Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania.
Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos.
Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...) A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
O Presidente do Banco Mundial, RobertZoellick, disse que os dias do presidente venezuelano Hugo Chávezestão contadose que os líderesdemocráticosda América Latinadeve começar ase preparar paraver o surgimento denovas oportunidadesna região. Em declaraçõesdadasna noite dequinta-feira em reunião doInter-American Dialogue,centro de pesquisapolíticacom sede em Washington, Zoellickdisse que umamudança de governona Venezuelapoderia levara América Latinaa uma nova era.
"Osdias de Chávez estão contados.Seos subsídiosparaCubae Nicaráguaforem removidos, essesregimesterão sérios problemas.Os democratasda América Latina, de centro, esquerda edireita,devemse preparar", disseZoellick." Os clamorespor democracia, pedindoum fimpara intimidações,proteção dos direitos humanos, eleições justase Estadode direito,deveriam vir detodos os lugares", acrescentou ochefe doBanco Mundial. Ele acrescentou queo desaparecimento doregimeliderado porChávezcriarágrandes oportunidades paraas forças democráticasda região."Em breve, haveráuma chance detornar o Hemisfério Ocidentalno primeiro hemisfériodemocrático.Não é um lugarpara ditadorese cocaína,mas para o desenvolvimento, democracia edignidade." (Nuevo Herald)
BRASÍLIA – Investigação do Ministério Público aponta indícios de irregularidades graves em convênios do governo federal com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) de São Paulo. Entre 2006 e 2010, essas entidades receberam cerca de R$ 12 milhões dos cofres públicos destinados à capacitação de estudantes e promoção de eventos culturais e esportivos.
No caso da UNE, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Marinus Marsico identificou o uso de notas fiscais frias para comprovar gastos. E detectou que parte dos recursos liberados pelo governo federal foi usada na compra de bebidas alcoólicas e outras despesas sem vínculo aparente com o objeto conveniado.
Ao analisar as prestações de contas do convênio do Ministério da Cultura com a UNE para apoio ao projeto Atividades de Cultura e Arte da UNE, o procurador Marsico constatou gastos com a compra de cerveja, vinho, cachaça, uísque e vodca, compra de búzios, velas, celular, freezer, ventilador e tanquinho, pagamento de faturas de energia elétrica, dedetização da sede da entidade, limpeza de cisterna e impressão do jornal da UNE. Além disso, encontrou diversas notas emitidas por bares em que há apenas a expressão “despesas” na descrição do gasto.
No fim de maio, o procurador formalizou representação ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que a Corte investigue o uso dos recursos federais repassados à UNE e à UMES, entre 2006 e 2010.
O alvo da representação são 11 convênios, seis da UNE e cinco da UMES, celebrados com os seguintes ministérios: Cultura, Saúde, Esporte e Turismo.
O valor total desses convênios é de R$ 8 milhões, destinados a projetos variados que vão desde a capacitação de estudantes de ensino médio até a realização de duas edições da Bienal de Artes, Ciência e Cultura da UNE. Marsico deu destaque a sete convênios — seis da UNE e um da UMES — no valor de R$ 6,5 milhões, que, segundo ele, concentram os “principais achados”.
Esporte demora a cobrar contas
As notas fiscais frias foram localizadas na prestação de contas que a UNE entregou ao Ministério da Saúde, referente ao convênio de número 623789, de R$ 2,8 milhões, encerrado em 2009.
Esse convênio bancou a Caravana Estudantil da Saúde, em que universitários percorreram as 27 unidades da Federação para discutir saúde pública, com a oferta de testes rápidos de HIV e conscientização sobre a importância de doar sangue.
Marsico informa na representação que quatro notas da empresa WK Produções Cinematográficas Ltda. são “inidôneas”, com base em informações da Secretaria Municipal de Finanças de São Paulo, que não reconheceu a autenticidade dos documentos. Há suspeita de que outras oito notas emitidas por diferentes empresas também não sejam válidas, o que estaria sob apuração da secretaria municipal, de acordo com o procurador. Ele menciona ainda o caso de uma nota fiscal de R$ 91.500, da gráfica e editora Salum&Proença, de Jandira (SP), que teria sido cancelada pela empresa, embora os serviços constem na prestação de contas da UNE.
Outro indício de irregularidade apontado pelo procurador nesse mesmo convênio é a elevação dos gastos previstos com assessoria jurídica de R$ 20 mil para R$ 200 mil, sem justificativa nos autos. Marsico aponta ainda duplicidade de pagamentos, imprecisão do objeto do convênio e a transferência dos recursos da conta oficial para contas bancárias dos produtores da caravana.
Para Marsico, os dados sugerem “possíveis atentados aos princípios da moralidade, da legalidade, da legitimidade e da economicidade, além de evidenciarem possíveis danos ao Erário Público”, segundo destacou na representação ao TCU.
— É lamentável, especialmente pela história de lutas dessas entidades. Elas teriam que ser as primeiras a dar o exemplo à sociedade de zelo no uso do dinheiro público — afirmou o procurador.
Ele chama a atenção para a demora do Ministério do Esporte em cobrar a prestação de contas da UNE no convênio de número 702422, de 2008, no valor de R$ 250 mil. A pasta comandada pelo PCdoB, mesmo partido que controla a UNE, fomentou a “implantação de atividades esportivas e debates” na 6ª Bienal de Artes, Ciência e Cultura. “Quase dois anos após o fim do prazo para a prestação de contas, os documentos ainda não haviam sido encaminhados”, observou Marsico na representação ao TCU, registrando que, “somente após receber o ofício enviado pelo MP/TCU, o órgão (Ministério do Esporte) notificou a UNE sobre a omissão”.
— Há erro dos dois lados. De quem recebeu os recursos e dos órgãos que liberaram. Se não fosse eu requerer, em alguns casos não haveria sequer a prestação de contas — disse o procurador do MP.
No caso dos convênios com a UMES, o procurador destacou o que trata do auxílio ao Projeto Cine Clube UMES da Saúde, concluído em março de 2010, no valor de R$ 234, 8 mil. De acordo com Marciso, as quantias previstas no plano de trabalho eram as mesmas posteriormente contratadas. “Como era possível saber o valor exato das propostas vencedoras nas licitações?”, questionou. Ele observou também a falta da relação de escolas beneficiadas e de cópias dos processos licitatórios ou justificativas para a dispensa de licitação.
“Algumas das impropriedades apuradas, como a utilização de recursos públicos para a compra de bebidas alcoólicas, são de extrema gravidade e parecem-nos capazes de justificar a atuação dessa Corte de Contas”, disse Marsico na representação.
A deputada Cidinha Campos (PDT-RJ) é famosa por seus discursos inflamados, que costumeiramente vão parar no Youtube. A brizolista aguerrida costumava ser uma das incontáveis vozes a criticar o governador do Rio, Sérgio Cabral. Ganhou enorme repercussão com sua facúndia disparada na Alerj contra o deputado estadual José Nader (PTB-RJ), que se auto-indicou para uma vaga no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.
Sendo uma voz bastante popular e populista, a ex-companheira de Hebe Camargo ganhou muitos fãs com sua verve retórica – muito mais do que com o seu trabalho. Sendo reeleita em 2010, voltou à TV na Bandeirantes, com seu programa Cidinha Livre. Um dos fãs que ganhou na época foi o blogueiro Ricardo Gama, que ajudou na divulgação de alguns vídeos da deputada.
