"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 10 de fevereiro de 2013

A GOTA D'ÁGUA


          Artigos - Governo do PT 
       
"Depois de mim, o dilúvio!" - deve ter predito Sarney, antevendo catástrofes, quando soube quem era o escolhido do governo para substituí-lo.
Na sexta-feira, dia 1º de fevereiro, foi a vez de a Nação tomar conhecimento.
O dilúvio se chamava Renan Calheiros, buscado de nebulosas trevas para sentar-se na poltrona mais alta do Senado. A votação foi tão sigilosa na urna quanto escandalosa e buliçosa nos aplausos.

A pergunta - como pode acontecer uma coisa dessas? - me veio de toda parte. Como reelegem alguém que, quando ocupou o cargo, teve que renunciar para não ser cassado? Nas ruas e nos e-mails essa foi a indagação da semana.
Ora, senhores, a resposta é simples. Os estrategistas do Palácio do Planalto devem ter escrutinado cuidadosamente a lista dos membros da nossa Câmara Alta.
E concluíram que não havia entre eles ninguém pior do que Renan. Quanto pior, melhor.

A Lei da Atração aglutina os semelhantes de modo implacável. Qualquer outra razão é conversa fiada. Pelo voto amplamente majoritário de 56 membros, o Senado decidiu conservar-se um poder nanico, levado na guia pelo governo, como um serelepe cãozinho de estimação, coleira de prata e chuquinha na cabeça. A única diferença é que o totó, às vezes, late.

Na segunda-feira, os olhos do país se voltaram para o outro lado do edifício - aquele da concha com a borda para cima. Ali seria eleito o segundo homem da República na sucessão presidencial. Assisti pelo canal de tevê da Câmara dos Deputados a todos os discursos da sessão.

Foi uma experiência e tanto, ao vivo, para os arregalados olhos da Pátria. Contado não se crê. Havia quatro candidatos.
O do governo, o da oposição, e outros dois muito antes pelo contrário. No entanto, os quatro discursaram como se oposição fossem. Disseram que a Casa se omite em temas gravíssimos como pacto federativo.
Que permite o uso inescrupuloso das medidas provisórias e o esbulho federal sobre Estados e municípios.
Que a reforma institucional não anda.
Que as emendas parlamentares, assim como são tratadas, aviltam o Congresso.
Que ao se omitir na votação de vetos presidenciais (mais de três mil pendentes de deliberação), o legislativo transfere ao governo a última palavra na elaboração das leis.
Que isso equivale a renúncia de prerrogativa.
Que a instituição é o coração da democracia e a representação mais legítima do povo em sua pluralidade e totalidade.
Que apesar disso - e isso não é pouca coisa! - o poder se põe em cócoras.
Que, à medida em que permitiu que o apequenassem, foi perdendo o apreço e, depois, o respeito da sociedade.
Os aplausos, pasmem, rugiam em puro êxtase!

Ouvindo tudo, o presidente Marco Maia fazia ares de quem nada tinha a ver com aquelas pautas unanimemente coletivas. Mas cada discurso, se bem ouvido, era um libelo contra si. Clamava-se por tudo que ele não fez.

Os quatro candidatos se comprometiam, solenes, com passar uma borracha nas linhas omissas e submissas de sua gestão. O próprio candidato de dona Dilma, vitorioso, dissecou, uma a uma, as culpas do legislativo perante seus próprios males.

Em português claro: posicionou-se contra, eloquentemente contra, tudo que ele mesmo e o grupo ao qual pertence e que o apoiava vêm fazendo no parlamento, com o parlamento e do parlamento. Para mim, depois do dilúvio, tamanho cinismo foi a gota d'água.

10 de fevereiro de 2013
Percival Puggina
Publicado no jornal Zero Hora

OBRIGAÇÃO E RETROCESSO




Felipão, o intuitivo, e Parreira, o racional, são profissionais competentes, mas encarnam um status quo velho que o futebol brasileiro precisa superar

No dia 14 de outubro de 2012, um domingo, escrevi para a Folha de S.Paulo uma coluna de enredo fictício, com o título “Mano no divã”. O então técnico da Seleção Brasileira manifestava ao psicanalista sua preocupação com Luiz Felipe Scolari: “O que mais me preocupa é a escolha de Felipão para assessor do Ministério do Esporte. Isso parece um recado para o Marin, presidente da CBF, de que o técnico preferido do governo e do povo é Felipão.” Mano desconfiava que Felipão já estivesse de sobreaviso.
 
No mesmo dia da publicação do texto, para minha grande surpresa, recebi, no celular, um telefonema de José Maria Marin, com quem nunca tivera contato. Um secretário perguntou se eu poderia atendê-lo. Com enorme curiosidade, disse que sim.
Marin disparou a falar sobre muitas coisas, que não eram novidades, especialmente a respeito de Ronaldinho, fazendo elogios. Escutei mais do que falei. Após alguns minutos, a ligação caiu. Ele não voltou a ligar. Terá pensado que eu desliguei o telefone? Não acredito, pois o tratei com educação.
 
Mas por que teria me telefonado? Teria sido apenas um impulso, depois de ler minha coluna, especialmente o parágrafo que falava de Felipão? Será que queria me dizer algo, ouvir minha opinião, mas desistiu no meio do caminho? Será que quis me agradar com elogios? Em colunas anteriores, eu havia criticado Marin pelo fato de a Confederação Brasileira de Futebol pagar altíssimo salário ao ex-presidente Ricardo Teixeira – assessor para assuntos paralelos e nebulosos –, por gastar uma fortuna com os presidentes das federações estaduais e acompanhantes na Olimpíada de Londres e, principalmente, por representar o continuísmo.
Será que ele já tinha decidido dispensar Mano Menezes e contratado Felipão quando me telefonou? Não teria sido esse o motivo de Felipão ter saído do Palmeiras em setembro? Imagino que tudo já estivesse acertado, mas nunca terei certeza.
 
A ligação do presidente da CBF me fez lembrar da Copa de 2002. Fui convidado por Ricardo Teixeira, depois da dispensa de Leão, em 2001, para ser o diretor técnico da Seleção. Fui contatado, primeiro, por um secretário, como fez Marin. Teixeira me disse na ocasião que eu escolheria o técnico. Perguntou se eu gostava de Levir Culpi. Respondi que não era técnico para uma Copa do Mundo. Pensei, sem dizer ao presidente da CBF, que o técnico teria de ser Felipão.
Fiquei com vontade de aceitar, pelo desafio, pela vaidade de ocupar uma posição de destaque no futebol, por me considerar capaz de fazer um bom trabalho. Mas não aceitei. Não me sentiria bem, pois era um cargo de confiança de Ricardo Teixeira, por quem não tinha nenhuma admiração, pelo contrário.
Fiquei também na dúvida se o gesto tinha motivos técnicos ou servia apenas para agradar a imprensa e o público, como tinha sido feito com Zico, na Copa de 1998, contra a vontade do técnico Zagallo, que teve de engoli-lo.
 
Exerci três diferentes profissões – atleta profissional, médico-professor e comentarista-colunista –, mas poderia ter tido outras atividades, se aceitasse algumas propostas. Recusei – por convicção, por não ter nada a ver com minhas ambições, para não perder a liberdade e a independência.
 
Não tenho ilusões de que a saída de Mano Menezes e as contratações de Felipão e Carlos Alberto Parreira foram muito mais decisões políticas, comerciais e de marketing do que uma questão de necessidade e segurança técnica. Investidores, marqueteiros, parceiros da CBF e o governo estavam preocupados com a pouca credibilidade da Seleção. Queriam um técnico mais experiente, que já tivesse sido campeão e fosse capaz de empolgar o torcedor, como Felipão já tinha feito em Portugal, antes da Eurocopa de 2008.
 
Mano Menezes é um treinador científico, racional, que sorri pela metade. Felipão é carismático, espontâneo, vibrante, um ótimo comunicador. A seu lado, para diretor técnico, outro campeão do mundo. Interessante que Parreira seja a cara de Mano. Talvez isso tenha pesado em sua escolha.
 
Quem vai mandar na parte técnica e tática é, evidentemente, Felipão, como o próprio Parreira já disse. Mas espero que Parreira não seja como Antônio Lopes, em 2002, uma figura decorativa, cuja única função era a de beijar a medalhinha, milhares de vezes, durante as partidas.
 
