"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O ANO EM FRASES 2011

Um dia depois do outro


OUTUBRO

“Estou vivendo um verdadeiro linchamento moral e vou até o fim para lavar a minha honra”.

Orlando Silva, em 21 de outubro, ainda ministro do Esporte.

“Desmascarei todas as mentiras para a presidente.”

Orlando Silva, em 24 de outubro, ainda ministro do Esporte.


“Ao final desse processo, terei um atestado de idoneidade”.


Orlando Silva, em 25 de outubro, ainda ministro do Esporte.

“Eu decidi sair do governo para que possa defender a minha honra, o trabalho no Ministério do Esporte, o governo que eu acredito e defender o meu partido”.

Orlando Silva, em 26 de outubro, já ex-ministro do Esporte.

PEGAR AVIÃO CANSA, E NÃO É PELA VIAGEM EM SI


O brasil maravilha da então gerentona/extraordinária, trapaça do parlapatão, hoje, presidenta mamulenga: Demanda cresceu, mas infraestrutura não.

Cada metro quadrado de aeroporto no País denuncia aquilo que até o passageiro mais inexperiente já sentiu:
pegar avião cansa, e não é pela viagem em si.

As 700 mil pessoas que colocaram as mãos em um novo passaporte são somente uma parte dos 163 milhões de passageiros que, de janeiro a novembro em todo o Brasil, se esbarraram, se enfileiraram, correram de um portão para outro, esperaram no chão pelo embarque, no ar pela autorização de pouso, na poltrona por uma vaga no pátio de aeronaves, de pé por uma mala na esteira.

Da emissão de documentos à oferta de rotas entre cidades, tudo na aviação do País cresce. Menos os lugares em terra firme onde ela é praticada.

Cumbica, o maior aeroporto do Brasil, na Grande São Paulo, é o que melhor resume o atraso. Inaugurado na década de 1980, era considerado uma construção "faraônica" do então governador Paulo Maluf.

As décadas passaram e o aeroporto passou a ser pequeno para as 27 milhões de pessoas que circulam lá por ano. Até agora, obras somente paliativas deram uma afrouxada no aperto. Conforto, conforto mesmo, está longe de acontecer.

O que deveria ser rápido e prático, como voar, agora parece corrida de obstáculos. Chegar ao aeroporto é o primeiro desafio - é longe, não existe um meio rápido e confiável de transporte público.

Totens de autoatendimento, criados para solucionar filas de check-in, também têm fila.

Em Cumbica, uma companhia aérea internacional tem até um aviso perto do balcão: "Não perca seu voo. Por causa das longas filas na imigração, efetue o check-in e prossiga imediatamente para o embarque".
Ou seja, se você quer mesmo inaugurar passaporte novo, tem de correr.

Muitos saltos e desvios depois, quando finalmente se está no avião, surpresa: outros estão na fila para decolar.

Agora não é só mais o passageiro daquele voo que sofre, mas o piloto, a comissária, o controlador de voo e, principalmente, o passageiro que está esperando aquele mesmo avião na outra cidade.

As autoridades se movem a passos lentos, mas até agora não houve plano de contingência para evitar caos aéreo de fim de ano que evitasse o caos do dia a dia.

Nataly Costa O Estado de S. Paulo

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO


Até Nelson Jobim protesta contra a redução dos poderes do Conselho Nacional de Justiça.

Em artigo ainda inédito, Nelson Jobim, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e ex-ministro da Justiça e da Defesa, classifica como um retrocesso a tese que esvazia os poderes de investigação do Conselho Nacional de Justiça.
No texto, a ser publicado na próxima edição da revista “Interesse Nacional”, Jobim diz que em nenhum Poder a necessidade de controle “é tão pronunciada quanto no Judiciário”.

Bem, é duro concordar com Nelson Jobim, especialmente quando se sabe que ele próprio, como deputado federal pelo PMDB do Rio Grande do Sul, na condição de sub-relator da Assembléia Constituinte, simplesmente fraudou o texto e nele incluiu um artigo que obriga o governo brasileiro a pagar com prioridade a dívida interna. Ou seja, é um criminoso confesso, que agiu na Constituinte para proteger os interesses dos banqueiros e grande investidores.

Com essa mancha no currículo, fica difícil aceitar que Jobim esteja certo em alguma coisa, mas desta vez não há dúvida de que ele está com a razão.
O ex-ministro completa 66 anos em abril e certamente está chegando à chamada idade da razão, embora com atraso de mais de 20 anos. De toda forma, deve ser saudada essa transformação de um personagem negativo como Jobim, pois sinaliza que nem tudo está perdido.

Carlos Newton

HISTORIAS D`ANTANHO...

Viver sem medo

Velho, muito velho, terno sempre azul e cabeça toda branca, seu Manuel era uma figura querida e conhecida sobretudo em Teresópolis mas também em Petrópolis: revendedor há muitos anos da Loteria Federal. A sorte só chegava a Teresópolis e às vezes a Petrópolis pelas mãos já mirradas do seu Manuel.

Depois que o presidente Geisel deixou o governo, seu Manuel arranjou mais um freguês permanente para seus bilhetes: Geisel. Toda extração, ele levava um bilhete inteiro para o sítio dos Cinamomos, do ex-presidente, aqui perto. Era venda segura e a comissão certa.

***
GEISEL

De repente, Geisel passou a receber do Rio, toda semana, diretamente da Loteria, cinco bilhetes inteiros. Como essa era a cota mínima de um revendedor, o ex-presidente ganhava o desconto de revendedor e seu Manuel perdia sua comissão. Mas não se queixava: – “Quem pode, pode. E ele tem sorte. Uma vez ganhou”.

Um cliente aqui de Petrópolis lhe perguntou:

- “Seu Manuel, por que o senhor não se queixa lá na Caixa?”

- “Porque tenho medo”.

- “Mas o homem já não é mais presidente”.

- “Eu sei. Ele saiu do governo, mas meu medo do governo ficou”.

***
PAULO ANTONIO

Num fim de semana em Itaipava, na histórica Adega dos Frades, um grupo de políticos, jornalistas, empresários, relembrava os tempos de medo da ditadura. Paulo Antonio Carneiro, diretor do “Diário de Petrópolis”, então jovem dirigente do MDB municipal, revendo seus papéis, encontrou umas laudas escritas à mão. A letra é minha.

Candidato em 1974 a deputado federal pelo MDB do antigo Estado do Rio, em dobradinha com o vereador Carlos Portella, candidato a estadual, os dois então bem jovens, com menos de 30 anos, Paulo Antonio me pediu algumas sugestões para sua primeira aparição no horário do TRE na TV.

O SNI fazia uma pressão brutal, no Tribunal Regional Eleitoral, contra os candidatos do MDB, censurando-lhes os pronunciamentos, sobretudo dos mais jovens e aguerridos. Era preciso ser rápido no gatilho e aproveitar bem aqueles rápidos instantes, com declarações curtas e fortes.

***
ILHA DO MEDO

Paulo Antonio foi para a TV com uma pequena lista delas no bolso. Na sua vez de falar, reviu, memorizou e começou exatamente pela primeira:
“Democracia não é só ter eleição de quatro em quatro anos. Democracia é viver sem medo”.

