Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
OS GENERAIS PRESIDENTES
"Erros foram praticados durante o regime militar, eram tempos difíceis. Claro que no reverso da medalha foi promovida ampla modernização de nossas estruturas materiais. Fica para o historiador do futuro emitir a sentença para aqueles tempos bicudos; mas alguns fatos incontestáveis saltam aos olhos:
Castelo Branco,
Quando morreu num desastre de avião, verificaram os herdeiros que seu patrimônio limitava-se a um apartamento em Ipanema e umas poucas ações de empresas públicas e privadas.
Costa e Silva,
Acometido por um derrame cerebral, recebeu de favor o privilégio de permanecer até o desenlace no palácio das Laranjeiras, deixando para a viúva a pensão de marechal e um apartamento em construção, em Copacabana.
Garrastazu Médici
Dispunha, como herança de família, de uma fazenda de gado em Bagé, mas quando adoeceu, precisou ser tratado no Hospital da Aeronáutica, no Galeão.
Ernesto Geisel,
Antes de assumir a presidência da República, comprou o Sítio dos Cinamonos, em Teresópolis, que a filha vendeu para poder manter-se no apartamento de três quartos e sala, no Rio.
João Figueiredo,
Depois de deixar o poder, não aguentou as despesas do Sítio do Dragão, em Petrópolis, vendendo primeiro os cavalos e depois a propriedade. Sua viúva, recentemente falecida, deixou um apartamento em São Conrado que os filhos depois colocaram à venda, ao que parece em estado lamentável de conservação.
Não é nada, não é nada, mas os cinco Generais-Presidentes até podem ter cometido erros, mas não se meteram em negócios, não enriqueceram, nem receberam benesses de empreiteiras beneficiadas durante seus governos. Sequer criaram institutos destinados a preservar seus documentos ou agenciar contratos para consultorias e palestras regiamente remuneradas.
Bem diferente dos tempos atuais, não é? "
Por exemplo o Lulinha, filho do Lula, era até pouco tempo atrás funcionário do Butantã/SP, com um salário (já na peixada política) de R$ 1.200,00 e hoje é proprietário de uma fazenda em Araraquara, adquirida por 47 milhões de reais, e detalhe, comprada a vista.
Centenas de outros politicos, também trilharam e trilham o mesmo caminho.
Se fosse aberto um processo generalizado de avaliação dos bens de todos politicos, garanto que 95% não passariam, seria comprovado destes o enriquecimento ilícito.
Como diria Boris Casoy:
"Isto é uma vergonha" e pior, ninguém faz nada".
Por Carlos Chagas - Jornalista
O ANDOR DE BEZERRA NÃO VAI LIVRAR PIMENTEL DA PROCISSÃO DOS PECADORES FEDERAIS
O caso está encerrado, decidiram Dilma Rousseff e Fernando Pimentel, ambos grávidos de ansiedade pelo pronto engavetamento das histórias muito mal contadas que envolvem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O caso está mais aberto que nunca, avisa o artigo de J. R. Guzzo na última página da mais recente edição de VEJA, reproduzido na seção Feira Livre. Como registra o autor, a chefe de governo ─ provavelmente animada com as festas da virada do ano ─ incorporou os três Poderes para dispensar de quaisquer esclarecimentos o velho parceiro de comunismo & clandestinidade. “Se quiser falar, ele fala”, resumiu o neurônio solitário. “Se não quiser, ele não fala”. Má ideia, alerta o texto de J. R. Guzzo.
Se optar pela mudez seletiva, Pimentel vai anexar uma silenciosa confissão de culpa à pilha de provas e evidências que o incriminam. São mais que suficientes para saber-se que o primeiro escalão federal abriga um ex-prefeito de Belo Horizonte que, até virar ministro, embolsou pelo menos R$ 2 milhões traficando influência com a fantasia de “consultor”. Como a fila dos vigaristas federais não para de andar, o ministro e a presidente parecem acreditar que o andor de Pimentel já cruzou a zona de turbulência e foi substituído pelo que hospeda o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
Logo saberão que se enganam. No momento, o pernambucano que combate inundações no Sudeste com obras em seus currais eleitorais no Nordeste lidera a luta por espaço no noticiário. Mas o duelo será equilibrado por mais um lote de revelações sobre o ministro do Desenvolvimento que não consegue explicar o próprio desenvolvimento financeiro. Caso tivesse juízo, Dilma aproveitaria a fantasia da “reforma ministerial” para livrar-se do duplo abraço de afogado. Como não tem, a presidente talvez prefira manter no emprego esses anões morais paridos pela Era da Mediocridade.
Faz sentido. Onde o país decente enxerga dois sócios remidos do clube dos cafajestes, Dilma vê apenas um par de patriotas com a cara do Brasil que reinventou em parceria com o padrinho Lula. Nesses trêfegos trópicos, o cinismo eleitoreiro e a ganância de agiota são virtudes.
Por Augusto Nunes - Veja Online
OS EXTERMINADORES DO FUTURO IV - 2ª PARTE: A DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA DA JUVENTUDE E A MODIFICAÇÃO DO SENSO COMUM
Artigos - Movimento Revolucionário
A Carta della Scuola objetivava criar uma escola dividida em diferentes gradações para selecionar “os melhores”, isto é, os que mais facilmente se sujeitavam às categorias mentais da ideologia burocrática fascista.
Num artigo anterior chamei de quarta fronteira, invisível aos olhos de quem não estudou a matéria, que é tão ou mais importante (do que as geográficas) aquela que, na falta de um termo melhor, denomino genericamente fronteira ideológica. Não me refiro ao conceito hegeliano de ideologia, mas à infiltração muitas vezes subliminar, de idéias que minam não somente o conceito de nacionalidade, como também as crenças religiosas, os valores pátrios e as tradições nacionais, a moral e os costumes e a linguagem – enfim, tudo o que mantém nosso país uno e indivisível.
O mesmo pode-se dizer da civilização ocidental: as fronteiras geográficas, físicas, estão sendo derrubadas através do galopante avanço da globalização. Focalizarei aqui especificamente a fronteira ideológica que, como qualquer uma, tem seus pontos fortes e fracos. Os antigos guerreiros descobriram que mesmo muralhas aparentemente inexpugnáveis, sempre tinham pontos fracos por onde o inimigo podia penetrar. Além das fraquezas físicas, é clássica a invenção grega do cavalo de Tróia, e até mesmo na informática existem programas com este nome, invasores que se alojam no interior da máquina e enviando dados para outras máquinas. Além da traição, um método talvez mais eficiente seja a quinta coluna (1): um grupo de simpatizantes secretos que apóiam o inimigo, realizando atos de espionagem e sabotagem contra as defesas de seu país.
Como não se trata aqui de guerra militar, mas invasão de consciências, as muralhas a derrubar são aquelas comuns que mantém a universalidade da civilização ocidental, baseada em três pilares principais: a tradição religiosa e moral judaico-cristã, a filosofia grega e o legado medieval, e o direito romano. Delas derivam um conceito que apareceu pela primeira vez na história: a noção dos direitos fundamentais e inalienáveis do indivíduo à vida, à liberdade e à busca da felicidade, base para o rule of law.
As novas roupas do imperador
A clássica obra de Hans Christian Andersen é bem conhecida, portanto basta resumir brevemente seu argumento principal. Um rei idiota gastou fortunas com vigaristas travestidos de alfaiates para reformar seu guarda-roupa. Estes nada fizeram, embora parecessem estar numa azáfama febril. Inspecionados por uma comissão de ministros, mostraram um tear vazio, perguntando se aquele não era um tecido magnífico. Embaraçados por sua “falta de visão da realidade” os ministros não somente acreditaram como convenceram o rei quando ele viu que não havia nada para vestir. Como a corte inteira enxergava, o rei terminou por se convencer e exclamar: “que vestes magníficas, perfeitas!” e saiu à rua. Enquanto toda a população elogiava a “linda vestimenta”, uma criança pequena, intrigada, exclamou: “mas ele não tem nada sobre o corpo!” Popularmente usa-se tal alegoria para dizer: “o rei está nu!”
As crianças realmente têm a característica de ainda manter uma mente livre de mentiras e cheia de curiosidade em relação a um mundo que começam a conhecer. Mas, ao mesmo tempo, constituem o terreno fértil ideal para semear idéias, verdadeiras ou falsas. Por esta razão é o ponto fraco da fronteira ideológica e facilmente são transformados numa quinta coluna eficiente, contras as tradições e mesmo seus pais.
Como dizia minha avó Mantovana: é de pequenino que si torci il pepino! Não é à toa que todos os grupos revolucionários, inevitavelmente totalitários, escolhem a infância e a juventude como seu alvo principal de doutrinação. À infância, onde se molda o caráter, segue-se a puberdade e a adolescência. Para cada uma destas faixas etárias existe um tipo específico de doutrinação. Na mais tenra idade predomina a curiosidade em relação a si mesmo, ao seu corpo, à família e ao mundo em geral. É a hora de torcer o pepino inundando a criança com mensagens que geram a descrença na sabedoria dos pais, insinuando uma “moralidade” depravada que, no Brasil, grande parte coube à televisão: há anos a mais pérfida, deletéria e cruel atuação contra nossas crianças vêm da apresentadora Xuxa, com seus programas, filmes e rede de lojas para transformar as meninas em simulacros de “cachorras”, e os meninos em andróginos (2). Meninas de tenra idade são estimuladas a usar micro-saias com calcinhas à vista, pintar os lábios e os olhos e usar sapatos de saltos altos ou do estilo plataforma. Todos sabem que as meninas adoram imitar as mães, mas no senso comum tradicional elas são desestimuladas de fazê-lo antes da idade apropriada, que chegará na adolescência. No senso comum modificado elas são estimuladas desde idades inapropriadas para servirem de objetos sexuais a quem, já que os meninos custam mais a desenvolver seus apetites sexuais e são estimulados à androginia? A resposta óbvia é: aos pedófilos!
A isto se acrescentam estratégias psicológicas para condicionar um novo sistema de crenças, valores e modos de pensar e são introduzidas noções falsas de moralidade e comportamento, através do “respeito” à natureza, à mãe-Terra (Gaia) para minar o respeito pelos pais e as crenças religiosas do lar. Nada mais fascinante do que a noção de multiculturalismo e do relativismo cultural: a criança deve permanecer aberta a idéias pluralistas, menos aquelas derivadas das crenças judaico-cristãs, instilando um sistema de crenças pagãs, validando feitiçarias, preparando as crianças para a aceitação do ocultismo (Xuxa e suas crenças em duendes, saudações ao “deus” sol, etc.) e da espiritualidade dos povos primitivos, ensinando danças e tradições indígenas (3).
É fundamental instilar a idéia de que os sentimentos são pilares de sabedoria, não mais a religião nem mesmo a ciência: a ciência comandava a “modernidade” contra as religiões, os sentimentos comandam a “pós-modernidade” em oposição a ambas: tanto às crenças religiosas, como à racionalidade científica.Técnicas psicoterápicas (4) que exaltam os sentimentos como medida de pensamento conceitual e estimulam a dependência ao pensamento grupal visando eliminar a individualidade, viraram moda. Na psicanálise são as idéias de Donald Winniccott transmitidas através da Tavistock Clinic, filiada ao Tavistock Institute of Human Relations, uma das maiores e mais antigas instituições globalistas de manipulação mental. Medicação psiquiátrica para conter a curiosidade e a genuína busca da verdade, criando diagnósticos que tornam patológicas as personalidades indagadoras e atentas ao mundo como um todo (hiperatividade, distúrbio do déficit de atenção, bipolaridade, etc.), faz parte do pacote “transformador” (5).
A doutrinação da adolescência, pelo que existe de idealismo, imaturidade e necessidade de contestar as gerações anteriores, é a primeira e a mais urgente tarefa de todo movimento revolucionário que deseja dominar o poder. Na primeira parte mostrei como age um dos mais importantes “líderes educacionais” (sic) do Brasil. Foi apenas um exemplo de como a dominação de nossa juventude via uma educação corrompida, farsesca e depravada está ocorrendo desde a gestão de Paulo Renato Souza, Ministro da Educação do governo de Fernando Henrique Cardoso, sendo ampliada a aprofundada nos mandatos de Lula e Dilma. É estarrecedora a proposta de unificação total dos currículos escolares, inicialmente para a escola pública, mas que em breve interferirá dramaticamente nas particulares, laicas ou religiosas. Terrível também a notícia de que em São Paulo, governado por tucanos social-democratas, que não passam de marxistas envergonhados (6), diminuirão as horas/aulas de Matemática, Português, Ciências em geral, e haverá aumento das disciplinas mais facilmente usadas para doutrinação, como filosofia, sociologia, psicologia, ecologia, etc., através de métodos construtivistas montessorianos (ver nota 5), pois nada mais eficaz do que o doutrinado acreditar que inventou a doutrina. O Tavistock Institute foi pioneiro no uso da psicologia e outras ciências sociais para formar e conformar a opinião pública de modo que o público achasse que essas opiniões fabricadas, eram suas mesmo.
Todas as medidas preparam os futuros adultos para a pior prisão que existe: a prisão mental, pois esta é muito mais efetiva por não necessitar de guardas ou grades. A mentalidade escrava se acostuma facilmente com o fato das raposas serem as guardiãs do galinheiro, na verdade, conferem a elas este poder por não saberem mais como sair sozinhos.
Totalitarismo e juventude
Por uma grata coincidência Leonardo Bruno publicou há poucos dias o excelente artigo O Espectro da KGB Mirim onde aborda com lucidez a real finalidade totalitária “da PL–7672/2010, ou a “lei da palmada”, proposta pelo governo federal e adocicada por picaretas notáveis, como as deputadas Teresa Surita e Maria do Rosário (com a inevitável e devida defesa por parte da Xuxa e da Rainha da Suécia), visando medidas punitivas para pais que dão palmadas nos filhos”, que fez lembrar “de Pavlik Morozov, o garoto soviético que delatou o pai para a GPU-NKVD, (...) A cultura de delação é a mesma. Mudam-se tão somente os pretextos ideológicos. Antigamente era a “defesa da revolução” contra os “inimigos do povo”. Agora são os “direitos humanos”, com a delação em massa dos pais “agressores”, pelo simples fato de darem umas palmadas nos garotos levados”.
Em breve serão as noções ecologicamente "corretas". Já existem escolas maternais e de jardim que escolhem mensalmente um(a) "representante da natureza" a quem cabe vigiar não somente seus coleguinhas, mas também delatar casos ocorrdidos fora dela.
Deixo para depois o exame mais atento das atividades de Lavrentiy Pavlovich Beria contra a juventude soviética, passando ao estudo do fascismo italiano e do nazismo, chamando a atenção para o texto de Olavo de Carvalho Que é o fascismo?. Por princípio todos os totalitarismos precisam retirar o pátrio poder dos pais e atacar a família para desmembrá-la, e a escola certamente é uma das armas mais eficientes neste combate, para tornar os filhos inimigos dos pais. Mas não é a única, como veremos na próxima parte.
O controle fascista das escolas: A Carta della Scuola
“A finalidade da presente reforma é a de transformar a escola, até agora submetida a uma sociedade burguesa, numa escola do povo fascista (...) e do Estado Fascista: do povo que possa freqüentá-la (todo o povo deveria estar na escola para tornar-se fascista, para aprender os princípios que justificam o domínio da classe político-burocrática fascista), do Estado (isto é, a própria burocracia política), para que possam servir aos quadros, aos seus fins (e, portanto, seus meios)”.
Giuseppe Bottai
Relazione al Duce e ai Camerati del Gran Consiglio del Fascismo (19/01/1939)
Coube a Giovanni Gentile, um filósofo idealista neo-hegeliano, a primazia de propor uma reforma escolar em moldes totalitários. Gentile é considerado o principal filósofo do fascismo e foi o primeiro Ministro da Educação Pública (Ministro della Pubblica Istruzione) fascista e ghostwriter do livro A Doutrina do Fascismo, atribuído a Benito Mussolini. Em 1923 deu início a uma reforma do ensino que leva seu nome, que perdurou com algumas modificações até 31 de dezembro de 1962, não tendo sido afetada pelo armistício, e que serviu de modelo para diversos governos fascistas, inclusive o Brasil do Estado Novo.
O princípio basilar era “a unidade moral, política e econômica da Nação Italiana, que se realiza integralmente no Estado Fascista, sendo a escola o fundamento primeiro da solidariedade de todas as forças sociais, a família, as Corporações, o Partido, como forma de consciência humana e política das novas gerações. A escola fascista, em virtude do estudo, concebido como formação da maturidade, atua com a concepção de uma cultura popular, inspirada nos eternos valores da raça italiana e da sua civilização, engajando-se na virtude do trabalho, na atividade concreta das profissões, das artes, da ciência e das armas”.
Os princípios gerais incluíam:
(1) Submissão da toda a educação escolar ao controle estatal, com exames estatais para ascensão aos graus mais avançados;
(2) seleção dos profissionais de ensino por meio de concurso público;
(3) incremento da hierarquia dentro dos institutos de ensino com os seguintes postos: diretor (para a escola elementar), presidente (para a escola média) e reitor por nomeação real (Rettori di nomina Regia) para a universidade. Instituía também, um controle hierárquico rígido através de Provveditori di nomina Regia e Sottosegretari executivos;
(4) orientação escolar baseada em princípios burocráticos e meritocráticos submetidos a uma rígida hierarquia que se sobrepunha: escola primária e elementar, escola complementar profissionalizante, liceus femininos, clássico ou científico e instituto de magistratura (curso normal).
A reforma foi posteriormente endossada com modificações por Bottai, Ministro da Educação, Ministro das Corporações e prefeito de Roma, e também um dos elaboradores da Carta del Lavoro [7], na qual está baseada nossa famigerada CLT, uma versão bastante piorada da original. Ambas, somadas à Carta della Razza constituíam o subsídio teórico para a organização do Estado Fascista.
A nova escola fascista deveria ser uma escola socialista, mas também uma escola corporativa porque o socialismo fascista se diferencia do marxista por ser corporativo. Este é o motivo que impulsionou Bottai a introduzir as três novas escolas em substituição à escola pós-elementar da Reforma Gentile:
(1) uma escola média, que dava aceso aos estudos superiores para aqueles que no futuro deveriam constituir os novos quadros da burocracia política fascista;
(2) a escola profissional, para aqueles que eram destinados a ser inseridos na condição de empregados;
(3) a escola artesanal, que serve para formar as crianças provenientes da classe operária e camponesa.
A Carta della Scuola objetivava criar uma escola dividida em diferentes gradações para selecionar “os melhores”, isto é, os que mais facilmente se sujeitavam às categorias mentais da ideologia burocrática fascista, com a finalidade de formar no futuro os quadros intermediários desta burocracia dominante.
Na Ordem do Dia aprovada pelo Gran Consiglio em 15/02/1939 se afirmava a necessidade de colocar a escola pública italiana nas mãos das organizações da juventude do Partido Fascista e, indiretamente nas mãos da burocracia política: “Este documento fundamental consagra a estreita colaboração entre a Escola e as organizações juvenis do Partido”. Na segunda Declaração se afirmava também que, “na ordem fascista, a idade escolar coincide com a idade política: Escola, G.I.L. (Gioventú Italiana del Littorio) [8] e G.U.F (Grupo Universitario Fascista) formam juntos um instrumento de educação fascista.
(A seguir: Organizações Juvenis Fascistas - Die Hitler Jugend)
Notas:
1 - A origem da expressão remonta a Emílio Mola Vidal, general nacionalista espanhol que atuou na Guerra Civil Espanhola. Quando quatro de suas colunas marchavam rumo a Madri, ele se referiu aos militares madrilenhos que o apoiavam como "quinta coluna".
2 - Ver The War Against Boys: how misguided feminism is harming our young men, Christina Hoff Sommers, Simon & Schuster Paperbacks, NY. Da mesma autora Who stole Feminism?: how women have betrayed women
3 - Denunciado nos EUA em 1995 por Berit Kjos em seu livro Brave New Schools: guiding your child through the dangers of the changing school system (Harvest House Publishers, Eugene, Oregon).