Na maioria dos casos, o diretor técnico não tem função. Ele não participa da escalação nem das decisões técnicas e táticas. Zagallo, em 1994, foi exceção, porque Parreira tinha muita admiração por seu mestre. O ideal seria que o diretor técnico escolhesse o treinador e tivesse, hierarquicamente, uma posição superior. Os dois participariam das decisões. A última palavra seria do treinador. Na prática, isso não ocorre e dificilmente daria certo. No futebol, a vaidade e a ambição costumam ser muito mais fortes que a razão.

apresentação da nova dupla de comandantes da Seleção Brasileira foi uma demonstração de nacionalismo exacerbado. As palavras de Parreira pareciam ser de Zagallo. Daqui para a frente, não será surpresa se surgir uma nova versão do “Ame-o ou deixe-o”, como na época da ditadura.
Quem criticar a Seleção será antipatriota. Felipão e Parreira disseram que ganhar a Copa no Brasil é “uma obrigação”. Era o que Marin queria ouvir. Se não der certo, ele fez sua parte. Dizer que vencer é uma obrigação pode ser entendido como uma declaração otimista e corajosa. Mas também como algo ufanista e autossuficiente, muito próximo da soberba.
 
Discordo da ideia de que Felipão esteja ultrapassado porque foi mal nos dois últimos times de prestígio que comandou, Chelsea e Palmeiras. Todos os treinadores têm sucessos e fracassos. Por sua experiência e por ter características para jogos mata-mata, Felipão foi uma boa solução para quem pensa apenas no título.
Reprovo porque achei injusta a saída de Mano Menezes – o time brasileiro começava a agradar – e porque há outras maneiras de vencer, com mais encanto.
 
Felipão é um técnico controverso, difícil de se definir. É emotivo – alterna momentos carinhosos, de ternura, com outros, agressivos e destemperados. Às vezes é surpreendentemente ousado e ofensivo. Em outras ocasiões é retranqueiro.
Ele é estudioso, conhece bem os detalhes técnicos e táticos, mas costuma agir, durante as partidas, por impulso e intuição. É sua maior qualidade e seu principal defeito. Muitas vezes dá certo. Parreira é o oposto: sóbrio, previsível, monótono, linear.
 
Antes da Copa de 2002 fiz uma entrevista com Felipão. Ele era técnico do Cruzeiro e estava entusiasmado com a maneira de jogar da seleção argentina, dirigida pelo “Loco” Bielsa.
A Argentina tinha chegado em primeiro lugar nas eliminatórias, com enorme vantagem técnica sobre os demais. Era uma das favoritas para ganhar a Copa, mas, para surpresa geral, foi eliminada na primeira fase.
 
Felipão armou a Seleção Brasileira para jogar como os argentinos: uma linha de três zagueiros, outra de três armadores (um ala-direito, um volante e um ala-esquerdo), e um meia de ligação (Juninho Paulista), próximo de uma linha de três atacantes (Ronaldinho, Ronaldo e Rivaldo).
 
Um esquema bastante ofensivo (3-3-1-3). Só os times de Bielsa jogam assim. O Barcelona, com Pep Guardiola, às vezes também adotava essa formação. Após a primeira fase da Copa, quando o time jogava mal, Felipão trocou o meia ofensivo Juninho Paulista pelo volante Kléberson, que marcava como volante e avançava como meia. O time se organizou e ganhou o mundial, em parte pela pouca qualidade dos adversários, mas, principalmente, porque tinha três craques na frente.

arreira já havia se aposentado quando recebeu o convite para ser o atual diretor técnico. Além de empresário, era assessor da Secretaria de Estado Extraordinária para a Copa do Mundo, uma mistura de garoto-propaganda e de lobista, muito bem remunerado, com a função de convencer uma grande seleção a ficar em Minas Gerais. Como as decisões das seleções só ocorrem em dezembro de 2013, após o sorteio dos grupos, datas e locais das partidas, nada tinha sido resolvido.
Já houve trocas de treinadores mais próximas de uma Copa do Mundo. Em 1970, poucos meses antes da disputa, Zagallo substituiu João Saldanha. Sempre imaginei que esse seria o desfecho.
 
O comunista Saldanha dizia sempre o que queria e era muito mais que um treinador de futebol. Nunca entendi sua indicação. Não poderia dar certo à frente da seleção de uma ditadura militar que caçava e matava esquerdistas e tinha, além disso, militares na comissão técnica. Pelo que eu percebia nas entrelinhas, sua saída foi planejada ou, no mínimo, desejada pela ditadura. É possível também que Saldanha, constrangido com a situação, tenha contribuído para isso.
 
Penso que o episódio envolvendo Dario, preferido do presidente Médici, foi irrelevante para a saída de Saldanha. O técnico disse à imprensa que Médici escalava os ministros, e ele, o time. Zagallo, logo que entrou, convocou Dario e Roberto porque, na sua concepção, o time não tinha um centroavante, já que eu era um ponta de lança no Cruzeiro. Não foi porque Médici pediu, como diz a lenda. Zagallo explicou que eu, por minhas características, tinha de ser reserva de Pelé.
 
Após várias semanas de treinamentos e jogos amistosos, ele mudou de opinião. Perto do início do Mundial, me chamou e perguntou: “Dá para você jogar mais à frente, de pivô, sem voltar tanto, como faz no Cruzeiro?” Respondi: “Não há nenhum problema. Vou jogar como Evaldo, centroavante do Cruzeiro.
Vou tentar facilitar para Pelé, Jairzinho, Rivellino e Gerson, como Evaldo, de costas para o gol, facilita para mim e para Dirceu Lopes, quando chegamos de trás com a bola.” Na Copa, não fui um típico centroavante, como Dario e Roberto, nem um ponta de lança, como atuava no Cruzeiro. Fui um centroavante armador.
 
Como eu tinha ficado seis meses sem nenhuma atividade técnica e física, por causa do descolamento de uma das retinas, em outubro de 69, precisei fazer, durante várias semanas, exercícios especiais. Parreira, auxiliar da preparação física, foi meu personal trainer.
Treinávamos todos os dias, no mesmo horário dos outros jogadores, separados do grupo, em outra parte do campo. Parreira era bastante educado e disciplinado. Já mostrava conhecimentos teóricos, não apenas da preparação física, mas também de detalhes técnicos e táticos.
 
Na Copa, ele se tornou também “olheiro”, observador dos adversários a serviço da Seleção Brasileira. Foi ele quem assistiu ao jogo da semifinal, entre Itália e Alemanha. Na partida final, participou ativamente da preleção antes do jogo. Mostrou dezenas de fotos em sequência, com toda a movimentação da marcação italiana.
Ajudados por suas informações, combinamos que, quando Jairzinho saísse da direita para o meio, e seu marcador, Fachetti, o acompanhasse, já que fazia marcação individual, Carlos Alberto avançaria pelo flanco. Combinamos também que eu jogaria mais adiantado, atrás dos quatro defensores e próximo ao zagueiro livre (o líbero), que tinha a função de fazer a cobertura dos outros.
No quarto gol do Brasil, de Carlos Alberto, o líbero, preso por minha presença à sua frente, não saiu na cobertura de Fachetti. A imagem da tevê mostra quando eu, de costas para o gol e de frente para Pelé, aponto o braço na direção de Carlos Alberto, que vinha em disparada, ainda fora do quadro. Foi também uma vitória tática.
 
Depois Parreira se tornou treinador. Na Copa de 1994, era o técnico, e Zagallo, o diretor técnico. Parreira armou a equipe à moda inglesa, no tradicional 4-4-2, com duas linhas de quatro e dois atacantes. Deu certo. Na Copa de 2006, repetiu o esquema.
Foi seu grande erro. Quando buscam as razões para o fiasco, as pessoas costumam citar a falta de comprometimento do grupo. Pouca gente menciona o equívoco tático. Ao colocar Kaká e Ronaldinho, um de cada lado, com a função de também marcar o avanço dos laterais, Parreira prejudicou os dois.
Eles não marcavam e ficavam longe do gol adversário. (No Barcelona, Ronaldinho atuava pela esquerda, porém mais adiantado. Kaká sempre foi um meia-atacante, mais atacante que armador.)

empos atrás, Parreira organizou na CBF um curso para treinadores. A Folha de S.Paulo, em uma reportagem de Paulo Cobos, de 2005, mostrou que a apostila era idêntica, nas palavras e expressões, ao que estava publicado no livro de um ex-treinador, funcionário da Federação Inglesa de Futebol, Charles Hughes, escrito 32 anos antes de Parreira dar o curso.
 
