"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 28 de maio de 2013

GOVERNOS TAMBÉM: SÓ COM MEDO DA POLÍCIA

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Na mesma semana em que desaparecem Ruy Mesquita e Roberto Civita – cada um no seu estilo, dois dos mais intransigentes baluartes da liberdade de expressão ainda em postos de comando na já muito rarefeita imprensa independente brasileira – a Argentina de Cristina Kirshner abria mais uma frente de agressão ao que resta da imprensa livre naquele país.
 
Tudo começou com a Lei de Medios que, resumidamente, transforma a propriedade privada de meios de comunicação num favor do Estado reservado a quem a Presidência da Republica escolher agraciar com ele.
 
Seguiu com os cercos sucessivos dos leões de chácara dos sindicatos peronistas para cassar na marra edições inteiras dos diários de oposição na boca das rotativas.
 
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Depois veio o cerco dos fiscais da receita primeiro aos jornais (200 invadiram o Clarín de uma só vez ha um par de anos) e agora a jornalistas individualmente, que têm tido suas casas invadidas no meio da noite pelos bate-paus de Cristina.
 
A manipulação da publicidade oficial era desde sempre o pano de fundo de todas essas agressões mas depois veio somar-se a ela a proibição da publicação de anúncios de supermercados e lojas de eletrodomésticos com os preços de suas ofertas em jornais.
 
Vieram, então, as alterações na Lei de Mercado de Capitais para permitir que acionistas minoritários – como o governo argentino é dos jornais visados – decretem intervenção nas empresas jornalísticas.
 
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Agora a senhora Kirshner brande a estatização da única fábrica de papel de imprensa do país, pertencente a um pool de empresas jornalísticas, como golpe de misericórdia, reeditando o esquema inventado pelo grande patrono da decadência argentina, Juan Domingo Perón, que deixou os jornais de oposição de seu tempo reduzidos a seis páginas por dia.
 
Entre uma e outra dessas brutalidades Cristina Kirshner perpetrou todas as agressões que pôde contra empresas e produtos brasileiros produzindo ou sendo vendidos na Argentina.
Mas nada disso demoveu o PT e dona Dilma Roussef de fazer-lhe visitas cerimoniais e lamber-lhe as botas.
 
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Nada que surpreenda posto que a Venezuela já vai bem mais longe que a Argentina na senda do banditismo pseudo-ideológico que mistura política com tráfico de drogas e tudo mais que vai pelo meio, fechando televisões, exilando jornalistas e armando “milícias populares” para dar o devido tratamento à metade descontente dos venezuelanos e nem por isso dona Dilma e seus correligionários viram nesses acontecimentos qualquer jaça “à mais perfeita e legítima democracia” que identificam na Venezuela bolivariana que só perde, em matéria de respeito aos direitos humanos, para a Cuba dos irmãos Castro que é para onde olham como fonte de inspiração todos os membros honorários do Clube dos Cafajestes em que se transformou o Mercosul.
 
No quesito demolição do Poder Judiciário, a Argentina também é, entre os que têm assento de honra no Foro de São Paulo (sim, esta nossa São Paulo), criação conjunta de Lula e de Fidel Castro, o mais atrasado, descontado o Brasil.
 
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Ainda há um Judiciário em pé por lá, coisa que na Venezuela nem há mais, mas ele fala fino. Está impedido por lei de dar liminares em ações contra o Estado, teve o Conselho da Magistratura que nomeia ou destitui juízes inflado com novos membros nomeados pelo governo até que lhe ficasse garantida uma maioria confortável e hoje vive sob a ameaça de “julgamentos disciplinares” a juízes mal comportados.
 
Nada que abale a confiança de Dilma na legitimidade da democracia argentina, é claro…
Além de tentar lançar processos semelhantes no Congresso Nacional semana sim, semana não, o PT e Dilma têm em comum com a senhora Kirshner o fato de também estarem perdendo o controle sobre a economia, a inflação e a corrupção que grassa à sua volta, além do vezo de responder a tudo isso com decretos para baixar a coluna de mercúrio dos termômetros que medem a doença que se insinua e discursos irados contra “os que torcem contra o Brasil” que, naturalmente, na cabeça dela, “c’est moi”.
Enfim, parecenças…
 
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No front planetário, enquanto Colômbia, Peru, México e Chile, agora com Paraguai, Uruguai, Costa Rica e outros quatro sul-americanos entrando na fila para se juntar à Aliança do Pacífico, trabalham a sintonização de suas legislações pró-mercado e o crescimento de sua presença no comércio internacional com regras claras e pouca burocracia, o Brasil de Dilma e do PT segue criando barreiras protecionistas e fazendo leis exclusivas para amigos do governo enquanto multiplica embaixadas, distribui dinheiro fácil e proporciona a ditadores e genocidas do “baixo clero” da África, da Ásia e da Oceania negociatas com os seus empresários amestrados a ver se conquista a “governabilidade” de organismos multinacionais moribundos do século passado do mesmo jeito que aprendeu a fazer por aqui.
 
Quem ainda quiser seguir sonhando com dias róseos pela frente que o faça. Mas uma coisa é preciso ter clara. Ainda muito mais que as pessoas individualmente, também os governos só se mantêm minimamente civilizados por medo da polícia, sem a qual regridem ao estado feral e fazem estragos proporcionais ao seu peso e ao seu alcance dentro das sociedades.
E a polícia dos governos é a combinação de uma imprensa livre com um Judiciário independente.

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28 de maio de 2013
vespeiro

BOLSA FAMÍLIA: DILMA ANUNCIA CONTROLE MAIS RIGOROSO


Em entrevista na Etiópia, a presidente Dilma Rousseff admitiu ter ocorrido uma falha no programa Bolsa Família, quando se verificou num final de semana a veiculação de uma onda de boatos que causou simultâneos em doze estados do país.

Começou pelo Maranhão e se alastrou principalmente nas regiões Norte e Nordeste, chegando a Brasília e ao Rio de Janeiro. A entrevista foi publicada domingo.

