"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 6 de março de 2012

A PUBLICAÇÃO DO VÍDEO PELOS MILITARES

Depois de Dilma ter mandado retirar de circulação o Manifesto dos Clubes Militares, militares publicam o vídeo abaixo.

MULTICULTURALISMO POLITICAMENTE CORRETO INVADE REINO DOS CATÓLICOS CAUSANDO POLÊMICA. PADRE REZA MISSA DANÇANDO EM TRAJES INDIANOS.



Quando a gente acha que já viu muita coisa ao longo da vida, vendo este vídeo acima retificará imediatamente aquilo que passa pelo seu cérebro e se lembrará do velho e surrado adágio: "morro e não vejo tudo".

Está causando a maior estupefação e furor entre os católicos num novo estilo de missa rezada por um padre de origem indiana. Usando indumentária vinculada provavelmente às crenças indus, esse padre faz uma dança no altar como vocês poderão constatar no vídeo acima, como parte da missa. Como sabem todos que me lêem, não sou religioso.

Sou ateu. Todavia nós, os verdadeiros ateus, respeitamos as pessoas que têm a sua fé. Só não toleramos seitas fanáticas, como o islamismo e outras crenças primitivas baseadas em magia e que tais.
Ao contrário do que apregoam, nós ateus verdadeiros talvez possamos ser mais humanistas do que muitos imaginam. Primeiro porque jamais iremos discutir questões de fé ou perseguir e fazer pouco dos religiosos cristãos e judaicos.

Dito isto dou a minha opinião sobre essa tal missa do padre indiano e sua exótica fantasia.
Considero que se verifica a introdução do multiculturalismo politicamente correto dentro da Igreja Católica.
Não sou religioso, mas não sou estúpido. Reconheço, como afirmo sempre, o impacto do cristianismo e do judaísmo na formação da civilização ocidental que não me canso de defender arduamente aqui no blog.

Causa espécie a tolerância da aplicação desse conceito politicamente correto de "diversidade" para quebrar a milenar liturgia católica. Há, de forma intrínseca, um conteúdo político ideológico imbricado nessa manifestação em templos católicos.

A notícia sobre isto está num blog religioso católico intitulado Fratres in Unum.com e nos comentários que lá estão postados nota-se a revolta de muitos católicos.
Ilustrado com duas fotos do padre indiano dançando e vestido a caráter, há um texto com as seguintes explicação para esta prática que estaria sendo usada nas missas.
Qualquer dia desses poderá se ver ao lado da imagem de Jesus Cristo nas igrejas a de Buda ou de Sheva. Leiam:

PS - Nada a dizer.... Apenas, achei divertido o padre soltar a franga.

MOVCC
Aloizio Amorim

EVO MORALES E O COGUMELO FATAL


Fontes chegadas ao Cacique Evo Morales não desmentiram a versão de que o mesmo teria sido afetado por cogumelos alucinógenos produzidos em laboratórios secretos de conhecida empresa petrolífera a pedido da oposição.
Segundo um porta-voz da oposição oculta, o Anão de Jardim Asmodeu:

“Sentimos ter de desmentir isto. Teria sido uma boa idéia, confesso que faltou-nos criatividade.
Mas a oposição pode confiar que continuaremos procurando maneira insólitas de encher o saco do “auto-denominado” cacique.

Uma de nossas facções alega que está treinando condores para atacá-lo. Outra diz que coloca uma mistura de hormônios extraídos da Dilma Roussef e da Cristina Kirchner no seu chá de coca de cada dia.”

Apesar das declarações do Anão de Jardim, Asmodeu, persiste a suspeita de que Evo Morales não existe. Seria uma ilusão ótica e auditiva coletiva criada por um mago jamaicano a serviço de Marco Aurélio Garcia e Samuel Pinheiro.

De qualquer forma desejamos a Evo Morales uma rápida passagem pelo hospital e um despertar mais rápido ainda no doce embala do colo do capeta. Saiba mais

PS - Para escapar um pouco do nosso " barranco político" publico acima, sobre esse conjunto de folhas de pouca altura ( moita ), onde reside a "KOISA" com K... Evo Morales não fica devendo aos demais governantes que rezam na mesma cartilha primitiva. A cada dia que se passa, o vômito aumenta. Está difícil publicar as conversinhas de fundo de quintal da gentalha. Muito saudável à sua saúde, assistir o vídeo do padre dançando.

06 de março de 2012
MOVCC
Ralph J. Hofmann - Prosa e Política

SERRA LIDERA CORRIDA À PREFEITURA

Datafolha: Depois de admitir candidatura, Serra lidera corrida à prefeitura paulistana

Em um dos cenários pesquisados pelo instituto, o ex-governador de SP venceria no primeiro turno com 49% dos votos


(clique sobre a imagem)

Matéria de capa da Folha de S. Paulo

O ex-governador José Serra subiu nove pontos percentuais na pesquisa de intenção de votos para a Prefeitura de São Paulo após assumir que quer ser o candidato do PSDB na eleição de outubro.

Levantamento feito pelo Datafolha entre quinta e sexta-feira mostra Serra com 30% dos votos num cenário em que estão os principais postulantes ao cargo.

No fim do mês de janeiro, ele tinha 21%.

Em segundo fica Celso Russomanno (PRB), com 19%. O petista Fernando Haddad obtém apenas 3%.

Serra lidera em todos os cenários em que participa.

No mais enxuto, em que concorreriam apenas ele, Gabriel Chalita (PMDB) e Haddad, alcança 49% do total de votos, o que liquidaria a eleição no primeiro turno, já que esse percentual representa mais que a soma de votos dos demais pré-candidatos.

O Datafolha ouviu 1.087 eleitores. A pesquisa, que tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, foi feita na semana em que Serra teve muita exposição devido ao anúncio de que queria concorrer.

Isso ajuda a explicar o crescimento de 2% para 12% em sua intenção de voto espontânea (quando não é apresentado ao eleitor o nome de nenhum candidato).

Após meses de silêncio e especulações, Serra afirmou no dia 27 de fevereiro que pretendia participar da prévia tucana para escolher o candidato do partido.

Marcada para hoje, ela foi adiada para o dia 25.

Dois dos quatro pré-candidatos tucanos desistiram. Só José Aníbal e Ricardo Tripoli continuam no páreo. A pesquisa, porém, deve funcionar como novo banho de água fria em suas postulações.

Aníbal obtém 4% das intenções de voto no cenário em que aparece como o candidato tucano. Tripoli alcança 3%.

Serra tem a seu favor o fato de ser muito conhecido (99% dos leitores sabem quem ele é, contra 41% de Haddad, por exemplo), e de sua rejeição ter oscilado negativamente desde a última pesquisa: de 33% para 30%.

No período, cresceu a rejeição de todos os outros.

SOBRE A COPA DO MUNDO E CHUTE NA BUNDA


Um dirigente da FIFA, cujo nome não tenho paciência de busca no Google, disse que o governo brasileiro precisa de um chute na bunda. Ele está errado. Na verdade, o governo precisa de pelo menos uns cem chutes na bunda, para ver se começa a trabalhar.

Quem lembra? E o povão comemorando na praia, decretando feriado...

Não, nossa soberania não foi ferida. A crítica não é ao Brasil ou ao povo brasileiro, mas sim a um governo que ASSINA UM CONTRATO e não o cumpre, tenta mudar cláusulas etc. Por que diabos foi lá assinar? Para colher ônus e benesses políticas, já que o povão cai no conto do vigário – supondo que uma Copa do Mundo não traga custos.

Esses mesmos que aplaudiram como “conquista” a assinatura de um contrato sabidamente “caracu” são os que agora ficam irritados porque alguém da FIFA simplesmente COBRA O CUMPRIMENTO DO QUE FOI ASSINADO.
A grande maioria, aliás, nunca leu o contrato – aplaude na assinatura e xinga na cobrança de cumprimento sem mesmo saber do que se trata.

Sim, fazer Copa do Mundo é uma coisa não somente boa; arrisco dizer que seja 99% ruim. Isso porque o evento é PRIVADO e, como tal, tem dono: a FIFA. Não é ela que impõe coisa alguma, mas sim países que vão AJOELHADOS ATÉ A SEDE DA ENTIDADE DE FUTEBOL, implorando para sediar a Copa. A dona do evento então escolhe, mediante assinatura de um contrato que dá novo valor semântico a termos como “leonino” e “draconiano”.

Depois de SUPLICAR para ser sede da Copa, obrigando-se a tudo que a FIFA exige, não pode um governo reclamar de ser cobrado. Se há algum problema de soberania, FOI O GOVERNO QUE A ELA RENUNCIOU AO HUMILHAR-SE À FIFA PARA REALIZAR UMA COPA DO MUNDO.

O que se vê agora, no total de reclamações sobre o “chute na bunda”, é militante dando migué ou gente inocente que apenas não vê as coisas como elas são.
Não quiseram a Copa? Por que agora reclamam do cumprimento de um contrato que vocês mesmos aplaudiram na assinatura? Aceitem a própria burrice, ao menos.

E ao governo cabe aceitar a recomendação e escolher alguém para dar uma bicuda em seu traseiro. Mas reitero: é errado. São necessários pelo menos uns cem para que comecem a fazer alguma coisa. Ou então simplesmente desistem da Copa.

Usar um falso (e ridículo) nacionalismo para fingir irritação quanto à cobrança de um contrato pelo qual se implorou, convenhamos, é ridículo. E comprova a necessidade do pontapé nos fundilhos. Se não para começarem a trabalhar, ao menos para virarem adultos politicamente.

06 de março de 2012
implicante

SÃO PAULO, A ÚLTIMA FRONTEIRA

A capital paulista é o último reduto que falta para os companheiros. Desta vez, Lula resolveu não brincar

As eleições na capital paulista não serão municipais. A política nacional está se mudando de malas e bagagens para a cidade de São Paulo. O debate dos problemas locais será o pretexto para o próximo capítulo da disputa pelo poder no Brasil – se é que ainda se pode chamá-la de disputa, com o arrastão dos oprimidos profissionais aproximando-se da hegemonia.

São Paulo é o último reduto a ser conquistado pelos companheiros. Minas Gerais ainda está sob governo inimigo, mas não chega a ser um problema tático: Belo Horizonte já é dos amigos do consultor Fernando Pimentel, que mata o tempo no ministério de sua comadre enquanto näo vira governador. O Rio de Janeiro já estava anexado, o Rio Grande do Sul com Tarso Genro é praticamente a nossa Cuba e o Nordeste é todo do filho do Brasil. Falta São Paulo.

E, desta vez, Lula resolveu não brincar. Pediu licença a Martas e Mercadantes, consultou o oráculo (Dirceu) e preparou a bomba: Dilma. Não aquela que está no Palácio do Planalto, claro. O ex-presidente arranjou outra Dilma. Esta se chama Fernando Haddad, mas o nome não importa. Ou melhor, importa: tem de ser inexpressivo. Assim, o padrinho poderá dar vida a seu Pinóquio, embalá-lo para presente, e os súditos acreditarão no que vier escrito na caixa.

Se a alquimia funcionou com Dilma, não pode ter erro. Na semana passada mesmo o país assistiu a mais um showroom do produto. Após o incêndio na base brasileira da Antártica, a presidente saiu de trás dos discursos escritos e dos teleprompters e alçou voo com suas próprias palavras. Foi comovente. Dilma tentava completar cada frase com bravura, fazia pausas olhando para o nada, persistia em sua obsessão de fazer sentido e, mesmo não tendo completado um raciocínio, embaralhada em sua própria mensagem sobre prejuízos materiais e humanos, mostrou que é brasileira e não desiste nunca.

As pesquisas não mentem (ou não mentem muito): essa brasileira tenaz, que ainda há de brindar o país com uma ideia própria, tem índice recorde de aprovação como estadista. E quem tira uma presidente da cartola haverá de tirar um prefeito.