Na obra, o inglês descrevia vinte maneiras de se posicionar nas jogadas aéreas, ofensivas e defensivas. Compreendi então por que os técnicos brasileiros são tão obcecados por esses lances. Parreira argumentou que não fez a cópia por interesse pessoal, mas apenas para facilitar a vida dos alunos.
Não deixa de ser antiético. Pior ainda foi plagiar os conceitos de um treinador inglês, que adorava as jogadas aéreas, os chamados chuveirinhos. Isso atrapalhou a evolução do futebol inglês. Os times jogavam a bola na área e, na sobra, alguém a empurrava para as redes. Os ingleses chamavam de pequenos gols. Pequenos e feios. Deveriam valer meio gol. Essa é hoje uma das principais jogadas do futebol brasileiro.
 
O sonho de Parreira, nunca realizado, seria treinar um grande time inglês ou a seleção inglesa. Teria grandes chances de dar certo, com seu inglês perfeito, sua racionalidade e formalidade. Já Felipão, que tem características opostas às de Parreira e não domina tanto o inglês, não daria certo em nenhum time anglo-saxão, como não deu no Chelsea. Eles nunca entenderiam seus trejeitos e improvisações durante as partidas.
 
A saída de Mano Menezes do comando da Seleção foi um retrocesso. Depois de muito tempo, o Brasil começava a mostrar um futebol interessante, diferente, com mais posse de bola, mais troca de passes, de marcação por pressão, com volantes que também atacavam, sem chutões e sem um típico centroavante. Prefiro uma equipe com vários jogadores que fazem gols a ter um único artilheiro, que não tenha outras qualidades. Além do mais, o Brasil tem Neymar, craque-artilheiro. O time não era ainda uma realidade, mas a esperança de um futebol eficiente e encantador.
 
Apesar dos riscos de não suportar a responsabilidade de decidir uma Copa em casa – o fantasma de 1950 continuará no ar –, o Brasil, diante de sua torcida e com um bom treinador, como é Felipão, possui boas chances de ser campeão, mesmo sendo hoje inferior a algumas seleções.
 
A grande dúvida é se o torcedor brasileiro vai ficar feliz apenas com a vitória ou vai também reivindicar um futebol que o encante, como já encantou. Tudo a partir de agora, e cada vez mais, vai girar em torno da “obrigação de vencer”. Há muitos interesses em jogo. Marin, um comandante antigo e obsoleto, fez o gesto previsível ao apontar o dedo para a dupla pragmática. O que se tenta é a reciclagem de um passado vitorioso. Seria melhor se estivesse em curso uma modernização efetiva no estilo de jogo e na organização mais geral do futebol brasileiro, independentemente do resultado na Copa.

10 de fevereiro de 2013
Revista Piauí
Tostão

O FASCISMO DE ESQUERDA, MERQUIOR, PIZA E OS QUE "INFELIZMENTE ESTÃO VIVOS".

 

O fascismo de esquerda não muda. A tática é sempre é mesma. Flávio Moura, o tal “editor de livros” da Companhia das Letras que chacina jornalistas e colunistas com a conivência do “Valor” — aquele do caderno “Infraestrutura & Negócios” —, repete um mantra velho, de incrível vigarice intelectual.
 
Quem leu seu artigo (ver posts abaixo) percebeu que ele resolveu salvar a alma de Daniel Piza do que imagina ser o inferno.
Agora Piza, que era alvo da maledicência, sim, de muitos quando vivo — o próprio Moura confessa a sua inveja —, foi para o mesmo lugar no Paraíso em que está, por exemplo, José Guilherme Merquior.
 
Em vida, Merquior tomava mais chutes do que cão sarnento que tenta invadir restaurante. “Reacionário, direitista, fascista, defensor da ditadura…” Essas eram apenas algumas das palavras com que o mimoseavam. E olhem que ele não estava tão distante assim de certa esquerda francesa mais ilustrada… Mas não era um comunista, isso é certo.
 
Caiu definitivamente em desgraça quando, ao ler o livro “Cultura & Democracia”, de Marilena Chaui (ela também usava o “&”, como o Valor…), encontrou algumas dezenas de páginas iguaizinhas às que o francês Claude Lefort, amigão da sedizente filósofa, havia escrito bem antes. Podiam mesmo ser consideradas traduções.
Marilena despontava, então, como o furacão esquerdista da USP, dona de um pensamento supostamente original e coisa e tal.
 
Sabem quem começou a apanhar nos jornais? Ainda não havia internet e redes sociais. Não foi a plagiadora, não! Merquior só não foi chamado de santo. “Intelectuais” e cantores de MPB decidiram fazer um abaixo-assinado contra ele. O próprio Lefort veio a público para afirmar que o plágio de sua amigona plágio não era. Tentaram esfregar a negativa na cara de Merquior: “Viu, o autor diz que não é…” — ainda que as palavras provassem o contrário.
 
Merquior morreu cedo, aos 50 anos, em 1991. Morto, resolveram reabilitá-lo, mas não por bons propósitos. Ele sempre é citado como expressão de um tempo em que “a direita tinha qualidade”, sabia pensar.
“Ah, Merquior, sim! Não esses de agora”. Até a publicação do texto de Moura, os jornalistas cujo fim ele decreta éramos, então, comparados a Merquior, com a conclusão inevitável: “Ele era profundo; a ‘direita’ de agora não é de nada”. Nota: foram também eles que decretaram que somos expressão do pensamento de direita. No que me diz respeito, não recuso porque não vejo crime nenhum nisso.
 
Estava claro: Merquior havia se transformado num “bom”, entre outros motivos, porque morto. Enquanto Piza estava vivo, inveja e ressentimento se misturavam contra ele. Não que o seu trabalho, a exemplo do meu ou do de qualquer outro, estivesse acima de qualquer crítica. Isso não existe. Piza agora virou santo. Porque o amam? Não! Para que possam continuar a secretar seu ódio contra os vivos.
 
Conheci Piza. Ele foi colaborador das revistas República e BRAVO!, das quais fui redator-chefe, no fim dos anos 90. Tínhamos uma relação cordial, mas não de amizade. Nas vezes em que conversamos, convergências e divergências se equilibravam em quantidades idênticas. E o mesmo vale para este outro grupo de jornalistas.
 
Uma das características disso a que chamam “jornalismo da direita” — uma redução estúpida — é não formamos uma quadrilha de pensamento. Quem compareceu a um debate com a comunidade judaica, em São Paulo, no passado, viu Diogo e eu divergirmos vivamente sobre a Primavera Árabe, por exemplo. Já discordei de Coutinho por escrito. Nenhum de nós entende a voz dissonante como ameaça.
 
Com os fascistas de esquerda, as coisas não são assim. Essa gente até poderia nos dar uma colher de chá algum dia. Mas, antes, exige que façamos companhia a Merquior e Piza. O que pensamos — e pensamos coisas tão diferentes! — incomoda menos do que o fato de estarmos vivos.
 
10 de fevereiro de 2013
Por Reinaldo Azevedo

ESTA IMAGEM DECADENTE CIRCULA NO FACEBOOK

 

O Ministro da Defesa Celso Amorin, compareceu em evento das FFAA sem terno e sem gravata. É a primeira vez que, vemos a imagem decadente de um Ministro que afronta o Brasil decente. Não há nenhum respeito pela liturgia do cargo. Só podia ser um petista da gema!!
 

LULA FOI MUITO APLAUDIDO QUANDO FEZ ESTA REFLEXÃO

 
 
 
 
 
 
                         E SE A TERRA FOSSE QUADRADA?

Reinaldo Azevedo imitando Lula


ALEGORIA DILMESCA

 

 Um Ministério para selar a cooptação do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab, um a mais para o PMDB, e outro de volta para o PR. O mesmo PR, sufocado por denúncias de corrupção, que a presidente Dilma Rousseff, fantasiada de faxineira, espanou do Ministério dos Transportes.

E isso é só um pedaço do enredo que se verá na Esplanada depois de o Carnaval passar.

Dilma preferiu desfrutar os dias de folia na Base Naval de Aratu, Bahia, longe da maior festa popular do País. Talvez precise reunir energia e fôlego para a folia oficial que pretende patrocinar. Vai fazer mudanças em seu governo. Poucas, garante. Só as necessárias. De novo para atender às conveniências dela e não às do País.