Mas o caldo entornou quando Cidinha recebeu em seu programa o governador Sérgio Cabral. Antes uma oradora que nenhum político gostaria de ter contra si, Cidinha passou a tratar o governador mansamente. Cidinha chegou a ser tachada de “pelega do Cabral”.
O blogueiro criticou a atitude da deputada. Cidinha, que o tinha como uma excelente forma de divulgação de seu poder de fogo, não gostou, e usou a TV Alerj para revidar. Ricardo Gama havia acabado de sofrer um atentado no Rio em que tomou 3 tiros na cabeça (mas, felizmente, sobreviveu). Cidinha fez um discurso inflamado criticando Gama, que, sem medo, publicou ele próprio o discurso na íntegra, sem edição alguma:
Como se vê, Cidinha se orgulha de “dar o nome” a um deputado: segundo ela, no próprio plenário da Assembléia Legislativa, o “nome” do deputado José Nader é “canalha, vagabundo”. De acordo com Cidinha, seus colegas deputados “fazem uma espécie de complô”, sendo que eles ” têm acesso a esses meios de comunicação e dizem qualquer coisa. E você, que não concorda com eles, não tem espaço nenhum.” (anotem bem estas palavras)
A deputada até conta causos pra ilustrar sua tese: “Quando parte da sociedade tá pra entrar em greve inflama, desinvade, depreda, quebra, bate no deputado, puxa o seu cabelo… isso não é política, sr. presidente. Isso não é política: é covardia.” E lembra que foi “vítima desse meio. Da campanha desses partidos que acham que você tem de ser como eles são.” (as palavras a se lembrar se repetem)
De repente, Cidinha mostra a que veio e pra que pediu voz na Alerj:
“E esse rapaz que gritou aqui agora – tomou 5 tiros – é o Ricardo Gama, ele usa muito bem esse instrumento da internet pra denegrir a vida dos outros. Mas quem é que sabe da vida dele? (…) Esse Ricardo Gama pratica extorsão. Ele falava melhor porque não tinha tomado os 5 tiros ainda.
Ele agora fez uma cena (…) porque o deputado André Lazaroni tá processando ele [sic]. O Ministério Público Federal tá atrás dele. Agora o que vai sair no jornal amanhã? “O”BALEADO’ quis bater no deputado mais alto da Assembléia Legislativa e o deputado fugiu”.
A deputada Cidinha, do plenário da Alerj, não tem escrúpulo algum em ironizar alguém que acabou de sofrer um atentado (quase com toda a certeza devido a seu blog político). O tom do seu discurso põe uma tônica abusiva na palavra “baleado”, como se fosse motivo para vergonha da vítima, e não do deputado que cuida do estado do Rio de Janeiro (condição da qual Cidinha faz parte). Também tenta ironizar a voz de Rodrigo Gama, que na verdade não foi afetada pelo atentado.
Isso fora as acusações genéricas, que qualquer hermeneuta pouco gabaritado pode perceber que, apesar da falta de indigitação e nomeação formal (a despeito do começo do discurso de Cidinha, em que afirma não ter medo de chamar ninguém de vagabundo na cara), claramente refere-se a Ricardo Gama.
Ricardo Gama, desavisado, retribuiu os elogios feitos na TV Alerj na mesma moeda. Cidinha o chamava de vagabundo, canalha, bandido, pessoa sórdida. Uma semana depois, Cidinha voltou à TV para fazer afirmações que ultrapassam todas as raias da convivência em sociedade: para criticar seu desafeto, tascou que “esse blogueiro é um facínora cibernético que toma três tiros na cabeça e não toma vergonha na cara“.
Lembremos agora das palavras da própria deputada Cidinha, sobre o “acesso a esses meios”, em que, se você “não concorda com eles, não tem espaço nenhum”, Cidinha resolveu processar Ricardo Gama por injúria (mesmo após atacar sua honra pela TV, enquanto o blogueiro só tem, enfim, um blog). Nota: apesar de Ricardo Gama ter um inquérito mofando na 12.ª Delegacia de Polícia do Rio pelo atentado em que tomou 6 tiros, empacado na tartaruguenta Justiça brasileira, os processos de Cidinha e do deputado André Lazaroni (PMDB-RJ) são céleres como um raio.
Quem notou o desnível foi Dâniel Frâga, que já está ficando conhecido por seus vídeos. Disse ele em um vídeo recente:
“O que eu quero questionar aqui é a desproporção de direitos entre o cidadão e um deputado. Cidinha Campos tem imunidade parlamentar, ela pode sim gritar no plenário, chamar as pessoas de vagabundos, criticar e xingar o blogueiro Ricardo Gama. Quando ele resolve fazer o mesmo através de um vídeo na internet, recebe um processo.
Por que você [Cidinha] não está preocupada com o autor da tentativa de homicídio contra Ricardo Gama? Ou seja, o sujeito recebe 6 tiros, forma mais clara da omissão estatal, a falácia da segurança pública do seu querido governador Sérgio Cabral (que não adianta nada) e do seu querido Estado – afinal você é apenas mais uma parte do Estado e reforça e legitima esse poder estatal – e pra isso você não move um dedo. Ou seja: a polícia do RJ está onde? Na hora que é um atentado contra um operador do Direito, uma juiza por exemplo, é rapidinho, o Estado resolve. Agora contra o cidadão não.”
Dâniel usou palavras fortes para se referir à deputada. Mas, na verdade, apenas as mesmíssimas palavras que a deputada usou para se referir ao blogueiro Ricardo Gama. Por que ela pode chamar alguém de vagabundo sem tomar um processo pra isso (e em rede nacional) e um blogueiro que teve a honra ofendida pela deputada não pode?
Cidinha resolveu ir ainda mais além dessa feita. Numa atitude que não parece sugerir muito boa-fé, publicou CPF e o endereço da mãe de Dâniel Fraga no seu Twitter pessoal.
Há alguma razão jurídica para tal? Sobretudo: como uma deputada pôde ter acesso a tais informações em tão pouco tempo? Não enseja uma investigação mais perfunctória dos métodos da nobre deputada?
É claro que o caso aqui é a mesma regra da “violência mínima”, como o professor de Filosofia João Virgílio explicou sobre os baderneiros da USP. É um cálculo arriscado para agredir, prejudicar, ferir e atrapalhar a vida do seu desafeto o máximo possível – mas exatamente um passinho antes de descambar para a ilegalidade. Por sinal, Cidinha teve ajuda de uns seus esbirros – um robôzinho que apareceu apenas para divulgar dados de Dâniel e depois se auto-destruiu.
É curioso ver tantos perfis que surgem só para facilitar que políticos policiem a internet. Um mundo bastante Big Brother. Dâniel Fraga, por simal, criticava justamente os “crimes contra a honra” como injúria, que nem deveriam mais serem tipificados. Vide o que um Bill Maher pode falar sobre o próprio presidente dos EUA, o homem mais poderoso do mundo: se alguém usasse 10% da força vernácula sobre uma deputada estadual como Cidinha Campos, quantos processos a mesma lançaria contra seus desafetos?
É claro que tudo pode ter sido um baita tiro no pé. Cidinha, de paladina da ética (mais ou menos como um PT ’89, em versão brizolista do séc. XXI), pode nunca mais conseguir ser eleita se essa história for bem divulgada. Por sinal, até um hashtag sobre Cidinha e sua palavra preferida foi criada, entre uma enchente de críticas que inundou o Twitter. A deputada irá processar metade da internet?
