"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 3 de maio de 2012

CONHEÇA A BIOTERRORISTA MAIS LETAL DO MUNDO

A natureza gosta mais de armas biológicas do que vilões humanos. A melhor defesa é pesquisar mais, não menos
Algumas coisas devem ser mantidas secretas. É difícil, por exemplo, argumentar que o interesse público impõe a publicação dos desenhos técnicos de uma bomba atômica. A questão é menos clara, contudo, quando uma informação científica com o potencial de disseminar o terror pode também impedir que esse terror seja disseminado.

Tome-se a gripe aviária. Ela matou mais de 330 pessoas desde 2003. Isto pode não soar muito alto, mas representa 60% dos 570 casos conhecidos da doença. A única razão de o número de mortos não ser maior é que aqueles que pereceram contraíram o vírus diretamente de uma ave (geralmente de uma galinha). Para a sorte de todo mundo, a doença não é facilmente transmitida entre humanos.
Mas pode ser que isso mude. Este é o fardo da pesquisa desenvolvida no ano passado por duas equipes de cientistas, uma nos Estados Unidos e outra na Holanda. Elas fizeram várias alterações nos genes do vírus da gripe asiática para produzir uma versão que pode viajar pelo ar de furão para furão. E furões são, neste contexto, boas aproximações para pessoas.

As causas dos pesquisadores eram puras. As mutações que eles combinaram para produzir a sua gripe exterminadora de furões já existem no ambiente. Há muitas chances dessas mutações se unirem naturalmente e iniciarem uma pandemia.
Ao antecipar essa recombinação, as duas equipes salientaram o risco e deram aos pesquisadores de vacinas uma vantagem de largada na consideração de como combater essa ameaça e, ao isolar as mutações, estimularam esforços de monitoramento, os quais até então não eram feitos com muito afinco.

Ou, aliás, eles teriam feito isso caso tivessem sido autorizados a publicar seus resultados. Não foi o caso. Tanto o governo americano quanto o holandês viram na pesquisa não uma sensata antecipação de uma ameaça, mas uma ameaça em si.
O temor dos governos era de que vilões pudessem repetir o experimento em algum lugar e transformar o resultado em uma arma. De modo que a publicação dos detalhes técnicos da pesquisa das duas equipes foi proibida.

A ameaça da gripe é real. A chamada gripe espanhola, que infectou 500 milhões de pessoas nos anos de 1918-1919, tomou a vida de uma em cada cinco pessoas contaminadas. Epidemias de gripe subsequentes, apesar de não terem sido tão virulentas, causaram grandes problemas à humanidade em todas as suas versões. Mas o terrorismo também é real.
Apesar de não haver caso conhecido de guerra biológica nos últimos 10 anos, muitos países contemplaram a ideia; e há a preocupação de que alguns grupos terroristas, motivados não por agravos políticos específicos, mas por um ódio generalizado ao ocidente, possam liberar o caos incontrolável da epidemia viral puramente por maldade. Então quem está certo – os pesquisadores que querem publicar os seus resultados, ou o governo que quer impedi-los?

Neste caso em particular, provavelmente a razão está com os pesquisadores. E, para o crédito deles, as autoridades parecem ter reconhecido isso. Após meses de deliberações conflituosas envolvendo os virologistas mais renomados do mundo, editores de periódicos, especialistas em segurança, filósofos e especialistas em políticas públicas, os americanos trocaram de posição no dia 20 de abril. Os holandeses também estão repensando a sua posição.

A razão é que, como dizem os bioterroristas, os humanos empalidecem perante a natureza. Até os serviços de segurança americanos, dos quais se espera uma decisão cautelosa, parecem concordar que as chances de um ataque bioterrorista são altas.
A natureza, em contraste, tem experiência na área. Da peste negra à gripe espanhola à AIDS, as bactérias e vírus causaram mortes numa escala com a qual os terroristas e ditadores podem apenas sonhar.
Quanto mais se amordaça os cientistas ou se oculta dados, mais difícil fica encontrar a cura; e também corre-se o risco de espantar jovens e cientistas talentosos para campos científicos menos conflituosos. Logo, no momento, a ameaça natural parece maior do que a artificial.

03 de maio de 2012

A COZINHA MARAVILHOSA DE CARLINHOS CACHOEIRA!

A cozinha maravilhosa de Carlinhos Cachoeira!

Demóstenes ao molho de pato, acompanhado de arroz com guariroba e pamonha seria exclusivo da culinária goiana, podendo ser ampliado e adaptado para outros estados.


Em reunião secreta na última convenção anual dos Chefes de Cozinha de Carlinhos Cachoeira, foi resolvido que Demóstenes deveria ser o novo prefeito de Goiânia

O grupo de Chefes de Cozinha da Empreendimentos Carlinhos Cachoeira Ilimitada , comandado pelo próprio Carlinhos, em reuniões ultrassecretas decidiram que iriam revolucionar a cozinha política brasileira e fazer o prefeito perfeito. E quem sabe com isso até concorrer ao prêmio da categoria.

O prato já tinha até nome: Prefeito Demóstenes ao molho de pato, acompanhado de arroz com guariroba e pamonha. O prato seria exclusivo da culinária goiana, podendo se tudo desse certo ser ampliado e adaptado para outros estados, conforme a fome do dono. E o dono mostrou ter muito apetite e indícios de que queria o monopólio do Brasil.

Enterro dos ossos!

O enterro dos ossos é uma prática comum na nossa sociedade. Tanto que PC Farias participou de um desses rituais. E já alentaram que temem que chamem Carinhos Cachoeira para um ritual desses. O que seria muito bom para muita gente que com certeza iria comemorar com vinho e pizza pra não deixar pistas e suspeitas.

Pamonhas fresquinhas!


Presos fazem dancinha para receber Carlinhos Cachoeira na cela que poderá passar a servir lagosta e vinho nas refeições

Quem pode explicar o fato de Carlinhos Cachoeira que provocou um dos
maiores terremotos de todos os tempos em nossa política estar preso numa cela com outros presos no Complexo Penitenciário da Papuda justamente no covil dos lobos em Brasília? Ou seriam ratos?

Para acontecer uma briga besta dentro de uma cela não é preciso muita coisa.
Tem angu nessa pamonha!

Receita Coca-Cola!


Enquanto Garotinho comemora a arte feita com um "Yes!!", Sergio Cabral faz boquinha de "oh...tô morrendo de medo"

Será que agora depois que Garotinho divulgou em seu blog imagens do governador Sérgio Cabral com o amigo Fernando Cavendish (hoje, ex-Delta) e secretários se divertindo em Paris em 2009, vão fazer que nem a Coca-Cola faz com sua fórmula e blindar a real ligação de Sérgio Cabral com essa malha da corrupção à la Cachoeira?

Os mais cuidadosos dizem que é preciso algo mais concreto do que simples fotos cheias de sorriso para que se inicie uma investigação mais profunda.
Aí, aí, aí garotinho. Onde já se viu fazer isso? Você não deveria estar na aula de ética na política no século XXI em vez de ficar postando pornografia?

Bolo solado!

Será que é síndrome do nome? Sérgio Sessim, prefeito de Nilópolis, Rio de Janeiro, publicou no Diário Oficial a contratação de médicos, serventes, auxiliares de serviços gerais e coveiros.


Sergio Seissim assina e faz publicar a receita maligna de mesmos baixos salários para os novos servidores: médicos, coveiros...Assim desse jeito, sei não

Até aí tudo bem. Legal, um prefeito perceber que a comunidade precisa de mais servidores para justamente servir ao povo. Tudo bem que é época de eleição. Antes tarde do que nunca. O detalhe é que “seu prefeito” Sérgio, se sim estava em um dia de se não. Só pode ser. Como pode ele contratar servidores de diversas áreas todos com o mesmo salário de míseros R$ 622,00?

E ainda para abrilhantar mais ainda a ocasião, contratou para a festa de aniversário da cidade os shows de Zezé Di Camargo e Luciano, por R$ 185 mil e Jota Quest, por R$ 135 mil.
Alguém quer uma língua de sogra e chapeuzinho?

Pamonha de caviar, ostras e lagosta, uma mesa e um Ipad!


Alô Carlinhos, sabe aquela mesa argentina minha esposa gostou...É aquela de U$ 18 mil. Outra coisa meu Ipad quebrou...Jura que manda outro? Pode ser esse novo?

Cogita-se que Demóstenes tenha recebido de seu “chefe” e quem sabe sócio, Carlinhos Cachoeira, a módica quantia de R$ 3 milhões de reais por serviços prestados. E mesmo assim com toda essa grana Demóstenes ainda tem coragem de pedir que Carlinhos pague algumas contas e até carregue da Argentina uma mesa de jantar que sua esposa gostou. Pô Carlinhos, já deu fogão, uma geladeira. Quem precisa de uma mesa de U$ 18 mil? E quando o iPad dele quebrou? Foi só ligar pro amigo Carlinhos que ele mandou alguém entregar um novo.

É uma troca de favores tão linda. Que chega a me comover de verdade.

Cozinhando com Cármen Lúcia!