Na mesma hora, saíram os três do ar: o programa, Paulo Antonio e a frase. Dias depois, também eram vetadas e saíram da lista eleitoral do MDB fluminense as candidaturas dele e de seu fiel companheiro Portella.

Seu Manuel da Loteria sabia que, nas ditaduras, governos saem, mas o medo fica. Governantes são trocados, mas o medo continua. Cuba não é uma democracia, é uma ditadura, não só porque não tem eleições (há uma farsa de eleições), mas porque lá todo mundo vive com medo. Até o Raul.
Fidel saiu, ficou Raul, e Cuba permanece a mesma ilha do medo. Não podemos aceitar a América Latina como o continente do medo.

Sebastião Nery

DESEMBARGADOR DIZ QUE CONSELHO NACIONAL DE JUSTICA É DITATORIAL, E RECEBE RESPOSTA A ALTURA

O próximo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ivan Ricardo Garisio Sartori, perdeu as estribeiras antes mesmo de assumir e comparou as práticas investigativas do Conselho Nacional de Justiça às da ditadura.

“Vamos respeitar a lei, então não precisa mais de Legislativo”, adverte. “Processo não precisa mais, já vai lá, avoca tudo, não tem defesa. Não é assim. O CNJ tem que observar o devido processo legal. Se o Legislativo criou um procedimento, se existe uma Constituição vamos respeitá-la. Sem que se siga esses procedimentos vai sim se tratar de uma ditadura, vai se voltar aos tempos da ditadura.”

Ivan Sartori, 54 anos, é do tipo Cazuza, muito exagerado. Comporta-se como se o Conselho Nacional de Justiça fosse um órgão fechado, sem transparência e que punisse os magistrados sem lhes oferecer ampla oportunidade de defesa. E todos sabem que não é bem assim, muito pelo contrário.

“O CNJ tem atuado com toda a transparência, à luz do dia, imbuído dos melhores propósitos saneadores dos costumes judiciários”, afirmou o presidente interino do CNJ, ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, em entrevista ao Estadão.

Ex-corregedor com intensa atuação no CNJ, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Gilson Dipp, também afirmou que o órgão criado pela emenda constitucional da reforma do Judiciário representa transparência e democracia e não ditadura, como disse Sartori.

“Esse jogo de palavras como ditadura é argumento de quem não tem argumento, de quem não conhece a Emenda 45 (da reforma do Judiciário) e a trajetória do CNJ”, ironizou o ministro, que atua também no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Quando o CNJ preconiza que os tribunais devem colocar nos sites da internet as licitações, as folhas de pagamento, a verificação da entrega obrigatória das declarações de bens e imposto – o que é obrigação do presidente da República ao mais humilde barnabé -, quando se verificou as inúmeras irregularidades nos cartórios extrajudiciais, passados de pai para filho, isso é ditadura ou norma democrática?”, provoca Gilson Dipp.

Esta é a realidade dos fatos. Tanto assim que o exagerado desembargador Sartori já tirou o dele da reta, ao afirmar que, antes mesmo de assumir a presidência do Tribunal paulista, determinou a elaboração de um levantamento sobre os pagamentos realizados desde 1996 para verificar se há “fundamento” nos repasses antecipados a determinados juízes. Para ele, o desrespeito à “fila” só teria justificativa em caso de doença grave do beneficiário ou de um parente.

Caso se constate a irregularidade dos pagamentos, o futuro presidente do TJ, que toma posse na segunda-feira, defende a imposição de descontos nos vencimentos dos juízes favorecidos como forma de compensar os repasses antecipados, como se isso significasse alguma punição…

É o Judiciário exercendo seus podres poderes, como diz Caetano Veloso.

Carlos Newton

ESTADOS UNIDOS APROVAM NOVA LEI QUE PERMITE PRISÕES ARBITRÁRIAS DE QUEM FOR SUSPEITO DE LIGAÇÃO COM TERRORISMO

O Senado dos EUA aprovou, no dia 11, por 93 a 7, uma lei que permite ao presidente do país, recorrendo às Forças Armadas, prender, sem julgamento, sem acusação formal e por tempo indeterminado qualquer cidadão norte-americano em solo dos Estados Unidos ou em qualquer lugar do mundo, sob suspeita de ligação com terrorismo. Os cidadãos de outros países também podem ser enquadrados pela nova lei.

Trata-se do projeto que cria uma nova lei, denominada de National Defense Authorization Act (Lei de Autorização de Defesa Nacional – NDAA).

Antes dessa lei, no governo Bush, já fora autorizada a derrogação de leis de defesa dos cidadãos norte-americanos contra arbitrariedades, uma delas (que permitia a agências de espionagem do governo violar correspondência ou inquirir em bibliotecas públicas sobre livros lidos por cidadãos do país) denominada de Ato Patriótico; a outra é a Autorização para Uso de Força Militar. Elas foram usadas para prender pessoas das mais diversas nacionalidades, sem julgamento, na Base de Guantánamo, além de prisões secretas em outros países.

Mas a Corte Suprema julgou, em 12 de junho de 2008, que “o governo não tem autoridade legal para negar aos presos o processo devido nas cortes civis”.

Diante dessa e de outras decisões jurídicas e para estabelecer o regime ditatorial pleno, o Congresso acaba de aprovar uma lei ampliando a supressão dos direitos legais constitucionais dos cidadãos norte-americanos e como alerta o articulista Stephen Lendman que, caso passe a lei, “o princípio da inviolabilidade de direitos individuais deixa de existir. A tirania toma seu lugar. Como resultado dessa nova lei, ninguém que questione o poder central está seguro”.

A diretora do Escritório da Associação das Liberdades Civis – ACLU em Washington, Laura W. Murphy, destacou que uma lei como essa só foi aprovada pelo Congresso durante a “caça às bruxas”, período de perseguições conhecido como Macartismo. Mas a lei era tão draconiana que foi vetada pelo presidente Truman.

Agora a ACLU aponta para o perigo da lei e pede que Obama a vete. Adverte também que a seção 1031 da lei não estabelece limites nem de geografia, duração da prisão ou cidadania do detido.

A lei rasga a Constituição dos Estados Unidos que, uma vez em vigor, anula a denominada 5ª Emenda que determina que “ninguém deve ser preso para responder por crime a menos que condenado por um júri”. E ainda que “ninguém pode ser privado da vida, liberdade, propriedade, sem o devido processo legal”.
Defensores dos direitos civis exigem que Obama vete a lei, mas ele nao irá fazê-lo.

(Transcrito do jornal Hora do Povo)

***
A DEMOCRACIA ACABOU?

Traduzindo tudo isso: se Obama sancionar a lei (nos EUA não há veto parcial), a democracia americana continua comprometida pelos excessos no combate ao terrorismo. O risco é que suas Forças Armadas possam se ver no direito de invadir qualquer país para matar quem bem entenderem, como ocorreu no caso de Bin Laden no Paquistão. Não deixa de ser uma possibilidade. Pense sobre isso.

A SEXTA MAIOR DO MUNDO!!!

A notícia levou os nacionalistas ao delírio: a economia brasileira, medida pelo imperfeito PIB, ultrapassou a do Reino Unido e assumiu a sexta posição no ranking mundial. Não é fantástico? Somos mais ricos que os ingleses! Ou será que não é bem assim?