Não custa lembrar de mais algumas palavras do vídeo de Dâniel Fraga que causou a ira da deputada:
“Cidinha Campos ganha muito bem pra isso através do dinheiro público. (…) Você vota em alguém pra pessoa não fazer nada, pra pessoa ficar puxando o saco do governador, pra tapar os olhos pra violência do estado – as pessoas tomam tiros e a pessoa vai lá pro plenário fazer piada?! (…) Cidinha Campos causa mais prejuízo a todos: aos cofres públicos, porque tá movendo um processo absolutamente inútil e ridículo.”
Aparentemente, o salário de deputada e sua imunidade parlamentar estão sendo usados de maneira um tanto heterodoxa. Ao invés de a violência diminuir, o salário paga advogados que perseguem quem sofre atentados misteriosos enquanto critica o governo, e também para achar dados de cidadãos, torná-los públicos (expondo tais cidadãos tão somente ao risco de violência, e inclusive seus familiares), e ainda processá-los por responderem uma deputada com as mesmíssimas palavras que ela usa em cadeia nacional. Pública.
10 de junho dde 2012 Flavio Morgenstern é redator, tradutor e analista de mídia. Já pode imaginar o que Cidinha Campos pensa dele desde já.
O incêndio, que destruiu parte do prédio da prédio da União Nacional dos Estudantes – UNE (RJ) aconteceu em abril de 1964, no momento que se soube o fato do abandono do país por parte do presidente João Goulart. A autoria da violência até hoje permanece misterioso, com as partes causando-se reciprocamente.
Mas seguindo seu sistema demagógico , o ainda presidente Luiz Inácio Lula a Silva assinou a Lei que além de reconhecer a culpa do Estado pelo sinistro, estabelece uma indenização para a entidade (21/6/2010). Tudo bem, mas parece que os estudantes da UNE estão se preparando para entrar na política, e começaram pela forma mais usual.
Quando o Tribunal de Contas da União (TCU) , analisou as prestações de contas do convênio do Ministério da Cultura com a UNE para apoio ao projeto Atividades de Cultura e Arte da UNE, o procurador Marinus Marsico constatou gastos com a compra de cerveja, vinho, cachaça, uísque e vodca, compra de búzios, velas, celular, freezer, ventilador e tanquinho, pagamento de faturas de energia elétrica, dedetização da sede da entidade, limpeza de cisterna e impressão do jornal da UNE. Além disso, encontrou diversas notas emitidas por bares em que há apenas a expressão “despesas” na descrição do gasto. Caso se filiem ao PT, pode ser que um desses patife chegue à presidência da República.
Numa fase difícil da economia européia, a
Polônia, país cuja economia se assemelha ( e é até menor) do que o estado de
Pernambuco, consegue sediar com beleza, organização e realizações estruturais
excelentes, sem o dispêndio de fortunas, a EUROCOPA 2012.
Um evento monumental, semelhante a Copa do
Mundo, com um primor de organização.
Genésio dos Reis tenta se filiar ao
Partido Social da República Democrática, nova agremiação com trinta cargos
abertos na seção de Joinville do Ministério das Cidades
ARACAJU – Em descoberta que cientistas políticos classificaram como
incompreensível, e líderes da base aliada deram como inaceitável, foi encontrado
ontem o único funcionário ministerial cujo cargo não pode ser atribuído a uma
indicação política. Genésio dos Reis, 64 anos, é auxiliar de almoxarifado da
superintendência de pesca oceânica, seção Sergipe, órgão ligado ao Ministério da
Pesca. O funcionário trabalha na seção desde 1987 e é responsável pela guarda e
manutenção de anzóis, molinetes, varas de pesca e tarrafas.
Segundo reportagem publicada ontem no Diário de Aracaju, há três dias um
assessor do coordenador para a região Centro-Oeste de parques nacionais
arbustivos, órgão subordinado ao ministério do Turismo, passava pelo local e,
sem ter o que fazer, puxou uma conversa com Genésio. Depois de trocarem ideias
gerais sobre as vantagens da tainha sobre a tilápia, o assessor do ministério do
Turismo perguntou ao funcionário do ministério da Pesca quem o havia indicado
para o posto. Genésio respondeu que chegara ali graças ao plano de carreira da
superintendência. “Fui admitido em concurso público, comecei como garçom, depois
passei a auxiliar de compras e hoje estou lotado no almoxarifado”, explicou,
tendo de repetir a história três vezes até ser compreendido.
A notícia chegou a Brasília no mesmo dia, provocando indignação em aliados do
governo. O líder do PR, senador Alfredo Nascimento, exigiu a imediata convocação
do ministro da Pesca, Luiz Sergio, para explicar, diante da Comissão de
Constituição e Justiça do Senado, “em que trecho da constituição está escrito
que alguém pode trabalhar em ministério sem ser indicado por um de nós”.
No início da noite, o vice-presidente da República, Michel Temer, ligou para
a presidente Dilma para tranquilizá-la com a notícia de que a crise já tinha
sido debelada. “Mandamos o irmão do Romero Jucá para o tal almoxarifado, e as
primeiras informações são de que o preço das iscas já aumentou sete vezes.” Genésio dos Reis foi suspenso e tem até trinta dias para arranjar um padrinho
político.
Serra e Maluf anunciam descoberta de
petróleo em Higienópolis
Cortejado pelo candidato tucano à sucessão paulistana, Paulo Maluf rejeitou
fazer aliança com José Serra, alegando "razões de ordem ética".
Em nota
distribuída à imprensa, Maluf diz ser "um homem coerente, de reputação ilibada,
reconhecida internacionalmente". E completou: "Depois de 50 anos na vida
pública, não posso me misturar com uma candidatura que usa a fachada vistosa dos
tucanos para abrigar aves de rapina. O PR de Valdemar Costa Neto e Alfredo
Nascimento está além dos meus limites morais", disse Maluf.
Num lance de
desespero para conquistar o aliado, Serra prometeu recriar a Paulipetro e disse
que destinaria a Severino Cavalcanti, corregilionário de Maluf, "uma diretoria
de furar poço". "Será uma indicação por notória competência; é hora de acabar
com o loteamento despudorado do Estado patrocinado pelo petismo", disse o
tucano.
"Vamos colocar a Rota na rua; bandido bom é bandido morto",
prosseguiu Serra, levando à boca uma corrente de ouro e beijando a imagem de Ave
Maria antes de fazer três vezes o sinal da cruz.
Diante das dificuldades
de convencer o aliado do PP e para evitar mais desgastes, o tucano organizou um
evento à meia-noite de hoje no cemitério do Morumbi, em frente ao túmulo de
Jânio Quadros. "Vamos selar o apoio dos janistas à nossa candidatura. Eu
preferia marcar às duas da manhã, achei meia-noite um pouco cedo, mas o partido
me convenceu de que o horário é mais simbólico. Farei o possível para atrasar só
uma hora", disse o tucano, abraçado a uma vassoura.
No final da tarde,
Adilson Laranjeira, assessor de Maluf para Encrencas Variadas, divulgou um
comunicado oficial: "Paulo Maluf não tem nem nunca teve contas no exterior e
também não é responsável pela falência da Grécia".
Piauí Herald apurou
com exclusividade que Maluf aceita ser vice de Serra.
"HAY UN CAMINO", O SLOGAN DA OPOSIÇÃO CONTRA CHÁVEZ NA VENEZUELA NUM VÍDEO QUE BOMBA NAS REDES SOCIAIS!