Se tudo der certo na receita da primeira mulher a comandar o Tribunal Superior


A ministra Cármen Lúcia reza para que a receita agora dê certo

Eleitoral, todos nós eleitores mortais, sentiremos um sabor novo nas próximas eleições após a aprovação da Lei da Ficha Limpa.
Segundo a nova “Chef” a Justiça Eleitoral está apta para filtrar qualquer impureza nos candidatos e assim descartá-los sem perigo de contaminação. Até porque uma cozinha suja é caso de se chamar a Vigilância Sanitária. Basta de ratos!

E que Cármen Lúcia brilhe em seu reinado!


Cozinhando o mensalão!


O ministro Lewandowsky em estado de choque pensa sobre o mensalão enquanto o tempo passa e no que ele vai querer fazer...

Na cozinha não é recomendado só olhar o forno enquanto se tem outro prato em banho-maria. Não é porque Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira invadiram o forno à lenha de Brasília, onde se costuma preparar as melhores pizzas do Brasil, que o prato Mensalão tenha que ser esquecido, deixado de lado até que a receita caia na sua obsolescência e todos os ingredientes percam a sua validade. Não restando mais nada a fazer. Por isso imploro para que o ministro Ricardo Lewandowsky leve isso mais a ferro e fogo e entregue logo o seu voto. Já deu tempo de preparar o tempero, o vinho, a mesa, os acompanhamentos. Resta somente colocar o prato mensalão em pratos limpos e mostrar quem mexeu no nosso queijo.
Salvem as baleias. Não jogue lixo no chão. Não fume em ambiente fechado.

Salvem as baleias. Não jogue lixo no chão. Não fume em ambiente fechado.

Claudio Schamis
03 de maio de 2012

GEORGE SADALA, OUTRO EMPRESÁRIO ÍNTIMO DE SÉRGIO CABRAL


George Sadala tem contrato com estado e viajou com Cabral. Empresário tem pelo menos nove empresas, a maioria com atuação no mercado financeiro

Mais um empresário com negócios com o governo do estado aparece ao lado do governador Sérgio Cabral em fotos feitas durante viagem a Paris, em 2009: Georges Sadala, dono da GelPar, que faz parte do consórcio AgilizaRio, responsável pelo programa Rio Poupa Tempo, que oferece mais de 400 serviços ao cidadão fluminense. Apontado como novo milionário desde o início dos anos 2000, Sadala tem 25% de participação no consórcio, que recebeu em quatro anos R$ 56,8 milhões do estado.


Dono de pelo menos nove empresas, a maioria com atuação no mercado financeiro, Sadala diz ser amigo e vizinho no condomínio Portobello (Mangaratiba) de Sérgio Cabral. Ambos são amigos do empreiteiro Fernando Cavendish, afastado recentemente do comando da Delta Construção depois que a empresa passou a ser investigada na CPI do Cachoeira. Cavendish é outro personagem das fotos de Paris.

Sadala disse que esteve em Paris, com outros 150 empresários, convidado pelo governo do Rio, para dois eventos oficiais: a cerimônia de entrega da medalha de honra da Legião D’Honneur, concedida pelo Senado francês ao governador, e o lançamento do Guia Michelin Rio de Janeiro. Algumas imagens mostram Cabral, Sadala, Cavendish e integrantes do primeiro escalão do governo num restaurante de luxo. O governador disse que pagou as suas despesas.

Sadala já foi dono de outras seis empresas, entre comércio de roupas e vendedoras de discos, que faliram, antes de entrar para o ramo do factoring. Depois que seus negócios cresceram, ele foi morar na Avenida Vieira Souto, em apartamento que pertencia a Cavendish. Segundo o empresário, ele comprou o imóvel em 2008 por R$ 4,6 milhões. A transação foi feita um ano depois do seu casamento com Ana Paula, em festa que reuniu cerca de 800 convidados no Copacabana Palace. Um dos padrinhos do casal foi então governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), e um dos pajens era o filho de Sérgio Cabral.

Sadala, correspondente bancário do BMG no Rio, opera principalmente na área dos empréstimos consignados. Ele afirma que se limita a atuar no setor privado. O BMG, no entanto, é líder de empréstimos consignados a servidores do estado, ficando a frente até mesmo do Bradesco, banco oficial que tem lojas na maioria das repartições estaduais.

Em março, o BMG tinha cerca de 25% do total de empréstimos consignados feitos a servidores do estado, o equivalente a R$ 35,7 milhões dos R$ 142 milhões descontados em folha naquele mês. O banco também se destaca como um dos sete que operam em uma outra modalidade de empréstimo consignado, feito em cartão de crédito, com taxas que chegam a 6%.

Ficou em primeiro lugar em março com R$ 6,7 milhões descontados em folha de pagamento de servidores. Esta operação é alvo de uma ação civil pública movida pelo defensor Fábio Schwartz, do Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública do Rio.

Georges Sadala ou "Ge", como é chamado, venceu em 2009 a primeira licitação para o Poupa Tempo. De 2009 até este ano, os negócios dele evoluíram no estado: recebeu R$ 3,3 milhões em 2009, R$ 22,4 milhões em 2010, R$ 24,2 milhões em 2011 e, este ano, R$ 6,9 milhões. Segundo Sadala, o consórcio administra pontos de atendimento público em shoppings de Bangu, São João de Meriti e São Gonçalo.

O programa, segundo ele, é liderado pelo Shopping Cidadão, de São Paulo. Ele também é dono da GGS Empar Empreendimentos e Participações e da Lavoro Factoring. Esta última chegou a apoiar projetos do Rio Solidário, entidade presidida pela primeira-dama, Adriana Ancelmo.

Sadala disse que foi apresentado a Cabral por amigos. Ele anunciou que pretende processar o ex-governador Anthony Garotinho, que divulgou as fotos de Paris, por danos morais. Cabral disse por meio de sua assessoria que Sadala é seu amigo.

Carla Rocha, Chico Otavio e Maiá Menezes - O Globo
03 de maio de 2012

IN MEMORIAM ERNESTO SÁBATO

HETERODOXIA (1953) *


HOMEM E MULHER
O candoroso século XIX não só culminou na idéia de que o homem que viajava em trem era moralmente superior ao homem que andava a cavalo: culminou na doutrina mais inesperada de todos os tempos, a idéia da identidade dos sexos.

Não houvesse outras provas da frivolidade deste século, bastaria esta para condená-lo. Do ponto de vista desses otimistas, a diferença entre o útero e o falo era algo assim como ranço dos Tempos Obscuros, destinado a desaparecer com a diligência e o analfabetismo. Felizmente, este estranho vaticínio não se cumpriu, como tantos outros daqueles profetas da Locomotiva.

Por desgraça, os séculos não terminam ao mesmo tempo para todos, e assim como Nietzsche foi um homem do século XX, assim pululam em nosso tempo os habitantes do século XIX. O inocente fato de mostrar diferenças entre os dois sexos os põem ferozmente em guarda e os fazem resmungar palavras como reacionário e bárbaro, pois os fatos evoluíram de tal maneira que o progressismo consiste hoje em manter idéias definitivamente envelhecidas.

A maior parte das mulheres, principalmente as de alguma cultura - não há nada mais perigoso que alguma coisa de cultura -, se deixam arrastar por esta teoria, sem compreender que ela pouco favor lhes faz e além disso as coloca em um terreno desfavorável: como se um submarino, incomodado pelo prestígio da aviação, pretendesse ser tão bom como um avião... no ar. Até parece ser um mefistofélico subterfúgio inventado por algum inimigo da mulher para colocá-la em uma situação ridícula. Com razão, Gina Lombroso põe em guarda seus congêneres contra esta tortuosa doutrina: "é inútil negá-lo, a mulher não é igual ao homem. Busquem qualquer testemunho da literatura antiga ou moderna - um romance, um poema, um mito - e tratem de masculinizar suas heroínas. Imaginem por um instante as mulheres do Antigo e Novo Testamento: Rebeca, Noemi, Rute, Maria Madalena, convertidas em homens. Incluam nesta imaginária metamorfose Helena, Hécuba, Electra, ou simplesmente a Eugênia de Balzac, a Rebeca de Walter Scott, a Dorrit de Dickens, e digam em sã consciência se as figuras resultantes de semelhante operação não são ridículas ou monstruosas".

BISSEXUALIDADE
Estabelecer as diferenças entre homem e mulher não implica ignorar a bissexualidade dos seres humanos, o atávico e portanto profundo amálgama de atributos masculinos e femininos que coexistem em cada um de nós. Pelo contrário, para poder falar de bissexualidade, cabe primeiro falar de masculino e feminino, estabelecendo os caracteres do Homem e da Mulher arquetípicos; objetos, é claro, que só existem em estado de pureza no universo platônico mas que, de alguma forma, regem as características dos homens e mulheres reais.

A ABSTRAÇÃO E A MASCULINIDADE
O homem, em sua forma extrema de cientista e filósofo, persegue as idéias puras e abstratas, estes entes misteriosos que não pertencem ao mundo vivo, ao confuso mundo das vidas e mortes, das dores e emoções, mas sim ao frígido universo dos objetos eternos.

Houve mulheres que se destacaram nas letras e artes, mas nenhuma em filosofia. Este notável fenômeno, através de diferentes tipos de civilização, bastaria para sustentar esta tese. Mas há testemunhos valiosos que provam, não a incapacidade da mulher para a abstração, senão sua indiferença e até mesmo sua repugnância.