Na verdade, não é nada assim. E por vários motivos. Em primeiro lugar, o “detalhe” mais óbvio, que até uma pequena criança é capaz de compreender: o Reino Unido produz aquele valor de bens e serviços com pouco mais de 60 milhões de habitantes, enquanto o Brasil produz seu PIB com cerca de 200 milhões. Em outras palavras, a produção per capita dos brasileiros ainda é bem menor do que a dos ingleses, e isso é muito mais relevante que o valor absoluto.
Afinal, já passamos o PIB da Suíça, com seus 7,6 milhões de habitantes, faz tempo, e não creio que devemos soltar fogos de artifício por conta disso.

Mas não é apenas isso. O PIB mede um fluxo de produção a valor corrente, e isso depende de muitos fatores, tais como a taxa de câmbio e o preço das commodities, quando se trata de um país com relevante exportação de bens básicos como o Brasil. A Inglaterra está passando por uma dolorosa fase de ajustes, com retração econômica e desvalorização de sua moeda. Os países emergentes, especialmente aqueles com fartos recursos naturais como o Brasil, estão com outra dinâmica, crescendo mais e vendo suas moedas se valorizarem.

O governo Dilma não tem mérito pelo que se passa no Chile ou na Austrália, evidentemente. O Brasil, para falar a verdade, cresce aquém de seus pares. E não deixa de ser curioso que o governo tente jogar a culpa da queda do crescimento brasileiro na crise mundial, ao passo que evita reconhecer o crédito da pujança global, particularmente a chinesa, pela fase de maior crescimento econômico aqui. Dois pesos, duas medidas.

Fora isso, outros indicadores devem ser levados em conta para se medir (ou tentar medir) o sucesso de uma sociedade. O IDH é um deles, ainda que também bastante imperfeito. Mas não é preciso ir tão longe. Basta olhar ao redor do país e ver a quantidade de miséria, de favelas, a criminalidade, a infraestrutura caótica, a concentração ilegítima de renda graças aos privilégios do governo, a corrupção, a impunidade, para notar que apenas nacionalistas muito bobocas celebram um dado tão insignificante como este.

Sim, somos o sexto PIB do mundo. Sim, passamos o PIB do Reino Unido. E daí? Com tantos problemas que nos saltam aos olhos diariamente, é o caso de perguntar: Who cares?! Alguém aí melhorou de vida após saber desta notícia? Então que tal voltarmos nossa atenção para a imensa quantidade de problemas que temos de resolver para tornar o Brasil um país melhor, mais próspero, livre e justo? Podemos começar com a questão da impunidade, crucial para nosso futuro. Alguém viu Fernando Pimentel por aí? A propaganda estatal sobre o PIB acima do inglês é apenas “para inglês ver” –ou, no caso, para nacionalistas ingênuos acreditarem que isso muda muita coisa.

Rodrigo Constantino

SEM TETO, MAS PREOCUPADO COM A SALVAÇÃO DO PLANETA

Ah! Esses incríveis salvadores da humanidade e seus projetos mirabolantes. Preocupam-se com o universo e esquecem de cuidar da própria lavoura. Eu os conheço de perto. Um deles, meu colega de trabalho em Porto Alegre, costumava escrever para o papa sugerindo rumos para a humanidade. Como estes senhores têm secretárias com a função expressa de responder cartas, ele sempre recebia uma respostinha formal. Que deixava descuidadamente em alguma prateleira de seu apartamento, para que alguma visita a notasse. Eram anos 60. Quando alguém notava a carta pontifical, reagia com naturalidade: “Ah sim, o Paulo de vez em quando me escreve”.

Claro que quem se comunica com tal potestade não se comunica com uma só. Cá e lá, havia uma cartinha do Lindon Johnson, do Charles de Gaulle, do Dalai Lama. Enfim, é uma maneira de situar-se no mundo. Como dizia Fernando Pessoa:

Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...

A Folha de São Paulo nos traz o depoimento de mais um deles. O amazonense Rivanor de Souza, 47 anos, perambula pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, denunciando as irregularidades de auxiliares da presidente. Mandou dezesseis cartas para Lula e obviamente teve todas respondidas. Só não conseguiu falar com ele, o objetivo de sua ida para Brasília, em 2008. “Pensava que seria fácil encontrá-lo. Quando cheguei, bateram a porta na minha cara. Ainda vou escrever um livro: "Desvendando o enigma de um cidadão comum falar com o presidente".

Santa ingenuidade. Um presidente não fala com cidadãos comuns. Um presidente só fala com grandes. Pode ser um grande vigarista, como o Dalai Lama. Ou um grande ditador, como o “amigo e irmão” Muamar Kadafi. Ou um grande traficante, como William de Oliveira, ex-presidente da associação de moradores da Rocinha. Mas tem de ser grande.

Rivanor pensa grande: “Deixei minha cidade, meu barraco, e vim lutar pela Amazônia, pelo planeta, pela vida. A Dilma está passando a função do Executivo para as ONGs. Tanto é que todos os escândalos que estão vindo a tona agora têm o envolvimento de ONGs.

“Eu quero fazer um convite às potestades, aos principados para que possamos nos reunir e tratar de assuntos do interesse de toda humanidade. Estou convidando o papa Bento XVI, o Obama, a rainha Elisabeth e o príncipe Charles para uma reunião.

“Quero ter assento na reunião das Nações Unidas que vai acontecer no Brasil em junho. Falar a essas pessoas que se isentam de impostos e de qualquer responsabilidade sobre o desequilíbrio climático por conta da destruição da Amazônia, do planeta e da vida.

“Fui roceiro, vendedor de peixe e trabalhei na prefeitura. Larguei tudo. Vim lutar pela Amazônia, pela vida”.

Preocupado com os grandes problemas do planeta, Rivanor só esqueceu de uma coisa, tratar da própria vida. Apesar de seus nobres propósitos, hoje é morador de rua. Mas afinal de contas, não se pode tratar de tudo ao mesmo tempo, de si mesmo e do planeta. Mais um pouco de persistência, e Rivanor acaba criando uma religião.

Esta história começa longe nos tempos. Há quase dois mil anos, um destes iluminados se disse filho de Deus e a história colou. Está incomodando até hoje. Como no caso de Rivanor, não temos a mínima idéia como se sustentava. Há um maluco em Santa Catarina, o Inri Cristo, que também se diz Filho do Pai, não se sabe qual profissão tem, mas já constituiu um pequeno exército de jovens e lindas fiéis.

Maomé, cameleiro analfabeto, sentiu-se chamado pelo Senhor e seu analfabetismo não impediu que criasse a religião que hoje mais se expande no mundo.

O sem-teto de Brasília, se for hábil, tem futuro pela frente.

janer cristaldo

ONDE ESTÁ PIMENTEL?

Por essa, Papai Noel não esperava. Trouxe de presente para Fernando Pimentel sua permanência no Ministério do Desenvolvimento, mas não consegue entregar o embrulho ao ministro embrulhado.

Pimentel sumiu. Da última vez em que foi procurado em seu gabinete, tinha ido a Genebra para a reunião da OMC. Mas não foi visto na sessão de abertura do evento, nem na reunião dos países emergentes sobre comércio.

