"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

BRIZOLISMO NÃO TEM HERDEIROS, APENAS O PRÓPRIO LEGADO

Muito se fala no herdeiro de Brizola. Mais importante que o herdeiro é o legado. E o legado de Brizola é de probidade, patriotismo, nacionalismo, defesa da economia e soberania nacionais, prioridade absoluta para a escola pública de tempo integral, realização da reforma agrária, entre outras características positivas da sua biografia política de mais de cinco décadas.

Claro que cometeu sérios erros, tinha defeitos, mas seu saldo é amplamente positivo, se comparado aos políticos atuais, um bando de estelionatários que ingressam na vida pública para engordar seus patrimônios pessoais e enriquecer.

O trabalhismo é um ideário que tem postulados muito importantes e que devem sempre ser lembrados, principalmente nesses tempos neoliberais em que os governos europeus estão cortando as aposentadorias e pensões para ter dinheiro para pagar juros e amortizações aos banqueiros. Esses postulados podem ser sintetizados na necessidade de haver a preponderância do fator de produção trabalho sobre o fator capital, na regulação pública do capitalismo, que produz a eficiência alocativa, mas também causa a injustiça distributiva.

A intervenção do Estado na economia é crucial para equilibrar a oferta e a demanda agregadas, sempre não coincidentes, devido ao eterno desajuste entre as expectativas dos empresários e a realidade econômica. As políticas fiscal e monetária são exercidas pelo Estado e pelo Governo para tentar atenuar as conseqüências do desequilíbrio intrínseco entre a oferta e a demanda no capitalismo, um problema crônico, responsável pelos ciclos econômicos de inflação e desemprego de que padece nosso sistema econômico.

São de suma importância as próximas eleições na Europa, que serão a eleição regional espanhola a ocorrer na Andaluzia e a eleição presidencial francesa. Por mais conservadores que tenham sido os governos social democratas europeus nos últimos tempos, novas vitórias da direita européia podem ser fatais no sentido do enfraquecimento do fator trabalho e no fortalecimento do fator capital.

O Estado do Bem Estar Social nunca esteve tão ameaçado. Será muito deprimente assistir à vitória dos banqueiros sobre os trabalhadores, que sofrem com um desemprego cada vez maior, ao passo em que a ganância dos banqueiros não tem limites.

03 de fevereiro de 2012
Carlos Frederico Alverga

CURIOSIDADE...

Novo ministro das Cidades quer tornar obrigatório o exame da próstata.

Graças ao bom Deus, o deputado paraibano Aguinaldo Ribeir, líder do PP na Câmara, está sendo nomeado ministro das Cidades, em substituição a Mário Negromonte, abatido por sucessivas denúncias de corrupção e favorecimento familiar. Se o ilustre parlamentar fosse nomeado ministro da Saúde, certamente transformaria este país no paraíso dos proctologistas.

Entre os projetos apresentados por Ribeiro na Câmara está uma proposta determinando que o empregado com idade igual ou superior a 40 anos seja submetido ao exame de próstata, pago pelo empregador. Em caso de exame positivo para câncer, o trabalhador terá direito ao tratamento psicológico necessário.

Hoje, a legislação prevê exame médico obrigatório, por conta do empregador, na admissão, na demissão e periodicamente, conforme instruções do Ministério do Trabalho, mas não há obrigatoriedade da introdução do dedo médio no furico dos outros.

Ribeiro, portanto, é da mesma ala do falecido deputado Clodovil Hernandes, que também apresentou à Câmara projeto nesse sentido. Clodovil, porém, morreu sem ter o prazer de ver aprovada sua proposta e nem teve tempo de participar da polêmica recentemente aberta pelos oncologistas do Instituto Nacional do Câncer, que se manifestam contrários ao excesso de exames de próstata e também de operações, sob argumento de que a grande maioria das cirurgias é totalmente desnecessária e o câncer se desenvolveria de forma tal lenta que o paciente acabaria morrendo, muitos anos depois, de outra causa.

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DOIS PROCESSOS NO STF

Quanto à chamada folha corrida, que hoje precisa ser a premissa mais importante na escolha de ministros, sabe-se que há dois processos contra o novo ministro que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).

Um deles refere-se à emissão de cheque sem fundo e o outro é sobre um convênio firmado pela Secretaria de Agricultura da Paraíba, da qual foi titular de 1998 a 2002.

Antes de ser confirmado no cargo, Ribeiro prestou esclarecimentos informais à Presidência, alegando que foi vitorioso em duas instâncias e que os casos só chearam ao STF depois que foi eleito, em 2010.

03 de fevereiro de 2012
Carlos Newton

COMÉDIA

QUE SIRVA AO MENOS PARA ISSO!

"SOCIALISMO" E O MÉTODO MAC DONALD

Está sendo distribuída na Internet uma lista com nome de 'torturadores' brasileiros. Mas apenas os chamados torturadores que pertenciam à ditadura militar. Os que tiravam vidas e mutilavam (como vemos no vídeo e nos endereços abaixo, por exemplo) em prol de igual ditadura, embora uma ditadura 'socialista' (comunista), recebem outra denominação. São chamados de guerrilheiros e vistos com extremo respeito. É o mesmo método que levou as pessoas a gostarem dos sanduíches horrosos do MacDonald.



casadamãejoana
3 de fevereiro de 2012

O MERCADO FALA, MAS O CONSUMIDOR NEM SEMPRE OUVE...

Sinais não-verbais, aqueles que não percebemos a primeira vista, podem nos ajudar se os identificarmos.

A relação de demanda e oferta está sempre sujeita a variações. Na primeira aula do primeiro dia do curso de Economia, possivelmente o professor dirá a seus alunos que os preços tendem a baixar quanto maior a oferta de produtos e subirão quando a procura por determinado bem ou serviço for maior do que o mercado tem para vender. Frutas, legumes e verduras, por exemplo, apresentam preços mais altos quando estão fora de época e a oferta diminui.

Os serviços de dedetização trabalham mais no verão – quando as baratas voam. A estação é mais favorável também a sorvetes e bebidas frias. Com o aquecimento do mercado de eletrônicos, por exemplo, e o consequente aumento da oferta de marcas e modelos, alguns itens – como telefones celulares, televisores e computadores – baixaram de preço. Já o bacalhau fica mais caro na Semana Santa e no Natal.

Estes são os sinais verbais que estão estampados nos folhetos, vitrines e anúncios de jornais. Além de identificar os heróis e os vilões do seu bolso e buscar informações sobre a sazonalidade de certos produtos, o consumidor precisa estar aberto a reconhecer certos sinais que feiras e shoppings oferecem – mesmo contra a própria vontade. O que marqueteiros e publicitários guardam a sete chaves – embora deixem escapar de vez em quando – são os sinais não-verbais, aqueles que não percebemos à primeira vista, mas que podem nos ajudar se os identificarmos.

A dona de casa deve estar atenta a estes “sinais”. Eles estão em todos os lugares – nas feiras, mercados e shopping centers. Ao entrar na feira livre, por exemplo, ela deve observar o número de caixotes atrás das bancas. Quanto maior o número de caixas maior será a oferta porque o feirante tem mais estoque. Nas gôndolas mais baixas dos supermercados estão os produtos mais atraentes para as crianças. Deve-se evitar ir ao mercado com elas senão a despesa, certamente, será maior.

Nas feiras livres, as primeiras duas horas são as mais caras enquanto as duas últimas apresentam mais promoções. Na frente de cada barraca cabe a pechincha, negociação que pode levar à maior economia. No supermercado, por sua vez, o açougue fica sempre no fundo para que o cliente percorra corredores e gôndolas e acabe comprando por impulso antes de chegar à carne. Preços de refrigerantes e cervejas costumam baixar no sábado. Isso impulsiona também a venda da carne para o churrascão da família. Nesse tipo de estabelecimento, o consumidor encontrará preços mais caros e menos ofertas nos primeiros dez dias do mês. É neste período que o trabalhador – que acabou de receber salário – tem mais dinheiro no bolso.

A catedral das emboscadas

Autora do livro Shopping Center – a catedral das mercadorias, Valquíria Padilha revela que os shopping centers são templos de consumo e lazer – considerados seguros pois abrigam o consumidor do sol e da chuva. Ela aponta que os shopping centers de média e grande dimensão funcionam como pequenas cidades, com estrutura governamental (administração) e serviços de polícia e bombeiros (segurança), além de limpeza, abastecimento de água, manutenção de infraestruturas etc.

Mas o shopping também fala. Repare que ali não há relógios – para que o consumidor perca a noção do tempo. Pelo mesmo motivo, a iluminação não permite que você perceba que escureceu, por exemplo. O piso é sempre muito liso para que você ande devagar e olhe as vitrines com calma. Como o público masculino é menos afeito a bater perna e olhar vitrines, as lojas para estes consumidores – repare só – ficam sempre perto das entradas ou das escadas rolantes. Isso é estratégia. Já as consumidoras têm um espírito, digamos, mais desbravador e vão mais longe atrás daquele item ou desconto.

Como dizia Sun Tzu em A arte da guerra, um general deverá estar preparado com astúcia e com estratagemas quando penetrar em terreno sujeito a emboscadas.

Por Claudio Carneiro
3/02/2012

TRISTE HISTÓRIA DE UM PROFESSOR

Porto Alegre (RS), 16 de julho de 2011

Caro Juremir (CORREIO DO POVO/POA/RS)

Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico. Pela manhã sou vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre , onde à noite leciono a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio. Pois bem, olha só o que me aconteceu: estou eu dando aula para uma turma de segundo ano. Era 21/06/11 e, talvez, “pela entrada do inverno”, resolveu também ir á aula uma daquelas “alunas-turista” que aparecem vez por outra para “fazer uma social”. Para rever os conhecidos. Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o conteúdo que abordávamos.

Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que necessitava de bastante atenção de todos, toca o celular da aluna, interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma idéia e prejudicando o andamento da aula. Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender' e que o Colégio é um local aonde se vai para estudar. Então, a “estudante” quis argumentar, quando falei que não discutiria mais com ela.

Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas. De casa, sua mãe ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não iria ficar assim. Em nenhum momento procurou escutar a minha versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretoria da Escola.

Qual passo dado pela mãe? Polícia Civil!... Isso mesmo!... tive que comparecer no dia 13/07/11, na 8.ª (oitava Delegacia de Polícia de Porto Alegre) para prestar esclarecimentos por ter constrangido (“?”) uma adolescente (17 anos), que muito pouco frequenta as aulas e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores'. A que ponto que chegamos? Isso é um desabafo!... Tenho 39 anos e resolvi ser professor porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil.

Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho outras opções no mercado. Em situações como essa, enxergamos a nossa fragilidade frente ao sistema. Como leitor da tua coluna, e sabendo que abordas com frequência temas relacionados à educação, ''te peço, encarecidamente, que dediques umas linhas a respeito da violência que é perpetrada contra os professores neste país''.

Fica cristalina a visão de que, neste país:

Ø NÃO PRECISAMOS DE PROFESSORES

Ø NÃO PRECISAMOS DE EDUCAÇÃO

Ø AFINAL, PARA QUE SER UM PAÍS DE 1° MUNDO SE ESTÁ BOM ASSIM


Alguns exemplos atuais:

· Ronaldinho Gaúcho: R$ 1.400.000,00 por mês. Homenageado pela “Academia Brasileira de Letras"...

· Tiririca: R$ 36.000,00 por mês. Membro da “Comissão de Educação e Cultura do Congresso"...