Gina Lombroso: "A convivência que tive com mulheres dedicadas ao estudo, as observações recolhidas em vários países, e ao mesmo tempo uma sincera introspecção, me convenceram que, pelo contrário, entre a inteligência feminina e a masculina existem diferenças não quantitativas mas qualitativas e dirigidas que se relacionam, não tanto com circunstâncias de tradição, de hábito, mas com a específica função para qual a mulher está destinada: a maternidade... A mulher, que demonstra um interesse tão vivo em relação a tudo que a cerca, em relação a tudo que possa ver, sentir e tocar, pouco se preocupa com a averiguação das grandes leis que regem precisamente isso que fere seus sentidos e seu espírito. Sua avidez de conhecimento se dirige às coisas em si e não às remotas causas às quais obedecem; não lhe interessa contar as pulsações de um coração que sofre, mas sim saber porque sofre. A mulher considera o universo com olhos e alma de mãe. As plantas, os animais, os homens, não são para ela problemas cognoscitivos mas seres capazes de sofre e gozar, seres com os quais se sente ligada não pelo conhecimento mas pelo amor. A ciência pela ciência, a arte pela arte, a fé pela fé, tudo que está situado à margem do concreto e do útil, carece de sentido para a mulher. Sustentou-se que esta diferença de orientação intelectual provinha de sua falta de contato com a cultura, por ter estado durante séculos relegada às funções domésticas. No entanto, a paixão nada tem a ver com a cultura, nem com os hábitos, nem com as aptidões. Contrariamente, a paixão existe até mesmo nos homens sem cultura, em muitos operários e camponeses que sentem este anelo tão viva e desinteressadamente como os homens cultos. Em suas horas livres, os artesãos e lavradores medievais se compraziam em discutir arte e religião. Ainda hoje vemos em muitas aldeias camponeses que preferem, a um ganho maior, o prazer de dedilhar de vez em quando um instrumento ou divagar sobre as coisas do mundo. Que quantidade de astrólogos e meteorologistas encontramos entre os aldeões! Não é raro encontrar em minúsculos povoados um humilde relojoeiro, por exemplo, que à força de sacrifícios pôde adquirir um pequeno telescópio e que, convertido em orgulho do lugar, está constantemente rodeado de jovens que desejam contemplar o firmamento."

Sonia Kowaleska, a notável matemática, anota em seu livro de Recordações: "O trabalho e a criação científica não têm valor algum, já que não outorgam a felicidade nem fazem melhorar a humanidade. É uma loucura dedicar a juventude a estes estudos; é uma desventura, sobretudo para a mulher, possuir faculdades que a impulsionem para uma esfera de atividade em que não se obtém alegria alguma". Seu amigo, o matemático Mittag-Loeffler, conta como ela foi acometida por uma furiosa mania de bordar, precisamente no momento em que devia disputar o prêmio Bourdin.

Enamorada do matemático Weierstrass, Sonia foi levada ao trabalho científico pelo amor, coisa muito natural em uma mulher, e não por amor à própria ciência, coisa típica de homem. Da Rússia, escreve à Madame Loeffler: "Em Estocolmo, onde sou considerada a defensora da emancipação feminina, acabei acreditando que de fato meu dever era dedicar-me às matemáticas, e assim o faço. Mas aqui sou conhecida como a mamãe de Foufi". Madame Loeffler confirma: "A procura das verdades abstratas não a interessava nem a satisfazia. Quando uma nova idéia deste tipo nascia nela, era preciso animá-la para que a desenvolvesse. A produção de seu cérebro não iria confluir em uma humanidade abstrata, mas servir de homenagem a alguém de quem ela pudesse receber um dom equivalente".

O HOMEM, ESTE DESARRAZOADO
O espírito não é retilíneo, mas dialético e paradoxal. O homem costuma partir de premissas lógicas e realistas, para remontar a verdadeiras loucuras, à fantasia e aos moinhos de vento: Parmênides, Colombo, Dom Quixote, Napoleão. Ao inverso, a mulher é ilógica e irrealista, insensata; mas adere às suas pequenas insensatezes com fúria realista e conservadora.

O homem vai da realidade à sem-razão, centrifugamente.
A mulher, da sem-razão à realidade, centripetamente.

Razão pela qual a mulher jamais produziu filosofia, porque, afinal de contas, que mais sem-razão que um sistema filosófico? Depois de ter provado que a realidade é imóvel, Parmênides deve ter ficado tranqüilo e vaidoso; enquanto isso, sua mulher deve tê-lo olhado com esse misto de orgulho, compaixão e perplexidade com que a mãe observa o filho que brinca seriamente como general de um exército invisível.

LÓGICA E INTUIÇÃO
O homem tende ao mundo da abstração, das idéias puras, da razão e da lógica. A mulher se move melhor no mundo do concreto, das idéias impuras, do irracional, do intuitivo. O instinto é ilógico, mas não falha nos problemas da vida, que jamais são lógicos. O homem fracassa comicamente querendo aplicar a lógica à vida. Não há indivíduo mais grotesco na vida cotidiana que o cientista ou o filósofo: ele se move comodamente em um espaço de n dimensões, mas a cada passo tropeça ou esquece do guarda-chuva em um mundo de três dimensões. Valéry observa quão imperfeitamente se movia Henri Poincaré em um dos tantos universos possíveis.

O homem só tem fé no racional e abstrato, e por isso se refugia nos grandes sistemas científicos ou filosóficos; de maneira que quando este Sistema vem abaixo - como mais cedo ou mais tarde acontece - sente-se perdido, cético e suicida. A mulher confia no irracional, no mágico, e por isso dificilmente perde a fé, porque o mundo jamais pode revelar-se mais absurdo do que ela o intuiu pela primeira vez. o credo quia absurdum é feminino, como toda a filosofia existencialista (embora seja feita por homens; por homens, bem entendido, fortemente propensos à feminilidade). Racionalizar o universo e Deus é empresa tipicamente masculina, loucura própria de homens.

Por esta razão, não creio no existencialismo de Sartre. Sua chave mais profunda deve ser buscada em seu primeiro romance, em sua náusea ante o contingente e gelatinoso, em sua propensão viril pelo nítido, matemático, limpo e racional. Sua obra filosófica é o desenvolvimento conceitual desta obsessão subconsciente. Este desenvolvimento leva fatalmente a uma filosofia racionalista e platônica.

A PROVA DA ROLETA
O engenheiro Georges Itzigsohn jogava na roleta segundo um plano minuciosamente calculado à base de flutuações, estatísticas e cálculo de probabilidades. Sua encantadora mulher, apesar de sua formação científica na faculdade de medicina, jogava apostando no aniversário de seus filhos. Ambos perdiam, naturalmente, pois de outra forma não existiria o negócio da roleta. Mas enquanto o engenheiro perdia cientificamente, sua mulher perdia absurdamente.

SOBRE A ORIGEM FEMININA DA INDÚSTRIA

Otis Mason provou que a mulher foi a inventora de quase todas as artes úteis: das primeiras idéias sobre agricultura e pecuária, domesticação de animais, tintas, tecidos, cerâmica, medicina, cocção e conserva de alimentos, trançados de vime, couros e farinhas. A indústria é inicialmente feminina, enquanto se mantém na escala doméstica, a única que como norma interessa e apaixona a mulher. Mas quando, graças ao impulso capitalista, converteu-se em uma empresa gigantesca e abstrata, a mulher cedeu seu lugar ao homem.

Em seu estado inicial, a indústria é concreta e por isso feminina. O comércio, baseado no intercâmbio e no movimento, conduz à abstração, e portanto à masculinização do mundo (cf. Homens e engrenagens).

Quando o comércio e a indústria se agigantam e se tornam abstratos, deixam de ser empreendimentos de mulheres, a menos que estas, como sucede no mundo contemporâneo, tendam a masculinizar-se. Pode-se notar que nem mesmo permanecem em mãos femininas as empresas mais vinculadas à feminilidade, como a indústria dos perfumes.

A indústria caseira apaixona a mulher como tudo que se relaciona à sua casa, a seus homens e seres queridos. Em suma, à conservação da espécie. O homem se interessa pela grande indústria ou pelo grande comércio devido à sua ânsia de poder e de imortalidade.

* Em 30 de abril do ano passado, perto de completar cem anos, morria Ernesto Sábato. Estes excertos são de Heterodoxia, de 1953, livro em que analisa a condição da mulher no século passado. Traduz deste que vos escreve.

03 de maio de 2012
janer cristaldo

MAIS UM FANTOCHE NO MINISTÉRIO DA DILMA

Cuidar do partido, não do Ministério, foi o primeiro objetivo anunciado pelo novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, logo depois de confirmada sua escolha pela presidente Dilma Rousseff. "O fundamental é a unidade do partido e acabar com qualquer tipo de insatisfação", disse o pedetista que acabara de ser chamado para um posto no primeiro escalão do governo. "Não teremos grandes dificuldades para seguir o projeto de unidade do partido", assegurou. Projeto de governo, se existe algum, deve ser menos importante - tão irrelevante, de fato, quanto qualquer projeto ou plano de trabalho para o cargo.

Um dia depois, em seu primeiro discurso numa festa de Primeiro de Maio, o novo integrante da equipe federal confirmou, para quem ainda tivesse alguma dúvida, a pobreza de suas ideias e propostas para a ação ministerial. Mas seu evidente despreparo combina perfeitamente com o critério adotado para o preenchimento de vagas no primeiro nível da administração.