Os seguidores do candidato da Unidade Democrática de Oposição na Venezuela, Henrique Capriles, têm uma coreografia para identificar-se.
O vídeo "Hay un Camino" [Há uma Caminho] já circula com intensidade pelas redes sociais e promete converter-se num dos temas da campanha presidencial na Venezuela.
A solução do conflito árabe-israelense requer o fim da farsa absurda e danosa da proliferação de refugiados palestinos fantasmas.
O âmago fétido e tenebroso da guerra árabe contra Israel, como já venho afirmando há muito tempo, não consiste nos conflitos sobre Jerusalém, postos de controle ou "assentamentos". Melhor dizendo, consiste nos assim chamados, refugiados palestinos. Assim chamados pelo fato dos cerca de 5 milhões de refugiados legalmente reconhecidos, assistidos pela UNRWA ("Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina"), apenas 1 porcento serem realmente refugiados que se enquadram na definição da agência como "pessoas cujo local normal de residência era a Palestina entre junho de 1946 e maio de 1948, que perderam tanto seus lares como seus meios de sobrevivência em consequência do conflito árabe-israelense de 1948". Os outros 99% são descendentes daqueles refugiados ou o que eu chamo de refugiados fantasmas.
Pior: aqueles que estavam vivos em 1948 estão gradualmente morrendo e em cerca de cinquenta anos nenhum refugiado verdadeiro estará vivo, enquanto (extrapolando a partir de uma estimativa confiável do Refugee Survey Quarterly por Mike Dumper) os descendentes, refugiados fantasmas, já estarão na casa dos 20 milhões. Sem controle, sua população irá inchar como um balão até o final dos tempos.
Consequentemente esta questão é muito importante pelo fato do status de refugiado ter efeitos negativos: destrói a vida dos milhões de não refugiados, marginalizando-os e ao mesmo tempo incutindo um sonho irredentista, ilusório e vergonhoso, pior que isso, o status de refugiado eterniza-os como uma lança permanentemente apontada para o coração de Israel, ameaçando o estado judeu e desestruturando o Oriente Médio.
Em suma, a solução do conflito árabe-israelense requer o fim da farsa absurda e danosa da proliferação de refugiados palestinos fantasmas e assentá-los de forma permanente. 1948 já passou, está na hora de cair na real.
Tenho a satisfação de informar que, baseado em parte no trabalho realizado por Steven J. Rosen e por mim, do Middle East Forum no último ano, em 24 de maio o U.S. Senate Appropriations Committee aprovou por unanimidade uma emenda, potencialmente decisiva, embora limitada, no que tange os US$52,1 bilhões do orçamento fiscal de 2013 do Departamento de Estado e operações externas.
A emenda proposta por Mark Kirk (Republicano de Illinois) determina que o Departamento de Estado informe o Congresso sobre o uso dos fundos anuais do contribuinte americano no valor de US$240 milhões doados aos refugiados palestinos via UNRWA. Kirk questiona, quantos dos recebedores fazem jus à definição da UNRWA citada acima, para que sejam considerados verdadeiros refugiados? E quantos não fazem jus, sendo na realidade descendentes dos refugiados?
A emenda de Kirk não exige a eliminação, nem mesmo a redução dos benefícios fornecidos aos refugiados fantasmas. Apesar de sua natureza limitada, Kirk chama o requisito de informe um "divisor de águas". De fato, ele provocou o que um alto assistente do Partido Republicano no Senado classificou de "enorme oposição" do governo jordaniano e da própria UNRWA, causando o que Josh Rogin da revista Foreign Policy chamou de incontrolável batalha.
Por que a fúria? Porque se o Departamento de Estado fosse obrigado a diferenciar entre os verdadeiros refugiados palestinos e os refugiados palestinos fantasmas, os Estados Unidos e outros governos ocidentais (que juntos cobrem mais de 80 porcento do orçamento da UNRWA), poderiam acabar por decidir pelo corte dos fantasmas e com isso solapar a reivindicação deles ao "direito de retorno" a Israel.
Lamentavelmente, a administração Obama meteu os pés pelas mãos nessa questão. A carta do Subsecretário de Estado Thomas R. Nides se opondo a uma versão anterior da emenda de Kirk mostra total incoerência. De um lado, Nides declara que Kirk iria, ao obrigar o governo dos Estados Unidos "a apresentar um parecer público sobre o número e status dos refugiados palestinos … prejulgar e determinar o resultado desta delicada questão". Do outro, o próprio Nides atribui "algo em torno de cinco milhões de refugiados [palestinos]", juntando assim refugiados verdadeiros e refugiados fantasmas – prejudicando precisamente a questão que ele insiste em manter aberta. A declaração dos 5 milhões de refugiados não foi mero acaso, ao ser indagado, o porta-voz do Departamento de Estado Patrick Ventrell, confirmou que "o governo dos E.U.A. apóia" o princípio que nos norteia a "reconhecer os descendentes de refugiados como refugiados".
Além disso, prevendo uma "reação muito negativa [à emenda] dos palestinos e dos aliados na região, especialmente da Jordânia", Nides solicitou aos árabes que pressionem o Senado dos Estados Unidos, uma manobra barata, indigna do Departamento de Estado.
Através dos 64 anos da existência de Israel, um presidente americano após o outro resolveram solucionar o conflito árabe-israelense, no entanto, todos ignoraram o aspecto mais desagradável desse confronto – a propositada exploração da questão dos refugiados a fim de minar a própria existência do estado judeu. Bravo ao Senador Kirk e a sua equipe pela sabedoria e coragem de iniciar o esforço em abordar realidades desagradáveis, começando uma mudança que finalmente vai direto ao âmago do conflito.
Daniel Pipes 10 de junho de 2012
Publicado na National Review Online. Original em inglês: Count Palestine Refugees? Tradução: Joseph Skilnik
Acusada de desacatar um PM durante uma blitz da Operação Lei Seca em janeiro deste ano, na Zona Oeste do Rio, uma delegada da Polícia Civil terá que doar R$ 2 mil à Associação Brasileira de Reabilitação em material de tratamento para os pacientes. Ela também deverá apresentar-se mensalmente, durante dois anos, à Justiça. A decisão do 9º Juizado Especial Criminal foi tomada em 23/05 último.
O juiz que promulgou a decisão explicou que a delegada não foi julgada nem condenada. O processo ficará suspenso por dois anos. Se, durante esse período, continuar comparecendo mensalmente e se não for processada por nenhum outro motivo, o processo atual será cancelado.
“É como se fosse um voto de confiança”, disse o juiz,explicando que o “acordo” foi proposto pelo próprio Ministério Público na apresentação da denúncia.
###
O EXEMPLO DE CIMA À época do fato, assim me referi ao episódio em artigo publicado nas redes sociais e na mídia impressa :
“A Lei Seca vem se mostrando cada vez mais democrática. Os rigores da tal norma, num país onde burlar leis é sempre rotina e mau exemplo, continuam surpreendendo os que a descumprem e são pegos em operações de fiscalização de trânsito, aí incluídas autoridades e celebridades — como em dois casos recentes, envolvendo um deputado estadual e uma delegada da Polícia Civil, que se recusaram ao teste do bafômetro, sendo infracionados na formada lei. A Lei Seca é, portanto, igual para todos, não prevalecendo, neste caso, o célebre jargão “Sabe com quem está falando?!”