Atende, na verdade, ao bamba Lula. De uma só tacada se busca jogar confetes sobre alguns resistentes da base desconfiada, por vezes arisca, e inibir a evolução cada vez mais consistente do governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), candidatíssimo à vaga de Dilma em 2014.

Como é preciso barrá-lo no baile, a lógica é financiar a farra do PT e de seu bloco com dinheiro do contribuinte.

A gigantesca base de mais de 460 deputados e senadores em um Congresso com 594 parlamentares só funciona – quando funciona – no modelo franciscano do toma-lá-dá-cá. Isso envolve cargos em diferentes escalões no governo e em empresas públicas, que parecem infinitos diante da insaciável gula dessa turma.

Para satisfazê-los, o governo não para de engordar. Em dezembro, mais 150 cargos de confiança somaram-se aos indecentes 23.493 existentes. Os 27 ministérios da era FHC pularam para 37 no período Lula e para 39 com Dilma.


 E ela já pediu ao novo presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) que acelere a votação da criação da pasta da Micro e Pequena Empresa, mimo reservado para o PSD de Kassab.

Gabriel Chalita, ex-PSDB, ex-PSB, candidato peemedebista derrotado na eleição para prefeito de São Paulo, terá o seu quinhão na cota do vice Michel Temer.

E antes de embarcar para seus dias de reclusão, a presidente garantiu espaços também para o ressentido PR e a ampliação da gleba do PDT.

As estatais são cobiçadíssimas. Não por outro motivo, nos governos Lula e Dilma foram criadas nada menos que 25 novas empresas públicas, devidamente loteadas entre o PT e aliados. A maioria das novatas, conforme o jornal Folha de S. Paulo, está nas mãos do PT.

Mas tem para todo mundo: PDT, PTB, PMDB, PSB. A Hemobrás, por exemplo, abriga dois filhos de Miguel Arraes, avô de Campos.

Esse esquartejamento sangra o País. Mas dane-se. O que importa é garantir o reinado por muitos carnavais.

10 de fevereiro de 2013
Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília.

UMA CARTA DE SARNEY

 

O ex-presidente José Sarney me enviou carta com dois anexos. Num deles, uma correspondência de Juscelino a ele; no outro, uma defesa que fez do jornal “O Estado de S.Paulo”, em 1973. Negou ser autor dos atos secretos do Senado. “Jogaram no meu colo os atos secretos.” Enviou estatística: 196 dos atos são de Renan Calheiros, e só 16, dele, Sarney. Quis responder à crítica ao seu apoio à ditadura. Missão difícil.

Para situar o leitor, a carta é uma reação à coluna em que comento a triste legislatura que começa agora e me refiro ao discurso de despedida do senador José Sarney em dois pontos: sua afirmação de que é pioneiro em transparência, apesar do escândalo dos atos secretos, e de que jamais feriu ninguém, nem com um espinho, apesar de ter apoiado um regime que usou mais que espinhos para ferir adversários.

Muitos que apoiaram o golpe de 1964 mudaram de ideia diante do endurecimento do regime. Mas não Sarney. Ele esteve ao lado dos militares até junho de 1984. Faltou-lhes apenas nos últimos nove meses.

É difícil negar fatos tão consistentes no tempo. Sarney foi da Arena enquanto ela existiu e presidiu o partido que a sucedeu. Quando se afastou, no ocaso do regime, não foi por discordar dos seus princípios. Foram as circunstâncias da disputa presidencial da época.

Ele exibe como prova de que era um defensor da liberdade de imprensa um pronunciamento feito em 1973 de repulsa a um ataque que o “Estadão” recebeu do então governador paulista. “Chegaram os tempos em que a liberdade de imprensa passou a ser fundamental para a democracia, de tal modo que hoje ela não é mais uma aspiração liberal; é um direito do homem como o é a saúde.”

Belas palavras. Pena que não tenha defendido o mesmo “O Estado de S. Paulo” da sistemática censura prévia que sofreu por anos.

Ou mesmo, em tempos mais presentes, da censura judicial que hoje o jornal sofre para não publicar informações que se referem à pessoa da família do senador. Um discurso de 1973 não há de preencher tão vasto silêncio.

Sarney é figura ambivalente. Foi também o primeiro presidente civil pela fatalidade da morte de Tancredo Neves. A Aliança que fez com Tancredo não apaga seu passado de servilismo ao regime militar, mas ele demonstrou temperança em momento de delicada transição.

É homem que teve a chance, que raramente têm as pessoas públicas, de mudar a própria biografia. Mas a desperdiçou, em parte, ao permanecer tão colado ao poder, quanto ficou nos últimos anos, com tantos e tão controversos atos.

Sobre os atos secretos, Sarney diz: “Jogaram no meu colo os atos chamados secretos. Pois bem eles foram apropriação estelionatária, pois publicada como descoberta de um repórter, foi fruto da Fundação Getúlio Vargas, que, contratada por mim, constatou que alguns atos de administrações anteriores não tinham entrado na rede da Intranet do Senado.”

Segundo Sarney, o inquérito feito na época da denúncia encontrou 952 atos secretos: de Antônio Carlos Magalhães, 584; Garibaldi Alves, 204; Renan Calheiros, 196; Ramez Tebet, 34; Tião Viana, 16; José Sarney, 16; Edison Lobão, 2.

Na carta que enviou a Sarney, em 1972, o ex-presidente Juscelino Kubitschek elogia o então governador do Maranhão que, em 12 de dezembro de 1968 (véspera do AI-5), fez um discurso em homenagem ao ex-presidente cassado. E o chama de “jovem, inteligente, corajoso e digno”, além de dizer que leu de um fôlego o livro “Norte das águas”.

JK foi uma grande e delicada figura pública, é o que a carta do ex-presidente Juscelino ao então governador do Maranhão comprova.

10 de fevereiro de 2013
Miriam Leitão, O Globo

PÁTRIA E MORTE

 

Chris Kyle matou, sozinho, comprovadamente, mais de 160 iraquianos (pelas contas dos colegas foram 255). E morreu sem entender nada da guerra, em que acreditava ter triunfado

Nestes tempos de drones, como são chamados os aviões não tripulados capazes de matar à distância e anonimamente, sobra menos espaço para a glorificação individual de atiradores que se notabilizam pelo número de inimigos eliminados.

O texano Chris Kyle tem lugar garantido na história militar dos Estados Unidos. Como franco-atirador da tropa de elite Seal, da Marinha (a mesma que desentocou e executou Osama Bin-Laden dois anos atrás), ele serviu quatro turnos na guerra do Iraque.

Cumpriu como ninguém a missão para a qual fora treinado: garantir a proteção de seus companheiros na fase mais sangrenta dos combates. Matou, sozinho, comprovadamente, mais de 160 iraquianos (pelas contas dos colegas foram 255) e teve a cabeça colocada a prêmio de 20.000 dólares pelas milícias locais.

Ao retornar para casa, em 2009, trazia no peito dezesseis condecorações — entre elas 2 Purple Hearts, 2 Estrelas de Prata, 5 Estrelas de Bronze.

Kyle foi a resposta americana à atuação de um inimigo mítico conhecido como “Juba”, cuja ubiquidade e pontaria haviam se transformado em assombração para os soldados yankees em Bagdá. Vídeos de propaganda islâmica postados na internet mostravam “Juba” eliminando soldados americanos, um a um, noite ou dia, em grupo ou sozinhos.

Ninguém sabia quem era esse temido atirador islâmico que, além de matar, ainda narrava e filmava cada cena. Dependendo da fonte, seria um mercenário europeu ou um jihadista sírio. À época, a rede de notícias CNN chegou a submeter os vídeos a peritos, que concluíram não tratar-se de montagem.

Fosse quem fosse, “Juba”, portanto, existia, e, à falta de sua eliminação física, sua lenda, pelo menos, precisava ser contida.

Os estragos que um franco-atirador é capaz de causar na moral de tropas inimigas são conhecidos e povoam a narrativa patriótica de vários países. Na Finlândia, há mais de meio século o nome Simo Häyhä é pronunciado com orgulho de geração a geração.

Fazendeiro desconhecido quando a União Soviética invadiu seu país, em 1939, Häyhä, sozinho, eliminou uma unidade inteira de russos — mais precisamente 542, em menos de 100 dias. Entrou para a história com o apelido de “Morte Branca” por usar uma pelerine alvíssima que o camuflava na neve.