TRADUZINDO: SÓ O SALÁRIO DO PALHAÇO, PAGA 30 PROFESSORES. PARA AQUELES QUE ACHAM QUE EDUCAÇÃO NÃO É IMPORTANTE: CONTRATE O TIRIRICA PARA DAR AULAS PARA SEU FILHO.

Um funcionário da empresa Sadia (nada contra) ganha hoje o mesmo salário de um “ACT” ou um professor iniciante, levando em consideração que, para trabalhar na empresa você precisa ter só o fundamental, ou seja, de que adianta estudar, fazer pós e mestrado? Piso Nacional dos professores: R$ 1.187,00… Moral da história: Os professores ganham pouco, porque “só servem para nos ensinar coisas inúteis” como: ler, escrever, pensar,formar cidadãos produtivos, etc., etc., etc....

SUGESTÃO: Mudar a grade curricular das escolas, que passariam a ter as seguintes matérias:

Ø Educação Física: Futebol;

Ø Música: Sertaneja, Pagode, Axé;

Ø História: Grandes Personagens da Corrupção Brasileira; Biografia dos Heróis do Big Brother; Evolução do Pensamento das "Celebridades"

Ø História da Arte: De Carla Perez a Faustão;

Ø Matemática: Multiplicação fraudulenta do dinheiro de campanha;

Ø Cálculo: Percentual de Comissões e Propinas;

Ø Português e Literatura: ?... Para quê ?...

Ø Biologia, Física e Química: Excluídas por excesso de complexidade.

Está bom assim? ... eu quero mais!...

ESSE É O NOSSO BRASIL ...

Vejam o absurdo dos salários no Rio de Janeiro (o que não é diferente do resto do Brasil)

Ø BOPE - R$ 2.260,00....................... para ........ Arriscar a vida;

Ø Bombeiro - R$ 960,00.....................para ........ Salvar vidas;

Ø Professor - R$ 728,00.....................para ........ Preparar para a vida;

Ø Médico - R$ 1.260,00......................para ........ Manter a vida;

E o Deputado Federal?.....R$ 26.700,00 (fora as mordomias, gratificações, viagens internacionais, etc., etc., etc., para FERRAR com a vida de todo mundo, encher o bolso de dinheiro e ainda gratificar os seus “bajuladores” apaniguados naquela manobrinha conhecida do “por fora vazenildo”!).

IMPORTANTE

Faça parte dessa “corrente patriótica” um instrumento de conscientização e de sensibilização dos nossos representantes eleitos para as Câmaras Municipais, Assembleias Estaduais e Congresso Nacional e, principalmente, para despertar desse “sono egoísta” as autoridades que governam este nosso maravilhoso país, pois eles estão inertes, confortavelmente sentados em suas “fofas” poltronas, de seus luxuosos gabinetes climatizados, nem aí para esse povo brasileiro. Acorda Brasília, acorda Brasil !...


P.S.: Divulgue logo esta carta para todos os seus contatos. Infelizmente é o mínimo que, no momento, podemos fazer, mas já é o bastante para o Brasil conhecer essa "pouca vergonha". As próximas eleições estão chegando!

FMI DIZ QUE AMÉRICA LATINA TEM QUE SE PREPARAR PARA O PIOR

Recentemente, FMI revisou para baixo a previsão de crescimento da América Latina em 2012

Em artigo publicado no blog do FMI, o diretor do Departamento de Hemisfério Ocidental (Américas) do fundo, o chileno Nicolás Eyzaguirre, alerta: os governos da América Latina devem se preparar para “o pior cenário” ante a deterioração da crise europeia.

“As perspectivas para a região dependem das medidas políticas tomadas pela Europa, onde as autoridades devem intensificar os esforços para conter a crise”, escreveu. “Como deveriam responder os governos de nossa região? Esperando o melhor, mas preparados para o pior”, ressaltou Eyzaguirre.

Juros mais baixos

Para o chileno, os países da região precisam de juros mais baixos. Ele diz que os governos da América Latina “devem estar preparados para relaxar sua política monetária, mas só nos casos em que a solidez institucional e o baixo nível de inflação permitirem”.

Recentemente, o FMI revisou para baixo a previsão de crescimento da América Latina em 2012, de 4% para 3,6%. Para o Brasil, a previsão caiu de 3,7% para 3%. A previsão do FMI de crescimento da economia mundial neste ano, que era de 4%, é agora de 3,3%.

3/02/2012

QUEM VAI PARA A FORCA?

Chineses estão preocupados com uma pena de morte de alto-nível.
É coisa rara para os 500 milhões de internautas na China defenderem os podres de rico. Mas a decisão de um tribunal provincial no dia 18 de janeiro de sentenciar à morte uma das empresárias mais ricas da China criou um incomum derramamento de simpatia. Levou também a críticas sobre um sistema legal que trata cidadãos comuns de uma maneira muito mais dura do que os governantes que cometem erros.

O caso de Wu Ying, 31 anos, condenada por “levantamento ilegal de fundos”, também atiçou o debate sobre as injustiças do sistema econômico chinês. Empresas estatais podem pegar dinheiro emprestado de bancos (também estatais), ao passo que os negócios privados são geralmente deixados à própria sorte em um mercado informal de empréstimo de dinheiro, como o que Wu se aventurou.

As origens e a juventude humilde de Wu, bem como a ausência de provas concretas de que suas atividades tenham causado dano a alguém, exceto possivelmente a alguns ricos investidores, também a ajudaram a angariar a simpatia de um público que se mantém informado por meio de sites de bate-papo na internet.

Ela começou a carreira trabalhando no salão de beleza de uma tia na província costeira de Zhejiang, e foi administrar outros salões de beleza antes de formar um conglomerado, o grupo Bense, com uma ampla gama de interesses, desde imóveis a empréstimos.
Surpreendentemente, em 2006, com apenas 25 anos, ela foi nomeada a sexta mulher mais rica da China pelo Hurun Report, uma pesquisa de patrimônios.

A ascensão extraordinária de Wu é difícil de ser imaginada sem que ela tenha feito alguns negócios duvidosos. Possivelmente as negociações erradas, pois a sua queda foi ainda mais rápida do que a ascensão.
Ela foi presa e sentenciada à morte em 2009 por levantar ilegalmente US$120 milhões em fundos de fontes ilícitas (por exemplo, bancos não-oficiais). Notícias na imprensa chinesa alegaram que Wu deu informações que levaram à prisão de governantes e banqueiros. Alguns se perguntam se a sentença de morte foi uma tentativa de impedir que ela revele mais.

Desde 2007 a China exige que todas as sentenças de morte sejam avaliadas pela Suprema Corte, que agora representa a última chance de absolvição.
No ano passado, o número de crimes capitais foi reduzido pela primeira vez desde 1979.
O número de execuções na China é um segredo de Estado, mas a Fundação Dui Hua, na Califórnia, que promove a melhoria dos direitos na China, estima que tenha caído de cerca de 8 mil em 2007 para 4 mil no ano passado.
O Global Times, um jornal de língua inglesa em Pequim, afirmou que o apoio público à pena de morte por crimes não violentos está caindo, e expressou a esperança de que a Suprema Corte tome a dianteira nesses casos.
Mas duvidou que a opinião pública possa influenciar o que ele ironicamente chamou de “independência judicial” no caso de Wu.

03/02/2012
opinião e notícia

CASA DA MOEDA FALSA

O GRANDE MITO DA ESQUERDA LATINO-AMERICANA

Idolatria a um vagabundo: Se uma imagem vale mais do que 1000 palavras, quanto vale esta imagem?

Lembranças de um governo corruPTo, inéPTo, safado e que mesmo assim, ainda tem gente que diz que nada disso aqui é verdade...
Queria saber qual é a verdade, então, para essa gente burra, ignorante e permissiva, que aceita e tolera que o seu dinheiro e suor sejam roubados dia e noite, para não tere nada em troca...

E ainda tem gente que diz:
"Se os outros roubaram, por que o Lulla não pode roubar?"...


Eita argumento de gente que tem um "Ar de jumento" e não um argumento plausível para contestar o incontestável, e o que é pior, não luta para defender os seus direitos e sim, luta para defender bandidos que nem sabem que eles existem...Por isso que este tipo de brasileiro eu o chamo de "LOMBRIGA", por que se sair da merda morre...
Bruno Toscano Franco - Facebook

PS - Achei muito bom esse comentário de Bruno Toscano. De vez em quando, quero trazer alguns comentários inteligentes que escrevem no Facebook e aqui no Blog. Podem escrever. Pretendo publicar com foto e tudo mais.
No comentário acima, Bruno chama o povo alegre e miserável que vota nessa gente das siglas do inferno de "LOMBRIGA", pois está certo....
A tal lombriga é aquela que Lula canta em "verso e prosa" em seus comícios nauseabundo, que habita nas barrigas desses brasileiros coitados que sequer têm acesso à saúde - prometida pelo governo dos vagabundos corruptos.
03 de fevereiro de 2012
MOVCC

SAÍDA HONROSA PARA MANTEGA

Quando menos se esperava, eis que Mantega entra na bolsa de apostas dos que dão adeus à Esplanada dos Ministérios, maior boca-do-lixo a céu aberto no País.
Pegou mal sua inércia diante das denúncias que acumulava contra seu subalterno Delucci, como sócio minoritário e propineiro da Casa da Moeda.
Na semana passada, Mantega já andara desmentindo rumores de que deixaria a Fazenda para cuidar do lar, onde sua esposa padece de grave doença.

Apostadores contumazes garantem que, não demora nada, Mantega vai anunciar sua saída honrosa, alegando que vai pedir as contas "para tratar da saúde da mulher".
Nesse interim, como quem não quer nada, Henrique Meirelles, não tuge nem muge atrás da moita.

03 de fevereiro de 2012
sa´natório da notícia

TIME DOS DESCAMISADOS GANHA POR W.O.

Com Negromonte, o Mário que saiu do armário, acaba de ser formado o primeiro time completo de ministros que deixaram a Esplanada dos Ministérios.
São 11 ao todo que nem chegaram a suar a camisa e foram para o chuveiro antes do fim do jogo. Veja a escalação:

01. Antonio Palocci, saiu da Casa Civil para incrementar o PAC - Plano de Aceleração de sua Consultoria;

02. Luiz Sérgio, deixou de ser garçom nas Relações Institucionais para se dedicar à Pesca;

03. Ideli Salvatti, como não sabia pescar foi ser garçonete nas Relações Institucionais;

04. Alfredo Nascimento, viajou de vez da pasta dos Transportes de Valores;

05. Nelson Jobim, saiu da Defesa para o ataque e acabou saindo por excesso de franqueza;

06. Wagner Rossi, trocou o Ministério da Agricultura por negócios Agropeculiares;

07. Pedro Novais, octogenário enrolou-se nas alcovas do Turismo e quase foi preso por pedofilia: suspeitam de que andava com uma jovem septuagenária, dez anos mais moça do que ele;

08. Orlando Silva, deixou o Esporte no Segundo Tempo de outubro do ano passado "para lavar a honra manchada" que, já na prorrogação, continua como estava;

09. Carlos Lupi, saiu honrosamente pelos fundos do Ministério do Trabalho e foi botar banca no PDT, sua herança brizolista;

10. Mário Negromonte, abandonou o Ministério das Cidades talvez para viver melhor sua baianidade;

11. Fernando Ha Ha Haddad, fugiu do Enem e foi cair num palanque em São Paulo, nas proximidades da Cracolândia onde Kassab quer a construção da lavanderia do Instituto Lula.