Mas os jornais de sábado divulgaram os primeiros resultados da investigação feita pela Polícia Federal, apontando uma agência de telemarketing como a primeira fonte da boataria.
Não foi revelado o nome da agência, tampouco quem a contratou, se foi o caso, a veiculação alarmista e infundada. Vamos  ver o que acontece nos próximos dias.
Entretanto, ao falar aos jornalistas que a acompanharam naquele país africano, a presidente Dilma admitiu ter ocorrido – disse – uma possível falha.
Nós somos humanos, acrescentou. Mas não é uma falha tópica que explica os problemas surgidos em doze estados.
O enigma permanece. Pois se ocorreu a falha, ela foi de quem? Fica a pergunta. Junto com outra indagação: por qual motivo a direção da Caixa Econômica Federal antecipou, no sábado e domingo, a liberação do pagamento mensal?
Seria lógico ou antecipar para sexta-feira, quando as agências estão abertas, ou deixá-lo para segunda feira. Isso de um lado. Mas, de outro, continua faltando uma explicação lógica e plausível para que o boato alcançasse a dimensão que alcançou.
TELEMARKETING
O sistema de telemarketing baseia-se na eficiência do cadastro que montou (ou recebeu) contendo os telefones dos beneficiários do programa. São 13 milhões de família, portanto um universo ainda maior de pessoas.
Calcula-se que a movimentação surpreendente tenha reunido cerca de 900 mil a 1 milhão de pessoas aflitas. Logo, a comunicação perversa atingiu um grau de eficiência em casos assim. Quais, na íntegra, as mensagens utilizadas?
E em quanto tempo? Inclusive as notícias eram conflitantes. Uma dizia que o de maio seria o último pagamento do programa. Outra acentuava que estava sendo liberada parcela extra, uma bonificação pela passagem do Dia das Mães.
A primeira versão era restritiva. A segunda em outro sentido, no caso oposto. Porém é possível que a última parcela fosse acompanhada da bonificação.
Mas como divulgar o conteúdo total das duas comunicações num prazo tão curto? Além disso, O Globo e a Folha de São Paulo publicaram informação da própria CEF, que retificou sua primeira versão para dizer, numa segunda divulgação, ter liberado a parcela antecipadamente – assinala – para melhorar o cadastro de informações sociais do banco.
E que antecipações podem ocorrer em casos de calamidade ou necessidade de melhorias no sistema.
Calamidade, no caso, só a que decorreu em face da onda de boatos. Melhorar o sistema? Nesta hipótese sim, mas a afirmação traz consigo a existência de pelo menos uma dificuldade a ser sanada. Pois só se melhora o que precisa ser melhorado.
 
28 de maio de 2013
Pedro do Coutto

SARNEY E ULYSSES




No dia 30 de dezembro de 1973, o jornal “O Estado”, do Maranhão e de Sarney, ex-governador e já senador, deu esta manchete : – “Sarney : Abertura Só Virá com a Expansão do Sistema”.
E lá dentro: – “Brasília – Ao fazer ontem a “O Globo” essa advertência, o senador José Sarney, da Arena do Maranhão, explicou que pensar em qualquer outra espécie de abertura que não seja a expansão (sic) do sistema (sic) é cair no irrealismo, na falta de objetividade”.

“Expansão” era ampliação, aprofundamento, agravamento do “sistema”, da ditadura, no seu período mais duro, mais torturador, mais sanguinário, em 1972, no governo Médici, AI-5 massacrando a Justiça, a imprensa, o país. E Sarney, ”realista”, “objetivo” (até hoje), achando pouco, querendo mais.

CONSTITUINTES 

Amigos do Maranhão reclamam que gosto de pegar no pé de Sarney. Pego pouco. Sarney não é um qualquer. Mais antigo dos senadores (começou em 1970), recorde nacional de mandatos (quatro de oito anos, começando o quinto), escritor, acadêmico, intelectual, ex-Presidente, não tem o direito de ficar por aí mordendo o calcanhar da historia. Escreveu na “Folha”:

1. – “As constituintes foram sempre marcos históricos. Elas foram reveladoras de estadistas e construtores de nações. Da de Filadélfia (EUA) permanecem vivos até hoje Madison, Franklin, Hamilton, Washington e outros”.

2. – “No Brasil, a de 1823 revelou os Andradas, Antonio Carlos e José Bonifácio, Cairu (José da Silva Lisboa), Jequitinhonha (Francisco Acaiaba de Montezuma), Olinda (Pedro de Araujo Lima) e nomes que construíram as instituições brasileiras. Em 1890, Rui, Prudente de Morais e Campos Sales”.

3. – “A de 1988 não revelou ninguém (sic). Não há um destaque (sic) a fazer, a não ser a redação dos direitos individuais, de Afonso Arinos. Um nome (sic) sequer apareceu. Todos dedicaram-se ao clientelismo do Estado”.

TANCREDO

O único objetivo dessa conversa de Sarney é deixar escorrer a baba da inveja, do ressentimento, e agredir Ulysses Guimarães, que já não está aí para se defender e a quem sobretudo ele deveu ter sido presidente da Republica.
Primeiro, por Ulysses o ter levado para o PMDB, quando ele mal saia da presidência do PDS e lutava ferozmente para ser o vice na chapa de Maluf. A maioria do PMDB não o queria e na lista de Tancredo era o ultimo.
Segundo, pelo gesto de desprendimento de Ulysses, na madrugada de 15 de março de 85, quando Tancredo foi operado em Brasília e era preciso empossar o substituto.

Quem estava lá, como eu, viu e ouviu. Desde o primeiro instante, Ulysses disse que quem devia assumir era Sarney, o vice eleito com Tancredo no Colégio Eleitoral, e não ele, presidente da Câmara.
Era o certo, o legal, e Sarney assumiu, sabendo que o presidente Figueiredo e os ministros militares não o queriam, acusado por Figueiredo de “traidor”, tanto que não o esperou no Planalto e não lhe passou a faixa.
Sarney escrever, agora, que a Constituinte de 88 “não revelou ninguém” é uma agressão gratuita, despropositada, despeitada, a Ulysses. A Constituição de 88 tem o rosto, o caráter, a bravura, a grandeza e a honra de Ulysses.

DEMOCRACIA

Pondo os gregos na Ágora, a praça de Atenas, para votar, Péricles inventou a democracia, 500 anos antes de Cristo. Mas quem criou o Estado democrático de Direito foi Montesquieu, em “L’Esprit des Lois” (1748), no qual “os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estariam nitidamente separados e cada um independentemente (sic) dos outros, para a melhor garantia da liberdade dos cidadãos e da eficiência das instituições políticas”.
A Constituição brasileira sacramenta isso em duas linhas, no art. 2º: – “São poderes da União, independentes (sic) e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Agora vem Lula, que jurou cumprir e honrar a Constituição, e diz : – “Foi dada ordem (sic) à base do governo para votar o aumento do FPM” É um perjuro. A democracia de Lula é anterior a Montesquieu.

PAULISTA

A prefeitura de São Paulo proibiu o 1º de maio, a marcha dos evangélicos, o reveillon e outras celebrações na Avenida Paulista. Uma exceção: continua permitida a “Parada Gay”. Os heteros, em franca minoria, precisam começar a se organizar para garantirem ao menos algumas cotas.

Ó QUEM FALA!

Segunda feira, Fernando Henrique chegou a São Paulo de madrugada, dos Estados Unidos, e à noite já estava, como estrela, em um jantar do banco BNP Paribas, fazendo uma palestra. Mônica Bergamo, da “Folha”, contou:
“Foi saudado efusivamente por Roger Agnelli, presidente da Vale: – “Mas você só viaja. Não pára mais aqui”! – “Ó quem fala”! “FHC falou de desemprego, cidadania e da necessidade de os brasileiros resgatarem valores, como os de família : – “Hoje em dia, todo mundo casa, descasa, não casa. Todo mundo tem filho aqui, tem filho ali”…
Ó quem fala!