Evidentemente, um homem capaz de faturar R$ 2 milhões em dois anos como consultor não iria passear na Suíça com o dinheiro do contribuinte.

Mas que ele estava lá, estava, porque foi visto por jornalistas no aeroporto de Genebra. Ou talvez fosse um sósia, porque falou em inglês com repórteres brasileiros – “no more”, para dizer que não ia mais falar.

Devia mesmo ser um sósia, porque ministro dizendo “nada a declarar” à imprensa não existe mais, desde o fim da ditadura militar. E Pimentel é ministro do governo popular, ex-guerrilheiro da esquerda.

Onde estaria então o verdadeiro Fernando Pimentel? Muitos acham que ele deveria estar no Congresso Nacional, dando as explicações que o país espera. Mas o ministro também não apareceu por lá.

Tentando reconstituir o caminho percorrido por Pimentel, repórteres de “O Globo” foram informados por industriais mineiros, amigos do ministro, de que ele andara fazendo palestras no interior do estado para sobreviver.

(E deve ter sobrevivido, porque o cachê era ótimo).

Mas a pista era falsa. Os repórteres percorreram todas as cidades do tal roteiro – e Pimentel também não havia estado em nenhuma delas.

A preocupação com o seu paradeiro aumentou com as notícias – estarrecedoras – sobre uma política protecionista retrógrada aplicada pelo Ministério do Desenvolvimento.

Ou seja: se o Ministério parou no tempo, e não foi por falta de combustível, o ministro também não deve estar na cabine de comando.

Fernando Pimentel se tornou um autêntico “Nowhere Man” – o homem de lugar nenhum, imaginado por John Lennon.

Mas Papai Noel há de encontrá-lo. Nem que seja no Ministério da Pesca.

27 de dezembro de 2011
Autor: Guilherme Fiuza
Fonte: Época

UM COMEÇO MEDIOCRE

O governo Dilma completa seu primeiro ano. O que pode ser dito sobre sua gestão até aqui? De forma resumida, o governo não parece à altura dos desafios que o país enfrenta. A sensação que fica é que a presidente deseja empurrar os problemas com a barriga, na expectativa de que cheguemos logo em 2014.

Durante as eleições, foi vendida a imagem de que Dilma era uma eficiente gestora que atuava nos bastidores. Deve ser uma atuação muito discreta mesmo, pois os resultados custam a aparecer. O que vimos foi uma série de atrasos em importantes obras públicas, além do corte nos investimentos como meio para atingir as metas fiscais, já que o governo foi incapaz de reduzir os gastos correntes. A privatização dos caóticos aeroportos nem saiu ainda!

A economia perdeu força e chega ao fim do ano com crescimento pífio. O Ibovespa cai quase 20%. A inflação deve romper o topo da já elevada meta, com o setor de serviços subindo mais de 9%. Trata-se do resultado dos estímulos estatais do modelo “desenvolvimentista”, que olha apenas o curto prazo. O BNDES, com seu “orçamento paralelo”, tenta compensar a ausência das reformas que dariam maior dinamismo à economia.

O país vive em um verdadeiro manicômio tributário, não apenas pela magnitude dos impostos, como por sua enorme complexidade. O que o governo fez? Tentou resgatar a CPMF. A receita tributária sobe sem parar, fruto da gula insaciável do governo. Para piorar, há sinais de incrível retrocesso protecionista, como na elevação do IPI para carros importados.

Nossas leis trabalhistas são ultrapassadas, distribuindo privilégios demais aos que possuem carteira assinada à custa daqueles na informalidade. As máfias sindicais vivem do indecente “imposto sindical”. O que fez o governo para reverter este quadro?

A demografia brasileira ainda permite algum tempo para reformar o sistema previdenciário antes de uma catástrofe nos moldes da Europa, lembrando que lá os países ao menos ficaram ricos antes de envelhecerem. Mas o Brasil, mesmo com população jovem, apresenta um rombo previdenciário insustentável. Onde está a reforma?

A educação pública no Brasil continua de péssima qualidade, e a presidente resolveu manter Fernando Haddad no ministério mesmo depois de seguidos tropeços. O MEC está cada vez mais ideologizado. Nada de concreto foi feito para enfrentar o corporativismo no setor e impor maior meritocracia.

Alguns podem argumentar que existe “vontade política”, mas a necessidade de preservar a “governabilidade” não permite grandes mudanças. Ora, foi o próprio PT quem buscou este modelo de poder! O presidente Lula teve oito anos para lutar por uma reforma política, mas o “mensalão” pareceu um atalho mais atraente. O governo ficou refém de uma colcha de retalhos sem nenhuma afinidade programática. Tudo se resume à partilha do butim da coisa pública.

O resultado está aí: “nunca antes na história deste país” tivemos tantos escândalos de corrupção em apenas um ano de governo. Seis ministros já caíram por conta disso, e outro está na corda bamba. E aqui surge o grande paradoxo: a popularidade da presidente segue em patamar elevado. A classe média parece ter acreditado na imagem de “faxineira” intolerante com os “malfeitos”. Se a gestora eficiente não convence mais em uma economia em franca desaceleração, então ao menos se tem a bandeira ética como refúgio.

Mas esta não resiste a um minuto de reflexão. Todos os escândalos foram apontados pela imprensa, e a reação do governo sempre foi a de ganhar tempo ou proteger os acusados. O caso mais recente, do ministro Fernando Pimentel, que prestou “consultorias” milionárias entre um cargo público e outro, derruba de vez a máscara da “faxina”. O caso se assemelha bastante ao de Palocci, e a própria presidente Dilma declarou que este só saiu porque quis.

Não há intolerância alguma com “malfeitos”. Ao contrário, este é um governo envolto em escândalos, cuja responsabilidade é, em última instância, sempre da própria presidente, que escolhe seus ministros. É questão de tempo até a maioria perceber que esta “faxina ética” não passa de um engodo.

O governo Dilma, em seu primeiro ano, não soube aproveitar o capital político fruto da popularidade elevada: não apresentou nenhuma reforma relevante; não cortou gastos públicos; reduziu os investimentos; ressuscitou fantasmas ideológicos como o protecionismo; não debelou a ameaça inflacionária; e entregou fraco crescimento. Isso tudo além dos infindáveis escândalos de corrupção. Um começo medíocre, sendo bastante obsequioso.

28 de dezembro de 2011
Rodrigo Constantino
Fonte: O Globo

UM PAÍS QUASE SÉRIO...

A notícia é melhor do que muitos avaliam. Segundo uma opinião corrente, o Brasil ganha posições entre as maiores economias em parte por mérito próprio e em parte por causa da crise na Europa e nos Estados Unidos. Esse julgamento despreza um fato muito importante: haver enfrentado a crise com menos danos que outros grandes países talvez seja o maior de todos os méritos. Erros políticos em série levaram o mundo desenvolvido à catástrofe iniciada em 2007, com o estouro da bolha financeira, e agravada a partir do ano passado, com o risco de calote soberano. Até os maiores defensores da política brasileira esquecem com frequência outro detalhe. Em 2008-2009, muitos governos arrebentaram suas contas para impedir uma quebradeira maior de bancos e de grandes indústrias. Grupos importantes foram praticamente estatizados. Até o governo do presidente George W. Bush engavetou por algum tempo a cartilha republicana para envolver o Tesouro nas operações de socorro. No Brasil, a política anticrise foi bem mais limitada e, apesar de algum desarranjo no Orçamento, as consequências fiscais foram muito menos graves.