O americano Chris Kyle não alcançou os píncaros do finlandês matador, mas recebeu dos insurgentes o apelido de “Demônio” pelos estragos que provocou nas fileiras islâmicas na cidade de Ramadi.

A destreza com que manuseava seu fuzil municiado de cartuchos .300 Winchester Magnum lhe rendeu feitos memoráveis. Gaba-se de ter acertado um alvo a 1,9 km de distância, em 2008, antes de o insurgente disparar um lançador de foguete que visava a um comboio americano.

Tudo isso e muito mais Kyle conta em suas memórias, “Atirador americano: a autobriografia do atirador mais letal da história dos Estados Unidos”, publicadas um ano atrás. Elas são preocupantes no tom e no conteúdo.

“Não sou muito fã de política”, diz ele no livro, “gosto de guerra”. Seu mundo se divide entre “bons” e “maus”, sem nuances ou espaço para dúvidas. Os americanos são “do bem” pelo simples fato de serem americanos, enquanto os muçulmanos são “do mal” por quererem matar os americanos.

“Odeio esses selvagens”, acrescenta, referindo-se aos iraquianos. Ao testemunhar perante uma comissão militar de inquérito, acusado da morte de civis, esclareceu: “Não atiro em quem tem um Corão na mão, mas bem que gostaria.”

Uma semana atrás, na tarde de um sábado ensolarado em Stephenville, Texas, Kyle foi morto a tiros pelo fuzileiro naval Eddie Rough, de 25 anos. Rough voltara da guerra com claros sinais de estresse pós-traumático e havia sido colocado sob vigilância por ter ameaçado explodir a cabeça do pai.

Procurando ajudar o filho, a mãe de Rough buscou apoio na fundação Fitco Cares, montada por Chris Kyle ao retornar do Iraque e que proporciona assistência a veteranos com distúrbios decorrentes da guerra.

O atirador nº 1 da América morreu aos 38 anos, alvejado num campo de treinamento de tiro do Texas. Não foi abatido por “Juba” nem por nenhum dos “iraquianos selvagens” que combateu. Foi derrubado em solo pátrio por um americano.

Em entrevista concedida por ocasião do lançamento de seu livro declarara não sentir arrependimento por nenhuma das mortes de sua folha corrida. Assegurou também não sentir qualquer desajuste decorrente da brutalidade de tantos anos de combate. “Nenhum dos problemas que tenho deriva das pessoas que matei”, garantiu.

Chris Kyle morreu sem entender nada da guerra em que acredita ter triunfado.

10 de fevereiro de 2013
Dorrit Harazim é jornalista
O Globo

DEMOCRACIA: UMA SOBE, OUTRA DESCE

 

A democracia representativa desce, a democracia direta sobe. A observação pode servir para emoldurar a agitação social nos mais diferentes espaços do mundo: os protestos contra o sistema financeiro, em plena Wall Street, em Nova Iorque; contra o governo grego nas ruas de Atenas ou contra o presidente do Egito, na praça Tahrir, no centro do Cairo.
Entre nós, explica o descrédito da sociedade na instituição política. A bateria crítica que se detonou, nos últimos meses, contra figurantes políticos, dentre os quais os envolvidos na Ação Penal 470, coroando com denúncias atingindo os novos presidentes do Senado e da Câmara, fere também a imagem do Congresso Nacional.

Afinal, as pessoas acabam associando as partes ao todo. O fato é que o conceito da representação política está no fundo do poço. Nunca se viu massa tão densa de críticas, expandidas por mídia de grande audiência e com repercussão nas redes sociais eletrônicas.

A par de situações envolvendo atores políticos, parcela da polêmica se volta para as prerrogativas dos três Poderes da República, eis que entram no foro de discussão questões como a perda de mandato parlamentar (quem tem a última palavra, Legislativo ou Judiciário?) e a restrição às famigeradas Medidas Provisórias (Executivo admite perder poder?).

A baixa avaliação da democracia representativa, aqui e alhures, tem fundamento histórico.
A crise que a corrói se adensa desde a queda do muro de Berlim, no final de 1989. A derrubada daquela muralha, construída em 1961 no auge da Guerra Fria para separar a Alemanha Oriental da Alemanha Ocidental e dividir um povo irmão, arrebentou fronteiras ideológicas, amalgamou doutrinas, aproximou fronteiras, globalizou economias, mimetizou costumes.

Hoje, em todos os quadrantes do planeta, o que se vê no tabuleiro do poder é um jogo político embaciado em função da pasteurização de partidos, declínio das oposições, enfraquecimento dos Parlamentos, desânimo de participantes e aderentes, espetacularização do Estado, ascensão das burocracias no seio de governos e relações frequentemente obscuras com os círculos de negócios.

Nesse cenário, a política refunde-se e se redistribui pela cadeia de entidades que promovem a intermediação social, como associações, sindicatos, federações, grupos de defesa de categorias profissionais.

Esses novos circuitos de representação acabam minando os polos tradicionais da política – partidos, Parlamento, ideologias – e criando bolsões corporativistas por todos os lados.

Ao arrefecimento da política tradicional soma-se a decepção com a democracia, por não ter cumprido as promessas feitas, como lembra Bobbio em seu clássico O Futuro da Democracia: o acesso de todos à justiça, o combate ao poder invisível e a segurança coletiva, a educação para a cidadania, a igualdade de oportunidades.

Explica-se, assim, o vácuo criado entre a esfera política e o universo social. O espaço vazio é preenchido por organizações não governamentais, que se multiplicam, ora para representar setores, categorias e gêneros, ora para mobilizar as massas e energizar as ruas.

Frustrações sociais acumuladas, a perda de bens materiais, a ameaça de desemprego e o pânico que se forma no bojo da deterioração das economias mundiais deflagram os mecanismos de uma nova disposição: a agitação, o desenvolvimento do espírito de corpo, a busca de referências e bandeiras, o personalismo na política e as ações táticas, como ocupações de espaços, prédios, praças e ruas.

Essa é a engrenagem que explica a tomada de Wall Street, as ruas de Atenas e os movimentos que culminaram na Primavera Árabe.

Voltemos ao Brasil. O nosso federalismo, inspirado no norte-americano, é farto de incongruências. Parte das competências do governo central foi distribuída aos Estados-membros.
O pacto federativo é sinônimo de desigualdade. Municípios vivem em estado vegetativo. E Estados esmolam de pires na mão junto ao governo federal, engalfinhando-se na guerra fiscal.

Repactuar a Federação: eis o primeiro desafio da representação política. Meta plausível? Difícil.
O dono da flauta é a União, que apita todas as gaitas, particularmente as de caráter pecuniário.
Além disso, a balança dos Poderes pende para o Executivo, em dessintonia com a modelagem do barão de Montesquieu, que criou a estrutura de pesos e contrapesos.

Veja-se o Orçamento de 2013, a ser votado dia 19 próximo. Recursos destinados por emendas parlamentares aos municípios, como se sabe, só são liberados com o aval da presidente.

Por que o Parlamento não substitui o Orçamento Autorizativo pelo Impositivo e, assim, dispensando a chancela presidencial? Porque o nosso presidencialismo tem caráter imperial. São razões que explicam o Poder Legislativo como refém do Poder Executivo.

Não por acaso, a representação parlamentar é a que detém a pior imagem na esfera da política. Ora, a falta de autonomia para garantir o pleno exercício de suas funções está por trás da má avaliação.

Criticam-se os atores políticos por desvios, atos de corrupção e atitudes imorais. De que adianta condenar figurantes se as práticas políticas não são mudadas?

Os 513 deputados federais e 81 senadores desenvolvem uma ação sob o mesmo ordenamento, a saber: regras eleitorais obsoletas; sistema de voto ultrapassado; coligações proporcionais que geram injustiças; pedidos de liberação de verbas para as bases; facilidade para criação de partidos; a figura do senador suplente sem voto; doações de recursos privados para campanhas eleitorais; e excesso de Medidas Provisórias.

Essa é a matéria prima sobre a qual deveria se debruçar a representação política. Sem reforma política, a radiografia congressual continuará borrada.

E o Brasil, a cada nova legislatura, que sempre se abre às vésperas da folia de Momo, estará desfilando os motivos que o caracterizam como “o país do Eterno Retorno”. Sob as barbas do profeta Zaratustra.

10 de fevereiro de 2013
Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação

O SHOW NÃO DEVE CONTINUAR

 

O show a que me refiro é esse, diariamente apresentado ao público pela trupe política que, há mais de uma década, atua no grande palco, coxias e camarins de Brasília.