4 - One Nation Under Therapy: How the Helping Culture Is Eroding Self-Reliance, Christina Hoff Sommers & Dr Sally Satel, St. Martin Press, NY
5 - Já abordei estes assunto em 'Desarmamento Infantil e Androginia'
6 - Ver, de Olavo de Carvalho, 'Em parte alguma'
7 - Esta carta teve diversas versões, mas nem mesmo a versão oficial final chegou a ser plenamente aplicada, pois era apenas uma carta de intenções e por causa da guerra não chegou a ser regulamentada, segundo Renzo De Felice, no clássico Mussolini Il Fascista: L’organizzazione dello Stato Fasciscta, 1925-1929, Einaudi, Torino, 1968
8 - Lictores eram funcionários públicos encarregados, na Roma antiga, de ir a frente de um magistrado com feixes de varas denominados fasces, de onde vem fascismo, abrindo espaço para que esse pudesse passar. O seu número variava de acordo com o grau de importância do magistrado.
Heitor De Paola, 06 Janeiro 2012
A Carta della Scuola objetivava criar uma escola dividida em diferentes gradações para selecionar “os melhores”, isto é, os que mais facilmente se sujeitavam às categorias mentais da ideologia burocrática fascista.
Num artigo anterior chamei de quarta fronteira, invisível aos olhos de quem não estudou a matéria, que é tão ou mais importante (do que as geográficas) aquela que, na falta de um termo melhor, denomino genericamente fronteira ideológica. Não me refiro ao conceito hegeliano de ideologia, mas à infiltração muitas vezes subliminar, de idéias que minam não somente o conceito de nacionalidade, como também as crenças religiosas, os valores pátrios e as tradições nacionais, a moral e os costumes e a linguagem – enfim, tudo o que mantém nosso país uno e indivisível.
O mesmo pode-se dizer da civilização ocidental: as fronteiras geográficas, físicas, estão sendo derrubadas através do galopante avanço da globalização. Focalizarei aqui especificamente a fronteira ideológica que, como qualquer uma, tem seus pontos fortes e fracos. Os antigos guerreiros descobriram que mesmo muralhas aparentemente inexpugnáveis, sempre tinham pontos fracos por onde o inimigo podia penetrar. Além das fraquezas físicas, é clássica a invenção grega do cavalo de Tróia, e até mesmo na informática existem programas com este nome, invasores que se alojam no interior da máquina e enviando dados para outras máquinas. Além da traição, um método talvez mais eficiente seja a quinta coluna (1): um grupo de simpatizantes secretos que apóiam o inimigo, realizando atos de espionagem e sabotagem contra as defesas de seu país.
Como não se trata aqui de guerra militar, mas invasão de consciências, as muralhas a derrubar são aquelas comuns que mantém a universalidade da civilização ocidental, baseada em três pilares principais: a tradição religiosa e moral judaico-cristã, a filosofia grega e o legado medieval, e o direito romano. Delas derivam um conceito que apareceu pela primeira vez na história: a noção dos direitos fundamentais e inalienáveis do indivíduo à vida, à liberdade e à busca da felicidade, base para o rule of law.
As novas roupas do imperador
A clássica obra de Hans Christian Andersen é bem conhecida, portanto basta resumir brevemente seu argumento principal. Um rei idiota gastou fortunas com vigaristas travestidos de alfaiates para reformar seu guarda-roupa. Estes nada fizeram, embora parecessem estar numa azáfama febril. Inspecionados por uma comissão de ministros, mostraram um tear vazio, perguntando se aquele não era um tecido magnífico. Embaraçados por sua “falta de visão da realidade” os ministros não somente acreditaram como convenceram o rei quando ele viu que não havia nada para vestir. Como a corte inteira enxergava, o rei terminou por se convencer e exclamar: “que vestes magníficas, perfeitas!” e saiu à rua. Enquanto toda a população elogiava a “linda vestimenta”, uma criança pequena, intrigada, exclamou: “mas ele não tem nada sobre o corpo!” Popularmente usa-se tal alegoria para dizer: “o rei está nu!”
As crianças realmente têm a característica de ainda manter uma mente livre de mentiras e cheia de curiosidade em relação a um mundo que começam a conhecer. Mas, ao mesmo tempo, constituem o terreno fértil ideal para semear idéias, verdadeiras ou falsas. Por esta razão é o ponto fraco da fronteira ideológica e facilmente são transformados numa quinta coluna eficiente, contras as tradições e mesmo seus pais.
Como dizia minha avó Mantovana: é de pequenino que si torci il pepino! Não é à toa que todos os grupos revolucionários, inevitavelmente totalitários, escolhem a infância e a juventude como seu alvo principal de doutrinação. À infância, onde se molda o caráter, segue-se a puberdade e a adolescência. Para cada uma destas faixas etárias existe um tipo específico de doutrinação. Na mais tenra idade predomina a curiosidade em relação a si mesmo, ao seu corpo, à família e ao mundo em geral. É a hora de torcer o pepino inundando a criança com mensagens que geram a descrença na sabedoria dos pais, insinuando uma “moralidade” depravada que, no Brasil, grande parte coube à televisão: há anos a mais pérfida, deletéria e cruel atuação contra nossas crianças vêm da apresentadora Xuxa, com seus programas, filmes e rede de lojas para transformar as meninas em simulacros de “cachorras”, e os meninos em andróginos (2). Meninas de tenra idade são estimuladas a usar micro-saias com calcinhas à vista, pintar os lábios e os olhos e usar sapatos de saltos altos ou do estilo plataforma. Todos sabem que as meninas adoram imitar as mães, mas no senso comum tradicional elas são desestimuladas de fazê-lo antes da idade apropriada, que chegará na adolescência. No senso comum modificado elas são estimuladas desde idades inapropriadas para servirem de objetos sexuais a quem, já que os meninos custam mais a desenvolver seus apetites sexuais e são estimulados à androginia? A resposta óbvia é: aos pedófilos!
A isto se acrescentam estratégias psicológicas para condicionar um novo sistema de crenças, valores e modos de pensar e são introduzidas noções falsas de moralidade e comportamento, através do “respeito” à natureza, à mãe-Terra (Gaia) para minar o respeito pelos pais e as crenças religiosas do lar. Nada mais fascinante do que a noção de multiculturalismo e do relativismo cultural: a criança deve permanecer aberta a idéias pluralistas, menos aquelas derivadas das crenças judaico-cristãs, instilando um sistema de crenças pagãs, validando feitiçarias, preparando as crianças para a aceitação do ocultismo (Xuxa e suas crenças em duendes, saudações ao “deus” sol, etc.) e da espiritualidade dos povos primitivos, ensinando danças e tradições indígenas (3).
É fundamental instilar a idéia de que os sentimentos são pilares de sabedoria, não mais a religião nem mesmo a ciência: a ciência comandava a “modernidade” contra as religiões, os sentimentos comandam a “pós-modernidade” em oposição a ambas: tanto às crenças religiosas, como à racionalidade científica.Técnicas psicoterápicas (4) que exaltam os sentimentos como medida de pensamento conceitual e estimulam a dependência ao pensamento grupal visando eliminar a individualidade, viraram moda. Na psicanálise são as idéias de Donald Winniccott transmitidas através da Tavistock Clinic, filiada ao Tavistock Institute of Human Relations, uma das maiores e mais antigas instituições globalistas de manipulação mental. Medicação psiquiátrica para conter a curiosidade e a genuína busca da verdade, criando diagnósticos que tornam patológicas as personalidades indagadoras e atentas ao mundo como um todo (hiperatividade, distúrbio do déficit de atenção, bipolaridade, etc.), faz parte do pacote “transformador” (5).
A doutrinação da adolescência, pelo que existe de idealismo, imaturidade e necessidade de contestar as gerações anteriores, é a primeira e a mais urgente tarefa de todo movimento revolucionário que deseja dominar o poder. Na primeira parte mostrei como age um dos mais importantes “líderes educacionais” (sic) do Brasil. Foi apenas um exemplo de como a dominação de nossa juventude via uma educação corrompida, farsesca e depravada está ocorrendo desde a gestão de Paulo Renato Souza, Ministro da Educação do governo de Fernando Henrique Cardoso, sendo ampliada a aprofundada nos mandatos de Lula e Dilma. É estarrecedora a proposta de unificação total dos currículos escolares, inicialmente para a escola pública, mas que em breve interferirá dramaticamente nas particulares, laicas ou religiosas. Terrível também a notícia de que em São Paulo, governado por tucanos social-democratas, que não passam de marxistas envergonhados (6), diminuirão as horas/aulas de Matemática, Português, Ciências em geral, e haverá aumento das disciplinas mais facilmente usadas para doutrinação, como filosofia, sociologia, psicologia, ecologia, etc., através de métodos construtivistas montessorianos (ver nota 5), pois nada mais eficaz do que o doutrinado acreditar que inventou a doutrina. O Tavistock Institute foi pioneiro no uso da psicologia e outras ciências sociais para formar e conformar a opinião pública de modo que o público achasse que essas opiniões fabricadas, eram suas mesmo.
Todas as medidas preparam os futuros adultos para a pior prisão que existe: a prisão mental, pois esta é muito mais efetiva por não necessitar de guardas ou grades. A mentalidade escrava se acostuma facilmente com o fato das raposas serem as guardiãs do galinheiro, na verdade, conferem a elas este poder por não saberem mais como sair sozinhos.
Totalitarismo e juventude
Por uma grata coincidência Leonardo Bruno publicou há poucos dias o excelente artigo O Espectro da KGB Mirim onde aborda com lucidez a real finalidade totalitária “da PL–7672/2010, ou a “lei da palmada”, proposta pelo governo federal e adocicada por picaretas notáveis, como as deputadas Teresa Surita e Maria do Rosário (com a inevitável e devida defesa por parte da Xuxa e da Rainha da Suécia), visando medidas punitivas para pais que dão palmadas nos filhos”, que fez lembrar “de Pavlik Morozov, o garoto soviético que delatou o pai para a GPU-NKVD, (...) A cultura de delação é a mesma. Mudam-se tão somente os pretextos ideológicos. Antigamente era a “defesa da revolução” contra os “inimigos do povo”. Agora são os “direitos humanos”, com a delação em massa dos pais “agressores”, pelo simples fato de darem umas palmadas nos garotos levados”.
Em breve serão as noções ecologicamente "corretas". Já existem escolas maternais e de jardim que escolhem mensalmente um(a) "representante da natureza" a quem cabe vigiar não somente seus coleguinhas, mas também delatar casos ocorrdidos fora dela.
Deixo para depois o exame mais atento das atividades de Lavrentiy Pavlovich Beria contra a juventude soviética, passando ao estudo do fascismo italiano e do nazismo, chamando a atenção para o texto de Olavo de Carvalho Que é o fascismo?. Por princípio todos os totalitarismos precisam retirar o pátrio poder dos pais e atacar a família para desmembrá-la, e a escola certamente é uma das armas mais eficientes neste combate, para tornar os filhos inimigos dos pais. Mas não é a única, como veremos na próxima parte.
O controle fascista das escolas: A Carta della Scuola
“A finalidade da presente reforma é a de transformar a escola, até agora submetida a uma sociedade burguesa, numa escola do povo fascista (...) e do Estado Fascista: do povo que possa freqüentá-la (todo o povo deveria estar na escola para tornar-se fascista, para aprender os princípios que justificam o domínio da classe político-burocrática fascista), do Estado (isto é, a própria burocracia política), para que possam servir aos quadros, aos seus fins (e, portanto, seus meios)”.
Giuseppe Bottai
Relazione al Duce e ai Camerati del Gran Consiglio del Fascismo (19/01/1939)
Coube a Giovanni Gentile, um filósofo idealista neo-hegeliano, a primazia de propor uma reforma escolar em moldes totalitários. Gentile é considerado o principal filósofo do fascismo e foi o primeiro Ministro da Educação Pública (Ministro della Pubblica Istruzione) fascista e ghostwriter do livro A Doutrina do Fascismo, atribuído a Benito Mussolini. Em 1923 deu início a uma reforma do ensino que leva seu nome, que perdurou com algumas modificações até 31 de dezembro de 1962, não tendo sido afetada pelo armistício, e que serviu de modelo para diversos governos fascistas, inclusive o Brasil do Estado Novo.
O princípio basilar era “a unidade moral, política e econômica da Nação Italiana, que se realiza integralmente no Estado Fascista, sendo a escola o fundamento primeiro da solidariedade de todas as forças sociais, a família, as Corporações, o Partido, como forma de consciência humana e política das novas gerações. A escola fascista, em virtude do estudo, concebido como formação da maturidade, atua com a concepção de uma cultura popular, inspirada nos eternos valores da raça italiana e da sua civilização, engajando-se na virtude do trabalho, na atividade concreta das profissões, das artes, da ciência e das armas”.
Os princípios gerais incluíam:
(1) Submissão da toda a educação escolar ao controle estatal, com exames estatais para ascensão aos graus mais avançados;
(2) seleção dos profissionais de ensino por meio de concurso público;
(3) incremento da hierarquia dentro dos institutos de ensino com os seguintes postos: diretor (para a escola elementar), presidente (para a escola média) e reitor por nomeação real (Rettori di nomina Regia) para a universidade. Instituía também, um controle hierárquico rígido através de Provveditori di nomina Regia e Sottosegretari executivos;
(4) orientação escolar baseada em princípios burocráticos e meritocráticos submetidos a uma rígida hierarquia que se sobrepunha: escola primária e elementar, escola complementar profissionalizante, liceus femininos, clássico ou científico e instituto de magistratura (curso normal).
A reforma foi posteriormente endossada com modificações por Bottai, Ministro da Educação, Ministro das Corporações e prefeito de Roma, e também um dos elaboradores da Carta del Lavoro [7], na qual está baseada nossa famigerada CLT, uma versão bastante piorada da original. Ambas, somadas à Carta della Razza constituíam o subsídio teórico para a organização do Estado Fascista.
A nova escola fascista deveria ser uma escola socialista, mas também uma escola corporativa porque o socialismo fascista se diferencia do marxista por ser corporativo. Este é o motivo que impulsionou Bottai a introduzir as três novas escolas em substituição à escola pós-elementar da Reforma Gentile:
(1) uma escola média, que dava aceso aos estudos superiores para aqueles que no futuro deveriam constituir os novos quadros da burocracia política fascista;
(2) a escola profissional, para aqueles que eram destinados a ser inseridos na condição de empregados;
(3) a escola artesanal, que serve para formar as crianças provenientes da classe operária e camponesa.
A Carta della Scuola objetivava criar uma escola dividida em diferentes gradações para selecionar “os melhores”, isto é, os que mais facilmente se sujeitavam às categorias mentais da ideologia burocrática fascista, com a finalidade de formar no futuro os quadros intermediários desta burocracia dominante.
Na Ordem do Dia aprovada pelo Gran Consiglio em 15/02/1939 se afirmava a necessidade de colocar a escola pública italiana nas mãos das organizações da juventude do Partido Fascista e, indiretamente nas mãos da burocracia política: “Este documento fundamental consagra a estreita colaboração entre a Escola e as organizações juvenis do Partido”. Na segunda Declaração se afirmava também que, “na ordem fascista, a idade escolar coincide com a idade política: Escola, G.I.L. (Gioventú Italiana del Littorio) [8] e G.U.F (Grupo Universitario Fascista) formam juntos um instrumento de educação fascista.
(A seguir: Organizações Juvenis Fascistas - Die Hitler Jugend)
Notas:
1 - A origem da expressão remonta a Emílio Mola Vidal, general nacionalista espanhol que atuou na Guerra Civil Espanhola. Quando quatro de suas colunas marchavam rumo a Madri, ele se referiu aos militares madrilenhos que o apoiavam como "quinta coluna".
2 - Ver The War Against Boys: how misguided feminism is harming our young men, Christina Hoff Sommers, Simon & Schuster Paperbacks, NY. Da mesma autora Who stole Feminism?: how women have betrayed women
3 - Denunciado nos EUA em 1995 por Berit Kjos em seu livro Brave New Schools: guiding your child through the dangers of the changing school system (Harvest House Publishers, Eugene, Oregon).
4 - One Nation Under Therapy: How the Helping Culture Is Eroding Self-Reliance, Christina Hoff Sommers & Dr Sally Satel, St. Martin Press, NY
5 - Já abordei estes assunto em 'Desarmamento Infantil e Androginia'
6 - Ver, de Olavo de Carvalho, 'Em parte alguma'
7 - Esta carta teve diversas versões, mas nem mesmo a versão oficial final chegou a ser plenamente aplicada, pois era apenas uma carta de intenções e por causa da guerra não chegou a ser regulamentada, segundo Renzo De Felice, no clássico Mussolini Il Fascista: L’organizzazione dello Stato Fasciscta, 1925-1929, Einaudi, Torino, 1968
8 - Lictores eram funcionários públicos encarregados, na Roma antiga, de ir a frente de um magistrado com feixes de varas denominados fasces, de onde vem fascismo, abrindo espaço para que esse pudesse passar. O seu número variava de acordo com o grau de importância do magistrado.
Heitor De Paola, 06 Janeiro 2012
OS INTERESSES DOS DEFENSORES DO DESARMAMENTO
A tristemente famosa ONG Viva Rio comemorou dezoito anos de vida na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), no dia 07 de dezembro, com a conferência “Viva Rio 18 anos: um bom momento para pensar”. Na abertura do evento, o diretor da ONG, Rubem César Fernandes, teria ficado emocionado com a exibição de um vídeo resumindo a atuação do movimento nos últimos anos.
A primeira mesa da conferência contou com a participação de pessoas que são consideradas fundadoras do Viva Rio, como o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, e o presidente do grupo Lance, Walter Mattos Júnior, além do líder comunitário da Rocinha Carlos Costa.
A segunda mesa, intitulada “Drogas, por uma política mais eficaz e humana”, mediada pelo jornalista Merval Pereira, com a participação, dentre outros, do secretário de estado de Meio Ambiente, Carlos Minc, do ex-presidente da República FHC e do ex-ministro da Justiça Tarso Genro. A terceira mesa foi intitulada: “Drogas: as injustiças da lei”, com a participação do Sr. Pedro Abramovay (aquele que foi defenestrado do ministério da Justiça, por ter ido contra orientação da presidente). E de tarde, houve ainda outra mesa sobre missões internacionais de paz e o Haiti.
Esta ONG, tão celebrada, possui um braço, a Organização Social Viva Comunidade, possuidora de um contrato superior a R$ 395 milhões com a prefeitura do Rio. Em audiência pública na Câmara dos Vereadores não souberam informar aos edis o nome de um único integrante do conselho administrativo da OS. Cada conselheiro ganha R$ 12 mil por mês. Após muito esforço, foi informado que o presidente é um “tal de Alfredo”.
É oportuno realçar que um feroz desarmamentista, o qual entregou em 2004 o prêmio Segurança Humana ao diretor Denis Mizne, do Instituto Sou da Paz, em um evento na cidade do Rio, promovido pela UNESCO e pela organização não-governamental Viva Rio, concedido a personalidades que se sobressaíram na Campanha do Desarmamento foi preso por vender armas para traficantes. O ex-assessor da vereadora tucana Andrea Gouvêa Vieira, esposa do advogado Jorge Hilário Gouvêa, irmão do presidente da Firjan, foi detido depois de ser flagrado em vídeo numa aparente negociação de um fuzil da família AK-47, pelo qual recebera o respectivo pagamento.
Para a polícia, o vídeo torna inequívoco o fato, tal como noticiou a imprensa em geral. Não é a primeira vez que o ex-líder comunitário da Rocinha é preso. Em 2005 também o foi, sob a acusação de associação ao tráfico, ocasião em que, sem estranheza nossa, recebeu apoio do presidente da ONG Viva Rio, inclusive em defesa marcada por tom contundente, verdadeiramente feroz.
A grande patrocinadora do movimento de desarmamento da população civil brasileira é justamente a ONG Viva Rio, fundada em novembro de 1993, em conseqüência do seminário internacional: Cidadania participativa, responsabilidade social e cultura num Brasil democrático, realizado no Rio de Janeiro, nos dias 04 e 05, com o patrocínio e a participação de representantes das Fundações Rockefeller, Brascan, Kellog,Vitae e Roberto Marinho.