28 de maio de 2013
Sebastião Nery

O HUMOR GENIAL DO DUKE


Charge O Tempo 26/05

28 de maio de 2013

A FARSA DO VOTO ELETRÔNICO


Quando se diz que o Brasil é uma democracia, é bom lembrar que, para começo de conversa, no Brasil, desde 1996, não há votação válida, conforme demonstrou o Prof. Diego Aranha, da UnB (Universidade de Brasília) em seu relatório técnico sobre a segurança das urnas eletrônicas.
Este relatório foi elaborado em 2012, a partir de edital do próprio TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A equipe do Prof. Diego Aranha conseguiu fraudar o sistema das urnas eletrônicas, recuperando a lista de votação completa durante o tempo de análise da urna.
Só isso já seria o suficiente para condenar esse tipo de votação, pois é justamente o segredo do voto que permite que os oprimidos se libertem de seus opressores, além de ser uma garantia constitucional (art. 14, CRFB/88) protegida em cláusula pétrea (art. 60, par.4º, II, CRFB/88).

Mas, não é só. Absurdamente, foi descoberto que uma senha, importante para decodificar todo o registro de votos, era justamente a hora de inicio de operação da urna. Detalhe: a hora de início da operação vem impressa nos boletins de urna que são enviados aos partidos.
Ou seja, a senha para descobrir quem votou em quem era uma informação pública. É o voto de cabresto na era digital.

Esse relatório foi julgado por uma banca, conforme as regras do Edital do TSE, que concordou que houve sucesso na execução da fraude. Foi enviado um relatório ao TSE para aprimoramento e correção das irregularidades, que foi respondido de forma vaga, sem explicitar qualquer detalhe ou mesmo quais os procedimentos que foram adotados.

Mas, mesmo que houvesse votação válida no Brasil, só isso não seria suficiente para podermos dizer que vivemos numa democracia. Mas isso é outro assunto.

28 de maio de 2013
Marcelo Nogueira, advogado no Rio de Janeiro, membro do Inst
ituto Brasileiro de Direito Tributário

PROCURADOR-GERAL DIZ QUE SUA SAÍDA DO CARGO NÃO ANÁLISE DE RECURSOS DO MENSALÃO


O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta terça-feira (28) que sua saída do cargo não muda a posição do Ministério Público Federal na análise dos recursos dos 25 condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão.

Gurgel deve deixar o posto em agosto. Ele acredita que ainda poderá participar das discussões iniciais dos recursos. “Pode ser que eu participe de uma ou outra sessão. Não estarei no desfecho do julgamento dos embargos, mas o Ministério Público na verdade é impessoal. O colega ou a colega que vier a ser escolhido dará continuidade sem diferença no trabalho”, disse.

O procurador-geral recomendou ao STF que rejeite os recursos apresentados pelos réus condenados no julgamento do mensalão.

SEM MODIFICAR

Gurgel defende a tese de que esses recursos não teriam o poder de modificar o que foi decidido pelo Supremo e que, portanto, devem ser negados pelos ministros.

Ele analisou os chamados embargos de declaração que servem para esclarecer possíveis omissões, obscuridades e contradições do acórdão, documento que oficializa a decisão do STF sobre o caso.
Normalmente, esses os embargos de declaração não modificam a decisão, mas o tribunal permite tal possibilidade em casos raros, quando tais problemas são tão graves a ponto de prejudicar as conclusões dos ministros.

Ele cobrou uma rápida decisão do STF sobre os recursos. “O que é preciso agora é dar efetividade agora a essa decisão. Temos decisão magnífica, mas é preciso ser efetiva. Está demorando. É preciso que a decisão produza seus efeitos. É preciso que os deputados percam seus mandatos. É preciso que demonstrem que o sistema de justiça alcança a todos”.

28 de maio de 2013
Márcio Falcão (Folha)

AINDA A QUESTÃO INDÍGENA - UMA VIRADA ANTES DA REBELIÃO



Seguindo o exemplo bem sucedido dos “sem terra”, muitas tribos, orientadas pelas ONGs estrangeiras invadiam e ocupavam terras numa proporção nunca vista em nenhum país e ainda quando necessário com o apoio da estrutura policial.

Os produtores prejudicados queixavam-se amargamente mas não os enfrentavam, e quando o faziam era isoladamente.

Parecia um galinheiro: quando pegavam um, os outros cacarejavam, ”cococó, cococó, ufa, não foi a minha fazenda. A reação coletiva acontecida na Raposa-Serra do Sol foi dominada pela força esmagadora da Polícia Federal do Tarso Genro agindo por ordem do Lula que covardemente cedeu às pressões internacionais.

Agora a situação está mudando. As demarcações da Funai terminaram por convencer aos produtores rurais que teriam que reagir a bala.
Depois de terem vindo a público as violentas invasões incluindo o arrasamento de uma vila com 700 casas destruídas (no Mato Grosso do Sul), multiplicaram-se as manifestações em defesa da garantia da terra e contra as fraudes nas demarcações. 
Até mesmo militares da Força Nacional ficaram abalados e a opinião pública evoluiu de uma indiferença simpática aos “pobres” índios para a consciência da injustiça e da necessidade da produção rural.

Pressionados, mas agora com o apoio da opinião geral, os desesperados produtores, gente inteligente, sentiram que precisavam se armar.
Armaram-se. Contrataram não apenas jagunços, mas também mercenários estrangeiros que lhes ensinaram a fazer explosivos com fertilizantes, pois sentiam que, abandonados pelo Governo teriam que enfrentar até o aparato policial para ter chance de justiça.

Reuniram recursos e muitos deles colocaram-se a frente. O circo estava pronto para o início do sangrento espetáculo, que ninguém sabia que vulto tomaria, mas a principal mudança foi da atitude do Governo.

TEMER SE IMPRESSIONOU

O vice-presidente Temer ficou impressionado com os relatos dos produtores rurais numa audiência com deputados ligados ao setor. A entrada dele nas negociações parece ter neutralizado a influência de Gilberto Carvalho e Paulo Maildes nas decisões sobre a Questão Indígena.

O fato é que o Estado Brasileiro se deu conta das fraudes nos laudos antropológicosdo perigo da reação, e das consequências, que poderiam ir desde a drástica redução da produção rural até a independência das áreas indígenas, ensejando intervenção internacional em nome do “dever de ingerência”, quando e m jogo os interesses dos países hegemônicos.

Dilma que já demonstrara não ter entusiasmo pelas demarcações, contrariando tanto a pressão internacional como a de seus partidários interrompeu a criação de novas reservas e ensaia rever as desproporcionais reservas já demarcadas. Estaremos despertando?

Óbvio, se isto acontecer serão terríveis as pressões internacionais. Traidores levantarão a voz contra o nosso País, tendo talvez como símbolo a enigmática Marina Silva.