A presidente Dilma Rousseff pode ter desagradado a uma parte do PDT, mas foi fiel ao padrão de loteamento do governo. Manteve o Ministério do Trabalho sob a chefia do partido, reservando-se apenas a prerrogativa de escolher um nome. Respeitou também o ritual de dar satisfação ao comando partidário. Antes de tornar pública a nomeação de Brizola Neto, conversou em seu gabinete com o presidente do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi. Defenestrado quando sua posição se tornou insustentável pelo acúmulo de denúncias, ele só deixou o governo depois de muito esperneio. Mas a presidente, apesar disso, julgou adequado prestar-lhe contas de sua escolha, como se a sua condição de líder pedetista o qualificasse para essa deferência, ou, mais que isso, para sancionar uma decisão presidencial.

Assim, a presidente Dilma Rousseff mantém incólume o sistema de loteamento da administração federal entre os partidos da base governista. Respeitou esse critério nas trocas anteriores de ministros, em geral motivadas por escândalos inaceitáveis, e nunca deixou de prestar homenagem às siglas da coalizão governamental.

Continua, portanto, agindo como se a nomeação de ministros não fosse um ato de responsabilidade exclusiva da Presidência, mas uma faculdade partilhada com os componentes da base governista. Por isso ainda tem sentido, em termos práticos, classificar este ou aquele Ministério como integrante da "cota presidencial". No Brasil, quem chefia o governo e é o responsável máximo pela gestão pública tem cota para nomeação de ministros e até de dirigentes de agências reguladoras e de estatais.

Nessas condições, a qualidade e os objetivos da administração pública se tornam irrelevantes para quem participa do banquete do poder - assuntos menores tanto para os partidos quanto para a Presidência. A presidente Dilma Rousseff pediu ao novo ministro do Trabalho uma "agenda positiva", segundo se informou logo depois de confirmada a escolha. Não houve menção ao conteúdo da agenda nem a programas e projetos. Uma agenda é positiva, na concepção corrente em Brasília, quando favorece a imagem do governo. Se contribui ou não para a solução de grandes problemas e para o desenvolvimento é questão secundária.

O discurso do novo ministro, em São Paulo, comprova essa percepção. Foi um palavrório vazio, sem qualquer ideia mais significativa do que a promessa de abrir uma discussão sobre a semana de trabalho de 40 horas. Sobre a manutenção de direitos trabalhistas ele não foi além de generalidades, próprias de quem não tem o que dizer.

No mesmo dia, em São Bernardo do Campo, o prefeito Luiz Marinho, ex-ministro do Trabalho e ex-presidente da CUT, dedicou-se a questões concretas, recomendando ao novo ministro a retomada dos programas de qualificação e treinamento. "Temos vagas em aberto e pessoas em busca de emprego, o que sugere a falta de qualificação", disse Marinho. Questões como essa estão na pauta de empresários, sindicalistas e estudiosos do mercado de trabalho há alguns anos. Esse e outros problemas concretos comporiam uma boa agenda para um ministro, se ele tivesse sido nomeado por seus méritos administrativos, e não por ser neto do antigo guru da presidente da República.

03 de maio de 2012
Editorial de hoje, no Estadão.

QUEM PAGOU ESSA CABRALHICE?

Artigo de Dora Kramer, intitulado "O ônus da prova", publicado hoje no Estadão
Chega a ser inútil a discussão sobre tentativas de "blindagem" ou a conveniência de se chamar o governador Sérgio Cabral Filho à CPI que tratará da triangulação entre crime organizado, políticos e parcerias comerciais público-privadas.

Diante do que se vê desde a última sexta-feira sobre os alegres passatempos do governador na companhia de secretários estaduais, do empreiteiro dono dos maiores contratos de obras no Rio de Janeiro (sem contar os negócios federais e em outros Estados) e respectivas senhoras mundo afora, é óbvio que Sérgio Cabral deve explicações em qualquer foro.

Assim como é evidente a impossibilidade de o PMDB, o governo federal, o PT, a Assembleia Legislativa, a Câmara Municipal ou o santo padroeiro do governador lhe assegurar qualquer tipo de proteção. O Ministério Público não poderá - ou estará negando suas funções de defensor do interesse da sociedade - ignorar o assunto.

E o governador, seja na CPI ou fora dela, está obrigado a fornecer ao público mais do que as explicações frágeis já apresentadas. Até para se precaver do que certamente ainda vem por aí necessita se municiar de provas de que não foi nem é desonesto. Leia na íntegra aqui.
03 de maio de 2012
coroneLeaks

O IMPÉRIO CONTRA-ATACA

Justiça obriga Garotinho a retirar foto de blog

A Justiça do Rio determinou esta quinta-feira que o ex-governador Anthony Garotinho retire de seu blog, no prazo de 48 horas, as imagens de Jordana Kfuri Cavendish. Mulher de Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, ela morreu em um acidente de helicóptero ocorrido em Trancoso, na Bahia em junho de 2011.

O blog de Garotinho exibe imagens em foto e vídeo de Jordana ao lado de Cavendish e do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), em viagens pela Europa. O advogado Armando Miceli Filho ajuizou ação em nome do pai de Jordana, Dario Kfuri, pedindo à Justiça que determine a retirada das imagens e o pagamento de indenização pelo uso não autorizado delas.

A Justiça ainda não se manifestou sobre o pedido de indenização, mas determinou a retirada das imagens, sob pena de multa de R$ 500 mil, a ser pago por Garotinho caso exceda o prazo de 48 horas para retirar as imagens. Se a punição for aplicada, o valor será devolvido ao ex-governador quando ele cumprir a decisão.

No blog, Garotinho lamentou ter usado a imagem de Jordana. “Todavia, algumas situações são fatos jornalísticos contundentes e reveladores”, afirmou.

03 de maio de 2012
Wilson Tosta (Ag. Estado)

LULA FAZ SEU PRIMEIRO PRONUNCIAMENTO PÚBLICO NA COMEMORAÇÃO DOS 60 ANOS DO BNDES

Com bengala e amparado, Lula chega a evento do BNDES e levanta suspeita sobre seu estado de saúde


(Foto: Antonio Lacerda - Efe)

Verdade camuflada – A foto de Luiz Inácio da Silva chegando ao evento em comemoração aos 60 anos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, correu o País.
Usando uma bengala e amparado pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o ex-metalúrgico chamou a atenção pela aparência debilitada. De acordo com a assessoria do ex-metalúrgico, o uso da bengala se deve à fraqueza decorrente do tratamento contra um câncer na laringe, que, segundo os médicos do Hospital Sírio-Libanês, regrediu.

Quando os médicos anunciaram a alta de Lula e confirmaram que o retorno ao trabalho se daria de forma escalonada, o ucho.info alertou para a irresponsabilidade que representava, e ainda representa, transformar a frágil saúde do ex-presidente em ferramenta eleitoral, que supostamente pode beneficiar o ex-ministro Fernando Haddad (Educação), pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo.


(Foto: Antonio Lacerda - Efe)

Diferente do que declaram os médicos, Lula não está curado do câncer na laringe, afirmação que só poderá ser feita dentro de aproximadamente cinco anos, período em que recidivas podem ocorrer. Um tratamento contra câncer de laringe não é tão simples e suave quanto combater uma gripe forte. Trata-se de procedimento complexo e que compromete sobremaneira a resistência do paciente.

Lula coloca em risco a própria vida ao retomar por completo suas atividades políticas, quando na verdade deveria se dedicar ao repouso como forma de recuperar a força e a resistência. É fato que o Hospital Sírio-Libanês é um centro médico de excelência reconhecida internacionalmente, mas há algo estranho e mal revelado por trás da recuperação do petista.

Que Lula almeja concorrer ao Palácio do Planalto em 2014 todos sabem, mas antes de qualquer decisão sua candidatura deveria ser à vida. Só depois ele poderia fazer planos maiores e de prazo mais elástico.
Contudo, o projeto de poder do PT é inadiável e depende visceralmente da atuação do ex-presidente.
Quem conviveu com pacientes acometidos por algum tipo de tumor ou enfrentou o problema sabe como é custosa e lenta a recuperação na maioria das vezes. A pneumonia que acometeu Lula após o final do tratamento não ocorreu por acaso. Foi consequência de baixa resistência e excesso de atividade fora de hora.

Qualquer leigo, com um mínimo de percepção visual apurada, consegue perceber o quanto o ex-presidente piorou, em termos de aparência, em menos de dez dias. Quando participou em Brasília, no dia 25 de abril, do lançamento do filme “Pela Primeira Vez”, do competente Ricardo Stuckert, Lula exibia uma aparência menos comprometida.
A imagem divulgada na manhã desta quinta-feira deixa evidente que algo acontece com o ex-metalúrgico.
Independentemente de questões políticas, todos os brasileiros devem torcer pela completa recuperação de Lula, que deve reavaliar seus planos e eleger prioridades. E a saúde com certeza deve ser a primeira delas.