A estas alturas o povo já descobriu que o PT oposicionista, vestido de lírios, com cheiro de madressilvas, era encenação.
Apresentava-se como um partido formado por almas imaculadas, concebidas sem pecado, incapazes da mais tênue má intenção.

Fiquemos, neste texto, com o PT do governo, o que subiu a rampa do Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2002. Seus roteiristas e atores sabiam que o período precedente serviu apenas para marketing da companhia. O povo só descobriu isso depois.

Nunca fui fã de FHC. Sempre me pareceu que ele, entre outros defeitos, se preocupava demais com o que o PT dizia. Sempre achei que ele deveria fazer como Lula, que não leva o PT a sério.
No entanto, a despeito das duríssimas campanhas movidas pela encenação lulopetista, os governos Itamar e Fernando Henrique implantaram e deram continuidade a importantes políticas.

A saber:

a) o Plano Real, que a trupe chamava de estelionato eleitoral;
b) a Lei de Responsabilidade Fiscal, que chamava de arrocho imposto pelo FMI;
c) a abertura da economia brasileira, que chamava de globalização neoliberal;
d) o fim do protecionismo à indústria nacional, que chamava de sucateamento do nosso parque produtivo;
e) as privatizações, que chamava de venda do nosso patrimônio;
f) o cumprimento das obrigações com os credores internacionais, que chamava de pagar a dívida com sangue do povo;
g) a geração de superávit fiscal, que chamava de guardar dinheiro para dar ao FMI;
h) o Proer, que chamava de dar dinheiro do povo para banqueiro.

ESTABILIDADE

Aquelas medidas, entre outras, forneceram a estabilidade, a credibilidade e o lastro fiscal para que o petismo, assumindo o poder em tempo de bonança internacional, apresentasse como obra sua o espetáculo do crescimento e distribuísse à plateia, entre outros, os dois grandes pacotes de bondades que garantiram a eleição de Dilma: bolsa família para os pobres e bolsa Louis Vuitton para os ricos.
Esses são os fatos, esse o script produzido com a caligrafia da História.

No show, na versão apresentada ao público, Lula e sua trupe fizeram a economia brasileira colher aplausos internacionais, decolando como o 14 bis para o voo ao redor da Torre Eiffel.
Ah, a mágica dos palcos! Ah, o lufa-lufa das coxias! Poucos se lembraram de perguntar como a economia passou a crescer sem que se alterasse, em nada, a política econômica que o PT condenava em seus antecessores. Sem mudar uma vírgula, sem ter que pensar nem que usar a caneta?

E agora? Agora, o cenário internacional piorou. A poupança foi dilapidada e as luzes vermelhas estão acessas nos paineis de todos os economistas. A sirene de alarme soa no teatro.
Além do desastre continuado em Saúde, Educação, Segurança Pública e Infraestrutura, o Brasil já apresenta problemas seriíssimos em dez áreas fundamentais para o bom funcionamento das atividades produtivas.

Há um problema cambial (com o dólar baixo é mais barato importar do que produzir, mas se o dólar subir a inflação aumentará); as exportações diminuem e a indústria passou a decrescer (-2,7% em 2012).
Há um problema fiscal (o governo necessitou de escabrosos artifícios contábeis para encenar um pequeno superávit nas contas de 2012).
Há um problema na taxa de investimento da economia (um pouco abaixo dos 18%), muito inferior aos 24% sem os quais o 14-bis levanta voo aqui mas tem que pousar logo ali.

MAQUILAGEM DO PIB

Há o problema do PIB, que também precisou passar no camarim e receber maquilagem para chegar a ínfimo 1%.
Há o problema da dívida pública, que se aproxima dos dois trilhões de reais.
Há o problema da inflação, cuja expansão em 2012 foi confessada à plateia como sendo de 5,84% (um número assustador, principalmente se considerarmos que o índice do primeiro mês deste ano chegou a 0,88%.
Há o problema da balança comercial, que apresentou, no ano passado, o pior desempenho em 10 anos.
Há o problema da infraestrutura insuficiente.

E há, sobretudo, o despreparo dos recursos humanos para atuar nos setores dinâmicos da economia, que os empresários têm considerado como o mais alarmante problema que o país enfrentará nos próximos anos.

Foi muito fácil aos governos petistas colher aplausos enquanto gastavam o patrimônio acumulado. Mantiveram-se na ribalta como salvadores da pátria. Fizeram passar por gênios, canastrões como Palocci e Mantega.

A exemplo de todos os brasileiros, torço para que o petismo encontre algum farelo de competência em si mesmo e tire o país do fosso para onde o conduz há uma década.
Em outras palavras, que pare de fazer teatro e assuma um papel respeitável na história. Este país, senhores, tem 200 milhões de habitantes que não podem ser tomados como plateia de embromadores.

10 de fevereiro de 2013
Percival Puggina

A CRISE MUNDIAL E A APROPRIAÇÃO DE RIQUEZAS PELOS MAIS PODEROSOS


A crise econômica mundial vem demonstrando os métodos, a cada dia menos dissimulados, de apropriação de riquezas por parte dos mais poderosos, sejam eles pessoas, grupos ou países, e os caso s exemplares não estão tão longe quanto imaginamos, nas ‘longínquas’ guerras promovidas pela OTAN no Iraque, Irã, Afeganistão, Líbia,Síria, Mali… Estão bem debaixo do nosso nariz. Mais cedo ou mais tarde nos atingirão.

Entretanto, ao que parece, depois de se desgastar demasiadamente no Oriente Médio, os EUA parecem inclinados a evitar novas guerras sem fim. Cada vez mais fazem uso de seus serviços secretos e suas Forças Especiais e de seus aliados para conseguir seus objetivos, deixando as forças militares para última opção.

No nosso caso particular, sabemos que o nosso País, como um todo, é inconquistável e que transformaríamos uma invasão em uma "guerra sem fim", exceto em áreas fora de nosso alcance militar como algumas das reservas indígenas das serras do maciço Guianense e do pré-sal. É sobre estas hipóteses de guerra que deveriam se debruçar os nossos Estados Maiores. Quanto as ações dos serviços de inteligência estrangeiros, comprando as ONGs e os políticos, só podemos ter esperança se a presidente Dilma conseguir se livrar da influência corporativa do Lula.

CÉLULA FAMILIAR
A crise das sociedades ocidentais vem terminando com a sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, a s famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem filhos, ameaçando até de extinção da população original.

Antes da extinção, o envelhecimento geral torna impossível a previdência e a assistência social, rompendo os laços de projetos comuns, dificultando a criação de estratégias e atuação conjunta, isso sem considerar o problema das drogas.

Na História, a dissolução dos costumes esteve na base da destruição de todas as grandes nações. Enquanto isto, as prolíficas populações islâmicas vão ocupando o espaço e impondo suas leis e sua religião. Até por simples pressão demográfica substituirão a gente do Ocidente, se algo não for feito. Quanto ao nosso País, já se acendem as lâmpadas de alerta, com o agravante de termos um imenso território ainda a ocupar.

10 de fevereiro de 2013
Gelio Fregapani

POR QUE NÃO ESTAMOS AGINDO EM DEFESA E PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO MORAL E ÉTICO DO BRASIL?


Podemos tomar algumas medidas, sim, contra esta forma inescrupulosa de os políticos agirem contrários à moral e à ética.
Não digo "contra nós" porque isso é de praxe.
Caso contrário, há muito tempo esses inúteis estariam trabalhando para nos aliviar a carga de impostos, para que a Educação fosse contemplada com maiores atenções, que a Saúde Pública fosse levada em conta com a responsabilidade devida e a Segurança como fundamental à ordem e direitos de ir e vir sem as ameaças que corremos ao sair às ruas ou frequentar qualquer ambiente fechado (lembro a catástrofe de Santa Maria!)

Então, o primeiro passo, a meu ver, seria o protesto. Organizado, em passeatas com direção ao Congresso para quem reside em Brasília ou em frente às Assembleias estaduais, exigindo mudanças no comportamento dos senadores, por exemplo, de modo que eles constatassem a nossa insatisfação e indignação, ou seja, que nos mostrássemos efetivamente descontentes e decepcionados com o escárnio que foi a eleição do Renan.