Ela é filiada à IANSA-International Action Network of Small Arms (Rede de Ação Internacional de Armas Pequenas), um conjunto de 186 ONGs, fundada em maio/99, criada com o objetivo de atuar como uma central de coordenação da campanha internacional de desarmamento, para permitir a implantação de um governo mundial, que atuaria com a utilização de uma força de paz das Nações Unidas, sob o comando dos “donos do mundo”.
Dentre os participantes da Viva Rio, destacaram-se o banqueiro David Rockefeller, o então chanceler FHC, fundador do Viva Rio que sempre atuou em estreita coordenação com ONGs internacionais como a Human Rights Watch e o Conselho Mundial das Igrejas (CMI). É de se notar que a Human Rights tem entre os seus patrocinadores o megaespeculador George Soros, cujas Fundações promovem a campanha de desarmamento e legalização do uso de entorpecentes.
O CMI também patrocina a campanha internacional de desarmamento civil. A campanha de desarmamento civil no Brasil não é proveniente de uma iniciativa própria, mas sim do resultado de um esforço internacional realizado por uma rede de instituições ligadas ao “establishment” oligárquico, em especial o seu componente anglo-americano-canadense, objetivando implantar uma estrutura de governo mundial, acima dos Estados Nacionais, que os “donos do mundo” pretendem ver inviabilizados no contexto da “globalização”.
O desarmamento da população se segue a uma série de medidas visando o desmantelamento das Forças Armadas e a reestruturação das forças policiais civis e militares, elementos cruciais do plano de dominação externo.
Em dezembro de 1995, durante um seminário internacional promovido no Rio de Janeiro pelo Ministério da Justiça, o movimento Viva Rio e a Police Foundation dos EUA, o então secretário-geral do Ministério da Justiça, Sr. José Gregori, anunciou que o Viva Rio seria encarregado da elaboração de um projeto para orientar a nova Política de Segurança Pública do governo federal, uma doutrina de segurança cidadã, para ocupar o vazio que existe desde a doutrina de Segurança Nacional do governo.
Tudo isto é apenas “coincidência”!
06 de janeiro de 2012
Prof. Marcos Coimbra
A primeira mesa da conferência contou com a participação de pessoas que são consideradas fundadoras do Viva Rio, como o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, e o presidente do grupo Lance, Walter Mattos Júnior, além do líder comunitário da Rocinha Carlos Costa.
A segunda mesa, intitulada “Drogas, por uma política mais eficaz e humana”, mediada pelo jornalista Merval Pereira, com a participação, dentre outros, do secretário de estado de Meio Ambiente, Carlos Minc, do ex-presidente da República FHC e do ex-ministro da Justiça Tarso Genro. A terceira mesa foi intitulada: “Drogas: as injustiças da lei”, com a participação do Sr. Pedro Abramovay (aquele que foi defenestrado do ministério da Justiça, por ter ido contra orientação da presidente). E de tarde, houve ainda outra mesa sobre missões internacionais de paz e o Haiti.
Esta ONG, tão celebrada, possui um braço, a Organização Social Viva Comunidade, possuidora de um contrato superior a R$ 395 milhões com a prefeitura do Rio. Em audiência pública na Câmara dos Vereadores não souberam informar aos edis o nome de um único integrante do conselho administrativo da OS. Cada conselheiro ganha R$ 12 mil por mês. Após muito esforço, foi informado que o presidente é um “tal de Alfredo”.
É oportuno realçar que um feroz desarmamentista, o qual entregou em 2004 o prêmio Segurança Humana ao diretor Denis Mizne, do Instituto Sou da Paz, em um evento na cidade do Rio, promovido pela UNESCO e pela organização não-governamental Viva Rio, concedido a personalidades que se sobressaíram na Campanha do Desarmamento foi preso por vender armas para traficantes. O ex-assessor da vereadora tucana Andrea Gouvêa Vieira, esposa do advogado Jorge Hilário Gouvêa, irmão do presidente da Firjan, foi detido depois de ser flagrado em vídeo numa aparente negociação de um fuzil da família AK-47, pelo qual recebera o respectivo pagamento.
Para a polícia, o vídeo torna inequívoco o fato, tal como noticiou a imprensa em geral. Não é a primeira vez que o ex-líder comunitário da Rocinha é preso. Em 2005 também o foi, sob a acusação de associação ao tráfico, ocasião em que, sem estranheza nossa, recebeu apoio do presidente da ONG Viva Rio, inclusive em defesa marcada por tom contundente, verdadeiramente feroz.
A grande patrocinadora do movimento de desarmamento da população civil brasileira é justamente a ONG Viva Rio, fundada em novembro de 1993, em conseqüência do seminário internacional: Cidadania participativa, responsabilidade social e cultura num Brasil democrático, realizado no Rio de Janeiro, nos dias 04 e 05, com o patrocínio e a participação de representantes das Fundações Rockefeller, Brascan, Kellog,Vitae e Roberto Marinho.
Ela é filiada à IANSA-International Action Network of Small Arms (Rede de Ação Internacional de Armas Pequenas), um conjunto de 186 ONGs, fundada em maio/99, criada com o objetivo de atuar como uma central de coordenação da campanha internacional de desarmamento, para permitir a implantação de um governo mundial, que atuaria com a utilização de uma força de paz das Nações Unidas, sob o comando dos “donos do mundo”.
Dentre os participantes da Viva Rio, destacaram-se o banqueiro David Rockefeller, o então chanceler FHC, fundador do Viva Rio que sempre atuou em estreita coordenação com ONGs internacionais como a Human Rights Watch e o Conselho Mundial das Igrejas (CMI). É de se notar que a Human Rights tem entre os seus patrocinadores o megaespeculador George Soros, cujas Fundações promovem a campanha de desarmamento e legalização do uso de entorpecentes.
O CMI também patrocina a campanha internacional de desarmamento civil. A campanha de desarmamento civil no Brasil não é proveniente de uma iniciativa própria, mas sim do resultado de um esforço internacional realizado por uma rede de instituições ligadas ao “establishment” oligárquico, em especial o seu componente anglo-americano-canadense, objetivando implantar uma estrutura de governo mundial, acima dos Estados Nacionais, que os “donos do mundo” pretendem ver inviabilizados no contexto da “globalização”.
O desarmamento da população se segue a uma série de medidas visando o desmantelamento das Forças Armadas e a reestruturação das forças policiais civis e militares, elementos cruciais do plano de dominação externo.
Em dezembro de 1995, durante um seminário internacional promovido no Rio de Janeiro pelo Ministério da Justiça, o movimento Viva Rio e a Police Foundation dos EUA, o então secretário-geral do Ministério da Justiça, Sr. José Gregori, anunciou que o Viva Rio seria encarregado da elaboração de um projeto para orientar a nova Política de Segurança Pública do governo federal, uma doutrina de segurança cidadã, para ocupar o vazio que existe desde a doutrina de Segurança Nacional do governo.
Tudo isto é apenas “coincidência”!
06 de janeiro de 2012
Prof. Marcos Coimbra
ONDE ESTÃO AGORA TODAS AS MULHERES?
Artigos - Direito
Onde estão agora todas as mulheres para se manifestarem enquanto meninas, moças e mulheres sofrem estupros de homens muçulmanos e estão sob a ameaça da lei islâmica?
Existe um fato: a segurança das mulheres na sociedade está sob ameaça, mas não pelas propostas ou cantadas indecorosas feitas por executivos esquisitos e ultrapassados. A segurança das mulheres está sob ameaça com a propagação do islamismo na sociedade ocidental, que está aceitando, sem questionar e nem mesmo fazer menção, a misoginia agressiva dessa religião.
Raras são as notícias e casuais são os vídeos online que confirmem as agressões em massa contra meninas e mulheres que são diretamente atribuíveis às crescentes comunidades islâmicas, em grande parte na Europa.
O real problema não desaparece só porque os meios de comunicação estão de boca fechada. No começo deste ano, a NRK, a televisão estatal da Noruega, fez uma reportagem mostrando que 100 por cento dos estupros em Oslo em 2010, em que os criminosos puderam ser identificados, foram cometidos por “homens de origem não ocidental” — o eufemismo aleijado usado para designar homens muçulmanos na Noruega. Usando como base um estudo divulgado pela polícia de Oslo neste ano, a NRK também mostrou, em sua reportagem, que dos 86 estupros em Oslo contra meninas, moças e mulheres entre 2005 e 2010 em que os criminosos puderam ser identificados, 83 foram cometidos por “homens de aparência não ocidental”. As vítimas, por outro lado, eram predominantemente moças brancas — “norueguesas étnicas”. O que é chocante é que esse escândalo, que coloca em dúvida as políticas de asilo e imigração do governo que aterrorizam as mulheres da Noruega, raramente vai parar nas manchetes.
Até muito recentemente, o silêncio também pairava sobre um fenômeno que ocorre há décadas na Inglaterra: gangues de estupradores — predominantemente muçulmanos, predominantemente paquistaneses — que aliciam meninas muito novas, geralmente de sangue inglês, para se tornarem propriedade sexual para uso pessoal e para prostituição. A crise alcançou agora proporções epidêmicas. De acordo com a Secretaria dos Direitos das Crianças, um número elevado de 10.000 meninas menores de idade podem estar sendo vítimas.
E daí? De acordo com o jornal Telegraph, “depois que um estudo acadêmico revelou que é preciso fazer muito mais para proteger as crianças de exploração sexual”, o governo da Inglaterra decidiu lançar uma “investigação que vai levar dois anos”. Nada de tomar medidas agora para proteger as meninas.
Melhor seguir o exemplo de uma cidade da Sérvia de 6 mil habitantes, onde, depois que cinco muçulmanos afegãos estupraram brutalmente uma turista inglesa, a população da cidade recentemente iniciou uma campanha de protesto. Eles tiraram seus filhos da escola até que, conforme reportagem do jornal Austrian Times, o governo remova completamente 2.500 estrangeiros ilegais de um centro construído para abrigar 120.
Bem-vindo ao mundo, não pós 11 de setembro de 2001, mas pós Theo van Gogh. O assassinato ritualista de van Gogh ocorreu sete anos atrás, neste mesmo mês, bem no coração da Europa. Foi retribuição, disse o muçulmano que o assassinou, pelo filme “Submissão” de van Gogh. O filme retrata a situação difícil das mulheres que vivem debaixo da lei islâmica. Ayaan Hirsi Ali, que escreveu o roteiro do filme, tem vivido desde então sob ameaça de morte por parte de muçulmanos. Ela recentemente abandonou a ideia de fazer uma continuação do filme como “arriscada demais”.
Onde estão agora todas as mulheres para se manifestarem enquanto meninas, moças e mulheres sofrem estupros de homens muçulmanos e estão sob a ameaça da lei islâmica?
Diana West, 30 Dezembro 2011
Onde estão agora todas as mulheres para se manifestarem enquanto meninas, moças e mulheres sofrem estupros de homens muçulmanos e estão sob a ameaça da lei islâmica?
Existe um fato: a segurança das mulheres na sociedade está sob ameaça, mas não pelas propostas ou cantadas indecorosas feitas por executivos esquisitos e ultrapassados. A segurança das mulheres está sob ameaça com a propagação do islamismo na sociedade ocidental, que está aceitando, sem questionar e nem mesmo fazer menção, a misoginia agressiva dessa religião.
Raras são as notícias e casuais são os vídeos online que confirmem as agressões em massa contra meninas e mulheres que são diretamente atribuíveis às crescentes comunidades islâmicas, em grande parte na Europa.
O real problema não desaparece só porque os meios de comunicação estão de boca fechada. No começo deste ano, a NRK, a televisão estatal da Noruega, fez uma reportagem mostrando que 100 por cento dos estupros em Oslo em 2010, em que os criminosos puderam ser identificados, foram cometidos por “homens de origem não ocidental” — o eufemismo aleijado usado para designar homens muçulmanos na Noruega. Usando como base um estudo divulgado pela polícia de Oslo neste ano, a NRK também mostrou, em sua reportagem, que dos 86 estupros em Oslo contra meninas, moças e mulheres entre 2005 e 2010 em que os criminosos puderam ser identificados, 83 foram cometidos por “homens de aparência não ocidental”. As vítimas, por outro lado, eram predominantemente moças brancas — “norueguesas étnicas”. O que é chocante é que esse escândalo, que coloca em dúvida as políticas de asilo e imigração do governo que aterrorizam as mulheres da Noruega, raramente vai parar nas manchetes.
Até muito recentemente, o silêncio também pairava sobre um fenômeno que ocorre há décadas na Inglaterra: gangues de estupradores — predominantemente muçulmanos, predominantemente paquistaneses — que aliciam meninas muito novas, geralmente de sangue inglês, para se tornarem propriedade sexual para uso pessoal e para prostituição. A crise alcançou agora proporções epidêmicas. De acordo com a Secretaria dos Direitos das Crianças, um número elevado de 10.000 meninas menores de idade podem estar sendo vítimas.
E daí? De acordo com o jornal Telegraph, “depois que um estudo acadêmico revelou que é preciso fazer muito mais para proteger as crianças de exploração sexual”, o governo da Inglaterra decidiu lançar uma “investigação que vai levar dois anos”. Nada de tomar medidas agora para proteger as meninas.
Melhor seguir o exemplo de uma cidade da Sérvia de 6 mil habitantes, onde, depois que cinco muçulmanos afegãos estupraram brutalmente uma turista inglesa, a população da cidade recentemente iniciou uma campanha de protesto. Eles tiraram seus filhos da escola até que, conforme reportagem do jornal Austrian Times, o governo remova completamente 2.500 estrangeiros ilegais de um centro construído para abrigar 120.
Bem-vindo ao mundo, não pós 11 de setembro de 2001, mas pós Theo van Gogh. O assassinato ritualista de van Gogh ocorreu sete anos atrás, neste mesmo mês, bem no coração da Europa. Foi retribuição, disse o muçulmano que o assassinou, pelo filme “Submissão” de van Gogh. O filme retrata a situação difícil das mulheres que vivem debaixo da lei islâmica. Ayaan Hirsi Ali, que escreveu o roteiro do filme, tem vivido desde então sob ameaça de morte por parte de muçulmanos. Ela recentemente abandonou a ideia de fazer uma continuação do filme como “arriscada demais”.
Onde estão agora todas as mulheres para se manifestarem enquanto meninas, moças e mulheres sofrem estupros de homens muçulmanos e estão sob a ameaça da lei islâmica?
Diana West, 30 Dezembro 2011
OS SENTIMENTOS DA GANG DOS 41 (PT)
Qualquer pessoa minimamente esclarecida sabe o que é honesto ou desonesto, ético ou aético, moral ou imoral.
Pela própria natureza humana, a falta de coerção religiosa, legal ou social leva a maioria a tentar maximizar sua satisfação de forma ilícita, pois os retornos são maiores e mais rápidos, e isso se agrava muito em sociedades tomadas pela depravação moral das relações públicas e privadas, além de apresentarem altos índices de ignorância das massas, sendo este o “segredo” do desastre das administrações das esquerdas corruptas, comunistas e ditatoriais após o esgotamento de seus modelos por onde passa.
O que o petismo percebeu, desde o momento que subiu ao seu púlpito estelionatário da política, foi uma sociedade moralmente e absurdamente fragilizada – especialmente as Forças Armadas, seu maior risco – com suas relações público-privadas apresentando profundos níveis de degeneração de todos os tipos.
A impunidade com a administração fraudulenta dos recursos do FAT, entre tantas outras maracutáias, foram garantias para o PT de que as parcerias das burguesias e oligarquias públicas e privadas para a prática universal da ilicitude estavam prontas, dando plenas garantias de sucesso no escopo do seu projeto de transformar o poder público em um Covil de Bandidos, e o país em um Paraíso de Patifes sob seu absoluto controle.
O PT ao assumir o poder não levantou o tapete da corrupção passada, pois preservar os bandidos do “passado” era a garantia da formação dos bandidos do futuro.
O retorno foi gratificante no momento que um seu “antigo” adversário político praticamente o salvou de um grande risco de impugnação de seu mandato devido ao mensalão.
Depois foi somente nadar de braçadas no mar da corrupção que já desviou por baixo mais de 700 bilhões de reais dos cofres públicos nos últimos 12 anos. Nem um crucifixo do gabinete presidencial se salvou e virou brinde-troféu em comemoração à sociedade mais corrupta, mais omissa e mais covarde do mundo.
O mercado ofertante de vítimas da falência educacional e cultural do país, além de milhares de canalhas esclarecidos, desde o primeiro mandato do PT, se colocou à disposição do petismo para o recrutamento através do assistencialismo comprador de votos e pelo suborno sem fronteiras, comprador das mentes e corações das classes sociais esclarecidas.
Do alto do seu púlpito estelionatário o PT vê seus futuros parceiros-lacaios-pulhas com absoluta nitidez, tendo dificuldade até de administrar os “recursos humanos disponíveis”, deste os bandidos de toga, dos canalhas esclarecidos das classes empresariais, dos lobistas empreendedores da corrupção, da academia, do jornalismo marrom, da classe dos artistas e dos escalões inferiores da corrupção: uma classe média pública e privada apresentando uma sordidez apátrida sem limites.
Com a falência da Justiça o único problema passou a ser administrar com “parcimônia” os milhões de reais roubados do contribuinte todos os anos.
E assim nasceu o Regime Civil Fascista, sucessor da Fraude da Abertura Democrática, comandado pelo poder maior, o Poder Executivo.
Do alto do seu púlpito estelionatário o PT não tem mais qualquer dificuldade em conduzir seu projeto de poder. Basta apontar para um dos milhares de candidatos ao suborno e enviar seus mensageiros da corrupção, o que é cada vez menos necessário, pois os candidatos se apresentam voluntariamente em uma velocidade cada vez maior e são orientados a ficarem na fila de espera.
O Brasil já se apresenta para o mundo como um Paraiso de Patifes e um reino da impunidade para corruptos, tudo sob o comando de um Regime Civil Fascista.
Poderia ser melhor do que isso para o PT e sua base aliada?
Assim serão as próximas décadas até quando não houver mais o que roubar. Depois basta deixar ganhar um oposicionista e todos os “cumpanheiros” e seus cúmplices mais próximos irem curtir a vida reservada aos milionários e aos bilionários, enquanto a desgraça social e econômica toma conta do país e a síndrome do rabo preso toma conta das ações dos novos administradores do roubo do dinheiro dos contribuintes.
Geraldo Almendra
06 de janeiro de 2012
Pela própria natureza humana, a falta de coerção religiosa, legal ou social leva a maioria a tentar maximizar sua satisfação de forma ilícita, pois os retornos são maiores e mais rápidos, e isso se agrava muito em sociedades tomadas pela depravação moral das relações públicas e privadas, além de apresentarem altos índices de ignorância das massas, sendo este o “segredo” do desastre das administrações das esquerdas corruptas, comunistas e ditatoriais após o esgotamento de seus modelos por onde passa.
O que o petismo percebeu, desde o momento que subiu ao seu púlpito estelionatário da política, foi uma sociedade moralmente e absurdamente fragilizada – especialmente as Forças Armadas, seu maior risco – com suas relações público-privadas apresentando profundos níveis de degeneração de todos os tipos.
A impunidade com a administração fraudulenta dos recursos do FAT, entre tantas outras maracutáias, foram garantias para o PT de que as parcerias das burguesias e oligarquias públicas e privadas para a prática universal da ilicitude estavam prontas, dando plenas garantias de sucesso no escopo do seu projeto de transformar o poder público em um Covil de Bandidos, e o país em um Paraíso de Patifes sob seu absoluto controle.
O PT ao assumir o poder não levantou o tapete da corrupção passada, pois preservar os bandidos do “passado” era a garantia da formação dos bandidos do futuro.
O retorno foi gratificante no momento que um seu “antigo” adversário político praticamente o salvou de um grande risco de impugnação de seu mandato devido ao mensalão.
Depois foi somente nadar de braçadas no mar da corrupção que já desviou por baixo mais de 700 bilhões de reais dos cofres públicos nos últimos 12 anos. Nem um crucifixo do gabinete presidencial se salvou e virou brinde-troféu em comemoração à sociedade mais corrupta, mais omissa e mais covarde do mundo.