O banco de reservas já está formado. Estão em fase de aquecimento. A treinadora Dilma, tal qual Mano Menezes, tem dificuldades para armar o plano de atuação, para escalar e pior ainda para fazer as modificações. A sorte de Dilma que é os adversários não aparecem.
Ela vem ganhando por W.O.
03 de fevereiro de 2012
sanatório da notícia

TEORIA GERAL DOS PORCOS


“Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão”. (Mateus 7,6)

O aviso bíblico adverte há 2 mil anos que não devemos dar pérolas aos porcos. Deixemos os cães de lado, embora o perigo seja maior. Quanto aos cães, talvez esse seja o futuro do Brasil; por enquanto vivemos a Era dos Porcos.

A TEORIA GERAL DOS PORCOS que descreverei dá conta daqueles para os quais nos matamos em avisar, advertir, observar, sempre com o bom intuito, a boa fé de quem quer visar somente o Bem. Mas a TEORIA não vê nos porcos nenhuma resposta aos avisos e aos conhecimentos que passamos quase diariamente. O que vemos é uma rejeição máxima, surda, indiferente. Daí os resultados funestos que amealhamos em todos os níveis da vida brasileira. Desde cedo aviso que a TEORIA GERAL DOS PORCOS não é um arremedo evangélico e não tem qualquer crítica ou censura, até porque o sentido original de Mateus é outro. Os Porcos de Mateus são rejeitados em favor da lealdade a Jesus.

Mas quem são os porcos, porque mesmos entre eles existem diferenças apreciáveis? A TEORIA GERAL DOS PORCOS tipifica os “porcos”.

Em primeiro lugar, o ponto de partida da TEORIA resulta da constatação de que há dois tipos humanos, e brasileiros em particular: os que merecem ser chamados e tratados como porcos, e os não-porcos, uma minoria desprezível. Porcos seriam todos que não entendem as verdades antigas, ou não as conhecem por ignorância ou limitação ideológica. Devo admitir que a limitação ideológica é de tal ordem que os porcos representam 90% da população, se não estou sendo modesto.

Com isso em mente devemos então reparar no porco TIPO 1. Este é avesso a qualquer informação útil e necessária, até para ele mesmo. Aqui, neste tipo, está o beócio, o tacanho, o idiota feliz, o analfabeto criado nas estufas do comunismo tupiniquim. Este tipo não traz nada de casa, para piorar as coisas. Pelo contrário, até traz coisas ruins, vis, viciosas. Isso o faz um porco perigoso, totalmente tapado (embora ele se ache feliz com as migalhas que ganha do Estado). Já estamos na terceira geração desse tipo. Isso tem conseqüências políticas indimensionáveis. De tal tipo nada devemos esperar de bom. A caridade aqui é temerária; a bondade e a generosidade que podemos pregar e fazer, é inútil. É desse tipo que surgem os cães raivosos quando completamente libertos.


O porco Tipo 1 é desanimador para um cristão cheio de boa vontade. Ficamos chocados quando não temos resposta ou reação do Tipo 1. Essa brutal falta de interesse por verdades há muito silenciadas faz com que esse Tipo tenha trocado o intelecto, a ética e a moral, por favores materiais que os mantém vivos. Ética para quê? Porcos 1 são Legião, dão votos e votos. Eles são baratos e por isso comprados no mercado político e econômico por ninharias. Eles são porcos por ninharias. Eles têm direitos a ninharias.

Não tentem educar, alfabetizar, ou orientar um Porco 1. É pura perda de tempo. Já ouviram falar em dissonância cognitiva? Porco Tipo 1 é 100 % dissonante. Não há quem os convença senão pela chantagem material, na concessão de direito onerosos aos outros (os não-porcos) para o usufruto do que não lhe pertence, ou no “perdão” dos seus crimes, sejam quais forem.

O PORCO TIPO 2

Já este tipo 2 apresenta claras esperanças aos catequizadores. A nossa tarefa se altera por completo: o Porco Tipo 2 aceita ouvir e cotejar intelectualmente as novas informações que lhes passamos. A informação é recebida até com paciência e humildade (coisa rara hoje) pelo Porco Tipo 2. Dá até vontade de não chamá-los mais de Porcos, coitados.


O Tipo 2 é capaz de se interessar por coisas novas, novas sabedorias, coisa incomuns que o intelecto pode captar e deliberar. O porco 2 é curioso. Isso significa um certo afastamento do egoísmo. Ele se envergonha do comportamento egoísta, tipo “meu pirão primeiro”. O Tipo 1 não é dotado de vergonha, portanto incapaz de pruridos ou constrangimentos morais.

O Tipo 2 é especialmente atingido pelas Teorias Conspiratórias. E isso tem um lado bom. A tendência da juventude, por exemplo, em desconfiar de governos e instituições, a torna receptiva a informações que vão neste tom de crítica política. No entanto, a informação qualificada de que estou falando é o informe, o up grade da informação, alcançado após várias peneiras e filtragens (a peneira da bobagem e da desinformação). Porcos 1 são 100% desinformados e controlados – eles não estão nem no domínio de si mesmos.

O Porco Tipo 2, embora possa compreender, ainda não é isento de manchas. Se sua ação tomar rumos perigosos, prejudiciais e ou criminosos, o seu rebaixamento ao Tipo 1 é inevitável. Além disso, há um outro aspecto: o Tipo 1 é assustadoramente populoso. Por isso o controle estatal sobre esse tipo deve ser máximo porque as coisas saem do lugar com muita velocidade. Isso leva a uma escalada de medo, ignorância e poder. O Porco Tipo 1 tem um medo mortal de que o Estado pense em se livrar dele.

Já faz quatro décadas que o Brasil vive neste clima. O porco 2 pertence há uma desoladora minoria, mas é o único que podemos alcançar com nossa ação. É pena que ele está e vive cercado de porcos Tipo 1, e isso o força a se comportar como o Tipo 1, às vezes, por medo ou por efeito de manada.

O PORCO TIPO 3

Enquanto o tipo 1 é pura ignorância, burrice, e sem vergonhice, o Tipo 3 é mais perverso por não contar o que sabe e ocultar o que está fazendo. O Porco Tipo 3 pode ser um comunista ou um liberal; um ateu ou um crente devoto. Pode ser até um maçônico grau 33. Nos Estados Unidos um tal de Albert Pyke asseverava no século XIX que “a escória humana estúpida não deve saber de nada”. O Tipo 1 deve sua ignorância, sua impotência, e sua escravidão aos senhores Tipo 3, maçônicos desse grau, socialistas, e todo tipo de fanático totalitário.


Querem um exemplo próximo? Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, ex-ministro da Justiça, da Educação – ele é um porco 3 típico. Esse tipo adora a “inteligência”. Vive falando em “inteligência”, e ainda lhe dá um tom “coletivo”, “comunitário” para disfarçar a intenção perversa do que leva em mente.

Os porcos Tipo 3 são uma minoria – uma elite que desfila entre os espectros das raposas e o dos leões, aproveitando a tipologia pareteana (Vilfredo Pareto, 1848-1923). É uma oligarquia comunista, politicamente falando, ou, melhor, uma oligarquia pura e consistente construída por baixo da ideologia socialista. A vaidade deste tipo é notável. É vista frequentemente no topo de alguma pirâmide. Não são necessariamente malignos porque alguns precisam estudar muito os catecismos comunistas e totalitários. Se, no entanto, precisarmos rotulá-los de malignos estaremos recorrendo mais a Mateus 7,6.

A TEORIA GERAL DOS PORCOS admite um elo, um meio-termo, entre os endogenamente ruins de espírito e a ruindade puramente humana. Veremos exemplos deles mais adiante na TEORIA.

Outra característica do Porco Tipo 3 é sua atração por Educação, Pedagogia e Jornalismo – eles detém o monopólio da informação e da educação. Eles quase as inventaram no Brasil. Universidade e a TV são suas pocilgas mais notáveis.

É óbvio que para esses porcos refinados no crime, no genocídio, na enganação socialista, o ato de lhes dar uma pérola na forma de um voto é também uma temeridade. A TEORIA GERAL DOS PORCOS aconselha a não se dar pérolas a porcos nem votar neles. O processo é muito simples: só existe hoje o porco atípico, o Tipo 2, o qual pode deixar de ser porco – e para isso não precisamos esperar que ele entre no céu, ou que reencarne melhor da próxima vez, para que receba a nossa ajuda. Podemos cultivá-los, e é nosso dever transformá-los a não-porcos.

Uma sabedoria religiosa muito antiga descreveu uma tipologia humana em apenas três atributos. Seus tipos tamas e rajas assemelham-se aos nossos porcos tipos 1 e 2, respectivamente, o porco ignorante e material, e o porco curioso e com intelecto reativo. O porco quase maldito, tipo 3, tem um atributo quase demoníaco por aprendizado, por doutrinação e treinamento; ele não é uma excrescência do Divino. A sabedoria antiga do Sanatana Darma tipificava o terceiro atributo como um sublime processo de elevação do ser humano à Divindade, algo pelo qual valia a pena o desapego material e o sacrifício. Era o seu mais radical oposto.

A tarefa mais urgente que temos é, portanto, mostrar o Tipo 3 tal como ele é. Isso enseja a uma investigação dentro das diversas atividades humanas. Poderíamos até fazer um manual intuitivo da TEORIA GERAL DOS PORCOS para a população sensível segundo suas atividades profissionais, suas preferências estéticas e éticas. A revelação da Teoria Geral dos Porcos através de exemplos, figuras, símbolos, provocaria surpreendentes ranger de dentes, e de quem nem de longe suspeitaríamos. Mas isso fica para outro desenvolvimento.

SÓ NO BRASIL DE LULA!

Presidente (agora ex) da Casa da Moeda tem firma em paraíso fiscal. Só no Brasil de Lula.

Não? Pois foi o que Lula fez em 2008, por indicação do PTB, o partido “dono do cargo”. Só que Luiz Felipe Denucci foi exonerado no sábado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, por suspeitas de receber propina de fornecedores da Casa da Moeda, por meio de duas empresas, uma em seu nome e outra no nome da filha, no exterior.
Essas empresas abertas em paraísos fiscais teriam movimentado US$ 25 milhões.

Cá para nós, só um irresponsável como Lula poderia aceitar a ideia de nomear uma raposa indicada por Roberto Jefferson para tomar conta do galinheiro, e só um zero à esquerda como Dilma para demorar um ano para demiti-lo.
Por Ricardo Froes

QUANDO AS FOTOS MENTEM

“Um homem caminha por uma rua de Atenas que não parece Atenas; poderia ser o Bronx, qualquer bairro marginal do mundo. Leva as mãos no bolso e o olhar baixo, triste. Não há portais, nem quiosques, nem ruídos. Só se escuta o caminhar do homem cabisbaixo. Um grafiti se destaca sobre os demais. A jovem pintada segura um cartaz no qual se lê uma declaração: “Sem esperança”. A mulher olha de frente, com a cabeça erguida; também parece triste. É uma foto de tristezas acumuladas. Ao lado estão escritas palavras soltas. Parecem gritos isolados, enfados individuais. Todos juntos são uma declaração política, quase filosófica, frente à desesperança: sistema monetário, capitalismo, religião, corrupção, guerra, injustiça, solidão, globalização, imortalidade”.