(Foto: Ricardo Stuckert - Instituto Lula)

03 de maio de 2012
ucho.info

O CHEFE - CAPÍTULO 9

Capítulo IX

Promotores pediram prisão de Antonio Palocci,
acusado por envolvimento com a 'máfia do lixo'

Morto Celso Daniel (PT), prefeito de Santo André (SP), Lula escolheu um outro prefeito para substituí-lo na coordenação da campanha, durante o processo eleitoral de 2002: Antonio Palocci (PT), de Ribeirão Preto (SP). Eleito presidente da República, Lula nomeou Antonio Palocci seu ministro da Fazenda.
No primeiro mandato (2003-2006), ele foi um dos mais influentes auxiliares do Governo Federal. Fez parte do chamado "núcleo duro" de Lula, juntamente com os ministros José Dirceu (PT-SP) e Luiz Gushiken (PT-SP). A dupla caiu em 2005, após envolvimento no escândalo do mensalão.

Antonio Palocci também caiu, mas só no ano seguinte, em decorrência do crime de quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. O funcionário o acusara de frequentar uma mansão em Brasília, alugada pela chamada "república de Ribeirão Preto". O casarão servia para festas com garotas de programa. Palocci suspeitou que o caseiro o denunciara por ter sido subornado pela oposição. Achou que comprovaria a propina ao pôr as mãos em extratos bancários. Mas a desconfiança não procedia. O pai do caseiro dera o dinheiro. Além do mais, não haveria o que justificasse quebrar o sigilo.

Antes de ser afastado, porém, Palocci sofreu diversas acusações por atos de ilegalidade em Ribeirão Preto. As denúncias de corrupção eram ainda mais graves que a quebra do sigilo. Afinal, ao longo da trajetória do PT a ética na política foi propagada, em alto e bom som, como sendo a bandeira mais importante do partido. Apesar disso, Lula protegeu Palocci o quanto pôde.

Poucos dias antes do segundo turno das eleições que reelegeram Lula em 2006, o Ministério Público de São Paulo denunciou Palocci, recém-eleito deputado federal. Promotores pediram à Justiça a sua prisão preventiva por crimes de formação de quadrilha, peculato e adulteração de documentos públicos.

Acusaram-no de chefiar o grupo que fraudou contratos de limpeza pública na Prefeitura de Ribeirão, provocando prejuízos de R$ 30,7 milhões. A ação criminal pediu a condenação do ex-ministro a 225 anos de prisão.
Em 2007, Palocci foi condenado em primeira instância pela Justiça, por duas irregularidades cometidas em Ribeirão: a doação de materiais de construção para a Associação dos Funcionários da USP (Universidade de São Paulo) e o polêmico projeto Vale dos Rios, que previa a construção de uma ponte suspensa no centro da cidade. As obras não andaram. Foram gastos R$ 4,7 milhões na iniciativa, mas só teria havido justificativa para R$ 323 mil. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) considerou irregulares a dispensa de licitação, o contrato e as despesas autorizadas e efetuadas por Palocci.

Auxiliares de Palocci que ocuparam postos de comando na Prefeitura de Ribeirão também foram condenados. Donizete Rosa é um deles. Nomeado diretor-superintendente do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados, autarquia do Ministério da Fazenda) no governo Lula, ele não perdeu o cargo federal com a condenação. E saiu-se assim ao ser confrontado com a decisão da Justiça, no caso da doação de materiais:
- Não me lembro disso, não fui ouvido e nem participei da autorização para essa doação. Estranho o meu nome ser citado.

O TCE condenou também contrato sem licitação firmado com a empreiteira Leão Leão, para operar o aterro sanitário de Ribeirão. Entre as denúncias de irregularidades da época em que Palocci exerceu o mandato de prefeito da cidade, um dos casos mais rumorosos foi o suposto direcionamento para comprar um "molho de tomate refogado, peneirado, com ervilhas", que era produzido por apenas uma empresa. O produto seria usado na merenda escolar da rede municipal de ensino. Teve ainda a acusação de gastos com agência de publicidade sem contrapartida de prestação de serviços, contrato suspeito com publicitários e despesas supostamente irregulares com propaganda para a Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto).

A Coderp, aliás, estava sob o comando de Juscelino Dourado, secretário da Casa Civil do prefeito Palocci. Um diretor da Coderp, Augusto Pereira Filho, admitiu receber "complemento salarial", um dinheiro não-contabilizado. O valor teria sido negociado com Juscelino Dourado. Quando Palocci deixou Ribeirão e foi para Brasília, nomeado por Lula, levou Juscelino Dourado para ser seu chefe de gabinete e braço direito, no Ministério da Fazenda.

Juscelino Dourado foi afastado em 2005, na tentativa de desvincular Palocci de irregularidades apuradas pelo Ministério Público em Ribeirão. Os promotores haviam tomado conhecimento de um esquema de caixa 2. Envolveria fornecedores da Prefeitura e a gráfica Villimpress, também de Ribeirão.
Por meio das operações teriam sido emitidos boletos bancários superfaturados, além de duplicatas simuladas e notas fiscais frias de serviços gráficos. As "despesas" somavam até R$ 50 mil por dia.
A operação teria sido feita propositadamente para fazer "sobrar" dinheiro. Incluiria a troca de reais por dólares e envolveria repasses por baixo do pano para o PT.

O projeto Fábricas de Equipamentos Sociais também chamou a atenção dos promotores. A administração municipal torrou R$ 5,5 milhões para executar uma obra, mas fez apenas a metade. Um dos coordenadores do programa, Roberto Costa Pinho, assumiu o cargo de secretário de Desenvolvimento do Ministério da Cultura na administração Lula. Ele admitiu à CPI do Mensalão ter recebido R$ 300 mil do esquema de Marcos Valério. Alegou que o dinheiro pagaria por serviços de assessoria política.

Roberto Costa Pinho explicou, contudo, que ficou deprimido por ter sido exonerado do Ministério da Cultura, no início de 2004. O afastamento ocorreu após ser acusado de cometer irregularidades em contratos públicos. Em razão disso ele não se sentiu em condições de prestar os tais serviços de assessoria política. Mesmo assim ficou com os R$ 300 mil. Justificou à CPI dizendo que Delúbio Soares, tesoureiro do PT, não pediu o dinheiro de volta:
- A secretária dele ligou, disse que Delúbio sabia da minha doença e não faltariam oportunidades para eu prestar serviços ao PT.

O caso mais grave em Ribeirão, no entanto, teria sido o envolvimento do prefeito Antonio Palocci com a "máfia do lixo". O autor da denúncia ocupou cargo estratégico durante a primeira administração de Palocci na cidade.
Mais que isso, era amigo pessoal de Palocci, com quem manteve relações fraternas ao longo dos anos, como se verá, inclusive no governo Lula. Em 17 de agosto de 2005, no auge do escândalo do mensalão, o Brasil fica sabendo da prisão de um certo advogado Rogério Buratti.
No longínquo ano de 1992, ele chegara a Ribeirão Preto. Sem nada, dirigindo um fusca. Tinha a missão de coordenar a campanha do candidato a prefeito da cidade pelo PT naquele ano, um desconhecido vereador chamado Antonio Palocci. Eleito, Palocci retribuiu. Fez de Rogério Buratti o secretário municipal de Governo.

Treze anos depois, Rogério Buratti seria denunciado pelo Ministério Público, por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, num esquema de compra e venda de propriedades rurais e empresas de ônibus. Teria tentado destruir contratos de venda de imóveis e documentos que o incriminariam em negócios suspeitos. Buratti foi acusado de comprar três fazendas em dois anos, antes de trocá-las por duas empresas de ônibus, no valor de R$ 2,6 milhões, convenientemente registradas em nome de terceiros.

O mais explosivo, no entanto, acabou sendo o indiciamento de Buratti por suspeita de envolvimento com a "máfia do lixo", um esquema que fraudava licitações e contratos de limpeza pública em cidades do interior de São Paulo e de Minas Gerais. Em troca de redução da pena, Buratti fez acordo com os promotores. Comprometeu-se a colaborar com a Justiça nas investigações.

Rogério Buratti fora vice-presidente da empreiteira Leão Leão, a principal doadora de dinheiro para a segunda campanha de Antonio Palocci para se eleger prefeito de Ribeirão, em 2000. Ela detinha contratos de limpeza pública na cidade. Buratti desligara-se da Leão Leão em 2004, contudo, na esteira de outro escândalo, este já do governo Lula: a extorsão de dinheiro da multinacional norte-americana Gtech.
Não vem ao caso aqui, mas Buratti e Waldomiro Diniz, outro assessor do PT famoso na era Lula, teriam tramado para conseguir propina de até R$ 16 milhões da multinacional, interessada em fechar contrato milionário com a Caixa Econômica Federal. O banco estatal é subordinado ao Ministério da Fazenda, na época controlado por Palocci.

Ao procurar proteger Palocci no caso Gtech, Buratti alegou que o ministro decidira não interferir no contrato com a Caixa. Não teria demonstrado interesse na oferta que seria, em tese, destinada ao PT.
Acredite se quiser. Note-se que, segundo o relato de Buratti, não houve "interesse" pela propina. Jamais "indignação", "repulsa" ou, ainda mais correto, a imediata abertura de inquérito para apurar uma tentativa de suborno. A oferta de "até R$ 16 milhões", portanto, não significou nada de tão grave.