Esperemos que a Dilma não seja como o Lula, que recua quando a pressão toma vulto, mas na questão dos juros já teve que recuar.

Independente de posições políticas, é hora de apoiá-la nisto, se ela demonstrar a coragem que esperamos. Dias difíceis virão: novos boatos, pressões econômicas, atritos, bloqueios e quem sabe sabotagens de Forças Especiais estrangeiras, mas o que está em jogo é a integridade do nosso Brasil .

28 de maio de 2013
 Gelio Fregapani

DE GOLPES E LABAREDAS





Certa militante de partido da oposição usa a internet para divulgar “golpe comunista” em 2014. Estudante pernambucano de 19 anos, para ridicularizar o gesto, cria, pelo mesmo meio, a frase “Eu Vou. Golpe Comunista em 2014. Os reacinhas piram!”, ilustrada com a foice e o martelo, e consegue milhares de “apoiadores” para  manifestação fictícia marcada para o começo do ano que vem. O banner passa a ser reproduzido em sites de direita e de extrema direita, como se tratasse de  ameaça real. Um farmacêutico de 34 anos “reage”, criando página no Facebook, sob o título “Golpe Militar 2014”.
Desta vez, no entanto, não se trata de uma “brincadeira”. Trata-se, sim, segundo ele, de “testar o apoio a um golpe militar no Brasil”, e de defender a tese de que “nenhuma solução virá das urnas”. A página, ilustrada com fotos copiadas de um site oficial do Exército, torna-se desaguadouro de comentários radicais.
O que está ocorrendo com a Nação? Estaríamos, na velocidade da internet, dando inequívoca demonstração de falta de bom senso?  Consideramos, como certos meios de comunicação, normal esse tipo de “brincadeira”? Ou os políticos, por ignorância ou omissão, desconhecem o que se passa?
NAVEGANDO NA REDE
Basta navegar pela Rede, para ver que vivemos perigoso processo de radicalização nos extremos do espectro político brasileiro. Quem usar parte de seu tempo pode encontrar dezenas de sites que pregam a quebra da ordem institucional e o fim do Estado de Direito. Há páginas de orientação nazista, integralista, sites anticomunistas católicos, blogs ligados a organizações estrangeiras, sites que afirmam representar segmentos associados à reserva das Forças Armadas, a policiais e bombeiros.
Acusado de pretender o “golpe”, o PT deveria ter tomado providências. Brincadeira ou não, ao ver seu símbolo ligado à mesma idéia, o PCB e o PC do B deveriam ter pedido à justiça a retirada do material do ar, e a proibição de sua reprodução futura.
Tudo isso mostra que é preciso aprovar, com a máxima urgência, legislação clara de proteção à democracia no Brasil. Em um país em que, todos os anos, páginas são retiradas do ar por iniciativa do Ministério Público, e a apologia do tráfico de drogas e ao racismo dá cadeia, o apelo à quebra da ordem constitucional e ao fim do Estado de Direito deve ser investigado e seus autores punidos.
A volta da democracia ao nosso país foi  conquista, árdua e sacrificada, de todo o povo brasileiro. À esquerda e à direita, não podemos brincar com fogo. É preciso que se convoquem e se unam os setores mais responsáveis da sociedade – à margem  de suas opções políticas e ideológicas –  para acabar com essas provocações, antes que se alastrem, como um vírus, contaminando o país e ameaçando a República.
 
28 de maio de 2013
Mauro Santayana

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




28 de maio de 2013

VALE TUDO

Integrantes do núcleo duro do governo, Paulo Bernardo e Gleisi usam a máquina federal no PR

O PT continua se valendo da velha teoria de que a lei serve apenas para os inimigos e adversários.

Inconformado com a o programa político do PSDB, que foi ao ar na última semana e teve a participação escancarada do senador Aécio Neves (MG), presidenciável do partido, o PT ingressou na Justiça alegando que se tratava de campanha antecipada.

E não há o que discutir, pois os petistas sabem muito bem o que é isso, pois Dilma Rousseff também está em declarada campanha.

Mas não é apenas a presidente que tem utilizado os atos oficiais do governo para fazer campanha. Os ministros Paulo Bernardo da Silva (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) – o casal 20, pero no mucho – estão usando a máquina pública federal de forma intensa e descarada para favorecer a candidatura da ministra ao governo do Paraná em 2014.

Para se ter ideia do jogo sujo e pesado protagonizado por Bernardo e Gleisi, desde 2011 o estado é discriminado na distribuição de verbas federais. O Paraná é o 5º estado que mais contribui em receitas para a União, mas é o 23º colocado no recebimento de repasses federais. Perde feio para os vizinhos do Sul, Santa Catarina (que recebe o dobro de verbas federais per capta) e Rio Grande do Sul (estado governado pelo PT, que leva quase quatro vezes mais por habitante). O Paraná é o único estado do país que tem ministros da terra trabalhando dia e noite contra os seus interesses em Brasília.

Além da discriminação, Paulo Bernardo, como ministro das Comunicações, “concentrou a liberação de retransmissoras de TV no Paraná”, e de acordo com matéria do jornal “Folha de S. Paulo” publicada na edição do último sábado (25). “Dados obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação revelam que, de 39 retransmissoras concedidas por Bernardo ou seu secretário de Comunicação Eletrônica, Genildo Lins, 8 foram para municípios do Paraná”, destacou a reportagem. Ou seja, enquanto é um dos últimos na distribuição de verbas, é o primeiro disparado na distribuição de emissoras de TV, todas elas para aliados políticos do casal ministerial.

Em qualquer país minimamente sério, com governantes igualmente responsáveis, Paulo Bernardo e Gleisi já estariam demitidos. Imagine, caro leitor, a intensidade do ruído petista se a dupla fosse filiada ao PSDB.

28 de maio de 2013
in ucho.info

RÚSSIA CONDENA ARMAR REBELDES SÍRIOS E DEFENDE FORNECIMENTO DE MÍSSEIS A ASSAD

 

Rastilho de pólvora – A decisão da União Europeia de não estender o embargo de armas aos rebeldes sírios provocou reações contrárias nesta terça-feira (28) por parte de Moscou e Damasco.

O vice-chanceler russo, Serguei Ryabkov, criticou o que considerou “padrões duplos” do bloco europeu e disse que a opção prejudica a conferência internacional sobre o conflito organizada por seu país e pelos Estados Unidos.

“Não se pode, por um lado, declarar o seu desejo de pôr fim ao derramamento de sangue, e por outro lado, injetar mais armamentos na Síria”, assinalou Ryabkov em entrevista coletiva em Moscou.

O diplomata russo disse que o bloco europeu não pode justificar a decisão pelo fato de que a Rússia fornece armamentos para o governo de Bashar al-Assad – em suas palavras um “regime legítimo” – e afirmou que, ao dar armas aos rebeldes, a União Europeia apenas “atira mais gasolina no fogo”.