É pacífico, no entanto, o preceito constitucional de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Todavia, o Artigo 277, parágrafo terceiro, do Código de Trânsito Brasileiro (redação dada pela Lei Seca) estabelece que serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no Artigo 165 (dirigir sob a influência de álcool ou substância psicoativa que determine dependência) ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos em lei para possível configuração de tal infração.
Para quem comete simplesmente a infração – para a caracterização do crime, a dosagem alcoólica medida é maior- a lei prevê as penalidades de multa (R$ 957,70) e suspensão do direito de dirigir pelo prazo de 12 meses, além de frequência obrigatória a curso de reciclagem de motoristas infratores.
Quem cumpre a lei, estando ao volante e não bebeu, nada tema temer. Autoridades, que têm o dever de zelar pelas leis, dariam um bom exemplo cumprindo-as integralmente.
É pacífico o entendimento de que o direito individual não pode sobrepujar-se ao interesse (maior) coletivo, que na Lei Seca tem por finalidade a incolumidade dos usuários da via pública, a do próprio condutor, a segurança de trânsito e sobretudo a defesa da vida, o maior bem jurídico tutelado. A Lei Seca surgiu para prevenir tragédias. Cumpra-se.”
A justiça especializada do Trabalho é a que mais sofreu deformações após a reforma do Judiciário, mas também pela construção de uma usina de novos textos e normas escritas, que remeteram este segmento para a difícil situação que se encontra. Não se discute aqui a necessidade das mudanças introduzidas visando a ampliação da sua competência, e sim, a estratégia pilotada pela representação classista dos juízes (Anamatra), diante do fato de que a extinção d a Justiça do Trabalho fora até cogitada.
Estampa Constituição a primazia de o processo ter uma duração razoável, para não que não deva demorar mais que o tempo necessário para produzir um resultado útil e justo. Preconizamos que o conceito nuclear de toda a teoria processual é a solução do litígio pela via pacifica, o que significa, conciliar, mediar e humanizar o conflito dentro de uma ordem democrática e principalmente pedagógica, se aplicando aos micros e pequenos empregadores, cujos recursos financeiro na maioria são casos que não se ajustam a modalidade de negociação proposta.
Diante deste quadro, pergunta-se: como resolver a questão? Com certeza não será de forma abrupta, com ameaças de ordem de prisão, ofícios aos órgãos de jurisdição penal, previdenciário, receita e MP. Este formato rançoso inquisidor, data máxima vênia, não vem traduzindo resultados satisfatórios, e como consequência a perda de fechamento dos acordos crescem a cada ano.
Quando o juiz do trabalho vislumbra que pode em nome da toga estatal, debochar, pressionar empregadores e prepostos ameaçar testemunhas no compromisso, intimidando-as ao ponto de prestarem depoimentos eivados de contradições e vícios, comete ai o seu pecado capital. Da mesma forma que podem as partes, sufocadas pela pressão psicológica do magistrado na condução da audiência, se desinteressar pelo ajuste ágil, e optar pela malfadada via do litigioso.
No meu entendimento, a Justiça do Trabalho ainda não perdeu sua competência para conciliar as partes litigantes, sendo certo que não há mais exigência de índole constitucional. A conciliação, em verdade, traduz um ato de transação de direitos e obrigações entre as partes, ensejando, quando do seu termo, a extinção do processo com julgamento de mérito.
É certo que não se trata tecnicamente de atividade jurisdicional no seu sentido ontológico, mas, sim, de autocomposição do litígio, a exemplo da mediação e da negociação coletiva, assistida por arbitragem. E a sentença, data vênia, é meramente homologatória da vontade das partes, cujo escopo é o de viabilizar eventual execução da transação levada a efeito pelos litigantes na hipótese de descumprimento da mesma.
Cabe ao magistrado, ao rigor do art. 765 da CLT, velar pelo andamento rápido das causas, autorizando as diligências essenciais e necessárias, bem como rejeitando aqueles inúteis e prejudiciais, capaz de protelar o fim precípuo de tal processo, qual seja, a satisfação dos créditos do exeqüente com a entrega da prestação jurisdicional. Diante disso, toda e qualquer medida tomada pelo juiz, que torne a entrega da prestação jurisdicional mais célere, desde que não traga prejuízo para ambas as partes, será tida como válida em nosso ordenamento jurídico.
Os observadores das Nações Unidas na Síria não conseguiram esclarecer as circunstâncias do ataque da última quarta-feira contra a aldeia de Mazraat al-Qubeir, na província de Hama, informou sábado a própria ONU.
O comunicado oficial é impreciso e revela que os enviados da ONU não puderam ingressar na quinta-feira em Mazraat al-Qubeir porque foram bloqueados em pontos de controle do exército sírio ou por civis presentes na área. O texto deveria ser mais incisivo. Afinal, foi o exército ou os rebeldes/mercenários que impediram o acesso da equipe de ONU?
O comunicado diz que cerca de 20 membros da missão de supervisão da ONU nesse país árabe conseguiram ingressar sexta-feira nessa cidade para verificar informações relacionadas com uma chacina de moradores, mas não puderam conversar com testemunhas do ocorrido: “Mazraat al-Qubeir estava vazia de seus próprios residentes e por isso os verificadores não puderam falar com ninguém que tenha presenciado o ocorrido”.
Não obstante, depois da chegada dos observadores ao local, habitantes de um povoado vizinho informaram sobre “o que tinham escutado e os familiares que perderam”, agrega a nota oficial procedente da missão da ONU, que estranhamente não culpa ninguém – nem o exército nem os rebeldes…
“As circunstâncias que rodearam este ataque não estão claras. Os nomes, detalhes e número dos mortos ainda não estão confirmados. Os observadores continuam trabalhando para esclarecer os fatos”, diz a nota distribuída aos correspondentes na ONU.
Há dois dias, o embaixador da Síria perante a ONU, Bashar Jaafari, afirmou à Assembleia Geral que o massacre nesse povoado foi cometido cinco horas antes de ocorrer qualquer confronto. Também denunciou que as imagens transmitidas pelos canais de televisão Al-Jazeera e Al-Arabia não são do ocorrido em Mazraat al-Qubeir.
Traduzindo tudo isso: temos duas guerra, uma de extermínio e a outra de informação. Como se sabe, a primeira vítima de toda a guerra é a verdade. Na Síria, como todos sabem, todo massacre é cometido pelo exército. Os rebeldes e mercenários nem chegam a ser suspeitos. E assim caminha a humanidade.
Helio Fernandes escreveu, certa vez, que todos os “ismos” redundaram em fracassos, menos um: o capitalismo. Este, como frisou o grande Jornalista, depende do jogo do dinheiro, da jogatina aberta e criminosa, do lucro a qualquer custo, e por isto não morrerá jamais.
Em 2008, por causa desta jogatina criminosa, os Estados Unidos produziram mais de 100 milhões de excluídos em todo o mundo, na “famosa” crise do mercado subprime. Para eles – norte-americanos – que jogam bombas atômicas em populações civis, que fazem uso de armas proibidas nos Tratados Internacionais, que invadem países como o Iraque sob uma suspeita que depois se confirmou infundada até mesmo por eles mesmos…, para eles, o que importa é lucrar e lucrar.