A crise foi mais que uma simples marola, mas a recuperação foi rápida e as sequelas foram muito menos graves que no mundo rico. Três fatores beneficiaram o Brasil. O primeiro foi a solidez da maior parte do sistema financeiro. As condições de segurança haviam sido reforçadas a partir de algumas grandes quebras no começo dos anos 90. O País adotou padrões mais severos que as normas de Basileia. Em vários países do mundo rico, essas normas nem eram aplicadas integralmente em 2007. Além disso, todos os segmentos do mercado são há muito tempo cobertos, no Brasil, pelos esquemas de supervisão.

O segundo fator foi a razoável condição das contas públicas. Mesmo sem austeridade, o governo pôde agir sem comprometer gravemente as finanças federais. O endividamento aumentou, mas de forma administrável, e o rápido crescimento da receita pública, a partir de 2010, deu ao Tesouro maior segurança. Mas o crescimento dependerá, nos próximos anos, de uma gestão melhor do dinheiro público.

O terceiro fator foi a combinação das políticas de câmbio, de acumulação de reservas e de metas de inflação. O Banco Central pôde agir com rapidez, ampliando a oferta de dólares e ao mesmo tempo facilitando o crédito.

Sem esses fatores, o País teria menos fôlego para crescer durante a crise mundial. Talvez tivesse crescido, mas ao custo de um sério desarranjo nas contas públicas, de pressões inflacionárias muito maiores e de um desequilíbrio muito mais perigoso no balanço de pagamentos (hoje em situação nada brilhante, mas administrável). A seriedade, embora incompleta, foi premiada.

Outros sul-americanos, com destaque para Chile, Colômbia e Peru, também passaram pela crise com desempenho econômico bem satisfatório e isso foi possível, em primeiro lugar, graças à adoção de políticas macroeconômicas mais sérias a partir dos anos 80 e 90. A experiência dos últimos quatro mais uma vez desmentiu os defensores das políticas voluntaristas e irresponsáveis.

Na última década a economia brasileira pôde crescer sem atolar nas crises fiscais e cambiais tão comuns na maior parte do segundo pós-guerra. A indústria havia começado o esforço de modernização e de expansão da capacidade instalada na fase da abertura econômica, há 20 anos. No agronegócio a transformação havia começado bem antes. A economia brasileira, enfim, alcançou um tamanho compatível com as dimensões e com a riqueza natural do País. Mas falta fazer muito para garantir a continuação do crescimento e a manutenção das posições alcançadas.

O Brasil continua diplomando uns 30 mil engenheiros por ano, enquanto a China forma entre 400 mil e 500 mil. A Índia, cerca de 200 mil. Indústrias têm dificuldade para treinar mão de obra porque faltam qualificações mínimas ao pessoal disponível no mercado. Só 26,3% dos adolescentes diplomados no ensino fundamental em 2009 aprenderam o suficiente de português e apenas 14,8% mostraram conhecimento adequado de matemática, segundo um teste oficial. Além disso, cerca de 20% dos brasileiros com idade igual ou superior a 15 anos são analfabetos funcionais.

Dificilmente haverá melhora nessas proporções, se o ensino continuar tão ruim quanto é hoje. O padrão “os menino pega os peixe” pode ser aceitável para o Ministério da Educação do Brasil, mas certamente não é para as autoridades educacionais da China, da Coreia, da Indonésia e de outros emergentes em rápido crescimento – incluídos alguns latinos, como a Colômbia.
O emprego dos brasileiros dependerá cada vez mais de sua capacidade de competir com os trabalhadores desses países. O sexto lugar entre as maiores economias é uma boa conquista, mas falta executar uma pauta enorme. Ao festejar a notícia com moderação, o ministro da Fazenda mostrou realismo.

29 de dezembro de 2011
Rolf Kuntz
Fonte: O Estado de São Paulo

O BRASIL TEM O SEXTO MAIOR PIB DO MUNDO...


É bom não nos iludirmos. Mesmo sem considerar os macetes estatísticos que afetam sobremaneira os cálculos das contas nacionais (em todos os países), o indicador PIB é sobremaneira ilusório.

De fato, mesmo que o PIB seja corretamente apurado, e de forma compatível em mais de um país, ele significa a produção realizada em cada país, desconsiderando quem é o dono dessa produção e quem a controla, e o que faz com ela, por exemplo, enviando os ganhos respectivos, de diversos modos para o exterior.

Sob esse aspecto, o Brasil e a Inglaterra representam dois opostos, a primeira ainda detentora de imenso poder milita. político e econômico em todo o mundo, apesar da produção interna declinante, mas quase que monopolizando, ativos valiosíssimo em todo o mundo, por exemplo as minas de ouro do próprio Brasil e dos demais países onde as principais dessas minas se encontram.

O Reino Unido é o país com maior produto fora de suas fronteiras, e a oligarquia britânica ceva-se com o produto de várias nações em todo o mundo. Já no Brasil a produção ainda está crescendo, mas a serviço quase que exclusivo dos bancos e das empresas transnacionais, as quais controlam cada vez mais ativos no País e transferem os respectivos ganhos para o exterior, especialmente nos paraísos fiscais, por sinal, uma especialidade dos banksters britânicos.

Por tudo isso, o PNB seria medida bem menos enganosa do que o PIB, e essa deve ser a razão por que se fala tanto no segundo e tão pouco no primeiro.

Nem tocamos na questão do poder militar, praticamente nulo do Brasil, que nos deixa à mercê da tomada da Amazônia por interesses estrangeiros, principalmente britânicos, área em relação à qual o tal de príncipe Charles já impôs a governos brasileiros alheios ao interesse nacional, demarcações de terras onde brasileiro não entra mais, por sinal nas terras mais ricas, possivelmente do mundo, em minerais estratégicos e minerais preciosos, sem falar na biodiversidade.

Prof. Adriano Benayon do Amaral

COMENTÁRIO:

O Brasil, mesmo "TRAVADO" pelo socialismo e corroído pela CORRUPÇÃO ENDÊMICA, propiciada por uma cidadania de baixíssima qualidade e expoliado por um CAPITALISMO ESTATAL crescente da "cumpanherada" e governados pou uma escória política, consegue ser mais rico que a Inglaterra.

Imaginem se azeitarmos as nossas engrenagens, criarmos uma democracia meritocrática, formarmos uma cidadania melhor e deixarmos o estado apenas com a missão de promover SERVIÇOS PÚBLICOS DE BOA QUALIDADE e FORÇAS ARMADAS com poder dissuasivo considerável, onde poderemos chegar em uma ou duas gerações?

VIANNA

A TECNOLOGIA "AMERICANA" PARA INOCULAR O CÂNCER EM POLÍTICOS LATINO-AMERICANOS

AS LÍNGUAS NEGRAS DA 6ª ECONOMIA MUNDIAL!


REVEILLON NO RIO DE JANEIRO ACONTECERÁ EM MEIO A ESGOTO A CÉU ABERTO! É O ESPLENDOR DA 6A. ECONOMIA MUNDIAL!