Assim descreve El País uma foto de um homem que passa por uma parede grafitada de um bairro deteriorado de Atenas. Olho para o homem e nele não vejo nada que possa parecer tristeza. Tem um semblante grave, parece preocupado. Daí a estar triste, só na cabeça do redator. Está bem vestido, com um abrigo aparentemente de grife, que não é para qualquer pobretão. Já a rua por onde passa tem uma parede suja de grafites, como centenas de ruas em centenas de cidades do mundo. Ruas assim, você encontra nas ricas Paris ou Madri, Estocolmo ou Copenhague. A propósito, nesta última, existe um bairro muito conhecido, Christiania, território livre para consumo e comércio de drogas, cujas ruas nada ficam a dever à rua da foto em Atenas.

Nenhuma capital de país rico está livre de bolsões de pobreza, e mesmo de miséria. Há uns bons vinte anos, vi moradores de rua deitados na aristocrática Place des Vosges, em Paris. Mendigos, nós os vemos na Puerta del Sol, em Madri, ou na Piazza Spagna, em Roma. Nem por isso podemos deduzir, a partir de um momento isolado, que um país esteja em crise.

Que a Grécia vive uma crise, disto estamos cientes. Mas a foto do El País não prova crise alguma. É um trocadilho. O homem foi fotografado quando passava ante um grafiti que falava em desesperança. Uma foto de um homem caminhando por uma rua suja não prova nada. Mostra apenas que um homem caminha por uma rua suja. Nápoles, há décadas, é um lixão a céu aberto e nem por isso se falava de crise da Itália.

O redator, pelo jeito, pertence àquela raça secular do Luís Fernando Verissimo, que há pouco se regozijava com o naufrágio do Concordia:

“Disseram do naufrágio do Titanic em 1912 que ele simbolizou o fim tardio do século 19, com sua fé na tecnologia e no domínio do homem sobre a natureza. Se aquele magnífico navio adernado na costa da Itália simboliza alguma coisa é o fim de outra ilusão que ninguém esperava fosse acabar: a união européia, o euro forte e os anos de euforia com o dinheiro farto. E ninguém viu as pedras”.

Escrevi na ocasião que as esquerdas odeiam a Europa. De fato, odeiam, mas não fui exatamente preciso. Nenhum Pablo Neruda, nenhum Jorge Amado, nenhum Chico Buarque, nenhum Darcy Ribeiro diriam que odeiam Paris, Berlim ou Roma. O que odeiam, mais precisamente, é a idéia de Europa. A idéia de um continente onde cada país tem vários partidos, onde as eleições não são uma farsa, onde a imprensa é livre, como também é livre a expressão do pensamento. Na hora de defender um regime de governo, estes senhores tomam o partido de ditaduras.

Tanto Jorge Amado como Chico Buarque adoram a ditadura cubana. Na hora de eleger uma maison secondaire, instalaram-se às margens do Sena. Neruda detestava Berlim. A Berlim Ocidental, é claro, uma das mais esplendorosas cidades do mundo. Não que odiasse o que a Berlim de cá oferecia. O poeta era bom de garfo e de copo, tinha todos os motivos para gostar da cidade. Acontece que a Berlim ocidental era um repto permanente ao comunismo.

Da mesma forma, a Europa. O senador monoglota e comunista Darcy Ribeiro adorava Paris, onde se sentia tão à vontade que se deu ao luxo de espancar uma mulher numa estação de metrô, para levá-la para a cama. Mas desprezava o continente. Darcy o definia como "aquela peninsulazinha da Ásia, dobrada sobre a África". O “peninsulazinha” de Darcy joga no lixo todos os séculos de cultura européia. Já Guimarães Rosa, homem culto e não contaminado pelo sarampo do século passado, a via como “pequena e ativa”. Atívissima, acrescentaria eu. A cultura que hoje embasa o que chamamos de Ocidente, artes, ciência e tecnologia, têm suas origens na peninsulazinha.

Um jornalista pode muito bem documentar a miséria em Paris ou Nova York fotografando as filas dos sopões. Mas sopão é acidente. Dezenas de pessoas estendendo um prato para receber uma colher de sopa não significa que um país esteja em crise. São apenas falhas do sistema. Mas se você vê, como eu vi na Romênia, pessoas se esbofeteando ao disputar uma paleta de boi num mercado, aí a situação é mais grave. Ali se esbofeteavam não mendigos, mas as raras pessoas que tinham condições de comprar carne.

Em meus dias de Madri, vi uma foto assustadora, em cinco colunas, no El País. Dois travestis giravam bolsinha nalguma avenida do Rio de Janeiro. Era época de carnaval. O Rio era mostrado como a capital da Aids. O leitor ingênuo, aquele que só lê títulos e vê fotos, deve ter eliminado o Rio de seus planos. Ora, dois travestis girando bolsinha encontramos em qualquer capital européia.

Mas o melhor do texto de El País vem agora:

“A Grécia é um país que não pode pagar uma dívida acumulada nos felizes anos da irresponsabilidade. Os médicos da troika lhe receitaram ajuste sobre ajuste sem se importar com os efeitos secundários, os danos colaterais. Parece um laboratório de experimentação econômica em tempos de crise. Nada mudou no essencial, só um detalhe: a Grécia já não existe, deixou de ser notícia”.

Haja vontade de ver a Europa no fundo do poço. Que a Grécia tenha deixado de ser notícia é uma bela notícia para a Grécia. A imprensa adora desastres, vide o naufrágio do Concordia, que até hoje freqüenta as páginas dos jornais. Quando um país não existe para a imprensa, é porque o país vai bem.

Seja como for, o redator certamente não passou pela Plaka, onde gregos e turistas estão bebendo retsina e uzo, dançando sirtaki e quebrando pratos. Que me conste, os turistas continuam subindo Santorini em lombo de mula e a bicharada européia está em plena ebulição em Mykonos. A Grécia é um poderoso pólo turístico e enquanto os turistas continuarem invadindo o continente e as ilhas do Egeu, é difícil afirmar que a Grécia não existe.

Turistas não costumam visitar o nada.

03 de fevereiro de 2012
janer cristaldo

BASEADO EM FATOS REAIS


Artigos - Governo do PT


Roubava-se no almoxarifado, na tesouraria, no setor de compras, no comercial, na manutenção, no pessoal. Onde quer que mexessem, apareciam falcatruas dos encarregados.

O que vou contar aconteceu numa cidade do interior. Por uma questão de prudência que os leitores certamente entenderão e desculparão, será preciso omitir detalhes e nomes dos personagens.

Havia nessa cidade uma importante empresa que respondia por muitos empregos e tinha peso significativo na vida da comunidade. Era uma organização antiga, que atuava em diversos segmentos, sob o comando centralizado e pessoal do diretor-presidente. Certa feita (para mim, relato sem "certa feita" situa-se fora do tempo), chegou ao município uma senhora, com formação na área de economia, especialidade bem incomum naquelas bandas onde passou a lecionar e a escrever artigos com análises das características, potencialidades e gargalos do desenvolvimento local.

Com o tempo, tornou-se consultora requisitada, trabalhou para a prefeitura, e foi conquistando a confiança da comunidade malgrado certas reticências que circundavam e envolviam o seu passado. Quando o peso dos anos ("peso dos anos" é outra expressão boa e verdadeira) começou a incidir sobre o diretor-presidente da organização, ele se lembrou da economista e resolveu convidá-la para assumir uma função gerencial a ser exercida em conjunto com ele. Antevia-se uma mudança na estrutura da empresa e uma profissionalização de sua gestão.

O arranjo funcionou durante vários anos, ao longo dos quais a gerente foi ampliando seu raio de ação e seu poder, passando, na prática, a dirigir tudo com mão de ferro. Ficou conhecida, no âmbito interno e externo, como pessoa dura no trato, inflexível, exigente, detalhista e centralizadora. Tudo passava por ela que, infatigável, parecia nascida para aquelas minuciosas tarefas. Diplomacia e política não eram peças de seu cardápio. Pão, pão e queijo, queijo. A empresa, num mercado pouco competitivo, ia bastante bem, com desempenho positivo sob o impulso de ventos favoráveis da economia. Assim, quando o diretor-presidente decidiu se afastar em definitivamente, resultou consensual que caberia a ela assumir oficialmente o posto.

Poucos meses mais tarde, surgiram boatos. Havia algo errado. De início era apenas um zum-zum interno. Mas o zum-zum chegou às ruas, e rapidamente atingiu aquele lugar onde não poderia entrar sem causar comoção: o café da cidade. Dali para o jornal local era só meia quadra. E o diretor do periódico não era do tipo que sentasse em cima das matérias. Aliás, é assim mesmo que as coisas funcionam. O problema vai para a rua e quando retorna das ruas, em letra de forma, já é encrenca grossa. Resultado: começaram as investigações, as auditorias e o que se ficou sabendo estarreceu a todos. Havia muito tempo a empresa vinha sendo rapinada internamente. Roubava-se no almoxarifado, na tesouraria, no setor de compras, no comercial, na manutenção, no pessoal. Onde quer que mexessem, apareciam falcatruas dos encarregados.

Naquele santuário da comunicação social - o café da cidade - as pessoas mais esclarecidas se perguntavam: como pode alguém ter adquirido fama de boa gestora enquanto a organização que "dirigia com mão de ferro" vivia esse completo descontrole? Só os tolos não se davam conta disso.

Percival Puggina, 03 Fevereiro 2012

A TENSÃO ENTRE ORDEM E LIBERDADE NA UNIVERSIDADE


Artigos - Conservadorismo

Da fé, emerge a ordem; e quando a ordem prevalece, a liberdade torna-se possível. Quando a fé que gera a ordem arrefece, a ordem se desintegra; e a liberdade não pode sobreviver ao desaparecimento da ordem mais do que o galho de uma árvore sobrevive à queda do tronco.

As universidades foram fundadas para sustentar a fé pela razão – e para manter a ordem na alma e na sociedade. Minha própria universidade, St. Andrews, foi fundada no século XV pelo Inquisidor Escocês de Corrupção Herética para resistir aos erros dos lollardos [1], os igualitários daquela época. O ensino das primeiras universidades tanto ordem quanto liberdade ao intelecto; e não havia paradoxo algum, pois ordem e liberdade existem necessariamente em uma tensão saudável.

Mas em nossos dias, como em vários tempos passados, muitas universidades perderam qualquer entendimento claro tanto de liberdade, quanto de ordem, intelectualmente falando. Assim sendo, parece justo revisar aqui o relacionamento entre ordem e liberdade, e o papel de uma universidade em manter a tensão entre os dois.

Primeiro, permitam-me algumas observações acerca da conexão entre fé, ordem e liberdade, todas as quais estão entremeadas nos estudos universitários. Em gerações recentes, muitos professores falharam e apreender essa conexão. Comecemos com o popular, porém vago termo “liberdade”.

A liberdade é normal para a humanidade. Quero dizer que liberdade ordenada é natural para pessoas verdadeiramente humanas. No entanto, liberdade humana, como muitas outras coisas na normalidade humana, é negada pelo menos tanto quanto é afirmada.

A palavra “normal” não se refere realmente a “média” ou “geralmente aceita”: significa “padrão duradouro”. Seres humanos têm o poder tanto de observar as normas de sua natureza quanto de violá-las. É por isso que períodos de verdadeira liberdade social, através do curso da história, foram mais curtos do que os períodos de servidão. Homens e mulheres têm o privilégio e o perigo de escolher que vida querem levar. Na maior parte do tempo, em eras passadas como hoje, os homens usaram sua liberdade moral para escolher a escravidão ou a anarquia ao invés da liberdade ordenada.