O depoimento de Buratti sugeriu outra explicação para a falta de "interesse" de Palocci. O ministro teria decidido respeitar o "interesse" de outro ministro no negócio. A tratativa com a multinacional já vinha sendo tocada por Waldomiro Diniz, assessor de José Dirceu (PT-SP) no Ministério da Casa Civil. Assim explicou Buratti:
- Tenho informações, não posso confirmar, de que havia uma negociação em curso, principalmente voltada com o que se falava que era o grupo do Rio, o que contribuiu na campanha através do Waldomiro Diniz. Tenho a impressão de que, como eles não conseguiram trilhar o caminho através de mim, eles podem ter continuado no caminho que já existia.

Em troca do benefício da delação premiada, Buratti acusou Palocci de receber R$ 50 mil mensais de propina, no período em que foi prefeito pela segunda vez, em 2001 e 2002. Como se sabe, Palocci renunciou ao cargo de prefeito em 2003 para assumir o comando do Ministério da Fazenda. Quem subornava o prefeito, acusou Buratti, era a empreiteira Leão Leão. O advogado fez a denúncia para seis promotores e um delegado de polícia.

Além de vice-presidente da Leão Leão, Buratti foi presidente da Leão Ambiental, braço da empresa responsável por serviços de limpeza urbana. Sabia do que estava falando. Acusou Ralf Barquete de envolvimento no esquema. Barquete era secretário de Finanças do prefeito Palocci, guindado para a assessoria da Caixa Econômica Federal com o advento do governo Lula. Palavras de Buratti sobre o mensalão do prefeito Palocci:

- Esse dinheiro foi pago mensalmente durante toda a gestão do prefeito Palocci, ou seja, durante dois anos. Quem indicou o Ralf para receber esse dinheiro foi o próprio Palocci à empresa Leão. Como eu integrava a diretoria, tinha conhecimento. Ralf apanhava o dinheiro na tesouraria da empresa. Quem entregava era o gerente financeiro da época.

Buratti explicou que os R$ 50 mil eram uma compensação pela garantia dos pagamentos dos contratos de limpeza pública em dia. Mas, possivelmente, era mais que isso. A Prefeitura teria acordos por baixo do pano com a empreiteira. Faria repasses de dinheiro antecipados à Leão Leão.
Quebraria, com isso, irregularmente, a ordem cronológica de pagamentos. Buratti relatou como justificavam a entrega de propina ao prefeito nos balanços da Leão Leão:
- O pagamento ocorria com a simulação de compras, utilizando-se notas frias. O pagamento da mensalidade era condicionado ao pagamento que a Prefeitura fazia. Antes e depois das licitações havia reuniões com as empresas, tendo em vista um acordo para a disputa em um determinado local. É um procedimento natural.

Mais detalhes sobre o funcionamento do esquema, conforme o depoimento de Rogério Buratti ao Ministério Público:
- Em algumas cidades onde a Leão Leão tinha contratos de coleta de lixo havia um apoio da administração pública na licitação. Onde havia esse apoio ocorria uma colaboração na elaboração dos editais e nas informações gerais, privilegiadas, da licitação.
Outro benefício era com relação à fixação do cronograma, fixando-se datas de abertura e divulgação de acordo com os interesses comuns, ou seja, da prefeitura e da empresa. Quando a empresa sagrava-se vencedora, combinava-se com o prefeito uma forma de contribuição financeira. A contribuição ocorria dentro de um porcentual de 5% a 15%, a depender do contrato, em relação ao faturamento. O dinheiro era levado diretamente ao prefeito.

Para comprovar as acusações de Buratti, o Ministério Público apreenderia farta documentação na sede da Leão Leão. No computador de Wilney Barquete, que substituiu Buratti na presidência da Leão Ambiental, acharam um arquivo com o nome de "despesas diversas". Lá estava o que os promotores apontaram como o "mapa da propina". Entre as informações protegidas por senhas, uma trazia os seguintes dizeres: "50000 – dr". Para o Ministério Público, "dr" seria uma referência ao doutor Palocci, que é médico sanitarista. E "50000" o valor do suborno mensal, de R$ 50 mil.

A quebra do sigilo bancário da Leão Leão mostrou que a operação montada em Ribeirão poderia ter servido como embrião para o esquema do mensalão do governo Lula. Entre 15 de janeiro de 2002 e 22 de outubro de 2003 foram emitidos 686 cheques pela Leão Leão, num total de R$ 9,4 milhões. O "mapa da propina" revelou três padrões de saques, sempre em valores próximos a R$ 12 mil, R$ 30 mil ou R$ 50 mil. Estes seriam os três níveis de suborno.

A coisa funcionava assim: a Prefeitura fazia medições de serviços de varrição e de coleta de lixo acima do efetivamente realizado, e pagava a mais à Leão Leão. A varrição do Bosque Municipal de Ribeirão e a coleta de lixo hospitalar, por exemplo, teriam sido intencionalmente superdimensionadas. Em seguida, justificava-se a retirada do dinheiro público pago a mais para a empreiteira por meio da aquisição fictícia de produtos e serviços pela Leão Leão. Empresas forneceriam notas frias e obteriam 2% do valor das notas.

A CPI dos Bingos analisou 331 cheques, cujos valores foram sacados em dinheiro vivo na agência bancária existente dentro da Leão Leão. O dinheiro saía em carro-forte da empreiteira. Os números bateram: os R$ 2,8 milhões supostamente desviados em 2002 corresponderiam a 12 pagamentos de R$ 226 mil. Este seria o custo mensal da corrupção do prefeito Palocci.

Voltemos a Rogério Buratti: um ex-secretário de Obras de Ribeirão, engenheiro Luiz Fernando Alessi, acusou Palocci e Buratti de receberem dinheiro não-contabilizado da Leão Leão, durante a campanha eleitoral de 1992. O ex-secretário também denunciou Palocci, já no posto de prefeito, por proteger Buratti, seu secretário de Governo, apesar das relações "atípicas" mantidas por ele com as empreiteiras. De Luiz Fernando Alessi:
- As empreiteiras passaram a ser chamadas na Secretaria de Governo e às vezes acontecia, por exemplo, de eu encontrar um dono de construtora e ele comentar: "Olha, estive com Buratti e mudei o cronograma da obra tal".

Na época, o ex-secretário de Obras relatou o que vinha acontecendo ao prefeito Palocci. Foi afastado da Prefeitura. Buratti também perdeu o emprego de secretário, mas por outro motivo. Luiz Fernando Alessi recebeu uma fita que derrubaria Buratti. Palavras de Alessi:

- Era uma gravação em que Rogério Buratti combinava uma compensação para um empresário da área da construção civil, da Almeida Filho. Comecei a compreender que isso tinha a ver com uma obra viária na avenida Antonio e Helena Zerrenner, onde havia sido aberta uma concorrência. Era a maior e mais cara obra viária que a Prefeitura estava fazendo em 1994.
Mas a licitação foi cancelada e anulada. A justificativa é que esqueceram de colocar uma ponte no projeto. Pouco tempo depois reabriram a licitação, a empresa Almeida Filho não apresentou preço. Coisa estranha, a empresa desistir. Em seguida, aparece a fita do Buratti conversando com o empresário que ganhou e desistiu. E ele diz que "o prefeito mandou dar uma compensada pra você".

A tal "compensada" funcionaria como espécie de "cala-boca", porque a obra iria ser tocada por outra empresa. Nome da outra empresa: Leão Leão. O jornal Folha de S.Paulo publicou as declarações do ex-secretário Luiz Fernando Alessi e repercutiu o caso com Buratti, que se manifestou assim:
- O Palocci, quando administra uma cidade, ou quando está num cargo executivo, quer ter todas as informações, quer ter tudo na mão, ele coordena efetivamente. O Alessi nunca entendeu qual era o papel dele e qual era o meu papel. O papel dele era realizar obras, o meu papel era coordenar o governo.

Em seu segundo mandato como prefeito, Palocci assinou 19 contratos com a Leão Leão. Como se sabe, Buratti ocupava estrategicamente um posto no comando da empreiteira. Do total de contratos, nove foram firmados sem licitação pública, no valor de R$ 4,2 milhões.
Em depoimento ao Ministério Público e à Polícia Federal, Buratti admitiu que a Leão Leão e a gráfica Villimpress trabalharam em conjunto na campanha de Lula para o Planalto:
- A Leão pagou material de campanha produzido pela Villimpress para o PT, tratando-se da campanha de 2002, para presidente.

Em depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, no final de 2005, Palocci negou qualquer irregularidade com a limpeza pública de Ribeirão Preto em 2001 e 2002, a cargo da Leão Leão. Saiu-se assim:
- Não fui eu que fiz a contratação dessa empresa, nem a prorrogação do contrato. O contrato foi feito no governo anterior ao meu e foi renovado no governo posterior ao meu.

Vamos por partes: Palocci não assinou um contrato específico, mas o gerenciou. E poderia ter feito exigências para não rompê-lo. Outro ponto: o ex-prefeito deu a entender que passou ao sucessor os negócios de Ribeirão Preto com a Leão Leão, da forma como os encontrou. Não foi bem assim.