Esgoto a céu aberto na famosa Praia do Leme no Rio de Janeiro

O mau tempo e as chuvas provocam nas praias do Rio de Janeiro as conhecidas "líguas negras", como mostra esta foto do site de O Globo. Como em 99% das cidades brasileiras, o Rio de Janeiro também não possui esgoto tratado.
Quando chove muito a água extravasa as galerias rasgando as areias de Copacabana e adjacências e formando ribeirões de esgoto a céu aberto.
É neste local que os cariocas curtem a praia e também o reveillon.


Curiosamente é também aí que surgem os protestos dos ecochatos contra a construção de usinas, estradas e outras obras de infra-estrutura. Ecochato nunca defende o que é importante, ou seja, infra-estrutura sanitária.

Gostam mesmo de chafurdar na podridão do lixo e dos dejetos.
O Brasil é uma cloaca. E o Rio de Janeiro é o emblema dessa grande nojeira denominada Brasil, o lixo ocidental!

Isto quer dizer que 99% dos brasileiros vivem sobre uma grande cloaca. Ao tolerarem silentes essa imundice que será maquiada com fogos de artifício na virada do ano, os brasileiros são os próprios dejetos deste país que, segundo se ufanam os petralhas, é a 6a. economia mundial.

aluizio amorim

AÊÊÊ... BANDO DE OTÁRIOS!!!

e ainda contou com a ajuda dos votos de 1.8 milhões de otários paraenses.

Jader tomou posse no dia de ontem, poderia ter tomado posse em 1º de Janeiro, mas empossando ainda em 2011 o espertalhão da Ficha Imunda além de dar um baita nó no povo brasileiro ainda consegue embolsar uns 50 mil entre salários e benefícios do mês de dezembro.

As imagens mostram o momento da posse do Ficha Imunda no Senado, além da afronta que é a própria posse desse crápula, o povo burro e idiota de Banânia ainda tem que engolir os desaforos e a total falta de tudo, em matéria de limites e educação, feitos pelo filhote e aprendiz de bandido, Daniel Barbalho.

Esse é o exemplo do comportamento do pai, e o filho aprendeu direitinho a tripudiar do povo, e para aqueles que apoiam a posse do meliante senador, meus mais sinceros votos de vão se phoder!!!

Na minha opinião, esse moleque deve ter problemas mentais, além é claro da péssima educação que recebe em casa.
As imagens não mentem. Esse deve ter algum desvio psicológico e dos brabos, e sendo criado para pensar que é o dono do mundo, o resultado não poderia ser pior.
Em breve veremos esse petiz arremedo de palhaço envolvido nas mais variadas formas de problemas. É esperar para ver.
o mascate

A MORTE DE CHEETAH (CHITA) AOS 80 ANOS

REGISTRO : Morreu dia 24 de dezembro, aos 80 anos de idade, Cheetah, uma das estrelas dos filmes de Tarzan na década de 1930.


O chimpanzé Chita, célebre coadjuvante de Johnny Weissmuller nos filmes do Tarzan na década de 1930, morreu na Flórida, com cerca de 80 anos - era um dos mais velhos animais da sua espécie.


A Fundação Santuário Primata Suncoast, onde Chita passou sua aposentadoria, disse que o chimpanzé morreu na véspera de Natal, de insuficiência renal.

"Foi com grande tristeza que a comunidade perdeu um querido amigo e familiar em 24 de dezembro de 2001. Chita, astro dos filmes de Tarzan, faleceu após uma falência renal", disse o Santuário em seu site.

Chita fornecia um contraponto cômico às aventuras do herói das selvas. Vários primatas "interpretaram" o personagem ao longo dos anos.

O macaco chegou ao Santuário Suncoast por volta de 1960, depois de viver em uma propriedade de Weissmuller na Flórida, disse a porta-voz Debbie Cobb ao jornal The Tampa Tribune. Segundo ela, Chita apareceu nos filmes de Tarzan em 1932 a 34, e supõe-se que tivesse cerca de 80 anos.


A atriz Mia Farrow, que é filha da também atriz Maureen O'Sullivan - que contracenou com Weissmuller no papel da mocinha Jane - comentou pelo Twitter a morte de Chita: "Minha mãe, a Jane de Tarzan, se referia ao chimpanzé Chita como 'aquele bastado' - dizendo que ele a mordia a cada oportunidade. Chita viveu até os 80".

A expectativa de vida de um chimpanzé na natureza é de 40 a 45 anos, e cerca de dez anos a mais em cativeiro.

Há anos os fãs de Tarzan pleiteiam que o primata seja homenageado com uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood, numa campanha que foi batizada de "Go Cheetah" ("Vai, Chita").

REUTERS

DIREITOS HUMANOS

A SEXTA ECONOMIA DO MUNDO CRESCE À NOITE

Comprem, comprem, comprem – quem ganha é Miami. Desde que a Globo mergulhou de corpo e alma no espírito da Nova Classe C – a Classe Globo –, passeios ocasionais pelos telejornais da rede tornaram-se excelentes oportunidades para entender este neojornalismo informal, familiar, gracioso que se desenvolve ao longo do dia nas telas da Platinada.

A edição do Jornal Nacional da antevéspera do Natal (sexta, 23/12) transformou-se numa vitrine da nova estratégia administrada, como sempre, com a competência e a candidez do apresentador-editor-chefe William Bonner.

Como naquele horário as grandes cidades brasileiras já iniciavam o recesso natalino, e como já se pressentia que as vendas deste ano seriam decepcionantes, o mais importante noticioso noturno da TV aberta brasileira converteu-se em escancarada sessão de promoção de vendas.

Ao vivo, em rede nacional, porque a Globo não brinca em serviço: nos principais shoppings do país, as repórteres eram sucessivamente acionadas pelo âncora na bancada para entrevistar consumidoras, animá-las a gastar mais e, instigadas, até serviam como garotas-propaganda revelando o que compraram ou queriam comprar.

Ninguém se lembrou das diretrizes editoriais recentemente promulgadas nem do rígido Padrão Globo de Qualidade. O importante era manter rolando a bola de neve do consumo. Mesmo sabendo que a gastança de classe média brasileira na verdade está dirigida para as ofertas do paraíso comprista americano, conforme revelação dias antes do Wall Street Journal.

Receita do milagre

Quem está enchendo os 52 voos semanais da American Airlines que partem de cinco cidades brasileiras para Miami não é a Classe Globo. Esta faz percursos mais longos, cansativos e muito mais baratos, com escalas em Lima e Panamá, e não se hospeda em Miami – sai mais em conta ficar a uma ou duas horas de distância comprando nos outlets da periferia. No New York Times de quarta-feira (28/12), mais detalhes da febre consumista tupiniquim fabricada pelo real forte, o crédito fácil e os preços convidativos do comércio americano (ver tradução em "Miami abre portas para brasileiros que gastam", Estado de S.Paulo, 29/12).

O mais curioso é que o Grupo Globo tem o melhor time de jornalistas de economia, todos perfeitamente aptos a comprovar que o comprismo desabrido estimulado pelas autoridades brasileiras não cria empregos no Brasil, mas nos EUA.