Em que época dos Estados Unidos existiu o “capitalismo”? No início do século XX, as maiores indústrias ianques como Schwab (aço) Eastman (foto), Ford (carros), Rockefeller (petróleo) e Good Year (pneus) enriqueceram seus donos com o dinheiro do Estado (portanto do trabalhador)! Onde estava a “livre iniciativa”?
Tenho filmes mostrando Theodore Roosevelt dizendo que o dinheiro para estes “industriais” veio do governo. Isso é capitalismo? O presidente Ronald Reagan disse: “Greed is good” (ganância é bom), mas durante sua gestão a dívida dos Estados Unidos foi renegociada 18 vezes! Dos anos 70 para cá, isso já aconteceu 78 vezes, ou seja, o mundo financia os Estados Unidos, para que eles possam ostentar o tão hediondo “american way of life”.
###
EIKE BATISTA E O BNDES Outro dia, li nos jornais que o Sr Eike Batista tomou R$ 176 milhões do BNDES para remodelar o hotel Glória. Mas, ele não é riquíssimo? Por que temos que aceitar os novos Rockefeller, Ford, Eastman e Schwab, que não entram com nada e ficam com tudo? Por que o Sr. Eike não meteu a mão no seu próprio bolso? Vale lembrar que o BNDES quer dizer Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, e parte substancial vem do FAT – Fundo de Amparo do Trabalhador. Como é o nome disso, senhoras e senhores?
Lá no hotel remodelado com o dinheiro do povo… o povo só poderá entrar como copeiro, faxineiro, limpador, garçon etc. Houve um presidente norte-americano chamado John Coolidge que dizia: “Nosso negócio é fazer negócio”. Os presidentes deles que discordaram disso, de alguma forma, foram assassinados.
Bem, prossigamos. Eles, capitalistas, criam crises, desempregos, falências, arrebentam com as famílias, invadem países, jogam bombas atômicas em civis, mas ficam ricos, milionários! Palmas para eles, capitalistas! Até hoje conseguem praticar crimes contra a humanidade, financiam abertamente bandidos como Pinochet e Mubarak (a Hillary Clinton dizia: o Hosny é um cara muito bom, frequenta a nossa casa…), para citar apenas estes dois.
Mas as coisas já não estão tão fáceis para os ianques, Nos anos 60, eles detinham 80% do comércio mundial: hoje, menos de 20%. E por que não mencionar aqui o Monstro George W Bush? Um açougueiro, um assassino de massas, que fraudou uma eleição vergonhosamente! Será que dão vivas a Bush? Não duvido.
O caso de Julian Assange resultou em intensa crítica internacional à jurisprudência sueca. O professor de Direito Mårten Schults insiste que, sim, há devido processo legal na Suécia. Mas não diz que experiência tem do nosso sistema de detenção, restrições, impedimentos às visitas dos advogados etc. Schultz fala do que não sabe.
É mais que hora de alguém que conheça a realidade bater na mesa e dizer as coisas como as coisas são: não há devido processo legal na Suécia. Na Suécia, de rotina, a detenção é praticamente sempre mal usada. É usada quando não é necessária, é usada para humilhar e impede o acusado de preparar a própria defesa.
Iniciar um processo com prender o suspeito e isolá-lo do mundo é recurso a usar no caso de crime de sangue, e desde que não haja qualquer dúvida sobre a culpa do suspeito. Anders Breivik, na Noruega, e Mijailovic, assassino de Anna Lindh, são casos exemplares. Deixá-los em liberdade antes do julgamento é impensável e repugnante.
Mas em caso em que se trate de determinar quem diz a verdade e quem mente, entre dois cidadãos normais, membros adaptados da sociedade, dois indivíduos que jamais cometeram crime algum, nesse caso é, sim, indispensável, perguntar por que um deles teria de ser isolado e mantido preso antes de ser julgado. O caso de Assange inscreve-se nessa categoria.
O caso começou em agosto de 2010, com o primeiro interrogatório policial a que Assange respondeu. Até ali, era homem livre. A procuradora requereu outro interrogatório para o final de setembro e insistiu em que Assange respondesse como preso e fosse mantido em isolamento. Para tanto, requereu que Assange fosse preso; emitiu um Mandado Europeu de Prisão; e requereu a extradição de Assange. O Tribunal do Distrito de Estocolmo e a Corte de Apelação de Svea deram-lhe o direito de prender Assange in absentia.
Mas nem Julian Assange nem o mundo que nos cerca conseguem entender. Por que nem o interrogatório policial seria possível sem Assange estar preso? Assange não vive na Suécia. Trabalha em todo o planeta e seu trabalho exige que viaje livremente. Por que a Suécia não poderia aceitar isso, e mandar interrogá-lo, sem acrescentar as exigências de detenção e isolamento? Ele compareceria aos interrogatórios. O interrogatório aconteceria. E ele iria para onde precisasse ir, seguindo o rumo de sua própria vida. E se houvesse julgamento, ele voltaria para ser julgado. Se a Suécia tivesse encaminhado o processo desse modo, tudo já estaria julgado e decidido há muito tempo.
Mas eles insistem em que o único modo de interrogar Assange é obrigá-lo a ir à Suécia. Na chegada, será imediatamente preso e posto sob custódia da polícia e será levado à prisão. Depois será levado à audiência algemado e será oficialmente preso. E permanecerá preso até o final do julgamento.
###
PRISÃO DESNECESSÁRIA Por que Assange, o mundo que nos cerca e eu – um dos advogados encarregados de defendê-lo – criticamos tanto esses procedimentos?
Primeiro: porque não é necessário. A procurador pode suspender o Mandado de Prisão e a detenção, e o interrogatório pode ser marcado e feito muito rapidamente. Ou um interrogatório na Inglaterra, ou na Embaixada da Suécia em Londres. Segundo: essas condições são humilhantes. Por que o acusado está sendo tratado como culpado, antes, até, de ser interrogado? Não há acusação, não houve julgamento, não há condenação.
Países nos quais haja justo processo legal prendem os culpados, não os acusados, menos ainda os inocentes. Na Suécia prende-se gente antes de saber se são culpados ou não, efeito do mau uso, na Suécia, da detenção, há aqui tantos inocentes presos. É injusto, é revoltante, é repugnante.
Estão criando dificuldades insuperáveis, até, para que Assange prepare a própria defesa. O preso em cela de isolamento, só tem contato, no máximo, com o próprio advogado. Enquanto isso, a acusação e a outra parte podem tranquilamente conversar com testemunhas, discutir e preparar estratégias. Por que só a acusação? Por que se nega igual oportunidade ao acusado?
O caso de Julian Assange é exemplo eloquente do dano provocado pelo mal uso que se dá, na Suécia, à detenção e outras restrições. E a Suécia, evidentemente, está sendo muito criticada por essas práticas. A crítica não vem nem de Assange nem de seus apoiadores, mas de muitos cidadãos respeitáveis em todo o mundo. Nada disso parece ter chegado aos ouvidos do professor Mårten Schulz e de alguns outros suecos. Mantêm-se cegos e surdos a essas verdades, por razões que permanecem obscuras.
Não é fácil pensar fora da caixa. Dá-se por pressuposto que o que se faz está correto, apenas porque foi feito. Mais ainda, em alguns casos, dependendo de quem tenha feito. Muita gente, no sistema judicial, comete esse erro de lógica. E trata-se também de nacionalismo. A crítica internacional aos erros de alguns suecos é vista como ataque contra a Suécia. E os suecos correm para proteger os caixotes lacrados, cujo conteúdo desconhecem.