A polêmica, já intensificada na segunda-feira com o anúncio da não prorrogação do embargo, ganhou força com a notícia de que a Rússia deve enviar uma remessa de mísseis terra-ar S-300 para a capital Síria. A ajuda, segundo Moscou, seria para auxiliar o regime sírio a se defender diante de eventuais intervenções estrangeiras.

Israel já se posicionou contra o envio e alega que os projéteis poderiam atingir a sua população. Israel não descarta a possibilidade de um novo ataque preventivo.

“Acreditamos que seria um erro entregar essas armas a Assad em um momento crucial da guerra”, disse o ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Yuval Steinitz. “São mísseis para a defesa aérea, mas também armas de ataque. Com um alcance de até 200 ou 300 quilômetros, poderiam atacar a região de Tel Aviv.”

O governo sírio criticou a decisão da UE e, através da imprensa estatal, disse que mostra “o poder das tradicionais potências coloniais” na imposição de decisões. O Reino Unido era, ao lado da França, o principal defensor de armar a oposição síria, mas enfrentava forte resistência de um pequeno grupo de países, como a Áustria, que alegavam que dar esse passo contribuiria apenas para aumentar o número de mortes na guerra.

Ainda de acordo com a imprensa estatal síria, uma solução negociada implicaria em uma perda política de Londres e Paris. A agência do governo também alega que os dois países pretendem, com a venda de armas, resolver os seus problemas econômicos atuais.

Opositores veem demora

A oposição síria, apesar de elogiar a decisão da UE, considera que o fim do embargo às armas veio tarde e é insuficiente. O porta-voz do comando militar superior do Exército Sírio Livre, Kassem Saadeddine, diz torcer para que a decisão não fique apenas na teoria e contesta o fato de terem que esperar mais dois meses para eventualmente receberem as armas. O embargo termina na sexta-feira, mas os países europeus concordaram em esperar até agosto antes de enviarem armamento.
“Por que esperar ainda dois meses? Para que o povo sírio seja vítima de genocídio?”, questiona Saadeddine.

Mesmo após a decisão, os países europeus dizem que não querem enviar as armas ainda para não prejudicarem a tentativa de paz comandada por Rússia e Estados Unidos em uma conferência internacional, em Genebra, prevista para ocorrer em junho. Luay Safi, porta-voz da coligação opositora síria, disse, por sua vez, que “o povo sírio está decepcionado e pensava que as democracias se interessavam por aqueles que desejam a democracia”.

O Reino Unido e a França, porém, sinalizaram que talvez não esperem até agosto para enviar as armas aos rebeldes. O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, afirmou nesta terça-feira que ainda “não está excluída” a possibilidade de armar os rebeldes antes disso e que, se acontecer, não será uma ação isolada do Reino Unido.

A França também disse que se reserva o direito de enviar imediatamente armas à oposição síria, mas que ainda não planeja agir. O porta-voz da Chancelaria, Philippe Lalliot, declarou em Paris que espera um grande avanço na busca de uma solução política ao longo dos próximos dois meses, mas que a decisão da UE foi uma declaração política sem base legal. Questionado se isso significa que a França poderia entregar as armas antes de agosto, caso considere necessário, Lalliot deixou claro que sim. (Deutsche Welle)

28 de maio de 2013
in ucho.info

WI-FI PODE IMPEDIR GERMINAÇÃO DAS PLANTAS

 

Interferência tecnológica – Durante uma atividade escolar, cinco garotas dinamarquesas descobriram que o sinal emitido pelos roteadores Wi-Fi comprometem, diretamente, o crescimento das plantas. Realizada por acaso por um grupo de alunas da nona série do ensino fundamental, do colégio Hjallerup Skole, a experiência vem chamando atenção da comunidade científica no mundo inteiro.

Segundo o site de notícias Before Its News, as garotas realizaram a pesquisa em duas salas diferentes: onde não tinham roteadores, foram colocadas bandejas com sementes de agrião. Na sala que oferecia Wi-Fi, as alunas colocaram bandejas com o mesmo tipo de sementes, ao lado de dois roteadores. Ambos os recipientes permaneceram nas salas por doze dias, sendo observados, medidos, pesados e fotografados.

Ao final da experiência, as alunas constataram que as sementes de agrião expostas ao sinal Wi-Fi não tinham crescido – e que a maioria delas já estava seca. Enquanto isso, na outra sala, sem roteadores, as sementes germinaram. Assim, chegaram à conclusão que o Wi-Fi afeta diretamente o crescimento dos vegetais.

No início, o objetivo do experimento era verificar se o sinal Wi-Fi e a radiação emitida pelos celulares causam efeitos nos seres humanos, mas o trabalho não foi desenvolvido porque a escola não oferecia infraestrutura para realizar as experiências necessárias. Uma das integrantes do grupo percebeu que, ao dormir com seu celular debaixo do travesseiro, quase sempre tinha dificuldades de concentração ao longo da aula do dia seguinte. (CicloVivo)

28 de maio de 2013
ucho.info

DE MAO A XIAO

Esta é a terceira crônica que escrevo tendo por referência o livro "Sobre a China", de Henry Kissinger. Será a última e terá como assunto as figuras de Mao Tse-tung e Deng Xiao Ping, os dois importantes líderes da China moderna, isto é, a nova China surgida da Revolução Comunista de 1949.
 
Se, nas crônicas anteriores, fui motivado pelas peculiaridades surpreendentes da antiga China, nesta vou me ater a alguns fatos que, na minha opinião, deram origem, de uma maneira ou de outra, à China de agora, tornada capitalista. Sim, mas por se tratar da China, um capitalismo muito peculiar.
 
A República Popular, que Mao implantou, por cima de uma história e uma cultura milenares, tinha por modelo a URSS de Josef Stálin e, por isso mesmo, projetos e decisões impostos à nação, de cima para baixo, por decisão e vontade do líder.
 
Por isso mesmo, quando, em 1956, Khruschov denunciou o stalinismo e propôs um modo menos autoritário de conduzir o processo revolucionário, Mao rompeu com ele e o acusou de trair o comunismo.
 
Certamente, Mao havia mudado a velha China, introduzindo nela medidas econômicas e educacionais que melhoraram sensivelmente a vida do povo chinês. Há, porém, quem ponha em dúvida o seu grau de sensatez, quando passou a tomar decisões delirantes como a de induzir os cidadãos a fabricarem aço em casa.
 
Milhões de chefes de família teriam montado minissiderúrgicas no quintal da casa para, ali, produzir aço. O resultado, como teria de ser, foi desastroso: toneladas de aço de péssima qualidade, que não servia para nada.
 
Há quem acredite estar nesse fracasso a origem da Revolução Cultural. Segundo eles, tamanho insucesso teria comprometido a autoridade e o prestígio, até então intocáveis, de Mao, gerando, dentro do Partido Comunista chinês, um movimento contra a sua liderança. Muitos dirigentes passaram a crer que o grande líder havia enlouquecido e que, para deter aquela rebelião, deflagrou a Revolução Cultural que, em última análise, visava a desmontar o aparelho partidário.
 