Vivendo como nós, americanos, em uma nação ainda substancialmente livre, e talvez no fim do que foi chamada de “era liberal”, muitos de nós tomam por certo um grau de liberdade que nos foi assegurada pelos labores e pelas experiências dolorosas de nossos ancestrais, por muitas gerações – e que podem ser arruinados num espaço de poucos anos, por tolice ou negligência. A liberdade já foi extinta na maior parte do mundo moderno, e em alguns lugares sequer lançou raízes. A não ser que entendamos as origens e os fins de nossa liberdade, nós americanos podemos aprender o que é perder a liberdade em um lapso de vácuo mental. E se a natureza da liberdade é mal-compreendida nas universidades, ela o será em toda parte.

Conforme vejo a história, parece-me que um alto grau de liberdade ordenada e civilizada é estreitamente ligado à crença religiosa. A maioria dos liberais dos séculos XVIII e XIX facilmente concordaria que havia alguma conexão entre liberdade e propriedade. Todavia, muitos desses liberais ignoravam ou negavam o laço entre a fé religiosa e a liberdade ordenada. “Nós aprendemos da história que não aprendemos nada da história”, escreveu Hegel, irônico. Se os grandes problemas de nosso tempo ensinam algo à humanidade, certamente devemos reconhecer que a verdadeira liberdade não pode durar em uma sociedade que nega uma ordem transcendente. Uma universidade que ridiculariza os postulados da transcendência deve chegar a termo sem coerência intelectual – e sem liberdade intelectual genuína.

O primeiro povo a ser liberto da dominação espiritual dos antigos impérios foram os hebreus. Foi a consciência de seu dever e sua esperança como crianças de Deus que lhes deu a firmeza de resistir a morte-em-vida das grandes nações que os rodeavam.

Um grau de liberdade pessoal ainda maior foi atingido pelos povos gregos nos séculos VI e V antes de Cristo. Essa nobre liberdade degenerou-se quando a velha religião e a moralidade gregas deram espaço ao sofisma, e “o filho rude pôde atingir de morte o pai”. O gênio de Sócrates, Platão e Aristóteles não bastou para restaurar a liberdade de espírito e de lei dos gregos, uma vez que a crença na ordem divina das coisas foi dissolvida.

Entre os romanos, a liberdade durou tanto quanto a antiga alta virtude romana prevaleceu: tanto quanto a piedade romana moveu os homens, as disciplinas de labor, pietas, fatum. Entretanto, das ruínas de Roma nasceu a ordem de liberdade mais elevada que o homem jamais conheceu: a liberdade cristã. As massas deprimidas do proletariado obtiveram esperança com a promessa de Cristo; os bárbaros foram ensinados pela Palavra. A humanidade aprendeu a lição do servo sofredor, e descobriu que o serviço de Deus é perfeita liberdade.

As liberdades medievais, na maior parte, eram produto do credo cristão. Os direitos das cidades, a independência das guildas, o código de cavalaria – todos eles emergiram da fé no que Burke chamou de “o contrato da eterna sociedade”.

Assim, a liberdade moderna não é uma criação recente de uns poucos entusiásticos revolucionários. Ao contrário, é uma herança trabalhosamente desenvolvida no sofrimento. A liberdade não pode sobreviver a não ser que estejamos dispostos a nutrir a compreensão religiosa que é sua sanção, a não ser que mantenhamos as fontes da liberdade ordenada. É preciso reforçar que a ideologia do “liberalismo” do século XIX geralmente ignora suas origens religiosas. Alguns desses liberais, deficientes em compreender as origens, julgaram ser a liberdade totalmente secular e utilitária, produto do homem. Outros conceberam a liberdade como uma abstração política, não relacionada com conceitos religiosos ou costumes antigos. Essas duas visões “liberais” têm sido hostis à ideia cristã de “pessoa” sob Deus. Tal liberalismo tem dominado as universidades por mais de um século – e não somente universidades públicas.

Nessas últimas décadas do século XX, quando a maior parte do mundo está sob dominações arbitrárias, é tarefa urgente da universidade restaurar a compreensão das fontes da liberdade. Mesmo em um povo que se gaba de sua liberdade, ela pode ser perdida no momento em que parece triunfar. Vá até a Acrópole de Atenas, ou ao Capitolino Romano, ou à Pedra de Atena em Agrigento, e olhe para as ruínas. O esplendor material dessas sociedades estava em seu auge não muito antes do colapso de fé e liberdade. Em nome da democracia, da igualdade, da justiça social, é possível subverter esplendidamente a genuína ordem e justiça e liberdade da civilização moderna. “E aquela casa caiu; e grande foi a queda daquela casa”. A universidade – que Dante chamou de um dos três poderes que governam a sociedade, ao lado da Igreja e do Estado – só pode ignorar o verdadeiro caráter da liberdade às custas de pôr-se em grave perigo. Assim sendo, deixem-me levantar breves observações sobre o relacionamento entre liberdade e ordem, intelectualmente e socialmente consideradas.

“As várias gradações”, escreve John Milton, “as hierarquias da liberdade, os foros não estragam, antes maior firmeza lhes transmitem” [2]. Acredito que não seremos capazes, dentro ou fora da universidade, de manter qualquer defesa exitosa de nossas liberdades até reconhecermos que são atuais aqueles princípios de ordem sob os quais a liberdade, dentro de nosso legado, adquiriu real significado. Todo direito é casado com um dever; cada liberdade possui uma responsabilidade correspondente; e não pode haver liberdade genuína a não ser que exista também ordem genuína, no reino moral e no reino social.

Estou dizendo isto: em qualquer sociedade justa, subsiste uma tensão saudável entre os reclames da ordem e os reclames da liberdade. Quando essa tensão é bem mantida, é possível obter uma larga medida de justiça. Esse entendimento claro foi a principal contribuição de Edmund Burke para a teoria política; e a tentativa de alcançar essa tensão ou equilíbrio é o principal problema da política prática moderna.

Ordem, no reino moral, é a realização de um corpo de normas transcendentes – na verdade, uma hierarquia de normas e padrões – que confere propósito à existência e motivo à conduta. Ordem, na sociedade, é o arranjo harmonioso de classes e funções que garante a justiça e obtém o consentimento voluntário à lei e assegura que todos nós estaremos seguros juntos. Ainda que não possa haver liberdade sem ordem, em certo sentido sempre ocorre um conflito entre as pretensões da ordem e as pretensões da liberdade. Constantemente, expressamos esse conflito como a competição entre o desejo de liberdade e o desejo de segurança.

Os desenvolvimentos tecnológicos modernos e a moderna democracia de massa tornaram essa luta mais intensa. O presidente Washington observou que “indivíduos que adentram uma sociedade devem abrir mão de uma porção de sua liberdade para preservar o resto”. No entanto, doutrinários de uma ou outra ideologia, em nosso tempo, continuam a exigir absoluta segurança, absoluta ordem; ou absoluta liberdade, poder de afirmação do ego em desafio a todas as convenções. Durante as últimas duas décadas, esse embate foi continuamente observado no típico campus americano.

Ao reivindicar a liberdade como algo absoluto, divorciado de algum modo da ordem, acredito que repudiamos nossa tradição de liberdade prática e nos expomos ao perigo do absolutismo – seja aquele absolutismo que Tocqueville chama de “despotismo democrático” ou o que existiu recentemente na Alemanha e agora permanece triunfante na Rússia, na China e em outros países. “Começar com liberdade ilimitada”, Dostoievski escreveu em “Os Demônios”, “é terminar com despotismo ilimitado”.

Quando algumas pessoas – E. H. Carr [3] na Inglaterra, por exemplo, ou David Lilienthal [4] na América – falam de “liberdade”, eles parecem querer dizer, na verdade, “prosperidade material para a maioria”. Todavia, prosperidade material, pura “segurança” econômica, não é a mesma coisa que liberdade ou ordem. Também não é o mesmo que felicidade. Um escravo ateniense poderia ter mais conforto do que muitos homens livres, mas ele não era livre.

É bem possível que a pessoa que deseja liberdade e os benefícios da ordem deve estar preparada para sacrificar um grau de sua segurança. Um escravo, de acordo com Aristóteles, é um ser que permite a outros fazer suas escolhas ao invés de si mesmo. É bem possível para um homem ser materialmente próspero, livre da necessidade de escolha, e, ainda assim, servil. Também é possível que tal homem não sofra nenhuma opressão pessoal ultrajante. Mas a ele, a esse homem servil, faltará sempre uma coisa, e é a verdadeira virilidade, a dignidade do homem. Ele permanece uma criança; ele nunca alcança o direito inato do homem, que é o prazer e a dor de fazer suas próprias escolhas.

Alguns desses problemas da liberdade sobre os quais falei aqui rapidamente são examinados por John Stuart Mill [5] em seu ensaio “Sobre a Liberdade” – um pequeno tratado que, desde seus dias até hoje, muito contribuiu para confundir a discussão universitária sobre a liberdade. Esse ensaio pode ter algum valor, mas também acho que há fraquezas nele, e perigo; e a adulação a Mill tende a confundir as discussões sérias acerca das dificuldades da liberdade nestes anos correntes de Nosso Senhor. Vivemos no século XX, não XIX, e hoje experimentamos problemas aos quais Mill jamais foi exposto. Todavia, o Dr. Henry Steele Comager [6], há alguns anos, informou-nos que “não podemos recorrer constantemente a ‘Sobre a Liberdade’ de John Stuart Mill”, sugerindo que esse ensaio, assim como as leis dos medos e dos persas, é imutável. Mill ignorava qualquer dificuldade em se definir precisamente “liberdade” – ao contrário de Cícero, que enxergou a necessidade de diferenciar entre libido e voluntas. Para Mill, “liberdade” podia significar “fazer o que se quer” ou “buscar o próprio bem de seu próprio jeito” ou agir “de acordo com a própria inclinação e julgamento”.

Atualmente, os argumentos de Mill estão sendo empregados curiosamente por pessoas que parecem acreditar em uma liberdade absoluta que nenhuma sociedade jamais foi capaz de manter – e isso em uma época que requer um alto grau de cooperação, quando “a grande roda de circulação”, da qual nossa economia e nossa segurança dependem necessariamente, significa muito mais para nós hoje do que antes. Usar dessa forma os escritos de Mill – ou aqueles de um tipo diferente de filósofo, Rousseau – é algo que pode ser encontrado dentre os entusiastas da Nova Esquerda, e também entre os zelotes da direita “libertária”. Algumas dessas pessoas – curiosamente arcaicas em suas opiniões, ainda que se orgulhem de sua preocupação com “relevância” – são liberais benthamistas [7] antiquados, dedicados ao individualismo econômico na era da pilha atômica; outros (e estes são os mais sinistros) são os neófitos esquerdistas coletivistas, desejosos por receber tudo do Estado, mas crentes de que não devem nada em troca – nem mesmo lealdade.

Desse modo, meu argumento geral é este: liberdade, liberdade prescritiva como nós americanos a conhecemos, não é possível sem ordem. Nossas constituições estabeleceram que a ordem torna possível a verdadeira liberdade. A despeito de toda nossa conversa americana sobre julgamento privado, dissensão e individualismo, ainda assim nosso caráter nacional tem a estampa do respeito, quase supersticioso em seu poder, pela ordem: respeito pela ordem moral estabelecida pela religião, e pelas formas políticas prescritivas que nós, mais do que qualquer outro povo no século XX, mantemos pouco alteradas. Nós provocaríamos um grande caos à nossa liberdade se deixássemos de respeitar nossa ordem estabelecida, perseguindo, ao invés disso, uma liberdade jacobina abstrata.