Na largada de sua campanha, Fernando Haddad já mostrou que também é bom de improviso. Com a debandada do prefeito Gilberto Kassab – o curinga de aluguel da política brasileira – para a candidatura recém-anunciada de José Serra, o ex-ministro da Educação disse o seguinte: “Fico mais tranquilo, porque vou representar melhor as ideias em que acredito. Está mais adequado o candidato ao discurso”. Tradução: eu ia fazer um discurso favorável à situação, mas, como o atual prefeito deixou de ser meu aliado eleitoral, vou poder fazer um discurso de mudança.

Depois dessa declaração, podem acusar Haddad de qualquer coisa, menos de inibição. Nunca se viu um político assumir com tanta franqueza: eu quero o poder, o discurso eu vejo na hora.

Desinibido e coerente. Da mesma maneira que é secundário o que Haddad pretende fazer em São Paulo, também era secundário o que ele fazia no MEC. Todos viram o Enem infernizando os estudantes brasileiros com vazamentos e erros primários de impressão, enquanto o ministro Haddad pulava de palanque em palanque para eleger Dilma Rousseff. Um missionário.

Depois sobreveio o tricampeonato do caos no Enem, refletindo a profunda dedicação do ministro Haddad a seu trabalho: montar a candidatura a prefeito de São Paulo. Cuidar direito do Enem não dá notoriedade a ninguém. Haddad foi à luta do eleitorado gay, lançando uma cartilha escolar sobre homossexualismo. Infelizmente, essa revolução pedagógica não resistiu à patrulha evangélica, que também é filha de Deus (e como adversária eleitoral é o diabo).

Se educar não dá ibope, Haddad teve uma sacada genial no MEC: deseducar. Foi a público defender livros didáticos com erros de português, dizendo ao povo que não aceitasse a discriminação linguística. Viva a revolução.

Mas tudo isso é detalhe diante de um momento verdadeiramente histórico. Na despedida de Haddad do ministério, Lula aparece de chapéu, para tirá-lo em seguida, exibindo o visual transformado pela quimioterapia. Abraça seu candidato, enquanto Dilma chora. É a perfeição.

Que outro candidato terá uma plataforma dessas para administrar São Paulo?

5 de março de 2012
Guilherme Fiuza
Fonte: revista Época

CARGA TRIBUTÁRIA IMPEDE DESENVOLVIMENTO DO BRASIL

O Brasil, pelo segundo ano consecutivo, amargou a última colocação no ranking internacional que reflete o retorno do Estado, em serviços públicos, através da utilização da receita proveniente dos tributos arrecadados. Os pesquisadores cruzaram a carga tributária das 30 nações que, proporcionalmente, cobram mais impostos, com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas, que leva em conta expectativa de vida, educação e renda. E assim calcularam o retorno de bem-estar à sociedade.

Para atingir o nível de potência econômico-social muita coisa ainda precisa ser feita, dentre as quais uma melhor distribuição dos recursos arrecadados com os tributos. O brasileiro paga uma altíssima carga tributária, sobre a qual ainda incide o agravante de que a contrapartida do Estado é irrisória. O cidadão de classe média ainda se vê obrigado a gastar com educação, saúde e segurança, atividades de prestação obrigatória por parte do Estado.

No final dos anos 1990, a carga tributária brasileira refletia aproximadamente 25% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2009, já correspondia a 34,41% do PIB. Em 2011, a previsão é de que a arrecadação de tributos atinja o patamar de 36% do PIB, um dos mais elevados do mundo. Pior: toda esta arrecadação não se traduz, na prática, em qualidade de vida.

Nos países emergentes, a exemplo da China e da Índia, o percentual da carga tributária é de aproximadamente 22% do PIB. Em sendo assim, conclui-se que a tributação brasileira é considerada desarrazoada para os padrões nacionais e compromete sobremaneira o desenvolvimento econômico nacional, eis que é mal distribuída, prejudica a competitividade, inibe investimentos e estimula a informalidade.

Analisando-se o atual cenário brasileiro é evidente que o Sistema Tributário adotado alberga uma excessiva carga tributária, porém, não cumpre a função redistributiva, ao contrário, é regressivo e concentrador de renda. Em um contexto federativo, não há uma distribuição igualitária das receitas tributárias em todo o território nacional, de modo que inexiste um sistema justo de transferências em favor das unidades federativas economicamente mais frágeis, o que dificulta o acesso, por parte do cidadão, aos serviços públicos com um padrão mínimo de qualidade.

A majoração da carga tributária brasileira é injusta, porque o retorno social da arrecadação é baixo, não há respeito à finalidade essencial dos tributos de fomentar o desenvolvimento social e de financiar os serviços públicos. Dessa forma, fica claro que não é apenas pelo fato de sermos a sexta economia do mundo que nossos problemas acabaram. Ainda estamos longe de comemorar um desenvolvimento econômico-social sustentável, onde o brasileiro realmente se sinta parte do seleto grupo de países desenvolvidos, onde economia e qualidade de vida andam de mãos dadas.

* Bernardo Vidal é consultor e advogado tributarista, presidente do escritório Bernardo Vidal & Associados – especializado em auditoria e planejamento tributário.
6 de março de 2012

INVESTIGAÇÃO DA ONU NA LÍBIA NÃO DETERMINA CAUSA DA MORTE DE KADAFI

Reportagem da agência France Presse mostra que a Comissão das Nações Unidas (ONU) sobre os crimes de guerra e as violações dos direitos humanos na Líbia não determinou as causas da morte do ex-líder Muamar Kadafi e de seu filho Muatasim.

A Comissão Internacional de Investigação sobre a Líbia concluiu em um relatório publicado sexta-feira que o coronel Kadafi e seu filho, capturados separadamente no dia 20 de outubro por combatentes rebeldes de Misrata, morreram pouco depois em circunstâncias não esclarecidas.

“Mesmo feridos, ambos estavam vivos após a sua captura e morreram quando foram detidos pelos thowars (combatentes revolucionários)”, indicou uma versão do relatório ainda não oficialmente divulgada.

“A Comissão não pôde confirmar que a morte de Muamar Kadhafi tenha sido um assassinato ilegal e pede uma investigação complementar”, acrescentou o informe.

As autoridades líbias negaram à Comissão o acesso ao relatório da necropsia do coronel Kadafi, prosseguiu o texto, destacando que o médico da Comissão não pode se basear apenas nas imagens do cadáver para determinar a causa da morte.

As circunstâncias da morte do líder líbio causaram polêmica na Líbia, pois as autoridades garantiram que ele havia morrido em um tiroteio, enquanto outras fontes se referiram a uma execução sumária.

Além das causas da morte, o relatório considera que a exposição dos dois corpos ao público durante vários dias foi “uma violação do direito internacional”.

06 de março de 2012

SE EXTIENDE LA MODA DE QUEMAR VIVOS A LOS LADRONES

Ciudadanos de El Alto protestan por la falta de seguridad.
Reuters

Dpa | La Paz
05/03/2012

Un ladrón fue quemado vivo por habitantes de la ciudad boliviana de El Alto tras ser sorprendido in fraganti robando en una vivienda del barrio Río Seco, según informó Jorge Toro, director nacional de la Fuerza Especial de Lucha Contra el Crimen.

"La gente está enfurecida en El Alto. El sábado hubo tres intentos por quemar a otros ladrones. No se permitió el ingreso de policías a Río Seco donde se quemó a un hombre y se incendió el automóvil que utilizaban los delincuentes", relató el jefe policial.

Los familiares del ladrón recogieron su cuerpo de la morgue del hospital público de La Paz para darle sepultura en un cementerio clandestino.

La muerte de dos periodistas hace nueves días enfureció a los habitantes de El Alto, la segunda ciudad más poblada de Bolivia, al extremo de pedir la reposición de la pena de muerte.

La petición fue rechazada por la iglesia católica de Bolivia. "Tenemos que decir a nuestros hermanos que han levantado la voz con indignación pidiendo muerte y muerte; que la muerte no soluciona a la muerte, que a la muerte debemos responder con la vida", respondió el cardenal Julio Terrazas.

Inseguridad callejera

El jefe policial Jorge Toro, por otra parte, relató que dos policías que estaban sin uniforme fueron confundidos como presuntos ladrones y recibieron una paliza en el barrio alteño Santa Rosa.

"Hay bastante intolerancia en El Alto. a las calles porque puede terminar golpeados o quemados", dijo.

También se supo que sólo existen 300 policías con 10 vehículos para atender a la población de un millón de habitantes en El Alto.

La red de televisión PAT difundió imágenes de los vehículos incendiados en El Alto, uno era de la policía y otro de los presuntos ladrones.

El Alto es la ciudad donde la gente hace justicia con sus propias manos. La policía reporta la desaparición de al menos 550 personas cada año en esa ciudad que es vecina a La Paz y donde opera uno de los aeropuertos más altos del mundo a 4.100 metros de altitud.

CAINDO A FICHA...


É porque ainda tem um monte de gente que escreve assim, e outro tanto que compra os “remédios” que eles fazem, que o PT segue nadando de braçada no Brasil .

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Pois é... Aí vem aqueles "democratas" que juram de pé junto que democracia é isso, que o analfabeto tem o direito de votar, "de exercer a sua cidadania".
Num país como o Brasil, em que educação é um luxo para poucos, e a pública já não pode ser pior do que sempre foi, o país se transforma no paraíso dos safados, dos demagogos, dos espertos.
Defender o fim do voto obrigatório é um verdadeiro atentado contra a "cidadania" - como se ela existisse, com as belas políticas públicas que que são praticadas no Brasil.
Formamos, verdadeiramente, um exército de analfabetos e analfabetos funcionais, que atuam como um rolo compressor no processo eleitoral, embarcando nos piores candidatos, sem qualquer senso de responsabilidade - o que seria pedir muito.

Um dos mais recentes episódios da nossa vida pública, reflete esse 'senso de responsabilidade'. Eleito o deputado federal mais votado, o palhaço Tiririca deu uma demonstração de como funciona a democracia brasileira com o seu 'slogan' "pior do que está, não vai ficar", e observem que isso ocorreu na cidade de São Paulo, uma das mais importantes do Brasil.
O que revela um fato como esse? Sem sombra de dúvida a fragilidade da democracia de massa tal como aqui acontece; a fragilidade institucional do regime.
Não se trata de descredenciar a Democracia como regime político, mas de desclassificá-la, quando institui mecanismos que não servem senão a propósitos políticos escusos.

Um país que nega a cidadania através de investimentos próximos de zero nas políticas de saúde, educação, segurança, saneamento, infraestrutura - para citar as principais - institui um arremedo de democracia para proveito próprio. Uma arrecadação brutal de impostos, que não serve à sociedade em suas mínimas necessidades, e que em última instância penaliza pobres e a tal da "classe média", transformada hoje numa metáfora sociológica.

Incapaz de perceber o que realmente aconteceu no país com os dois mandatos de Lula e o conseqüente mandato de Dilma, prossegue aplaudindo, como se pode ver no vídeo de entrega das 480 casas do programa "Minha casa, Minha vida". Uma massa ingênua, crente dos propósitos e dos engôdos de polítiqueiros, não pode realmente alcançar a noção do direito a cidadania.
m.americo

REVISITANDO A HISTÓRIA

Único deputado preso do Brasil, Homem da Motosserra pode adiar a extinção da espécie com a ampliação do prontuário.


Depois do mico-leão dourado e da ararinha-azul, a lista das espécies extintas seria empobrecida em 2014 com a perda de outra raridade da fauna brasileira: o deputado-preso. Graças a mais uma trapalhada de Hildebrando Pascoal Nogueira Neto, o único exemplar conhecido, o sumiço vai demorar um pouco mais.