Fora da Suécia não se conhecem os antolhos que se usam na Suécia. Em outros países, a detenção é significativamente menos mal usada. Praticamente em nenhum caso o acusado é isolado antes, até, de ser interrogado. Há gente libertada sob fiança, que, mesmo acusada, pode voltar ao mundo para preparar a própria defesa – como propusemos à procuradora sueca.
Por tudo isso, aconselho Mårten Schulz e vários suecos: parem de agir como gangue contra Assange, abram os olhos, olhem a realidade em volta! O tratamento que o sistema judiciário sueco preparou para Assange é desnecessário, visa a humilhá-lo, sentencia-o culpado ‘preventivamente’ e o impede de preparar a própria defesa.
Existem milhões de teorias interessantes para explicar a brutal queda técnica de Ronaldinho, a partir da Copa de 2006, quando tinha 26 anos. É o pensamento operatório, de achar sempre uma única causa para tudo.
As teorias vão de um profundo distúrbio psicológico, que nem Freud entenderia, até as mais diretas, no popular, de que Ronaldinho, após ficar famoso e rico, chutou o balde e foi para a gandaia. Já os que o conhecem melhor falam que, no Barcelona, ele tinha o mesmo comportamento, fora de campo. As pessoas deveriam se espantar mais pelo fato de Ronaldinho ter tido dois anos geniais em sua carreira do que tentar compreender sua brusca queda, já que, na maior parte de sua carreira, nos últimos meses de Barcelona, no Milan e no Flamengo, foi apenas um bom jogador, com alguns momentos espetaculares.
No Barcelona, Ronaldinho era mais jovem, jogava ao lado de grandes craques, em uma das melhores equipes do mundo, que tinha um estilo favorável a ele.
Todos os grandes craques passam por várias fases em suas carreiras, de intensidades e durações variadas. A primeira é a do garoto promessa de craque. A segunda, a do jogador espetacular, que ganha muitos títulos individuais e coletivos. Na terceira, ele joga muito bem e com a mesma regularidade, porém sem o esplendor da fase anterior. Na última, que costuma ser a mais longa, ele administra o sucesso. Ganha como se fosse um superastro, mas brilha só em alguns momentos, cada vez menos, até se apagar.
O período espetacular de um grande talento costuma ser curto. Semanas atrás, em uma entrevista ao site Universidade do Futebol, que estuda e discute o esporte, o artista plástico e escritor Nuno Ramos disse que Van Gogh teve apenas quatro anos maravilhosos e que, em dois, pintou a maioria de seus melhores quadros.
Parafraseando o poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, o Ronaldinho genial é um retrato na parede, que não dói. Seus lances espetaculares estão em minha memória juntos aos grandes momentos que vi no futebol.
###
BELO JOGO Na derrota para a Argentina, o Brasil mostrou um bom futebol coletivo do meio para frente, pressionou, fez três gols e criou outras chances. Por outro lado, como já tinha acontecido contra o México, o time sofreu com os riscos de marcar por pressão e de deixar muitos espaços para o fenomenal Messi fazer três belíssimos gols. Vale a pena insistir na marcação por pressão, desde que o time aprenda a se posicionar para receber o contra-ataque.
###
ÓTIMA VITÓRIA Ninguém imaginava, quando o Botafogo fez o segundo gol, que o Cruzeiro venceria, com três gols em seis minutos, por 3 a 2. Não há dúvidas que a entrada de jogadores mais ofensivos foi decisiva para a virada. Anselmo Ramon deveria ser titular, com um ou dois atacantes, além de Montillo. Isso não significa que já está tudo bem. Foi apenas um ótimo momento da equipe. Nos dois próximos jogos, em casa, contra Sport e Figueirense, o Cruzeiro tem grandes chances de fazer mais seis pontos. Hoje, teremos um ótimo jogo entre Espanha e Itália. A Espanha, com seus excepcionais armadores e maneira de jogar, vai dominar o jogo, pressionar, mas terá grandes dificuldades de passar pela ótima defesa da Itália. Não será surpresa se a Itália ganhar o jogo no contra-ataque.
Domingo,4:30 da manhã. Cai, lá fora, uma garoa, fina, fria constante. Arrasto os chinelinhos pela casa, nas obrigações matinais. Após a liturgia diária, ligo o computador para ter acesso as notícias do dia e vou direto a Tribuna. É um hábito antigo e saudável!
Dou de cara com o texto do jornalista Ricardo Acampora da BBC /Londres: “Ivan Lessa,o carioca londrino”. Ali, no texto, a notícia da morte do cronista. Penso: “Pô mais um? Nesse ano, já levaram o Chico, o Millôr, agora o Lessa?” Em um só ano, perdemos três “cariocas da gema” como se dizia antigamente.
No antigamente do Rio de Janeiro que esses cronistas amavam tanto, que viveram tanto quanto nó, contemporâneos de uma cidade que teima em não mais existir. Cita o jornalista Ricardo Acampora, no seu texto, o pequeno bar da Av. Rio Branco que o Lessa lembrava de ter o refresco (que saudade da palavra “refresco”) de coco. Era o bar Simpatia, com suas cadeirinhas de vime na calçada, e que era ponto de parada obrigatória nos calores dos verões de então. Era ali pertinho do prédio antigo do Jornal do Brasil, um pouco antes da Galeria Cruzeiro, no Largo da Carioca.
O Lessa também lembrava dos salgadinhos da Colombo, uma delícia, sem esquecer da Cavé, das vitrines da Sloper e suas balconistas tão belas quanto desejadas, do Largo da Carioca, com a Loja Palermo especializada em discos, inclusive importados, onde o João Gilberto se trancava nas cabines de som (é, tinha cabine de som para você ouvir o disco que queria comprar, ou não), para escutar Chet Baker cantando e tocando, apesar das broncas do Acyr, gerente e vendedor da loja.
Para os duros iguais a mim, atravessávamos a Rio Branco e íamos para a rua São José, onde ainda existe um bar que servia ,na época, um bolinho de carne, que a gente pedia para botar no pão e se chamava “malandrinho”. Ou então, corríamos para a Cinelândia e invadíamos a Spaguettilândia, para pedir um espaguetti a bolonhesa ou uma lasanha.
Depois, um cineminha no Rex, que ninguém era de ferro. Depois do cinema,o bonde G. Osório(Gosório), para Ipanema. Ai, já é outra história!
Era assim a época que o Lessa, o Chico e o Millôr conheciam e viviam e que até outo dia, sentia saudades. Nós, que ainda não fomos “sorteados” pelo pessoal lá de cima, ficamos aqui embaixo, reverenciando nossos cronistas maiores, seus textos, seus lugares vividos, com uma sensação de perda irreparável.
Vai, Ivan Lessa, padrinho do Sig do Jaguar, tira um jacaré de peito nas nuvens ai do céu, cria ai em cima um Jangadeiro, um Zepelim ou Sucata, convide o Chico, o Millôr e outros mais e crie um novo Pasquim. Não deixe de cantar todas as musicas de carnaval que você conhece dos anos 40 e principalmente não deixe de escrever nas estrelas uma crônica sobre o assunto. Aqui embaixo, vamos olhar para o céu, ler a crônica e dizer: ”Esse texto é do Lessa”!
Toda vez que querem de alguma forma interferir nos meios de comunicação, me
dá um calafrio. As razões apresentadas podem até ser convincentes, mas de boas
intenções o inferno está cheio. Nunca se sabe o que realmente está por trás das
ações de políticos sabidamente de viés autoritário e que vêm tentando por todas
as formas pautar a mídia.