De fato, o antecessor de Palocci na Prefeitura de Ribeirão, Luiz Roberto Jábali (PSDB), assinou contrato de coleta de lixo com a Leão Leão. Mas da seguinte forma: quando Jábali assumiu o comando da administração municipal, em 1997, depois dos quatro anos do primeiro mandato de Palocci, reduziu o custo da tonelada de lixo recolhida pela empresa Rek, de R$ 50 para R$ 42. Depois baixou o valor novamente, para R$ 35. Em 1999 contratou a Leão Leão, por R$ 17 a tonelada. Um terço dos R$ 50 de Palocci pelo serviço.

Palocci ganhou a eleição de 2000 e reassumiu a Prefeitura. O valor da tonelada de lixo recolhida pela Leão Leão oscilou para R$ 23. Em 2004, Palocci havia virado ministro. O vice dele, Gilberto Maggioni (PT), que mandava na Prefeitura, elevou o preço da tonelada para a casa dos R$ 32,76.

Gilberto Maggioni foi acusado por Buratti, aliás, de continuar recebendo a propina de R$ 50 mil, antes destinada exclusivamente ao prefeito Palocci. Em 2003, ano em que se tornou prefeito de Ribeirão, Maggioni comprou três terrenos na cidade.
Num deles, de 1.162 metros quadrados, em loteamento de alto padrão, estava construindo uma residência de 562 metros quadrados.
Para não perder o emprego de ministro, Antonio Palocci tratou de se desvencilhar de Rogério Buratti.
Negou ter recebido R$ 50 mil mensais de propina, mas poupou o detrator. Preferiu atacar os promotores. Convocou entrevista coletiva em Brasília. Manifestou-se assim:
- Não me sinto traído pelo Rogério Buratti, porque não tinha relação de confiança com ele no último período. Não esperava que ele fosse utilizar uma acusação dessa natureza. Compreendo a situação dada, a pessoa depondo, com prisão, com algema, tendo sido oferecida a ela a liberdade em troca da delação de outras pessoas, que é um ambiente em que tudo pode acontecer.

Mais uma vez, não é bem como Palocci falou. A quebra de sigilo telefônico de Buratti iria revelar, dias depois da entrevista do ministro, que o advogado trocou pelo menos 30 ligações com Palocci e assessores diretos dele, no Ministério da Fazenda. Foram seis telefonemas do celular de Buratti para a casa de Palocci em 2003, num total de 28 minutos de conversa.
Ainda na entrevista, Palocci admitiu ter frequentado a casa de Buratti algumas vezes nos últimos anos, mas justificou com a relação de amizade entre as mulheres e os filhos de ambos. Em 2002, ainda prefeito de Ribeirão, Palocci esteve em três churrascos na casa de Buratti, na época em que o advogado era vice-presidente da Leão Leão. Da entrevista do ministro:
- Não esperava por isso, que o Rogério Buratti fizesse uma coisa dessas. Agora, eu compreendo a situação em que ele foi colocado. Os motivos que o levaram a falar isso eu não conheço.
Lula comentou as declarações de seu ministro da Fazenda:
- Palocci mostrou a segurança de uma pessoa inocente.

Cabe ressaltar que Juscelino Dourado, chefe de gabinete do ministro Palocci, admitiu encontros com Buratti no Ministério da Fazenda. Buratti os negara, para proteger o amigo. Em gravações, Buratti referiu-se a Juscelino Dourado como o "J". Juscelino Dourado também foi investigado por fraudes em licitações na Prefeitura de Ribeirão Preto.  
Prova das relações Palocci/Buratti no governo Lula é a audiência concedida pelo ministro da Fazenda ao empresário João Vaz Guedes, presidente da Somague, um grupo português da área da construção civil, associado à Leão Leão de Ribeirão. O Ministério da Fazenda negou formalmente duas vezes ter havido reunião de Palocci com o empresário. Depois recuou. O encontro se deu em 13 de maio de 2003. Buratti solicitou o agendamento da reunião ao chefe de gabinete, Juscelino Dourado. Depois, explicou:

- Liguei para o Juscelino, pedindo a audiência. Ele mandou eu mandar um email, que a Somague mandasse o email, que ele iria conversar com o ministro e, com certeza, o ministro receberia.

Em depoimento à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, Palocci voltou a negar irregularidades. Os parlamentares perguntaram por que ele não processava Buratti. Resposta do ministro:
- Algumas pessoas estão sofrendo processos não apenas por eventuais falhas ou irregularidades. Sofrem perseguição por terem sido meus assessores.

Na verdade, quem sofreu perseguição foram os funcionários do Daerp (Departamento de Águas e Esgotos de Ribeirão Preto) que depuseram à Polícia Civil e confirmaram o esquema de corrupção na cidade administrada por Palocci.
Doze testemunhas denunciaram fraudes nos serviços de limpeza executados pela Leão Leão. Isabel Bordini, superintendente do Daerp, foi apontada como operadora do esquema. Ela era mulher do todo-poderoso Donizete Rosa, secretário municipal nas duas gestões de Palocci como prefeito. Depois, como vimos, ele foi nomeado no governo Lula para o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).

Por determinação de Isabel Bordini teriam sido falsificadas ordens de serviço, boletins de medição e planilhas relacionadas ao serviço de limpeza pública. A acusação se estende do período do segundo mandato de Palocci, em 2001 e 2002, até o do sucessor dele, Gilberto Maggioni (PT), que governou Ribeirão até o fim de 2004. Ele teria mantido o mesmo esquema engendrado por Palocci.
Os valores pagos pela varrição de ruas e de calçadas eram até três vezes maiores que os serviços efetivamente prestados. Do depoimento de uma funcionária municipal, cuja identidade foi mantida em sigilo para protegê-la:
"Após umas duas horas, vinha a determinação da Isabel para que fosse aceita a planilha apresentada pela Leão Leão, mesmo em prejuízo da Prefeitura. Que, mesmo contrariado, o funcionário era obrigado a acertar os dados e, para isso, precisava fazer uma ordem de serviço para complementar e justificar aquela diferença."

Segundo o delegado de polícia Benedito Antonio Valencise, que investigou a corrupção em Ribeirão, os funcionários do Daerp eram coagidos, ameaçados e pressionados por superiores para alterar informações em relatórios públicos. Estimou-se em R$ 400 mil mensais os desvios com a limpeza pública:
- O superfaturamento está 100% comprovado. Para cada R$ 1 de serviço prestado, R$ 2 eram superfaturados.

Em depoimento ao Ministério Público e à Polícia Federal no início de 2006, Rogério Buratti confirmou o mensalão de R$ 50 mil a Palocci e inocentou Isabel Bordini de irregularidades nas medições dos serviços de limpeza pública. Responsabilizou Palocci e Maggioni:
- Não acredito que Isabel tenha ordenado qualquer procedimento irregular. Ela é funcionária exemplar e controlava o contrato de acordo com as determinações dos prefeitos. A Leão tratava diretamente com o prefeito, e muitas vezes, antes de liberar as medições, Isabel dizia que ia confirmar se o valor estava correto com o prefeito.

O delegado Valencise relatou à CPI dos Bingos a existência de notas fiscais e planilhas frias que justificavam o indiciamento de Palocci por crimes de peculato, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Para ele, Palocci determinou que Isabel Bordini fraudasse os serviços de limpeza pública:
- Segundo consta no inquérito, a ordem vinha do prefeito. Era um acordo feito entre ele e o proprietário da empresa. Em seguida essa ordem era repassada pelo prefeito a Isabel, e ela a cumpria. Tratava-se de um esquema muito grande, envolvendo muitas pessoas, impossível de ser mantido por funcionários subalternos.

De acordo com Valencise, Palocci e Maggioni receberam, além da propina mensal de R$ 50 mil, dinheiro de caixa 2 em nome do que foi definido como "equilíbrio de contrato", um mecanismo para fraudar a limpeza pública. O esquema compensava também os supostos preços baixos apresentados pela Leão Leão para vencer licitações. Do delegado de polícia:
- Na apuração, comprovou-se que as documentações, com os relatórios diários dos trabalhos realizados pela empresa, já chegavam prontas ao Daerp, e não coincidiam com os dados da fiscalização do Daerp, que eram bem menores. Entretanto, os funcionários do Daerp eram obrigados a fazer novas planilhas, devidamente falsificadas, e eram essas ordens de serviço que cobriam e justificavam as saídas a mais dos valores em reais.

A Polícia Civil concluiu a investigação dos supostos serviços fraudulentos de varrição em Ribeirão com a identificação de 174 notas fiscais frias que simulariam compras da Leão Leão. Na verdade, justificariam a saída de dinheiro não-contabilizado da empreiteira, para irrigar o esquema político.
Em abril de 2006, estimou-se em R$ 30,7 milhões o desvio de dinheiro público com contratos de limpeza em Ribeirão Preto.
Ao ser indiciado, um mês após o afastamento do Ministério da Fazenda por conta da quebra do sigilo de Francenildo Santos Costa, Palocci afirmou que, se houvesse irregularidades com a varrição da cidade, a responsabilidade teria de ser do Daerp. O Ministério Público não aceitou.
Do promotor Daniel de Angelis:
- Uma organização que dá um prejuízo de mais de R$ 30 milhões em quatro anos não passaria despercebida pelo prefeito.

03 de maio de 2012

Capítulo anterior - arquivo de 02 de maio de 2012

"VÂMU GASTÁ PUTADA".