Condenado a mais de cem anos de cadeia por crimes que envolvem homicídio, sequestro, formação de quadrilha, narcotráfico e delitos eleitorais e financeiros, Hildebrando seria beneficiado pela norma que limita a 30 anos o tempo máximo de permanência no cárcere e por fórmulas jurídicas que reduzem a duração da pena. Em novembro, contudo, o ex-deputado federal resolveu ampliar o prontuário. E os cálculos terão de ser refeitos.

Aos 60 anos ─ há 12 na cadeia ─, o Homem da Motosserra, alcunha que ganhou pela arma usada para cometer seu mais famoso crime, driblou os controles da penitenciária de segurança máxima em Rio Branco para exercitar uma de suas práticas preferidas: a intimidação. Em 23 de novembro de 2011, enviou cartas à desembargadora Eva Evangelista, do Tribunal de Justiça do Acre, e à procuradora de Justiça Vanda Milani Nogueira, ex-cunhada do remetente.

Inconformado com a perda definitiva da patente de coronel da Polícia Militar, efetivada no fim do ano passado, Hildebrando exigiu que Vanda lhe enviasse mensalmente a quantia de R$ 6 mil “para que possa se manter e garantir sustento para os filhos e netos”. Ele atribui a punição à ex-cunhada e a Eva Evangelista, que atuou como juíza-revisora do processo. Hildebrando avisou que, se não for atendido, revelaria ao Conselho Nacional de Justiça e ao Ministério Público supostas irregularidades envolvendo as duas destinatárias.

Numa das cartas, o ex-coronel afirma que Vanda Milani entregou à desembargadora o gabarito das provas do concurso para ingresso no Ministério Público Estadual, o que teria facilitado a aprovação de Glicely Evangelista, filha de Eva (leia a íntegra das cartas). O Ministério Público do Acre instaurou um processo por extorsão e ameaça. A ampliação do prontuário pode garantir que o único deputado preso sobreviva ─ em cativeiro, marca inseparável da espécie.

Nascido numa família acreana poderosa desde o começo do século passado, Hildebrando tornou-se conhecido como comandante da PM e político bem-sucedido antes de ganhar fama como fora-da-lei. Em 1994, elegeu-se deputado estadual. Quatro anos mais tarde, conquistou uma vaga na Câmara dos Deputados com a segunda maior votação do Acre. A vida parlamentar foi bruscamente abreviada pela descoberta da vida criminosa iniciada em 1983, tão assustadora quanto a figura corpulenta, com 1,90 metro de altura. Em setembro de 1999, menos de um ano depois da posse, Hildebrando teve o mandato cassado e foi preso.

Sammy Barbosa Lopes, ex-procurador-geral do Acre e Coordenador do Grupo de Combate ao Crime Organizado, afirma que o Homem da Motosserra redistribuía cocaína contrabandeada da Bolívia. “Eles vendiam a droga no varejo”, diz Lopes. Além de apreender a droga encontrada com traficantes detidos, o grupo liderado pelo coronel também lucrava com um esquema batizado de Operação Marmitex. “Os criminosos entregavam cocaína em recipientes de marmitex”, conta o ex-procurador-geral. “Era uma maneira de comprar votos da população e garantir que Hildebrando continuasse no poder”.

Comandante da barbárie ─ Para avisar que não queria o esclarecimento de um assassinato, Hildebrando decepava a cabeça e as mãos das vítimas. Além de dificultar o reconhecimento do corpo, o horror adicional emitia o sinal: o mandante do crime exigia que fosse arquivado. O Ministério Público contabiliza 50 casos semelhantes entre as mais de 150 mortes atribuídas ao bando do ex-deputado ─ entre elas a de Agílson Firmino dos Santos, o Baiano.

Baiano foi executado em 1996 por agir em cumplicidade com José Hugo Alves Jr. no assassinato de Itamar Pascoal, irmão de Hildebrando e vereador em Senador Guiomard, a 24 quilômetros de Rio Branco. Hildebrando espalhou cartazes com a foto de José Hugo e a oferta de R$ 50.000 a quem fornecesse informações sobre o paradeiro do inimigo.


Cartaz espalhado por Hildebrando

Por ignorar a localização do comparsa, o mecânico teve os membros lentamente decepados com uma motosserra. Os olhos fora extraídos quando ainda estava vivo. “No início, o Baiano só pedia para não morrer”, descreveu Ezequiel, codinome do pistoleiro que depôs na CPI do Narcotráfico. Hildebrando acompanhou o martírio de Baiano com notável prazer. “Ele chorava e dizia que era inocente”, lembra Ezequiel. “Ele estava deitado de costas, amarrado, quando cortaram os braços e as pernas dele. O tempo todo gritava que era inocente. O Hildebrando assistia a tudo friamente, como quem vê a matança de um animal. O Baiano continuava vivo mesmo depois de ter sido serrado. Pedia para morrer rápido”. Hildebrando finalizou a vingança desferindo diversos tiros contra a vítima. Wilder Firmino, de 13 anos, foi morto 48 horas depois. Motivo: era filho de Baiano.

José Hugo fugiu para o Piauí e deixou para trás a mulher, Clerismar, e dois filhos de sete e oito anos. Sequestrada por Hildebrando, a família de José Hugo escapou da morte graças a Sérgio Monteiro, então procurador da república no Acre. Ele comunicou a autoridades policiais paulistas que pistoleiros viajara com os reféns para São Paulo ─ todos com passagens pagas com dinheiro público. Ao desembarcar no aeroporto, os marcados para morrer foram libertados. O corpo de José Hugo foi encontrado em 1997, numa cova clandestina na divisa da Bahia com o Piauí.

Hildebrando Pascoal ainda não foi julgado pelo assassinato de José Hugo. Como o crime está prestes a prescrever, só o julgamento imediato do processo que tramita na justiça do Piauí poderia evitar a extinção da espécie. O deputado-preso compareceu a um tribunal pela última vez em maio de 2011, para defender-se da acusação de ter mantido em cárcere privado Clerismar e seus dois filhos. O crime rendeu a Hildebrando a sentença de 11 anos e 6 meses de reclusão. Mas estará em liberdade daqui a dois anos se não for castigado pelas ameaças endereçadas à desembargadora e à procuradora de Justiça.

A vida reclusa em Antônio Amaro

Há cerca de dez anos, Hildebrando Pascoal vê o tempo passar na penitenciária Antônio Amaro Alves, considerada segura pela por restringir as visitas a filhos e cônjuges. Há um ano, havia mais vagas (182) que presos (145), o que facilita o trabalho de vigilância dos carcereiros. Hildebrando acorda às sete, toma café, almoça por volta de meio-dia, consome o começo da tarde no banho de sol de duas horas e volta para a cela que divide com outro detento. Tem duas camas, uma pia, um vaso sanitário e um chuveiro. Enquanto espera o jantar, distrai-se com livros, revistas e programas de TV. Dorme pelo menos oito horas e recomeça a rotina de um presidiário comum.

“Ele está sempre muito bem arrumado, com a roupa limpa e o cabelo penteado”, diz a promotora Joana D’Arc Dias Martins, da Vara de Execuções Penais do Ministério Público do Acre. Embora o presídio disponha de serviço médico, quem enfrenta problemas de saúde mais complicados costuma ser transferido para algum hospital de Rio Branco. Hipertenso, Hildebrando já se valeu desse direito numerosas vezes.

Júlia Rodrigues
02 de fevereiro de 2012

MENOS MENTIRA NA TV...

PT não poderá veicular programa partidário neste semestre, decide TSE

Dilma, Lula e o PT foram punidos pelo Tribunal Superior Eleitoral por terem utilizado, em 2010, um espaço destinado à propaganda partidária para promover a candidatura de Dilma à Presidência.

O tribunal retirou o direito do PT de veicular o seu programa partidário deste semestre, que estava previsto para ir ao ar no dia 24 de maio. O tribunal também aplicou uma multa de R$ 25 mil ao partido. Dilma e Lula também foram multados em R$ 5 mil cada.


Mas vem cá: não seria mais justo que cassassem o mandato de Dilma já que ela dispôs de mais tempo do que poderia na mídia enquanto seus adversários usaram apenas o estipulado pela lei?

02 de março de 2012
Por Ricardo Froes

SENHOR PROCURADOR, LEIA O VERBETE "DICIONÁRIO"

O caso Houaiss e a tentativa de apagamento da História

Na obra-prima de Ray Bradbury, “Fahrenheit 451”, o futuro se transformou em um mundo sem livros. Tudo o que querem que as pessoas saibam é transmitido por imensas telas de TV, onde parte da população passa os dias vivendo a vida dos personagens de ficção.

Nessa sociedade totalitária, Guy Montag é um bombeiro. Não um que apaga fogo, mas um que faz fogueiras. A missão de Guy é queimar livros.
“451” refere-se à temperatura, em Fahrenheit, na qual um livro incendeia. Bradbury não poderia imaginar a internet ao escrever o livro em 1953, no contexto da Guerra Fria.


Assim, seu pesadelo literário era incapaz de alcançar o que aconteceu na semana passada, quando os verbetes das palavras “cigano” e “negro” foram suprimidos da versão eletrônica do mais completo dicionário brasileiro, o Houaiss. Hoje, nesse futuro que chegou, não é mais necessário fogo, mas apenas um clique, para apagar a História. Muito mais “limpo”, rápido e silencioso.

Tudo começou quando o procurador da República Cleber Eustáquio Neves, do Ministério Público Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, requereu que o dicionário Houaiss fosse tirado de circulação e que a tiragem, venda e distribuição das novas edições fossem suspensas enquanto não tivessem sido eliminadas as “expressões pejorativas e preconceituosas” do verbete “cigano”.

O procurador atendia ao pedido de um cidadão, feito em 2009. No Houaiss – e eu estou tratando o meu exemplar em papel com cuidados maternos diante da iminência de seu assassinato -, este é o verbete da palavra “cigano”, neste momento uma relíquia cultural que compartilho com vocês:

Cigano adj 1 Relativo ao ou próprio do povo cigano; zíngaro Adj. s.m. 2 relativo a ou indivíduo dos ciganos, povo itinerante que emigrou do Norte da Índia para o oeste (antiga Pérsia, Egito), de onde se espalhou pelos países do Ocidente; calom, zíngaro 3 p.ext. que ou aquele que tem vida incerta e errante; boêmio 4 p.ana. vendedor ambulante de quinquilharias; mascate 5 (1899) pej. que ou aquele que trapaceia; velhaco, burlador 6 pej. que ou aquele que faz barganha, que é apegado ao dinheiro; agiota, sovina 7 que ou o que serve de guia ao rebanho (diz-se de carneiro) 8 LING m.q. ROMANI ETIM fr. cigain (sXV, atual tsigane ou tzigane, estas por infl. Do al. Zigeuner), do gr. biz. athígganos ‘intocável’, nome dado a certo grupo de heréticos da Ásia Menor, que evitava o contato com estranhos, a que os ciganos foram comparados quando de sua irrupção na Europa central; c.p. tur. cigian, romn, zigan, húng. cigány, it, zingano (a1470, atual zíngaro); f.hist. 1521 cigano, 1540 cigano, 1708 sigano COL bando, cabilda, ciganada, ciganagem, ciganaria, gitanaria, maloca, pandilha HOM cigano (fl.ciganar)”

Reproduzo o verbete completo para que todos tenham acesso ao que foi suprimido da versão eletrônica e, se a vontade do procurador vencer, de todas as versões, inclusive a impressa.

Mas reproduzo também para que aqueles que não cultivam o hábito de pesquisar em dicionários possam compreender qual é a missão dessas maravilhas.

O procurador Cleber Eustáquio Neves postulou o extermínio da acepção de número 5: “(1899) pej. que ou aquele que trapaceia; velhaco, burlador”. E também da 6: “pej. que ou aquele que faz barganha, que é apegado ao dinheiro; agiota, sovina”. O “pej.” colocado por Houaiss, em ambas as acepções, é um aviso de que são significados “pejorativos”.