O mercado ofertante de vítimas da falência educacional e cultural do país, além de milhares de canalhas esclarecidos, desde o primeiro mandato do PT, se colocou à disposição do petismo para o recrutamento através do assistencialismo comprador de votos e pelo suborno sem fronteiras, comprador das mentes e corações das classes sociais esclarecidas.
Do alto do seu púlpito estelionatário o PT vê seus futuros parceiros-lacaios-pulhas com absoluta nitidez, tendo dificuldade até de administrar os “recursos humanos disponíveis”, deste os bandidos de toga, dos canalhas esclarecidos das classes empresariais, dos lobistas empreendedores da corrupção, da academia, do jornalismo marrom, da classe dos artistas e dos escalões inferiores da corrupção: uma classe média pública e privada apresentando uma sordidez apátrida sem limites.
Com a falência da Justiça o único problema passou a ser administrar com “parcimônia” os milhões de reais roubados do contribuinte todos os anos.
E assim nasceu o Regime Civil Fascista, sucessor da Fraude da Abertura Democrática, comandado pelo poder maior, o Poder Executivo.
Do alto do seu púlpito estelionatário o PT não tem mais qualquer dificuldade em conduzir seu projeto de poder. Basta apontar para um dos milhares de candidatos ao suborno e enviar seus mensageiros da corrupção, o que é cada vez menos necessário, pois os candidatos se apresentam voluntariamente em uma velocidade cada vez maior e são orientados a ficarem na fila de espera.
O Brasil já se apresenta para o mundo como um Paraiso de Patifes e um reino da impunidade para corruptos, tudo sob o comando de um Regime Civil Fascista.
Poderia ser melhor do que isso para o PT e sua base aliada?
Assim serão as próximas décadas até quando não houver mais o que roubar. Depois basta deixar ganhar um oposicionista e todos os “cumpanheiros” e seus cúmplices mais próximos irem curtir a vida reservada aos milionários e aos bilionários, enquanto a desgraça social e econômica toma conta do país e a síndrome do rabo preso toma conta das ações dos novos administradores do roubo do dinheiro dos contribuintes.
Geraldo Almendra
06 de janeiro de 2012
O TEA PARTY NA DEMOCRACIA AMERICANA
A leitura do artigo do Demétrio Magnoli (Os epígonos despedem-se em Iowa), em O Globo e no Estadão, é uma prova de que mesmo analistas supostamente isentos podem destilar preconceitos sobre os grupos conservadores surgidos recentemente nos EUA, sob a denominação genérica de Tea Party.
Esses grupos insuflaram vida nova e de fato mudaram a trajetória do governo, de tal modo que as política esquerdistas foram inutilizadas e a irresponsabilidade que Barack Obama faria na condução dos negócios públicos foi devidamente abortada.
O controle da Câmara de Deputados na última eleição legislativa dá o grau de profundidade da ação política desses grupos, que dispõem de amplo respaldo popular.
Desde o Pós-guerra houve uma sincronia e alinhamento na ação política e administrativa do Estado norte-americano, em torno do programa da social-democracia, por ambos os partidos dominantes. A resistência conservadora, mal alinhada, limitavas a conter as iniciativas de elevação de impostos.
O governo Reagan, lembrado pelo articulista, como de resto os dos Bush, não mudaram essencialmente o modo de agir quando comparados aos governos dos presidentes democratas. Os membros do Tea Party, ao contrário, querem mesmo destruir o consenso social-democrata. Repudiam o Estado grande, desconfiam da mão do governo e querem que este se circunscreva a suas funções ditas clássicas.
Atualmente é a única força de fato que enfrenta a social-democracia, com desdobramentos planetários. Afinal, os Tea Party não querem o governo mundial e execram a redução do poder nacional norte-americano. Em boa hora.
Demétrio Magnoli revelou-se um desses críticos torcedores contra o Tea Party ao tratar a convenção de Iowa de forma depreciativa e os principais postulantes a presidente pelo Partido Republicano da mesma forma . A tal ponto que proclamou: “A primária inicial da campanha republicana assinala o fracasso do movimento conservador abrigado sob a abóbada do Tea Party“.
Um grave equívoco de interpretação e uma inverdade evidente.
Dificilmente quem for consagrado pelas primárias do Partido Republicano poderá deixar de atender o anseio minarquista dos membros do Tea Party. É isso que de fato os une, o anseio por reduzir a tributação, as despesas e a ingerência do Estado na vida das pessoas. E também a preservação dos bons costumes cristãos, provavelmente a força motivadora dessa aguerrida ala do partido.
Os republicanos que comungam do consenso social-democrata estão fora do jogo, se tomarmos qualquer dos postulantes. Essa é a prova de que agora é o tempo do triunfo da visão conservadora, ao menos no interior desse partido. Magnoli revelou-se um grande torcedor-analista ao escrever: “O insucesso dos radicais na primeira batalha praticamente define os rumos da campanha inteira. Romney, que prudentemente ficou acima da briga de facas, deve ser coroado desafiante de Barack Obama nas primárias da Flórida, em menos de um mês“.
Pode queimar a língua duplamente, seja porque o governador do Texas não é hostil ao Tea Party, seja porque é ainda muito cedo para afirmar que seu nome foi consagrado.
O horizonte político que se abre para os EUA é conservador, de um modo que já se havia esquecido. A crise permitiu brotar todo o ressentimento contra o irracionalismo do coletivismo social-democrata, que tomou conta daquele país também. É o tempo de correção de rumos. A vitória eventual do candidato republicano contra Obama, qualquer que seja ele, será um divisor de águas.
As políticas coletivistas serão aposentadas impiedosamente, com severas repercussões para o resto do mundo.
Num cenário assim, pode-se até imaginar o renascer do conservadorismo no Brasil.
Nivaldo Cordeiro
06 de janeiro de 2012
Esses grupos insuflaram vida nova e de fato mudaram a trajetória do governo, de tal modo que as política esquerdistas foram inutilizadas e a irresponsabilidade que Barack Obama faria na condução dos negócios públicos foi devidamente abortada.
O controle da Câmara de Deputados na última eleição legislativa dá o grau de profundidade da ação política desses grupos, que dispõem de amplo respaldo popular.
Desde o Pós-guerra houve uma sincronia e alinhamento na ação política e administrativa do Estado norte-americano, em torno do programa da social-democracia, por ambos os partidos dominantes. A resistência conservadora, mal alinhada, limitavas a conter as iniciativas de elevação de impostos.
O governo Reagan, lembrado pelo articulista, como de resto os dos Bush, não mudaram essencialmente o modo de agir quando comparados aos governos dos presidentes democratas. Os membros do Tea Party, ao contrário, querem mesmo destruir o consenso social-democrata. Repudiam o Estado grande, desconfiam da mão do governo e querem que este se circunscreva a suas funções ditas clássicas.
Atualmente é a única força de fato que enfrenta a social-democracia, com desdobramentos planetários. Afinal, os Tea Party não querem o governo mundial e execram a redução do poder nacional norte-americano. Em boa hora.
Demétrio Magnoli revelou-se um desses críticos torcedores contra o Tea Party ao tratar a convenção de Iowa de forma depreciativa e os principais postulantes a presidente pelo Partido Republicano da mesma forma . A tal ponto que proclamou: “A primária inicial da campanha republicana assinala o fracasso do movimento conservador abrigado sob a abóbada do Tea Party“.
Um grave equívoco de interpretação e uma inverdade evidente.
Dificilmente quem for consagrado pelas primárias do Partido Republicano poderá deixar de atender o anseio minarquista dos membros do Tea Party. É isso que de fato os une, o anseio por reduzir a tributação, as despesas e a ingerência do Estado na vida das pessoas. E também a preservação dos bons costumes cristãos, provavelmente a força motivadora dessa aguerrida ala do partido.
Os republicanos que comungam do consenso social-democrata estão fora do jogo, se tomarmos qualquer dos postulantes. Essa é a prova de que agora é o tempo do triunfo da visão conservadora, ao menos no interior desse partido. Magnoli revelou-se um grande torcedor-analista ao escrever: “O insucesso dos radicais na primeira batalha praticamente define os rumos da campanha inteira. Romney, que prudentemente ficou acima da briga de facas, deve ser coroado desafiante de Barack Obama nas primárias da Flórida, em menos de um mês“.
Pode queimar a língua duplamente, seja porque o governador do Texas não é hostil ao Tea Party, seja porque é ainda muito cedo para afirmar que seu nome foi consagrado.
O horizonte político que se abre para os EUA é conservador, de um modo que já se havia esquecido. A crise permitiu brotar todo o ressentimento contra o irracionalismo do coletivismo social-democrata, que tomou conta daquele país também. É o tempo de correção de rumos. A vitória eventual do candidato republicano contra Obama, qualquer que seja ele, será um divisor de águas.
As políticas coletivistas serão aposentadas impiedosamente, com severas repercussões para o resto do mundo.
Num cenário assim, pode-se até imaginar o renascer do conservadorismo no Brasil.
Nivaldo Cordeiro
06 de janeiro de 2012
MATÉRIA DO "JORNAL NACIONAL" APONTA INEFICIÊNCIA DA GESTÃO PÚBLICA
Diretor da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco foi entrevistado:
“Se nós gastássemos em prevenção certamente estaríamos gastando menos em recuperação desse cenário de desastres e com certeza estaríamos evitando muitas mortes”
“Se nós gastássemos em prevenção certamente estaríamos gastando menos em recuperação desse cenário de desastres e com certeza estaríamos evitando muitas mortes”
O PAU DE ARARA DA DUPLA KASSAB-ALCKMIN NA CRACOLÂNDIA
O comentarista Armando Martin nos manda este instigante artigo publicado no portal Terra, sobre a estranha forma encontrada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e pelo governador Geraldo Alckmin para combater o uso de crack.
É inacreditável. Em tempos de Tribunal Penal Internacional e de luta sem fronteiras por respeito aos direitos humanos e contra a tortura, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o governador do estado paulista, Geraldo Alckmin, adotam, na conhecida Cracolândia, violência contra dependentes de crack.
A dupla de governantes acaba de oficializar a tortura.
Na quarta-feira, por determinação do prefeito da cidade de São Paulo e do governador do Estado, iniciou-se o denominado “Plano de Ação Integrada Centro Legal”. Esse plano, consoante anunciado, terá duração indeterminada.
O plano, como explicou o coordenador de políticas de drogas da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania, Luiz Alberto Chaves de Oliveira, consiste em obrigar os dependentes que vivem na Cracolândia a buscar ajuda, “pela dor e sofrimento” decorrentes da abstinência, junto às autoridades sanitárias ou redes de saúde.
Ao tempo do DOI-CODI, a tortura, como regra mestra, foi largamente empregada. A regra era torturar, física ou psicologicamente, para obter o resultado esperado.
Nos campos nazistas, a fome e o abandono levavam à morte. Auxiliavam na vazão, pois, eram insuficientes em número os fornos crematórios.
A tortura indireta posta em prática pela dupla Kassab-Alckmin tem o mesmo fundamento dos campos de concentração nazista. E a tortura imperava no DOI-CODI, de triste memória.
Em nenhum país civilizado emprega-se essa estratégia desumana a dependentes. Ao contrário, investe-se no convencimento ao tratamento e até nas salas seguras para uso de drogas.
As federações do comércio e da indústria da Alemanha apoiam os programas de narcossalas com 1 milhão de euros. E ninguém esquece a lição do professor Uwe Kemmesies, da Universidade de Frankfurt: “Podemos reconhecer que a oferta de salas seguras para o consumo de drogas melhorou a expectativa e a qualidade de vida de muitos toxicodependentes que não desejam ou não conseguem abandonar as substâncias”:
Desde os anos 90, a cidade convive com a Cracolândia e os governos são incapazes de adotar políticas adequadas. Nem as delegacias especializadas, tipo Denarc (Delegacia de Narcóticos), nem a Polícia Militar identificaram, até hoje, a origem do crack que é ofertado. Agora, numa ação policialesca, busca-se o cerco ao usuário para se chegar ao vendedor da droga. Vendedor que, evidentemente, não é o operador da rede de abastecimento de crack para as cracolândias brasileiras.
Uma questão sócio-sanitária, de saúde pública, não pode mais ser enfrentada com soluções torturantes, como pretendem Alckmin-Kassab.
Pano Rápido. Aguarda-se que a ministra responsável pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, tome medidas adequadas para suspender as torturas em São Paulo e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, inicie apurações criminais.
E espera-se que a nova procuradora junto ao Tribunal Penal Internacional, Fatou Bensouda, natural de Gâmbia (África Ocidental), levante o que acontece na Cracolândia e enquadre as irresponsabilidades e desumanidades.
Wálter Fanganiello Maierovitch
06 de janeiro de 2012
É inacreditável. Em tempos de Tribunal Penal Internacional e de luta sem fronteiras por respeito aos direitos humanos e contra a tortura, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o governador do estado paulista, Geraldo Alckmin, adotam, na conhecida Cracolândia, violência contra dependentes de crack.
A dupla de governantes acaba de oficializar a tortura.
Na quarta-feira, por determinação do prefeito da cidade de São Paulo e do governador do Estado, iniciou-se o denominado “Plano de Ação Integrada Centro Legal”. Esse plano, consoante anunciado, terá duração indeterminada.
O plano, como explicou o coordenador de políticas de drogas da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania, Luiz Alberto Chaves de Oliveira, consiste em obrigar os dependentes que vivem na Cracolândia a buscar ajuda, “pela dor e sofrimento” decorrentes da abstinência, junto às autoridades sanitárias ou redes de saúde.
Ao tempo do DOI-CODI, a tortura, como regra mestra, foi largamente empregada. A regra era torturar, física ou psicologicamente, para obter o resultado esperado.
Nos campos nazistas, a fome e o abandono levavam à morte. Auxiliavam na vazão, pois, eram insuficientes em número os fornos crematórios.
A tortura indireta posta em prática pela dupla Kassab-Alckmin tem o mesmo fundamento dos campos de concentração nazista. E a tortura imperava no DOI-CODI, de triste memória.
Em nenhum país civilizado emprega-se essa estratégia desumana a dependentes. Ao contrário, investe-se no convencimento ao tratamento e até nas salas seguras para uso de drogas.
As federações do comércio e da indústria da Alemanha apoiam os programas de narcossalas com 1 milhão de euros. E ninguém esquece a lição do professor Uwe Kemmesies, da Universidade de Frankfurt: “Podemos reconhecer que a oferta de salas seguras para o consumo de drogas melhorou a expectativa e a qualidade de vida de muitos toxicodependentes que não desejam ou não conseguem abandonar as substâncias”:
Desde os anos 90, a cidade convive com a Cracolândia e os governos são incapazes de adotar políticas adequadas. Nem as delegacias especializadas, tipo Denarc (Delegacia de Narcóticos), nem a Polícia Militar identificaram, até hoje, a origem do crack que é ofertado. Agora, numa ação policialesca, busca-se o cerco ao usuário para se chegar ao vendedor da droga. Vendedor que, evidentemente, não é o operador da rede de abastecimento de crack para as cracolândias brasileiras.
Uma questão sócio-sanitária, de saúde pública, não pode mais ser enfrentada com soluções torturantes, como pretendem Alckmin-Kassab.
Pano Rápido. Aguarda-se que a ministra responsável pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, tome medidas adequadas para suspender as torturas em São Paulo e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, inicie apurações criminais.
E espera-se que a nova procuradora junto ao Tribunal Penal Internacional, Fatou Bensouda, natural de Gâmbia (África Ocidental), levante o que acontece na Cracolândia e enquadre as irresponsabilidades e desumanidades.
Wálter Fanganiello Maierovitch
06 de janeiro de 2012
TRAGÉDIAS COM AVISO-PRÉVIO
O verão e as calamidades estão apenas começando, tal como acontece no Brasil há anos. No início do século XIX, as cartas de um funcionário da Secretaria de Estado do Rio de Janeiro a seu pai, o bibliotecário da Livraria da Ajuda, Francisco José dos Santos Marrocos, já registravam fatos relacionados às enchentes na Bahia.
Em um dos trechos o autor comenta: “S. A. R. (Sua Alteza Real) mandou daqui a toda a pressa o Architecto José da Costa com hum grande numero de outros Architectos e Engenheiros, para alinharem huma Cidade nova fóra da eminencia dos morros e montanhas, de que ainda agora continuão a despegar-se pedaços, que arrazão tudo que encontrão.”
Desde o Império, portanto, a natureza anda de braços dados com a falta de planejamento e o improviso, em níveis municipal, estadual e federal. Os desastres são considerados fatalidades pelos governantes, como se nenhuma culpa lhes coubesse.
Em 2011, levantamento do Serviço Geológico do Brasil constatou que em 251 municípios brasileiros existem possibilidades de acidentes. Em 28 dessas cidades residem 178,5 mil pessoas, com risco alto ou muito alto de serem afetadas por enchentes ou desabamentos. Na raiz do problema está o fracasso da política habitacional, o que propiciou ocupações precárias e invasões, sob a vista grossa das autoridades públicas.
Apesar da crescente preocupação com as questões sociais, na última década a quantidade de pessoas que vivem em favelas quase dobrou, passando de 6,5 milhões em 2000 para 11,4 milhões em 2010. Nesse cenário, as catástrofes naturais são previsíveis.
Curiosamente, dos R$ 155,6 milhões pagos, a maior parte (R$ 34,2 milhões) foi destinada a Pernambuco, estado do atual ministro, Fernando Bezerra.
O governo federal, por exemplo, possui programa com o sugestivo título de “Prevenção e Preparação para Desastres”.
Nos últimos 8 anos, as dotações autorizadas pelo Congresso Nacional para esta rubrica somaram R$ 2,8 bilhões, mas apenas R$ 695,4 milhões foram aplicados. Em outras palavras, de cada R$ 4 previstos em orçamento, apenas R$ 1 foi gasto. Além disso, o ditado “é melhor prevenir do que remediar” é praticado às avessas. No mesmo período, o programa “Resposta aos Desastres e Reconstrução” consumiu R$ 5,9 bilhões, 7 vezes mais do que o aplicado na prevenção.
No ano passado, não foi diferente. Foram autorizados R$ 508,5 milhões para o programa de prevenção, porém somente R$ 155,6 milhões (30,6%) foram pagos. Em contrapartida, R$ 1 bilhão foi desembolsado com o programa de reconstrução. A explicação do Ministério da Integração Nacional é que os estados e os municípios não apresentaram propostas de obras preventivas, o que levou a Pasta a editar “cartilha” sobre intervenções em áreas de risco. Curiosamente, dos R$ 155,6 milhões pagos, a maior parte (R$ 34,2 milhões) foi destinada a Pernambuco, estado do atual ministro, Fernando Bezerra. O fato pode levar à conclusão irônica que os projetos que podem evitar tragédias, assim como o frevo, são tipicamente pernambucanos.
É certo que obras de macrodrenagem, de urbanização de assentamentos precários e, ainda, o Minha Casa, Minha Vida, também contribuem para minimizar as tragédias. De qualquer forma, a incompetência no uso dos recursos do programa de “Prevenção e Preparação para Desastres” é impressionante.
Alguns avanços, porém, devem ser reconhecidos. Entre eles, o uso do Cartão de Pagamento de Defesa Civil, que dará transparência e celeridade aos gastos. Ademais, a implantação do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) — cogitada desde 2004 — sairá do papel. Até novembro passado, o que existia eram alguns servidores, sem um meteorologista sequer, atuando precariamente em três salas do Ministério da Integração Nacional.
Agora, o grupo irá trabalhar em local adequado tecnicamente, inclusive em plantão de 24 horas, até porque os fenômenos climáticos não respeitam o horário comercial. Entretanto, o concurso destinado à contratação de 52 profissionais para o Cenad só acontecerá em março. Até lá, estão sendo recrutados servidores de outros órgãos, verdadeiro “exército de Brancaleone”, que irá monitorar as chuvas deste início de ano.
Diante dos fatos, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, admitiu o óbvio, ou seja, que o governo não será capaz de impedir as mortes decorrentes das chuvas, neste e nos próximos verões. Assim, é provável que os morros e as montanhas continuem a desabar aos pedaços, arrasando tudo o que encontram pelo caminho, tal como há 200 anos.