O que é deficiente no pensamento de Mill e seus discípulos, parece-me, é uma compreensão inadequada dos princípios da ordem. Primeiro, qualquer liberdade coerente e benéfica, certamente, deve ter a sanção da ordem moral: ela deve se referir a doutrinas, religiosas na origem, que estabelecem uma hierarquia de valores e fronteiras para o ego. Segundo, qualquer liberdade coerente e benéfica deve conhecer os freios da ordem social: ela deve estar sujeita ao estado de direito, regular em sua operação, que reconhece e reforça os direitos prescritivos, protege as minorias das maiorias e as maiorias das minorias, e confere sentido ao conceito da dignidade humana.

A liberdade enquanto abstração é a liberdade em nome da qual crimes são cometidos. Mas liberdade enquanto realizada nos direitos separados, limitados, equilibrados e bem definidos das pessoas e dos grupos, operando através do desenvolvimento histórico dentro de uma sociedade movida por princípios morais, é a qualidade que permite a homens e mulheres serem plenamente humanos.

Essas coisas já foram ditas antes muitas vezes. Mas toda grande questão deve ser retomada em cada geração – especialmente nas universidades. Nós precisamos, repito, retomar a compreensão de “liberdade” mesmo entre os instruídos, ou talvez especialmente entre os instruídos.

Pois quando muitas pessoas, inclusive professores, empregam hoje em dia a palavra “liberdade”, eles a usam no sentido dos revolucionários franceses: liberdade da tradição, das instituições sociais estabelecidas, das doutrinas religiosas, dos deveres prescritivos. Pensam da mesma forma como o pequeno exercício de ironia de Robert Louis Stevenson, “The Four Reformers”:

Quatro reformistas se encontraram sob um espinheiro. Todos eles concordavam que o mundo deveria ser mudado. “Nós devemos abolir a propriedade”, disse um.
“Devemos abolir o casamento”, disse o segundo.
“Devemos abolir Deus”, disse o terceiro.
“Gostaria que pudéssemos abolir o trabalho”, disse o quarto.
“Não vamos ir além da política prática”, disse o primeiro. “A primeira coisa é reduzir o homem a um nível comum.”
“A primeira coisa”, disse o segundo, “é dar liberdade aos sexos.”
“A primeira coisa”, disse o terceiro, “é descobrir como fazer isso.”
“O primeiro passo”, disse o primeiro, “é abolir a Bíblia.”
“A primeira coisa”, disse o segundo, “é abolir as leis.”
“A primeira coisa”, disse o terceiro, “é abolir a humanidade”.

Esse pensamento é o que Santayana [8] chamou mordazmente de “liberdade das consequências da liberdade”, confundindo niilismo com liberação. Pois não vivemos em uma era que é oprimida pelo peso morto de fundamentos arcaicos e costumes obsoletos. O perigo de nosso tempo, ao contrário, é que nossas profundas fundações sejam quebradas, e que a rápida marcha da mudança torne impossível a ligação entre as gerações. Nossa era, necessariamente, devia ser o que Matthew Arnold chamou de uma época de concentração. Ou, pelo menos, o americano pensante, tanto dentro quanto fora da universidade, deve voltar seus talentos à concentração, à reconstrução de nossa herança moral e social. Essa não é uma era para liberdade anárquica, mas para liberdade ordenada.

Lá sobrevivem conceitos mais velhos e mais fortes de liberdade do que aquele proclamado pelos jacobinos; e conceitos mais consistentes do que aqueles de Mill. Nos ensinamentos cristãos, liberdade é submissão à vontade de Deus. Isso não é um paradoxo. Assim como aquele que quer salvar a própria vida deve perdê-la, aquele que deseja a verdadeira liberdade deve conhecer uma ordem que sancione todas as liberdades. Faltando isso, a liberdade se torna, na melhor das hipóteses, a liberdade daqueles que possuem o poder no momento de fazer o que quiserem com as vidas e as propriedades das pessoas de cujos interesses discordam.

No entendimento cristão, assim como na tradição judaica e na filosofia estóica e no pensamento hindu, também subsiste a convicção de que a liberdade deve ser alcançada através da abstinência. Não ansiar pelas coisas da carne, ou pelo poder, ou pela fama: essa é a verdadeira liberdade, a liberdade de Stilbo [9] enfrentando o conquistador, ou de Sócrates diante do júri ateniense. Essa é a liberdade de Diógenes pedindo para Alexandre afastar-se do sol. O homem que firmou a paz com o universo é livre, não importa quão pobre seja; o homem submisso à satisfação de seus apetites é servil, não importa quão rico seja. Essa liberdade do desejo, ensinada dentro das universidades do passado, tem uma ressonância estranha nas universidades de nossos dias.

A liberdade pessoal deve ser encontrada dentro de uma ordem moral. E a liberdade pública deve ser encontrada dentro de uma ordem social bem mantida; ela deve ser o produto de uma experiência histórica comum, de costume, de convenção. Vivemos em uma época que, por bem ou por mal, depende do maior grau de cooperação e disciplina jamais conhecido pela civilização. Nossa economia, nossa própria estrutura política, não pode submeter-se vinte e quatro horas por dia ao triunfo daquela “liberdade absoluta” do indivíduo pregada por Lamartine e outros entusiastas políticos do século XIX. Como coloca Simone Weil [10], “a Ordem é a primeira necessidade de todas”.

Dentro das universidades de hoje, preconceitos coletivistas e libertários frequentemente coexistem no mesmo professor, numa conjunção insana. Tanto os coletivistas quanto os libertários são inimigos da liberdade ordenada.

A universidade, certa feita, mantinha a autoridade; na verdade, a universidade era a autoridade. Mas hoje, a maior parte das pessoas dentro da Academia não se submeterá a qualquer autoridade, temporal ou espiritual. Elas desejam ser diferentes, em moral e em política. Em nossa sociedade altamente tolerante, esse individualismo extremo parece uma pose divertida. Suas consequências podem ser não tão divertidas.

A universidade foi erguida contra a licenciosidade, a anarquia e o caos, para restringir as paixões e os preconceitos através da razão certa. O que a universidade oferece ao intelecto é disciplina e ordem. Através de tal ordem e disciplina intelectual é que a liberdade racional da pessoa e da sociedade é possível. Isso é verdade para os estudos humanos e sociais; é igualmente verdade para as ciências exatas. A universidade é uma reação importante à ameaça universal do caos. Isso me lembra algumas afirmações escritas por um biólogo inglês, Lyall Watson [11].

“O caos se aproxima”, lembra-nos o Dr. Watson. “Está escrito nas leis da termodinâmica. Abandonado a si mesmo, tudo tende a se tornar cada vez mais desordenado até que o estado final e natural das coisas seja uma distribuição completamente aleatória de matéria. Qualquer tipo de ordem, até mesmo uma tão simples quanto o arranjo de átomos em uma molécula, é não natural e ocorre apenas por encontros fortuitos que revertem o padrão geral. Esses eventos são estatisticamente incomuns, e a subsequente combinação de moléculas em qualquer coisa tão altamente organizada quanto um ser vivo é tremendamente improvável. A vida é algo raro e não razoável.

“A continuidade da vida depende da manutenção de uma situação instável. É como um veículo que só pode se manter na estrada através de reparos contínuos e do acesso a um suprimento infinito de partes sobressalentes. A vida desenvolve seus componentes do ambiente. Dessa vasta massa de probabilidade caótica, ela extrai apenas probabilidades distintas, os pequenos bocados de ordem dentre a confusão geral. Alguns ela usa como fonte de energia, que obtém através do processo destrutivo da digestão; de outros, retira a informação de que necessita para assegurar sua contínua sobrevivência. Essa é a parte mais difícil, extrair ordem da desordem, distinguindo os aspectos do ambiente que carregam informação útil daqueles que simplesmente contribuem para o processo de decadência como um todo. A vida consegue fazer isso em virtude de um esplêndido senso de incongruência.” Assim, Watson descreve essa verdade no capítulo intitulado “Lei e Ordem Cósmica”.

A universidade foi feita para auxiliar a vida em sua luta de sobrevivência, extraindo ordem da desordem. Estudos sobre a literatura do século XVII e história antiga e mecânica quântica são todos caminhos para a ordem. E também são caminhos para a liberdade: pois uma vida irrefletida é uma existência servil, que não merece ser vivida. A universidade não deve ser usada como um campo de experimentos para a destruição da ordem na personalidade e na sociedade; ao contrário, a missão da universidade (parafraseando John Henry Newman [12]) é disseminar uma disposição mental filosófica.

Homens e mulheres que possuem essa disposição mental filosófica são intelectualmente livres. Se sua influência sobre a sociedade é grande, essa sociedade é politicamente livre. Tal liberdade pública e privada é possível graças à ordenação da mente e da consciência. Pois a liberdade e a ordem da universidade, bem como da sociedade em geral, são fins de igual importância, existindo em simbiose e tensão simultâneas. Assim, quando uma universidade olvida a ordenação e a integração do conhecimento, ela obsta a liberdade de pensamento. E o caos surge. Nos levantes universitários dos anos 1960 e 1970, estudantes de graduação nas disciplinas de filosofia, letras e história estavam intrigantemente ativos em sublevação de classes, queimas de livros e intimidação de professores – o que sugere nosso grau de sucesso, na universidade típica americana, no empreendimento de desenvolver uma disposição mental filosófica. Caos intelectual gera imediatamente caos social.

Da fé, emerge a ordem; e quando a ordem prevalece, a liberdade torna-se possível. Quando a fé que gera a ordem arrefece, a ordem se desintegra; e a liberdade não pode sobreviver ao desaparecimento da ordem mais do que o galho de uma árvore sobrevive à queda do tronco. Indubitavelmente, haverá escolas técnicas chamadas de universidades no século XXI Mas a existência de instituições que lembrarão as genuínas universidades daqui a cem anos dependerá, como tudo o mais, da fidelidade a uma ordem mundana sustentada pela crença renovada em uma ordem transcendente. Nesse ínterim, vários professores eminentes estão inteligentemente engajados em serrar o galho particular da árvore do conhecimento sobre o qual estão sentados; enquanto isso, uns poucos acadêmicos, cientes de que árvores mortas não proveem abrigo, têm se preocupado com as secas raízes dessa árvore.

Adaptado de um discurso realizado na Universidade de Pepperdine.

Publicado na Revista Modern Age, Vol. 27, nº 2 - Primavera de 1983.
Escrito por Russel Kirk, 03 Fevereiro 2012
Tradução e divulgação: Felipe Melo

Notas do tradutor:

[1] O Lollardismo foi um movimento político e religioso fundado em meados do século XIV por John Wycliffe. Defendia que não deveria haver distinção entre os membros da Hierarquia e os leigos da Igreja Católica, podendo estes celebrar os ritos com a mesma eficácia, legitimidade e autoridade.

[2] Trecho do Canto V da obra “Paraíso Perdido”. No original:
“[…] for orders and degrees
Jar not with liberty, but well consist.”

[3] Edward Hallet Carr (1892 – 1982) foi um eminente jornalista e historiador marxista inglês.

[4] David Eli Lilienthal (1899 – 1981) foi um burocrata americano, chefe da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos de 1946 a 1950.

[5] John Stuart Mill (1806 – 1873) foi um filósofo e economista político britânico. Era adepto do utilitarismo de Jeremy Bentham.

[6] Henry Steele Commager (1902 – 1998) foi um eminente historiador esquerdista dos Estados Unidos.