Assim como Houaiss informa ao leitor quando esta ou aquela definição é arcaica ou vem desta ou daquela língua ou refere-se a este ou àquele episódio histórico.

Como quem leu o verbete completo facilmente percebe, um dicionário tem como vocação dar todos os sentidos de uma palavra na língua. Tanto no presente, como no passado.
Um dicionário é aquele que narra a trajetória, a evolução e as mudanças de significado de cada palavra ao longo de seu percurso no tempo e no espaço. Um dicionário conta a vida das palavras, com tudo o que a vida tem. Eliminar qualquer sentido de uma palavra é eliminar um pedaço de sua história – fazer de conta que essa história não aconteceu. Os próprios ciganos não deveriam querer que isso acontecesse, porque, ao apagar um sentido estarão eliminando uma das provas de que, em determinado período histórico, foram vistos como “trapaceadores, velhacos e burladores”. Ou “apegados ao dinheiro, agiotas, sovinas”.

Do mesmo modo que os negros não devem querer que seja apagada a escravidão da sua história, assim como os preconceitos e injustiças sociais que dela decorreram e que estão explicitados em algumas acepções do verbete “negro”. É por causa das consequências desses acontecimentos históricos, expressadas também em sentidos pejorativos para a palavra “negro”, que foi construído todo um movimento de resistência que pressionou – e pressiona – por políticas públicas. Mas, principalmente, porque não se apaga a história apagando-se sentidos de palavras. Se fosse assim, seria fácil mudar a vida.

Cabe a pessoas e grupos conferir novos significados às palavras no embate da História – e cabe ao dicionário registrar esses novos significados, sem, porém, eliminar a memória dos outros.
A História é carregada por cada um que a viveu ou a herdou, seja um indivíduo ou uma sociedade. A tentativa de esquecimento nunca serve às vítimas – sempre aos algozes. Convenientemente se “esquece” as partes que não interessa lembrar – ou pior, apaga-se.
Se teses como a do MPF de Uberlândia vingarem, os dicionários serão reduzidos à metade, assim como as enciclopédias, e não sobrará um livro de história inteiro.

Nas obras de ficção escritas no passado sobre um futuro possível e sempre assustador, porque cerceador de liberdades e dotado de uma humanidade robótica, tudo se passava em regimes totalitários. Como no próprio “Fahrenheit 451”, já citado, e no sempre lembrado “1984”, de George Orwell. Nenhum desses autores imaginou que coisas assim se passariam em uma democracia. Nem nós imaginaríamos que o Ministério Público, uma instituição democrática com reconhecidos serviços prestados em tantas áreas estratégicas para o país, faria algo assim. Esqueceu-se de que, se o totalitarismo é terrível, a ignorância também o é. E a ignorância não escolhe regime político.

O ataque ao Houaiss e à memória das palavras é um caso de ignorância. Dizem – e os números provam – que é dificílimo ser aprovado nos concursos para o Ministério Público Federal. Bem, sugiro que as próximas provas incluam uma pergunta sobre o que é um dicionário. Alguém que vai ocupar um posto tão importante precisa saber o que é um dicionário. E não estou sendo irônica. Gostaria de ter a escolha de ser, mas já ultrapassamos essa possibilidade quando o crime de ignorância foi cometido. E os verbetes “cigano” e “negro” – este último nem sequer é objeto da ação – desapareceram da versão eletrônica do Houaiss.

É preciso prestar bastante atenção em outro aspecto desse caso. O Houaiss foi atingido porque não cumpriu a determinação. Segundo o MPF de Uberlândia, em entrevista à Folha de S. Paulo, foram enviados "diversos ofícios e recomendações" às editoras para que mudassem o verbete “cigano” nos dicionários que editam.
De acordo com o órgão, as editoras Globo e Melhoramentos atenderam às recomendações. A Objetiva, que publica o Houaiss, não. A editora teria alegado que não poderia fazer a mudança porque a publicação é editada pelo Instituto Antônio Houaiss e que ela é apenas a detentora dos direitos relativos à publicação.

O que isso significa? Que os sentidos históricos, mas considerados “preconceituosos e racistas” pelo MPF, já foram eliminados de outros dicionários. E só ficamos sabendo dessa afronta à memória da nossa língua porque o Houaiss não foi modificado. Se tivesse sido, nem saberíamos. Teríamos ficado mais pobres – porque todos ficamos mais pobres quando nosso idioma é saqueado de sua história – sem saber. Por não ter cumprido a determinação do MPF, a editora Objetiva e o Instituto Antônio Houaiss poderão ter de pagar uma indenização de R$ 200 mil por danos morais coletivos. A Justiça Federal ainda não se pronunciou. E a esperança é de que esta conheça o significado do verbete “dicionário”.

Na última sexta-feira (2/3), o alerta de que os verbetes “cigano” e “negro” haviam desaparecido da versão eletrônica do Dicionário Houaiss se espalhou pela rede social Twitter. No sábado, a notícia foi registrada pela imprensa. O diretor do Instituto Antonio Houaiss, Mauro Villar, afirmou à Folha de S. Paulo que não partiu dele a ordem para a retirada dos verbetes. Villar garantiu que nunca teria suprimido as definições porque elas são "espelhos que refletem ocorrências" na língua. De quem partiu a ordem, então? E por quê?

O fato é que, até a manhã desta segunda-feira em que publico essa coluna, quem digitasse as palavras “cigano” e “negro” se depararia com o seguinte aviso: “A palavra não foi encontrada”.
É curioso que os ciganos, que tantas vezes na História foram perseguidos e exterminados, agora vivam, pela própria vontade, uma espécie de genocídio pela palavra. O verbete – ou tudo o que são e viveram e que está contido na palavra “cigano” – foi apagado da versão eletrônica do Houaiss. Faz pensar, não?

Posso estar sendo muito otimista, mas não acredito que esse absurdo vá perdurar. Imagino que logo os verbetes voltem à versão eletrônica – e cabe a nós denunciar se o conteúdo retornar alterado e empobrecido. Acredito também que as editoras que já retiraram os termos pejorativos dos dicionários que editam voltarão a incluí-los por dignidade e respeito à língua e seus falantes. Assim como espero que o Houaiss siga resistindo na integridade de sua versão impressa e de sua vocação. Tampouco acredito que a Justiça Federal acolha tal sandice. O caso já foi longe demais, para constrangimento de todos.

O perigo maior mora no fato de que agressões desse porte, devagar e silenciosamente, vão impondo a pior de todas as censuras: a autocensura. Quem fizer a revisão periódica do Dicionário Houaiss pode preferir não comprar a briga numa próxima vez. Assim como quem retirou o verbete “cigano” da versão eletrônica já deu um passo além e, por precaução, suprimiu também o verbete “negro”. A autocensura vem se imiscuindo na sociedade brasileira com mais frequência e empenho do que a maioria de nós consegue perceber. E esse tipo de censura, por ser insidiosa, é muito mais difícil de combater.

Em 2010, testemunhamos a tentativa de retirar um livro infantil de Monteiro Lobato das escolas por trazer conteúdo “racista”. Da mesma maneira, um conto de Ignácio de Loyola Brandão e um livro de Monique Revillion foram censurados em escolas de ensino médio porque tinham “sexo” e “violência”, respectivamente, em seus conteúdos. Na ocasião, escrevi sobre esses casos aqui.

Os protestos, especialmente com relação à obra de Monteiro Lobato, foram veementes na época. Mas, conversando com gente do mercado editorial, soube que o pior já começa a acontecer. Em um país que consome tão poucos livros quanto o Brasil, o melhor negócio para as editoras é conseguir incluir uma obra em algum dos programas governamentais de leitura. O governo – federal ou estadual – costuma encomendar uma tiragem alta. Para terem suas obras aprovadas na acirrada disputa desses programas, algumas editoras já começam a “enquadrar” os seus livros no politicamente correto para terem mais chance – ou apenas inscrever peças que se enquadrem, mesmo que exista outra com qualidade maior, mas, por exemplo, com uma cena de sexo.

Faz sentido supor que a equipe que escolhe as obras que serão aprovadas – mesmo que isso não seja pronunciado e, às vezes, seja até individual e inconsciente – vá eleger aquelas cujo conteúdo não possa dar nenhum tipo de incomodação ou polêmica. Para que se arriscar, afinal? Da mesma forma que bibliotecários de escolas, sejam públicas ou privadas, passaram a se policiar ao escolher os livros encomendados para não se indispor com os pais ou mesmo serem afastados pela direção – como já aconteceu no interior de São Paulo.

Por mais que sejamos otimistas com relação aos seres humanos, sabemos que a maioria não vai se lembrar de que seu compromisso maior é com a qualidade da educação e da literatura que promovem. Ao contrário, vai preferir garantir sua tranquilidade, seu emprego e, no caso de algumas editoras, seus lucros. É assim que a censura vai se imiscuindo na vida democrática. E, claro, como possivelmente diria o procurador da República Cleber Eustáquio Neves, “é para o nosso bem”

Os tempos são perigosos. Se nós – todos nós – não ficarmos vigilantes, continuaremos a ter nossa memória e cultura roubadas.

Se o chefe do bombeiro Guy Montag, do “Fahrenheit 451”, sonhasse que um dia bastaria um clique na tecla “deletar” para acabar com um mundo inteiro de sentidos, talvez se tornasse o homem mais feliz do mundo. É curioso que atos ocorridos dentro de uma democracia sejam o sonho mais perfeito dos mais truculentos ditadores. Um clique. E nada mais.

06 de março de 2012
Eliane Brum

Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada.

ENGOLE O CHORO, DILMA!

A troca de guarda no Ministério da Pesca comoveu a República. Os momentos históricos são assim mesmo: abalam os corações mais duros.

A presidente Dilma Rousseff é uma gerente implacável, conforme Lula contou ao Brasil. Uma dama de ferro da administração pública. Dizem que barbados e engravatados tremem na base ao despachar com ela.

Ficou famosa a história de que, numa reunião palaciana, a presidente mandou o ministro da Fazenda “engolir o choro”.

Não é difícil imaginar Mantega se derretendo diante da Tatcher brasileira. Os olhinhos perdidos do ministro devem ter piscado mais do que nunca, especialmente se a voz grave da chefe estivesse naqueles dias de tratar os circundantes como “meu filho” e “minha filha”. Sai de baixo.

E será que algum fato da vida seria capaz de emocionar uma comandante assim tão firme, quase rude de tão pragmática?

Sim. Nenhum ser humano está imune a um evento trágico, desses que testam os limites da existência – como a demissão do companheiro Luiz Sérgio.

Assim como o suicídio de Getúlio Vargas, as baixas em Monte Castelo, a renúncia de Jânio Quadros e a morte de Tancredo Neves, a queda de Luiz Sérgio traz uma carga de comoção quase inassimilável. Duelando com o golpe do destino que deu ao bispo Crivella o emprego de seu companheiro, Dilma chorou.

E tudo indica que o país esteja atravessando um momento histórico especialmente denso, porque um mês antes a dama de ferro também tinha chorado. O outro tsunami emocional viera da despedida do companheiro Fernando Haddad do MEC.

Na ocasião, o detonador da comoção foi a aparição de Lula com a cabeça raspada. Tão ou mais tocante do que o culto evangélico comandado por Crivella na troca de guarda com Luiz Sérgio.

Se você também se emocionou com esse momento histórico, aleluia, irmão.

Mas se você acha que Dilma Rousseff tem que decidir entre a personagem da dama de ferro e a da mulher sensível, e que essas lágrimas todas são para endurecer sem perder a ternura e a eleição de São Paulo, só lhe resta o brado inevitável:

Engole o choro, Dilma! Tenha compostura no cargo e poupe-nos da sua novela mexicana, se não for pedir demais.