País rico é um país sem pobreza. (*)

A história de ter um avião próprio, começou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele deslumbrado com o poder, para esquecer o caminhão pau-de-arara que o trouxera do nordeste à São Paulo, um ano após sua posse (2004) mandou comprar um Airbus ACJ, construído pelo consórcio Airbus Industries . Na época custou a “mixaria” R$ 98 milhões (equivalentes a 400 mil salários mínimos da época).



A aeronave foi construída sob medida, de acordo com os padrões de autonomia e conforto exigidos pela Aeronáutica Brasileira. Dessa maneira, Lula poderia visitar o mundo todo com rapidez e em grande estilo de um presidente produzido pela massa.

Entre 2004 e 2009, somente em peças de reposição e serviços de manutenção, o que ficou conhecido pelo apelido de Aerolula, gastou R$ 5,5 milhões, além de outras dezenas de milhões em combustível e salários da tripulação.
Não se sabe porque cargas d’água, talvez num de seus freqüentes acessos de mau humor, “a presidenta” Dilma Rousseff, recusou utilizar o Airbus Aerolula e solicitou um novo avião, desta vez, com requintes de conforto jamais vistos pelos brasileiros relegados ao restrito mundo do salário mínimo.



O primeiro avião presidencial de Dilma, já apelidado de Aerodilma, será um Embraer Lineage, o mais caro e maior jato da Embraer, numa versão especial.

O Aerodilma recebeu uma nova configuração para somente 19 passageiros, num ambiente com muito espaço – já que este modelo em sua versão original foi projetado para transportar até 122 pessoas.

De acordo com o projeto, esse Aerodilma vai superar as aeronaves anteriores, tanto em termos de tecnologia de aviação, como em luxo e conforto das cabines. (fotomontagem).

Mas para a ex-guerrilheira que jamais deu um tiro, só isso não basta, no Palácio do Planalto planeja-se ampliar a “família Aerodilma”, com a compra de um avião ainda maior e mais imponente.
Mostrando que não tem preconceito de nacionalidade, ainda deve ser adquirido do consórcio franco-inglês Airbus, uma aeronave A330, ao custo de R$ 500 milhões.

Se proceder a aquisição, serão gastos meio bilhão de reais – valor que daria para comprar 25 mil carros populares – somente com a aquisição de um único avião para utilização da Presidência da República.

Esse esbanjar de dinheiro público torna-se criminoso, quando se sabe que a FAB (Força Aérea Brasileira) possui metade de sua frota de aeronaves no chão, por falta de peças e verbas para manutenção.

03 de maio de 2012
Charge de Roque Sponholz e Texto de Giulio Sanmartini

(*) Dístico do Governo Dilma Rousseff.
(*) Fotomontagem:O contaste entre o luxo do Aerodilma Lineage e a miséria dos brasileiros
(*) Fonte: AEROvia.

DEPUTADO, ONDE FICA PERNAMBUCO?


Este vídeo foi enviado do Brasil por meu amigo Gilberto José Xavier Cardoso, o CQC, foi a Câmara em Brasília, para que os deputados mostrassem num mapa mudo onde ficava o estado de Pernambuco.

O resultado foi estarrecedor como pode se ver, deputados que o brasileiro paga para cuidar de seus interesses, seriam reprovados em qualquer prova de geografia, até nas do MEC, onde em sua tabuada 1 menos 7 resulta em 4.




03 de maio de 2012
giulio sanmartini

NO POPULAR

Merval Pereira

A presidente Dilma mudou o tom com os bancos privados, levando para um discurso político do Dia do Trabalho a exigência de redução dos juros que vinha fazendo em discussões técnicas entre o Ministério da Fazenda e a Febraban
Essa mudança, independentemente da discussão de mérito, sinaliza uma perigosa tendência de seu governo de se apoiar nas altas taxas de popularidade para pressionar setores da economia que não se enquadrem nas suas orientações.

Aparentemente, o impasse criado pela reivindicação dos bancos por reduções variadas, do compulsório à carga tributária, levou a presidente a dar um passo a mais no sentido de popularizar o debate para pressioná-los.
É inegável que boa parte da popularidade estratosférica da presidente Dilma deve-se a posições bastante ao gosto da média da população, como o combate aos “malfeitos”, sem que seja necessário que resultados sejam consequência dessas atitudes.

No combate ao que chama de “malfeitos”, num achado marqueteiro que tira a palavra “corrupção” do linguajar político e coloca em contraposição a presidente e seus “benfeitos”, ela teve que demitir nada menos que seis ministros sem que nada além da perda do cargo acontecesse a nenhum deles e a outros burocratas estatais que foram de roldão nesses escândalos.

Que, diga-se de passagem, nunca foram descobertos pelos órgãos de controle governamentais, e sim pelas denúncias dos meios de comunicação.
Mas o que ficou na percepção popular foi sua decidida postura contra esses “malfeitos” cometidos por ministros escolhidas por ela mesma.
Com relação aos juros bancários, a presidente tomou medidas concretas, ordenando aos bancos públicos que reduzissem suas taxas para “dar o exemplo” e conseguindo que o Banco Central encontrasse ambiente favorável
à queda da Selic.


Mesmo que tenha sido pequena, menor do que a propaganda oficial dá a entender, há uma tendência de redução dos juros nos bancos estatais, o que cria um ambiente favorável a que a medida se espalhe pelo setor.
Vários bancos privados já anunciaram que acompanharão os bancos públicos, mas esse movimento é muito lento ainda, e as últimas reuniões entre a Fazenda e o representante da Febraban mostram que os bancos privados querem uma contrapartida governamental para aderir à queda mais firmemente.

Foi isso que levou a presidente Dilma a levar para a televisão o tema, que sem dúvida nenhuma é popular e contribuirá tanto para consolidar ou até mesmo melhorar sua popularidade como para reduzir a já escassa popularidade dos banqueiros privados.

A presidente Dilma estava até sorridente quando disse, por exemplo, palavras duras sobre os bancos privados: “É
inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo. Esses valores não podem continuar tão altos. O Brasil de hoje não justifica isso.”


Embora sua fisionomia amena na ocasião não possa ser comparada à carranca da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que parece estar sempre em luta contra os dragões da maldade do capitalismo, a postura da presidente brasileira pode ser comparável à de sua colega argentina.

A utilização da política para resolver questões técnicas é tática populista que pode render frutos eleitorais a curto prazo, mas leva a decisões que podem ter consequências maléficas a longo prazo para a economia do país.
O discurso de Dilma foi muito bem elaborado, como sempre, pelo marqueteiros João Santana, e até mesmo questões técnicas como a inadimplência foram tratadas pelo viés populista, na intenção de jogar os argumentos dos bancos contra a população.

Os bancos alegam que a inadimplência é uma das grandes culpadas pelos altos juros, e a presidente saiu em defesa de seu povo no discurso televisivo: “Os bancos não podem continuar cobrando os mesmos juros para empresas e para o consumidor, enquanto a taxa básica Selic cai, a economia se mantém estável, e a maioria esmagadora dos brasileiros honra, com honestidade, os seus compromissos”.

Preocupada com o crescimento da economia, que este ano promete ser mais ou menos do mesmo tamanho do anterior, isto é, em torno de 3%, taxa insuficiente para manter o pleno emprego e a percepção de bem-estar que ainda predomina, a presidente disse que “a economia brasileira só será plenamente competitiva” quando as taxas se equipararem às praticadas no mercado internacional.

“Quando atingirmos este patamar, os nossos produtores vão poder produzir e vender melhor, e os nossos consumidores vão poder comprar mais e pagar com mais tranquilidade”, ressaltou Dilma Rousseff.
Um dos pontos exemplares da insegurança jurídica está na aprovação do chamado “cadastro positivo”, cuja regulamentação ainda esbarra em questões políticas no Congresso
 
O discurso da presidente está basicamente correto, mas ela não revelou aos telespectadores que, para atingirmos
esse patamar e termos uma economia mais competitiva, cabem também ao governo algumas ações.


Os bancos alegam que spread alto — diferença entre a taxa que o banco capta e a que empresta — é resultado da alta carga tributária, de custos de inadimplência e da insegurança jurídica do país, da qual a fala da presidente faz parte, obviamente.

Eles têm números que mostram que 70% do spread são de custos, e 30% são o lucro líquido, e alegam que primeiro é preciso resolver as questões pendentes, para depois reduzir os juros.
Um dos pontos exemplares da insegurança jurídica está na aprovação do chamado “cadastro positivo”, cuja regulamentação ainda esbarra em questões políticas no Congresso.

Há quem veja nele uma discriminação contra os devedores inadimplentes, que seriam prejudicados. Mas, se a ideia é justamente essa, para que os bons pagadores possam ter juros mais baixos, por que demorar na decisão?
As microrreformas realizadas nos últimos anos já permitiram que a retomada de automóvel ou casa seja mais rápida, o que barateou seus financiamentos, e a Lei de Falências favorece a recuperação de créditos financeiros.

O governo escolheu a forma mais rápida e popular para movimentar a economia e aquecer o mercado interno, barateando o crédito “na marra”, aproveitando o bom momento da economia.
É uma boa causa, quem pode ser contra a redução dos juros? Mas precisa estar baseada em reformas estruturais para ser permanente.

3 de maio de 2012
Merval Pereira

Fonte: O Globo