[7] Referente a Jeremy Bentham (1748 – 1832), jurista e filósofo utilitarista inglês.

[8] Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás , vulgo George Santayana (1863 – 1952), foi um escritor e filósofo espanhol radicado nos Estados Unidos.

[9] Na mitologia grega, Stilbo era uma das três mil oceânides. As oceânides eram ninfas filhas de Oceano e Tétis, e eram as patronas das águas, cada uma sendo ligada um rio, riacho, lago, etc.

[10] Simone Weil (1909 – 1943) foi uma filósofa cristã francesa.

[11] Lyall Watson (1939 – 2008) foi um antropólogo e biólogo da África do Sul.

[12] Beato John Henry Newman (1801 – 1890), conhecido apenas como Cardeal Newman, foi um sacerdote católico britânico, de origem anglicana. Sua obra mais conhecida é “Apologia Pro Vita Sua” (1866). Em 19 de setembro de 2010, foi beatificado pelo Papa Bento XVI durante visita oficial ao Reino Unido.

AÇÃO DE MANTEGA NA CASA DA MOEDA PREOCUPA PLANALTO

Na Folha

As recentes acusações na Casa da Moeda jogaram o ministro Guido Mantega (Fazenda) no centro de um escândalo político que preocupa o Palácio do Planalto. Uma ala do PMDB cobrou explicações sobre por que o ministro manteve Luiz Felipe Denucci na chefia da estatal após alertas sobre o envolvimento do servidor em suposto esquema de corrupção. É justamente isso o que perturba o Palácio do Planalto: setores do PMDB insatisfeitos com a perda de espaço prometem usar o episódio para dar o troco.

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, revelou ontem que o partido só indicou Denucci para a Casa da Moeda atendendo a um pedido do ministro. “Mantega chamou Jovair [Arantes, líder do PTB na Câmara], e pediu um aval. Denucci não é do PTB, é do Mantega. Fizemos um favor ao Mantega e nos demos mal.”

Denucci tem a mesma versão. “Se o ministro Mantega pediu o aval do PTB para minha indicação, não é de minha alçada. Fui chamado por minha experiência com crise. Apoio partidário não tive.” As pessoas próximas ao ministro têm dito o contrário: que foram apresentadas a Denucci pelo líder do PTB. Sem uma manifestação oficial de Mantega desde sábado, quando Denucci foi demitido, a Fazenda soltou ontem uma nota para dizer que “o ministério decidiu instaurar comissão de sindicância investigativa para apurar as informações mencionadas”.

Denucci foi demitido às pressas por um funcionário do terceiro escalão após tomar conhecimento de que a Folha preparava reportagem sobre irregularidades na Casa da Moeda. Ele montou “offshores” em paraísos fiscais que teriam recebido U$ 25 milhões, segundo relatório de uma empresa especializada em transferências internacionais. O documento da WIT relata que os depósitos eram oriundos de comissões pagas por fornecedores da estatal.
(…)
03 de fevereiro de 2012
Reinaldo Azevedo

O ASSASSINATO FOI PLANEJADO PARA ACOBERTAR OUTROS CRIMES

O assassinato de Celso Daniel é certamente o assunto mais sério de todo o histórico que o PT deixa como herança ao Brasil. Trata-se de homicídio. O segundo. O prefeito de Campinas, Toninho do PT, já havia sido assassinado em circunstâncias jamais inteiramente explicadas. Haveria alguma ligação?

Fico tentado a comentar a baixeza moral de amigos e da ex-companheira do ex-prefeito de Santo André. A alegria incontida de ambos ao montar a farsa que tentava inocentar, a priori, os possíveis envolvidos.

Deixo este julgamento moral para cada um. As palavras com que se referem ao morto são tão intensas que não precisam de adendos para ter-se a certeza do tipo de amigos e esposa que Celso Daniel teve que suportar. Para que este julgamento moral seja feito, é essencial que se conheça os detalhes aqui expostos. E as gravações aí estão. Os petistas e asseclas, tão presentes na defesa do indefensável, desta vez têm em mãos o que sempre cobram: gravações. Inverteu-se a lógica da investigação no Brasil. É necessário gravar os envolvidos.

Parece que somente esta prova – desprezando documentos, evidências, etc. – tem validade. Neste caso, temos as gravações. Insisto: cada um faz o julgamento moral destas tristes figuras usando a própria régua e compasso que tem na vida. O que importa é o julgamento efetivo – jurídico – de indiciados, mandantes e daqueles que, sabendo dos fatos, se calaram. Todos os procedimentos são tipos penais existentes no Código Penal. O crime de homicídio na lei brasileira é de ação pública. Cabe ao Ministério Público buscar a justiça e propor ações contra suspeitos ou envolvidos. Foge do desejo até de vítimas. É a sociedade que exige – acima de partidos, ex-esposas e amigos – a apuração dos fatos. Este procedimento é a garantia de punibilidade nascida do estado de direito. Inegociável.

As gravações são elucidativas. Não se esperava que o famigerado marginal Sombra confessasse o achaque a empresários de Santo André, o esquema de envio de dinheiro, o roubo de parte deste dinheiro (ladrão que rouba ladrão…) e o homicídio. Mas causa surpresa a desenvoltura om que os personagens tratam do assunto e do tema central das conversas. Não se ouve uma palavra de revolta pela execução de Celso Daniel. Nenhuma palavra de consolo a uma viúva traumatizada pelo assassinato do ex-marido. Sem ironias. Nenhuma expressão de consternação. Absolutamente nada.

Já vimos manifestações de pesar até pela morte de marginais. De revolta, quando inocentes são assassinados. Neste caso, a vítima é somente “o cara”. Isso não é indício suficiente para que suspeitemos do envolvimento dos parceiros?

Para além do comportamento dos que foram gravados – que pode ser debitado, em uma defesa em tribunal, à falta de caráter e canalhice e, portanto, não provariam o envolvimento no crime, mas um óbvio desvio ético – o conteúdo das conversas não deixa margem para qualquer dúvida. Estavam articulando uma defesa que recaísse sobre o principal suspeito, o criminoso Sombra.

Para que defesa? Por que defesa? O objetivo mais correto não seria a descoberta dos culpados (e não ocultação de suspeitos) e a punição dos assassinos? Há detalhes em um crime mal planejado – este é um deles – que são contundentes.

O carro blindado de Sombra apresentou um defeito que o impediu de continuar circulando mesmo em fuga? A perícia diz que não. Qual defeito fez com que as portas do Mitsubishi fossem destravadas? De novo, a perícia não descobriu qualquer defeito. Entre o motorista e o acompanhante, qual a razão da escolha do carona? Por que o motorista foi deixado no local, ileso, com possibilidades de acionar a polícia de modo imediato? Qual foi o valor pedido de resgate? Zero. Nunca foi feito algum pedido. Por que a preocupação com as calças do “cara”? Por que ao passar pelo apartamento, o “cara” trocou de calças? No mesmo apartamento onde estavam documentos que desapareceram?

Qual solidariedade foi prestada aos irmãos da vítima por parte dos articuladores da armação? O que vem a ser “destilar ressentimentos”? Quais? E o que leva irmãos a apontar suspeitos e expor situações que presenciaram e que podem ter ligações com o assassinato?

Seria desejo de justiça – comum aos seres humanos normais – ou desejo de vingança? Contra o que ou contra quem? São ambos desequilibrados que não merecem credibilidade? São menos credíveis que o Sombra, por exemplo?

A conclusão óbvia é: mesmo com estas evidências, Gilberto Carvalho et caterva nunca se interessaram pela elucidação do crime. Antes, com a ocultação de provas, com “armações” (como dito nas gravações), com entrevistas (com o amigo de todas as horas – Sombra- e a pobre e inconsolável ex-esposa), com a contratação de um criminalista e com a necessidade de “acalmar” o principal suspeito.

Não são ilações. São fatos. Gravados.

Pela lógica forense, na área criminal, a primeira pergunta que se deve fazer é: a quem interessa o crime? Pelas gravações, temos a certeza de interesses na defesa do principal suspeito e na ocultação de provas, como o caso das calças do “cara”. Esta ação de acobertamento atendia a outros interesses?

Por muito menos evidências, até coronéis da PM já foram presos. Alguém duvida que, se essas gravações dissessem respeito a qualquer um dos comentaristas deste espaço, a prisão já teria sido decretada?

Qual é a acusação que o PT e milicianos farão a quem não se conforma com esta omissão criminosa? Buscarão exemplos de “queimas de arquivo” no passado, para brandir o argumento de “somos todos iguais”? Ou que é uma armação da Polícia Federal? Ou, ainda, que Celso Daniel encomendou a própria morte para incriminar adversários?

Não se trata de minorar crimes anteriores e diários – roubos, corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, peculato, fraude fiscal, etc – cometidos pelo mesmo grupo que tomou de assalto o poder no Brasil. São passíveis de punição, garantido o direito amplo de defesa e o justo processo legal. E exigimos apuração.

Porém, neste caso escabroso, estamos falando de homicídio. Do crime que mais afronta a sociedade e o cidadão. De queima de arquivo. De um crime cometido para acobertar outros, o que é uma agravante no Código Penal Brasileiro. Que os personagens dessas gravações tenham o direito à defesa plena e justa para se livrarem das suspeitas ou até – quem sabe? – de condenações. Para tanto, contudo, há que se ter um processo legal instaurado.

Assim como é direito dos suspeitos terem plena defesa, é direito de todo o país exigir esclarecimentos, julgamento e punições. No devido espaço para isso, que é o Poder Judiciário. É o que todos queremos e esperamos.

Não se pode é tapar os olhos, fechar os ouvidos e aceitar que tudo está esclarecido. Não, não está.

Sei que são expectativas com pouca – ou nenhuma – chance de realização. Afinal, nem mesmo esclarecimentos o principal articulador da “armação” se dispôs a fornecer (não sou eu que digo, é o que se ouve nas gravações). O que já é mais um indício. Quem cala não tem o que dizer em sua própria defesa.

03/02/2012
Reynaldo Rocha

SATISFAÇÃO GARANTIDA

Chama atenção em alguns ministros, aliados políticos e auxiliares da presidente Dilma Rousseff a reverente, e de certo modo até prazerosa, placidez com que se submetem a humilhações públicas.

Não é raro relatarem ─ entre si e a jornalistas ─ como vantagem episódios em que foram alvos da truculência verbal da presidente da República.

Tornou-se quase um motivo de deleite levar uma “bronca” de Dilma. Outro dia mesmo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, fez muito sucesso em cerimônia no Palácio do Planalto, relatando como a chefe costuma “espancar” projetos apresentados a ela.

Eis que, assim, o exercício da descortesia de defeito passou a ser visto como qualidade.

Nesse aspecto, o ainda ministro das Cidades, Mário Negromonte, ocupa uma espécie de tribuna de honra no quesito orgulho de apanhar.

Negromonte já se configura um problema desde o ano passado, quando foi acusado por deputados do próprio partido de distribuir mesadas em troca de apoio na bancada do PP, e também apontado como responsável pela adulteração de parecer técnico em obra de infraestrutura da Copa, por causa de conveniências políticas.

Sua cerimônia do adeus se dá ao estilo Dilma: arrastado, tortuoso e torturante. Ela mesma não diz nada, vai deixando a vítima cair de podre. No caso em questão, poder-se-ia acrescentar com requintes de crueldade, não fosse a maneira impávida com que o alvo recebe o que para qualquer ser humano normal seria uma afronta à dignidade.