06 de março de 2012
guilherme fiuza

AINDA AS PRIVATIZAÇÕES...



Fernando Henrique Cardoso – O Estado de S.Paulo

A recente e tardia decisão do governo federal de enfrentar o péssimo estado da infraestrutura aeroportuária deu margem a loas de quem conhece a precariedade de nossos aeroportos e a justificativas envergonhadas por parte de dirigentes petistas, segundo os quais "concessões" não são privatizações, como se ambas não fossem modalidades do mesmo processo.

Passados tantos anos das primeiras privatizações de empresas e concessões de serviços públicos, e dada a sua continuidade em governos controlados por partidos que se opunham ferozmente a elas, a relevância ideológica da discussão é marginal. Só o oportunismo eleitoral pode explicar por que insistem num tolo debate que sustenta ser "patriótico" manter sob controle estatal um serviço público, ao passo que concedê-lo à iniciativa privada, com ou sem a venda da propriedade, é coisa de "entreguista".

Esvaziar o Estado de funções econômicas não passou pela cabeça dos constituintes, nem dos congressistas ou dos governos que regulamentaram ou modificaram a Constituição para adequá-la às transformações da realidade produtiva. Ainda no final dos anos 80 houve privatização de empresas de menor importância que se haviam tornado estatais porque o Estado as tinha salvado da falência, nas chamadas operações-hospital do BNDES.

No começo dos anos 90, já regulamentadas em lei, as privatizações ganharam corpo. Alcançaram, por exemplo, o obsoleto parque siderúrgico do País, que desde então passou por imensa modernização, com apoio do BNDES, não mais na função de socorrer empresas falidas, mas de promover a atualização do setor produtivo. Na segunda metade dos anos 90, quando se tratou de atrair o capital privado para os investimentos que o Estado já não podia fazer na oferta de telecomunicações, energia, petróleo, etc., flexibilizaram-se monopólios estatais e se criaram as agências reguladoras para assegurar a competição nesses setores, evitando o surgimento de monopólios privados. O governo atuou não apenas para aumentar a concorrência nos leilões – e, portanto, o ágio recebido pelo Tesouro -, mas também para apoiar, por meio do BNDES, o investimento privado que se seguiu à desestatização.

No caso do petróleo, depois da quebra do monopólio, em 1997, a Petrobrás transformou-se numa verdadeira empresa moderna, menos sujeita a influências político-fisiológicas, que hoje se insinuam novamente. Diziam que o governo queria privatizá-la, quando, na verdade, estava comprometido a fortalecê-la. Mantida sob o controle da União, mas submetida à competição, tornou-se uma das cinco maiores petrolíferas do mundo. A participação acionária do setor privado na companhia, existente desde o período Vargas, foi ampliada, até com a possibilidade de uso do FGTS para a compra de ações por parte dos trabalhadores. As contas da empresa tornaram-se mais transparentes para o governo e para a sociedade. A quebra do monopólio veio acompanhada de uma política de indução ao investimento local na indústria do petróleo, com a fixação de porcentuais de conteúdo nacional já nas primeiras licitações realizadas pela ANP. Medida adotada, no entanto, com o equilíbrio necessário para evitar aumento nos custos dos equipamentos e atrasos em sua produção, como agora se verifica.

Nas telecomunicações houve uma combinação de privatização e concessão de serviços. No caso da telefonia celular poucos foram os ativos transferidos, pois ela praticamente inexistia no País. Estamos vendendo vento, brincava Sérgio Motta, então ministro das Comunicações, que sonhava com o dia em que celulares seriam vendidos em todo canto. Pena ter morrido antes de ver seu sonho realizado. Hoje existem no Brasil mais celulares do que habitantes. Na desestatização do Grupo Telebrás houve transferência de ativos. A divisão da holding em várias empresas foi classificada de esquartejamento, quando pretendia assegurar a competição no setor. Graças a esse novo ambiente e às regras estabelecidas pelo governo, as empresas privatizadas foram obrigadas a fazer pesados investimentos para acompanhar os avanços tecnológicos e ampliar o acesso às linhas, inclusive à internet, deixando-nos sem saudades do antiquado sistema de telefonia pré-privatização.

Já no caso da Vale do Rio Doce, assim como da Embraer, houve privatização pura e simples, com a ressalva de que, nesta última empresa, o governo manteve uma golden share, com direito a veto; e o BNDES adquiriu e manteve uma posição importante, de cerca de 20%, no controle da mineradora. Para não falar na participação dos fundos de pensão das empresas estatais. Na privatização da Vale, os críticos diziam que o governo estava alienando o subsolo nacional – uma afirmação descabida, já que este era e continuou a ser propriedade da União, conforme manda a Constituição. Falavam também que a empresa terminaria "desnacionalizada", com número menor de empregos – retórica que os fatos posteriores desmentem sem margem à contestação. Ainda se escutam murmúrios do surrado argumento de que a mineradora, que hoje vale muito mais do que o bom preço por ela pago à época, foi vendida por valor vil (não foi o que se viu no leilão, vencido por um grupo nacional que ousou no preço bem mais do que o considerado razoável pelos demais concorrentes). Ora, se hoje a Vale tem valor em bolsa da ordem de US$ 100 bilhões, é porque, liberta das amarras estatais, pôde chegar aonde chegou.

Os que criticam as privatizações são os mesmos que se gabam dessas empresas e de sermos hoje a quinta economia do mundo. Esquecem-se de que isso se deve em muito ao que sempre criticaram: além das privatizações, o Plano Real, o Proer, a Lei de Responsabilidade Fiscal, enfim, a modernização do Estado e da economia. Mas atenção: não basta fazer concessões e privatizar. É preciso fazê-las com critérios predefinidos, elaborar editais claros, exigir que se cumpram as cláusulas das licitações e evitar que as agências reguladoras se transformem em balcões partidários.

Esperemos para julgar o que ocorrerá com os aeroportos.

AS DUAS INTELIGÊNCIAS

Para efeitos meus, costumo distinguir duas espécies de inteligência, a inteligência burra e a inteligência inteligente. Por inteligência burra, entendo a de um engenheiro que domina o cálculo infinitesimal e não consegue gerir sua vida. Ou a de um cirurgião, que é um virtuose do bisturi mas nada entende do mundo que o cerca.

Já a inteligência inteligente seria aquela de um homem que, além de ser competente em seu ofício, conhece o mundo e a história do mundo em que vive, a meu ver a maneira mais eficaz de conhecer a si mesmo e aos que nos rodeiam. A esta inteligência não se chega lendo livros técnicos. É preciso ler história, filosofia, literatura. Este homem não precisa ser um erudito nestas três áreas: ninguém o é. Mas deverá possuir um conhecimento mínimo dos grandes momentos da aventura humana.

Coloco aqui, ao azar: instituições e filosofia da Grécia antiga, história de Roma, um pouco de judaísmo e muito de cristianismo. Estas são as bases de nossa cultura. Quanto à história pátria, que me desculpem os afonsos celsos da vida, mas ela em pouco ou nada contribui à formação de alguém. É um apêndice da cultura européia. Quem provocou a independência do Brasil não foi Dom Pedro I, como ensinam os livros escolares. Foi Napoleão Bonaparte. Quem norteia o bestunto tupiniquim, não são os pensadores de Pindorama, mas os d’além-mar. O PT, por exemplo, é um subproduto do pensamento de um alemão que vivia em Londres, no século XIX. A Igreja Católica e os neopentescostais que inundam a televisão são decorrências de fatos mais antigos, ocorridos em Jerusalém e Roma há mais de vinte séculos. Originalidade brasileira até que existe. Por exemplo, a regulamentação da profissão de jornalismo.

Estudei História da Filosofia por quatro anos. Nestes estudos, considerei que filosofia é isto: alguém diz que o homem e o universo são assim e vão para lá. Surge outro e diz que o homem e o universo são assado e vêm para cá. A filosofia busca abstrações. Quer definir o que seja o Homem, assim com H maiúsculo, como dizia Sábato. Ora, esse homem não existe. É como buscar o terno ideal que sirva a todos os homens e acaba por não servir a nenhum. O que existe é este homenzinho de todos os dias – com h minúsculo mesmo – que vamos encontrar... na literatura.

O saber racional acaba por negar-se a si mesmo. As filosofias se chocam e se destroem umas às outras. Os filósofos acabam se dando cotoveladas nas enciclopédias, em busca de espaço. Seja como for, filosofia foi a primeira tentativa feita pelo homem de entender seu lugar no mundo. Embora tenha me afastado da filosofia, sempre recomendo ler Platão. Lá estão as eternas perguntas humanas. Mas desista de ler os filósofos contemporâneos. Perderam o rumo. Hoje, a questão principal da filosofia é descobrir quais são os rumos da filosofia.

Só a literatura permanece. Platão, por fascinante que seja, envelheceu. Já a Ars Amatoria, de Ovídio, permanece eternamente jovem. A vida é mais simples do que imaginam os filósofos. O homem nasce e morre e neste interlúdio esperneia. Fim de papo. A filosofia até pode ter pretendido ensinar o homem a viver. Mas a história está repleta de homens que bem conduziram suas vidas, sem nada entender de filosofia.

Comecei minha vida lendo ficções. Foram importantes para minha formação. Ficções, hoje, só releio o que já li. A última ficção que li foi a última que traduzi, em 1993, A Família de Pascual Duarte, de Camilo José Cela. Ficção soberba, aliás. Ou seja, ano que vem completo vinte anos sem ler ficção. Mas os clássicos sempre nos ajudam a melhor entender o mundo e a nós mesmos.

Cheguei àquela idade em que é mais prazeroso reler do que ler. Literatura contemporânea me soa como estar ouvindo todo o dia os mesmos papos de um mesmo boteco. Já autores antigos me fazem viajar ao passado e a geografias distantes.

Em meio a isto, continua provocando indignação a crônica que escrevi sobre os best-sellers recomendados por Veja. Escreve um leitor:

Li o artigo, li novamente e, para emitir minha opinião, efetuei pela terceira vez a leitura de seu artigo.
Sou gaúcho, moro em SP e, em minhas prateleiras, já encontram-se quase que 700 títulos de livros. Todos, sem exceção, pesquiso um mínimo de informações antes de comprá-lo. Claro que compro muita besteira (afinal são 700 livros). Em todos os livros percebo que o autor expressa o que tem. Nada mais, nada menos.
Você espera que o Marcelo Rossi escreva um poema lirico ou então uma sátira atual sobre a economia?! Não. Óbvio que não. Vamos criar juízo pelo fato do autor expressar o que tem internamente? Não. Óbvio que não.
Não gosto também de bests sellers classificados como "povão", mas respeito e não classifico como "lixo". Por fim, para eu entender, porque você acha que todos devem chegar a um Dostoievski, Cervantes ou Nietzsche? Você acha que estas pessoas são melhores?
Lembre-se: quando menos esperar poderás ver sua esposa/filho/ente querido com um Ágape nas mãos!
Abraços
Jonatas

Não, meu caro Jonatas, não espero que o Marcelo Rossi escreva um poema lírico ou uma sátira atual sobre a economia. Nada disso. O que me espanta é ver aquelas bobagens vendendo 7,5 milhões de exemplares. Um país precisa ser muito inculto para tornar um livro desses best-seller. Se bem que, neste sentido, os países em pouco ou nada diferem. Cada um tem o Marcelo Rossi que merece.

Não, não acho que todos devam chegar a um Dostoievski, Cervantes ou Nietzsche. São leituras difíceis, não recomendo a qualquer adolescente. Cá entre nós, nem mesmo acho que as pessoas tenham obrigação de ler. Lê quem busca algo mais que novelas de TV. E há quem se satisfaça plenamente com isto. O penúltimo presidente do país é homem que se gaba de não ler.