A segunda medida seria esta que estamos fazendo diariamente neste espaço democrático. Pelo menos, escrever criticando esta postura infamante e degradante do Senado, composto por vendilhões da Pátria, aproveitadores, perdulários e absolutamente dispensáveis no contexto de nosso desenvolvimento e progresso como Nação;

A terceira: NÃO REELEGER os mesmos crápulas que ora são alvos de nossa revolta!

E a última é conclamar a claque petista, seus sectários tão costumeiramente presentes nas redes sociais em defesa e proteção dos canalhas condenados pelo Supremo porque envolvidos no mensalão, para que ajam em conformidade à decência, à honra de um País abalado pela corrupção, pela orgia que os parlamentares fazem do nosso dinheiro e deboche com referência ao respeito que deveriam ter para conosco, às Instituições, ao Brasil!

Ou, então, vejo que a divisão do País e dos brasileiros, que venho propalando em vários comentários como objetivo petista, está chancelada, caso este pessoal dê mais importância a ladrões e escroques profissionais que à própria Pátria brasileira!

A pergunta que precisa ser respondia deve ser: por que não estamos agindo em defesa e proteção ao patrimônio moral e ético do Brasil?

10 de fevereiro de 2013
Francisco Bendl

ESPANHA PARECE QUERER QUE O BRASIL PRESTE VASSALAGEM AO SEU REI EM MOEDAS COMEMORATIVAS DA COPA 2014

 

A insistência da Espanha de associar sua imagem à do Brasil em condições neocoloniais não tem limites.

Quebrado, com cerca de 30 bilhões de euros em reservas internacionais, contra quase 400 bilhões de dólares das nossas, e uma dívida total e per capita astronômica, o Reino da Espanha anunciou que está cunhando 14.000 moedas de ouro e de prata de cem e de dez euros, com a menção à Copa do Mundo do Brasil e à conquista da Copa da África do Sul pela Espanha.



Nas moedas de ouro e prata, onde se lê “2012 – Rei Juan Carlos I de España – Copa del Mundo de la Fifa – Brasil 2014″ de um lado aparecem, na moeda de prata, o mapa do Brasil e os territórios da África do Sul e da Espanha, assinalado por uma enorme bandeira espanhola, e uma ligação entre a África do Sul e o Brasil, sugerindo a transferência das sedes (e a transposição da vitória da Espanha) de 2010 para 2014, e, na de ouro, o mapa e uma bandeira estilizada do Brasil,tendo, a duas, na outra face, a efígie do Rei Juan Carlos da Espanha.
 
Como perguntar não ofende, cabe que as autoridades brasileiras responsáveis pela Copa do Mundo, começando pelo Ministério dos Esportes, esclareçam quem deu licença de colocar símbolos de nossa bandeira e a menção à Copa do Mundo do Brasil, 2014, em uma moeda que carrega o perfil do Rei Juan Carlos, cunhada pela “Real Casa da Moeda da Espanha”.
 
HOMENAGEM???
 
Se o caso é de uma homenagem, ou associação, meramente esportiva, entre uma coisa e outra, cabe colocar nessa moeda apenas a marca da FIFA, e a menção ás Copas de 2010 e 2014.

Se a intenção, que está clara, é comemorar a vitória espanhola na Copa da áfrica do Sul, que a Espanha se limite a abordar, em suas moedas, a Copa de 2010.

Se entrar a cara do Rei, como a dos antigos césares que afirmavam a sua autoridade sobre os territórios que controlavam com a circulação de moedas com a sua efígie, a questão torna-se política, e é preciso saber se esse absurdo é fruto da irresponsabilidade de alguém que autorizou a cunhagem dessa moeda, no Brasil, ou arrogante provocação, no caso da decisão ter se originado na Espanha, sem autorização brasileira.

País escolhido para a realização do evento é prerrogativa do Brasil ou, quando muito, da FIFA, cunhar moedas relativas à Copa do Mundo de 2014.

Não somos vassalos do Rei Juan Carlos e a memória de “nossa” Copa não pode estar associada (e eternizada em ouro e prata) a uma monarquia ridícula, envolvida com nepotismo, corrupção, e, em pleno século XXI, com a caça de elefantes.

10 de fevereiro de 2013
Mauro Santayana

JOAQUIM BARBOSA, PRESIDENTE DO SUPREMO, É O GRANDE HOMENAGEADO NO CARNAVAL DESTE ANO

 



O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, é o líder, disparado, na preferência por máscaras fabricadas para o carnaval deste ano por uma tradicional fábrica localizada em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Fundada em 1958 pelo artista plástico e professor de escultura da Universidade de Barcelona, Armando Valles, a Condal produz em média 300 mil máscaras e 300 mil fantasias por ano.

Segundo informou à Agência Brasil a viúva de Valles, Olga Gibert Huch, que comanda a empresa, foram produzidas 25 mil máscaras de Joaquim Barbosa. O número só é inferior ao de máscaras do terrorista Osama Bin Laden, com mais de 40 mil unidades confeccionadas de setembro de 2001, quando ocorreu o atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, Estados Unidos, até o carnaval do ano seguinte.

Neste ano, além de Joaquim Barbosa, há pedidos de máscaras da presidenta Dilma (5 mil unidades) para todo o Brasil. O ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, também motivou um número significativo de pedidos. Olga destacou que a procura costuma aumentar quando é ano de eleição ou quando ocorre algo especial. Foi o caso do atentado terrorista nos Estados Unidos, em setembro de 2001.

Ela observou que no Brasil as máscaras são usadas “mais como elogio do que como protesto”. De modo geral, “dos políticos queridos”, a fábrica faz entre 5 mil e 7 mil unidades. Segundo Olga, mesmo as máscaras de parlamentares não muito conhecidos da população têm saída. A disputa pela presidência do Senado motivou pedidos de máscaras do senador Renan Calheiros, mas não houve tempo para atender aos pedidos. Olga explicou que só a criação de um protótipo de máscara demora cerca de uma semana. “Está muito em cima [do carnaval]”.

No primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, a fábrica vendeu entre 20 mil e 25 mil máscaras dele, no carnaval de 2003. Depois da eleição da presidenta Dilma Rousseff, foram vendidas 28 mil máscaras, metade dela, metade do humorista Tiririca, o atual deputado Francisco Everardo Oliveira Silva, que recebeu 1,3 milhão de votos na eleição de 2010.

Outro político que concentrou grande quantidade de pedidos de máscaras foi o ex-presidente nacional do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson, que em 2005 denunciou a prática de compra de votos na Câmara, que ficou conhecida como mensalão.

10 de fevereiro de 2013
Alana Gandra (Agência Brasil)

ANTONIO CALLADO, DA PETROBRAS, RESPONDE ÀS ACUSAÇÕES QUE O JORNALISTA CELSO MING FEZ À EMPRESA


Prezado Jornalista Hélio Fernandes,

Celso Ming publicou, vomitou, uma série de bobagens na coluna dele no jornal Estado de São Paulo, não sei se você as conhece, referem-se à Petrobras.
Como empregado dessa Empresa, Maiúscula mesmo, me senti na obrigação de responder, certamente o Estadão não publicará.
Se achar oportuno publicar e esmiuçar o artigo e minha contribuição, o Brasil e este cidadão agradecem.

Antonio Callado

*** *** ***

A PETROBRAS E O "DESASTRE DE 2012″

Celso Ming 
(O Estado de S.Paulo)

Depois que a própria direção reconheceu o desastre de 2012 e previu que resultados ainda piores podem vir em 2013, é preciso entender que a Petrobrás não está dando conta das tarefas de que foi investida.

É areia demais para seu caminhão. Não consegue cumprir todas as metas impostas pelo governo. Não se mostra capaz de, ao mesmo tempo, aumentar a produção, ajudar no combate à inflação, fazer caixa para o enorme programa de investimentos, servir de alavanca para a indústria nacional de fornecimentos e, ainda, contribuir decisivamente para as contas públicas de Estados e municípios, com polpudos pagamentos de royalties.

Essa múltipla trombada entre objetivos de política econômica é recorrente no governo Dilma – que também quer derrubar os juros a níveis recordes, puxar o câmbio para dar competitividade à indústria, emplacar um "pibão grandão" a cada ano, manter a inflação mais ou menos controlada, investir centenas de bilhões de dólares por ano sem ter poupança para isso e continuar gastando à vontade para fazer uma política anticíclica e, além disso, tentar ostentar um mínimo de austeridade fiscal.

O resultado é a progressiva desarrumação da economia, provavelmente nas mesmas proporções em que estão sendo desarrumadas as finanças da Petrobrás. Pelo menos a presidente, Graça Foster é mais sincera sobre estragos na área dela do que tem sido o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre os estragos na área dele.