Dilma já fez de tudo com Negromonte: demitiu-lhe o chefe de gabinete, o chefe da assessoria parlamentar, mandou espalhar que o considera um mau gestor, permitiu que a assessoria caprichasse nos detalhes sobre a repulsa que a presença dele no ministério lhe provoca, e o homem, ali, fazendo-se de surdo no desfrute da condição de saco de pancadas.

Já viu seu partido lhe retirar apoio, já assistiu à cena de seu padrinho, o governador da Bahia, Jaques Wagner, ser prestigiado com convite para integrar a comitiva presidencial na viagem ao Caribe logo após deixá-lo ao sol e à chuva, já recebeu todos os sinais, mas não faz concessão alguma ao amor-próprio.

Problema dele? Em parte. O método de demitir fala também sobre da sistemática de admitir e isso diz respeito à Presidência da República, ao governo, ao País.

As cenas patéticas de apego à boquinha, as frituras degradantes, a administração de insatisfações que geram também soluções insatisfatórias, as próprias contrariedades da presidente em relação ao desempenho de sua equipe, tudo poderia ser resolvido de forma mais digna.

Se o critério para ocupação de cargos fosse o mérito e não o Quem Indica. Vale para quem sai e vale para quem fica, conforme atestam as permanências dos ministros “Fernandos”, Bezerra e Pimentel, e a desistência da presidente de demitir o presidente da Transpetro ao se inteirar das implicações de se livrar de um afilhado de alguém tão notório quanto o senador Renan Calheiros.

TEXTO PUBLICADO NO ESTADÃO
02/02/2012
Dora Kramer

UM ATESTADO DA PRÓPRIA INCOMPETÊNCIA, UMA FRAUDE

Dilma Rousseff enviou ontem ao Legislativo a edição 2012 da "Mensagem ao Congresso Nacional". O documento foi recebido com frieza pelos meios de comunicação, mas é precioso.

É uma confissão, com chancela oficial, do fracasso do primeiro ano da gestão dela, o nono do governo petista.

Em suas 472 páginas, a Mensagem mostra, por exemplo, como tem sido pífia a execução de programas como o Minha Casa, Minha Vida; como promessas feitas para a melhoria da saúde estão longe de sair do papel; e como, quando falta o que mostrar, o governo apela mesmo é para a mentira descarada.

Comecemos pela instalação de unidades de pronto-atendimento de saúde. As chamadas UPA, que servem para desafogar as emergências dos hospitais, foram uma das vedetes da campanha eleitoral de 2010.

A então candidata prometeu instalar 500 delas "para garantir atendimento médico adequado", conforme reiterou na versão 2011 da Mensagem ao Congresso.

Pois bem: na publicação divulgada ontem, está informado à página 184 que foram construídas apenas 31 UPA no ano passado. Isso significa que, a continuar assim, para honrar o compromisso firmado Dilma precisaria de quatro mandatos. Parece que não vai dar tempo...

A Mensagem também destaca, logo na sua apresentação, a "aprovação", em 2011, da "construção de 1.484 creches e pré-escolas por todo o Brasil". A promessa de Dilma foi bem distinta: erguer - e não "aprovar a construção" - 6.427 creches em quatro anos.

Nenhuma delas, porém, foi concluída até agora, mostrou O Estado de S.Paulo na semana passada.

"Para cumprir uma promessa de campanha feita pela presidente Dilma Rousseff, o Ministério da Educação terá que inaugurar pelo menos 178 creches por mês, ou cinco por dia, até o fim de 2014", informou o jornal. O programa destinado à construção das creches - o ProInfância - executou meros 16% do orçamento do ano passado.

Mas a Mensagem traz muito mais. Relata, por exemplo, os resultados efetivos alcançados pelo Minha Casa, Minha Vida. Lá está dito que, nas duas fases do programa, foram entregues até agora exatas 540.883 moradias.

O documento não detalha quantas foram destinadas a famílias de renda mais baixa, de até três salários mínimos, mas sabe-se que são absoluta minoria.

O programa habitacional foi lançado em abril de 2009 com meta de construir 1 milhão de casas. Em 2010, ganhou uma segunda fase, prevendo mais 2 milhões de habitações.

Ou seja, ao ritmo atual, para que tais promessas sejam honradas, o governo petista vai precisar de mais 12 anos. Assim como com as UPA, também não vai dar para esperar tanto tempo.

O texto da Mensagem também desnuda fracassos retumbantes da gestão petista, como no saneamento. Embora alardeie que R$ 36,4 bilhões estejam sendo investidos no setor - o que não encontra comprovação em fonte alguma - o documento admite, à página 308, que apenas 9% do previsto desde o lançamento do PAC foi aplicado.

Ou seja, na velocidade registrada ao longo destes últimos cinco anos, seria necessário mais meio século para concluir as obras.

Há casos piores, de mentira deslavada. À página 317 da Mensagem, o governo afirma que obras e ações de transporte metroferroviário "mantiveram o ritmo de investimento observado nos últimos anos". Um dos casos citados é o do metrô de Belo Horizonte, um dos que "contam com recursos do PAC, o que assegura um avanço regular aos projetos".

Ocorre que não há um único dormente sendo assentado hoje na expansão das linhas da capital mineira. E não é de agora: as últimas obras feitas por lá datam do governo Fernando Henrique, embora desde então o governo do estado tenha tentado reiteradamente retomar a ampliação das linhas. Além do metrô, os mineiros esperam há anos outras obras prometidas pelo PT, como mostrou o Estado de Minas nesta semana.

O mau desempenho da administração Dilma Rousseff é flagrante.
Neste sentido, o texto divulgado ontem apenas corrobora o que se observa no dia a dia do país, a olho nu.

A diferença é que o governo não pode mais culpar o mensageiro pela desalentadora mensagem de desalento que carrega em sua sacola.

O fracasso agora é oficial.

camuflados
Fevereiro 03, 2012
Fonte: Instituto Teotônio Vilela

YOANI SÁNCHEZ: "DILMA CHEGOU À CUBA COM A CARTEIRA ABERTA E OS OLHOS FECHADOS".

Uma mensagem postada no twitter da blogueira cubana Yoani Sánchez, que aguarda liberação do governo dos irmãos Castro para vir ao Brasil, revela que a população cubana teve uma percepção negativa sobre a visita da presidente Dilma Rouseff. Segundo Sánchez, o que se ouve nas ruas é que a presidente chegou ao país “com a carteira aberta e os olhos fechados”.

Na ilha comunista, a presidente se limitou a fechar acordos econômicos como medidas de estímulo ao desenvolvimento daquele país. Dilma foi alvo de críticas dos cubanos por não ter se posicionado sobre os abusos contra os direitos humanos cometidos pelo governo do irmãos Castro.Vista como um símbolo da luta pelas liberdades individuais, por ter combatido a Ditadura Militar no Brasil, a mandatária não aceitou convites para se reunir com dissidentes do regime.

Além do caso da blogueira Yoani Sánchez, impedida de deixar o país para assistir ao documentário “Conexão Cuba Honduras”, do documentarista Dado Galvão, a morte do ex-dissidente cubano, Wilmar Villar Mendoza, dentro de uma prisão, devido a uma greve de fome de 56 dias, foi mais um exemplo emblemático do desrespeito aos direitos humanos praticado pela ditadura Castro.

Fonte: O Globo, 3/01/2012
3 de February de 2012
Comunicação Millenium

UM APARTHEID SILENCIOSO

Escolas estatais sofrem com lentidão, corporativismo e falta de meritocracia; o ProUni é um exemplo: poderíamos ter acesso universal às escolas privadas

A última edição do Pisa, avaliação realizada em 65 países com alunos de 15 anos, pela OCDE, apresenta um dado perturbador.

Os nossos alunos das escolas privadas tiveram nota média de 502, semelhante à nota dos estudantes dos EUA. Os nossos alunos das redes estaduais e municipais de ensino alcançaram uma média de 387, semelhante à da Albânia.

Os dados do Enem mostram o mesmo quadro. Das mil escolas mais bem posicionadas (contando apenas as escolas que tiveram mais de 75% de participação dos estudantes), 92% eram particulares.

O fato é que estamos alimentando, no Brasil, uma espécie de apartheid educacional entre os jovens de classe média e alta, cujas famílias há muito "privatizaram" a educação de seus filhos, e os estudantes de famílias mais pobres, que são levados a estudar nas redes estaduais e municipais de ensino, com seus problemas crônicos de gestão.

É uma situação paradoxal: o sistema público de educação, que deveria assegurar uma base de oportunidades igual para todos, é ele mesmo uma máquina geradora de profundas desigualdades sociais.

Alguns dirão que não é possível debitar os resultados pífios da educação pública às deficiências estruturais do sistema.

Pesaria a condição das famílias para apoiar os filhos em suas atividades fora das salas de aula. É um argumento que pode tranquilizar o nosso sono, mas é inaceitável. Caberia ao Estado exatamente criar as condições para compensar essas assimetrias sociais. Recursos não faltam para isso.

Nosso sistema estatal é caro e ineficiente. Escolas estatais são repartições públicas. Não têm autonomia para tomar decisões com a racionalidade e a rapidez que a educação requer no dia a dia - como atualizar laboratórios, bibliotecas e fazer obras de infraestrutura.

Elas sofrem com a burocracia, com o corporativismo e com a visão antimeritocrática comum no serviço público brasileiro. É fácil constatar esse quadro e dizer que tudo poderia ser diferente. Mas não é o que a experiência demonstra.

Penso que chegou a hora de apostar em uma mudança de paradigma no Brasil. Uma mudança estrutural de longo prazo: repensar a relação entre o Estado e a sociedade brasileira no que se refere à educação.

Em vez de continuarmos tentando o que se tentou no século 20 -ou seja, nivelar o acesso à educação pela oferta do ensino estatal-, podemos buscar soluções efetivamente possíveis no século 21: assegurar o acesso de todos ao ensino não estatal -composto por escolas com ou sem fins lucrativos, desde que elas tenham qualidade, uma gestão ética e uma relação positiva entre custo e benefício.

O Brasil tem apresentado inovações importantes nessa direção. Basta observar o ProUni e o Fies. O Estado financia (via abatimento fiscal para as instituições ou via juros subsidiados para os estudantes) a matrícula dos alunos nas instituições particulares.

É, grosso modo, o que, há décadas, propunha-se no país sob o conceito de "voucher" para a educação.

Em vez de criar e administrar repartições públicas de ensino, o Estado utiliza a capacidade disponível das redes privadas, deixa que as famílias escolham onde querem estudar e concentra a sua ação na criação de indicadores e na exigência de qualidade.

Fica a pergunta: por que esse não se torna o padrão de atuação dos governos na educação também no ensino médio e fundamental?

Por que continuar abrindo repartições públicas educacionais e continuar (como os indicadores mostram) aumentando o fosso social brasileiro? Não seria melhor apostar em modelos transparentes de parceria entre Estado e sociedade, com o financiamento direto aos estudantes, deixando que eles escolham onde estudar?

Alguém já comparou a relação entre custo e benefício dessas duas alternativas? O Brasil fez muitas revoluções nas duas últimas décadas. Precisamos agora de mais uma. Uma revolução para que exista igualdade de oportunidades, que vai começar quando tivermos alguma coragem para revisar velhos conceitos.

Fernando Luís Schüler, 46, doutor em filosofia e mestre em ciências políticas pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), é diretor acadêmico do Ibmec-RJ.

02 de Fevereiro de 2012
Fernando Luís Schüler, Folha de S. Paulo