Mas estes três autores que você cita são obrigatórios para qualquer pessoa que se pretenda minimamente culta. Em outras palavras: que busque a inteligência inteligente. E não só estes. Quem não tiver idéia de quem foi Ovídio, Homero, Platão, Sócrates, Dante, Swift, Voltaire, Gide, Wilde, Huxley, Orwell, Herman Hesse, Papini, Moravia, Camus, Eça, Pessoa, Hernández, Borges, Sábato, Arlt – falo apenas de mortos – não pode se pretender culto. Não digo que leiam todas suas obras. Mas que pelo menos saibam o lugar que ocupam na cultura ocidental. Você tem uma biblioteca de 700 volumes, não é verdade? Ora, só citei uns vinte autores.

E olhe que estou falando de quem pretenda se considerar minimamente culto. De pessoa culta se exige um pouco mais. É simples: ou você conhece pelo menos o esqueleto da cultura que herdou e que o circunda, ou não conhece. Poderia estender a lista por mais uns cinqüenta nomes, mas fico por aqui.

Mulher ou filho meu jamais teriam Ágape nas mãos. Mulher, porque não me aproximaria de uma leitora do padre Marcelo. Não dá. Não há o que conversar. Talvez haja outras coisas a fazer. Mas conviver, jamais. É o que Goethe chama de afinidades eletivas. Ao procurar um parceiro, queremos alguém que nos acompanhe em nossas predileções. Da mesma forma, eu jamais me aproximaria de uma maconheira ou militante do PSOL. Quanto a filho, convivesse comigo, certamente teria melhores opções de leitura.

Dito isto, as pessoas leiam o que quiserem. Que cada um escolha a inteligência que melhor lhe convier. Para ser bem sucedido neste país nosso, não se exige nenhuma leitura. Reservo-me apenas o direito de manifestar meu pasmo ao ver tanta gente lendo tanto besteirol.

Pior ainda, ver uma revista como a Veja vendo virtudes na leitura de lixo.

06 de março de 2012
janer cristaldo

DILMA NÃO TEM AUTORIDADE OU LEGITIMIDADE PARA PROIBIR UMA VIÚVA DE TOMAR CHICABON NO PORTÃO!

Ou: A tirania, a gravata de bolinhas, a cueca samba-canção e o passeio do Seu Zé! Uma quase-fábula antiga!

Há uma tese ridícula, que circula aqui e ali, segundo a qual os militares da reserva que assinaram aquele texto de protesto estariam contestando a autoridade do ministro Celso Amorim (Defesa). Lê-se lá sobre a censura determinada por Amorim ao primeiro texto dos clubes militares:

“Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro próximo passado, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo.”

AS PALAVRAS FAZEM SENTIDO!

Como a lei garante, de modo claro, inequívoco, sem subterfúgios, o direito de manifestação dos militares, eu também não reconheço — e qualquer legalista não reconheceria — nem “autoridade” nem “legitimidade” para Amorim fazer o que fez. Ora, se a lei não lhe faculta tal expediente, faltam-lhe autoridade e legitimidade para tanto.

É óbvio, não!

Pense num Chicabon!
Agora pense na viúva, uma daquelas de Nelson Rodrigues, que decidisse, mal enterrado o marido, tomar um Chicabon de minissaia no portão.
Dilma tem autoridade e legitimidade para muita coisa, mas não pode proibir a viúva de tomar um Chicabon, de minissaia, no portão.

Dilma pode até levar o Brasil à guerra, com a autorização do Congresso. Mas não pode proibir o uso de gravata de bolinhas. Não tem autoridade e legitimidade pra isso.

Dilma pode centralizar o câmbio, causar um tsunami econômico; pode até tomar medidas que levem o país à bancarrota e ferre o nosso futuro. Mas não pode impor cuecas samba-canção porque fazem bem à fertilidade masculina. Faltam-lhe autoridade e legitimidade para tanto.

Dilma pode dar os rumos da política externa brasileira, mas não pode decidir o rumo do Seu Zé, que mantém o direito de ir e vir. Faltam-lhe autoridade e legitimidade para esse fim.

Dilma não pode, infelizmente, proibir a pochete, o Bolero de Ravel, a comida japonesa, gergelim e derivados (sou alérgico, pô!), música eletrônica, gols do Palmeiras…

Tiranos não entendem a democracia. Todos eles, sem exceção, cultivaram e cultivam hábitos exóticos. O prazer do mando acaba se estendendo às coisas mínimas, aos fricotes, aos transtornos obsessivo-compulsivos, de que todos padecemos em algum grau, intuo eu. Como podem tudo, transformam suas manias em leis. É por isso que, ao ler a biografia de um desses, pegamo-nos, num dado momento, algo fascinados pelo crápula. De algum modo, vivemos, ainda que com o devido asco, a fantasia do poder absoluto. Um tirano entende que só tem poder de verdade se puder, de fato, tudo.

Isso está presente em estado mais do que larvar no petismo. Pensem na fúria com que Lula sempre avançou contra o antecessor, FHC, e os tucanos de maneira geral. Não lhe bastava ser um continuador das boas obras do outro e, claro!, um inaugurador da própria obra. Isso significaria não ter poder absoluto também sobre o passado, que é o outro sonho das almas tiranas. Stálin mandou retocar fotos oficiais — e até as não-oficiais — da consolidação do poder bolchevique eliminando seus adversários. O que fez Lula ao longo de oito anos — e faz ainda — a não ser esse photoshop na história? Os intelectuais do petismo atuam do mesmo modo. Mas não quero perder o fio.

Na democracia, um governante é eleito para exercer o poder segundo a lei. Só pode fazer o que ela lhe permite — é para isso que tem legitimidade e autoridade.

Assim, eu, Reinaldo Azevedo, não reconheço a autoridade e a legitimidade de Dilma para:

- meter-se na vida da viúva que toma Chicabon;
- arbitrar sobre gravata de bolinhas;
- obrigar o uso das cuecas samba-canção (que eu recomendo! Liberdade, liberdade!!!);
- decidir o itinerário do Seu Zé.

E não tem autoridade e legitimidade, também, para punir os militares que assinaram aquele texto. A razão é simples: a lei não lhe dá nem uma coisa nem outra.

A democracia, governanta, é esse regime esquisito mesmo, que os esquerdistas nunca entenderam: confere ao governante poderes formidáveis, que podem fazer a felicidade ou a desgraça de um povo, mas não o direito de interferir em escolhas pessoais as mais banais, fazer o que não está na lei ou agir contra a lei.

Nunca é tarde para aprender!

06 de março de 2012
Reinaldo Azevedo

RELEMBRANDO: ESCÂNDALO DA BANCOOP


VEJA: MAIS UM ESCÂNDALO DO PT - O CASO BANCOOP

Há algum tempo, fala-se no escândalo do Bancoop, mas somente agora surgem as provas materiais, que estão nas mãos do Promotor José Carlos Blat (são 8000 páginas). A revista Veja desta semana publica reportagem com a denúncia inteira. A coisa é bem feia, como mostram os trechos a seguir:

"A casa caiu - O Ministério Público quebra sigilo da Bancoop e descobre que dirigentes da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo lesaram milhares de associados, para montar um esquema de desvio de dinheiro que abasteceu a campanha de Lula em 2002 e encheu os bolsos de dirigentes do PT. Eles sacaram ao menos 31 milhões de reais na boca do caixa.

TSUNAMI DE PALAVRAS

"ELES" NÃO CRIAM SÓ COPIAM, LOGO : QUANDO É PRECISO MOSTRAR SERVIÇO E OS "doUtoUres/as" NÃO TÊM SOFTWARE PARA COPIAR : Tsunami de palavras

A presidente Dilma Rousseff tem fortes motivos para se preocupar com a enxurrada de euros, dólares e libras lançada nos mercados por três dos maiores bancos centrais do mundo rico.

Essa inundação de moeda - tsunami, segundo ela - é realmente prejudicial ao Brasil e a outras economias em desenvolvimento.

Mas nenhum problema será resolvido com sua peroração contra as políticas fiscal e monetária adotadas para combater a crise nos Estados Unidos, na zona do euro e no Reino Unido.

A presidente exibe uma evidente inclinação para um velho esporte latino-americano - atribuir aos outros toda a responsabilidade por seus infortúnios e fazer muito menos que o necessário e possível para corrigir as próprias deficiências.

Ela tem um motivo legítimo para preocupação, mas os brasileiros têm dois:
o efeito cambial da inundação monetária e a pouca disposição do governo para cuidar seriamente dos problemas internos de competitividade.

A chanceler alemã Angela Merkel prometeu e já deve ter explicado à presidente brasileira a estratégia europeia de combate à crise, determinada em grande parte pelos políticos da Alemanha.

Essa estratégia inclui um forte aperto fiscal na maior parte dos países, porque quase todos enfrentam graves desajustes orçamentários e têm pouco espaço para aumentar seus gastos.

De fato, até poderiam gastar um pouco mais e aumentar o estímulo fiscal à recuperação, como propõem as autoridades brasileiras, mas isso os líderes alemães não aceitam.

A crise tem sido atenuada pela expansão monetária promovida pelo Banco Central Europeu (BCE), formalmente autônomo em relação aos governos da zona do euro.

O dinheiro emitido para operações de socorro - cerca de 1 trilhão só a partir de dezembro - tem dado algum alívio aos Tesouros e alguma segurança adicional aos bancos.

Ontem, um repórter perguntou à presidente Dilma Rousseff, na Alemanha, se, ao se queixar à chanceler alemã, o governo brasileiro não estaria sugerindo uma intervenção na política, legalmente autônoma, do BCE.

"Não" respondeu a presidente, "e sabe por quê? Por que estão interferindo na nossa."

Não está claro se ela entendeu a pergunta, mas pelo menos quanto a um ponto não há dúvida: sua resposta indica uma confusão entre fatos muito diferentes.

Qualquer decisão econômica tomada num grande país ou bloco importante pode afetar positiva ou negativamente a economia de outros países, sem, no entanto, violar sua autonomia.

Brasília não violou a autonomia argentina, quando sancionou a desvalorização do real em janeiro de 1999. Foi uma ação direta sobre o câmbio.
No caso da enxurrada de euros, o efeito cambial é indireto.

Tampouco se pode atribuir aos dirigentes do BCE a intenção de mexer indiretamente no mercado cambial ou de criar uma barreira protecionista - acusação formulada pela presidente brasileira.

Ao contrário do BCE e do Federal Reserve, dos Estados Unidos, o governo chinês tem uma clara política de subvalorização cambial, muito raramente citada pelo governo brasileiro.

Políticas cambiais pertencem, ainda, à jurisdição exclusiva de cada país, embora afetem diretamente as trocas internacionais.

Mas o assunto, apesar do justificável empenho brasileiro, continua fora da pauta oficial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Muito menos sujeita ao controle externo é a política monetária, e há excelentes razões para isso.

O governo brasileiro não deveria esquecer esse fato.

As autoridades de Brasília, podem, no entanto, fazer muito, internamente, para tornar a empresa nacional mais eficiente e mais capaz de competir.

Poderia ir muito além das ações defensivas, incluídas nesse conjunto as medidas de controle do fluxo de capitais.

Antes das novas ações do BCE já se esperava um ano ruim para as exportações. Projeções do Banco Central do Brasil divulgadas em dezembro já indicavam uma grande redução do superávit comercial.

A expectativa de crescimento recém-anunciada pelo governo da China - 7,5%, depois de muitos anos com taxas entre 9% e 10% - reforça os motivos de preocupação, mas não traz novidade radical.

Apenas confirma a inércia do governo brasileiro diante das ineficiências e custos excessivos da economia nacional.

