai "pegar", contem conosco.
Seria maravilhoso não só para os comunas esse muro de Berlim, mas para nossos malandros da "mão grande", melhor ainda.
A Dilma andou dizendo que nunca permitirá a censura à imprensa...
Vamos ver.
Ela é brava, mas não vai resistir ao cerco político de seus stalinistas e de nossos puxa-sacos bem treinados, num país onde a oposição se suicidou por burrice e preguiça, o bicho pode mesmo pegar.
Estamos às ordens.
Parabéns Renan e Henriquinho, vocês são nossos vingadores.
Arnaldo Jabor
O Congresso saiu do armário
05 de fevereiro de 2013