3 de janeiro de 2012
Gil Castello Branco
Fonte: O Globo, 03/01/2012
Em um dos trechos o autor comenta: “S. A. R. (Sua Alteza Real) mandou daqui a toda a pressa o Architecto José da Costa com hum grande numero de outros Architectos e Engenheiros, para alinharem huma Cidade nova fóra da eminencia dos morros e montanhas, de que ainda agora continuão a despegar-se pedaços, que arrazão tudo que encontrão.”
Desde o Império, portanto, a natureza anda de braços dados com a falta de planejamento e o improviso, em níveis municipal, estadual e federal. Os desastres são considerados fatalidades pelos governantes, como se nenhuma culpa lhes coubesse.
Em 2011, levantamento do Serviço Geológico do Brasil constatou que em 251 municípios brasileiros existem possibilidades de acidentes. Em 28 dessas cidades residem 178,5 mil pessoas, com risco alto ou muito alto de serem afetadas por enchentes ou desabamentos. Na raiz do problema está o fracasso da política habitacional, o que propiciou ocupações precárias e invasões, sob a vista grossa das autoridades públicas.
Apesar da crescente preocupação com as questões sociais, na última década a quantidade de pessoas que vivem em favelas quase dobrou, passando de 6,5 milhões em 2000 para 11,4 milhões em 2010. Nesse cenário, as catástrofes naturais são previsíveis.
Curiosamente, dos R$ 155,6 milhões pagos, a maior parte (R$ 34,2 milhões) foi destinada a Pernambuco, estado do atual ministro, Fernando Bezerra.
O governo federal, por exemplo, possui programa com o sugestivo título de “Prevenção e Preparação para Desastres”.
Nos últimos 8 anos, as dotações autorizadas pelo Congresso Nacional para esta rubrica somaram R$ 2,8 bilhões, mas apenas R$ 695,4 milhões foram aplicados. Em outras palavras, de cada R$ 4 previstos em orçamento, apenas R$ 1 foi gasto. Além disso, o ditado “é melhor prevenir do que remediar” é praticado às avessas. No mesmo período, o programa “Resposta aos Desastres e Reconstrução” consumiu R$ 5,9 bilhões, 7 vezes mais do que o aplicado na prevenção.
No ano passado, não foi diferente. Foram autorizados R$ 508,5 milhões para o programa de prevenção, porém somente R$ 155,6 milhões (30,6%) foram pagos. Em contrapartida, R$ 1 bilhão foi desembolsado com o programa de reconstrução. A explicação do Ministério da Integração Nacional é que os estados e os municípios não apresentaram propostas de obras preventivas, o que levou a Pasta a editar “cartilha” sobre intervenções em áreas de risco. Curiosamente, dos R$ 155,6 milhões pagos, a maior parte (R$ 34,2 milhões) foi destinada a Pernambuco, estado do atual ministro, Fernando Bezerra. O fato pode levar à conclusão irônica que os projetos que podem evitar tragédias, assim como o frevo, são tipicamente pernambucanos.
É certo que obras de macrodrenagem, de urbanização de assentamentos precários e, ainda, o Minha Casa, Minha Vida, também contribuem para minimizar as tragédias. De qualquer forma, a incompetência no uso dos recursos do programa de “Prevenção e Preparação para Desastres” é impressionante.
Alguns avanços, porém, devem ser reconhecidos. Entre eles, o uso do Cartão de Pagamento de Defesa Civil, que dará transparência e celeridade aos gastos. Ademais, a implantação do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) — cogitada desde 2004 — sairá do papel. Até novembro passado, o que existia eram alguns servidores, sem um meteorologista sequer, atuando precariamente em três salas do Ministério da Integração Nacional.
Agora, o grupo irá trabalhar em local adequado tecnicamente, inclusive em plantão de 24 horas, até porque os fenômenos climáticos não respeitam o horário comercial. Entretanto, o concurso destinado à contratação de 52 profissionais para o Cenad só acontecerá em março. Até lá, estão sendo recrutados servidores de outros órgãos, verdadeiro “exército de Brancaleone”, que irá monitorar as chuvas deste início de ano.
Diante dos fatos, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, admitiu o óbvio, ou seja, que o governo não será capaz de impedir as mortes decorrentes das chuvas, neste e nos próximos verões. Assim, é provável que os morros e as montanhas continuem a desabar aos pedaços, arrasando tudo o que encontram pelo caminho, tal como há 200 anos.
3 de janeiro de 2012
Gil Castello Branco
Fonte: O Globo, 03/01/2012
VISÃO RESTRITA
Pernambuco, estado de origem do ministro Fernando Bezerra, ter recebido 90% das verbas de combate contra enchentes reflete um hábito dos políticos que ocupam o Ministério da Integração Nacional. Quando o ministro era Geddel Vieira Lima, do PMDB, a Bahia foi o estado que mais recebeu verbas, e assim será sempre que os ministérios forem ocupados por prepostos dos partidos políticos.Tão mais grave é a descoberta de que, um ano depois das grandes enchentes no Estado do Rio, além do desvio de verbas em municípios para as providências emergenciais, o governo estadual não conseguiu distribuir nenhum centavo do orçamento previsto para a construção de casas populares na região, que agora são anunciadas como prestes a serem começadas.
Esse é um dos muitos problemas que a divisão do Ministério por partidos e por estados provoca. O político entra num ministério desses devendo favores a seus pares, que no final das contas foram os que o escolheram, ao governador que o apoiou, e não ao governo federal e, sobretudo, a um projeto de governo.
Esse problema recorrente só será resolvido quando a composição do Ministério for feita com base em um programa de governo. Para isso não é preciso necessariamente ter um Ministério composto só de técnicos, mas de pessoas com visão técnica dos problemas que a pasta tem de enfrentar. E uma visão nacional, que abranja o país como um conjunto, e não o seu estado ou a região em que atua.
Se não for alterado o critério de ocupação de um ministério como esse, haverá sempre problemas, pois o ministro se sentirá obrigado a ajudar seu estado, seu governador, seu partido, e assim o ministério perde a visão nacional dos problemas, que deveria ser a missão do governo.
A intervenção feita pela Casa Civil, com a ministra Gleisi Hoffmann assumindo o controle das ações do ministério, indica que a próxima reforma ministerial tem mais um candidato à degola. Mas, certamente, haverá problemas, pois o governador Eduardo Campos, chefe do PSB, partido do ministro, já saiu em sua defesa e na defesa de Pernambuco.Ele é um dos mais importantes apoios políticos do Palácio do Planalto e, certamente, não quererá que seu partido perca o controle de um ministério estratégico como o da Integração Nacional.
Esse sistema de montagem de governo deve-se a uma “depravação do processo” de formação de um “presidencialismo de coalizão”, segundo o cientista político Sérgio Abranches, que, em trabalho de 1988, cunhou essa definição para explicar nosso sistema de governo. Ele parte do princípio de que um país heterogêneo como o nosso vai ser sempre multipartidário, tornando inevitáveis os governos de coalizão. Essa fragmentação partidária reflete a federação e ocorreria do mesmo modo se tivéssemos sistema bipartidário como nos Estados Unidos, onde o Partido Republicano do Texas tem pouco a ver com o Partido Republicano de Nova York.
Com a formalização de uma estrutura multipartidária, a coalizão tem que incluir os partidos que apoiam o governo, e o processo de formação da coalizão é que tem que obedecer a critérios que, com o correr dos tempos, no Brasil foram se corrompendo. Normalmente a coalizão eleitoral corresponde à coalizão governamental, e é mais raro no mundo do que aqui acontecer de partidos aderirem ao governo depois de apoiar outro candidato na eleição presidencial. Com isso, o eleitor sabe que aqueles partidos que apoiaram determinado candidato apoiam também o programa de governo que foi apresentado na campanha eleitoral.
Os partidos, para dar apoio a um determinado candidato, exigem dele que adote esse ou aquele tipo de política pública, ou até mesmo de posição internacional – menos comum no Brasil, embora a política externa venha se tornando um tema relevante nas campanhas eleitorais, com o progressivo aumento de prestígio internacional do país.
A partir do momento em que um partido vê incluído na plataforma eleitoral de determinado candidato um ponto de seu interesse – como a política de meio ambiente pelo Partido Verde, por exemplo -, ele terá condições de apoiar sua eleição e, mais adiante, ocupará esse ministério que representa sua melhor aptidão.
Da maneira como é feita hoje, a distribuição de ministérios corresponde a interesses eleitorais dos partidos políticos, e não aos seus programas de governo. É difícil entender qual é a especialização exigida para um determinado ministério, já que a troca de partidos obedece mais a interesses imediatos de alocação de aliados do que exatamente à vocação política.
Também o contingenciamento das verbas transforma o Orçamento em uma ação política, e não técnica, e a liberação de verbas virou instrumento de ação do Executivo para conseguir o apoio de setores partidários. Por isso, tanto o ministro Bezerra quanto o governador Campos alegam que a presidente Dilma sabia da distribuição de verbas para Pernambuco. Talvez não lhe tenha sido avisado que o ministério destinaria 90% da verba para o estado do ministro, mas isso é um detalhe.
Se a partilha de cargos é inevitável no nosso presidencialismo de coalizão, pelo menos se deveria dar tratamento diferenciado aos órgãos partilhados, e não entregar os ministérios de “porteira fechada”, como acabou sendo o costume no primeiro ano do governo Dilma.
Outra providência necessária seria a instituição de pré-requisitos para a nomeação para certos cargos, obrigando os partidos a encontrar pessoas minimamente qualificadas para indicar. A presidente tem uma chance especial para testar novos procedimentos na reforma ministerial que anuncia para breve. Se reduzir o número de ministérios e aprimorar os critérios de nomeações, estará dando passo decisivo para reorganizar a máquina administrativa do país num ano em que as dificuldades econômicas provavelmente serão maiores do que até então.
Talvez os políticos, diante das dificuldades que se prenunciam, rejeitem alguns ministérios, o que pode facilitar a vida da presidente. Mas, infelizmente, o mais provável é que pouca coisa mude.
6 de janeiro de 2012
Merval Pereira
Fonte: O Globo, 05/01/2012
Esse é um dos muitos problemas que a divisão do Ministério por partidos e por estados provoca. O político entra num ministério desses devendo favores a seus pares, que no final das contas foram os que o escolheram, ao governador que o apoiou, e não ao governo federal e, sobretudo, a um projeto de governo.
Esse problema recorrente só será resolvido quando a composição do Ministério for feita com base em um programa de governo. Para isso não é preciso necessariamente ter um Ministério composto só de técnicos, mas de pessoas com visão técnica dos problemas que a pasta tem de enfrentar. E uma visão nacional, que abranja o país como um conjunto, e não o seu estado ou a região em que atua.
Se não for alterado o critério de ocupação de um ministério como esse, haverá sempre problemas, pois o ministro se sentirá obrigado a ajudar seu estado, seu governador, seu partido, e assim o ministério perde a visão nacional dos problemas, que deveria ser a missão do governo.
A intervenção feita pela Casa Civil, com a ministra Gleisi Hoffmann assumindo o controle das ações do ministério, indica que a próxima reforma ministerial tem mais um candidato à degola. Mas, certamente, haverá problemas, pois o governador Eduardo Campos, chefe do PSB, partido do ministro, já saiu em sua defesa e na defesa de Pernambuco.Ele é um dos mais importantes apoios políticos do Palácio do Planalto e, certamente, não quererá que seu partido perca o controle de um ministério estratégico como o da Integração Nacional.
Esse sistema de montagem de governo deve-se a uma “depravação do processo” de formação de um “presidencialismo de coalizão”, segundo o cientista político Sérgio Abranches, que, em trabalho de 1988, cunhou essa definição para explicar nosso sistema de governo. Ele parte do princípio de que um país heterogêneo como o nosso vai ser sempre multipartidário, tornando inevitáveis os governos de coalizão. Essa fragmentação partidária reflete a federação e ocorreria do mesmo modo se tivéssemos sistema bipartidário como nos Estados Unidos, onde o Partido Republicano do Texas tem pouco a ver com o Partido Republicano de Nova York.
Com a formalização de uma estrutura multipartidária, a coalizão tem que incluir os partidos que apoiam o governo, e o processo de formação da coalizão é que tem que obedecer a critérios que, com o correr dos tempos, no Brasil foram se corrompendo. Normalmente a coalizão eleitoral corresponde à coalizão governamental, e é mais raro no mundo do que aqui acontecer de partidos aderirem ao governo depois de apoiar outro candidato na eleição presidencial. Com isso, o eleitor sabe que aqueles partidos que apoiaram determinado candidato apoiam também o programa de governo que foi apresentado na campanha eleitoral.
Os partidos, para dar apoio a um determinado candidato, exigem dele que adote esse ou aquele tipo de política pública, ou até mesmo de posição internacional – menos comum no Brasil, embora a política externa venha se tornando um tema relevante nas campanhas eleitorais, com o progressivo aumento de prestígio internacional do país.
A partir do momento em que um partido vê incluído na plataforma eleitoral de determinado candidato um ponto de seu interesse – como a política de meio ambiente pelo Partido Verde, por exemplo -, ele terá condições de apoiar sua eleição e, mais adiante, ocupará esse ministério que representa sua melhor aptidão.
Da maneira como é feita hoje, a distribuição de ministérios corresponde a interesses eleitorais dos partidos políticos, e não aos seus programas de governo. É difícil entender qual é a especialização exigida para um determinado ministério, já que a troca de partidos obedece mais a interesses imediatos de alocação de aliados do que exatamente à vocação política.
Também o contingenciamento das verbas transforma o Orçamento em uma ação política, e não técnica, e a liberação de verbas virou instrumento de ação do Executivo para conseguir o apoio de setores partidários. Por isso, tanto o ministro Bezerra quanto o governador Campos alegam que a presidente Dilma sabia da distribuição de verbas para Pernambuco. Talvez não lhe tenha sido avisado que o ministério destinaria 90% da verba para o estado do ministro, mas isso é um detalhe.
Se a partilha de cargos é inevitável no nosso presidencialismo de coalizão, pelo menos se deveria dar tratamento diferenciado aos órgãos partilhados, e não entregar os ministérios de “porteira fechada”, como acabou sendo o costume no primeiro ano do governo Dilma.
Outra providência necessária seria a instituição de pré-requisitos para a nomeação para certos cargos, obrigando os partidos a encontrar pessoas minimamente qualificadas para indicar. A presidente tem uma chance especial para testar novos procedimentos na reforma ministerial que anuncia para breve. Se reduzir o número de ministérios e aprimorar os critérios de nomeações, estará dando passo decisivo para reorganizar a máquina administrativa do país num ano em que as dificuldades econômicas provavelmente serão maiores do que até então.
Talvez os políticos, diante das dificuldades que se prenunciam, rejeitem alguns ministérios, o que pode facilitar a vida da presidente. Mas, infelizmente, o mais provável é que pouca coisa mude.
6 de janeiro de 2012
Merval Pereira
Fonte: O Globo, 05/01/2012
EXCELENTE PROJETO: SENADOR QUER PENA MAIOR PARA QUEM COMETER CRIME SOB EFEITO DE DROGAS ILÍCITAS
Enfim, uma medida inteligente na repressão ao uso de drogas. O senador Sérgio Souza (PMDB-PR) apresentou projeto que endurece a lei contra os usuários de substâncias ilícitas. Seu principal dispositivo eleva a pena dos marginais que cometerem crimes sob efeito de entorpecentes durante suas ações. Ou seja, o uso das drogas será considerado “agravante” nas sentenças judiciais.
Outro dispositivo do projeto determina que qualquer pessoa que comprar, guardar, transportar ou trouxer para consumo alguma droga ilegal poderá pagar uma multa que variará de R$ 200 e R$ 1.000.
Na visão do senador Sérgio Souza, o viciado precisa sentir no bolso as consequências na prática ilegal. “O usuário é o grande responsável pelo tráfico de drogas”, afirma, acrescentando: “A sensação de que o usuário sairá totalmente impune tem que terminar”.
O projeto também estabelece que o dinheiro arrecadado com as punições deverá ser todo destinado para o Fundo Nacional Antidrogas.
Se aprovada no Senado, a proposta seguirá direto para a Câmara dos Deputados.
Carlos Newton
06 de janeiro de 2012
Outro dispositivo do projeto determina que qualquer pessoa que comprar, guardar, transportar ou trouxer para consumo alguma droga ilegal poderá pagar uma multa que variará de R$ 200 e R$ 1.000.
Na visão do senador Sérgio Souza, o viciado precisa sentir no bolso as consequências na prática ilegal. “O usuário é o grande responsável pelo tráfico de drogas”, afirma, acrescentando: “A sensação de que o usuário sairá totalmente impune tem que terminar”.
O projeto também estabelece que o dinheiro arrecadado com as punições deverá ser todo destinado para o Fundo Nacional Antidrogas.
Se aprovada no Senado, a proposta seguirá direto para a Câmara dos Deputados.
Carlos Newton
06 de janeiro de 2012
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, POLÍTICA TORPE: UMA GRANDE TRAGÉDIA E NENHUMA VERBA
Cocal, no Piauí, que sofreu com rompimento de barragem em 2009, não recebeu nada da Integração
COCAL (PI). Desde 27 de maio de 2009, quando a Barragem Algodões, em Cocal (a 283km de Teresina), rompeu-se, matando 11 pessoas e destruindo casas e propriedades de 270 famílias, a situação não mudou na cidade, e o cenário é o mesmo deixado pela tragédia.
A barragem continua destruída, e o Rio Pirangi, antes manancial na região, não passa hoje de um filete d"água. Os recursos prometidos pelo Ministério da Integração para obras de uma nova barragem nunca foram liberados.
O presidente do Instituto de Desenvolvimento do Piauí, Elizeu Aguiar, disse que os R$110 milhões necessários para a nova Barragem Algodões estão previstos no Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2).
Segundo ele, as obras de construção da barragem, com capacidade para 50 milhões de metros cúbicos, só serão licitadas este mês, porque houve demora na elaboração do projeto, que ainda não tem o relatório de impacto ambiental e a licença do Ibama.
- Aqui, eu tinha, com minha família, cem hectares de terra, onde plantava mandioca, milho, cana, para vender garapa, criava carneiros, cabras e porcos. Agora, não tenho nada. As águas destruíram minha casa, e tenho cinco filhos para dar de comer - disse o agricultor José Honório Alves Neto, que ainda mora perto da barragem, em uma casa que construiu após a tragédia.
- Eu tirava um salário e meio, e hoje vivo de uma pensão de R$225 que o governo do Piauí paga por mês e que atrasa até cinco meses. A terra onde a gente plantava agora é seca e cheia de pedras que chegaram com as águas da barragem que se rompeu. Minha vida está uma desgraça - acrescentou Alves Neto.
A dona de casa Maria Clemilda Machado contou que seu pai, o pedreiro e agricultor Romão José Machado, morreu de depressão e câncer há três meses. Ela disse que, desde que teve a casa destruída no rompimento da barragem, o pai não saiu mais da casa onde foi viver, construída na serra.
- Ele não só perdeu a casa, mas também toda a propriedade, os animais, e ainda tentou plantar em outro terreno, mas era muito seco e não dava nada. Ele entregou os pontos e vivia em profunda depressão - afirmou Maria Clemilda.
Efrém Ribeiro O Globo
NOTA AO PÉ DO TEXTO
O meu Brasil dos indigentes, dos desesperados que se amontoam nas filas dos muitos SUS desse Brasil; esse meu país desencantado, que castiga o homem simples, tanto os das cidades, quanto os das 'roças', aparece na imagem dessa mulher do povo, cuja angústia se lê nas marcadas linhas do rosto. Uma barragem que se rompe e muitas promessas, a que se seguem discursos da burocracia entorpecida em seu 'bem-bom' com ótimos salários... Tudo adiado para depois, para amanhã ou quem sabe para o próximo ano...
Apenas mais uma história dramática, mais uma tragédia entre tantas outras, de vítimas de enchentes, de deslizamentos de encostas, de destruições avassaladoras das chuvas que desabam sobre as cidades, arrebentando casas, destruindo bens, levando tudo na enxurrada.
Políticas de prevenção? Belos discursos, promessas maravilhosas, depois o esquecimento das populações atingidas, que continuam vivendo sob a desgraça do abandono público.