O Estado de S. Paulo

OS 125 ANOS DE VILLA-LOBOS E A JUVENTUDE DE SEUS SONHOS

Há exatos 125 anos, em 5 de março de 1887, nascia no Rio de Janeiro Heitor Villa-Lobos, filho de Raul Villa-Lobos, funcionário da Biblioteca Nacional e músico amador.

Ao buscar na música indígena e no folclore nacional os elementos para as suas maduramente modernas composições, Villa-Lobos tentava no alvorecer do século XX, com grande ímpeto estilístico e elaborada composição artística, derrubar os obstáculos linguísticos e técnicos que separavam, e ainda dificultam, o conhecimento e o apreço da cultura popular pelo sofisticado e perene estilo clássico.

A coletânea de canções folclóricas destinadas à educação musical nas escolas, denominada de “O Guia Pático”, resultou de ampla pesquisa e valorosa construção experimental pelo vasto território do inigualável e ainda desconhecido Brasil.

A preocupação do maestro com a difusão artística e com a educação musical como caráter indispensável para a formação humanística das gerações vindouras merece ser louvada em sua polissêmica “Exortação Cívica”. Ainda que com o “Cair da Tarde” em nossa tortuosa história se tenha perdido a “Evocação” e tão “Miudinho” ainda reste dessa valorosa ferramenta na escola brasileira de grandes projetos e tímidas realizações políticas de nossos dias.

Nada contra as demais manifestações que compuseram o nosso modernismo e inseminaram as bases para a nossa modernização enquanto país, mas o que recebeu o bom trabalho e superou o experimentalismo e a mera ruptura, respeitando a tradição e difundindo uma versão verdadeiramente criativa na junção de elementos e respeitável por suas bases acadêmicas e a solidez de sua construção, sempre será preservado enquanto projeto de transformação nacional e de promoção da sofisticação cultural sem preconceitos e baseada unicamente na disponibilização indiscriminada de todo o conhecimento que é indispensável para o desenvolvimento e para o bom gosto.

Villa-Lobos vive em cada um de nós.

05 de março de 2012
Pedro Ricardo Maximino

A IMPLOSÃO DO PIOR DISCURSO...

Celso Arnaldo conclui a antológica implosão do pior discurso de todos os tempos

MINHA CASA, MINHA DILMA II, A MISSÃO: RECIFE, CIDADE COM GRANDE CONCENTRAÇÃO DE BRASILEIROS E BRASILEIRAS, TEM DOIS RIOS QUE DERAM ORIGEM AO OCEANO ALTÂNTICO ─ E UM DELES VAI DESLUMBRAR OS ESTRANGEIROS QUE FREQUENTAM VENEZA


- se você aguentar assistir até o fim... meus parabéns! -

“Quem não tem casa no Brasil?”, pergunta a presidente aos 11:13 do vídeo do já histórico discurso do Recife, com os indicadores em riste enfatizando a poderosa indagação. A pergunta evidentemente se vale de um recurso estilístico próprio de grandes oradores: a retórica. A resposta é dispensável: milhões de pessoas não têm casa no Brasil – e mais de 95% da plateia do discurso pertence a essa categoria. Mas um espírito de porco aceita o repto da inflamada presidente:

─ Eu!

A reação popular a desconcerta, deixando-a literalmente boquiaberta, o dedo no ar desacompanhado da palavra suspensa na última hora. Mas Dilma tira o incidente de letra ─ letras são sua especialidade.

─ Ah, é você!!

E passa a responder ao único recifense que não tem casa. Pergunta que não quer calar: por que, antes do Minha Casa Minha Vida, uma pessoa que não tinha casa não tinha casa, presidente?

“Porque não conseguia comprá casa. Por um motivo muito simples: não conseguia comprá casa”.

Tantos economistas com PhD quebrando a cabeça para explicar o déficit habitacional brasileiro e foi preciso uma doutora sem doutorado para explicar-lhes o fenômeno em dilmês: agora, com o Minha Casa Minha Vida, todo brasileiro consegue comprar sua casa. A lógica de Dilma é tão meridiana que custa acreditar que o MCMV ainda não tenha dado certo: 480 casas do PAC 2 aqui, outras 500 do 1 ali, ele – como a presidente se refere ao programa trimilionário – ainda está muito longe de seu primeiro milhão.

Mas, justiça seja feita, ela admite que ainda falta um pouco para que os “190 milhões” sejam proprietários:

“É visível que nem todos que precisam tenham ainda acesso à casa. Mas também é visível que cada vez mais nós estamos vendo as pessoas, as famílias, as mulheres, aparecerem e terem acesso a sua casa”.

Dilma parece estimular uma nova política de vizinhança à brasileira, na qual pessoas, mulheres e famílias inteiras aparecem na porta de nossas casas, querendo entrar.

A economista então pede licença à presidente – quando nada, para justificar por que não conseguiu levar adiante o doutorado em economia:

“Nós somos reconhecidos como um dos países mais estáveis, que crescem e que distribuem renda. Pra vocês terem uma ideia, muitos países crescem. Mas na maioria desses países que crescem, a renda não se distribui, ela se concentra: uns ficam mais ricos e outros ficam pobres”.

É o caso da Dinamarca, mas não do Brasil, onde, segundo Dilma, “o povo cresce junto, o povo não fica pra trás”.

‘CUMÉ QUE VAI TRABALHÁ’
Uma velha lição de mestre Ulysses – aquele que, como disse Dilma um dia, “escreveu o verso navegar é preciso” — nos dá conta de que as pessoas não moram na União ou no estado, mas no município. Uma lição que a supergente reescreve a seu modo:

“Outra coisa muito importante são as nossas cidades. São as nossas cidades”.

Tão importante que Dilma deixou o Ministério das Cidades a cargo de duas nulidades suspeitas, mantendo Mario Negromonte e depois nomeando Aguinaldo Ribeiro. Mas a importância de fato começa pela cidade-anfitriã do discurso:

“Recife, capital de Pernambuco, e toda a região metropolitana do Recife são um dos grandes polos de concentração de brasileiros e brasileiras neste país”, diz a presidente, desmentindo os saudosistas que ainda veem holandeses e holandesas dominando a cidade.

E Dilma, que fala de um Recife como jamais sonhou Gilberto Freire, dá um tapa na cara de quem critica seu vocabulário limitado:

“Nós não podemos relegá, nós não podemos abandoná, nós não podemos deixá as nossas cidades degringolarem, nós não podemos deixá-la entrar em decadência, nós não podemos deixá que aonde a gente mora não tenha aquele cuidado que a gente coloca na casa da gente”.

Sem indicar se existe alguém que pensa diferente disso, a presidente fala de um investimento de 2 bilhões de reais na cidade para melhorar o direito de ir e vir dos recifenses:

“Uma das questões principais pra quem mora e pra quem trabalha numa cidade é como se movimentá. Cumé que sai de casa e vai trabalhá, cumé que sai de casa e vai passeá. Essa questão é fundamental numa cidade”.

Pessoas da plateia acusam um choque. Mas não com o fio desencapado do dilmês – foi o cabo de microfone. Um passinho pra trás, a seu pedido, e o problema é contornado:

“Ô, povo bom!”, celebra a presidente.

“Olé, olé, olá, Dilmá, Dilmá!”.

ONÇA NORDESTINA
Dilma agradece o carinho da plateia com uma notícia em primeira mão: Recife passará a ser banhada pelo Rio Tâmisa.

“Nós vamos transformar o Rio Capibaribe numa estrada, num caminho, numa rua fluvial”.

O rio, aliás, junto com seu irmão Beberibe, está mitologicamente destinado a um upgrade oceânico – no folclore das origens do Recife, os dois rios deram origem ao Atlântico. E Dilma deve ter ouvido falar nisso:

“Uma cidade que foi construída porque aqui tinha dois rios que formava (sic) o Oceano Atlântico tem de valorizar esses rios”.

O novo Capibaribe criado com ajuda do governo federal confirmará, na prática, o apelido de Veneza brasileira cunhado para Recife com algum exagero. Não faltarão as gôndolas:

“Posso dizer pra vocês que muitos brasileiros e estrangeiros virão aqui só pra andar de barco no Rio Capibaribe. Vocês vão usá como transporte. Nós vamos vim aqui e aproveitá da beleza também”.

Bolsa de apostas já formada: o que correrão primeiro, os barcos de passageiros da Capibaribe Highway, os trens da Transnordestina ou as águas da Transposição do Rio São Francisco?

No final da histórica apresentação, os pleitos e as lágrimas de muitos dos presentes – moradores do antigo conjunto habitacional de Muribeca, na Grande Recife, conhecidos como prédios-caixão, que estão se desfazendo – trazem tensão ao ambiente de festa da casa própria, aliviada pela promessa de Dilma de acionar a Caixa Econômica para incluir as vítimas, com prioridade, no MCMV.

“Para o Minha Casa Minha Vida tem um critério: nós atendemos primeiro aqueles que correm risco”.

Aqui, pela primeira vez ao longo do discurso do Recife, leve-se a saudável promessa presidencial a sério – para posterior cobrança, também a sério.

E, igualmente a bem da justiça, ressalte-se que, quando Dilma menciona em seguida as taxas de crescimento do Nordeste, próprias dos tigres asiáticos, usa uma figura de linguagem que soa bastante aceitável:

“Nós temos aqui uma onça nordestina”.

Taí, nada a reclamar: a imagem é boa, a frase tem começo, meio, fim e um miolo.

Um golzinho de honra, legal, na lavada impiedosa que levou o dilmês no palanque dos aflitos.

REVANCHISMO EM NOME DO PODER


Essa crise envolvendo o governo e os inativos das Forças Armadas deve-se fundamentalmente à uma mentira sustentada na mídia e nos meios políticos, segundo a qual se afirma que a volta do Brasil à plenitude democrática é fruto de uma vitória das forças que se opunham ao “Regime Militar”. Isso não é e nunca foi expressão da verdade.

Nessa queda de braço, não houve vencidos nem vencedores, mas tão somente uma redemocratização pacífica e conciliatória, sob a égide de uma Anistia ampla, total e irrestrita, que agora uma minoria radical tenta desrespeitar, movida pela torpeza de um revanchismo que chega às raias da bestialidade.

O único combate que existiu no decorrer daquele período de governo foi o das forças legais contra os grupos clandestinos da extrema esquerda, que, pela ação terrorista urbana ou amotinados na região do Araguaia, desafiavam as autoridades constituídas, com o fito de desestabilizá-las, tornando-as vulneráveis à ação do Movimento Comunista Internacional, que tencionava atrelar o Brasil aos ditames de Moscou.

Hoje, sob uma ótica equivocada, supondo a existência de homens derrotados na figura de militares e agentes das forças legais que os derrotaram, antigos traidores pátrios da época, encastelados no poder, conquistado em eleições viciadas e nomeações politiqueiras, imaginam ser os “reis da cocada preta” e tentam, ao arrepio da lei , vingar a derrota sofrida no tempo da Guerra Fria, pelo emprego das ferramentas do poder, como se elas fossem a “foice e martelo”, que tentaram empunhar em vão para ceifar a nossa soberania e pregar na cruz a nossa liberdade religiosa.

06 de março de 2012
Lino Tavares é jornalista

HISTÓRIAS DO SEBASTIÃO NERY

O homem de março
Na tarde de 22 de agosto de 1961, às dezessete horas, o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Abreu Sodré, o presidente de Centro Acadêmico 22 de agosto da PUC paulista, Mário Garnero, políticos e jornalistas receberam no aeroporto de Congonhas o governador Carlos Lacerda, da Guanabara.

O Centro Acadêmico da PUC estava realizando uma “Semana da Unidade Nacional”, e convidou treze governadores, outros políticos, empresários e jornalistas para falarem, ao longo da semana, no auditório da TV Excelsior, que transmitia as palestras e debates ao vivo.