Kissinger afirma que Mao impeliu a China a uma década de frenesi ideológico, sectarismo feroz e quase a uma guerra civil. Nenhuma instituição foi poupada e, por todo o país, governos locais foram desfeitos, destituídos líderes do Partido Comunista e do Exército de Libertação Popular, incluindo comandantes da guerra revolucionária, vítimas de expurgo e submetidos a humilhação pública.
 
Figuras importantes do partido foram obrigadas a desfilar pelas ruas das cidades ostentando orelhas de burro. Os jovens foram instados a saírem às ruas de todo o país, atendendo à exortação de Mao, a fim de "aprenderem a revolução fazendo a revolução".
 
Dirigentes do partido eram enviados ao campo para aprender com os camponeses analfabetos a lição revolucionária. Adolescentes tornaram-se tropas de choque ideológicas. A nação chinesa virou de cabeça para baixo, com filhos se voltando contra os pais, alunos humilhando professores, queimando livros. Em Pequim, os ataques dos Guardas Vermelhos destruíram quase 5.000 locais de valor cultural e histórico.
 
Após a morte de Mao, Deng Xiao Ping, principal líder entre o fim dos anos 1970 e início dos 1990-- que fora perseguido por Mao-- afirmou ter a Revolução Cultural quase destruído o Partido Comunista como instituição e arruinara sua credibilidade.
 
Quando assumiu o governo, a China estava em situação pior do que quando Mao iniciara a transformação revolucionária da sociedade chinesa. Na verdade, o Estado planejado, longe de criar uma sociedade sem classes, terminara por estratificar as classes.
 
Os bens, em vez de serem comprados, eram distribuídos conforme as prerrogativas oficiais, o que levou ao favoritismo e à corrupção, uma vez que tudo passou a depender de influência partidária.
 
O programa de reforma que Deng implantara destinou-se a erradicar o maoismo. Ele e seus auxiliares mais próximos implantaram a economia de mercado, aberta ao exterior, confiando no espírito empreendedor do povo chinês.
 
Não resta dúvida de que nasceu então a China de hoje, de economia capitalista, no polo oposto às teses maoistas. Não obstante, fiel à sagacidade tradicional chinesa, manteve o culto a Mao Tse-tung, embora fizesse o contrário do que ele fez e faria.
 
28 de maio de 2013
Ferreira Gullar

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




28 de maio de 2013

DEBATE MOSTRA QUE REGIME SEMIABERTO NO BRASIL É FICÇÃO

 

Se há falta de vagas no sistema penitenciário para que condenados cumpram suas penas em regime semiaberto ou aberto, devem eles ser encarcerados ou recolhidos em prisão domiciliar? O que deve prevalecer nestes casos: o direito coletivo da sociedade de ter segurança pública ou o direito individual do condenado, de não cumprir uma pena mais grave do que prevê a lei?

A questão foi debatida em audiência pública nesta segunda-feira (27/5) no Supremo Tribunal Federal. A audiência foi convocada pelo ministro Gilmar Mendes, relator de um recurso interposto pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul. Mais de 20 especialistas, entre juízes, gestores, defensores públicos e integrantes do MP se revezaram na tribuna do STF com argumentos contra e a favor da prisão domiciliar.



O debate irá subsidiar o julgamento do Recurso Extraordinário 641.320, no qual o MP gaúcho questiona decisão do Tribunal de Justiça do estado que concedeu prisão domiciliar a um condenado do regime semiaberto. O TJ gaúcho decidiu de forma mais favorável ao réu porque não havia vaga em estabelecimento voltado para o regime semiaberto para que ele cumprisse pena dentro das condições previstas em lei.

Como era de se esperar, o debate foi polarizado. Defensores públicos com o argumento de que o preso não pode ser apenado com mais rigor por conta da falta de organização do Estado em organizar o sistema prisional. Membros do Ministério Público com a justificativa que a “sociedade cordata” não pode arcar com o risco e as consequências de ter criminosos na rua por conta da falta de estrutura estatal.

Em meio ao debate polarizado, houve sugestões interessantes e a apresentação de dados alarmantes. O juiz auxiliar do Conselho Nacional de Justiça, Luciano André Losekann, revelou como é complexa e complicada a situação dos presos que cumprem pena em regime semiaberto no Brasil. Coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do CNJ, Losekann mostrou que, na prática, o regime semiaberto no país é uma ficção.

“Na maioria dos estados, os presos aguardam em eternas listas de espera sua progressão do regime fechado para o semiaberto. Mas as listas são absolutamente ilusórias porque quem consegue Habeas Corpus acaba passando na frente de presos que esperam a mais tempo pela progressão”, afirmou Losekann. O juiz disse que em um dos mutirões carcerários feitos pelo CNJ em São Paulo, em 2011, “havia sete mil presos já com progressão deferida aguardando no regime fechado a vaga no semiaberto”.

Sem fiscalização

A maior parte dos debatedores frisou que sem fiscalização qualquer regime de cumprimento de pena fora do fechado não surtirá o efeito desejado: a ressocialização. “De nada adianta fixar prisão domiciliar se não houver parâmetros mínimos de fiscalização. Muitas vezes, os presos voltam a delinquir no livramento condicional porque não há qualquer fiscalização”, observou Luciano Losekann.

Ponto comum também foram as críticas de que a União não repassa as verbas para investimento no sistema carcerário e, por outro lado, os estados não investem no sistema do regime semiaberto e outros que visam à ressocialização de presos. Para Losekann, talvez fosse necessário pensar em um sistema que substituísse o regime semiaberto pelo livramento condicional, mas efetivamente monitorado. Isso porque, na maioria dos casos, o sujeito fica esperando uma proposta de trabalho para poder progredir. Proposta que, por vezes, nunca chega. A espera já fez o regime semiaberto ser apelidado de “regime semifechado”. De acordo com Losekann, há no país 75 mil pessoas cumprindo pena em regime semiaberto e ainda há déficit de 24 mil vagas.

Segundo o ministro Gilmar Mendes, hoje mais de 20 mil presos cumprem pena em regime mais grave do que deveriam por falta de vagas nos regimes aberto e semiaberto. Segundo dados do Ministério da Justiça, a população carcerária no Brasil é de 548 mil pessoas. E os presídios e cadeias dispõem de apenas 310 mil vagas.

Súmula vinculante

O defensor público geral da União, Haman Tabosa Córdova, lembrou que em fevereiro de 2011 a Defensoria Pública apresentou a Proposta de Súmula Vinculante 57, que pede a possibilidade de cumprimento de pena em regime menos severo diante da falta de vagas no regime semiaberto. E defendeu a aprovação da súmula.