O cinismo político que se repete a cada desastre, enoja até o mais paciente dos homens, o mais tolerante, porque a indiferença alonga o sofrimento da espera, de uma espera quase infinita, que não chega nunca para aquele povo miúdo, crente, ingênuo, sempre disposto a acreditar na demagógica baboseira daqueles políticos que apenas passam por esses lugares, para colher o voto que lhes dará acesso ao poder. Depois... Esquecimento. "Estaremos de volta na próxima eleição! Conto com vocês, meu povo!"
Paisagens desoladoras ficam para trás, destruições, pranto, perda das esperanças. A água levou os poucos bens, de cambulhada na torrente selvagem da inundação, mas aquele povo crente, miúdo, continuará hipnotizado pelo discurso eleitoreiro, pela distribuição de chinelos, de dentaduras, de bonés e camisetas com o nome do seu eleito.
E a história se repetirá.
m.americo
DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA PÚBLICA ATINGE R$ 56 BILHÕES
O brasil maravilha da frenética e extraordinária "dôtora" R$1,99
Agravou-se em 2011 o déficit do regime de previdência dos servidores federais, uma das principais fontes de desequilíbrio das contas da União.
O Valor apurou que o déficit cresceu 10% e encerrou o ano em R$ 56 bilhões.
A despesa com o pagamento de benefícios a 1,1 milhão de aposentados e pensionistas do Judiciário, Legislativo e Executivo, incluindo militares, se aproxima de R$ 80 bilhões.
Enquanto isso, a receita com a contribuição previdenciária dos servidores foi inferior a R$ 25 bilhões
As contas do regime próprio de previdência dos servidores constituem uma preocupação constante para o governo.
O déficit de R$ 56 bilhões é bem maior que o esperado para o Regime Geral de Previdência Social (entre R$ 34 bilhões e R$ 36 bilhões), que transfere mensalmente benefícios a 25 milhões de pessoas.
Com o dinamismo do mercado de trabalho, a arrecadação do Regime Geral teve crescimento significativo, a ponto de reduzir o déficit em cerca de R$ 10 bilhões em relação a 2010.
O rombo no regime de previdência dos servidores foi superior ao valor incluído em todo o plano de cortes dos gastos públicos, de R$ 50 bilhões, anunciado no começo do ano passado.
Para viabilizar esse plano, o governo teve de sacrificar investimentos. O saldo negativo representou, também, três vezes e meia o gasto anual com o Bolsa Família.
O balanço completo das contas da previdência dos servidores será apresentado pelo governo nas próximas semanas.
Os dados preliminares, segundo o secretário de Políticas de Previdência Social, Leonardo Rolim, indicam que o aumento de 10% no déficit decorreu da ampliação do número de beneficiários (aposentados).
O aumento do déficit preocupa porque mais de um terço da mão de obra federal deverá se aposentar nos próximos anos, com salário integral. O projeto que está no Congresso, que institui o fundo de previdência complementar, se aprovado, representará um alívio para essas contas apenas a longo prazo.
O governo também enfrenta problemas de sonegação no recolhimento da contribuição previdenciária entre os servidores ativos.
O Ministério da Fazenda detectou sonegação em alguns órgãos federais que descontam a contribuição de 11% do servidor e não a repassam à União. Por isso, o ministério publicou nos últimos dias de 2011 novas regras destinadas a ampliar a receita com a cobrança dos 11%.
O governo passa agora a responsabilizar o gestor público federal pelo não recolhimento da contribuição do servidor. Isso se aplica, também, a casos em que a contribuição não é descontada.
Luciana Otoni | De Brasília Valor Econômico
Agravou-se em 2011 o déficit do regime de previdência dos servidores federais, uma das principais fontes de desequilíbrio das contas da União.
O Valor apurou que o déficit cresceu 10% e encerrou o ano em R$ 56 bilhões.
A despesa com o pagamento de benefícios a 1,1 milhão de aposentados e pensionistas do Judiciário, Legislativo e Executivo, incluindo militares, se aproxima de R$ 80 bilhões.
Enquanto isso, a receita com a contribuição previdenciária dos servidores foi inferior a R$ 25 bilhões
As contas do regime próprio de previdência dos servidores constituem uma preocupação constante para o governo.
O déficit de R$ 56 bilhões é bem maior que o esperado para o Regime Geral de Previdência Social (entre R$ 34 bilhões e R$ 36 bilhões), que transfere mensalmente benefícios a 25 milhões de pessoas.
Com o dinamismo do mercado de trabalho, a arrecadação do Regime Geral teve crescimento significativo, a ponto de reduzir o déficit em cerca de R$ 10 bilhões em relação a 2010.
O rombo no regime de previdência dos servidores foi superior ao valor incluído em todo o plano de cortes dos gastos públicos, de R$ 50 bilhões, anunciado no começo do ano passado.
Para viabilizar esse plano, o governo teve de sacrificar investimentos. O saldo negativo representou, também, três vezes e meia o gasto anual com o Bolsa Família.
O balanço completo das contas da previdência dos servidores será apresentado pelo governo nas próximas semanas.
Os dados preliminares, segundo o secretário de Políticas de Previdência Social, Leonardo Rolim, indicam que o aumento de 10% no déficit decorreu da ampliação do número de beneficiários (aposentados).
O aumento do déficit preocupa porque mais de um terço da mão de obra federal deverá se aposentar nos próximos anos, com salário integral. O projeto que está no Congresso, que institui o fundo de previdência complementar, se aprovado, representará um alívio para essas contas apenas a longo prazo.
O governo também enfrenta problemas de sonegação no recolhimento da contribuição previdenciária entre os servidores ativos.
O Ministério da Fazenda detectou sonegação em alguns órgãos federais que descontam a contribuição de 11% do servidor e não a repassam à União. Por isso, o ministério publicou nos últimos dias de 2011 novas regras destinadas a ampliar a receita com a cobrança dos 11%.
O governo passa agora a responsabilizar o gestor público federal pelo não recolhimento da contribuição do servidor. Isso se aplica, também, a casos em que a contribuição não é descontada.
Luciana Otoni | De Brasília Valor Econômico
EVIDÊNCIAS DO PROBLEMA DO CUSTO BRASIL
NO GOVERNO DA TARTARUGA("PRESIDENTA") NO POSTE
Os manufaturados vêm perdendo posição relativa na pauta brasileira de exportações. Ano passado, os produtos básicos responderam por 72% das exportações, enquanto alguns bens industrializados chegaram a recuar, como a venda de automóveis (menos 1,2%), principal item desta pauta, e calçados (queda de 13,3%).
A indústria nacional se queixa do câmbio, mas há também diversos outros fatores que pesam negativamente na capacidade de o país concorrer hoje não só no mercado internacional, mas até internamente com importações oriundas da Ásia.
Para reconquistar espaço, o Brasil precisa pôr em prática, urgentemente, uma agenda de competitividade. Há vários estudos, de fontes confiáveis, que apontam obstáculos e gargalos que reduzem a eficiência da economia brasileira. Genericamente, esses entraves são conceituados na expressão "Custo Brasil".
Carga tributária excessiva e inadequada (assombrosos 36% do PIB), taxas de juros em descompasso com os padrões do mercado externo, condições de crédito não tão favoráveis, legislação trabalhista esclerosada, onerosa, e burocracia são alguns desses fatores negativos sobre os quais as empresas têm pouca ou nenhuma ingerência, e dependem de políticas governamentais.
Mas há outras questões de estrutura no sistema produtivo que precisam ser observadas, entre as quais a de transportes.
Um exemplo objetivo é o que a própria indústria brasileira tem alegado para não conseguir competir em igualdade de condições com os concorrentes asiáticos na licitação para a compra de 60 trens suburbanos pelo Estado do Rio de Janeiro:
o frete ferroviário de São Paulo para o Rio sairia mais caro do que o valor cobrado no transporte desses veículos da China para o Brasil.
Tal exemplo, multiplicado por muitos outros, revela distorções que o chamado Custo Brasil provoca nos preços finais dos bens aqui produzidos. Nas licitações públicas, já se admite uma diferença de 15% em favor da indústria nacional.
Seria uma forma de compensar os produtores brasileiros por esses fatores estruturais negativos. É uma margem elevada, e, se mesmo assim não tem sido útil para a indústria, o problema tem outra dimensão.
O governo federal espera anunciar em março um novo pacote de estímulo às exportações de manufaturados. Iniciativas que facilitem as exportações sempre serão bem-vindas.
Porém, até já passou da hora de não se pensar em paliativos, mas em algo mais amplo, que envolva de fato uma agenda de competitividade.
Agir de forma tópica, de pacote a pacote setorial, não resolve o problema como um tudo, e ainda há o risco de se criarem distorções na economia. Além do que esta filosofia de atuação espasmódica e compartimentada tende a favorecer apenas setores com lobby eficiente nos gabinetes de Brasília.
Outro erro é imaginar que falta de competitividade de empresas nacionais se resolve com a construção de muralhas protecionistas e reservas de mercado. A falsa solução já foi tentada no Brasil e apenas produziu mais ineficiência e penalização do consumidor.
O Globo
Os manufaturados vêm perdendo posição relativa na pauta brasileira de exportações. Ano passado, os produtos básicos responderam por 72% das exportações, enquanto alguns bens industrializados chegaram a recuar, como a venda de automóveis (menos 1,2%), principal item desta pauta, e calçados (queda de 13,3%).
A indústria nacional se queixa do câmbio, mas há também diversos outros fatores que pesam negativamente na capacidade de o país concorrer hoje não só no mercado internacional, mas até internamente com importações oriundas da Ásia.
Para reconquistar espaço, o Brasil precisa pôr em prática, urgentemente, uma agenda de competitividade. Há vários estudos, de fontes confiáveis, que apontam obstáculos e gargalos que reduzem a eficiência da economia brasileira. Genericamente, esses entraves são conceituados na expressão "Custo Brasil".
Carga tributária excessiva e inadequada (assombrosos 36% do PIB), taxas de juros em descompasso com os padrões do mercado externo, condições de crédito não tão favoráveis, legislação trabalhista esclerosada, onerosa, e burocracia são alguns desses fatores negativos sobre os quais as empresas têm pouca ou nenhuma ingerência, e dependem de políticas governamentais.
Mas há outras questões de estrutura no sistema produtivo que precisam ser observadas, entre as quais a de transportes.
Um exemplo objetivo é o que a própria indústria brasileira tem alegado para não conseguir competir em igualdade de condições com os concorrentes asiáticos na licitação para a compra de 60 trens suburbanos pelo Estado do Rio de Janeiro:
o frete ferroviário de São Paulo para o Rio sairia mais caro do que o valor cobrado no transporte desses veículos da China para o Brasil.
Tal exemplo, multiplicado por muitos outros, revela distorções que o chamado Custo Brasil provoca nos preços finais dos bens aqui produzidos. Nas licitações públicas, já se admite uma diferença de 15% em favor da indústria nacional.
Seria uma forma de compensar os produtores brasileiros por esses fatores estruturais negativos. É uma margem elevada, e, se mesmo assim não tem sido útil para a indústria, o problema tem outra dimensão.
O governo federal espera anunciar em março um novo pacote de estímulo às exportações de manufaturados. Iniciativas que facilitem as exportações sempre serão bem-vindas.
Porém, até já passou da hora de não se pensar em paliativos, mas em algo mais amplo, que envolva de fato uma agenda de competitividade.
Agir de forma tópica, de pacote a pacote setorial, não resolve o problema como um tudo, e ainda há o risco de se criarem distorções na economia. Além do que esta filosofia de atuação espasmódica e compartimentada tende a favorecer apenas setores com lobby eficiente nos gabinetes de Brasília.
Outro erro é imaginar que falta de competitividade de empresas nacionais se resolve com a construção de muralhas protecionistas e reservas de mercado. A falsa solução já foi tentada no Brasil e apenas produziu mais ineficiência e penalização do consumidor.
O Globo
O DESAFIO DO SÉCULO
Enveredamos pelo ano de 2012 com a imprensa brasileira tendo que enfrentar alguns dilemas cruciais. O principal deles parece ser a incapacidade do modelo tradicional de jornalismo de fazer frente à complexidade do mundo contemporâneo.
O noticiário fragmentado e impreciso faz com que um número crescente de leitores abandone o jornal como fonte de informação para decisões importantes, ou até mesmo como base para fundamentar opiniões.
Esse fenômeno pode ser observado, ainda que sem rigor científico, nos prospectos de cursos de especialização ou de pós-graduação que as melhores instituições de ensino oferecem nas primeiras semanas do ano, e a percepção é reforçada em conversas com coordenadores desses produtos de educação continuada que têm como público os leitores mais qualificados.
Ao contrário do que já ocorreu em outros tempos, já não se apresenta entre as metodologias a consulta a dados da imprensa como parte do aprendizado, com exceção dos casos em que a imprensa é o tema da pesquisa.
Modelos de negócio
A análise das escolhas da mídia há muito denuncia certo partidarismo – eventualmente admitido publicamente por representantes das grandes empresas de comunicação – e revela o comprometimento do sistema imprensa, como um todo muito homogêneo, na definição de padrões que acabam sendo seguidos por algumas entidades corporativistas.
Assim, se o presidente de uma entidade de classe deseja obter espaço em determinado jornal ou revista, basta alinhavar, com a assistência de sua assessoria de imprensa, um texto que vá ao encontro desses padrões. Da mesma forma, essa predisposição para agasalhar qualquer texto que reforce os cânones expostos nos editoriais e mal disfarçados no noticiário também estimula o acesso de formadores de opinião ambiciosos – e na mesma medida intelectualmente desonestos – às disputadas páginas, espaços e tempo dos principais veículos.
Não se está aqui a dizer que todos os articulistas e colaboradores da imprensa tradicional sejam meros oportunistas. O que se pode constatar com relativa facilidade é que a adesão a esses dogmas facilita o acesso à mídia, o que limita a abrangência das opiniões emitidas.
Essa característica tende a se tornar ainda mais dominante na medida em que jornais, revistas e emissoras noticiosas se sentem pressionadas pelas dificuldades de fazer valer o modelo de negócio tradicional diante da evolução das mídias digitais.
A dúvida é necessária
O sucesso de empreendimentos como Google, Facebook e Twitter, combinado ao rápido desenvolvimento dos aparelhos de comunicação portáteis, cada vez mais poderosos e cheios de recursos, torna a cada dia mais urgente a invenção de um modelo de negócio que seja capaz de manter o valor das antigas marcas da mídia.
O dilema poderia se resumir entre a baixa receita que ainda produzem os negócios digitais de imprensa e a evidente incapacidade das empresas de comunicação de ampliar e fidelizar seus públicos.
Quando a internet ainda era uma quimera no horizonte, considerava-se que um jornal diário voltado para as classes de renda mais elevadas precisava manter uma carteira de assinantes cuja renovação se fizesse por adesão espontânea em cerca de 60%, ou seja, o público fiel entre os leitores contumazes deveria compor nada menos do que 60% da carteira de assinantes. O resto, formado pela venda avulsa, representava o esforço permanente de captação de novos leitores fiéis. No caso dos jornais chamados populares, a busca da audiência se fazia – e ainda se faz no dia a dia – com manchetes que se supõe sejam do agrado da maioria.
Acontece que a gestão pelo “faro” já não produz o mesmo resultado e os elevados custos do jornalismo de qualidade não permitem experimentações como as reengenharias inventadas por consultores exóticos durante os anos 1990.
A internet amadureceu, sua grande expansão por praticamente toda a sociedade cria a figura do leitor protagonista e o modelo engessado, com base em redações homogêneas fazendo um jornalismo pasteurizado para públicos muito homogêneos, não parece responder às demandas da sociedade contemporânea.
Em nome do futuro da imprensa, a imprensa precisa encarar o desafio de falar para comunidades mais complexas, com um jornalismo menos viciado em certezas duvidosas e enriquecido pelas dúvidas naturais de uma sociedade em transição.
Pelo menos enquanto não surge o jornalismo do futuro, a imprensa tradicional precisa se reinventar.
Luciano Martins Costa em 06/01/2012
O noticiário fragmentado e impreciso faz com que um número crescente de leitores abandone o jornal como fonte de informação para decisões importantes, ou até mesmo como base para fundamentar opiniões.
Esse fenômeno pode ser observado, ainda que sem rigor científico, nos prospectos de cursos de especialização ou de pós-graduação que as melhores instituições de ensino oferecem nas primeiras semanas do ano, e a percepção é reforçada em conversas com coordenadores desses produtos de educação continuada que têm como público os leitores mais qualificados.
Ao contrário do que já ocorreu em outros tempos, já não se apresenta entre as metodologias a consulta a dados da imprensa como parte do aprendizado, com exceção dos casos em que a imprensa é o tema da pesquisa.
Modelos de negócio
A análise das escolhas da mídia há muito denuncia certo partidarismo – eventualmente admitido publicamente por representantes das grandes empresas de comunicação – e revela o comprometimento do sistema imprensa, como um todo muito homogêneo, na definição de padrões que acabam sendo seguidos por algumas entidades corporativistas.
Assim, se o presidente de uma entidade de classe deseja obter espaço em determinado jornal ou revista, basta alinhavar, com a assistência de sua assessoria de imprensa, um texto que vá ao encontro desses padrões. Da mesma forma, essa predisposição para agasalhar qualquer texto que reforce os cânones expostos nos editoriais e mal disfarçados no noticiário também estimula o acesso de formadores de opinião ambiciosos – e na mesma medida intelectualmente desonestos – às disputadas páginas, espaços e tempo dos principais veículos.
Não se está aqui a dizer que todos os articulistas e colaboradores da imprensa tradicional sejam meros oportunistas. O que se pode constatar com relativa facilidade é que a adesão a esses dogmas facilita o acesso à mídia, o que limita a abrangência das opiniões emitidas.
Essa característica tende a se tornar ainda mais dominante na medida em que jornais, revistas e emissoras noticiosas se sentem pressionadas pelas dificuldades de fazer valer o modelo de negócio tradicional diante da evolução das mídias digitais.
A dúvida é necessária
O sucesso de empreendimentos como Google, Facebook e Twitter, combinado ao rápido desenvolvimento dos aparelhos de comunicação portáteis, cada vez mais poderosos e cheios de recursos, torna a cada dia mais urgente a invenção de um modelo de negócio que seja capaz de manter o valor das antigas marcas da mídia.
O dilema poderia se resumir entre a baixa receita que ainda produzem os negócios digitais de imprensa e a evidente incapacidade das empresas de comunicação de ampliar e fidelizar seus públicos.
Quando a internet ainda era uma quimera no horizonte, considerava-se que um jornal diário voltado para as classes de renda mais elevadas precisava manter uma carteira de assinantes cuja renovação se fizesse por adesão espontânea em cerca de 60%, ou seja, o público fiel entre os leitores contumazes deveria compor nada menos do que 60% da carteira de assinantes. O resto, formado pela venda avulsa, representava o esforço permanente de captação de novos leitores fiéis. No caso dos jornais chamados populares, a busca da audiência se fazia – e ainda se faz no dia a dia – com manchetes que se supõe sejam do agrado da maioria.
Acontece que a gestão pelo “faro” já não produz o mesmo resultado e os elevados custos do jornalismo de qualidade não permitem experimentações como as reengenharias inventadas por consultores exóticos durante os anos 1990.
A internet amadureceu, sua grande expansão por praticamente toda a sociedade cria a figura do leitor protagonista e o modelo engessado, com base em redações homogêneas fazendo um jornalismo pasteurizado para públicos muito homogêneos, não parece responder às demandas da sociedade contemporânea.
Em nome do futuro da imprensa, a imprensa precisa encarar o desafio de falar para comunidades mais complexas, com um jornalismo menos viciado em certezas duvidosas e enriquecido pelas dúvidas naturais de uma sociedade em transição.
Pelo menos enquanto não surge o jornalismo do futuro, a imprensa tradicional precisa se reinventar.
Luciano Martins Costa em 06/01/2012
INSTITUIÇÕES EM CRISE E O RUGIDO DO VELHO BRASIL OLIGÁRQUICO
Instituições em crise
Notícia publicada nesta quarta-feira, dia 4, pelo Estado de S.Paulo, dá conta de que os delegados da Polícia Federal estão se mobilizando para produzir uma emenda constitucional que lhes estenda algumas das garantias que são concedidas aos magistrados.