Quando Lacerda chegou ao auditório, foi recebido por uma pequena multidão. A muito custo o governador da Guanabara conseguiu alcançar o auditório, enquanto lacerdistas e esquerdistas se engalfinhavam.

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SERRA

Os esquerdistas soltaram urubus na porta do auditório. Quando as cortinas foram abertas, começou a vaia, que só parou durante a execução do Hino Nacional. A confusão se generalizou.

Ricardo Zaratini, um estudante grandalhão, invadiu o palco, disposto a avançar sobre Lacerda. A palestra de Lacerda virou discurso e durou duas horas. O programa teve grande audiência e, no dia seguinte, o episódio estava na primeira página dos jornais.

Os esquerdistas eram liderados pelo então presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo e, em 1963, da UNE, José Serra,

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FERNANDO HENRIQUE

No fim de 2002 e do seu segundo mandato na presidência Republica, Fernando Henrique Cardoso conversava no palácio da Alvorada, em Brasília, com José Serra, candidato do PSDB, do PFL e da maioria do PMDB à sua sucessão, e numerosos lideres tucanos, sobre a escolha do seu candidato a vice, quando Serra falou em Itamar Franco.

Fernando Henrique perguntou:

- Serra, e se você morrer?

Isso os jornais contaram. Mas esconderam o resto da pergunta :

- Serra, o Itamar é confiável? Ele assume e vai perseguir até o fim a todos nós, que ficamos vivos.

Mal Serra saiu, Fernando Henrique, que sabia que ele já tinha convidado Jarbas Vasconcelos, que não aceitou porque não ia deixar o governo de Pernambuco, e Itamar Frasnco, mandou Pimenta da Veiga vetar imediatamente Itamar em nome do PSDB de Minas, e Gedel Vieira Lima vetar em nome do PMDB oficial.

Com o veto de Fernando Henrique no PSDB e no PMDB, Itamar, que vinha credulamente conversando com Aécio Neves e havia anunciado que só falaria na noite de sexta-fera, 5, antecipou a decisão para a manhã de sexta e ficou no governo para disputar a reeleição e discutir o apoio a Lula.

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GASPARIAN

O Conselho Editorial da “Editora Paz e Terra” era assim: Antonio Candido, Celso Furtado, Fernando Henrique Cardoso. O dono e editor, Fernando Gasparian. Foi assim que a “Paz e Terra” nasceu.

Cansados de brigarem com Ulysses Guimarães e Orestes Quércia, porque queriam controlar o PMDB de São Paulo para lançarem Mário Covas à Presidência da República nas eleições de 89, os então senadores Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, e os deputados José Serra e Fernando Gasparian, todos do PMDB de São Paulo, reuniram-se uma noite em São Paulo, durante a Constituinte, para fundar um novo partido.

Serra fez longa exposição defendendo o fim do Estado forte, o neoliberalismo e as privatizações. Gasparian não gostou:

- Nesse partido eu não entro. Vai ser uma UDN entreguista.

Os três participaram do comando da fundação do PSDB. Gasparian continuou no PMDB.

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MARÇO

José Serra é assim. Desde a UEE (União Estadual dos Estudantes de São Paulo) e depois a UNE (União Nacional dos Estudantes), quando presidiu as duas, sempre foi assim. Não manda recado. Debate e defende suas opiniões e posições abertamente,

O mês de março é dele. Nasceu em 19 de março (dia de São José) de 1942. Em 13 de março de 1964, como presidente da UNE, foi o mais jovem orador do histórico comício em defesa das “Reformas de Base”, diante da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, comandado por João Goulart, Leonel Brizola, Miguel Arraes, Francisco Julião, os lideres sindicais Clodsmith Riani, Dante Pelacani, Mario Lima , outros. Todos mortos. Vivo, só Serra.

Agora, neste março, decide afinal disputar a prefeitura de São Paulo, forçando a antecipação e abertura de um processo político nacional que vai desaguar nas eleições de 2014, quaisquer que sejam os resultados de 2012.

Sebastião Nery
06 de março de 2012

MILITARES USAM FRASE DA "PASSIONÁRIA" PARA CONTESTAR GOVERNO

Em manifesto tornado público através do site do Clube Militar – reportagem de Evandro Éboli, O Globo de 3 de março – oficiais do Exército, entre eles 44 generais, usaram frase de Dolores Ibarruri, a Passionária, deputada comunista, proferida na guerra civil espanhola. “Não passarão”, afirmou Ibarruri, conclamando o povo a resistir.

A guerra civil durou de 36 a 39 e conduziu Franco a uma longa etapa de poder absoluto que só terminou com a morte do ditador em 1975. Houve o bombardeio nazista à cidade de Guernica, que inspirou Picasso, antifranquista, a pintar uma das obras mais famosas do mundo. Agora, 2012, os militares visitam o passado e nele se inspiram para redigir e divulgar documento que está na Internet com o título Alerta à Nação: Eles não passarão.

Opõem-se à criação da Comissão da Verdade (escrevi sobre isso) e contestaram diretamente o governo, não só pela medida, mas também porque não reconhecem qualquer autoridade e legitimidade no ministro Celso Amorim para, cumprindo ordens da Presidente Dilma, determinar punições militares aos signatários. Uma nítida atitude de rebeldia. São todos oficiais da reserva, porém sujeitos ao regulamento militar.

Também no sábado 3, a repórter Tânia Monteiro focalizou o episódio no O Estado de S. Paulo, com foto de André Dusek. A crise foi deflagrada. Esta aí exposta. O Planalto tem que procurar uma saída política para não sofrer rebate no princípio da autoridade. Os oficiais fazem reparos à anistia concedida a Lamarca. Isso é uma coisa. A Comissão da Verdade, outra.

Ninguém pode ser contra a busca da verdade. Não se refere somente aos casos de tortura, mas também, por exemplo, ao tenebroso atentado do Riocentro. O Exército acobertou de forma absurda, da mesma forma que o general Valdir Muniz, secretário do governo Chagas Freitas, na área estadual, omitiu-se no caso da explosão das oficinas que culminou com o incêndio da Tribuna da Imprensa.

A Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso, e sancionada pelo presidente João Figueiredo, em agosto de 79, elimina a perspectiva de condenações, mas não se destina a impedir que fatos verdadeiros venham a público. Por isso, penso, também não tem cabimento a afirmativa do presidente da Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, Paulo Abrão. De que o processo da verdade não deve se estender hoje aos guerrilheiros de ontem. Pois se eles recebem pensões do Tesouro nacional, e as consideram legítimas, caso contrário não poderiam aceitá-las, por seu turno nada devem temer.

A verdade não pode ser privilégio apenas de uma corrente. O que está em jogo, entretanto, são os porões da repressão. O sadismo, o reflexo financeiro contido em financiamentos particulares a uma operação como a Oban. A prisão de religiosos, caso do Frei Libânio de Cristo (Frei Beto), um intelectual que se envolveu em ações contestatórias à ditadura de então.

A verdade, acima de tudo, é ainda mais ampla do que a sórdida tortura, sempre covarde, imunda e doentia. Ela se projeta no direito de familiares dos mortos sem sepultura poderem enfim sepultá-los. Se foram queimados, como traficantes fazem nos morros do Rio, ou se lançados de aviões no oceano, como aconteceu na Argentina, o surgimento da verdade servirá de túmulo, não apenas aos mortos, mas a toda uma fase negra da história do Brasil.

O homem de março
Sebastião Nery

Na tarde de 22 de agosto de 1961, às dezessete horas, o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Abreu Sodré, o presidente de Centro Acadêmico 22 de agosto da PUC paulista, Mário Garnero, políticos e jornalistas receberam no aeroporto de Congonhas o governador Carlos Lacerda, da Guanabara.

O Centro Acadêmico da PUC estava realizando uma “Semana da Unidade Nacional”, e convidou treze governadores, outros políticos, empresários e jornalistas para falarem, ao longo da semana, no auditório da TV Excelsior, que transmitia as palestras e debates ao vivo.

Quando Lacerda chegou ao auditório, foi recebido por uma pequena multidão. A muito custo o governador da Guanabara conseguiu alcançar o auditório, enquanto lacerdistas e esquerdistas se engalfinhavam.

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SERRA

Os esquerdistas soltaram urubus na porta do auditório. Quando as cortinas foram abertas, começou a vaia, que só parou durante a execução do Hino Nacional. A confusão se generalizou.

Ricardo Zaratini, um estudante grandalhão, invadiu o palco, disposto a avançar sobre Lacerda. A palestra de Lacerda virou discurso e durou duas horas. O programa teve grande audiência e, no dia seguinte, o episódio estava na primeira página dos jornais.

Os esquerdistas eram liderados pelo então presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo e, em 1963, da UNE, José Serra,

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FERNANDO HENRIQUE

No fim de 2002 e do seu segundo mandato na presidência Republica, Fernando Henrique Cardoso conversava no palácio da Alvorada, em Brasília, com José Serra, candidato do PSDB, do PFL e da maioria do PMDB à sua sucessão, e numerosos lideres tucanos, sobre a escolha do seu candidato a vice, quando Serra falou em Itamar Franco.

Fernando Henrique perguntou:

- Serra, e se você morrer?

Isso os jornais contaram. Mas esconderam o resto da pergunta :

- Serra, o Itamar é confiável? Ele assume e vai perseguir até o fim a todos nós, que ficamos vivos.

Mal Serra saiu, Fernando Henrique, que sabia que ele já tinha convidado Jarbas Vasconcelos, que não aceitou porque não ia deixar o governo de Pernambuco, e Itamar Frasnco, mandou Pimenta da Veiga vetar imediatamente Itamar em nome do PSDB de Minas, e Gedel Vieira Lima vetar em nome do PMDB oficial.

Com o veto de Fernando Henrique no PSDB e no PMDB, Itamar, que vinha credulamente conversando com Aécio Neves e havia anunciado que só falaria na noite de sexta-fera, 5, antecipou a decisão para a manhã de sexta e ficou no governo para disputar a reeleição e discutir o apoio a Lula.

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GASPARIAN

O Conselho Editorial da “Editora Paz e Terra” era assim: Antonio Candido, Celso Furtado, Fernando Henrique Cardoso. O dono e editor, Fernando Gasparian. Foi assim que a “Paz e Terra” nasceu.

Cansados de brigarem com Ulysses Guimarães e Orestes Quércia, porque queriam controlar o PMDB de São Paulo para lançarem Mário Covas à Presidência da República nas eleições de 89, os então senadores Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, e os deputados José Serra e Fernando Gasparian, todos do PMDB de São Paulo, reuniram-se uma noite em São Paulo, durante a Constituinte, para fundar um novo partido.

Serra fez longa exposição defendendo o fim do Estado forte, o neoliberalismo e as privatizações. Gasparian não gostou:

- Nesse partido eu não entro. Vai ser uma UDN entreguista.

Os três participaram do comando da fundação do PSDB. Gasparian continuou no PMDB.

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MARÇO

José Serra é assim. Desde a UEE (União Estadual dos Estudantes de São Paulo) e depois a UNE (União Nacional dos Estudantes), quando presidiu as duas, sempre foi assim. Não manda recado. Debate e defende suas opiniões e posições abertamente,

O mês de março é dele. Nasceu em 19 de março (dia de São José) de 1942. Em 13 de março de 1964, como presidente da UNE, foi o mais jovem orador do histórico comício em defesa das “Reformas de Base”, diante da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, comandado por João Goulart, Leonel Brizola, Miguel Arraes, Francisco Julião, os lideres sindicais Clodsmith Riani, Dante Pelacani, Mario Lima , outros. Todos mortos. Vivo, só Serra.

Agora, neste março, decide afinal disputar a prefeitura de São Paulo, forçando a antecipação e abertura de um processo político nacional que vai desaguar nas eleições de 2014, quaisquer que sejam os resultados de 2012.

Pedro do Coutto
06 de março de 2012