De acordo com o defensor, a previsão de investimentos do governo federal da ordem de R$ 1,2 bilhão pode ajudar, mas não resolverão o problema. Haman Tabosa, como outros debatedores, frisou que raramente os recursos financeiros são aplicados na construção de unidades específicas para o regime semiaberto. De forma geral, são construídas unidades apenas para separar condenados definitivos dos presos provisórios. “A ineficiência do Estado não pode permitir a violação do direito à liberdade do cidadão”, defendeu.

Os integrantes do Ministério Público que participaram da audiência atacaram a possibilidade de o Supremo sumular a matéria. Mas não só eles. O juiz Losekann, por exemplo, disse que a aprovação de uma súmula vinculante nesse sentido tem de ser acompanhada de um regramento mínimo, principalmente no que diz respeito à fiscalização do cumprimento de regimes domiciliar, aberto e semiaberto.

Ivory Coelho Neto, procurador de Justiça do MP gaúcho, atacou a proposta de súmula. Segundo ele, na prática, “o benefício judicial é a conversão da condenação imposta pela sociedade brasileira por meio do Judiciário em mera censura moral”. Isso porque não há, segundo ele, uma efetiva fiscalização para aferir se a prisão domiciliar está sendo cumprida. Segundo ele, a determinação judicial se transforma em uma recomendação para que o condenado permaneça em casa.

O procurador, contudo, não é contra a concessão de prisão domiciliar na falta de vagas em regime semiaberto. Coelho Neto ataca a adoção generalizada da medida. Ele sugeriu que o STF, ao julgar o recurso de relatoria de Mendes, dê interpretação conforme a Constituição ao caso para estabelecer condições mínimas para a concessão da prisão domiciliar.

Os procuradores Miguel Tassinari de Oliveira e Paulo José de Palma, que representaram o Ministério Público de São Paulo, também criticaram a possibilidade de conversão da prisão em regime semiaberto em prisão domiciliar automaticamente. “Ao permitir que um indivíduo condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade em regime semiaberto cumpra a pena em regime menos gravoso, o Estado baixa o nível de proteção à segurança pública aquém do desejado”, afirmou Oliveira. Já Paulo de Palma defendeu que os interesses maiores da sociedade possam devem ser resguardados nestes casos.

A audiência pública seguirá nesta terça-feira (28/5), com mais oito expositores. Falarão representantes de secretarias estaduais que tratam da questão da segurança pública e administração penitenciária dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Também está prevista a exposição do presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça, Herbert José Almeida Carneiro.

28 de maio de 2013
Rodrigo Haidar

PORTOS, GALINHADAS E AS FORÇAS DO ATRASO


 
República das bananas

 
A votação da medida provisória dos portos demonstrou muito bem que um dos maiores males que o governo petista trouxe para o Brasil foi devolver o poder para as velhas oligarquias e para os agentes do atraso que vinham perdendo força, ano após ano, desde a redemocratização de nosso país.
 
Muito pior do que isso, a opção do poder a qualquer custo, trouxe a tona uma nova força do atraso, adormecida durante anos, e disfarçada por uma aura de benevolência e justiça social.
 
A proliferação de sindicatos fantasmas, ávidos apenas em abocanhar uma parcela cada vez mais gorda do imposto sindical, e que pouco se lixam para as reais vontades e necessidades dos trabalhadores que dizem representar; deu um novo gás ao sindicalismo pelego que adora manter privilégios anacrônicos mesmo que para isso toda a nação seja condenada a pagar o preço.
 
É lógico que o ser humano deve ter direito ao trabalho e proteger empregos deve sempre ser o foco central de qualquer governo. No entanto, ao longo dos anos, dezenas (se não milhares) de categorias profissionais foram extintas ou drasticamente reduzidas pelos avanços tecnológicos ou por melhorias nos processos produtivos.
 
É impensável para qualquer pessoa sensata sequer imaginar que se mantenham latrinas públicas nas ruas, desligadas da rede de esgoto, apenas para garantir o emprego dos limpadores de fossa que mergulhavam nesses enormes e fétidos buracos, repletos de dejetos, para recolhê-los com um balde e levá-los até o lixão da cidade, como forma de impedir o transbordamento dessas latrinas. Quem sabe, talvez, possamos abolir toda a forma de trabalho mecanizado com metais, apenas para manter empregados os ferreiros e suas barretas ou bigornas.
 
Entender que chega uma hora em que a mudança se torna inevitável e estar preparado para ela (ou ao menos disposto) é condição fundamental para que um país avance. Sem essa compreensão, seremos incapazes de preparar nosso povo para o futuro e nos manteremos atrelados a profissões (e a profissionais) defasados em meios produtivos anacrônicos.
 
Não é possível, por exemplo, em pleno século XXI, pensar em nossos portos operando da mesma forma que faziam desde o século XIX. É necessário terminar com o carregamento manual de navios e programar o funcionamento 24 horas de toda a cadeia portuária. Além disso, investimentos em automação e na redução de custos devem ser o foco de qualquer autoridade que pense minimamente em fazer esse país andar com os próprios pés nos próximos anos.
 
Porto século XIX
 
É claro que a automação e a modernização levarão a redução de mão de obra. Afinal, não serão mais necessários os enormes contingentes humanos para carregar navios durante dias a fio (ou mesmo semanas). As máquinas farão o trabalho mais pesado, de forma mais eficaz e rápida, e um número menor de pessoas se ocupará com essa função tão desgastante.
Mas, em um país sério, isso não significaria necessariamente desemprego em massa.
 
Com planejamento e boa vontade, muitos dos trabalhadores atuais poderiam ser aproveitados e capacitados a operar as novas máquinas ou a cumprir as funções administrativas e operacionais que surgirão. Também haverá uma ampliação do mercado, com a abertura de mais portos, pelo país e a necessidade de mão de obra será elevada.
 
Mas, enquanto se debate a volta ao atraso e a manutenção dos padrões operacionais de 200 anos atrás, uma das decisões mais importantes já tomadas pelo Congresso Nacional fica a cargo de dois deputados que se preocupam com tudo, menos com o bem-estar do brasileiro e com o desenvolvimento da nação.
 
Preocupados apenas com seus próprios interesses Garotinho e Eduardo Cunha lutam pela manutenção do atraso e pela satisfação dos interesses sindicais, meramente embalados pelo populismo medíocre e despreocupado com as reais necessidades da nação.
Um visando recuperar uma projeção política destruída pelas inúmeras falcatruas em que se viu envolvido e o outro na tentativa de assegurar ganhos fisiológicos ao seu partido (o PMDB).
 
O nível de interesse no futuro de nossa nação e no bem-estar de nosso povo que essa gente tem pode muito bem ser demonstrado pelo ocorrido nessa votação. Enquanto se discutia a proposta mais importante de todo o governo Dilma e a virada decisiva numa das principais causas de nosso atraso, o caos nos portos, a maioria dos deputados apreciava o importantíssimo jogo da Taça Libertadores da América; comendo uma saborosa galinhada regada a muito dinheiro dos contribuintes.
 