Eles querem vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos e independência em relação ao Ministério Público Federal.
Isso quer dizer que uma vez empossado, o delegado federal não poderia ser demitido por ato administrativo comum – apenas por motivos estabelecidos em lei e após sentença final de órgão superior da Justiça.
Da mesma forma, as remoções ou transferências só poderiam acontecer por motivo de interesse público justificado.
A categoria quer também se livrar do controle externo do Ministério Público Federal e já está conquistando a garantia de que o cargo de diretor-geral da Polícia Federal seja exclusivo para delegados de carreira, escolhido entre os de classe especial com mais de 35 anos de idade.
A reivindicação por mais autonomia tem como base uma antiga queixa dos delegados federais, que se avolumaram em 2008, depois que o agora deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) foi afastado do comando da chamada Operação Satiagraha.
Eles afirmam que, sem garantias de permanência no cargo ou no posto, e com ameaças de perda de status funcional, ficam vulneráveis à ação de personagens poderosos que eventualmente vêm a ser objeto de investigação.
Entre as justificativas divulgadas pelo Sindicato dos Delegados da Polícia Federal em São Paulo pondera-se, por exemplo, que as operações da PF “envolvem não raramente altas autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário” e que a independência funcional é fundamental para o combate aos desvios de recursos do Tesouro.
Segundo o presidente da entidade, citado pelo Estadão, “é comum a interferência de outros poderes e mesmo da máquina governamental nos procedimentos conduzidos por delegados federais”.
A reivindicação, que segundo o jornal, sensibilizou o ministro da Justiça, acrescenta um dado interessante ao outro lado das normas sobre a autonomia de certas instituições públicas.
Trata-se do conflito entre setores do Judiciário e o Conselho Nacional de Justiça.
Na contramão da campanha iniciada pela Associação dos Magistrados Brasileiros, o presidente da Associação Paulista de Magistrados defende publicamente o poder de investigação do CNJ sobre os juizes, independentemente da ação das corregedorias regionais, segundo informa a Folha de S.Paulo.
O Brasil das oligarquias
Também no Rio de Janeiro, ainda de acordo com a Folha, surgem manifestações públicas de juizes em favor do Conselho Nacional de Justiça, após duas decisões desfavoráveis às suas atribuições como corregedoria tomadas no Supremo Tribunal Federal.
Provocado por entidades representativas dos magistrados, o ministro Marco Aurélio Mello determinou recentemente que o CNJ não poderia investigar juizes antes de concluida a ação das corregedorias regionais.
No mesmo dia, outro ministro do STF, Ricardo Lewandowski, suspendeu uma investigação do Conselho Nacional de Justiça sobre a suspeita de pagamentos indevidos de benefícios no Tribunal de Justiça de São Paulo e em outros 21 estados.
A investigação do CNJ começou quando o Coaf – Conselho de Controle de Atividades Financerias do Minstério da Fazenda – detectou movimentações bancárias de valor elevado em contas de um grande número de juizes e funcionários de tribunais.
Trata-se de ação rotineira: é função do Coaf emitir avisos de operações financeiras fora do padrão, como parte do sistema de prevenção contra crimes financeiros.
Mas quando o Conselho pediu informações mais detalhadas das movimentações bancárias suspeitas, as entidades representativas dos magistrados consideraram ter havido quebra de sigilo fiscal.
Os detalhes dessa controvérsia têm sido publicados com frequência pelos jornais.
Mesmo o Valor Econômico, especializado em economia e negócios, publicou na terça-feira, dia 3, reportagem com chamada na primeira página informando que, depois que o Conselho Nacional de Justiça passou a fazer um levantamento de todos os processos disciplinares e sindicâncias contra juizes, aumentou em mais de mil, em apenas um mês, o número de magistrados investigados pelos tribunais.
No entanto, alerta o jornal, essa onda investigatória das corregedorias regionais pode terminar logo, se o Supremo Tribunal Federal mantiver a decisão que limita a ação do Conselho Nacional de Justiça.
Por trás dessa crise e da reivindicação dos delegados da Polícia Federal por mais autonomia, ruge o velho Brasil das oligarquias.
A mesma autonomia que pode assegurar o bom funcionamento de uma instituição policial tem servido para manter privilégios e ocultar desmandos em outras instituições.
Esse Brasil que nasceu no grande conchavo dos lobbies na Constituinte de 1988 precisa ser desmascarado pela imprensa.
opinião e notícia
06 de janeiro de 2012
Notícia publicada nesta quarta-feira, dia 4, pelo Estado de S.Paulo, dá conta de que os delegados da Polícia Federal estão se mobilizando para produzir uma emenda constitucional que lhes estenda algumas das garantias que são concedidas aos magistrados.
Eles querem vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos e independência em relação ao Ministério Público Federal.
Isso quer dizer que uma vez empossado, o delegado federal não poderia ser demitido por ato administrativo comum – apenas por motivos estabelecidos em lei e após sentença final de órgão superior da Justiça.
Da mesma forma, as remoções ou transferências só poderiam acontecer por motivo de interesse público justificado.
A categoria quer também se livrar do controle externo do Ministério Público Federal e já está conquistando a garantia de que o cargo de diretor-geral da Polícia Federal seja exclusivo para delegados de carreira, escolhido entre os de classe especial com mais de 35 anos de idade.
A reivindicação por mais autonomia tem como base uma antiga queixa dos delegados federais, que se avolumaram em 2008, depois que o agora deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) foi afastado do comando da chamada Operação Satiagraha.
Eles afirmam que, sem garantias de permanência no cargo ou no posto, e com ameaças de perda de status funcional, ficam vulneráveis à ação de personagens poderosos que eventualmente vêm a ser objeto de investigação.
Entre as justificativas divulgadas pelo Sindicato dos Delegados da Polícia Federal em São Paulo pondera-se, por exemplo, que as operações da PF “envolvem não raramente altas autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário” e que a independência funcional é fundamental para o combate aos desvios de recursos do Tesouro.
Segundo o presidente da entidade, citado pelo Estadão, “é comum a interferência de outros poderes e mesmo da máquina governamental nos procedimentos conduzidos por delegados federais”.
A reivindicação, que segundo o jornal, sensibilizou o ministro da Justiça, acrescenta um dado interessante ao outro lado das normas sobre a autonomia de certas instituições públicas.
Trata-se do conflito entre setores do Judiciário e o Conselho Nacional de Justiça.
Na contramão da campanha iniciada pela Associação dos Magistrados Brasileiros, o presidente da Associação Paulista de Magistrados defende publicamente o poder de investigação do CNJ sobre os juizes, independentemente da ação das corregedorias regionais, segundo informa a Folha de S.Paulo.
O Brasil das oligarquias
Também no Rio de Janeiro, ainda de acordo com a Folha, surgem manifestações públicas de juizes em favor do Conselho Nacional de Justiça, após duas decisões desfavoráveis às suas atribuições como corregedoria tomadas no Supremo Tribunal Federal.
Provocado por entidades representativas dos magistrados, o ministro Marco Aurélio Mello determinou recentemente que o CNJ não poderia investigar juizes antes de concluida a ação das corregedorias regionais.
No mesmo dia, outro ministro do STF, Ricardo Lewandowski, suspendeu uma investigação do Conselho Nacional de Justiça sobre a suspeita de pagamentos indevidos de benefícios no Tribunal de Justiça de São Paulo e em outros 21 estados.
A investigação do CNJ começou quando o Coaf – Conselho de Controle de Atividades Financerias do Minstério da Fazenda – detectou movimentações bancárias de valor elevado em contas de um grande número de juizes e funcionários de tribunais.
Trata-se de ação rotineira: é função do Coaf emitir avisos de operações financeiras fora do padrão, como parte do sistema de prevenção contra crimes financeiros.
Mas quando o Conselho pediu informações mais detalhadas das movimentações bancárias suspeitas, as entidades representativas dos magistrados consideraram ter havido quebra de sigilo fiscal.
Os detalhes dessa controvérsia têm sido publicados com frequência pelos jornais.
Mesmo o Valor Econômico, especializado em economia e negócios, publicou na terça-feira, dia 3, reportagem com chamada na primeira página informando que, depois que o Conselho Nacional de Justiça passou a fazer um levantamento de todos os processos disciplinares e sindicâncias contra juizes, aumentou em mais de mil, em apenas um mês, o número de magistrados investigados pelos tribunais.
No entanto, alerta o jornal, essa onda investigatória das corregedorias regionais pode terminar logo, se o Supremo Tribunal Federal mantiver a decisão que limita a ação do Conselho Nacional de Justiça.
Por trás dessa crise e da reivindicação dos delegados da Polícia Federal por mais autonomia, ruge o velho Brasil das oligarquias.
A mesma autonomia que pode assegurar o bom funcionamento de uma instituição policial tem servido para manter privilégios e ocultar desmandos em outras instituições.
Esse Brasil que nasceu no grande conchavo dos lobbies na Constituinte de 1988 precisa ser desmascarado pela imprensa.
opinião e notícia
06 de janeiro de 2012
QUANDO TODO MUNDO É ESPECIALISTA
Reproduzido do Chronicle of Higher Education [20/12/11].
Tradução: Leticia Nunes, título e intertítulo do OI.
A natureza da expertise é algo incerto. É fascinante observar como e por que as pessoas passam a ser vistas como comentaristas legítimos de determinados temas, quando, por vezes, demonstram ter pouca e rasa compreensão destes mesmos assuntos.
É claro, a tendência é sempre presente em democracias midiáticas onde ter uma opinião é por vezes confundido com estar bem informado. Mas a tendência certamente está em alta nos últimos tempos. Jornais que tentavam checar todos os fatos ao estilo New York Times estão desaparecendo à medida que a Internet assume uma nova hegemonia midiática. Os jornais que sobrevivem parecem se tornar, cada vez mais, depósitos de comentários e notícias.
Os padrões de busca na internet tendem a ser bastante limitados e a confirmar opiniões, mais do que confrontá-las. Todo tipo de celebridade parece ter recebido carta branca para se manifestar sobre o que bem entender, normalmente em tempo real através do Twitter (no Reino Unido, humoristas de stand-up – uma praga moderna se houvesse uma – parecem estar monopolizando o mercado). E por aí vai.
Mais confiança
As universidades dificilmente ficam imunes a esta tendência. Aqueles acadêmicos que alcançam um pouco de fama costumam ficar tentados a se mover para fora de sua área de conhecimento: com que frequência não ouvimos vencedores do Prêmio Nobel repentinamente vestindo o manto da sabedoria de muitas outras coisas além da área pela qual ganharam o prêmio, às vezes com resultados bastante embaraçosos?
Assim, alguns acadêmicos começam a se envolver com a imprensa de forma que suas opiniões passam a ser requisitadas em uma vasta gama de assuntos, alguns deles fora de suas áreas, para ser educado.
Finalmente, muitos acadêmicos, em sua busca por impacto na mídia, parecem seguir ativamente casos peculiares, como pode ser visto em algumas áreas da psicologia e da economia.
Parte do motivo para este estado das coisas é claramente a competição. Não ocorre apenas que as universidades foram desafiadas como fontes de conhecimento por algumas das tendências que eu já esbocei, mas também que outras fontes de conhecimento cresceram: como as organizações como consultorias e ONGs, que distribuem conhecimento de forma diferente das universidades mas ainda assim fazem, da mesma maneira, alegações de verdades.
Como o público não é fragmentado em públicos diversos, todos podendo acreditar exatamente naquilo que querem e capazes de encontrar múltiplas maneiras de confirmar suas verdades, então algum tipo de recuo é preciso. E é estimulante ver os sinais começando. Não apenas existe hoje todo tipo de site de verificação de informações, voltados a fornecer dados com a maior precisão possível diante das sombrias alegações feitas por políticos e afins, como as universidades também estão se envolvendo.
Por exemplo, o projeto universitário australiano The Conversation tem como objetivo fornecer informações confiáveis baseadas em pesquisas acadêmicas, mas editadas por jornalistas profissionais.
Universidades individuais também estão se tornando ativas (veja, por exemplo, o Knowledge Centre da Universidade Warwick).
Em outras palavras, um contra-ataque começou e já não era sem tempo. Nós podemos apenas esperar que este contra-ataque não dê às universidades apenas mais confiança em seu próprio valor em um momento em que enfrentam pressão, mas também alimente novas práticas de uma democracia bem informada.
***
Nigel Thrift em 03/01/2012
[Nigel Thrift é professor e vice-reitor da Universidade de Warwick]
Tradução: Leticia Nunes, título e intertítulo do OI.
A natureza da expertise é algo incerto. É fascinante observar como e por que as pessoas passam a ser vistas como comentaristas legítimos de determinados temas, quando, por vezes, demonstram ter pouca e rasa compreensão destes mesmos assuntos.
É claro, a tendência é sempre presente em democracias midiáticas onde ter uma opinião é por vezes confundido com estar bem informado. Mas a tendência certamente está em alta nos últimos tempos. Jornais que tentavam checar todos os fatos ao estilo New York Times estão desaparecendo à medida que a Internet assume uma nova hegemonia midiática. Os jornais que sobrevivem parecem se tornar, cada vez mais, depósitos de comentários e notícias.
Os padrões de busca na internet tendem a ser bastante limitados e a confirmar opiniões, mais do que confrontá-las. Todo tipo de celebridade parece ter recebido carta branca para se manifestar sobre o que bem entender, normalmente em tempo real através do Twitter (no Reino Unido, humoristas de stand-up – uma praga moderna se houvesse uma – parecem estar monopolizando o mercado). E por aí vai.
Mais confiança
As universidades dificilmente ficam imunes a esta tendência. Aqueles acadêmicos que alcançam um pouco de fama costumam ficar tentados a se mover para fora de sua área de conhecimento: com que frequência não ouvimos vencedores do Prêmio Nobel repentinamente vestindo o manto da sabedoria de muitas outras coisas além da área pela qual ganharam o prêmio, às vezes com resultados bastante embaraçosos?
Assim, alguns acadêmicos começam a se envolver com a imprensa de forma que suas opiniões passam a ser requisitadas em uma vasta gama de assuntos, alguns deles fora de suas áreas, para ser educado.
Finalmente, muitos acadêmicos, em sua busca por impacto na mídia, parecem seguir ativamente casos peculiares, como pode ser visto em algumas áreas da psicologia e da economia.
Parte do motivo para este estado das coisas é claramente a competição. Não ocorre apenas que as universidades foram desafiadas como fontes de conhecimento por algumas das tendências que eu já esbocei, mas também que outras fontes de conhecimento cresceram: como as organizações como consultorias e ONGs, que distribuem conhecimento de forma diferente das universidades mas ainda assim fazem, da mesma maneira, alegações de verdades.
Como o público não é fragmentado em públicos diversos, todos podendo acreditar exatamente naquilo que querem e capazes de encontrar múltiplas maneiras de confirmar suas verdades, então algum tipo de recuo é preciso. E é estimulante ver os sinais começando. Não apenas existe hoje todo tipo de site de verificação de informações, voltados a fornecer dados com a maior precisão possível diante das sombrias alegações feitas por políticos e afins, como as universidades também estão se envolvendo.
Por exemplo, o projeto universitário australiano The Conversation tem como objetivo fornecer informações confiáveis baseadas em pesquisas acadêmicas, mas editadas por jornalistas profissionais.
Universidades individuais também estão se tornando ativas (veja, por exemplo, o Knowledge Centre da Universidade Warwick).
Em outras palavras, um contra-ataque começou e já não era sem tempo. Nós podemos apenas esperar que este contra-ataque não dê às universidades apenas mais confiança em seu próprio valor em um momento em que enfrentam pressão, mas também alimente novas práticas de uma democracia bem informada.
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Nigel Thrift em 03/01/2012
[Nigel Thrift é professor e vice-reitor da Universidade de Warwick]
DIÁLOGOS INSÓLITOS À MODA DE ORWELL
Bangu, tarde ensolarada. Detento puxa conversa com o novo colega de cela:
– Ei, por que você foi preso?
– Meu filho me denunciou para o Conselho Tutelar. Ele me desobedeceu e foi brincar em vez de estudar, depois tirou zero na prova, e ainda agrediu verbalmente a mãe quando demos uma bronca nele. Não resisti: dei-lhe uma palmada. Foi um ato involuntário. Perdi o controle, reconheço. Fui enquadrado na Lei da Palmada. E você?
– Acendi um cigarro dentro de casa. Local fechado é proibido. Minha empregada me denunciou para o Conselho de Saúde e Higiene. Argumentou que sua saúde estava em risco por conta do meu cigarro. Já é a segunda vez que vou preso. Antes foi por exagerar na fritura em plena praça pública. Os Agentes da Saúde me pegaram no flagra, com o agravante de ter crianças no local.
– E aquele outro ali, calado no canto? Você sabe por que ele está aqui?
– Sim. É um pequeno empresário. Tinha a concessão de TV para um município do interior, e cometeu a imprudência de transmitir uma propaganda de doces no meio da tarde! Os fiscais do Conselho Tutelar foram no mesmo dia com dez viaturas da polícia e prenderam o homem, e depois ainda fecharam sua emissora. Ele parece estar em depressão.
– Puxa vida. E aquele ali, agitado ao extremo?
– Esse foi preso ao tentar comprar uma aspirina com receita médica falsificada. Ele alega ter forte dor de cabeça, mas estava sem dinheiro para uma consulta médica particular, e a fila do SUS...
Enquanto os dois continuavam conversando, lá fora do presídio uma grande estátua do Grande Líder Lula brilhava aos últimos raios crepusculares daquela quente tarde de 2027.
Rodrigo Constantino
HISTÓRIAS DO SEBASTIÃO NERY
Dinheiro da CIA para FHC
“Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap”.
Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro “Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível”, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de 1969″ era fevereiro de 69.
***
FUNDAÇÃO FORD
Há menos de 60 dias daquele fevereiro de 69, em 13 de dezembro de 68 a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos.
E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares. Era muito dinheiro, naquela época, com o dólar supervalorizado.
***
AGENTE DA CIA
Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro “Dependência e desenvolvimento na América Latina”, em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos.
Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma “personalidade internacional” e passou a dar “aulas” e fazer “conferências” em universidades norte-americanas e européias.
Era “um homem da Fundação Ford”. E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.
***
QUEM PAGOU
Em 2008, chegou às livrarias brasileiras um livro interessantíssimo, indispensável, que tira a máscara da Fundação Ford e, com ela, a de Fernando Henrique e muita gente mais: “Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura”, da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editado no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro).
Quem “pagava a conta” era a CIA, quem pagou os 145 mil dólares (e os outros) entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA. Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas:
“Consistente e fascinante” (“The Washington Post”). “Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA” (“Spectator”). “Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente” (“The Times”).
***
MILHÕES DE DÓLARES
1 – “A Fundação Farfield era uma fundação da CIA… As fundações autênticas, como a Ford, a Rockefeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos… permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas” (pág. 153).
2 – “O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça…” (pág. 152). “A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria” (pág. 443).
3 – “A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares… Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos… com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos” (pág. 147).
***
FHC FACINHO
4 – “Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante” (pág. 123).
5 – “Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil” (pág. 119).
6 – “A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana” (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.
06 de janeiro de 2012
Sebastião Nery
“Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap”.
Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro “Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível”, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de 1969″ era fevereiro de 69.
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FUNDAÇÃO FORD
Há menos de 60 dias daquele fevereiro de 69, em 13 de dezembro de 68 a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos.
E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares. Era muito dinheiro, naquela época, com o dólar supervalorizado.
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AGENTE DA CIA
Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro “Dependência e desenvolvimento na América Latina”, em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos.
Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma “personalidade internacional” e passou a dar “aulas” e fazer “conferências” em universidades norte-americanas e européias.
Era “um homem da Fundação Ford”. E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.
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QUEM PAGOU
Em 2008, chegou às livrarias brasileiras um livro interessantíssimo, indispensável, que tira a máscara da Fundação Ford e, com ela, a de Fernando Henrique e muita gente mais: “Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura”, da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editado no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro).