Os absurdos preços praticados no Brasil têm uma única razão: temos ministros e ministérios da Indústria & Comércio mas não temos uma política para desonerar a produção e criar escala.

Os milagres econômicos alemão e japonês do pós-guerra não foram construídos pelo consumo, ao contrário, foram fruto da poupança. Isso, porém, não pode ser dito no Jornal Nacional, muito menos no Bom Dia, Brasil. Talvez só no Jornal da Globo. Enquanto William Waack lá estiver.

“Esse negócio vai acabar mal. Só não sabemos quando e onde”

A constatação acima foi publicada no Estado de S.Paulo no domingo (25/12), com grande destaque em página interna do caderno de Economia e tirada de uma longa e brilhante entrevista concedida por Luís Stuhlberger, gestor do Fundo Verde, um dos mais rentáveis do mercado financeiro, ao repórter Leandro Modé.

Pela primeira vez um grande operador do mercado financeiro (Credit Suisse Hedging-Griffo) tem a coragem de pensar em voz alta e exercitar plenamente sua capacidade reflexiva. Suas conclusões são graves, transcendentes. Não está ali para dar dicas sobre o mercado, mas para dizer que o modelo criado em seguida ao pós-guerra está se esgotando em escala global.

Admite um desastre no fim da estrada, mas confessa não saber o que acontecerá no meio do caminho. Pressente quem vai perder, mas não quem ganha. E por aí vai desfiando sabedoria e, sobretudo, perplexidade. Uma entrevista extraordinária considerando-se o que nela está dito ou implícito, considerando-se principalmente as qualificações de quem o diz.

O Estadão não a valorizou na capa. Ceticismo não vende. Assusta. O resto da mídia não lhe deu atenção, puro despeito.

A sexta economia do mundo cresce à noite – depois que as rotativas rodaram e enquanto as autoridades roncam.

Por Alberto Dines em 29/12/2011

HADDAD NÃO PAGA R$ 500 MILHÕES DO FIES

Universitários podem ficar sem matrícula em 2012.

Instituições de ensino superior afirmam que há um atraso no repasse de cerca de R$ 500 milhões por parte do Ministério da Educação (MEC), referentes ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies).
A verba é referente a 2010 e 2011. O Fies é o programa do Ministério da Educação (MEC) para financiar a graduação no ensino privado. Os alunos devem atender a uma série de requisitos para entrarem no programa e terem as mensalidades pagas parcial ou totalmente pelo governo.As informações foram antecipadas ontem pelo jornal Folha de S. Paulo.


As instituições escolhem entre receber verbas do MEC diretamente ou como isenção fiscal.
"A dívida ultrapassa R$ 500 milhões, com certeza. Pensamos que seja um problema de gestão do processo, porque sabemos que há dinheiro disponível", afirma a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios. "Há demora no repasse e isso coloca em risco a saúde financeira das instituições." Ela estima que 80% das instituições inscritas no Fies e cerca de 250 mil alunos são prejudicados pela lentidão no repasse.

As instituições vão realizar, em janeiro, um fórum em que será discutido o assunto. Nele, será emitida uma recomendação para faculdades e universidades continuarem ou restringirem a participação do Fies.

Participam do Fies 989 entidades mantenedoras de 1.436 instituições. De 2010 até agora, 219.903 novos contratos foram firmados - 144 mil em 2011. O MEC confirma que há atraso no repasse das verbas e afirma que o problema pode estar ligado à ampliação do programa, que ocorreu em 2010, quando o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) passou a operar o Fies e os juros caíram para 3,4% ao ano.
(Do Estadão)

MARX E SEU LEGADO DE HORRORES

Artigos - Movimento Revolucionário

As revoluções ocorridas nos últimos 100 anos jamais se deram, conforme previsto por Marx, pelo desenvolvimento das "contradições internas do capitalismo" e menos ainda pela força do "determinismo histórico".


No momento em que escrevo estas notas, o Produto Interno Bruto brasileiro está sendo avaliado em mais R$ 3 trilhões (à margem o que se opera na sábia economia paralela), 38% dos quais vão diretamente para os cofres do governo e são torrados, em sua quase totalidade, em grossos salários e aposentadorias, propaganda, subsídios e patrocínios, viagens incessantes locais e internacionais, verbas de representação, festas, almoços, jantares, manutenção e custeio da amplíssima máquina burocrática, propinas, doações a fundo perdido, além de mordomias múltiplas - para não falar nas bilionárias e permanentes falcatruas das agências, bancos, ministérios e institutos oficiais.

A justificativa encontrada pela elite política e administrativa do país para gastos tão alarmantes quanto inúteis são os imperativos de se obedecer aos dispositivos constitucionais, traçados pela própria elite, e que impõem um simulacro de deveres para com o "social" - fraude lastreada, na atual temporada, pelo ardiloso programa do Bolsa Família.
De fato, aos olhos de todos (se não estiverem tapados), na medida em que crescem de forma galopante as escorchantes tributações sobre os bens e ganhos privados, dos trabalhadores e dos empresários, aumenta o número de "excluídos", pois uma coisa decorre exatamente da outra: é o "Estado forte" (com suas "empenhadas" elites partidárias e instituições burocráticas em geral) que se apropria, por força da violência legal (e da inércia ou ignorância da população), da riqueza produzida pela sociedade para usufruto diuturno de privilégios.

A grande e inominável sacanagem que a elite política (à esquerda e à "direita") comete contra o povo brasileiro consiste em não esclarecer alto e bom som quanto à absoluta incapacidade do Estado em solucionar o problema da pobreza e de não o alertar para o fato de que a existência do Estado se fundamenta, por principio, na exploração e escravização da sociedade (daí, a extrema necessidade de tê-lo sob o controle do indivíduo).

Pode-se afirmar, como Hegel, um professor universitário imaginoso e bem-remunerado, que o Estado representa a realidade racional do Espírito absoluto, ou tolerá-lo, no dizer de Roberto Campos, como um mal necessário. Mas, de um modo ou de outro, as medidas paliativas que em seu nome se alardeiam, aqui e acolá, bem como as benfeitorias, no campo social, que a toda hora se inventa e proclama - são elas próprias a evidência do malogro.

E aqui entra, mais uma vez, o pensamento de Marx (e afins).
Vociferando contra as forças produtivas da sociedade historicamente sedimentada na propriedade privada, na confiança e na solidariedade que os homens cultivam para sobreviver, o irado profeta da trombeta vermelha, por força de um caráter absolutamente egoísta e deformado, fortaleceu como nenhum outro intelectual moderno o mito do Estado (especialmente ditatorial) como instrumento para se chegar à igualdade e à justiça social.

Com sua diabólica vocação para vender ilusões e promover discórdias, expressão de injustificada revolta contra uma realidade espiritual transcendente que jamais chegou a entender, ele de fato ajudou (e continua ajudando com a mística do comunismo) a erguer sociedades perfeitamente escravocratas e desiguais, mantidas ora pela mentira e pelo genocídio, ora pelo medo e pelo terror.

Ao cabo de tudo devemos nos indagar sobre a verdadeira razão do prestigio do marxismo na América Latina, levando-se em consideração que as revoluções ocorridas nos últimos 100 anos jamais se deram, conforme previsto por Marx, pelo desenvolvimento das "contradições internas do capitalismo" e menos ainda pela força do "determinismo histórico".