A política de congelamento de preços dos derivados de petróleo é da mesma qualidade que a política de congelamento de preços e salários imposta pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Mas não é só por isso que ela é condenável. É, também, por sabotar a capacidade de investimentos da Petrobrás. Ou o governo Dilma revê o Plano de Negócios da Petrobrás ou revoga esse regime de preços dos combustíveis.

Há seis anos não é realizada nova licitação de áreas para exploração de petróleo. O governo Dilma finalmente concordou em fazer mais duas: uma na área do pós-sal (acima da camada de sal), agendada para maio, e outra, no pré-sal, prevista para novembro.

O novo marco regulatório exige que, nas licitações do pré-sal, onde o regime de concessão será de partilha, a Petrobrás será obrigada a entrar em todos os projetos com participação de, ao menos, 30% em cada um. Entre as áreas a serem licitadas está o Campo de Franco, comprovadamente uma jazida gigantesca de óleo e gás. Significa que o prêmio a ser pago pelos vencedores da licitação dessa área pode chegar a dezenas de bilhões de dólares. Ou a Petrobrás será obrigada a concorrer com novos e enormes desembolsos ou a licitação será novamente adiada – até que a capacidade de investimentos da Petrobrás seja recomposta. Outra hipótese será a revogação da exigência dos 30%.

Não só os governos Dilma e Lula devem ser responsabilizados pelo desmanche da Petrobrás. Seus funcionários, sempre grandes parceiros no processo de engrandecimento da empresa, hoje se omitem. Mobilizam-se para greves com o objetivo de elevar sua participação nos lucros da empresa. Mas não se mostram empenhados em que a Petrobrás se restabeleça e volte a apresentar bons resultados.


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A PETROBRAS E "A REPÚBLICA SINDICALISTA"

Antonio Callado

Ilustre senhor, não é areia demais para a Petrobras dar conta de todas as responsabilidades que ela tem, muito pelo contrario, tem competência e tecnologia de sobra para dar conta desses e de muitos outros desafios. Os problemas da Petrobras são outros, talvez o senhor os conheça e poderia de fato ajudar se de boa fé os colocasse claramente ao invés de fazer considerações sem fundamentos.

A trombada entre objetivos e política de governo a qual o senhor se refere tem fundamento, toda vez que se utiliza uma empresa estatal para governar, é quase certo cometer erros maiores ou menores. Querer que a Petrobras alavanque a economia sequer é preciso, pois a atividade e os investimentos que estão por serem feitos falam por si. O que o senhor não menciona e deveria mencionar é o apagão tecnológico da educação técnica que o Brasil enfrenta, a mão de obra especializada inexistente e o parque tecnológico sem capacidade de atender o volume de demandas produzidas pela Petrobras.

O senhor também esquece que a iniciativa privada no Brasil não gosta e não corre riscos como em outros países, aqui a iniciativa privada quer investir com contrato de venda nas mãos. Risco de investimentos e aplicações em tecnologia de ponta, só se o governo financiar, ou seja, a grande maioria dos empresários continua trabalhando como se estivéssemos ainda em plena ditadura, quando os governos bancaram a nacionalização de equipamentos e a Petrobras e outras estatais pagaram o preço exorbitante que as indústrias "nacionais" cobravam para atenderem as demandas das estatais.

O senhor se refere à progressiva desarrumação da economia e da Petrobras, mas não tem a coragem de dizer por que isso acontece e em passado recente. Fale com todas as letras, ilustre jornalista, mostre os pecados deste e de outros governos que o antecederam. O que eles cometeram contra o Brasil. Não precisa ir muito longe, fale dos dois últimos, como conseguiram enganar uma Nação inteira. Um desnacionalizando o que nunca deveria ter sido privatizado, vendendo pelo preço aviltante as estatais, e o outro governo, que o substituiu, conseguiu enganar a todos tendo sido apoiado por segmentos econômicos que nunca ganharam tanto em tão pouco tempo.

O senhor menciona e compara a política de congelamento dos derivados de petróleo e principalmente da gasolina com a Argentina de Cristian Kirchhner, uma comparação sem nexo, não há como se comparar. Aqui a filosofia adotada era criar uma república sindicalista sem pé nem cabeça, manter artificialmente os preços e não permitir que a Petrobras repassasse a elevação dos custos de importação ao valor da gasolina e outros derivados.

Ao mesmo tempo colocaram em postos estratégicos sindicalistas incompetentes que não têm o preparo técnico para ocuparem os postos que por força políticas acabam ocupando. Essa ocupação sindicalista é um veneno para a gestão da Petrobras a curto, médio e longo prazo.

OS EMPREGADOS HONRAM A PETROBRAS

O ilustre jornalista deveria assuntar melhor este problema e ver que os empregados da Petrobras que sempre honraram e continuam honrando a camisa da Petrobras, não sabem mais a quem apelar. A presidente está fazendo a sua parte, precisa correr mais e botar para correr essa cambada de sindicalistas incompetentes que tomou de assalto a Petrobras, como fazer isso e continuar presidente é a equação que deve ser resolvida.

Quanto às novas licitações, para que fazer mais? Se até hoje as que foram realizadas apenas as que sabidamente a Petrobras conhecia tecnicamente muito bem e que estão começando a trabalhar, as demais sequer se provaram seu potencial produtivo e a economicidade.

Diferente do que o senhor coloca no inicio do artigo, o problema é muito maior do que o senhor pensa, entre descobrir, perfurar, provar capacidade produtiva e tornar um poço produtivo são necessários anos contínuos de trabalho, conhecimento, investimento e tecnologia e é exatamente aí que as concorrentes da Petrobras ficam no meio do caminho, quem tem a tecnologia para fazer tudo isso é a Petrobras.

Não adianta chorar e espernear ou a Petrobras faz ou quem quiser fazer vai ter que fazer junto com a Petrobras, ou será que o senhor deseja que a tecnologia que a Petrobras consolidou ao longo da vida da empresa seja repassada gratuitamente, assim como foram tomados os poços que a Petrobras já havia descoberto e feito todo o trabalho de identificação de potencial produtivo?

Não me espantaria que o senhor advogasse também essa possibilidade, afinal o que as grandes companhias de Petróleo interessadas no Petróleo brasileiro desejam é exatamente isso, receberem tudo de graça e ainda passarem recibo de terem resolvido os problemas que a Petrobras não consegue resolver, não é mesmo?

Quanto ao marco regulatório que faz a Petrobras entrar em todos os projetos é para garantir que a tecnologia desenvolvida pela Petrobras possa ser compartilhada e ajudar esse bando de empresas que não possui e nem investiu um tostão nessa tecnologia possa imediatamente lançar mão sem ter gasto um único centavo. O lobby feito para que assim ficasse, o senhor sabe muito bem quanto custou, quem ganhou e vai ganhar com isso.

Por fim o senhor deseja que o governo atual e o passado, e os funcionários da Petrobras, sejam responsabilizados pelos desmandos que têm ocorrido. O ilustre jornalista esqueceu-se dos governos anteriores por quê? Qual foi ou quais formam os governos que deixaram a Petrobras mais de quinze anos sem efetuar um único concurso público para repor a mão de obra necessária e admitir novos profissionais para fazer frente a todos os desafios que ela superou?

TERCEIRIZANDO E FAZENDO A FESTA

Segundo seu entendimento, de que forma uma empresa passa a produzir em dobro e ao mesmo tempo reduzir a metade o seu contingente de empregados próprios? Lógico, como queriam os governos de então e os amigos da riqueza do Estado, terceirizando e fazendo a festa de um poucos empresários que da noite para o dia abriram empresas e passaram a fornecer mão de obra para a Petrobras, e como resultados dessa festança ficaram ricos intermediando o que não precisa de intermediação.

Quanto a última observação, o senhor confirma estar de fato equivocado a respeito dos empregados da Petrobras, estivemos, estamos e estaremos sempre empenhados em fazer a Petrobras cada vez maior e produzindo cada vez mais, para o bem do Brasil e de todos que de alguma forma tem interesses na Petrobrás.

Aproveito o ensejo para pedir que senhor se informe melhor sobre os empregados, salários e as condições de trabalho na qual desenvolvem suas atividades, particularmente quando clamam para que melhores condições de trabalho e ocorrem acidentes de graves consequências.

10 de fevereiro de 2013