Este pode ser apenas o primeiro passo. Uma vez vencido, vem o segundo e aí
quando acordarmos, se foi o boi com a corda. Estão agindo da mesma forma em
outros setores. Lei da Anistia e Código Florestal.
Sempre que dão pressa em assuntos desta natureza, fico desconfiado. Se forem
realmente permitir o debate público e depois respeitar as conclusões, vá lá que
seja.
Mas mesmo assim, venho observando que os marketeiros do governo estão sempre
trazendo assuntos polêmicos à pauta, nos envolvendo em questões não tão
prioritárias assim, enquanto os motivos que estão nos levando à estagnação
econômica não entram em cena nem são motivos de amplo debate. Muita fumaça para pouco fogo.
Parada: 3 milhões de pessoas são esperadas domingo na Paulista
Público terá segurança de 2,4 mil homens, entre guardas-civis, policiais
militares e agentes particulares
Organizadores da 16.ª edição da Parada Gay, que ocorre neste domingo, 10, a
partir das 12h na Avenida Paulista, esperam um público superior a 3 milhões de
pessoas. Para garantir a segurança, 2,4 mil homens, entre guardas-civis,
policiais militares e agentes particulares, deverão circular pela via e por ruas
próximas. O evento deve lotar a região até às 20h.
Neste sábado, a avenida recebeu a 10.ª Caminhada de Lésbicas e Bissexuais.
Espécie de "esquenta da festa", a passeata interditou uma faixa da via no
sentido Consolação até por volta das 18h. Com faixas e cartazes nas mãos, as
mulheres protestaram contra o preconceito e pelo direito do aborto. A Prefeitura recomenda que o público dê preferência hoje ao transporte
público para acessar a região. Para evitar transtornos, o Metrô promete realizar
260 viagens a mais durante o evento do que em um domingo normal. Serão 68
viagens extras na Linha 1- Azul, 108 a mais na Linha 2 - Verde e 84 na Linha 3 -
Vermelha.
Os bloqueios no tráfego terão início às 10 horas. No sentido Consolação, o
primeiro trecho a ser fechado fica entre as Ruas Teixeira da Silva e Augusta. Na
direção do Paraíso, a interdição será feita entre a Rua Padre João Manuel e a
Avenida Brigadeiro Luís Antônio. A partir do meio-dia, o bloqueio se estenderá a
vias do centro, como as Avenidas Ipiranga e São João.
Ditadura não é a vocação de qualquer um. Quando os nativos se inquietam, não
basta mais vestir o uniforme de corte prussiano e convocar a tropa. Hoje todo
ativista que se preze tem um smartphone na mão e um sonho de primavera na
cabeça, e ainda Facebook para espalhar a heresia. Tal como as andorinhas de
Darwin, o absolutismo evolui com o ambiente ou morre. Essa é a pauta do jornalista americano William J. Dobson em seu novo livro
The Dictator's Learning Curve: Inside the Global Struggle for Democracy ("A
curva de aprendizagem do ditador: Dentro da luta global pela democracia", em
tradução livre). Ainda sem edição brasileira, o livro é um relato fascinante das
entranhas da ditadura contemporânea. China, Egito, Malásia, Rússia e Venezuela:
a história só muda de latitude e idioma. Como os déspotas modernos podem se
manter no poder quando a demanda por liberdade nunca foi tão forte?
Dobson, editor internacional do portal Slate, correu o mundo para rastrear o
déspota moderno, cobrindo 150 mil quilômetros em quatro continentes. Pegou em
cheio a onda da Primaveras Árabe, que começou na Tunísia, sacudiu o Oriente
Médio e agora tira o sono de autocracias de Moscou a Zimbábue.
A primeira advertência aos homens fortes: Tunísia também é aqui. Por isso, a
cúpula do Partido Comunista chinês consulta os comissários de Moscou, que por
sua vez debruçam sobre a revolta árabe. É a irmandade tirana, unida para não
cair.
Luta pelo poder. O segundo alerta é menos óbvio. Para preservar a autoridade
máxima, o neoditador precisa criar pelo menos uma penumbra de legitimidade. Isso
requer um intricado jogo de sombras. O ditador moderno tolera somente a crítica que consegue cooptar. Abusa de
eleições e plebiscitos, mas manipula o mapa eleitoral. Deixa o Congresso
legislar, desde que os governantes tenham a maioria, e confia disputas à
Justiça, convenientemente loteada de amigos. A ideia é imitar a democracia
institucional sem se curvar a suas regras.
Saem de cena as tropas de choque oficiais, blindados e terror do Estado.
Entram os publicitários, mídia chapa branca, advogados e fiscais. Quem precisa
de um carrasco para fazer valer a vontade suprema quando há fiscais de imposto
de renda ou juízes simpáticos para infernizar a vida alheia? Nesse sentido, o México fez escola. Com processos eleitorais manipulados,
aparelhamento do governo e sucessão por "dedaço", o Partido Revolucionário
Institucional (PRI) monopolizou o poder mexicano durante quase 70 anos,
construindo a "ditadura perfeita", nas palavras do escritor Mario Vargas Llosa.
Bolivarianos. Dobson não menciona o México, mas dedica um capítulo inteiro a
um filhote espiritual, Hugo Chávez. Pudera. Ao mesmo tempo em que entorta as
leis para concentrar cada vez mais poder, cala a crítica e intimida adversários,
o homem forte bolivariano colheu a indulgência dos pares, entre eles o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já pronunciou Chávez o líder mais
democrático que a Venezuela já teve.
Chávez e seus pares não são trogloditas recauchutados. O autoritário atual é
mais sofisticado e infinitamente mais capacitado que o modelo anterior - 20% do
primeiro e segundo escalão do governo chinês tem diplomas de universidades
estrangeiras. Nem por isso é mais sutil. Que o diga a egípcia Samira Ibrahim,
presa nas manifestações pró-democracia na Praça Tahrir, que acabou nos porões de
Hosni Mubarak, onde levou sete horas seguidas de choques.
O novo ditador em seu labirinto é um retrato fascinante. Ainda mais
impressionante é a história de quem o desafia. Com talento, coragem e estratégia
magistral, a nova geração da oposição democrática sobrevive, organiza e começa a
virar o jogo.
É o governador Henrique Capriles, esperança da oposição venezuelana, que
driblou o terrorismo dos contadores chavistas ao oferecer tratamento dentário
nas escolas públicas de seu Estado. Que líder nacional cortaria gastos de saúde para colegiais?
São os ambientalistas russos que convenceram os bancos europeus a suspender
um empréstimo para Moscou derrubar a reserva florestal Khimki para construir uma
estrada. É a oposição sérvia que ridicularizou Slobodan Milosevic ao soltar
pelas ruas um bando de perus com camélias brancas na cabeça, a flor preferida da
mulher do ditador. "Humor corrói a autoridade", ensina um dos ativistas. Leva mais de uma blague para fazer uma primavera democrática. A boa notícia é
que a autocracia de hoje é bem menos segura do que se pode imaginar. Nesse
sentido, a curva de aprendizagem do ditador seguramente será livro de cabeceira
em muitos palácios atuais.
Mac Margolis - O Estado de S.Paulo
10 de junho de 2012 É COLUNISTA DO ESTADO, CORRESPONDENTE DA REVISTA NEWSWEEK,