Em parte, a pergunta encontra resposta na já mencionada luta campal que grupos, partidos e corporações travam pelo poder, usando como instrumental as mais fantasiosas teorias para legitimar a exploração do trabalho da maioria - o que significa dizer, em última análise, a exploração da riqueza criada pelo trabalhador e pelo empresário por uma minoria ativa de políticos, corporações e tecnoburocratas que usam o Estado (e seu aparato de violência legal) para impor suas vontades e garantir seus privilégios.

No que se refere à outra parte da resposta, tenho dúvidas quanto à capacidade da maioria em enxergar o óbvio ululante, pelo menos até que sinta na própria carne - a exemplo do que ocorreu na ex-URSS e ocorre hoje em Cuba, Coréia do Norte, Vietnã e China - a tirania da nomenclatura em nome da Ditadura do Proletariado - o que, bem avaliado, no Brasil de hoje é um projeto que navega firme e a todo vapor.

Ipojuca Pontes, 27 Dezembro 2010

O CÂNCER DA CORRUPÇÃO PROPRIAMENTE DITO

Projeto ambicioso do Ministério da Saúde, a construção de um campus integrado para o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, orçado em R$496 milhões, empacou por conta de um sobrepreço de R$47,9 milhões na licitação para as obras.

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a instituição republique em 15 dias edital corrigindo irregularidades e reinicie a concorrência para escolher a empresa executora dos serviços. Os auditores analisaram 44 itens das obras, comparando os valores do orçamento com os de sistemas usados como referência pelo governo. As diferenças nos preços alcançaram R$46,09 milhões.

Para o TCU, a quantidade de serviços e materiais também estava exagerada, gerando um prejuízo potencial de mais de R$1 milhão. As conclusões do TCU coincidem com as da Controladoria Geral da União (CGU), que apurou sobrepreço de R$44 milhões.
O vice-diretor do Inca, Luiz Augusto Maltoni, disse que o acompanhamento do TCU e da CGU foi solicitado pela própria instituição, devido à complexidade do projeto. Segundo ele, as correções já foram encaminhadas ao tribunal. (O Globo)

DE NOVO A TRANSPOSIÇÃO DO VELHO CHICO

Dilma paga de novo a transposição do São Chico: custo sobe R$ 1,9 bilhão e não se sabe quando e se a obra termina.



Recordando o vídeo do Exilado, sobre a obra.


O governo Dilma Rousseff lançará duas novas licitações no valor total de R$ 1,2 bilhão para terminar trechos da transposição do Rio São Francisco já entregues a consórcios privados, informa a repórter Marta Salomon.

Iniciado em 2007, o projeto já consumiu R$ 2,8 bilhões, mas tem trechos parados e outros que precisarão ser refeitos.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, calcula que o custo inicial da obra saltou de R$ 5 bilhões para R$ 6,9 bilhões. As novas licitações foram a forma encontrada por Bezerra para driblar um problema: os consórcios não conseguiriam terminar o trabalho mesmo que o valor aumentasse 25%, limite legal para aditivos em contratos.

"Vimos que teríamos de fazer aditivos de até 60%", disse o ministro, que admitiu erros no projeto, como a número insuficiente de sondagens de solo."

coroneLeaks

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Governo fará licitação de R$ 1,2 bi para salvar transposição e evitar paralisia


Para tentar terminar as obras da transposição do Rio São Francisco em mais quatro anos, o governo Dilma Rousseff recorrerá a uma nova licitação bilionária de obras já entregues à iniciativa privada. O custo estimado do negócio é de R$ 1,2 bilhão, informou ao Estado o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, responsável pela obra mais cara do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) bancada com dinheiro dos impostos.

A obra começou em 2007 como um dos grandes projetos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A transposição desviará parte das águas do São Francisco por meio de mais de 600 quilômetros de canais de concreto para quatro Estados: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

Depois de R$ 2,8 bilhões gastos, a transposição registra atualmente obras paralisadas, em ritmo lento e até trechos onde os canais terão de ser refeitos, como é o caso de 214 metros em que as placas de concreto se soltaram por entupimento num bueiro de drenagem. As falhas foram testemunhadas por reportagem do Estado, no mês passado.

O custo inicial da transposição, estimado em R$ 5 bilhões, já saltou para R$ 6,9 bilhões, calcula Fernando Bezerra, incluindo a nova licitação. "Só vamos ter certeza do valor quando concluirmos o processo licitatório e fecharmos os contratos", avalia o ministro. Ele espera lançar as novas licitações até março.

Relicitar parte dos trechos entregues a grupos de empreiteiras foi a forma que a equipe de Bezerra encontrou para concluir as obras e evitar que a transposição do São Francisco se transforme em um elefante branco.

Os oito consórcios privados, responsáveis por 12 lotes da obra, não conseguiriam terminar o trabalho para a qual foram contratados mesmo que o valor pago fosse aumentado em 25%, limite legal autorizado para aditivos contratuais. O ministro optou, então, por eliminar parte das tarefas previstas originalmente em contratos. Os consórcios receberão apenas pelo serviço feito. "Todos toparam", conta Fernando Bezerra. "Houve uma negociação e uma negociação que não foi fácil", destaca.

Desde que assumiu o cargo, no início do ano, Fernando Bezerra tenta renegociar os contratos. "Numa primeira avaliação, vimos que teríamos de fazer aditivos de até 60%", disse o ministro. "Não diria que foi erro de projeto, mas o projeto básico não estava detalhado e foi incapaz de identificar as situações de campo. O número de sondagens foi insuficiente para garantir o tipo de solo que seria encontrado", alegou.

Fernando Bezerra tenta negociar com o Tribunal de Contas da União (TCU) um reajuste maior do que o limite legal, de 25%, para a manutenção do consórcio responsável pelo lote número 14, que envolve a construção de túneis. "Seria uma exceção, porque os túneis são máquinas caras, a mobilização de novo maquinário não seria vantajosa. Seria importante ir com o aditivo acima dos 25%", argumenta.

Os outros sete consórcios já teriam sido chamados a renegociar o que o ministro chama de "aditivos supressivos". Eles fazem menos do que o planejado, recebem menos do que o previsto e passam o serviço adiante.

Bezerra defende a licitação de dois saldos remanescentes de obras, um no eixo Norte e outro no eixo Leste. "O ideal seria termos dois pacotes de obras complementares", avalia.

No eixo Leste, que Lula gostaria de inaugurar ainda durante seu mandato no Planalto, ainda faltam 30% das obras. A nova previsão é inaugurar no final do mandato da presidente Dilma Rousseff. Já o eixo Norte tem menos de metade das obras concluídas, e a inauguração ficaria para dezembro de 2015.

Fernando Bezerra insiste em que as obras não ficarão paradas à espera da nova licitação. Entre maio e novembro de 2012, a obra ganhará ritmo mais acelerado, imagina, com a conclusão de obras nos lotes tocados pela iniciativa privada e a chegada dos novos empreiteiros. Insiste também que trechos mal feitos serão reconstruídos sem custo extra para o governo. "Apesar de todas as dificuldades, foi ano positivo para a transposição."

29 de Dezembro de 2011
MARTA SALOMON / BRASÍLIA