Todo esse descaso reflete o enorme conjunto de forças responsáveis pelo nosso atraso, por nossas mazelas e pela miséria que teima em perseguir nosso povo.
Afinal de contas, muita gente ganha muito com tudo isso. Então, mudar para que?
Pense nisso.
 
28 de maio de 2013
arthurius maximus

O UFANISMO DESABOU NA FONTE NOVA

Desabamento parcial da cobertura na Fonte Nova revoga a discurseira de Dilma e leva à associação inevitável: imagina na Copa


Crédito: Evandro Veiga/Agência O Dia/Folhapress
 
“Quando eu cheguei aqui e me aproximei e vi essa construção, essa construção que é única e que mostra, sem dúvida, o espírito e a criatividade do povo dessa terra, a palavra é orgulho”, empolgou-se Dilma Rousseff aos 14 segundos do vídeo abaixo, que eternizou a discurseira em dilmês primitivo que celebrou a inauguração, há pouco mais de um mês, da Arena Fonte Nova, em Salvador.

“Dá muito orgulho como presidenta da República de olhá para este estádio e vê que nós estamos superando, superando as expectativas”.
As expectativas foram superadas nesta segunda-feira, dois dias antes da entrega oficial à Fifa do estádio incluído no circuito da Copa das Confederações. Depois de uma madrugada chuvosa, parte da cobertura não suportou o peso da água e rompeu-se. Em outros dois pontos afetados, a drenagem da cobertura da arena que engoliu R$ 689,4 milhões foi feita com o que há de mais moderno na Fonte Nova: baldes de plástico.

“Não houve problema estrutural da cobertura, mas um erro no processo de verificação, que já foi identificado e está sendo reparado”, recitou  José Luís Góes, diretor de engenharia do consórcio Fonte Nova Negócios e Participações”. A assessoria de imprensa do consórcio cobriu a fratura exposta com esparadrapo: “Este tipo de situação jamais ocorreria durante eventos, já que nestes dias a arena passa por vistoria minuciosa em todas as dependências, incluindo a cobertura”, garantem os porta-vozes que viraram videntes.
Mais uma vez, a associação é inevitável: imagina na Copa.


Nos palavrórios que festejam a inauguração de estádios que não ficaram prontos, Dilma Rousseff recita a lenga-lenga: o Brasil Maravilha está mostrando aos eternos pessimistas, todos loiros de olhos azuis, que cumpre o que promete, faz o aparentemente impossível e, como avisou o padrinho Lula, vai matar a Argentina de inveja com a Copa de 2014.

Como atesta o vídeo  foi assim também na Arena Fonte Nova, em Salvador, reconstruída com dinheiro dos que pagam impostos.

Nesta segunda-feira, o desabamento da parte da cobertura do estádio na Bahia ─ um dos tantos monumentos à gastança concebido pelos arquitetos da Copa da Roubalheira ─ recomendou à presidente alguns dias de silêncio.

Enquanto faz de conta que só se lembra das velhas fontes de Roma que viu na visita ao Papa, Dilma deveria aprender onde fica o gol. A diferença entre o pau de escanteio e o bandeirinha pode ficar para depois.

28 de maio de 2013
in augusto nunes

SANATÓRIO (OU SANITÁRIO) DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

Álibi imaginoso


“Essa imprecisão só se justifica pelo momento que a gente estava vivendo, e eu peço desculpas a todos pelo engano dessa manifestação da gente”.

Jorge Hereda, presidente da Caixa Econômica Federal, em entrevista coletiva nesta segunda-feira, ao admitir que o banco liberou o dinheiro do Bolsa Família antes do início dos boatos, explicando que passou uma semana escondendo a verdade por engano.

Cofres em perigo

“Repito: essa não é uma decisão que passa pela diretoria da Caixa”.

Jorge Hereda, presidente da Caixa Econômica Federal, sobre a antecipação dos pagamentos do Bolsa Família, revelando que só passam pela diretoria decisões que não envolvem dinheiro.

Acabou mas continua

“Brincar assim com as pessoas mais pobres é uma ofensa”.

Lula, sobre os boatos em torno do Bolsa Família, informando que a pobreza que jura ter exterminado em oito anos de governo foi reinaugurada por Dilma Rousseff.

Contrato é contrato

“Estamos confiantes de que a Câmara votará a matéria. A caducidade da MP prejudicará a população e o setor produtivo de importantes estados”.

Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil, com a expressão confiante de quem sabe que, como contrato é para ser cumprido, a base alugada no Congresso vai levar em conta os superiores interesses da nação e aprovar mais oito medidas provisórias em caráter de urgência – duas delas antes do feriadão de Corpus Christi.

Bolsa calça

“Meu dinheiro nunca aumentou. Só ganho 134 reais e não está dando nem para comprar uma calça para a minha filha que tem dezesseis anos. Porque uma calça para uma jovem de dezesseis anos é mais de 300 reais”.

Francisca Flores, residente em São Luís do Maranhão, beneficiária do Bolsa Família há oito anos, em entrevista ao Jornal da Cidade, revelando o que faz com o dinheiro do maior programa de compra de votos do mundo.

Na estratosfera

“Sempre teríamos na transparência de nossos atos e na ética da vida pública os valores fundamentais do PT, foi o que muitas vezes ouvi de você”.

Eduardo Suplicy, num trecho da carta que remeteu a Lula sem revelar seu atual endereço na estratosfera.

Maus companheiros

“É um boato. O Brasil tem milhões de pessoas boas, decentes, honestas e tem gente que veio ao mundo para fazer o mal. De qualquer forma, acho que o Bolsa Família é uma coisa tão consolidada no imaginário do povo que não vai ser um boato que vai atrapalhar”.

Lula, juntando-se a Dilma Rousseff para criticar o que o PT faz em toda campanha eleitoral.

Desempregado doidão

“O pessoal do PSDB vai privatizar o Banco do Brasil? Vai privatizar a Petrobras? Pois essa é a memória que o povo brasileiro tem do Fernando Henrique. Com estes elementos simbólicos e reacionários, Aécio Neves não vai a canto algum”.

Ciro Gomes, político desempregado, em conversa com estudantes de jornalismo, deixando claro que, se não aparecer um ministério desocupado, está disposto a levar pitos de Dilma Rousseff como assistente da diretora Erenice Guerra no Curso de Especialização em Dossiês Fraudulentos, Boatos Criminosos e Safadezas em Geral, mais uma obra do PAC.
 

Noiva cobiçada

“Lindbergh tem direito de concorrer, mas, se isso acontecer, Dilma não contará com nosso apoio. O discurso de rompimento parte deles, não de nós”.

Jorge Picciani, presidente do PMDB do Rio de Janeiro, deixando claro que, caso o PT não se disponha a pagar o preço fixado pelo parceiro para a renovação do contrato de aluguel, não faltarão interessados em fechar negócio com a filial fluminense do que o rodado Ciro Gomes considera “um ajuntamento de assaltantes”.

28 de maio de 2013
in augusto nunes