Quem “pagava a conta” era a CIA, quem pagou os 145 mil dólares (e os outros) entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA. Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas:
“Consistente e fascinante” (“The Washington Post”). “Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA” (“Spectator”). “Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente” (“The Times”).
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MILHÕES DE DÓLARES
1 – “A Fundação Farfield era uma fundação da CIA… As fundações autênticas, como a Ford, a Rockefeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos… permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas” (pág. 153).
2 – “O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça…” (pág. 152). “A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria” (pág. 443).
3 – “A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares… Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos… com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos” (pág. 147).
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FHC FACINHO
4 – “Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante” (pág. 123).
5 – “Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil” (pág. 119).
6 – “A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana” (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.
06 de janeiro de 2012
Sebastião Nery
PSB LEVA O DINHEIRO PARA TRAGÉDIAS, ACABA COM AS FÉRIAS DA DILMA E CALA A OPOSIÇÃO
A oposição, representada pelos governadores Antônio Anastasia (PSDB-MG) e José Richa(PSDB-PR) viraram reféns do PSB e saíram em defesa dos desmandos do ministro Fernando Bezerra (PSD-PE), na Integração Nacional. Do outro lado, Dilma teve que voltar correndo das férias para contornar a crise. O PSB está podendo. O PSDB está morrendo.
O Palácio do Planalto teve de atuar nos bastidores para evitar que um mal-estar relacionado ao PSB se tornasse uma crise institucional com o partido aliado. A legenda comanda o Ministério da Integração Nacional, pivô do desconforto político e alvo de críticas por conta dos critérios de distribuição de verbas contra enchentes.
A versão de que a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, voltara de férias na última terça-feira para fazer uma intervenção branca na pasta provocou dura reação do ministro Fernando Bezerra e fez com que a presidente Dilma Rousseff determinasse a divulgação de uma nota negando a interferência.
A negativa, porém, não foi suficiente para colocar um ponto final no incômodo.
Em entrevista coletiva, Bezerra mandou um recado claro:
"O que nós não podemos aceitar é a perda de autonomia do Ministério da Integração. Ou sou chamado para cumprir uma tarefa com atribuições bem definidas ou não me chame para cumprir meia tarefa".
A declaração foi dada anteontem, quando a chefe da Casa Civil já havia tornado pública a nota repudiando a hipótese da intervenção.
Conforme a Folha apurou, porém, Dilma não ficou nada satisfeita ao ser informada de que tanto o titular da Integração quanto seu secretário executivo estavam fora de Brasília justamente num momento em que as chuvas atingiam seriamente cidades do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Ela também não gostou de ver notícia na imprensa dando conta de que a pasta teria privilegiado Pernambuco no repasse de verbas. Por isso, a presidente determinou que Gleisi chamasse o ministro para explicar reportagem do "Estado de S. Paulo" segundo a qual 90% da verba do programa da Integração Nacional foram repassados para Pernambuco, Estado do ministro e de seu padrinho político, o governador Eduardo Campos (PSB).
A insinuação de privilégio irritou a cúpula do PSB, em especial Eduardo Campos, um dos negociadores da liberação de recursos.
Levantamento feito pela Folha mostrou que 95,5% da liberação de pagamentos assumidos em 2011 para o programa de prevenção de enchentes foi para Pernambuco, Estado que, em 2010, vivenciou um dos piores desastres naturais de sua história por conta das chuvas.
Ontem, o Planalto fez questão de dizer que a destinação dos recursos fora feita com o consentimento de Dilma, em evento público realizado ao lado de Eduardo Campos.
A informação foi dada justamente para ajudar a distensionar os ânimos. A confusão acabou reacendendo uma disputa velada entre PT e PSB.
Aliados históricos, a relação dos dois partidos nunca foi tranquila. Petistas desaprovam o fato de o ex-presidente Lula ter ajudado Campos a se tornar politicamente capaz de concorrer com o partido na disputa pela Presidência em 2014.(Da Folha de São Paulo)
coroneLeaks
..........................................................................
Abaixo, comentário de Dora Kramer em sua coluna de hoje, no Estadão:
O tucanato em geral, o senador Aécio Neves e área de influência no PSDB em particular pegaram leve, com críticas quase protocolares, no caso das consultorias de Fernando Pimentel porque o ministro da Indústria e Comércio foi e ainda é potencial aliado em Minas Gerais.
A fidalguia se repete com o ministro da Integração Nacional porque Fernando Bezerra é aposta eleitoral do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sonho de consumo do PSDB e de quem o presidente do partido, Sérgio Guerra, é firme aliado.
Posto assim o cenário, o PSDB não tem moral para dizer que o PT atua com foco exclusivo na disputa eleitoral, contribuindo para a deterioração da prática política no tocante ao exercício democrático do contraditório.
O PT coopta e estrangula a oposição, é verdade. Mas a oposição se deixa docemente estrangular.
Aposta na articulação de bastidor em detrimento da relação com a sociedade.
Mesmo do ponto de vista das artimanhas políticas essa é uma forma esquisita de se conduzir: divide-se internamente e, em relação aos governistas, prefere a composição à oposição.
O Palácio do Planalto teve de atuar nos bastidores para evitar que um mal-estar relacionado ao PSB se tornasse uma crise institucional com o partido aliado. A legenda comanda o Ministério da Integração Nacional, pivô do desconforto político e alvo de críticas por conta dos critérios de distribuição de verbas contra enchentes.
A versão de que a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, voltara de férias na última terça-feira para fazer uma intervenção branca na pasta provocou dura reação do ministro Fernando Bezerra e fez com que a presidente Dilma Rousseff determinasse a divulgação de uma nota negando a interferência.
A negativa, porém, não foi suficiente para colocar um ponto final no incômodo.
Em entrevista coletiva, Bezerra mandou um recado claro:
"O que nós não podemos aceitar é a perda de autonomia do Ministério da Integração. Ou sou chamado para cumprir uma tarefa com atribuições bem definidas ou não me chame para cumprir meia tarefa".
A declaração foi dada anteontem, quando a chefe da Casa Civil já havia tornado pública a nota repudiando a hipótese da intervenção.
Conforme a Folha apurou, porém, Dilma não ficou nada satisfeita ao ser informada de que tanto o titular da Integração quanto seu secretário executivo estavam fora de Brasília justamente num momento em que as chuvas atingiam seriamente cidades do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Ela também não gostou de ver notícia na imprensa dando conta de que a pasta teria privilegiado Pernambuco no repasse de verbas. Por isso, a presidente determinou que Gleisi chamasse o ministro para explicar reportagem do "Estado de S. Paulo" segundo a qual 90% da verba do programa da Integração Nacional foram repassados para Pernambuco, Estado do ministro e de seu padrinho político, o governador Eduardo Campos (PSB).
A insinuação de privilégio irritou a cúpula do PSB, em especial Eduardo Campos, um dos negociadores da liberação de recursos.
Levantamento feito pela Folha mostrou que 95,5% da liberação de pagamentos assumidos em 2011 para o programa de prevenção de enchentes foi para Pernambuco, Estado que, em 2010, vivenciou um dos piores desastres naturais de sua história por conta das chuvas.
Ontem, o Planalto fez questão de dizer que a destinação dos recursos fora feita com o consentimento de Dilma, em evento público realizado ao lado de Eduardo Campos.
A informação foi dada justamente para ajudar a distensionar os ânimos. A confusão acabou reacendendo uma disputa velada entre PT e PSB.
Aliados históricos, a relação dos dois partidos nunca foi tranquila. Petistas desaprovam o fato de o ex-presidente Lula ter ajudado Campos a se tornar politicamente capaz de concorrer com o partido na disputa pela Presidência em 2014.(Da Folha de São Paulo)
coroneLeaks
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Abaixo, comentário de Dora Kramer em sua coluna de hoje, no Estadão:
O tucanato em geral, o senador Aécio Neves e área de influência no PSDB em particular pegaram leve, com críticas quase protocolares, no caso das consultorias de Fernando Pimentel porque o ministro da Indústria e Comércio foi e ainda é potencial aliado em Minas Gerais.
A fidalguia se repete com o ministro da Integração Nacional porque Fernando Bezerra é aposta eleitoral do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sonho de consumo do PSDB e de quem o presidente do partido, Sérgio Guerra, é firme aliado.
Posto assim o cenário, o PSDB não tem moral para dizer que o PT atua com foco exclusivo na disputa eleitoral, contribuindo para a deterioração da prática política no tocante ao exercício democrático do contraditório.
O PT coopta e estrangula a oposição, é verdade. Mas a oposição se deixa docemente estrangular.
Aposta na articulação de bastidor em detrimento da relação com a sociedade.
Mesmo do ponto de vista das artimanhas políticas essa é uma forma esquisita de se conduzir: divide-se internamente e, em relação aos governistas, prefere a composição à oposição.
ELE É GOVERNO, MAS UNIU A OPOSIÇÃO
Ele é "o" candidato a presidente do Brasil.
Tchau, Aécio Neves. Tchau, Sérgio Cabral. Tchau, PSDB. Tchau, PMDB. Eduardo Campos, governador do Pernambuco e presidente do PSB é o mais poderoso candidato a presidente do Brasil para os próximos anos.
Peitou a Dilma, calou a boca do PT, botou os governadores de oposição atingidos pelas tragédias das chuvas a defendê-lo em praça pública, mesmo que o dinheiro que deveria ser dos seus estados tenham ido para os cofres do pernambucano.
O "galeguinho dos zóio azul" saiu forte diante de uma oposição covarde e sem representação. E ainda proferiu uma frase lapidar para um bando de governadores frouxos e incompetentes : "não posso ser culpado por ser eficiente".
Leiam, abaixo, entrevista concedida à Folha de São Paulo.
Folha - O ministro da Integração privilegiou Pernambuco em detrimento de outros Estados, como Minas e Rio?
Eduardo Campos - Não é isso o que dizem os governadores de Minas e Rio. Eu não sei o que os outros Estados fizeram e não posso ser culpado por ser eficiente para resolver problemas das enchentes. Estou fazendo obras para evitar mais acidentes e salvar vidas.
A que o sr. atribui as críticas?
Há tragédias ocorrendo no Rio e em Minas. Eu vivi isso e estou tenso pela chegada das chuvas. No caso do nosso Estado, pegaram meia informação. Passou a impressão que todo o recurso de Defesa Civil foi para Pernambuco. Não é verdade. Foram R$ 25 milhões de R$ 31 milhões, negociados com a presidente e anunciados em evento público, com imprensa presente.
Alguns jornais disseram que houve intervenção da ministra Gleisi, da Casa Civil, na Integração por conta dos desastres em Minas e no Rio. Isso criou mal-estar no governo.
Isso é conversa. A presidente, tocada com as notícias de Minas e Rio, diz que a ministra volte para Brasília e ordena que a Casa Civil negue que haja uma intervenção no Ministério da Integração.
Não há tentativa de desestabilizar o ministro?
Não tem jogo interno de tentar queimar Fernando.
E crise entre PSB e governo?
Crise nenhuma. Dilma tem nos atendido, reafirmamos apoio a ela. Crise é a chuva chegar aqui de novo.
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Abaixo, matéria publicada hoje no Estadão:
Sob o comando do governador Eduardo Campos (PE), o PSB traçou estratégia pragmática para ampliar sua inserção no Sul e no Sudeste na eleição municipal deste ano. Com o objetivo de se projetar como uma das principais forças políticas do País, o partido pretende fechar um arco de alianças que vai do PT ao PSDB, a depender do cenário eleitoral. Apontado como um dos nomes que podem um dia disputar a eleição presidencial, Campos, presidente da legenda, quer ampliar de 314 para 500 o número de prefeituras administradas pelo PSB - em 2004 o partido conquistou apenas 176 cidades.
A inserção nacional do partido, se bem-sucedida, dará combustível político para o governador, cotado para ser vice numa eventual chapa de Dilma Rousseff em 2014. Ele também é apontado como um dos candidatos potenciais para concorrer ao Palácio do Planalto em 2018. Campos costurou rede de prefeituras pelo Nordeste, ajudado pelo PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: 205 das 314 prefeituras ficam na região. A maior parte está em Pernambuco. Lá, o partido comanda 49 dos 185 municípios. No Rio Grande do Norte, o desempenho é semelhante: 44 dos 167 prefeitos são filiados à sigla.
Neste ano, o PSB deve lançar 1,5 mil candidatos a prefeito, quase a metade no centro-sul do País. Nos três Estados do Sul, o partido tem apenas 27 das 1.188 prefeituras. No Sudeste, são 57 prefeitos nos 1.668 municípios. No Paraná, o PSB conta com o apoio do PSDB para manter a Prefeitura de Curitiba e lançar outros 140 candidatos, como em Maringá, Foz do Iguaçu e Cascavel. Em Minas, a legenda negocia tanto com o PT e com o PSDB para reeleger o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, além de outros 150 candidatos.
No Rio de Janeiro, cogita apoiar o PMDB, do prefeito Eduardo Paes, e lançar outros 22 candidatos em municípios estratégicos, como Petrópolis, Nova Friburgo e Duque de Caxias. Na cidade de São Paulo, o partido pode tanto se aliar com os tucanos como com o PSD, do prefeito Gilberto Kassab, caso não saia a chapa PSDB-PSD. Como o PSB pretende ter candidatura em cem cidades pelo Estado, negocia com as duas siglas apoio para seus candidatos em Campinas, Ferraz de Vasconcellos, Taboão da Serra, São Vicente, Paulínia e São José do Rio Preto.
Campos desenhou com Kassab a estratégia no Sul e Sudeste. Os dois chegaram a estudar uma fusão PSB-PSD no ano passado, mas descartaram em nome de uma ação comum no Congresso. Em relação ao PT, o PSB trabalha para ter o apoio em Aracaju e João Pessoa. Pode apoiar o partido em Salvador, Teresina, Rio Branco e Palmas. Em Fortaleza e Recife, pode tanto apoiar o PT quanto lançar candidato.
De 1996 a 2008, a votação do PSB passou de 3,8% para 5,7% dos votos válidos. O crescimento da bancada no Congresso contribuiu para que a sigla fosse cortejada em razão do tempo de televisão no horário eleitoral gratuito: pelo menos 2min30s diários na eleição de 2012. Para o primeiro secretário nacional da legenda, Carlos Siqueira, a eleição municipal "não guarda relação" com a disputa nacional. "Segue dinâmica própria. O PSB pretende usar a eleição de 2012 para aprofundar a discussão sobre a necessidade de uma reforma urbana nas cidades."
06 de janeiro de 2012
coroneLeaks
Tchau, Aécio Neves. Tchau, Sérgio Cabral. Tchau, PSDB. Tchau, PMDB. Eduardo Campos, governador do Pernambuco e presidente do PSB é o mais poderoso candidato a presidente do Brasil para os próximos anos.
Peitou a Dilma, calou a boca do PT, botou os governadores de oposição atingidos pelas tragédias das chuvas a defendê-lo em praça pública, mesmo que o dinheiro que deveria ser dos seus estados tenham ido para os cofres do pernambucano.
O "galeguinho dos zóio azul" saiu forte diante de uma oposição covarde e sem representação. E ainda proferiu uma frase lapidar para um bando de governadores frouxos e incompetentes : "não posso ser culpado por ser eficiente".
Leiam, abaixo, entrevista concedida à Folha de São Paulo.
Folha - O ministro da Integração privilegiou Pernambuco em detrimento de outros Estados, como Minas e Rio?
Eduardo Campos - Não é isso o que dizem os governadores de Minas e Rio. Eu não sei o que os outros Estados fizeram e não posso ser culpado por ser eficiente para resolver problemas das enchentes. Estou fazendo obras para evitar mais acidentes e salvar vidas.
A que o sr. atribui as críticas?
Há tragédias ocorrendo no Rio e em Minas. Eu vivi isso e estou tenso pela chegada das chuvas. No caso do nosso Estado, pegaram meia informação. Passou a impressão que todo o recurso de Defesa Civil foi para Pernambuco. Não é verdade. Foram R$ 25 milhões de R$ 31 milhões, negociados com a presidente e anunciados em evento público, com imprensa presente.
Alguns jornais disseram que houve intervenção da ministra Gleisi, da Casa Civil, na Integração por conta dos desastres em Minas e no Rio. Isso criou mal-estar no governo.
Isso é conversa. A presidente, tocada com as notícias de Minas e Rio, diz que a ministra volte para Brasília e ordena que a Casa Civil negue que haja uma intervenção no Ministério da Integração.
Não há tentativa de desestabilizar o ministro?
Não tem jogo interno de tentar queimar Fernando.
E crise entre PSB e governo?
Crise nenhuma. Dilma tem nos atendido, reafirmamos apoio a ela. Crise é a chuva chegar aqui de novo.
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Abaixo, matéria publicada hoje no Estadão:
Sob o comando do governador Eduardo Campos (PE), o PSB traçou estratégia pragmática para ampliar sua inserção no Sul e no Sudeste na eleição municipal deste ano. Com o objetivo de se projetar como uma das principais forças políticas do País, o partido pretende fechar um arco de alianças que vai do PT ao PSDB, a depender do cenário eleitoral. Apontado como um dos nomes que podem um dia disputar a eleição presidencial, Campos, presidente da legenda, quer ampliar de 314 para 500 o número de prefeituras administradas pelo PSB - em 2004 o partido conquistou apenas 176 cidades.
A inserção nacional do partido, se bem-sucedida, dará combustível político para o governador, cotado para ser vice numa eventual chapa de Dilma Rousseff em 2014. Ele também é apontado como um dos candidatos potenciais para concorrer ao Palácio do Planalto em 2018. Campos costurou rede de prefeituras pelo Nordeste, ajudado pelo PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: 205 das 314 prefeituras ficam na região. A maior parte está em Pernambuco. Lá, o partido comanda 49 dos 185 municípios. No Rio Grande do Norte, o desempenho é semelhante: 44 dos 167 prefeitos são filiados à sigla.
Neste ano, o PSB deve lançar 1,5 mil candidatos a prefeito, quase a metade no centro-sul do País. Nos três Estados do Sul, o partido tem apenas 27 das 1.188 prefeituras. No Sudeste, são 57 prefeitos nos 1.668 municípios. No Paraná, o PSB conta com o apoio do PSDB para manter a Prefeitura de Curitiba e lançar outros 140 candidatos, como em Maringá, Foz do Iguaçu e Cascavel. Em Minas, a legenda negocia tanto com o PT e com o PSDB para reeleger o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, além de outros 150 candidatos.
No Rio de Janeiro, cogita apoiar o PMDB, do prefeito Eduardo Paes, e lançar outros 22 candidatos em municípios estratégicos, como Petrópolis, Nova Friburgo e Duque de Caxias. Na cidade de São Paulo, o partido pode tanto se aliar com os tucanos como com o PSD, do prefeito Gilberto Kassab, caso não saia a chapa PSDB-PSD. Como o PSB pretende ter candidatura em cem cidades pelo Estado, negocia com as duas siglas apoio para seus candidatos em Campinas, Ferraz de Vasconcellos, Taboão da Serra, São Vicente, Paulínia e São José do Rio Preto.
Campos desenhou com Kassab a estratégia no Sul e Sudeste. Os dois chegaram a estudar uma fusão PSB-PSD no ano passado, mas descartaram em nome de uma ação comum no Congresso. Em relação ao PT, o PSB trabalha para ter o apoio em Aracaju e João Pessoa. Pode apoiar o partido em Salvador, Teresina, Rio Branco e Palmas. Em Fortaleza e Recife, pode tanto apoiar o PT quanto lançar candidato.
De 1996 a 2008, a votação do PSB passou de 3,8% para 5,7% dos votos válidos. O crescimento da bancada no Congresso contribuiu para que a sigla fosse cortejada em razão do tempo de televisão no horário eleitoral gratuito: pelo menos 2min30s diários na eleição de 2012. Para o primeiro secretário nacional da legenda, Carlos Siqueira, a eleição municipal "não guarda relação" com a disputa nacional. "Segue dinâmica própria. O PSB pretende usar a eleição de 2012 para aprofundar a discussão sobre a necessidade de uma reforma urbana nas cidades."
06 de janeiro de 2012
coroneLeaks
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